TLS WEBMAG #4 Dezembro/Janeiro

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THE LISBON STUDIO WEBMAG#04 Autores TLS

André Oliveira, Filipe Andrade, Filipe D. Pina, Joana Afonso, João Maio Pinto, Jorge Coelho, (outro) Nuno Duarte, Nuno Saraiva, Pedro Brito, Pedro Ribeiro Ferreira, Pepedelrey, Ricardo Cabral.

Autores Convidados

Pedro Moura, Hugo Maciel, Ana Biscaia, Pedro Cruz, Ricardo Reis, Patricia Furtado, Nuno Duarte

Coordenação

Pepedelrey, Pedro Brito, André Oliveira

Capa

Copyright © 2013 The Lisbon Studio Todos os trabalhos apresentados têm Copyright © dos seus respectivos autores. www.thelisbonstudio.com

Nuno Saraiva

Design e paginação Pedro Brito


(INTRO)

De repente tudo chega ao seu fim e recomeça. 2013 está quase a ceder espaço para 2014 começar a marcar a sua presença e dinâmica. Suddenly everything ends and starts again. E é imbuídos neste espirito de mudança que 2013 is about to make room for 2014 to mark deixamos a criação começar a renascer forte its presence and dynamics. And it’s by this e com uma intensa marcação de terreno. feeling of change that we let our creations reborn, strongly and intensely gaining Existem caminhos novos para a WebMag, que ground. calmamente vamos percorrer. Qual o destino final? Desconhecemos. Mas temos a certeza There are new paths for this WebMag, that que a qualidade deste exercício, quase perwe calmly will follow. What’s the final desti- egrino, vai ser cada vez maior. nation? Don’t know. But we’re sure that the quality will be increased. Como se todos os dias, todos os meses, fossem natais. Novos nascimentos artísticos e As if every day, every month, were always criativos, empolgantes e vibrantes. Christmas. New artistic and creative births, all exciting and vibrant. Para já, fica o desafio a quem nos acompanha para encontrar o elefante na WebMag (há um For now, we challenge those who follow us pequeno paquiderme algures nesta edição… to find the elephant in the WebMag (there’s o primeiro leitor a encontrá-lo e a denunciar a a small pachyderm somewhere in this issue sua localização para thelisbonstudio.mail@ ... the first reader to find it and report its gmail.com receberá um prémio surpresa). location to thelisbonstudio.mail@gmail.com will receive a surprise prize).

Pepedelrey



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ANDRÉ OLIVEIRA

http://andreoliveirabd.blogspot.pt/ http://horadosaguim.blogspot.pt/


BD na Revista CAIS

O argumentista André Oliveira, residente aqui no estúdio, é colaborador da revista CAIS desde Junho de 2012. Isso significa que, desde essa altura, todas as edições passaram a conter duas páginas originais de banda desenhada ilustradas por autores nacionais (nomes mais conhecidos como Pedro Brito, Jorge Coelho ou Joana Afonso e outros emergentes como Paula Almeida ou Xico Santos). Com ou sem tema pré-definido, o objectivo de sempre é cimentar mais este espaço para a BD nacional, como uma montra de estilos, de autores e do desafio que é produzir curtas em banda desenhada. Comprar a CAIS é aceder a uma publicação com grande qualidade ao nível dos conteúdos mas também é, e acima de tudo, contribuir para uma causa necessária que combate problemas sociais preocupantes. Para além disso tudo, para os bedéfilos e curiosos, é uma oportunidade para ler banda desenhada nacional inédita e conhecer novos autores. http://www.cais.pt/










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FILIPE ANDRADE

http://www.filipeandradeart.blogspot.com/


Storyboard


Filipe Andrade foi o artista escolhido pela Porto Business School para a sua animação promocional ao The Magellan MBA. Os super-heróis deste pequeno video animado (cujo nome é, convenientemente, “The Magellan League”) foram criados a partir dos alunos finalistas, de modo também a tornar mais fácil a entrada dos recentemente diplomados no mercado de trabalho. Ver filme em: http://www.youtube.com/watch?v=g7yjPrjgBII


Ambientes





Personagens




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FILIPE

DUARTE PINA www.nerdmonkeys.pt/ www.caseandbot.com/


Antevisão

Feitura - Parte 02

Filipe Duarte Pina

Introdução

Esta é a segunda parte da feitura de “Crime no Hotel Lisboa”. Se não leram a primeira parte o melhor é tratarem já disso pois tudo fará mais sentido depois de a lerem. Se não gostam que as coisas façam sentido podem sempre continuar a ler mas ficam já avisados que vai dar confusão. Por outro lado, se gostam que as coisas façam sentido mas são demasiado perguiçosos para ir ler a primeira parte, aqui fica um resumo... seus mandriões!


O videojogo

Um crime estranho ocorreu no Hotel Lisboa, um homem cometeu suícidio com 14 facadas nas costas ao mesmo tempo que tomava o seu último café tranquilamente. Este caso com contornos contraditórios era demasiado complexo para o Agente Garcia resolver pelo que ele decidiu contratar a única dupla de detectives na cidade capaz de solucionar o caso: o mítico Inspector Zé e o inconfundível Robot Palhaço. Juntos, eles irão desvendar uma trama de relações amorosas tão complexa, mas tão complexa, que seriam precisas no mínimo 14 videntes, 5 profetas de seitas

Resumo parte 1

Na primeira parte apresentei o videojogo, falei dos objectivos que impus para a sua criação e dos desafios para a equipa, do design retro baseado nos jogos de aventura dos anos 80 e 90 e da criação da história que foi um trabalho constante desde a préprodução até quase ao dia de lançamento. Falei também da criação dos personagens e cenários os quais foram minuciosamente

apocalípticas que prevêm o fim do mundo e 3 ciganas daquelas que leêm a palma da mão para conseguir adivinhar o resultado final. E assim com um belo de um “copi-pasta” preenchi logo de uma assentada 2 parágrafos. Sim, é o resumo de “Crime no Hotel Lisboa” e sim, este é exactamente o mesmo texto da parte 1. Mas eu como não sou mandrião e tenho mesmo de resumir a parte 1 para aqueles que não se querem dar ao trabalho de ir ler a revista anterior aqui fica.

trabalhados pelo Nuno Saraiva e pelo Luís Bacharel. Levanto agora um pouco mais do véu sobre a produção de Crime no Hotel Lisboa e falo sobre a programação, a música e aproveito para revelar algumas curiosidades e também agradecer a algumas pessoas. Espero que dentro de duas páginas já tenham no mínimo lacrimejado 3 lágrimas. No mínimo!


A programação A base de todos os videojogos foi assegurada pelo estreante José Rua. O Zé entrou na equipa logo depois de ter terminado o seu Mestrado no IST. Após ter entrevistado cerca de 10 programadores e, não sendo eu um programador, o Zé pareceu-me ser o tipo com o perfil ideal para tomar conta deste trabalho. Eu gosto de ter razão, e esta coisa de escolher as pessoas certas vai ficando afinada com o passar dos anos o que é fantástico. Mas neste caso o Zé não foi só a

pessoa certa como superou largamente todas as minhas expectativas do que um programador pode fazer no seu primeiro jogo. Crime no Hotel Lisboa corre no Game Maker Studio, ferramenta com a qual os dois decidimos que seria a ideal para por o jogo a correr em várias plataformas. Esta foi a primeira grande decisão que se teve de tomar e

a qual coloquei inteiramente nas mãos dele. Só para terem uma noção do quão certo esta decisão foi, aqui fica a frase do famoso cavaleiro das cruzadas que no 3º filme do Indiana Jones guardava o cálice do J.C. “You have chosen... wisely.” Outras decisões complicadas que nos surgiram tiveram a ver com as limitações impostas pelo próprio motor de jogo. O meu design implicava uma resolução extremamente baixa, algo que o Game Maker Studio tinha dificuldade em “digerir”. A solução foi correr o jogo

internamente com o dobro da resolução usando a arte na sua resolução nativa. Desta forma não só a precisão da imagem final aumentou como pudémos usar uma fonte para os diálogos com um pouco mais de definição o que ajudou a leitura dos textos.


De Junho a Novembro o José Rua tomou muitas mais decisões e ajudou-me não só a criar o universo do Inspector Zé e Robot palhaço como também o levou um pouco mais além. Fica aqui para o registo (até porque a TLS Mag é uma fonte digna de registos) a melhor decisão que tomámos que foi a de colocar no escritório uma ventoinha no verão e um aquecedor no inverno.

A música

Eu nunca imaginaria que um dia teria um videojogo com a música composta pelo meu irmão, o Rafael Pina. Mas a verdade é que tal coisa aconteceu mesmo, e o resultado é simplesmente fantástico. Logo desde o início falei com ele na possibilidade de ele próprio compor a música e também gravar. Haviam algumas limitações, como a falta de equipamentos ou a falta de tempo, mas com uma brilhante capacidade de organização o Rafael conseguiu um grupo de músicos amigos dispostos a tocar e um estúdio onde se pudessem juntar e gravar.

Toda a música foi primeiramente composta em midi. Ou seja, era tudo digital e simples, apenas se ouvia o piano e uma bateria ou clarinete digital. Funcionava bem o suficiente para eu poder dar a minha opinião e por no jogo para ver se tudo batia certo. Houve diversas revisões e variações nos temas mas no geral tudo o que o Rafael fez foi o que ficou no jogo final. Ele simplesmente enviava-me um ou dois possíveis temas para um cenário e eu dizia qual preferia. Entre Agosto e Setembro a música existia apenas neste formato, só em inícios de Outubro se gravou e se começou a ter uma banda sonora mais completa.


Também foi o Rafael o responsável pelo grupo de fado que canta no Restaurante Noitadas no jogo. Originalmente eu tinha sugerido que seria interessante ter algo deste género, mas nunca pensei que o fossemos conseguir. Ele não só o conseguiu como ainda por cima o Ricardo Gordo, a Alexandra Martis e o Samuel Lupi gravaram o tema em estúdio de propósito para o jogo. Ficou absolutamente delicioso.

Curiosidades

Inspector Zé e Robot Palhaço em Crime no Hotel Lisboa está cheio de pequenas histórias e eventos que ocorreram ao longo do seu curto tempo de produção. Aqui fica um pequeno apanhado. Humor da pesada Originalmente o jogo era para ter humor forte e pesado, daquele que até o Fernando Rocha ficaria corado se ouvisse. No entanto e após fazer uns testes com as primeiras versões do jogo chegou-se rapidamente à conclusão que não havia necessidade para este tipo de humor e que o estilo colorido e animado do jogo se dava melhor com um tipo de humor mais parvo e estúpido mas inocente. O táxi amarelo Existia, juntamente com o táxi Lisboeta, um táxi Nova Iorquino. A ideia era que se poderia chamar o táxi mas viria sempre um diferente com condutores diferentes e tudo. Também iria ajudar na


diversidade cultural do jogo visto que só os Portugueses iam compreender porque é que o táxi é preto com tejadilho verde. Após se ter iniciado a produção verificou-se que não haveria tempo para incluir todas estas possbilidades e variantes pelo que se ficou por um táxi único. Toda a gente percebe e compreende que é um táxi mesmo sendo preto e verde em qualquer ponto do mundo. Joãozinho, o polvo roxo intergalático O polvo roxo que sai de dentro do Robot Palhaço não estava nos planos originais. No documento de design apenas tinha estipulado que haveria um buraco negro e que todos os objectos seriam lá arquivados. Com o avançar da produção achei piada criar uma entidade sobrenatural que não seria de todo explicada e que teria a seu cargo o arquivar de todos a tralha que se apanha. Além disso também se criou uma ligação interessante para visualizar todos os items pois o interface onde assentam todos os items é um dos tentáculos do “Joãozinho” e cada um dos items está colado nas ventosas.

Nuno Saraiva Sim, a entrada do Nuno no projecto foi um evento inesperado. Originalmente era suposto eu fazer o design dos personagens e contratar um animador para as animar a todas. Após 1 ou 2 meses no The Lisbon Studio, percebi que o dinheiro seria muito mais bem empregue se pusesse o Nuno a desenhar os personagens e depois eu os animasse. Atirei os meus designs para o lixo e pedi que ele revirasse isto de pantanas e me fizesse um design todo novo. Assim foi e assim ficou.

Mini-jogo “Palhaço em Pé” Não era para existir um mini-jogo como o que ficou. Originalmente havia a ideia de que uma das máquinas na Press Play Arcade poderia ser jogável mas não era óbvio como ou porquê. Com a evolução da história lembrámo-nos de dar a hipótese ao João de criar o seu próprio jogo dentro do nosso jogo com o mini-jogo “Palhaço em pé”. Há muito mais para dizer sobre o nosso jogo. No entanto será melhor deixar ao jogador descobrir ele mesmo os pequenos tesouros que deixámos escondidos no meio dos milhares de ficheiros e linhas de código que compõem Crime no Hotel Lisboa.


Agradecimentos

Eu sou da opinião que o crédito deve sempre ser dado onde é devido e, se nestas duas revistas falei da feitura de Crime no Hotel Lisboa e entrei em pormenor no trabalho de Nuno Saraiva, Luís Bacharel, Rafael Pina e José Rua, chegou a altura de também enaltecer o trabalho de mais uns quantos individuos sem os quais esta coisa nunca teria sido produzida.

Diogo Vasconcelos O Diogo é o meu sócio na Nerd Monkeys e foi a primeira pessoa a quem apresentei o design do jogo. Ele disse logo que sim e o resto passou a ser história. Sendo o produtor na equipa é óbvio que sem ele nada disto teria sido possível pois não haveria dinheiro para produzir fosse o que fosse e eu andaria a pão e água. O Diogo e eu normalmente concordamos com quase todas as ideias parvas que temos pois andamos quase sempre em sintonia no que toca a videojogos e à indústria. Também temos pouca paciência para gente que se arrasta muito a trabalhar pelo que a única dúvida que fica no ar é: MAS PORQUE RAIO NÃO FIZEMOS ESTA COISA ANTES? João Cabral O João é o nosso programador júnior. Não é que ele seja mais novo que o José Rua mas a verdade é que ele entrou apenas para nos ajudar com as revisões do jogo e a versão

para Mac e acabou por programar o minijogo todo. Sendo amigo do José Rua e até tendo sido originalmente entrevistado por mim para integrar a equipa, o João foi uma peça fundamental para testar e rever todo o jogo além de ter programado o mini-jogo. The Lisbon Studio A integração da Nerd Monkeys no estúdio foi extremamente importante. Esquecendo o facto de que a renda e tudo o resto sendo partilhado faz com que se pague muito menos por mês do que num escritório todo nosso, o facto é que as pessoas que ocupam o estúdio foram uma peça fundamental de crítica e opinião constante para o trabalho final que se vê no jogo. Pedro Brito opinou desde logo no início as animações do Inspector Zé, André Oliveira fez uma revisão dos primeiros parágrafos de apresentação do jogo no documento de design e o Jorge Coelho e Filipe Andrade opinaram


sobre o grafismo e estilo. Fica também um agradecimento ao Ricardo Cabral, El Pep e “Outro Nuno” pelas discussões pontuais sobre marketing, vendas, site e outras coisas relacionadas directa e indirectamente com Crime no Hotel Lisboa. Mais malta Houve mais uma série de gente que teve um papel fundamental na criação deste jogo, mas se falasse deles todos esta feitura teria de ter 3 partes. Fica aqui um forte abraço para os investidores, amigos, colegas e outros que nos ajudaram a produzir este videojogo.

Conclusão

Quando esta revista sair já o jogo se encontrará à venda. Espero do fundo do meu coração que quem quer que o jogue se divirta, se identifique com o Inspector Zé, o Robot Palhaço, o Agente Garcia, o Senhor Serafim e muitos dos outros personagens que actualmente habitam o pequeno mundo virtual que é Crime no Hotel Lisboa. Mais do que um jogo divertido e bem construído este foi um desafio pessoal, uma mudança na direcção do que é convecional e esperado. Após ter produzido o Under Siege, um projecto que durou 3 anos e custou mais de 1 milhão de euros, era importante regressar às raízes do que mais importa. Recomecei com uma empresa nova e também com uma equipa nova. Decidi começar novamente pelo princípio e não foi só para fazer um jogo pequeno e acessível com uma equipa pequena, mas também viajar um pouco no passado e finalmente criar aquele tipo de jogo que já

devia ter sido feito em Portugal há muito tempo e que nunca ninguém mais tinha tentado fazer desde o infame Paradise Café. Um verdadeiro jogo de aventura gráfica com um argumento, grafismo e música a condizer do qual todos nos podemos orgulhar. Espero que tenha ficado como um singelo exemplo e que alguma outra equipa se atreva a nos seguir as passadas para criar o próximo grande jogo de aventura. Mas fica aqui o conselho, aumentem a resolução se faz favor que já não se pode com isto. Visitem-nos em www.caseandbot.com



ŠPepedelrey

JOANA AFONSO http://jusketching.blogspot.com/ http://www.joanaafonso.com/


Início de “Purgatório”, um projecto que se encontra em standby e que, a ser retomado, irá sofrer uma reformulação. Para já, ficam estas páginas a título de exemplo.




ツゥPepedelrey

JOテグ

MAIO PINTO joaomaiopinto@gmail.com





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JORGE COELHO http://jcoelho.deviantart.com/ http://almirantefujimori.blogspot.com/








No TLS moram amigos. Parceiros, confidentes em horas e horas de chá, cigarros, muitos dedos de conversa e de trabalho ao computador. Às vezes os amigos também vêm de fora para um café. E volta e meia até trazem BD’s escritas por eles.

Pedro Moura em colaboração

com Hugo Maciel e Ana Biscaia

http://lerbd.blogspot.pt/


Diaphragm

Pedro Moura e Hugo Maciel





Pedro Moura e Ana Biscaia





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NUNO DUARTE

http://outronuno.blogspot.com/ http://mocifao.blogspot.com/ http://duartefolio.blogspot.com/









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NUNO SARAIVA

http://nunosaraivaillustration.blogspot.pt/ http://naterracomonoceu.blogspot.pt/











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PEDRO BRITO http://cargocollective.com/pedrobrito/ http://margemsulcomic.blogspot.pt/


Em 1997 comecei a colaborar com a produtora de cinema de animação Animanostra. Trabalhei em várias produções como animador e tive a privilégio de realizar cinco curtas metragens. Mas durante estes 15 anos, houve alguns projectos que não tiveram a oportunidade de ser produzidos, entre eles está este que se segue; “Meu amor, minha morte”, o projecto seguinte a “sem dúvida, amanhã” tentou-se financiamento por várias vezes, mas por alguma razão nunca avançou. Gosto muito da estória e do conceito e, por isso, pensei em tempos converter o guião para conto ilustrado, mas infelizmente devido a outros projectos que surgiram, nunca saiu da gaveta. Saiu agora.


Guião para Curta de Animação de Pedro Brito

Meu Amor, Minha Morte! Cena 1 : Exterior – Rua -Dia Numa rua não muito movimentada, vemos um Homem a colar cartazes nas paredes das casas. De início não percebemos a mensagem dos cartazes. Um grupo de pessoas começa a juntar-se atrás do homem a tentar perceber o que é que ele anuncia. Homem (em voz off) -Já não sabia o que fazer. -A minha vida não tinha significado, não vivia, tão obcecado que estava por ela. -Era só nela que eu pensava…

Depois de afixar o cartaz, o Homem afasta-se e conseguimos lê-lo. É um cartaz do género dos Westerns, um cartaz de recompensa ilustrado, onde se lê: “PROCURA-SE A MORTE” Dão-se alvíssaras Se tiver alguma informação, é favor contactar o nº de tel: 55 213 465 urgente


Homem (em voz off) -… na Morte! A expressão das pessoas que o observavam na rua, muda de simples curiosidade, para medo, estranheza e pavor. Cena 2 : Interior – Casa - Dia O Homem está deitado no chão de uma sala, por cima de uma quantidade enorme de cartazes e folhetos espalhados por todo o lado. Pensativo, acaricia a foto de um dos cartazes, uma bela mulher, extremamente pálida e vestida com um vestido negro com características Vitorianas.

Homem (em voz off) -Que entidade tão intrigante. -Imagino-a com uma beleza arrasadora, à qual ninguém consegue resistir. Cena 3 : Interior – Café - Dia Sentado numa mesa de uma esplanada, o Homem conversa com um idoso. Este, muito nervoso e a suar, bebe a sua meia de leite com dificuldade, devido às mãos que tremem. O Homem tem com ele folhetos iguais ao cartaz, que vai dando às pessoas que passam, ao mesmo tempo que conversa com o idoso. Homem (entusiasmado) -Quando tiver de a encontrar prefiro ficar a seu lado para sempre. Não ir mais além. -Entende?


-Sabe, não tenho medo de morrer. -Tenho sim, medo da não existência para além do corpo, da não consciência. Isso sim deixa-me apavorado,… -… Louco! Idoso (engolindo em seco) -Se souber de algo…, eu digo-lhe qualquer coisinha. O Homem levanta-se, agradece ao idoso e continua a distribuir os folhetos pelas pessoas que passam por ele. Enquanto isso por detrás dele, o idoso começa a sentir-se mal, como se estivesse a ter um ataque cardiaco. E desfalece. Homem (voz off) -Procurei-a por todo o lado. Em todos os cantos e nada. Nunca a encontrei. Normalmente chegava sempre tarde. O idoso morre e começam a chegar pessoas a acudi-lo. O empregado do café chega, vê o pulso ao idoso e grita por ajuda. Empregado do café (assustado) -Chamem uma ambulância. Cliente (preocupado) -Então amigo? Sente-se bem? O Homem, que estava distraído, toma consciência do burburinho atrás de si, vira-se, olha o que aconteceu, faz um gesto de desdém e vai-se embora chateado. Homem (voz off) -Mas por vezes antecipava-me. Cena 4 : Exterior – Rua - Noite Uma multidão observa aquilo que parece ser uma zona de crime. Está um homem estendido na calçada. Morto. Um polícia tapa o cadáver com um lençol, um outro fala com uma pressuposta testemunha, que chora desalmadamente e há ainda outro polícia que tenta afastar as pessoas e respectiva curiosidade mórbida. Um tipo, com ar de turista, tira fotografias e ao seu lado está o Homem que observa tudo com muita atenção. Homem (voz off) -Ela é tão intrigante e controversa. Cena 5 : Exterior – Cemitério - Dia O Homem está num cemitério, e assiste de longe a um funeral. O ambiente é pesado e está a chover. Há pessoas a chorar, outras põem flores numa campa recente. Na pedra tumular, está uma fotografia de uma menina, com não mais de 11 anos. O Homem, como sempre, observa tudo com muita atenção, mas desta vez está com um olhar triste. Homem (voz off) -Por vezes é cruel, mesquinha e intransigente.


Cena 6 : Interior – Hospital - Dia Num corredor de um hospital, o homem olha para dentro de um quarto, onde se vê um idoso numa cama rodeado de médicos, enfermeiros e familiares. O médico aproxima-se da cama e fecha os olhos ao idoso que acabou de falecer, de seguida tapa-o com o lençol. Os familiares, mãe e filho abraçam-se em silêncio e o filho sorri como se dissesse para si mesmo: “já não sofre mais.” Homem (voz off) -Por outras, misericordiosa, bem-vinda e calorosa. Cena 7 : Exterior – Telhado de um prédio - Dia O plano começa com um close-up do Homem, que olhos fechados respira fundo. Leva uma mão aos lábios e docemente beija a ponta dos dedos. Põe as mãos no peito e vemos em transparêcia o seu coração a bater.

Homem (voz off) -Ah que paixão! Sim paixão. -Dei por mim a amar algo que nunca vi ou senti. -Oh, como queria beijar os seus lábios frios. Abraçar o seu corpo seco como cal. O plano abre e vemos que o homem está em cima do telhado de um prédio muito alto, mesmo à beira do parapeito. Respira fundo e atira-se… Homem (voz off) -Decidi tomar medidas mais drásticas. -Tentei suicidar-me, mas não consegui.


No plano seguinte vê-mo-lo deitado no passeio, as pessoas passam por ele e olham incrédulas quando ele se levanta e afaga a cabeça como se tivesse levado uma pequena pancada. Homem (voz off) -Tentei uma, ... Cena 8 : Exterior – Linha de comboio - Dia O Homem está no meio da linha do comboio, parece chateado, olha para o relógio preocupado. Ao que parece o comboio está atrasado. Homem (voz off) -… duas, … Cena 9 : Interior – Casa - Dia O homem sentado numa cadeira, aproxima uma arma da têmpora, cerra os olhos e os dentes e dispara. Homem (voz off) -… três vezes. O ecrã fica negro e quando abre… Cena 10 : Exterior – Bar - Dia … o Homem está sentado ao balcão de um bar, com um ar aborrecido e com a cabeça ligada. Dá um gole na bebida e suspira. Homem (voz off) -Mas nada. Não morria. -Já não sabia o que fazer. Cena 11 : Exterior – Feira Popular - Noite Numa feira, o homem olha para o cartaz de uma barraca. O cartaz diz: “Vidente- lê-se a sina, o futuro e outras coisas. Orçamentos grátis” Homem (voz off) -Decidi ir à bruxa. Cena 12 : Interior – Barraca da Vidente - Noite Dentro da tenda da bruxa o ambiente é escuro e está somente iluminado por meia-dúzia de velas. A bruxa, uma velha mulher magra, vestida com roupas coloridas, como se fosse uma cigana de leste, olha para uma bola de cristal, faz um olhar de estranheza para o que acabou de ver e… Homem (voz off) -Expus-lhe o meu problema. -E depois de uma longa pausa…rogou-me uma praga. … diz qualquer coisa entre dentes e gesticula com as mãos em direcção ao homem. Homem(surpreendido) -Isso vai resolver o meu problema?


Bruxa (indiferente) -Não! Mas pelo menos fico mais descansada. -Sabe, você não morre porque simplesmente… …não tem onde cair morto. Depois de falar, a bruxa estende a mão para receber o dinheiro. O Homem fica impávido ainda a pensar no que a bruxa lhe disse, com cara de quem não entendeu nada. Homem (voz off) -Fiquei na mesma. Paguei e saí. Cena 13 : Interior – Casa - Noite O Homem sentado num cadeirão em casa, está com um ar triste e aborrecido. Respira fundo, pega num frasco que estava a seus pés e começa a ler atentamente as instruções. No frasco consegue-se ver uma caveira e a palavra “Veneno”. Do meio do nada, surge uma mulher alta e magra, extremamente pálida e com uns olhos profundos. Está vestida com um vestido negro, de estilo vitoriano. Aproxima-se em silêncio. Homem (voz off) -Foi então quando menos esperava… -… ela apareceu. O olhos do homem ficam brilhantes, ele sorridente como um garoto apaixonado, sai do cadeirão e ajoelha-se aos pés da mulher, A MORTE. Homem (feliz) -Vieste! Que alegria! Oh, o quanto te desejei! -Que bela que és! -Como eu sempre sonhei.


Morte (serena e monocordica) -Bela não sou. Sou aquilo que queres que seja. Aqui me apresento como uma simples encarnação da tua imaginação. -É por curiosidade que aqui estou. Tenho-te uma questão a colocar. Homem (idiotamente feliz) -Sim? Morte (serena e monocordica) -Porque me desejas tanto, enquanto os outros me repudiam? Homem (apaixonado) -Não sais do meu pensamento. -És tão misteriosa e bela que me perdi de amores por ti. -O quanto te procurei e tão inalcansável que foste. -Mas agora estás aqui! Vieste só para mim! -Não nos vamos mais separar! -Dá-me o teu beijo frio e serei feliz ao teu lado. Morte (serena e monocordica) -Isso não irá acontecer tão cedo, não poder ir ainda comigo. -Tu serás o último! Homem (assustado e nervoso) -O último?! Mas porquê? Não entendo!


A Morte curva-se para o Homem e baixinho, segreda-lhe ao ouvido: Morte (serena e monocordica) -Sabes,… a Esperança é sempre a última a morrer. De repente, o homem já se encontra sozinho no quarto, continua ajoelhado, como se ainda estivesse a digerir aquilo que a Morte lhe disse. E como se compreendesse, baixa a cabeça e sorri. Funde para negro. Fim


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PEDRO R. FERREIRA http://somehowalongtheway.blogspot.pt/ http://www.pedroribeiroferreira.blogspot.pt/ http://www.arcodavelhanews.blogspot.pt/









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PEPE DELREY

http://lifeofpepe.blogspot.com http://onfridays.tumblr.com http://imagesdelrey.tumblr.com


A série de ilustrações que se segue figurou no livro “Amor” publicado pela El Pep em 2012, vencedor do Troféu Central Comics para a Melhor Publicação Técnica.







Ă€ venda na galeria online Society6. Mais info em http://society6.com/Pepedelrey


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RICARDO CABRAL

http://www.ricardopereiracabral.blogspot.pt/









ex-tls

PatrĂ­cia Furtado http://patriciafurtado.net/


com argumento de Nuno Duarte



Algumas tiras do webcomic “5º dos Infernos” (que decorreu de 2009 a 2012) realizado em parceria com o argumentista Nuno Duarte.







Retirado do livro de receitas “Café Patita” editado em 2013.

Era uma vez, na Estefânia 26 • contra-relógio

Há muito muito tempo, num insuspeito apartamento arrendado algures na zona da Estefânia, em Lisboa, trabalhavam algumas das pessoas mais criativas e talentosas que a cidade já conheceu. E durante dois anos, tive a sorte de me juntar a elas, aprender com elas, desenhar com elas, e... inevitavelmente, fazer bolos para elas. Havia uma cozinha, havia um microondas e, depois de alguma insistência da minha parte, passou a haver um pequeno forno eléctrico. E uma forma. E numa tarde fria e chuvosa houve bolo. E na tarde seguinte houve bolo. Quase todos os dias do Inverno desse ano, pelas cinco da tarde, o estúdio enchia-se do aroma a bolo quentinho, todos paravam de trabalhar por um bocado e reuniam-se para lanchar até restar apenas um prato com migalhas. Acabava-se de vez com o mito de que bolo quente faz mal à barriga. Sempre cheia de trabalho e com uma cozinha algo limitada, todos os bolos que dali saíam tinham de ser simples e rápidos de fazer, com poucos ingredientes, sem pesagens. Às vezes improvisava, mas a maior parte das vezes recorria a meia dúzia de receitas que corriam sempre bem. O favorito era, de longe, o super-fofo e nada seco bolo de limão.

antes

depois Querido, mudei o bolo

No estúdio, o nosso bolo era sempre simples, mas se o quisermos aperaltar, podemos fazer uma calda de açúcar e limão que não só torna o bolo mais elegante, como também lhe dá um saborzinho extra, a limão. É só juntar 70g de açúcar em pó com 3 colheres de sopa de sumo de limão, e pintar o bolo com a ajuda de uma colher de chá.


O Bolo do Estúdio

200ml natas (cortar o topo da embalagem e guardar para servir de medida) 1 limão (sumo e raspa) 2,5 medidas de açúcar 3 ovos 2 medidas de farinha 1 c. chá fermento em pó 27

2 Numa taça, adicionar às natas o sumo e raspa de um limão, e bater muito bem, acrescentando gradualmente o açúcar.

café patita

3 Juntar os ovos, batendo bem e, por fim, envolver a farinha com o fermento até obter uma mistura homogénea. 4 Deitar na forma, cobrir com um pedaço de papel vegetal e levar ao forno por 30 minutos. Retirar o papel vegetal e deixar cozer mais 15 minutos. 5 Deixar arrefecer 5 minutos antes de o soltar da forma com uma faca e desenformá-lo.

1 Aquecer o forno a 180ºC e untar uma forma com furo central.



ŠPepedelrey



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