Sofalândia 2015

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Teresa Ribeiro 2015

sofal창ndia



Instruções para estofar um sofá Os sofás são peças de mobiliário com uma estrutura interna, um sistema de suspensão e um revestimento exterior ou cobertura removível. Cumprem também uma função decorativa e com o uso e o passar dos ânus tendem a deformar-se e necessitam de renovação e carinho. Para esfolar um sofá são necessárias diversas ferramentas, mas sobretudo um propósito: saber a que se destina o seu abuso e quais as adversidades que vai enfrentar. A sua forma adequa-se a essas funções: se devem ser confortáveis ou resistentes às claudicações de uso, se devem repelir os avanços que sobre eles são feitos e ajustados à dimensão do sítio onde são enfiados. Forrar uma chaise lounge de princesa será diferente de um sofá-cama de universitários mas podem ser usados os mesmos predicamentos com resultados distintos. A estrutura base é composta por madeira de pinheiro e cartão com tela, esponja ou molas metálicas e o exterior forrado a tecido, poliéster ou pele, sendo que a sua aparência é determinada pelo uso e quantidade de pêlo das mais diversas espécies e orientações, pontas de cigarro, moedas, carrinhos de linhas e cervejas entornadas que por ele passaram; a aparência nem sempre justifica o estufar e uma estrutura distorcida não é razão para descartar este apoio fundamental para as nossas actividades quotidianas. O primeiro passo é a escolha do revestimento exterior: a pele é e deve, obviamente, ser tratada com o maior cuidado e carinho, como se da nossa se tratasse; o tecido deve ser resistente e lavável para evitar rasgos de inspiração e manchas na reputação; se se tratar de vinil ou látex, será sempre necessária uma palavra de segurança... Depois de esfolado o sofá, deverá ser feito o reforço da estrutura com talas e entretela de modo criar a base daquilo que queremos que seja a forma e feitio do nosso apoio de nádegas. A dimensão da base, seja uma poltrona ou um sofá de quatro, nem sempre é o mais importante para prestar apoio, visto que será o recheio que lhe dará a substância e subtileza desejadas. Ao esticar a base de suporte haverá sempre a possibilidade de fragilização da estrutura, pelo que a dimensão é sempre uma questão relativa. A escolha de material de enchimento é essencial: a esponja confere conforto mas é deformável e a crina ou as molas ensacadas também têm os seus problemas: altos e baixos e pontas soltas são alguns deles. A tela exterior é, pois, resultado de um trabalho subjacente invisível mas crucial, devido à cruz que representa e às dores nas cruzes com que é associada. A reprodução de pele ou pele verdadeira, a alcântara ou o algodão são todos eles matizados pelo tinto e mesmo os acabamentos mais ecológicos, como a cortiça de rolha, acabam por dar à forma outro feitio, que nem sempre revela a sua verdadeira natureza. Há ainda o tratamento final de qualquer destes materiais: a pele com os seus cremes de hidratação profunda, a alcântara com o spray e respectiva escova, o algodão com o repelente de nódoas, sobretudo as de origem biológica, e por fim os vinílicos e poliésteres com uma vasta gama de produtos de puxar lustro, quais botas de montar. Por último, e talvez o mais importante, consiste na escolha, depois de colocado o suffa (que não a colecção de poesia conhecida por divã, e que também designa o próprio aposento) na sua posição predilecta, do quadro a pendurar no seu topo, qual coroação da fénix renascida através desta operação estética.

Zé Grilo a estofar sofás desde 1969


Tupperware meeting, 2014 TĂŠcnica mista sobre tela, 60 x 60 cm


O Dem贸nio Rolha contra-ataca, 2014 T茅cnica mista sobre madeira, 120 x 120 cm


Gato espalmado de ĂĄgua fria tem medo, 2014 TĂŠcnica mista sobre madeira, 118 x 130 cm


FungagĂĄ da bicharada, 2014 TĂŠcnica mista sobre tela, 80 x 80 cm


Estrikinina, 2014 TĂŠcnica mista sobre papel, 68 x 53 cm


Gata leiteira, 2014 TĂŠcnica mista sobre tela, 70 x 50 cm


Sebastião come tudo, tudo, tudo…, 2014 Técnica mista sobre tela, 60 x 60 cm


A revolta dos piolhos, 2014 TĂŠcnica mista sobre papel, 68 x 53 cm


O que não tem remendo, remendado está, 2014 Técnica mista sobre papel, 68 x 32 cm


Vulverine, 2014 Técnica mista sobre cartão, 94 x 70 cm


1977 T eresa Ribeiro + 351 917891179 te.freitasribeiro@gmail.com

2002 L icenciatura em Artes Plásticas - Pintura Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto

Exposições Individuais 2007 Fungagá Galeria de Arte Átomo Porto 2007 Fungagá Galeria Ramos Pereira Póvoa de Varzim 2006 Exposição de Pintura Aquário Porto

Exposições Colectivas 2014 Põe-te na Shair-3ª exposição Galeria emergentes dst Braga 2009 Pasta Plástica Couto Galeria Pedro Remy Braga 2008 The Sound of Art Centro de Cultura e Congressos da Ordem dos Médicos Porto 2005 P articipação na exposição da 5ª edição do prémio “Amadeo de Souza Cardoso” Museu Amadeo de Souza Cardoso Amarante 2004 Horror Art Show Galeria Alvarez Porto 2001 O s sapatos morrem, e os cordéis ficam… Centro de Arte de São João da Madeira 2001 P articipação na exposição da edição prémio de pintura “António Joaquim* Artistas de Gaia” Biblioteca Municipal de Vila Nova de Gaia 2000 Os Quatro Dez Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto 1999 M olde Bicudo, Tosse Peluda, Womskel, Escorbuto Gentil Galeria Filantrópica Póvoa de Varzim 1995 Escandalosa Gilda Biblioteca Municipal Rocha Peixoto Póvoa de Varzim



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