TCC arqurbuvv CINEMA ITINERANTE: Projetando uma unidade móvel

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UNIVERSIDADE DE VILA VELHA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

DANILO MONTEIRO AZEVEDO

CINEMA ITINERANTE: Projetando uma unidade móvel

Vila Velha 2014


DANILO MONTEIRO AZEVEDO

CINEMA ITINERANTE: Projetando uma unidade móvel

Monografia apresentada ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Vila Velha para obtenção do Título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Área de Concentração: Tecnologia da Arquitetura Orientador: Prof. Marcos Antonio Spinasse.

Vila Velha 2014


DANILO MONTEIRO AZEVEDO

CINEMA ITINERANTE: Projetando uma unidade móvel

Monografia apresentada ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Vila Velha para obtenção do Título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Área de Concentração: Tecnologia da Arquitetura Orientador: Prof. Marcos Antonio Spinasse.

Aprovada em _____ de ___________________ de ________.

BANCA EXAMINADORA:

______________________________________________ Marcos Antonio Spinasse Orientador _________________________________________ Priscilla Silva Loureiro _________________________________________ Colette Dantas


Ao meu pai Decio de Oliveira Azevedo e minha mãe Carmen Bastos Monteiro Azevedo.


AGRADECIMENTOS

Agradeço a toda minha Família, que contribuíram, apoiaram e incentivaram, para que fosse possível a realização desse etapa, principalmente a minha Mãe Carmen Bastos Monteiro Azevedo que foi um pilar de sustentação nos momentos mais difíceis e meu pai Décio de Oliveira Azevedo, que sempre foi uma presença agradável e estimada. Agradeço ao meu orientador Marcos Antonio Spinasse que forneceu apoio e suporte para realização desse trabalho. Agradeço a coordenadora Priscilla Silva Loureiro que alem de tudo ofereceu excelentes orientações para que esse trabalho chegasse onde chegou. Também gostaria de agradecer a Prof. Collete Dantas por aceitar o convite como membro da banca e oferecer seu conhecimento na área para o aprimoramento final deste trabalho.


"O cinema não tem fronteiras nem limites. É um fluxo constante de sonho." Orson Welles


RESUMO

Este trabalho tem como proposta a elaboração de um projeto de sala de cinema itinerante, desenvolvida com base em um arcabouço teórico produzido a partir de estudos sobre projetos de salas de cinema, adaptação de veículos especiais e as normas vigentes tanto para cinema quanto para transito. O projeto tem como objetivo a produção de um cinema itinerante através da adaptação de um veiculo rodoviário de carga transformada em uma unidade móvel de cinema capaz de circular com uma sala completa, com tela e som de qualidade. Através do estudo das componentes de uma sala de cinema, dos itens responsáveis pela qualidade de exibição, da disposição dos mesmos segundo as normas e da observação de exemplos de cinemas adaptados foi possível concluir que é possível realizar a proposta desejada desde que haja uma interação entre as diferentes normas e os objetivos apresentados, é necessário que esses aspectos andem juntos e não interfiram um no outro.

Palavras Chave: cinema itinerante, adaptação de veículos especiais, normas


ABSTRACT

This paper hás proposed a mobile theater project, developed based on a theoretical framework produced from studies on cinema projects, develop special vehicles and the standards for both, film and for transit. The project aims to produce a mobile cinema by adapting a road vehicle load, transformed into a mobile cinema unit able to operate with a full room with screen and sound quality. By studying the components of a movie theater, the items responsible for the display quality, the provision of the data under the rules and observation of examples of adapted cinemas it was concluded that it is possible to perform the desired proposal provided that there is an interaction between different standards and presented objectives, it is necessary that these aspects together and walk not interfere with each other.

Keywords: mobile cinema, adaptation of special vehicles, standards


LISTA DE FIGURA

Figura 1 - Cinematógrafo Lumière

25

Figura 2 - Irmãos Lumière

26

Figura 3 - Primeiro fillme dosLumiere: L'arrivée d'un train en gare de La Ciotat

27

Figura 4 - Projector Kinetoscope, Thomas Edson (1902)

28

Figura 5 - Exemplo de fachada de um Nickelodeon

30

Figura 6 - Interior de um Nickelodeon

31

Figura 7 - Orpheum Theater situado em Los Angeles, CA

34

Figura 8 - Uptown Theater Chicago, construído em 1925

35

Figura 9 - Cine Moderno inaugurado em 1913 como teatro e em 1915 passou a ser teatro e eclética

41

Figura 10 - Plano (X,Y), onde sua relação corresponde ao solo.

46

Figura 11 - Plano (Y,Z), onde sua relação corresponde ao corte, que vai da tela até a parte mais afastada.

47

Figura 12 - Projetor moderno á esquerda Projetor antigo á direita

48

Figura 13 - Esquema de um processador de som Dolby CP-65

49

Figura 14 - Exemplo de poltrona de cinema

50

Figura15 - Proporção entre os quatro formatos

56

Figura 16 - Diferença entre as resoluções digitais, do SD ( comum nos sistemas de DVD, até o moderno 8K).

58

Figura 17 - Diferença de tamanho da tela IMAX em relação a tela convencional

59

Figura 18 - Projetores digitais IMAX em linha: resolução de 2K e imagem 1.9:1 nativa.

60

Figura 19 - Óculos do sistema anáglifo

61

Figura 20 - Óculos do sistema polarizado

61

Figura 21 - Tipos de variações na posição dos eixos do projetor

63

Figura 22 - Tipos de distorção trapezoidal

64

Figura 23 - Posição do projetor em relação a tela.

65

Figura 24 - Área de implantação das poltronas

69

Figura 25 - Ângulos de visão à tela

70

Figura 26 - Escalonamento visual

71

Figura 27 - Implantação das poltronas

72

Figura 28 - Planta Baixa, Layout de cinema genérico

74


Figura 29 - Cortes e elevações

74

Figura 30 - Exemplo de Sala de cinema.

75

Figura 31 - Esquema de uma sala de cinerama

76

Figura 32 - Perspectiva cinerama

77

Figura 33 - Tela do cinerama

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Figura 34 - Planta baixa e corte de uma sala IMAX.

79

Figura 35 - Sala de cinema IMAX

80

Figura 36 - Sistema multicanal do 70mm.

81

Figura 37 - Dolby “A" Rack.

82

Figura 38 - Dolby SR.

82

Figura 39 - Dolby SR Digital, Processador CP-650

83

Figura 40 - Sistema básico 5.1, com 5 caixas e 1 sub woofer

84

Figura 41 - Sistema 5.1 com 6 caixas para Surround na direita e na esquerda.

84

Figura 42 - Sistema Dolby Digital Surround EX.

85

Figura 43 - Sistema Dolby Surround 7.1

86

Figura 44 - Comparação entre os sistemas de 5,1 com o Dolby Surround 7.1, onde cada cor corresponde a um canal alem dos 3 frontais.

87

Figura 45 - Iluminação de uma sala de cinema.

91

Figura 46 - Visão dos espectadores PCR, PMR e PO.

95

Figura 47 - Espaços para PCR

96

Figura 48 - Assento para PMR

96

Figura 50 - Tipos de semi-reboque e modelo escolhido

105

Figura 51 - Equipamento veicular – Compartimento simples fechado – Baú de carga geral

105

Figura 52: Expansão de carroceria, tipo gaveta.

107

Figura 53 - Exemplo de patolamento

108

Figura 54 - Caminhão adaptado para cinema móvel FARAH

111

Figura 55 - Carroceria expandida por meio de sistema de gaveta

112

Figura 56 - ambiente interno

112

Figura 57 - Caminhão adaptado para cinema móvel Cinetransformer.

115

Figura 58 - Interior cinetransformer

115

Figura 59 - Perspectiva do interior do Cinetransformer.

116

Figura 60 - Perspectiva do projeto Cinemobile

121

Figura 61 - Vista da Fachada.

122


Fonte: Autor.

122

Figura 62 - Poltronas e entrada

122

Figura 63 - Layout Cinemobile, gavetas abertas.

123

Figura 64 - Layout Cinemobile, gavetas fechadas para transporte.

123

Figura 65 - Perspectiva aberta.Fonte: Autor.

124

Figura 66 - Blocos do sistema de gavetas 1.

125

Figura 67 - Blocos do sistema de gavetas 2.

126

Figura 68 - Base do cinema.

127

Figura 69 - Motores hidráulicos que levantam o teto.

128

Figura 70 - Motor localizado na sala de equipamentos.

128

Figura 71 - Estrutura interna das paredes.

129

Figura 72 - Tamanho da tela.

131

Figura 73 - posição do projetor em relação a tela.

132

Figura 74 - Distancias mínima e máxima entre a tela e as poltronas.

133

Figura 75 - Escalonamento visual de 17 cm.

134

Figura 76 - distancia entre os assentos.

135

Figura 77 - Poltronas retrateis.

135

Figura 78 - Disposição dos equipamentos de som.Fonte: Autor.

136

Figura 79 - caixas de som, luminárias e ar condicionado.

137

Figura 80 - Disposição das luminárias.

138

Figura 81 - Disposição ar condicionado.

139

Figura 82 - Assentos para portadores de deficiência, com medidas adequadas. 140 Figura 83 - Banheiros acessíveis.

141

Figura 84 - Fluxo e saídas de emergencia.

142


LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Diferenças entre imagens analógicas e digitais

55

Tabela 2 - Distancia relativa ao tamanho da imagem

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Tabela 3 - Número de assentos para as três categorias.

97

Tabela 4 - Peso bruto máximo autorizado pelo CONTRAN por tipo de caminhão segundo legislação brasileira. 103 Tabela 5 - Os dez modelos mais vendidos até setembro de 2012 no país, segundo dados da Fenabrave 104 Tabela 6 - Medidas internas das carrocerias tipo semi-reboque.

106

Tabela 7 - Características positivas e negativas do Cinema Itinerante UTM

111

Tabela 8 - Características positivas e negativas do Cinetransformer.

114


LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Tipos de Cavalo Mecânico

101

Quadro 2 - Tipos de carreta

102


SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO....................................................................................................17 1.2 OBJETIVO.........................................................................................................17 1.2.1 Objetivos específicos ...................................................................................17 1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................18 1.4 METODOLOGIA ................................................................................................18 2. CINEMA ..............................................................................................................21 2.1 PRIMEIRAS DÉCADAS ....................................................................................23 2.1.1 O primeiro cinema e a era dos Nickelodeons.............................................24 2.1.2 A era dos Movie Palaces ..............................................................................32 3. CINEMA E ARQUITETURA ................................................................................38 3.1 Relação histórica ................................................................................................38 3.2 CRIAÇÃO DE NORMAS E A SITUAÇÃO DO BRASIL ......................................42 3.3 APLICAÇÃO DAS NORMAS E REQUISITOS PARA PROJETO .......................44 3.3.1 Principais componentes da sala de cinema ...............................................45 3.3.2 Parâmetros para projetos de salas de cinema ...........................................51 3.4 QUALIDADE DE IMAGEM .................................................................................53 3.4.1 Tipos de imagem ...........................................................................................54 3.4.2 Formatos de sistema analógico...................................................................56 3.4.3 Sistema Digital...............................................................................................57 3.4.4 IMAX ...............................................................................................................58 3.4.5 Cinema 3D ......................................................................................................60 3.5 ERGONOMIA DO ESPAÇO ...............................................................................62 3.5.1 Obstáculos .....................................................................................................62 3.5.2 Implantação da cabine de projeção.............................................................62 3.5.5 Ângulos de observação ................................................................................70 3.5.6 Dimensões da tela de projeção....................................................................72 3.5.7 Tipos de layout do espaço da sala de cinema ...........................................73 3.6 CONFORTO ACÚSTICO....................................................................................80 3.6.1 A evolução do som de cinema .....................................................................81 3.6.4 Acústica da Sala ............................................................................................89 3.7 ILUMINAÇÃO .....................................................................................................90 3.7.1 Luzes indicativas de piso .............................................................................92


3.8 CONFORTO TÉRMICO .....................................................................................93 3.8.1 Renovação e condicionamento do ar..........................................................93 3.9 ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA ...................................................................93 4. TRANSFORMAÇÃO DE UM VEÍCULO RODOVIÁRIO DE CARGA EM UNIDADE MÓVEL ..............................................................................................99 4.1 RESOLUÇÕES E NORMAS TÉCNICAS ...........................................................99 4.2 ESCOLHENDO UM VEÍCULO .........................................................................100 4.3 TIPOS DE MODIFICAÇÃO ..............................................................................107 5. ESTUDO DE CASO: CINEMAS MÓVEIS ........................................................110 5.1 EXEMPLOS DE CINEMAS MÓVEIS ...............................................................110 5.1.1 O cinema Itinerante UTM ............................................................................110 5.1.2 Cinetransformer...........................................................................................113 6. PROJETO DE TRANSFORMAÇÃO DE UM VEÍCULO RODOVIÁRIO DE CARGA EM UNIDADE MÓVEL DE CINEMA ...................................................118 6.1 DIFERENCIAL ..................................................................................................119 6.2 APRESENTAÇÃO DO PROJETO ....................................................................120 6.2.1 Materiais .......................................................................................................129 6.3 ASPECTOS DO PROJETO ..............................................................................130 6.3.1 Qualidade de Imagem .................................................................................130 6.3.2 Ergonomia....................................................................................................132 6.3.5 Conforto Térmico. .......................................................................................138 6.3.6 Segurança e acessibilidade. ......................................................................139 7. CONCLUSÃO ...................................................................................................144 REFERENCIAS......................................................................................................145 APÊNDICES ..........................................................................................................150


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1. INTRODUÇÃO O cinema é um conjunto de partes interdependentes que unidas permitem ao espectador apreciar as histórias contadas por seus idealizadores de forma que a mensagem seja transmitida com sucesso, para tal, é preciso entender o processo pelo qual é produzido o filme e o processo pelo qual é exibido. O trabalho tem como proposta a produção de um cinema itinerante segundo as normas vigentes mais atuais. Ao se compreender como funciona o ambiente de exibição é possível concluir se uma sala bem equipada e dentro das normas poderia ser adaptada a situações incomuns de uso, como no caso, uma sala de cinema itinerante projetada para se adaptar a um veiculo de carga modificado, para compor uma unidade móvel de cinema, tal unidade deve ser projetada de forma a suportar os espectadores e os equipamentos alem de ainda assim, atender as normas vigentes.

1.2 OBJETIVO O objetivo do trabalho é descobrir se é possível projetar uma sala de cinema bem equipada, acessível, confortável e que respeite as leis de transito e cinema. Esse cinema itinerante, deve trafegar sem necessidade de licença especial.

1.2.1 Objetivos específicos

• • • • • •

Conceituar o cinema; Analise histórica sobre a ótica da arquitetura e tecnologia; Estudo sobre componentes do cinema e normas especificas; Estudo sobre adaptação de veículos de carga; Estudo de exemplos de cinemas moveis aplicados; Desenvolvimento de um projeto englobando as características estudadas.

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1.3 JUSTIFICATIVA Apesar de ser uma ideia interessante, tal adaptação é extremamente rara, principalmente no Brasil onde as leis de transito são severas em relação a modificação de veículos. Produzir uma unidade móvel de cinema pode atender a vários objetivos, pode ser uma forma de gerar renda, levar cultura a lugares menos desenvolvidos, fornecer equipamento para empresas ou mesmo para realização de festivais de cinemas e tecnologia. O cinema itinerante é uma forma de poder deslocar uma sala de cinema de acordo com a demanda.

1.4 METODOLOGIA Para realização deste trabalho de conclusão de curso foi realizada pesquisas bibliográficas em livros, documentos, folders, documentos eletrônicos de forma a se ter uma compreensão sobre cinema a nível histórico, de composição e leis regentes. Alem da pesquisa bibliográfica foram feitas analises empíricas sobre projetos similares de forma a se ter uma ideia das vantagens e desvantagens dos projetos existentes e disponíveis para o mercado brasileiro, para no fim ter uma ideia do que seria interessante introduzir a um projeto que seria a resposta para a pergunta, se é possível projetar um cinema itinerante, acessível, seguro que esteja de acordo com as normas técnicas. Primeiramente é apresentado o conceito de cinema e um breve histórico para compreensão de como se chegou ao ponto tecnológico em que nos encontramos hoje em termos de projetos de salas de cinema. No terceiro capitulo há uma apresentação de cada um dos componentes necessários para produzir uma sala que atenda aos requisitos de qualidade especificados nas normas, e manuais de recomendações técnicas.

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No quarto capitulo é demonstrado os requisitos para adaptação de um veiculo especial, normas a serem seguidas e tipos de veículos que podem ser aptos a modificação proposta. No quinto capitulo é realizado o estudo sobre exemplos de projetos disponíveis no Brasil para em fim, por ultimo, apresentar um projeto que atenda as requisições desejadas. Por fim, no sexto capitulo é apresentado um projeto de cinema móvel desenvolvido pelo autor com base nos itens abordados nos capítulos anteriores, que atende as normas especificas.

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2. CINEMA O conceito de cinema é bastante variado. Uma vez que este conceito costuma variar, dependendo de quem estiver analisando, é possível compreende-lo como um organismo complexo, com varias partes interdependentes, ou seja, dependem umas das outras para funcionar. O conceito de cinema presente no Dicionário Online de Português pode ser resumido na ideia que cinema é “A arte de compor e realizar filmes para serem projetados” e inclui “A sala de espetáculos onde se vêem projeções cinematográficas”(DICIO, Acesso em: 17 abr 2014). Tanto a concepção de "compor filmes" como a de "sala para projeta-los” podem ser consideradas bastante simplistas, pois o conceito real é muito mais abrangente, podendo ser considerado cinema até mesmo a industria que produz os filmes. Porém, na prática, o que se observa é que cinema é a composição de todos esses elementos. Sendo assim, o cinema pode ser encarado como um organismo complexo. Isso se dá pois para maioria dos especialistas que foram objeto de pesquisa para realização desse trabalho, o cinema vai muito alem da produção e exibição. Jean-Claude Bernardet, (1980), em seu livro “O que é Cinema?” aborda uma série de etapas, como desde o publico à produção do filme, divulgação, linguagem cinematográfica, questões comerciais e uma serie de coisas que compõem um complexo ritual chamado cinema, no entanto, ao final, admite não ter uma resposta para "tão pretensiosa pergunta". As partes que compõem esse ritual podem ser individualmente chamadas cinema, no entanto, a maioria delas dependem umas das outras, uma vez que, por questão de lógica, não há exibição sem antes a produção por exemplo. Antes de tratar de cada uma das partes que compõe o cinema, é preciso ter noção de que o conceito de cinema não é apenas complexo como evolui com o tempo, sendo que em seus primórdios, cinema era apenas o ato de produzir imagens em movimento se utilizando da luz, e a titulo de curiosidade, a palavra “cinema” deriva da pala grega “kinema" que significa pura e simplesmente, “movimento”. Desse conceito primordial até ser elevado ao status de "Arte", sendo definido por Ricciotto Canudo (1912), em seu livro "Manifesto das Sete Artes” como a sétima arte, onde arte pode ser entendida como: 21


Atividade humana ligada a manifestações de ordem estética, feita por artistas a partir de percepção, emoções e ideias, com o objetivo de estimular esse interesse de consciência em um ou mais espectadores, e cada obra de arte possui um significado único e diferente. (SIGNIFICADOS, Acesso em: 17 abr. 2014)

O significado definido por Immanuel Kant (apud TABOSA, 2005, p. 3) como "Arte Estética" ou mesmo “Bela Arte” que evoluiu do conceito de Platão (apud TABOSA, 2005, p. 1), que considerava arte e ciência uma mesma coisa, sendo tida apenas como “arte manual, ofício, habilidade (adquirida pelo estudo ou pela prática)”, inerente ao homem. O cinema em si, junto a fotografia, levaram um certo tempo desde sua criação até serem considerados arte e não apenas mero entretenimento, indo da criação do cinematógrafo, inventado pelos Irmãos Auguste e Louis Lumière no fim do século XIX em 28 de dezembro de 1895, passando pelo firmamento de uma linguagem cinematográfica concisal por D.W Griffith até chegar ao "Manifesto Das Sete Artes”, um documento produzido por Ricciotto Canudo, como mencionado anteriormente, em 1912 e publicado em 1923. Nesse período, que será abordado nesse capitulo, podemos entender como o cinema passou de exibições em feiras abertas até chegar nas complexas e tecnológicas salas de cinema que possuímos hoje. O conceito de cinema como "Arte" também enfrentou muitos dilemas, principalmente por possuir posições antagônicas, a de ser uma representação realista e, ao mesmo tempo, apresentar um sentido de irrealidade, sendo que a principio eram apenas imagens aleatória de movimentos, como a primeira exibição que apresentava um trem chegando na estação, que de tão realista para época é dito, popularmente, que espantou alguns dos espectadores presentes na ocasião. É importante notar que a evolução tecnológica também é responsável pela evolução do conceito, uma vez que hoje temos salas de cinema 3D, capazes de produzir muito mais do que imagens em movimento mas também garante a elas profundidade em três dimensões, o que é alcançado pelo uso de equipamentos especiais que simulam uma característica do olho humano que nos permite ver com profundidade, esse efeito é obtido através do uso de duas câmeras, filmando 22


simultaneamente e posteriormente ocorrendo a justaposição das imagens, no entanto, não muda a conformação do local onde é exibido, sendo necessários apenas o uso de óculos especiais para poder assistir o filme. Já o Cinema 4D evolui modificando a sala de exibição, garantindo movimento das cadeiras por exemplo. Esse é só um exemplo de como a evolução modifica a experiência ou mesmo, como diz Jean-Claude Bernardet, o complexo ritual chamado cinema. Ao se fazer um resumo de todas as possibilidades do que pode ser considerado cinema, baseado na pesquisa bibliográfica realizada para compor esse trabalho, pode-se concluir que a base do que é considerado cinema é:

• A produção dos filmes pelos diretores e demais profissionais, financiadas pelos produtores;

• A distribuição, que juntos compõem a industria do cinema; • Seus diferentes formatos de reprodução, que vão desde a maneira clássica por projetor analógico até o cinema digital, cinema 3D e 4D alem do 1IMAX;

• Há também as salas de exibição, que se adaptam a cada formato de exibição, como é o caso do IMAX, onde a sala possui uma conformação vertical bastante acentuada, devido ao tamanho da tela;

• Um importante meio de comunicação, expressão espetáculo (COSTA, 1985, pg. 29).

2.1 PRIMEIRAS DÉCADAS Ao apresentar a história do cinema esse estudo visa os aspectos tecnológicos e arquitetônicos de sua criação acima de outros, pois para um conhecimento mais complexo, seria necessário apresentar temas ligados a criação da linguagem do cinema pelos grandes diretores, através de seus filmes, ou mesmo conceitos artísticos e a evolução dos mesmos no que tange a produções cinematográficas, 1 Imagem Maximum (IMAX) é um formato de filme criado pela empresa IMAX Corporation que tem a

capacidade de projetar imagens maiores em tamanho e resolução do que os sistemas convencionais de exibição.

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questões que serão levadas em conta unicamente quando necessário para compreensão do objetivo desse trabalho. Compreender a história do cinema, para os fins aos quais se destinam esse trabalho, é de suma importância e um requisito básico para quem pretende projetar salas de cinema, pois a evolução do cinema anda sempre de mãos dadas junto a evolução arquitetônica. Como pode ser notado no decorrer do capitulo, entender como se chegou a certas conclusões, como se chegou as necessidades mais básicas do ambiente, torna-se indispensável na hora de projetar, pois auxilia o projetista a evitar problemas ocorridos no passado, e mais do que tudo, entender a fundo o que está projetando e ao que se destina, suas necessidades e conceitos que foram sendo aprendidos gradualmente ao longo de sua história. Em termos de arquitetura o cinema é hoje em dia bastante rico, com normas especificas, padrões bem definidos, diversidade de estilos, mas como ficará claro, isso é algo que evoluiu até esse ponto, partindo de exibições em feiras ao ar livre, passando pelos “2Nickelodeons" até chegar nos grandes e requintados "3Movie Palaces”.

2.1.1 O primeiro cinema e a era dos Nickelodeons Como mencionado anteriormente, o cinematógrafo (Figura 1) foi inventado pelos Irmãos Lumière (Figura 2) no final do século XIX em 28 de dezembro de 1895, invenção que só foi possível depois do advento da fotografia. (…) O surgimento da fotografia, com seus criadores-personagens próprios como Daguerre e Hercules Florence, trouxe à tecnologia outras possibilidades de linguagem artística. Neste caso, não só uma nova técnica estava sendo empregada possibilitando diversas mudanças futuras, como também permitia releituras nas funções e expressões de modos de produção das artes já estabelecidos, ao, por exemplo, liberar “as artes plásticas de sua obsessão pela semelhança” (…) A invenção da fotografia modifica profundamente a relação com a arte e com o mundo circundante, instaurando uma nova visualidade. Há uma valorização do instantâneo, do fugidio, da pose e do movimento-tendência que irá revolucionar os movimentos artísticos e as vanguardas (COSTA, apud ANDRADE; TOLEDO, 2007, p. 6). 2 Nickelodeons (cujo nome deriva da palavra nickel moeda de 5¢ americana junto a palavra grega

odeion que significa teatro coberto) constituíram um tipo de primitivas e pequenas salas de cinema do início do século XX. 3 Os movie Places eram salas de cinema luxuosas que agregava em salas de cinema uma arquitetura

típica das melhores salas de teatro.

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Figura 1 - Cinematógrafo Lumière

!

Fonte: NATIONAL MEDIA MUSEUM, Acesso em: 17 abr. 2014

O cinematógrafo se utilizava de diversas fotografias em sequência, garantindo a elas movimento, ao serem exibidas sequencialmente em um determinado intervalo de tempo. Foi com Émile Reynaud e seu Praxinoscópio que a história contada e o movimento projetado foram integrados como uma única forma narrativa (ANDRADE; TOLEDO, 2007, p. 6). Esse conceito evoluiu de varias outras técnicas e instrumentos predecessores de forma que “o cinematógrafo Lumière constituiu o coroamento de vários anos de pesquisas” (COSTA, 1985, p. 52). Um exemplo é o “Praxinoscópio” que é um aparelho que projeta em um tela imagens desenhadas sobre fitas transparentes, inventado pelo francês Émile Reynaud em 1877. Reynaud "não previu, mesmo tendo construído importantes bases para o cinema, que um outro invento poderia roubarlhe o sucesso e dispensar o narrador local” (ANDRADE; TOLEDO, 2007, p. 7). 25


No início, do cinema, segundo historiadores do cinema pesquisados em bibliografia, o cinematografo apresentava filmes curtos, em preto e branco, com a câmera parada e sem som, mas foi o bastante para impressionar os primeiros espectadores o suficiente para se supor que aquela invenção dos Irmãos Lumière teria um futuro incrível, mesmo que naquela época não se pudesse ter ideia do tamanho e as proporções que viria a ter.

Figura 2 - Irmãos Lumière

! Fonte: BLOG DO PROFESSOR ANDRIO, Acesso em: 17 abr. 2014

26


Figura 3 - Primeiro fillme dosLumiere: L'arrivée d'un train en gare de La Ciotat

! Fonte: WIKIPEDIA, Acesso em: 17 abr. 2014

Os próprios Irmãos Lumière, apesar de reconhecer o potencial comercial da invenção, o viam como um “brinquedo”, algo passageiro. Alem disso nos primeiros anos não avia apenas a dominância dos irmão Lumière, como dá-se a entender, ” Thomas Edison conseguiu diminuir a dominância dos irmãos Lumière nos EUA e aperfeiçoar outro projetor, conhecido como "projecting kinetoscope (Figura 4) em 1902” (MASCARELLO, 2006, p. 20). Porem os irmão Lumière criaram uma forma de manter a sua predominância por vários anos.

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Figura 4 - Projector Kinetoscope, Thomas Edson (1902)

! Fonte: FILMPROJECTORS, Acesso em: 17 abr. 2014

O que pode ser facilmente comprovado é que mesmo sem a percepção da grandiosidade de sua criação e de criticas a essa invenção alem dos motivos de seus criadores, o cinema inegavelmente se tornou algo grandioso, em vários aspectos, sejam tecnológicos ou econômicos, e isso pode ser facilmente percebido hoje em dia, ao visitarmos uma simples sala de cinema que possui o que há de mais recente em termos de tecnologias de audio/visual, ao verificarmos os bilhões em dinheiro movimentados anualmente na industria cinematográfica, produções com custos astronômicos que podem ser observados em qualquer lista de faturamento de produções durante o ano. O inicio das apresentação não foi tão grandioso, mesmo depois das apresentações realizadas pelos Irmãos Lumière, para demonstrar o invento, as apresentações cinematográficas percorreriam um longo caminho, como relatado a seguir, entre as feiras abertas e os “Nickelodeons", até chegar as salas de cinema mais tradicionais e voltadas a um publico de classe mais alta, alem de conquistar o status de arte. Pode-se dizer que as primeiras exibições ocorridas, segundo estudiosos da história do cinema, entre 1895 e os primeiros 20 anos da criação, "não possuíam um lugar próprio para que fossem realizadas, sendo boa parte das exibições ocorridas de 28


forma itinerante” (HERZOG, apud MENOTTI 2007, p. 2). Esse "lugar" foi sendo criado aos poucos, pela própria instituição cinematográfica, na medida em que consolidava uma prática economicamente estável (GOMERY, apud MENOTTI, p. 2) Então, pode-se concluir que as exibições se adaptavam ao local, sendo moldadas e apresentadas durante outros tipos de apresentações que ocorriam nesses lugares, “o filme era apresentado como melhor conviesse ao ambiente: como espetáculo ou curiosidade científica, ora em companhia de uma apresentação de Cancã, ora no lugar do homem-elefante” (MENOTTI, 2007, p. 2). A exibição de filmes estava especialmente suscetível, aos aspectos do local onde ocorriam, "a experiência cinematográfica não era apenas contaminada, como em grande parte definida, pela organização do lugar em que a projeção se instalava e pelo comportamento tradicional de seus frequentadores” (MENOTTI, 2007, p. 2). Com o tempo, segundo Gabriel Menotti (2007, p. 3), por volta de 1905, essas exibições passaram a ocorrer em armazéns e magazines adaptados, conferindo uma primeira localidade própria, porem ainda precária e voltada a um publico menos abastado, e essas localidades ficaram conhecidas como Nickelodeons (Figuras 5 e 6).

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Figura 5 - Exemplo de fachada de um Nickelodeon

! Fonte: WIKIPEDIA, Acesso em: 17 abr. 2014

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Figura 6 - Interior de um Nickelodeon

! Fonte: BARTELS, Acesso em: 17 abr. 2014

Outra característica marcante dessas primeiras exibições era a falta de um publico especifico, bastante citada pelos pesquisadores, o publico geralmente trazia uma postura de outras localidades, pois ele tomou a audiência emprestada dos vários espaços em que se inseriu. “Quando os primeiros estabelecimentos para a exibição de filmes surgiram, por volta de 1905, a postura leviana do público dos 4vaudevilles e das quermesses foi importada para dentro deles.” (MENOTTI, 2007, p. 3). Foi então que vários estabelecimentos começaram a espalhar-se pela cidade, e 4 Vaudeville foi um gênero de entretenimento de variedades predominante nos Estados Unidos e

Canadá do início dos anos 1880 ao início dos anos 1930. Desenvolvendo-se a partir de muitas fontes, incluindo salas de concerto, apresentações de cantores populares, "circos de horror", museus baratos e literatura burlesca, o vaudeville tornou-se um dos mais populares tipos de empreendimento dos Estados Unidos

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segundo Gabriel Menott (2007, p. 3), “para o estrangeiro recém-chegado à América, o cinema não era apenas um espetáculo barato, como também o único compreensível”. Isso pode ser explicado pois em seus primórdios o cinema era mudo, o que contribuía para aceitação por parte do publico estrangeiro, que desconheciam a língua inglesa. A idéia de expandir o cinema inicial e alcançar um publico de classe mais alta passou a ser uma realidade com o crescimento econômico do cinema a medida que o numero de salas crescia, porem era preciso vencer as dificuldades do próprio ambiente, que segundo Menotti espantava a burguesia. "Parte do choque que a classe média sentia não era apenas em relação as condições físicas das salas, mas simplesmente a presença missiva da classe operária, que agia, olhava e cheirava diferente deles” (ROSENZWEIG, apud MENOTTI, 2007, p. 5). Na tentativa de atrair a burguesia muita coisa foi feita para tal, de mudanças no ambiente a mudanças nos filmes, de forma a torna-lo inofensivo segundo os padrões da época, um ambiente que pudesse acomodar a família tradicional e ser visto com bons olhos perante a sociedade. A mudança começou efetivamente com a higienização do produto cinematográfico. Da mesma forma que tentava inibir o consumo de álcool, a polícia passou a cortar cenas “amorais” de determinados filmes. Buscando reverter a coação a seu favor, tanto produtores quanto exibidores começaram a adotar práticas de auto-censura (MENOTTI, 2007, p. 5).

Com as mudanças realizadas para se alcançar tal meta e incorporando características dos teatros estava para surgir uma nova era do cinema, a era dos Movie Palaces. O Cinema havia se tornado um grande negócio e isso podia ser notado ao observar os palácios cinematográficos (Movie Palaces) que exibiam em sua arquitetura uma grandiosidade digna das melhores salas de teatro.

2.1.2 A era dos Movie Palaces Os Movie Palaces (Figuras 7 e 8), por questões já abordadas, possuíam a intenção de serem tudo que os Nickelodeons não eram, e segundo Gabriel Menotti (2007, p. 6),

jamais poderiam ter sido,

“pois eram um lugar luxuoso, de arquitetura 32


extravagante, onde o público era tratado como rei”. Em um artigo escrito em 1925, Samuel “Roxy” Rothafel, proprietário da cadeia homônima de cinemas, diz que a primeira coisa que o público quer é “sentir como se estivessem em seus teatros” (ROTHAFEL, apud MENOTTI, 2007, p. 6). A experiência cinematográfica passa a ganhar um valor comercial, um dos motivos que deixam isso claro é que nessa época a novidade de um filme passa a ser economicamente mais importante do que a variedade de atrações nos programas, os produtores prediriam que seus filmes fossem vistos nos principais locais ao invés de no maior numero de locais possível, com isso logicamente o preço por exibição crescia, mesmo esse principais estabelecimentos podendo comportar até seis mil pessoas, enquanto isso os cinemas de menor importância acabavam recebendo cópias já gastas, sujas e arranhadas, com atraso de semanas de acordo com Gabriel Menotti (2007, p. 7). Segundo intensas campanhas publicitárias, os únicos lugares onde as produções Hollywoodianas poderiam ser consumidas em toda sua excelência eram os principais movie palaces (FÜLLER, apud MENOTTI, 2007, p. 7).

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Figura 7 - Orpheum Theater situado em Los Angeles, CA

! Fonte: (BERGER; CONSENER, 1999)

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Figura 8 - Uptown Theater Chicago, construído em 1925

! Fonte: CINEMA TREASURES, Acesso em: 17 abr. 2014

A grande mudança no cinema acaba ocorrendo no final da década de 20 graças a invenção do som síncrono e a queda da bolsa de Nova York. Essa mudança ,segundo Gabriel Menotti (2007, p 7), causa um aumento da importância do filme em relação ao espaço. "O efeito imediato da chegada do filme sonoro é o fim das apresentações ao vivo nos cinemas. Com ele os shows ao vivo, logicamente, perderam sua importância e necessidade o que fez com que fossem cortados das novas exibições. Para muitos pesquisadores esse foi o fim da convivência social que era característica dos cinemas até então "a padronização 35


técnica, que se mostra mais lucrativa acaba por deteriora a convivência social que até então caracterizava o ir ao cinema” (MENOTTI, 2007, p. 8). Como mencionado o outro fator que desencadeou o fim dos Movie Palaces foi a grande depressão. (…) O golpe de misericórdia na arquitetura de exibição barroca dos movie palaces seria dado pela Grande Depressão. A quebra da bolsa de Nova York, em 1930, afundou os Estados Unidos num período de grave crise econômica. Para os exibidores, ficou impossível manter o padrão dos serviços oferecidos. Os cinemas independentes tiveram que adotar fachadas mais modestas, diminuir de tamanho ou simplesmente fechar” (…) As grandes empresas, muito embora conseguissem resistir melhor aos solavancos da economia, enfrentavam um problema muito mais grave: a falta de público. À época, não havia audiência disposta a pagar pelo luxo que era ir ao cinema – ainda mais porque, agora, tudo o que as salas de exibição tinham para oferecer era um filme (MENOTTI, 2007, p. 8).

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3


3. CINEMA E ARQUITETURA O capitulo a seguir tende a explorar mais de perto a ligação, entre cinema e arquitetura, demonstrando como o cinema evoluiu nesse ponto, demonstrando e dando uma idéia de como eram os ambientes em suas respectivas épocas, com o máximo de informações obtidas em pesquisa na bibliografia disponível, uma vez que certos detalhes sobre como eram esses cinemas mais primitivos são bastante difíceis de se organizar, pois não havia necessariamente um padrão e ainda por cima a maior parte das informações são relativas ao cenário americano, embora, o cinema tenha se expandido para outros territórios de forma que possuía particularidades em cada local.

3.1 RELAÇÃO HISTÓRICA O fato das salas de cinema serem consideradas parte desse organismo complexo chamado cinema, resultam numa ligação muito alem do surgimento de novos conceitos e normas, se adaptar a nova linguagem que estava surgindo era de extrema importância, pois uma mudança que pode ser considerada drástica, devido a modificação da linguagem utilizada até então, como é o caso da adição de som nos filmes, obviamente resultou numa modificação estrutural profunda, pois já não era necessário o acompanhamento musical, porem, os equipamentos foram evoluindo cada vez mais e ficando mais complexos, como pode ser observado ao analisar a evolução do cinema. Como demonstrado no capitulo anterior, as primeiras localidades propriamente para exibição dos filmes eram os nikelodeons, que como descrito, se tratavam de armazéns adaptados, com o mínimo para acomodação de pessoas e dos equipamentos para exibição, esses locais obviamente, por se tratar de uma adaptação, não dispunham de norma alguma, e não apenas por serem adaptações, mas as questões de normas de segurança para locais fechados e com aglomerações de pessoas é algo que só passou a existir muito tempo depois do cinema ter surgido. A questão de salubridade dos nikelodeons era precária e esse era um dos grandes motivos que a principio afastavam a burguesia desses locais, alem dos outros motivos já citados no capitulo anterior. 38


“[…] o próprio ambiente dos nickelodeons espantava a burguesia. Em primeiro lugar, por causa de sua insalubridade: como a maior parte eram lojas adaptadas, não se tratavam do local mais propício para duzentas pessoas passarem horas trancadas no escuro. Isso só não incomodava os trabalhadores, que viviam em condições precárias.”(MENOTTI, 2007, p. 4).

Segundo Gabriel Menotti (2007, p. 5) “o apelo de novidade do cinema já não era suficiente para atrair o tal público qualificado (Burguesia), que também não estava interessado na socialização marginal que o espaço do Nickelodeon proporcionava". É a sofisticação do filme que conduz a uma modificação no espaço, a nova narrativa adotada e a complexidade maior, exigiam que cada vez mais o espectador prestasse atenção ao que se passava, e os ruídos existentes até então eram cada vez menos tolerados, "Se antes o publico dividia as atenções entre a tela e seu vizinho, agora precisava focar-se no filme, para compreender o que se passava” (MENOTTI, 2007, p. 5). É dessa forma que o filme leva o espaço a uma primeira modificação visando a qualidade de exibição, "isso dará um novo formato ao espaço de exibição, marcado pela separação entre a sala de projeção e a arena social” (MENOTTI, 2007, p. 6). Esse crescimento é bastante notório onde "por volta de 1915, surgem as cadeias nacionais de exibição e, a exemplo de outros “mercados de consumo em expanção”, o mercado cinematográfico se verticaliza” (FÜLLER, apud MENOTTI, 2007, p. 6). Mesmo evoluindo, nessa época, as normas improvisadas para cinema, ainda se resumiam as acomodações de equipamentos e uma busca de agradar um novo publico alvo mais exigente, busca essa que por si gerava uma evolução no ambiente, e é nesse ponto que o cinema passou a acomodar muitos dos conceitos que até então existiam nos teatros e operas, que se tratavam de lugares mais requintados e com uma qualidade bem maior, e foi dai que surgiram as primeiras salas de cinema propriamente ditas, não apenas uma adaptação, inspiradas nos teatros, não apenas em questão de espaço, mas também nas exibições, onde “os produtores apelavam para filmes que se aproximavam em forma e duração das peças de teatro, os exibidores buscavam atrair o público com carpetes luxuosos e mordomias correlatas” (MENOTTI, 2007, p. 6), inaugurando a era dos Movie Palaces descrita no capitulo anterior. 39


Os Movie Palaces visavam agradar, como mencionado, de muitas formas que não especificamente se tratavam de evoluções técnicas na forma de exibição, era muito mais um conceito de ambiente, mesmo que para se encaixar nesses novos ambientes as produções cinematográficas sofreram bastante mudança relativa a conteúdo e duração, com temáticas menos ofensivas, o grande diferencial estava nas salas em si. O cinema, como mencionado, se espalhou pelo mundo a fora e é obvio que em cada localidade ele adotou características próprias, no Brasil por exemplo vale ressaltar que no principio as salas de cinema eram chamadas de Teatros cinematográficos (Figura 9), e é fácil deduzir que esse nome era dado por se tratar de salas de teatro adaptadas. As primeiras salas de cinema chamavam-se no início do século XX de ‘Teatros cinematográficos’, ou porque eram teatros adaptados para exibição de filmes, ou porque se construíam como teatros. Aos poucos vão surgindo salas próprias, apropriadas para exibição dos filmes. Essa evolução deu-se devido a preocupações de ordem técnica, pois era necessário aumentar as telas para o ‘cinemascope’, conceber isolamento acústico para o som, e tornar as salas mais arejadas e confortáveis.(TRINDADE, et al., 2005, p. 7).

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Figura 9 - Cine Moderno inaugurado em 1913 como teatro e em 1915 passou a ser teatro e eclética

! Fonte: Jornal do Commercio em 26/09/1996

Desde a separação do equipamento e da plateia nas salas de cinema, nenhuma grande mudança técnica havia ocorrido, a grande novidade surgiu antes da Grande Depressão, onde a configuração tradicional do cinema foi quebrada pela inovação tecnológica do som, onde já não se fazia mais necessário acompanhamento musical, o que apesar de ser uma inovação, quebrou um dos grandes atrativos dos Movie Palaces que era a interação social. Logo apôs a queda da bolsa de Nova York a situação viria a se agravar, fazendo com que o cinema precisasse se reorganizar para continuar atraindo o publico, que no momento se encontrava com grandes problemas na economia. A maior ameaça ao cinema foi o surgimento da televisão, que praticamente forçou o cinema a se reinventar, agora não apenas num problema relativo ao próprio cinema, portanto era necessário criar uma forma de apelo que fosse ligada as inovações tecnológicas surgidas nesse período, por volta de 1950, e que justificasse ao espectador sair de sua casa, onde já havia à televisão. 41


O fato é que apôs o período dos Movie Palaces a imersão no cinema foi cada vez mais explorada, as novas salas pretendiam privar o expectados de tudo aquilo que prejudicasse a experiência, e essas interferências passaram a ser tratadas como ruídos indesejáveis, e a nova configuração ideal foi descrita pelo arquiteto Ben Schlanger, particularmente interessado nas mudanças do ambiente, como sendo "um teatro onde uma pessoa possa sentar-se e olhar para o que está à sua frente não precisando estar consciente do local físico em que ele está desfrutando essa imagem” (SCHLANGER, apud MENOTTI, 2007, p. 10). Aliado a essas mudanças físicas do local as mudanças tecnológicas também exerciam papel fundamental na nova configuração das salas de cinema, e uma grande mudança tecnológica, na questão do espaço, nesse período, foi a inserção do "widescreen" que consistia numa tela mais larga que a existente até o momento, exigindo obviamente mais espaço horizontal.

3.2 CRIAÇÃO DE NORMAS E A SITUAÇÃO DO BRASIL Foi no período pós guerra que começou a se despertar tanto nos Estados Unidos quanto na Europa uma preocupação com pessoas portadoras de deficiências físicas, pois, advindos da guerra, seu numero era crescente e esse publico também sentia que tinha direito a engessar em locais como cinemas e teatros, e somente nos anos 70 medidas foram tomadas para cria leis para impor a criação de adaptações em espaços de trabalho, ensino, cultura e lazer Thais Milani (2013). No que tange ao Brasil, que é onde se configuram as leis e normas que foram utilizadas nesse trabalho, o tema sobre acessibilidade só entrou em vigor, segundo Thais Milani (2013), entre as décadas de 80 e 90, e apenas à mais ou menos 15 anos essa enorme parcela da população passou a ser vista em lugares públicos. Ao mesmo tempo em que leis, normas e regras foram sendo criadas e ditadas, como a norma NBR 9050 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e o Manual da Comissão Permanente de Acessibilidade (CPA) de São Paulo, os empresários passaram a investir nos itens relativos a portadores de necessidades especiais uma 42


vez que esses itens passaram a ser obrigatórios por lei. E desde a entrada em vigor da Lei de Cotas, segundo Thais Milani (2013), em 1991, as empresas foram obrigadas a inserir em seus quadros portadores de necessidades especiais. Foi nesse momento que os espaços públicos e comerciais passaram a necessitar de amplas reformas que atendessem às normas e acolhessem a presença dos cadeirantes, das pessoas que usam muletas ou bengalas, dos deficientes visuais e auditivos, entre outros portadores de deficiências. Os arquitetos tiveram então que se adaptar aos pré-requisitos necessários para a acessibilidade. Pessoas que frequentam as salas de cinema podem perceber claramente a importância dos projetos arquitetônicos com esse foco. Atender a diversidade de normas que passaram a ser criadas, constitui-se em um novo desafio, alem, é claro, de manter a normatização própria das redes de cinemas, sendo que os projetos tem que se adaptar a áreas compactas e pré-definidas e criar espaços agradáveis e confortáveis para todos os usuários. As salas começam a ser projetadas a partir do número de poltronas que estarão disponíveis. Desse total, em média 2% dos lugares serão especiais para cadeiras de rodas, incluído um acompanhante ao lado, de acordo com Thais Milani (2013). Uma norma especifica para projetos de salas de cinema foi criada em novembro de 1988, essa norma, a NBR12237 para projetos e instalações de salas de projeção cinematográfica, se encontra datada, uma vez que não aborda os conceitos mais modernos para projetos de salas de cinema segundo a Associação Brasileira de Cinematografia, ABC, em documento, com revisão do ano de 2009, para Recomendação Técnica para Arquitetura de Salas de Projeção Cinematográfica. Segundo Estatuto, Aprovado em 28/11/2011. Sendo fruto de uma iniciativa conjunta da ABC e da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, através do Centro Técnico Audiovisual (CTAv) e da Cinemateca Brasileira, a Recomendação Técnica para Arquitetura de Salas de Projeção Cinematográfica, segundo o escopo do próprio documento, tem por objetivo determinar as características das salas de projeção baseadas na mídia cinematográfica contemporânea, com foco em aspectos de conforto para o 43


espectador, e tendo todas essas recomendações técnicas oriundas das normas técnicas especificas para cada tipo de característica especifica, e projetos específicos que componham o todo de uma sala de projeção (ABC, 2009). É preciso ficar claro para o leitor que o ato de ir a sala de cinema, sentar-se e assistir um filme é o básico do que pode ser considerado a experiência de ir ao cinema, nesse sentido as normas não visam apenas garantir esse mínimo e muito menos apenas padronização com a finalidade de economia em variáveis de projetos, também é levado em conta o conforto, a garantia que o espectador tem de ir a sala de cinema e que essa experiência seja obtida com o máximo de qualidade possível, sendo assim, os cálculos apresentados a seguir são obtidos de forma a abranger os extremos das pessoas e não uma média, pois a média deixaria de lado uma grande parcela da população, porem mesmo assim, qualquer um que tenha visitado uma sala de cinema, percebe facilmente que existem locais na sala que dispõe de um melhor conforto e melhor possibilidade de visualização, e a medida em que se afasta desse ponto, a visualização, mesmo com todo o cuidado na elaboração da ergonomia, tende a ser prejudicada, a intenção é fazer com que a experiência seja prejudicada o mínimo possível.

3.3 APLICAÇÃO DAS NORMAS E REQUISITOS PARA PROJETO Partindo inicialmente da NBR 12237 “Projetos e instalações de salas de projeção cinematográfica”, elaborada pelo CTAv e publicada pela ABNT, em 1988, que não poderia ser utilizada por si só sem uma atualização, revisão ou complemento, pois as tecnologias cinematográficas evoluem constantemente segundo observado no capitulo sobre histórico do cinema, e nesse cenário uma norma de 1988 definitivamente não seria muito abrangente. Porém, a recomendação técnica da ABC já abrange os conceitos mais modernos de tecnologias para salas de cinema, como por exemplo, o cinema digital, que utiliza projetores digitais, bem mais leves e menos robustos que os analógicos, resultando na economia de espaço para projeção.

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Os aspectos que definem o tipo e qualidade da sala de cinema são abordados na recomendação da ABC como parâmetros, afim de se ter uma idéia do mínimo necessário para se projetar uma sala adequada a exibição de filmes, com qualidade de som, imagem e conforto para o espectador. A qualidade técnica de uma sala de projeção determina sua adaptação à função a qual se destina não sendo apenas um teatro ou auditório com uma tela (5SESC, 2008). Itens como disposição de cadeiras e localização dos sistemas de reprodução no ambiente são necessários para o fim desejado. A especificidade da sala de projeção tem relação direta com as características da mídia cinematográfica, a forma como ela registra e reproduz os sons e as imagens e com os aspectos relacionados à percepção visual e auditiva humanas. Esta especificidade se manifesta através de diversos aspectos, cujas características são definidas por normas técnicas e recomendações de entidades e organizações ligadas a cinema (SESC, 2008, p. 8).

3.3.1 Principais componentes da sala de cinema Antes de tratar dos aspectos e parâmetros da norma deve-se haver o conhecimento dos itens indispensáveis para constituição de uma sala de cinema. Tais itens como a tela, equipamentos de projeção, poltronas, equipamentos de som de forma que a disposição nos planos (X,Y,Z) pode ser observada nas Figuras (10 e 11), onde X representa a largura da sala, Y o comprimento e Z a altura.

5 Serviço Social do Comércio

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Figura 10 - Plano (X,Y), onde sua relação corresponde ao solo.

! Fonte: (LUCA, 2012, p. 39)

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Figura 11 - Plano (Y,Z), onde sua relação corresponde ao corte, que vai da tela até a parte mais afastada.

! Fonte: (ABC, 2009, p. 8)

Os itens básicos que compõem uma sala de cinema comum são: a) Tela: Dispositivo aonde são exibidos os filmes por meio de projeção, em home cinemas e cinemas de tamanho reduzido a tela pode exibir as imagens sem necessidade de projetores, pois pode-se usar televisores. b) Projetores: O projetor analógico é um dispositivo que realiza o movimento e obturação do filme, projetada de forma que uma fonte de luz atravesse uma película e fixe na tela a imagem em movimento (LUCA, 2012). Projetores também podem ser de fonte digital, alem da película, dessa forma o video parte de um arquivo de computador e não de uma película.

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Figura 12 - Projetor moderno á esquerda Projetor antigo á direita

! Fonte: (LUCA, 2012, p. 106)

c) Reprodutores de Som: Dispositivo capas de projetar o som por meio das caixas de som, geralmente em cinema utiliza-se os processadores de som, que "consiste em um conjunto de peças compactadas em uma única peça destinada ao uso especifico em cinema” (LUCA, 2012).

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Figura 13 - Esquema de um processador de som Dolby CP-65

! Fonte: (LUCA, 2012, p. 130)

d) Poltronas: Destinada para o assento dos espectadores as poltronas, segundo Gonzaga desde os primórdios da atividade de exibição cinematográfica as poltronas são mostradas como um forte atrativo das salas de cinema. "Nos

6Multiplex

tornaram-se um dos principais

atrativos, aliando a questão do conforto à estética ambiental. As poltronas atuais são revestidas em tecidos ou couro, possuem a estrutura em metal, com peças em plástico e mesmo em madeira compensada ou aglomerada (MDF). A espuma enjeitada dá o formato do assento e do encosto. A torração é colocada em formato de capa que “veste" o estofamento. A instalação exige especialistas que aplicam uma marcação no piso e projeções através de sobreposições de linhas estendidas ao longo da plateia, que indicarão o alinhamento das poltronas. Os ajustes são bastante reduzidos, sendo geralmente efetivados pelas posições pré-ajustadas, como por exemplo, a inclinação do encosto apenas em três posições estabelecidas por parafusos e perfurações (LUCA, 2012, p. 30).

6 São cadeias de cinema formadas por diversas salas contíguas num mesmo local onde é possível se

consumir refrigerante e pipoca.

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Os principais componentes opcionais da poltrona são:

• Porta copos nos braços das poltronas ou nos costados traseiros; • Encostos de cabeça • Braço móvel que pode ser levantado, transformando duas poltronas em um pequeno sofá;

• Movimento de balanço do assento e recuo do costado; • Rebativeis através de molas ou por gravidade; • Bandejas retrateis utilizáveis com prancha de escrever ou local para refeição.

Figura 14 - Exemplo de poltrona de cinema

! Fonte: (LUCA, 2012, p. 32)

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3.3.2 Parâmetros para projetos de salas de cinema Como parâmetros, presentes na recomendação técnica da ABC, para projeto de salas de cinema, devemos observar: a) Qualidade de Imagem: A qualidade de imagem, que embora dependa quase que exclusivamente dos equipamentos e tecnologia empregada, é de extrema importância quando se fala em cinema e em termos arquitetônicos e geram grande influencia na disposição do ambiente. Ergonomia e organização do espaço, assim como iluminação, são parâmetros que por si só já incluem as questões ambientais a cerca da qualidade de imagem como altura da tela, luminosidade, disposição dos assentos, e alem disso a norma deixa claro o tipo de projeção à que se aplica preferencialmente, porem, há detalhes a cerca da posição do projetor e distancia do mesmo em relação a tela que devem ser levados em consideração para que não ocorram distorções na imagem, essas características vem detalhadas no manual dos equipamentos, e devem ser respeitadas, ou seja, as características técnicas e especificas para o bom funcionamento de cada equipamento e suas variantes não constituem o foco desse estudo bem como da norma técnica existente, porem deve ficar a cargo do fabricante fornecer os dados necessários para que o projetista possa escolher o que melhor se adeque a sua proposta. Fica a cargo do projetista indicar o equipamento que melhor se adegue ao objetivo do projeto e espaço disponível. b) Ergonomia e organização do espaço: A organização do espaço é necessária para que a experiência do espectador não seja afetada por questões do ambiente, o posicionamento em relação a tela é fundamental para se garantir uma experiência de qualidade. c) Conforto acústico: Visando a qualidade sonora do ambiente, impedindo que ruídos externos atrapalhem a experiência e que a 51


qualidade de audio no ambiente possua as características necessárias para não prejudicar o espectador. d) Conforto lumínico: A luminosidade é item fundamental na percepção da imagem de cinema, garantir um ambiente escuro na hora da exibição é fundamental para imersão do espectador, porem a luminosidade básica não pode ser totalmente excluída, como avisos luminosos e indicadores de segurança, por isso devem ser regulados para não interferir a exibição. e) Conforto térmico: Por se tratar de um ambiente fechado, o conforto térmico deve ser garantido artificialmente, afim de que o espectador não tenha problemas com excesso de calor, e mesmo os aparelhos devem ser bem dimensionados para não gerarem excesso de frio no ambiente. f) Acessibilidade: Característica indispensável, pois a sociedade deve funcionar de forma a não gerar segregação, entretenimento é um direito de todos em uma sociedade digna, e com cinema não é diferente. O objetivo deste trabalho é apenas abordar de forma superficial as características demonstradas nas normas técnicas, que direciona sua recomendação a aspectos da fisiologia humana que, obviamente, são as mesmas para qualquer tipo de projeção. Não constitui foco desse estudo indicação de equipamentos específicos. A escolha do tipo de equipamento deve ficar a cargo do projetista, pois como já mencionado a escolha depende do objetivo que se pretende alcançar, alem de demandar estudo especifico para ser aplicada adequadamente. O trabalho proposto tem como objetivo final a elaboração de um cinema móvel, e tal projeto tem como uma de suas características básicas a economia de espaço, muito embora esse estudo apresente sistemas robustos de reprodução analógica, o leitor deve entender que estas menções existem apenas para propósito de entendimento, 52


uma vez que a proposta final deve englobar os sistemas mais econômicos e de fácil manutenção, alem disso, muitas características para projetos de salas de cinema presentes na norma são voltados para grandes salas, características essas que devem ser adaptadas a situação do projeto proposto que dispõe de um espaço muito menor. Para que se adeguem a proposta definida, sistemas digitais, como será demonstrado a seguir, tendem a possuir as características desejadas, uma vez que são bem menores alem de possuir sistemas para correção de distorções na imagem no próprio equipamento.

3.4 QUALIDADE DE IMAGEM A qualidade de imagem de cinema pode ser obtida através de um conjunto de fatores como a resolução, contraste, nitidez, cor, de forma que seja exibida o mais próximo possível do que foi desejado e elaborado pelo produtor do filme. A imagem não depende apenas da qualidade do projetor e da tela mas também da qualidade do equipamento de gravação do filme no processo de produção, sendo que, o ideal é que esses fatores sejam equivalentes, caso contrario haverá conversão, e quanto maior a conversão, maior a perda de qualidade, um exemplo de conversão de formatos é o “7upscaling" que amplia a imagem para se adequar a tela da sala de cinema, isso ocorre por conta da grande variedade de métodos de gravação e exibição, de forma que os cinemas mais equipados tendem a se adequar para exibir os formatos mais populares no momento. Entender os aspectos a cerca da qualidade de imagem são importantes para desenvolvimento do projeto de uma sala de cinema, para que o projetista possa adequar a sala de cinema ao tipo de filme que se pretende exibir, pois os filmes disponíveis são gerados em diferentes formatos e a sala deve estar preparada para esses diferentes formatos ou mesmo, garantir que quando houver conversões, essas se deem da melhor forma, com o mínimo de perda de qualidade possível. Para começar a abordar qualidade de imagem é importante conhecer alguns dos aspectos que à definem, esses aspectos são bastante variáveis, porem, como

7 Técnica de conversão de imagem que converte uma resolução mais baixa em uma mais alta.

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mencionado, as salas melhor equipadas estão preparadas para se adequar aos principais padrões do mercado. Segundo a recomendação técnica da ABC (2009, p. 1). as características de projeção ao qual ela se aplica seria: preferencialmente a projeções utilizando processos foto-químicos 835mm ou digital na resolução de 92k ou superior. A própria recomendação técnica avisa que tendo em vista a evolução tecnológica a tendência é que técnicas digitais venham a substituir técnicas de menor qualidade, ou seja, a recomendação não aborda a totalidade e complexidade dos mais variados tipos de salas existentes hoje, salas mais modernas como de IMAX possuem uma disposição completamente diferente da disposição abordada na recomendação técnica, portanto, na hora de projetar, alguns dos aspectos e cálculos presentes na norma devem ser reavaliados sob a ótica daquilo que se pretende. Alem dos aspectos inerentes aos equipamentos há também os aspectos físicos das salas que podem interferir na qualidade de imagem, no entanto esses aspectos serão tratados mais a frente quando for abordado ergonomia e organização do espaço.

3.4.1 Tipos de imagem Alguns conceitos básicos devem ser compreendidos antes mesmo de se começar o projeto pois são dados necessários para escolha dos equipamentos pelo projetista: Resolução de imagem: Descreve o nível de detalhe que uma imagem comporta. O termo se aplica igualmente a imagens digitais, imagens em filme e outros tipos de imagem. Resoluções mais altas significam mais detalhes na imagem e portanto, melhor qualidade. A resolução leva em conta o tamanho da imagem (altura e largura) e é expressa pela quantidade de informação contida. No sistema digital são medidas quantidade de pixels por imagem ao passo que no sistema analógico são medidas a quantidade de linhas.

8 Foi a bitola criada por George Eastman em 1889, a princípio para fotografia fixa, mas em seguida

utilizada também nas primeiras experiências de cinema, foi o formato mais utilizado, comiserado padrão, antes do digital, e ainda permanece em uso em muitas salas pelo mundo. 9 Resolução de imagem digital em High Definition

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Tabela 1 - Diferenças entre imagens analógicas e digitais

Imagem Analógica

No sistema analógico as imagens são registradas em película sendo a mais comum, e adotada como padrão do mercado na era do analógico, o 35mm, e segundo Villafranca "os primeiros filmes rodados pelos irmãos Lumiére, em 1895, foram já realizados em 35 mm, apesar de as características de perfuração da bitola conhecidas só terem sido definitivamente padronizadas em 1899” (VILLAFRANCA, 2013 p. 150).

Imagem digital

As imagens são captadas e registradas através de equipamentos digitais que registram em sua memória interna ou discos os dados formados por pixels. O formado digital pode ser produzidos em diversos formatos para distribuição, porem o cinema digital adotou como padrão o Digital Cinema Package (DCP), que se trata de um formato de encapsulamento digital para distribuição que obedece as normas de qualidade que atendem aos critérios da Digital Cinema Initiative (DCI) consórcio formado pelos principais estúdios americanos no final da década de 1990. (MOREIRA, 2012, Acessado em 17 abr. 2014).

Fonte: Autor, com informações obtidas atreva de VILLAFRANCA e MOREIRA.

Outra necessidade importante é compreender os diferentes formatos de armazenamento e distribuição existentes em cada sistema, alem de influenciar na escolha do equipamento, logicamente influencia na ergonomia do espaço, pois é necessário, dependendo do caso, uma sala extra para armazenar os filmes.

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3.4.2 Formatos de sistema analógico Os sistemas analógicos são armazenados em películas de 8mm, 16mm, 35mm e 70mm, sendo a mais comum e difundida, como já mencionado, a bitola de 35mm. A nomenclatura da película se dá devido a largura expressa em milímetros, onde é preciso ficar claro que a qualidade da imagem aumenta com o aumento da largura da bitola. O projetor escolhido deve ser adequado a bitola utilizada. A bitola de 70mm foi introduzida nos anos 50, e segundo Osvaldo Emery, possuía qualidade superior de imagem e som, e foi a bitola de preferência para grandes produções, porem caiu em desuso devido ao custo. “(…) os filmes em 70mm também apresentavam vantagens em termos de som, já que nelas a trilha dos filmes era gravada magneticamente, possibilitando uma melhor qualidade sonora e a utilização de som estereofônico. No entanto, devido aos seus custos significativamente superiores à bitola 35mm, tanto na produção quanto na exibição dos filmes, ela acabou entrando em desuso, sendo poucas as salas que ainda a utilizam comercialmente” (EMERY, Acessado em: 17. abr. 2014).

Figura15 - Proporção entre os quatro formatos

! Fonte: EMERY, Acessado em: 17. abr. 2014

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3.4.3 Sistema Digital O cinema digital tem sido uma transição recorrente no âmbito do cinema, o padrão analógico tem sido substituído gradativamente tanto na captação do filme quanto na projeção, a principio a captação era analógica por meio de películas, porem, com o advento das câmeras digitais a gravação pode ser feita inteiramente no sistema digital, sem a necessidade de conversões da película para o digital, no entanto, "a discussão entre a industria e os demais ramos do cinema, que antes pairava na digitalização da captação agora tem foco na digitalização da exibição” (NORONHA, 2012). "Países como a Holanda e a Noruega estão com suas salas de cinema 100% digitalizadas. Outros, como Estados Unidos, França e Japão alcançaram a média de 80% de telas digitais” (NORONHA, 2012, Acessado em 17 abr. 2014). Os formatos de resolução padrões para exibição em alta definição, que definem a qualidade da imagem, são o HD (High Definition), Full HD, 2K e 4K alem do moderno 8K em fase inicial. Para entender a diferença entre as resoluções basta entender que o formato é definido pela quantidade de pixels (horizontal x vertical) como pode ser observado na Figura 16. O formato digital, como mencionado anteriormente, é distribuído através do DCP, formato que está se tornando o padrão de distribuição e exibição do cinema digital no mundo, tanto nos festivais de cinema quanto nos circuitos comerciais. O DCP é a cópia de exibição que é distribuída para os exibidores (NORONHA, 2012, Acessado em 17 abr. 2014).

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Figura 16 - Diferença entre as resoluções digitais, do SD ( comum nos sistemas de DVD, até o moderno 8K).

! Fonte: MEDIACOLLEGE, Acessado em: 17 abr. 2014

3.4.4 IMAX Um formato muito usado nos dias de hoje é o IMAX, que segundo Gabriel Castro foi oficialmente lançado no Cinesphere em Toronto, no Canadá, em 1971, trata-se de um sistema originalmente analógico que utiliza uma película de 70mm, mas que ao invés de rodar na vertical ela roda na horizontal, o que aumenta e muito o tamanho do fotograma (CASTRO, 2014). A tela IMAX (Figura 17) tem como padrão 22 metros de largura por 16 metros de altura, porem pode ser ainda maior (CASTRO, 2014).

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Figura 17 - Diferença de tamanho da tela IMAX em relação a tela convencional

! FONTE: (CASTRO, 2014)

Embora originalmente analógico, também existe o IMAX Digital onde basicamente o que passa a ser digital é o projetor (Figura 18), portanto há uma conversão, os filmes IMAX digital possuem uma resolução de 2K, e isso gera uma perda de qualidade em relação ao sistema original em película de 70mm. No entanto há quem defenda que se projeção fosse feita numa resolução de 4K as perdas seriam menores. A limitação de 2K por projetor pode representar uma limitação potencialmente importante, se considerarmos que o filme 70 mm IMAX tem resolução estimada de 6120 por 4500 pixels efetivos. Teoricamente, a conversão deste formato de fotografia para a mídia digital deverá acarretar perdas em quantidade suficiente, para dar amparo ao ponto de vista dos cineastas que elegeram o formato 15/70 mm como o ideal para filmagem e apresentação (ELIAS, 2011, Acessado em 17 abr. 2014).

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Figura 18 - Projetores digitais IMAX em linha: resolução de 2K e imagem 1.9:1 nativa.

! Fonte: ELIAS, 2011, Acessado em 17 abr. 2014

3.4.5 Cinema 3D A imagem 3D pode ser reproduzida tanto em formatos digitais quanto em formatos analógicos, tudo depende da forma como o filme é gerado, e se o projetor possui capacidade para projetar em 3D. "Existem inúmeros sistemas criados para ver filmes em três dimensões, mas apenas dois se tornaram relevantes: o anáglifo e o polarizado“ (PIOLA, Acessado em: 17 abr. 2014). Os dois processos são bem similares e usam óculos (Figuras 19 e 20) para fazer a junção das imagens, "a diferença é que o sistema anáglifo usa cores para filtrar imagens de cada olho, já o polarizado usa a polarização para conseguir o efeito”(PIOLA, Acessado em: 17 abr. 2014).

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Figura 19 - Óculos do sistema anáglifo

! Fonte: PIOLA, Acessado em: 17 abr. 2014

Figura 20 - Óculos do sistema polarizado

! Fonte: PIOLA, Acessado em: 17 abr. 2014

Uma característica importante do cinema 3d é que se trata de uma tecnologia que não influencia no ambiente da sala, apenas nos equipamentos, ou seja, qualquer sala projetada para um cinema comum pode ser adaptada para um 3D, a única diferença é o projetor que deve ser especifico para o formato.

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3.5 ERGONOMIA DO ESPAÇO Ao se abordar o espaço da sala de cinema é preciso entender que a disposição dos itens que compõe a sala influenciam diretamente na qualidade de imagem, dos itens citados anteriormente que compõe a sala de cinema podasse considerar a tela como sendo o principal pois é ela que direcional a disposição de todos os outros itens. Segundo SESC (2008, p. 7). "existem detalhes de arquitetura e de acabamento interno da sala que são fundamentais para garantir que as exibições ocorram dentro dos padrões técnicos de qualidade", Esses detalhes podem ser observados tanto no quesito de ergonomia quanto de qualidade de som e imagem, segurança, conforto térmico e acessibilidade. Os detalhes a cerca da organização do espaço e que influenciam na qualidade de imagem serão abordados a seguir baseados majoritariamente na recomendação técnica da ABC (2009).

3.5.1 Obstáculos O projetista deve-se assegurar primeiramente que não haja nenhum tipo de obstáculo entre o projetor e a tela. "Esta precaução é importante na hora do projeto de uma nova sala, como também na hora de se avaliar um local que possa ser adaptado como cinema, visando garantir que não haja vigas e colunas que possam obstruir o feixe de projeção”(SESC, 2008, p. 8).

3.5.2 Implantação da cabine de projeção Os itens que podem causar distorções na imagem, relativos a posição do projetor, segundo a recomendação técnica da ABC (2009), são a distorção trapezoidal e a altura da borda inferior do feixe de projeção. A distorção trapezoidal é definida pela recomendação técnica da ABC (2009, p. 2), como sendo “a deformação em forma de trapézio da imagem projetada na tela, 62


resultante da inclinação do eixo do feixe de projeção em relação à normal ao plano da tela”. Basicamente a distorção trapezoidal é a deformação ocorrida caso o projetor não esteja alinhado adequadamente. A Figura 21 demonstra tipos de variações que podem ocorrer no alinhamento do projetor, e os ângulos formados pelo distanciamento dos eixos centrais. As imagens do filme devem ser projetadas na tela sem deformações, para que se possa assistir ao filme como foi criado para ser exibido, ”para tanto, o projetor deve ser posicionado de forma que o eixo do feixe de projeção fique exatamente alinhado com o eixo geométrico da tela de projeção” (SESC, 2008, p.8).

Figura 21 - Tipos de variações na posição dos eixos do projetor

! Fonte: (ABC, 2009, p. 7)

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A distorção trapezoidal segundo a ABC (2009, p. 2) "pode ocorrer devido a uma inclinação excessiva em relação ao plano horizontal, ao plano vertical ou em ambos os planos simultaneamente”. A Figura 22 demonstra o diferentes tipos de distorção trapezoidal: a) 1b corresponde a distorção horizontal; b) 1c distorção vertical; c) 1d ambas.

Figura 22 - Tipos de distorção trapezoidal

! Fonte: EMERY, 2010, Acessado em: 17 abr. 2014

Variações no eixo do projetor podem ser compensadas eletronicamente pelos projetores até certo ponto, que depende do projetor escolhido e suas especificações. Porem, questões de distancia e alinhamento em certo nível são determinadas pelo projetista, segundo especificações contidas no manual do produto, em relação ao alinhamento, projetores modernos, são pequenos e leves se comparando aos antigos projetores de película, podendo inclusive ser fixados no teto como demonstra a Figura 23.

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Figura 23 - Posição do projetor em relação a tela.

! Fonte: HP, Acessado em: 17 abr. 2014

Segundo o suporte técnico da HP, (Acessado em: 17 abr. 2014), "o tipo de instalação será definido em função do layout da sala ou de critérios pessoais”. Alguns modelos de projetores podem ser colocados em posição invertida para evitar distorções maiores, em caso de instalados no teto, nesse caso o próprio aparelho inverte a imagem para que ela não fique invertida. Outro aspecto importante a cerca dos projetores é a distancia da tela ao projetor, tal distancia vem especificada no manual do mesmo, informando a distancia necessária para o tamanho da imagem desejado. 65


A Tabela 2 demonstra um exemplo do fabricante HP que dispõe no manual as distancias de projeção, nesse caso para os projetores digitais modelos vp6310 e vp6320 de sua linha.

Tabela 2 - Distancia relativa ao tamanho da imagem

! Fonte: HP, Acessado em: 17 abr. 2014

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3.5.3 Curvatura da tela Outra característica que pode deformar a imagem projetada é o excesso de curvatura da tela. As telas de projeção podem ser planas ou curvas, a preferencia segundo SESC (2008, p. 9),

é a tela plana, porem, caso haja uma tela curva,

segundo a ABC (2009, p. 3), o seu raio de curvatura (R) deve ser superior a duas vezes a distância (D) entre a tela e a face anterior do encosto da poltrona mais afastada da tela, onde: (1)

R>2D

3.5.4 Posição do espectador A posição do espectador influencia diretamente na qualidade de imagem percebida. Mesmo que a imagem seja projetada com os melhores equipamentos e com o posicionamento correto, como especificado acima, "a imagem do filme só será percebida pelo espectador da maneira como deve se a posição do espectador em relação à tela também estiver de acordo com a norma, garantindo a visibilidade adequada” (SESC, 2008, p. 9). A distancia mínima da tela em relação a ultima poltrona também deve ser levada em consideração pois a medida que se afasta também há perda de percepção do que está sendo exibido em tela. A distancia máxima (Dmax) entre a tela de projeção e face anterior do encosto da poltrona mais afastada da tela deve ser igual ou, preferencialmente, inferior ao dobro da largura (L) da tela de projeção, sendo aceitável que a distância máxima (Dmax) seja igual ou, preferencialmente, inferior a 2,9 vezes a largura (L) da tela (Figura 24) (ABC, 2009, p. 5).

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Onde a formula correspondente é: (2)

Dmax ≤ L x 2,0 (recomendado)

(3)

Dmax ≤ L x 2,9 (aceitável)

A implantação das poltronas, deve, no plano horizontal, possuir a distância mínima (Dmin) entre a tela de projeção e a poltrona mais próxima a ela deve ser igual ou, preferencialmente, superior a 60% da largura (L) da tela no formato 1:2,35 (Figura 27) (ABC, 2009, p. 4). (4)

Dmin ≥Lx0,6

Isso se dá devido a questões de conforto ergonômico e visual, pois caso a pessoa se aproxime mais da tela do que o máximo permitido, a posição do espectador passa a ser desconfortável, e visualizar a parte superior da tela passa a ser uma atreva cada vez mais divicil a medida que se aproxima.

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Figura 24 - Área de implantação das poltronas

! Fonte: (ABC, 2009, p. 3)

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3.5.5 Ângulos de observação Os ângulos em relação ao observador e a tela devem estar de acordo com as normas. As imagens dos filmes são bidimensionais e, a exemplo de todas as imagens bidimensionais (uma pintura, uma fotografia, um página de livro etc.), é importante que o ângulo com o qual elas sejam observadas pelos espectadores não seja excessivo, de modo a garantir que sejam percebidas sem deformações, SESC (2008, p. 10).

Como pode ser observado na Figura 25, os ângulos máximos de visão da tela, partindo do espectador sentado na poltrona mais próxima, devem ser iguais ou, preferencialmente, inferiores a: a) 30° em relação a um plano horizontal (α) que passe pelo centro da altura da tela; b) 40° em relação a um plano horizontal (β) que passe pela borda superior da tela.

Figura 25 - Ângulos de visão à tela

! Fonte: (ABC, 2009, p. 4)

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Levando em conta os ângulos necessários e o conforto visual em consideração, para que esses ângulos se apliquem da melhor forma possível a todas as localidades e visibilidade seja garantida, a posição das poltronas tende a aumentar no sentido do eixo pé direito o que acaba por gerar uma escalonamento na disposição das poltronas, no sentido da poltrona mais próxima a tela, aumentando em direção a poltrona mais afastada. Segundo o SESC (2008, p. 10), o escalonamento é determinado pela altura dos olhos do espectador ‘padrão’, definida por dados estatísticos, pelo posicionamento da tela de projeção, pela implantação das fileiras de poltronas no interior do auditório e pelo desnível entre elas. As poltronas, segundo as normas técnicas devem estar dispostas de forma que o escalonamento visual seja igual ou, preferencialmente, superior a 0,15m (correspondente à distância entre o topo da cabeça e o nível dos olhos), considerando-se uma altura de 1,20m entre o nível dos olhos e o poso (Figura 26).

Figura 26 - Escalonamento visual

! Fonte: (ABC, 2009, p. 4)

"O espaçamento entre as poltronas, medido da face anterior de um determinado encosto até a face anterior do encosto imediatamente à frente (ou atrás) deve ser igual ou, preferencialmente, superior a 1,00m (Figura 27)” (ABC, 2008, p. 6). 71


Figura 27 - Implantação das poltronas

! Fonte: (ABC, 2009, p. 6)

3.5.6 Dimensões da tela de projeção Possuindo dimensões variadas, a tela deve ter um tamanho que seja compatível com o ambiente disponível, não podendo ser maior ou menor de forma a não prejudicar o observador. Se o espectador observar a tela de muito longe, as imagens parecerão pequenas, não serão percebidos os detalhes, dificultando o envolvimento do espectador com elas. Se, por outro lado, a tela for observada muito de perto, o espectador perceberá os grãos ou os pixels da imagem projetada na tela, além de estar sujeito a maior cansaço visual por conta do esforço de observar imagens muito de perto (SESC 2008, p. 11).

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Levando em conta essa relação entre a tela e o espectador, segundo as regras estabelecidas no manual de recomendação técnica da ABC (2009, p. 3): "A largura (L) da tela de projeção deve ser igual ou, preferencialmente, superior à metade da distância (D) entre a tela e face anterior do encosto da poltrona instalada na última fileira. Alternativamente, é aceitável que a largura (L) seja igual ou, preferencialmente, superior à distância (D) dividida por 2,9. (Figura 24)”.

Sendo então que podemos considerar a formula: (5)

L ≥ D ÷ 2,0 (recomendável)

(6)

L ≥ D ÷ 2,9 (aceitável)

3.5.7 Tipos de layout do espaço da sala de cinema O espaço da sala de cinema pode ser organizado de diferentes formas e organizações de layout, dependendo do uso e do tipo de equipamento utilizado, a mais comum dessas formas demonstrada na Figura 28, é a do cinemascope e formatos 10anamórficos diversos, incluindo o digital anamórfico, que usam tela plana.

10 Técnica na qual as imagens são comprimidas verticalmente durante a filmagem, com o uso de

lentes anamórficas, e depois são descomprimidas na mesma proporção, durante a projeção, sobre uma tela larga.

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Figura 28 - Planta Baixa, Layout de cinema genérico

! Fonte: (SESC, 2008, p. 20).

Figura 29 - Cortes e elevações

! Fonte: (SESC, 2008, p. 20).

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Figura 30 - Exemplo de Sala de cinema.

! Fonte: RTP, Acesso em: abr. 2014

O cinema passou por muitos formatos ao longo de sua historia, alguns deles foram apresentados no capitulo 1 , esses formatos como outros que vieram a seguir foram surgindo a medida que novas tecnologias foram sendo desenvolvidas. Os formatos mais comuns (ao longo da história do cinema) alem do formato padrão do cinema com tela anamórfica e película de 35mm, que foram ou são utilizados por salas de cinema são: a) Cinerama: Um formato que segundo Carlos Klachquin (2010) utilizava uma tela profundamente curva (146º) e funcionava com três projetores sincrónicos (Figuras 31 e 32). O cinerama usava película de 70mm que segundo Carlos Klachquin (2010) surgiu numa busca de melhorar a qualidade existente até então, tanto de video como de áudio. A tela do cinerama era extremamente larga e o fato de possuir três projetores fazia com que a sala tivesse uma conformação única como pode ser observada nas Figuras 31, 32 e 33, segundo Paulo Roberto Elias 75


(2009) "o cinerama surgiu para combater a influencia da televisão nas pessoas e traze-las de volta aos cinemas”. Segundo Carlos Klachquin (2010), a empresa que produzia o cinerama fechou em 1965, pois o sistema era caro e poucas produções se adaptavam ao formato. Obviamente era um formato adequado ao documentário e planos abertos, um grande espetáculo. Mas depois de 6 ou 7 filmes documentários (Isto é Cinerama, Aventuras nos Mares do Sul, As 7 Maravilhas do Mundo, Aventuras na Rússia, etc.) os produtores tentaram oferecer outros gêneros, mas não era fácil colocar um ator em primeiro plano com telas desse tamanho. “Assim, por volta de 1965 a empresa fechou. (KLACHQUIN, 2010, Acessado em 17 abr. 2014)

Figura 31 - Esquema de uma sala de cinerama

! Fonte: WIDESCREEN MUSEUM, Acessado em: 17 abr. 2014.

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Figura 32 - Perspectiva cinerama

! Fonte: LDSFILM, Acessado e: abr. 2014

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Figura 33 - Tela do cinerama

! Fonte: K3DAV, Acessado em: abr. 2014

b) IMAX: Como mencionado anteriormente possui uma tela muito maior que a do cinema normal, portanto é lógico concluir que isso interfere no layout da sala que exibe esse tipo de formato, possuindo uma conformação onde o angulo das poltronas escalonadas em relação ao solo tende a ser maior em comparação ao cinema comum (Figura 34), devido a altura da tela.

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Figura 34 - Planta baixa e corte de uma sala IMAX.

! Fonte: WSDG, Acessado em: Acessado em: abr. 2014

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Figura 35 - Sala de cinema IMAX

! Fonte: FETICHE DE CINÉFILO, Acessado em: Acessado em: abr. 2014

3.6 CONFORTO ACÚSTICO No que tange a qualidade de som de cinema, para se atingir um nível satisfatório de qualidade, o projetista deve observar dois seguimentos, a qualidade ambiental e a qualidade dos equipamentos de reprodução de audio, sendo que assim como anteriormente foi explicado para a questão de qualidade de imagem, os equipamentos de som possuem características próprias e regras para o bom funcionamento, características que devem ser de conhecimento do projetista na hora de elaborar sua proposta. As diversidades de equipamentos existentes, porem, serão abordada de forma superficial, mas suficiente para demonstrar as possibilidades existentes nos dias de hoje, essa diversidade inclui características de método de reprodução de audio como equipamentos estéreo ou mesmo os 80


equipamentos multi canal existentes, alem de uma diferenciação entre equipamentos analógicos e digitais.

3.6.1 A evolução do som de cinema Ainda nos anos 70, a película de 35mm com som mono e óptico ainda reinava absoluta, e somente com os estudos da Dolby Laboratories voltados para redução de ruídos inicialmente, foi possível introduzir o multicanal no popular formato 35mm, muito embora, o multi canal já existisse no formato de 70mm, embora muito mais robusto nesse formato, possuía inicialmente 5 canais de som por trás da tela alem dos laterais.

Figura 36 - Sistema multicanal do 70mm.

! Fonte: K3DAV, Acessado em: abr. 2014

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O sistema original do Dolby Stereo é o Dolby “A” (Figura 37), posteriormente surge o Dolby SR (Figura 38) com uma melhor capacidade de redução de ruído e só em 1992 surge o Dolby SR Digital (Figura 39) e em 1995 a maioria dos grandes estúdios de Hollywood adotam Dolby Digital como um padrão.

Figura 37 - Dolby “A" Rack.

! Fonte: GREATBEAR, Acessado em: 17 abr. 2014.

Figura 38 - Dolby SR.

! Fonte: REEL2REELTEXAS, Acessado em: 17 abr. 2014

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Figura 39 - Dolby SR Digital, Processador CP-650

! Fonte: DOLBY, Acessado em: 17 abr. 2014

Algumas das vantagens apontadas por Carlos Klachquin (2010), desse sistema digital são: a) A relação sinal/ruído é entre 90 e 96dB, que significa uma grande faixa dinâmica; b) A potência máxima disponível é 10dB (dez vezes) maior em cada canal em relação ao Dolby SR; c) O canal surround se divide em esquerdo e direito (Em Dolby Digital Surround EX se divide em três canais); d) Como em 70 mm, existe um canal exclusivo para as baixas freqüências chamado LFE, com ainda 10 dB a mais de reserva de potência, este canal é o "ponto um” quando falamos do formato 5.1. O sistema digital, multi-canal 5.1, utiliza 5 canais de audio e um adicional para baixas frequências, segundo a Dolby Laboratories, os três canais frontais (esquerda, centro e direita) fornecem um som nítido, para um diálogo limpo e colocação precisa dos sons na tela, enquanto os dois canais surround (Esquerda e Direita Surround) existem para imergir o público na ação (Figura 40). O numero de caixas de som para surround pode aumentar para cada canal dependendo do tamanho do ambiente, um mesmo canal pode possuir mais de uma caixa como pode ser visto na Figura 41. 83


Figura 40 - Sistema básico 5.1, com 5 caixas e 1 sub woofer

! Fonte: GARBUTT, 2010, Acessado em: 17 abr. 2014.

Figura 41 - Sistema 5.1 com 6 caixas para Surround na direita e na esquerda.

! Fonte: DOLBY, Acessado em: 17 abr. 2014

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Existem diversas siglas que denotam sistemas de som digital da Dolby, muitos deles são voltados para reproduções caseiras como mídias e aparelhos específicos, por exemplo, o Dolby Digital Live para Games, o Dolby Digital Plus que é uma evolução do Dolby Digital AC3, o Dolby TrueHD voltado para discos Blu-Ray. Porem em cinema a evolução tecnológica logo apôs o Dolby SR Digital de 5.1 canais foram: a) Dolby Digital Surround EX (Figura 42): Segundo Luiz Gonzaga em 1998 a Dolby lançou a tecnologia EX, “uma placa acessória que simulava a existência de mais dois canais traseiros”

dessa forma o

sistema passava a possuir saídas de 6.1 ou 7.1 canais;

Figura 42 - Sistema Dolby Digital Surround EX.

! Fonte: DOLBY, Acessado em: 17 abr. 2014

b) Dolby Surround 7.1(Figura 43): Segundo a Dolby essa tecnologia introduzia de fato mais dois canais e não apenas uma simulação:

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Figura 43 - Sistema Dolby Surround 7.1

! Fonte: Manual do sistema Dolby Surround 7.1

Como é possível perceber pela Figura 44, em uma comparação entre os sistemas de 5,1 com o Dolby Surround 7.1, as caixas traseiras não são uma mera extensão e nem se tratam de simulação, cada lado das caixas traseiras possui um canal próprio.

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Figura 44 - Comparação entre os sistemas de 5,1 com o Dolby Surround 7.1, onde cada cor corresponde a um canal alem dos 3 frontais.

! Fonte: DOLBY, Acessado em: 17 abr. 2014

Além dos sistemas da Dolby há também o DTS e o SDDS, que segundo Luiz Gonzaga

Assis de Luca (2012, p. 139), surgiram como concorrência para os

sistemas da empresa Doby, sendo que a hegemonia absoluta que a empresa inglesa vinha tendo nas trilhas estereofônicas óticas não seria repetida nas novas técnicas digitais. "A Digital Theater System (DTS) surgiu com um sistema que sincronizava um CD-ROM tocado à parte, lançado com Jurassic Park (1993)” (LUCA, 2012, p. 139). O Sony Digital System (SDDS) lançado com o filme Godzilla (1998), foi criado pela empresa Sony para fazer frente aos sistemas existentes (LUCA, 2012, p. 139). A existência de três diferentes sistemas de som digital, totalmente incompatíveis, exigiu que os produtores processassem um filme para atender os três processadores na mesma cópia. Hoje, o Dolby SR Digital e as pistas analógicas são os únicos copiados na maioria dos filmes (LUCA, 2012, p. 140).

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3.6.2 Certificado THX Ao ver o símbolo do THX nos anúncios de filmes muitas pessoas podem se confundir acreditando que se trata de um outro sistema de som como comenta Fernanda Alyssa, porem o THX na verdade é um certificado emitido que é emitido a salas de cinema, ele apresenta um conjunto de diretrizes que devem ser seguidas pela sala para adquirir tal certificado. O THX, nomeado por “THX 1138″ (primeiro filme de longa-metragem de George Lucas), foi desenvolvido na Lucasfilm (em inglês), no começo dos anos 80. George Lucas queria uma forma de garantir que um filme tivesse a mesma aparência e som, não importando onde fosse exibido. Tomlinson Holman, primeiro diretor corporativo técnico da Lucasfilm, e uma equipe de engenheiros do THX aceitaram o desafio de desenvolver um conjunto de padrões de referência. Eles observaram vários defeitos nos cinemas que poderiam afetar negativamente o aproveitamento do filme pelo público (ALYSSA, Acessado em: 17 abr. 2014).

Esses problemas listados por Tomlinson Holman consistiam em: a) Barulho externo (do corredor ou de outras salas de cinema); b) Barulho interno (do projetor ou do ar condicionado); c) Distorção de áudio; d) Ângulos de visão obstruídos ou desconfortáveis; e) Eco na sala de cinema; f) Imagens sem brilho suficiente; g) Áudio ruim ou sem equalização. "A essência do THX é um conjunto de diretrizes que resolvem estes problemas. Para exibir o logo do THX, um cinema precisa adotar este conjunto de padrões e ser certificado pela divisão THX da Lucasfilm” (ALYSSA, Acessado em: 17 abr. 2014). O primeiro filme a ser exibido em uma sala de cinema certificada pelo THX foi O retorno de Jedi, em 1983. Segundo Fernanda Alyssa "atualmente existem mais de 2 mil salas de cinema em mais de 30 países já certificadas". Para uma sala obter o certificado é necessário:

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a) Autorização e avaliação; b) Certificação; c) Projeto; d) Aprovação; e) Construção/Reforma.

3.6.4 Acústica da Sala O conforto acústico de um ambiente deve ser analisado seguindo suas caracterizas individuais, isso é valido para qualquer sala sendo cinema , teatro, musicais, sendo o objetivo principal a obtenção de boas condições para as atividades realizadas nessa sala. Segundo Carlos Augusto (2011, p. 20), "valores devem ser adotados para cada atividade, visando qualificar e diferenciar uma sala da outra e determinando se a sala tem ou não boa acústica”. A sala de cinema moderna destaca o som, buscando realismo e tridimensionalidade, valorizados pelos sistemas digitais e pela perfeita distribuição das caixas de som. Tão importante quanto a especificação dos equipamentos e suas instalações será a acústica do ambiente (LUCA, 2012, p. 140).

Segundo Augusto existem diversos estudos e pesquisas que investigam e apresentam parâmetros que qualificam esses ambientes como o certificado THX citado anteriormente. Como pode ser comprovado pela norma técnica os parâmetros levados em consideração para salas de cinema são, nível de ruídos de fundo, perda de transmissão sonora entre salas adjacentes e tempo de reverberação. Outros atributos podem ser utilizados para salas de cinema, como a clareza, a espacialidade e a intensidade sonora utilizados por Carlos Augusto de Melo Tamanini (2011) em seus estudos a cerca da "Reconstrução acústica das salas de cinema projetadas pelo arquiteto Rino Levi”.

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(…) A sensação de clareza está associada às reflexões sonoras do forro, ouvidas logo após a chegada do som direto, entre 50 e 80ms, que contribuem para a percepção do nível sonoro em geral. A clareza está diretamente associada à presença de forro e paredes inclinadas no interior da sala, construídos com materiais refletores. (…) A espacialidade decorre fundamentalmente das primeiras reflexões provenientes das paredes laterais, desde que cheguem ao ouvinte em até 80ms após a chegada do som direto. As reflexões sonoras atingem o ouvinte a partir de diversas direções da ”ala, ou seja, relaciona-se diretamente com a difusão da sala. A intensidade sonora deve ser suficiente em qualquer ponto da sala para se ter o entendimento e para não ocorrer mascaramento por outros sons (TAMANINI, 2011, p. 20).

Esses atributos definem a impressão acústica de um ambiente, qualificando-os. Para qualificar os atributos "temos os parâmetros objetivos definidos como índices numéricos mensuráveis, correlacionados com atributos subjetivos e suficientes para descrever as qualidades acústicas de ambientes reais ou virtuais” (PASSIERI, apud TAMANINI, 2011, p. 21). Segundo Gonzaga “visando atender as demandas de uma perfeita sonorização voltada à exibição cinematográfica, as condições acústicas das salas foram normalizadas” Essas normas da criadas pela ABNT, estão dispostas no documento da ABC que foi utilizado como referencia para esse trabalho.

3.7 ILUMINAÇÃO

A iluminação (Figura 45) é um requisito importante de uma sala de cinema, principalmente por se tratar de um ambiente que tende a ser escuro durante a exibição do filme, indicadores luminosos são indispensáveis para evitar acidentes e para servir de guia em caso de problemas, como incêndios. De acordo com a NBR 10898 ABNT "as casas de diversões públicas noturnas, tais como: boates, clubes noturnos, casas de shows, casas de espetáculos, discotecas, bem como os teatros e cinemas deverão ser contemplados com sistema de iluminação de emergência”.

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Figura 45 - Iluminação de uma sala de cinema.

! Fonte: GRANTEC, Acessado em: 17 abr. 2014

Porem, em salas de cinema deve-se ter o cuidado com a iluminação para que esta não interfira na exibição, uma vez que segundo SESC (2008) nada deve se sobrepor a tela, sob pena de diminuir o impacto visual das imagens e, por conseguinte, o impacto do filme. É necessário eliminar quaisquer fontes de informação visual que venham a distrair a atenção do espectador em relação ao que é mostrado na tela. Isso é obtido reduzindo-se o nível de luminosidade no interior do auditório e evitando-se fontes de luminosidade externas e internas que possam prejudicar a qualidade da projeção (SESC, 2008, p. 16).

Segundo a norma da ABNT, deve ser evitada ao máximo a interferência de luminosidade parasita na tela projeção, proveniente de outras fontes que não a fonte de luminosidade do projetor cinematográfico tais como: avisos luminosos, reflexões das superfícies internas etc. É recomendável que o nível de luminosidade parasita 91


refletida na tela de projeção seja inferior a 0,03cd/m2 (0,01ft-L). "As luzes que necessitam permanecer ligadas, como as de iluminação do piso, sinalização das saídas etc., devem ser instaladas de modo a não atrapalhar visualmente as informações da tela” (SESC, 2008, p. 16). Outro cuidado importante é em relação as cores do ambiente, segundo SESC (2008),

revestimentos, poltronas, cortinas etc. devem ser escuras e foscas para

evitar que reflitam para a platéia a luz das imagens projetadas na tela. Ou seja, deve-se evitar superfícies com brilho acentuado ou de qualquer espécie reflexiva. A cerca da segurança é obrigatório que os sistemas de segurança sejam efetivos, portanto, segundo o SESC (2008), deve ser previsto um sistema de iluminação de emergência, que deverá entrar em funcionamento automaticamente no caso de falta de energia. Este sistema deverá prover iluminação para o interior do auditório e da cabine de projeção, bem como para todo o percurso entre esses ambientes e o exterior do prédio. O mercado dispõe de sistemas de iluminação automatizados e de luminárias com design próprio para salas de cinema (SESC, 2008, p. 16).

3.7.1 Luzes indicativas de piso As luzes indicativas dos pisos são importantes para evitar acidentes e devem ser suficientes para não interferir na tela como já mencionado, porem, por mais que venham a incomodar algumas pessoas, pois são instaladas continuamente ao longo de uma faixa, pelo menos o mínimo deve ser garantido. As pequenas luzes instaladas em vigias nas laterais das poltronas iluminando os corredores e pisos dos cinemas são cada vez mais raras nos cinemas modernos, embora muitos especialistas afirmem que essa é a melhor forma de se iluminar e indicar os degraus das arquibancadas (LUCA, 2012, p. 42).

Segundo Luiz Gonzaga “os frizos luminosos adotados pelos cinemas modernos, ainda que incomodem significativamente parcela dos espectadores, são as melhores

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alternativas de trajeto e de iluminação dos degraus das platéias” (LUCA, 2012, p. 42).

3.8 CONFORTO TÉRMICO As condições de conforto térmico deverão obedecer aos parâmetros definidos pela norma técnica da ABNT, NBR 16401, “Instalações de ar-condicionado - Sistemas centrais e unitários”, partes 1, 2 e 3. É importante garantir condições de conforto térmico relativos à temperatura e à umidade do ar, como definido pela norma NBR6401.

3.8.1 Renovação e condicionamento do ar Uma das características inerentes de uma sala de cinema é a vedação afim de se evitar ruídos externos, sejam luminosos ou sonoros, portanto faz-se necessário o uso de ventilação artificial. Segundo Departamento a única forma de renovação de ar é através de sistemas mecânicos, associados aos sistemas de condicionamento de ar para controle da temperatura. O sistema de ar condicionado do auditório deve ser exclusivo para ele, para facilitar o isolamento de ruídos da sala e evitar que o som de um ambiente penetre através da rede de dutos de insuflamento e retorno. Além disso, um sistema de ar condicionado independente possibilita que ele seja ligado apenas quando do funcionamento da sala de exibição, dando mais flexibilidade à sua utilização e reduzindo os gastos com eletricidade (SESC, 2008, p. 17).

3.9 ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA O projeto da sala deverá atender aos parâmetros definidos pela norma da ABNT, NBR 9050, “Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos”.

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Segundo Luiz Gonzaga Assis de Luca (2012, p. 49), "deve-se ter especial atenção com os requisitos de acessibilidade dos espectadores com mobilidade reduzida, cadeirantes, obesos." o acesso dos espectadores citados deve ser pensado de forma a não prejudica-los e garantir que tenham o melhor acesso possível, por exemplo, se a entrada de um cadeirante se dá pela sua parte inferior o cadeirante fica restrito as primeiras fileiras, como comenta Luiz Gonzaga, é fato que esse acesso é pensado para ficar minimamente de acordo com as normas que estabelece que a distancia mínima seja 60% da tela, então o espaço reservado a cadeirantes geralmente ficam na segunda ou terceira fileira. O projetista deve estar atento principalmente a norma ABNT NBR 9050, que trata de acessibilidade, pois é uma norma bastante detalhada e com informações necessárias para o projeto como: a) aspectos de sinalização b) banheiros c) alarmes d) pisos e) patamares f) corrimãos g) guarda-copos h) elevadores i) corredores e rotas de fuga j) cozinhas k) Há um capitulo especial sobre Cinemas, teatros, auditórios e similares. Segundo Luiz Gonzaga Assis de Luca (2012, p. 50) os arquitetos responsáveis pelos desenhos dos cinemas devem estar atentos a esses itens. Alguns aspectos devem ser destacados. a) Devem existir assentos para atender PO (pessoa obesa), PMR (pessoa com mobilidade reduzida) e PCR (pessoa em cadeira de rodas);

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b) Os espaços reservados para esses espectadores devem ter local para acompanhantes. Assento para um acompanhante é obrigatório, sugerindo-se a existência de um segundo assento para outro acompanhante; c) O espaço para esses assentos deve estar em piso plano; d) A visão da tela estipulada pela altura dos olhos dos espectadores, não deve estar abaixo de 1,15m e o angulo formado entre uma linha estabelecida por essa altura e o limite superior da tela não deve ser superar 30°;

Figura 46 - Visão dos espectadores PCR, PMR e PO.

! Fonte: (LUCA, 2012, p. 51)

e) Os espaços para PCR devem ter as dimensões mínimas de 0,80m por 1,20m, carecidos de mais uma área de 0,30m para que as poltronas dos acompanhantes fiquem alinhadas a eles. Esta ultima distância de 0,30m variará conforme a posição em que esteja a fileira destinada ao PCR, ou seja, na primeira fileira, na última ou em fileiras intermediárias;

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Figura 47 - Espaços para PCR

! Fonte: (LUCA, 2012, p. 51)

f) Os assentos para PMR devem ter um espaço livre de 0,60m no espaço frontal entre o assento distendido de sua poltrona e a poltrona da frente. Devem estar junto ao corredor, e o braço voltado a este será basculante;

Figura 48 - Assento para PMR

! Fonte: (LUCA, 2012, p. 52)

A Tabela 3 descreve o número de assentos para as três categorias, PO, PMR e PCR:

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Tabela 3 - Número de assentos para as três categorias.

Capacidade total de assentos

Espaços para PCR

Assento para PMR

Assento para PO

Até 25

1

1

1

De 26 a 50

2

1

1

De 51 a 100

3

1

1

De 101 a 200

4

1

1

De 200 a 500

2% do total

1%

1%

De 501 a 1.000

10 espaços, mais 1% do que exceder 500

1%

1%

Acima de 1.000

15 espaços, mais 0,1% 10 assentos mais 0,1% 10 assentos mais 0,1% do que exceder 1.000 do que exceder 1.000 do que exceder 1.000

Fonte: (LUCA, 2012, p. 52)

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4


4. TRANSFORMAÇÃO DE UM VEÍCULO RODOVIÁRIO DE CARGA EM UNIDADE MÓVEL O capitulo a seguir irá tratar dos requisitos e necessidades para a transformação de um veiculo rodoviário de carga, no caso especifico, um caminhão, em uma unidade móvel de cinema, que possa transportar a sala de cinema de um local para o outro de forma itinerante, sem que seja necessário a completa instalação da sala no local, ou seja, a sala de cinema seria parte do veiculo, de forma que para sua utilização o veiculo precisaria apenas estar estacionado, com instalação de apenas alguns detalhes no local, como patolamento para fixação por exemplo. No entanto uma adaptação desse tipo pode ser ainda mais complicada do que parece, pois, alem das características técnicas e seguimento das normas dispostas pela ABNT, tanto para salas de cinema como para veículos automotores, é preciso estar em acordo com as resoluções do Conselho Nacional de Transito (CONTRAN) e ser aprovado pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Ulyver Modesto De Araujo, Acessado em: 17 abr. 2014). A regulamentação voltada a este tipo de alteração do veículo justifica-se pela necessidade de se manter um nível de segurança automotiva, pois a indústria deve seguir padrões rígidos para produção dos veículos automotores e, portanto, não seria correto admitir que o proprietário fizesse, livremente, modificações, sem comprovar que o veículo mantém sua condição de um meio de locomoção seguro, tanto para os seus ocupantes, quanto para os demais usuários da via (ARAUJO, 2014, Acessado em: 17 abr. 2014).

4.1 RESOLUÇÕES E NORMAS TÉCNICAS A customização e transformação de veículos consiste na modificação das características originais do mesmo, seja para se adaptar ao gosto do usuário ou para atender a um determinado fim. No entanto, o art. 98. do Código de Trânsito Brasileiro (2014) prevê que “Nenhum proprietário ou responsável poderá, sem prévia autorização da autoridade competente, fazer ou ordenar que sejam feitas no veículo modificações de suas características de fábrica” portanto, para que haja modificação

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no veiculo, seja para qual fim for, deve haver prévia autorização do órgão executivo estadual de trânsito (Detran), do município de domicílio ou residência do proprietário. A modificação, para que seja aprovada deve seguir as normas estabelecidas pela Resolução do Conselho Nacional de Transito (CONTRAN) nº 292/08 (alterada pelas Resoluções nº 319/09, 384/11, 397/11, 419/12, 450/13 e 463/13), que dispõe sobre modificações de veículos e estabelece as regras a serem atendidas para que os proprietários possam promover a personalização de seus veículos, além desta Resolução, o interessado deverá conhecer, também, duas Portarias do Departamento Nacional de Trânsito que a complementam: a nº 1.100/11, que estabelece o Anexo I da Resolução nº 292/08, com as modificações permitidas, e a nº 1.101/11, que estabelece a classificação de veículos, quanto à marca e espécie, bem como as transformações de veículos sujeitas a homologação compulsória. Em alguns casos é necessário que o proprietário apresente ao órgão de trânsito o Certificado de Segurança Veicular (CSV). O certificado garante que as alterações do veículo atendem aos requisitos de segurança estabelecidos nas legislações de trânsito e ambiental. O CSV é expedido por uma Instituição Técnica Licenciada (ITL), entidade acreditada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) e licenciada pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).

4.2 ESCOLHENDO UM VEÍCULO Um ponto que deve ser compreendido é que alem das exigências dispostas pelo governo, há também que se observar as características e permissões para cada tipo de veiculo, impostas pelo fabricante através do manual. Cada veiculo sai de fabrica com um manual onde estão dispostos as características e possibilidades de modificações do mesmo, portanto, antes de projetar, não basta apenas escolher um modelo genérico de veiculo, mas antes de tudo, deve-se determinar o tipo, o modelo e a marca, para que o projeto se adegue ao veiculo que será modificado.

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Trabalhar um veiculo especial requer o conhecimento de suas características, e os elementos que o compõe, portanto, como o projeto tem como objetivo a adaptação de um caminhão, as informações a seguir serão a respeito de um tipo adequado ao projeto, abaixo segue uma descrição dos tipos de caminhões (veiculo a ser utilizado no projeto) suas cargas e numero de eixos. O tipo de veiculo utilizado para esse projeto são as Carretas, uma categoria em que uma parte possui a força motriz (motor), rodas de tração e a cabine do motorista e a outra parte recebe a carga. A parte motriz recebe o nome de cavalo mecânico, e este pode ser acoplado a diferentes tipos de módulos de carga, chamados de semireboque. Veja os Quadros 1 e 2: Quadro 1 - Tipos de Cavalo Mecânico

Cavalo Mecânico É o conjunto formado pela cabine, motor e rodas de tração do caminhão com eixo Cavalo Mecânico ou simples (apenas 2 rodas caminhão extra-pesado de tração). Pode-ser engatado em vários tipos de carretas e semireboques, para o transporte.

Cavalo Mecânico Trucado ou LS

Tem o mesmo conceito do cavalo mecânico, mas com o diferencial de ter eixo duplo em seu conjunto, para poder carregar mais peso. Assim o peso da carga do semi-reboque distribui-se por mais rodas, e a pressão exercida por cada uma no chão é menor.

Fonte: COELHO, 2010, Acessado em: 17 abr. 2014.

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Quadro 2 - Tipos de carreta Carreta

Carreta 2 eixos

Utiliza um cavalo mecânico e um semireboque com 2 eixos cada. Possui peso bruto máximo de 33 toneladas e comprimento máximo de 18,15 metros.

Carreta 3 eixos

Utiliza um cavalo mecânico simples (2 eixos) e um semi-reboque com 3 eixos. Possui peso bruto máximo de 41,5 toneladas e comprimento máximo de 18,15 metros.

Carreta cavalo trucado

Utiliza um cavalo mecânico trucado e um semi-reboque também com 3 eixos. Possui peso bruto máximo de 45 toneladas e comprimento máximo também de 18,15 metros.

Bitrem ou treminhão

É uma combinação de veículos de carga composta por um total de sete eixos, que permite o transporte de um peso bruto total de 57 toneladas. Os semireboques dessa combinação podem ser tracionados por um cavalo-mecânico trucado.

Fonte: COELHO, 2010, Acessado em: 17 abr. 2014

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Tabela 4 - Peso bruto máximo autorizado pelo CONTRAN por tipo de caminhão segundo legislação brasileira.

! Fonte: ABRETI, Acessado em: 17 abr. 2014

Na proposta para fins de estudo foi selecionado uma Careta de 3 eixos, que normalmente é acoplada a um cavalo mecânico. Ao se trabalhar uma carreta não se pode ignorar o cavalo mecânico, pois muitas vexes são vendidos separados e possuem marcas diferentes, é preciso que haja compatibilidade. O cavalo mecânico (Figura 49) a ser escolhido pode ser de qualquer marca, porem a Tabela 5 demonstra as marcas com maiores representações de mercado no ano de 2012.

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Figura 49 - Cavalo Mecânico

! Fonte: ABNT NBR 9792, 2006, p. 7

Tabela 5 - Os dez modelos mais vendidos até setembro de 2012 no país, segundo dados da Fenabrave

! Fonte: EXAME, Acessado em: 17 abr. 2014

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Segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (FENABRAVE), as montadoras Volkswagen, Mercedes-Benz e Ford detêm juntas quase 70% desse mercado no Brasil. A carroceira escolhida (Figura 50) deve atender aos requisitos do projeto, sendo que a mais adequada para proposta é o furgão semi-reboque baú para carga geral, pois apresenta uma carroceria baú fechada em alumínio (Figura 51) excelente para se trabalhar um ambiente fechado como um cinema.

Figura 50 - Tipos de semi-reboque e modelo escolhido

! Fonte: GUIADOTRC, Acessado em: 17 abr. 2014

Figura 51 - Equipamento veicular – Compartimento simples fechado – Baú de carga geral

!

Fonte: RANDON IMPLEMENTOS, Acessado em: 17 abr. 2014

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A carroceria fechada do tipo furgão para carga geral é mais adequada ao projeto pois segundo a fabricante de carroceiras Randon, essa já vem fechada sem a necessidade de adicionar a lona, e é mais segura para cargas. "As carrocerias furgão para carga geral oferecem maior agilidade na entrega e coleta, pois eliminam a necessidade de enlonamento da carga por ser fechada, garantindo proteção e segurança da carga transportada" (RANDON, Acessado em: 17 abr. 2014) A estrutura interna em alumínio pode permitir um melhor trabalho de adaptação interno. As medidas também são importantes, embora os fabricantes ofereçam diferentes medidas dependendo do modelo, porem as medidas internas padrões como podem ser observadas na Tabela 6, para este modelo, são 2,73m de altura, 14,86m de comprimento, 2,51m de altura internas, de fabrica. Tais medidas podem ser trabalhadas na adaptação caso fabricante permita no manual, pois o CONTRAN permite uma altura máxima de 4,40m para veículos com carga e sem carga e um comprimento de 15,40m de comprimento, alem de 2,60 de largura. A adaptação pode ser necessária, uma vez que, devido ao escalonamento das poltronas, a altura padrão pode não ser suficiente. Vale lembrar que esses valores são para trafego, pois estando parado essas medidas podem ser modificadas por meio de regulação através de sistema de gavetas (Figura 52) por exemplo. Tabela 6 - Medidas internas das carrocerias tipo semi-reboque.

!

Fonte: ABRETI, Acessado em: 17 abr. 2014

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Figura 52: Expansão de carroceria, tipo gaveta.

! Fonte: MUCHIILAS, Acessado em: 17 abr. 2014

4.3 TIPOS DE MODIFICAÇÃO Alem da expansão tipo gaveta, existe uma série de outras modificações que talvez sejam necessárias dependendo do projeto, porem, é sempre necessário estar de acordo com a legislação, que no caso, como dito anteriormente, são determinadas pela resolução da CONTRAN, e é preciso estar de olho nas especificações dos fabricantes, é preciso se ter em mente o peso estimado dos materiais utilizados na customização e preferencialmente já ter definida as dimensões do espaço modificado, pois isso vai ser de suma importância na escolha do veiculo. O projetista deve ter em mente os dois momentos do veiculo, estacionado e em movimento, para veículos em movimento a dimensão e peso não deve ultrapassar as dimensões e peso definidas pela legislação local, e segundo o CONTRAN, os limites de peso e dimensões para veículos que transitem por vias terrestres e dá outras providências, fazem parte da Resolução Contran nº 210, alterada pelas Resoluções Contran nº 284, 326 e Deliberação Contran 105/10.

Para veículos

estacionados deve-se atentar ao manual do veiculo.

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O manual de cada veiculo também fornece a quantidade de peso suportado ao sair de fabrica, incluindo o tipo de carreta suportada pelo cavalo mecânico, um projeto de uma sala de cinema, provavelmente necessitaria de carga extra, que pode ser obtida através de geradores externos ou mesmo do local onde o cinema estiver em funcionamento, por meio de extensões. Uma questão a qual o projetista deve estar sempre atento, é o peso máximo permitido, que enquanto o veiculo estiver em movimento deve respeitar o Código de transito Brasileiro, e estar de acordo quando for averiguado nos postos de pesagem que possuem supervisão da Coordenação Geral de Operações Rodoviárias do DNIT (Departamento Nacional De Infra-estrutura De Transporte), porem quando parado, pode sofrer modificações para ampliar o suporte, como o patolamento que geralmente é aplicado a equipamentos de guindaste para suportar pesos extra. É necessário patolar os equipamentos para que haja a operação com plena segurança, considerando que o patolamento dos guindastes e guindautos são essenciais para a fixação e resistência do equipamento no solo para que não haja o tombamento do veículo. O patolamento é algo primordial durante qualquer operação a ser realizada por ser um instrumento de apoio ao veículo (VEROMATH, 2014, Acessado em: 17 abr. 2014). Figura 53 - Exemplo de patolamento

! Fonte: BLOGDOGUINDASTE, Acessado em: 17 abr. 2014

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5. ESTUDO DE CASO: CINEMAS MÓVEIS Ao iniciar este estudo a idéia de que tal transformação era rara se confirmou, porem, foi encontrado exemplos de casos onde foi feita a conversão de veículos em salas de cinema móveis. O único grande problema encontrado nessas conversões é o fato de que elas não se adequam as normas de cinema da ABC, não levando em conta as normas de acessibilidade, focando muito mais na quantidade de espectadores possíveis, algumas dessas modificações são projetos vindos de outros países e nesse caso nem mesmo se enquadram nas normas de transito brasileira, ultrapassando os limites máximos, necessitando de licenças especiais para trafego.

5.1 EXEMPLOS DE CINEMAS MÓVEIS Os exemplos demonstrados nesse estudo são: Cinema Itinerante UMT (Figuras 54, 55 e 56) e Cinetransformer (Figuras 57, 58 e 59).

5.1.1 O cinema Itinerante UTM O cinema Itinerante UTM é projeto desenvolvido pela empresa brasileira Farah, que desenvolve unidades móveis capazes de serem transformadas de acordo com as necessidades do cliente. A empresa possui projetos em todo o território nacional. Segundo a empresa, seus projetos são utilizados em ações promocionais, programas de incentivo, capacitação, entretenimento, lançamentos de produtos, etc. Como características observadas no projeto e informadas no site do fabricante podem ser observadas na tabela 7.

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Tabela 7 - Características positivas e negativas do Cinema Itinerante UTM Positivas

Negativas

Qualidade do equipamento

Largura com no máximo 2,60m na sala de cinema, que é muito pouco comparado ao comprimento, possibilitando apenas dois assentos de cada lado do corredor.

Conforto dos assentos

Sem acessibilidade, e não segue a risca as normas da ABC.

Carroceria expandida por meio de gaveta

Corredores muito estreitos, insuficientes para duas pessoas, podendo gerar problemas em caso de saídas de emergência.

Boa iluminação e refrigeração

Não há banheiros no espaço.

proteção contra incêndio

Proteção contra incêndios mínima, não há espaço para fluxo adequado.

Respeita as normas de transito sem necessidade de licenças especiais Local para servir alimentos.

Fonte: Autor, através de observação empírica e informações no site do fabricante.

Figura 54 - Caminhão adaptado para cinema móvel FARAH

! Fonte: FARAH, Acessado em: 17 abr. 2014

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Figura 55 - Carroceria expandida por meio de sistema de gaveta

! Fonte: FARAH, Acessado em: 17 abr. 2014

Figura 56 - ambiente interno

! Fonte: FARAH, Acessado em: 17 abr. 2014

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5.1.2 Cinetransformer Outro projeto de destaque é o Cinetransformer, projeto da empresa Cinetransformer, cujo diretor geral é Alexandro Ortega, opera no Brasil há cinco anos, além da sede no México, tem ramificações nos Estados Unidos, Argentina e China. A operação do cinema ambulante tem dois modelos de negócios: publicitário, pelo qual os caminhões-transformers podem ser contratados pelo anunciante e completamente adaptados pelas empresas com suas marcas; ou cultural, quando uma prefeitura, por exemplo, contrata o cinema para uma determinada cidade. O projeto em si possui alta tecnologia, e conseguiu agrupar em seu interior um cinema de qualidade com um espaço agradável com equipamentos bem alojados, e deve se levar em conta o processo de transformação que utiliza gavetas e trilhos para ampliar o espaço disponível que é muito bem elaborado. Graças ao sucesso do empreendimento, a empresa expandiu sua linha para alem dos cinemas, produzindo espaços para palestras, escritórios, entre outros. Como características observadas no projeto e informadas no site do fabricante podem ser observadas na tabela 8.

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Tabela 8 - Características positivas e negativas do Cinetransformer. Positivas

Negativas

O projeto em si por aproveitar e até mesmo expandir o espaço de uma forma muito bem planejada.

Não possui os limites mínimos para trafego no Brasil, necessitando de licença especial.

Possui banheiros masculino e feminino.

Banheiros pequenos e sem acessibilidade.

Alta capacidade de espectadores, com 98 assentos.

Não possui acessibilidade.

Equipamento de qualidade.

Não segue a risca as normas da ABC, para cinemas no Brasil.

Conforto nos assentos.

Pouco espaço entre um assento e outro, menos de 1,00m.

Boa iluminação e refrigeração.

Corredores muito estreitos, insuficientes para duas pessoas, podendo gerar problemas em caso de saídas de emergência.

Proteção contra incêndios.

Proteção contra incêndios mínima, não há espaço para fluxo adequado, rampas insuficientes.

Local para servir alimentos.

Pouca altura para tantos assentos, gerando escalonamento insuficiente.

Tamanho da tela aproveita todo o espaço disponível.

Caminhão rebaixado, com o peso esperado de um cinema, pode gerar dificuldades na locomoção pelas estradas brasileiras.

Fonte: Autor, através de observação empírica e informações no site do fabricante.

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Figura 57 - Caminhão adaptado para cinema móvel Cinetransformer.

! Fonte: BLOG DEMAIS, Acessado em: 17 abr. 2014

Figura 58 - Interior cinetransformer

! Fonte: 3DVIP, Acessado em: 17 abr. 2014

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Figura 59 - Perspectiva do interior do Cinetransformer.

! Fonte: INTEGRASV, Acessado em: 17 abr. 2014.

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6


6. PROJETO DE TRANSFORMAÇÃO DE UM VEÍCULO RODOVIÁRIO DE CARGA EM UNIDADE MÓVEL DE CINEMA A objetivo desse capitulo é a apresentação de um projeto de uma unidade móvel de cinema, que esteja dentro das normas, que atenda aos requisitos de qualidade e que logicamente tenha utilidade comercial. O projeto foi desenvolvido durante a elaboração do trabalho pelo autor, sua principais características são a acessibilidade geralmente esquecida em projetos similares, segurança, conforto e atenção as normas de transito. A produção de unidades como essa podem atender a diversos setores como os descritos abaixo: a) Eventos de cinema, tecnologia, entre outros assuntos: Podem adquirir uma ou mais unidades para exibição de amostras de cinema durante o evento, palestras via video conferencia, exibição de video clipes entre outras exibições; b) Empresas que não disponham de salas de cinema particulares em suas dependências: Podem adquirir o produto para video conferencias, aperfeiçoamento de funcionários, campanhas internas, complementação de treinamento através de aulas ministradas via video, ou mesmo propagandas de produtos fabricados pela empresa através da oferta de seções de cinema para o publico; c) Prefeituras: Podem utiliza-las para divulgação de campanhas do interesse da população, levar cinema a escolas publicas, video conferencia, atendimento a regiões carentes; d) Escolas particulares: Podem usa-las para ministrar aulas, aperfeiçoamento cultural, palestras via video, lazer.

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Os exemplos acima são apenas algumas das inúmeras possibilidades, a própria industria de cinema brasileira poderia usar essas unidades para seu interesse e exibições particulares antes das estreias nacionais e mundiais, também há a possibilidade de uso comercial e o desenvolvimento de um negócio rentável. Seja como for, o cinema itinerante já é uma realidade no Brasil como visto anteriormente no capitulo 5, no entanto, os projetos são desenvolvidos por impressa particulares que, nacionais ou internacionais, visam primordialmente os números e acabam deixando de lado questões importantes como a acessibilidade.

6.1 DIFERENCIAL O grande diferencial desse projeto em relação a outros existentes é justamente esse, embora acabe por se tornar uma unidade mais compacta, para 46 pessoas, o projeto desenvolvido está de acordo com as normas tanto de cinema quanto de transito, vale ressaltar a importância de ser um projeto nacional, o que diminui relativamente os custos. Entre as vantagens desse projeto, algumas já mencionadas, pode-se destacar: a) Atendimento as leis de transito: Sem a necessidade de licenças especiais, a carroceira está dentro dos limites permitidos pelas normas da CONTRAN, pois vale lembra que as licenças especiais não impedem a aplicação das disposições vigentes em cada Estado de forma que a capacidade de fluxo pode se tornar bastante limitada em muitas localidades; b) Atendimento as normas de cinema: Os espaços internos foram desenvolvidos com base nos critérios fornecidos no formulário técnico da ABC, o que possibilita maior conforto do usuário; c) Acessibilidade plena: Incluindo banheiros para deficientes, alem de elevador para cadeirantes, todos os corredores possuem largura 119


suficiente para um fluxo adequado, vale lembrar que como visto no capitulo 3, acessibilidade é uma questão de cidadania, alem de estar previsto em normas técnicas. d) Conforto: Seguindo as normas da ABC, foi possível desenvolver um espaço dotado de conforto, espacial e de percepção do filme exibido, apresentando qualidade de imagem e som compatíveis com as normas, os assentos possuem as distancias recomendadas na norma, há também o conforto térmico, pois o ambiente é refrigerado artificialmente e por ultimo o conforto lumínico, com iluminação adequada ao uso do ambiente; e) Segurança: Todo o projeto garante a segurança dos usuários, com corredores adequados a fulva em caso de incêndio, extintores localizados de forma acessível, produzido seguindo as normas de arquitetura e de transito respeitando os pesos máximos permitidos; f) Geração de renda: Pode gerar renda a seus proprietários e mesmo para aqueles que o alugarem, não apenas pela exibição de filmes mas de propagandas e comercio.

6.2 APRESENTAÇÃO DO PROJETO Desenvolvido em uma área de 65,95m², o projeto engloba uma sala de cinema de 44,35m², dois banheiros acessíveis, e um corredor para circulação. O cinema possui um sistema de gavetas que permite que ele se expanda e retraia para se adequar ao trafego quando o cinema móvel quando não está em uso. Todo o ambiente foi desenvolvido em uma carroceira padrão da Randon de 3 eixos, sendo que quando transitar, a carroceira atinge as medidas padrões permitidas pela norma da CONTRAN, sem necessidade de licenças especiais para quem ultrapassa as medidas mínimas permitidas, isso acaba por facilitar a aprovação do projeto, 120


alem de tornar o processo de adaptação menos custoso, pois não há necessidade de modificação nos eixos nem reforço de chassi. A fachada principal do cinema se encontra na lateral da carreta, bem como as entradas e a bilheteria, produzida em alumínio azul, a fachada possui ênfase na cor azul metálica como um todo (Figura 60, 61 e 62) bem como letreiro luminoso com o nome do filme exibido, local para exibição dos cartazes de filmes, escadas e elevadores para deficientes e rampa para fulga. Figura 60 - Perspectiva do projeto Cinemobile

Fonte: Autor.

121


Figura 61 - Vista da Fachada.

Fonte: Autor.

Figura 62 - Poltronas e entrada

Fonte Autor.

A figura 63 demonstra a planta baixa com o layout da sala aberta e a figura 64 demonstra o layout da sala fechada para transporte, as duas plantas podem ser vistas com mais detalhes e cotas nos apêndices, bem como os cortes e a fachada. 122


Figura 63 - Layout Cinemobile, gavetas abertas.

! Fonte: Autor

Figura 64 - Layout Cinemobile, gavetas fechadas para transporte.

! Fonte: Autor.

A figura 65 mostra uma perspectiva do cinema aberto, onde é possível ver suas áreas internas, assim como o escalonamento das poltronas.

123


Figura 65 - Perspectiva aberta.

Fonte: Autor.

Para se compreender melhor o sistema de gavetas aplicado no projeto, as figuras 66 e 67 demonstram em forma de blocos as diferentes áreas e suas intercessões.

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Figura 66 - Blocos do sistema de gavetas 1.

! Fonte Autor.

125


Figura 67 - Blocos do sistema de gavetas 2.

! Fonte: Autor.

A movimentação das gavetas é realizada por um conjunto de motores hidráulicos, responsáveis por empurrar e puxar as gavetas, todos os motores podem ser acionados da sala de equipamentos. A escolha dos motores hidráulicos se dá devido a sua força, sendo que os motores são relativamente pequenos em relação ao tamanho do esforço que fazem, podendo estar dentro de uma parede de 10cm ou até menos, por exemplo. O motor responsável pela separação das gavetas da sala de cinema se encontra debaixo da área escalonada (Figura 68) junto a um gerador de 50 KVa movido a gás

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natural (bastante eficiente), e o condensador dos ar condicionados presentes na sala.

Figura 68 - Base do cinema.

! Fonte: Autor.

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Figura 69 - Motores hidráulicos que levantam o teto.

! Fonte Autor Figura 70 - Motor localizado na sala de equipamentos.

! Fonte: Autor.

128


6.2.1 Materiais Os materiais que foram empregados no projeto, visão, estética, segurança e conforto, principalmente térmico e acústico, já que se trata de uma sala de cinema. Os pisos foram revestido por borracha anti-derrapante, as paredes são em painelwall (Figura 71), com lã de rocha que permite um alto nível de conforto acústico, o forro é em painelwall com lã de vidro, mais leve que lã de rocha, todo o ambiente é cercado por uma camada de alumínio ou aço (depende do fabricante da carroceria) que corresponde a carroceria, esse revestimento possui menos de 1cm de espessura. Internamente as paredes e teto da sala de cinema são revestidas por tecido.

Figura 71 - Estrutura interna das paredes.

! Fonte: Autor.

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O PainelWall é composto de miolo de madeira laminada ou sarrafeada, contraplacado em ambas as faces por lâminas de madeira e externamente por placas cimentícias em CRFS (Cimento Reforçado com Fio Sintético) prensadas.

6.3 ASPECTOS DO PROJETO Os aspectos do projeto correspondem as suas características, para o projeto foram seguidas as normas para cinema, afim de produzir um ambiente confortável e seguro, seguir eram dispostas os elementos abordados no capitulo 3 para composição de uma sala adequada.

6.3.1 Qualidade de Imagem A tela utilizada no projeto possui uma largura de 3,2m por 1,8m de altura (Figura 72), para tal, segundo especificação do fabricante do projetor, foi encontrada uma distancia de 5,3m da tela, para o projeto foi adotado um projetor modelo Sony VPLHW40ES.

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Figura 72 - Tamanho da tela.

! Fonte: Autor.

O projetor foi posicionado no teto, dentro das faixas das bordas da tela (Figura 73), o que garante um mínimo de distorção.

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Figura 73 - posição do projetor em relação a tela.

! Fonte: Autor.

6.3.2 Ergonomia Em termos de ergonomia, a sala foi adequadamente projetada para atender as normas da ABC, sendo que a distancia mínima entre a tela e a primeira fileira de poltronas segue o calculo apresentado no capitulo 3. Dessa forma o valor obtido para o projeto foi de 1,92m para essa distancia, porem foi adotado 2,28 por questões de fluxo. Já, para a distancia máxima, foi obtido o valor de 9,28m que foi mantido.

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Figura 74 - Distancias mínima e máxima entre a tela e as poltronas.

! Fonte: Autor.

O escalonamento adotado foi de 17cm, maior que os 15cm que são o mínimo.

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Figura 75 - Escalonamento visual de 17 cm.

! Fonte: Autor.

A distancia mínima para cada assento de 1,00m é uma norma que deve ser respeitada não apenas por questão de conforto, mas também por questão de fluxo. As poltronas retrateis, estão dispostas de forma a se adequar a sala nos dois momentos, fechado e aberto, sendo duas delas conectadas a parede por um sistema de trilhos que as posiciona adequadamente (Figura 77).

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Figura 76 - distancia entre os assentos.

! Fonte: Autor.

Figura 77 - Poltronas retrateis.

! Fonte: Autor.

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6.3.3 Qualidade Sonora A qualidade sonora no ambiente é obtida através de um equipamento de som de alta fidelidade, com 5.1 canais, alem de um isolamento acústico adequado, feito com lã de rocha e vidro como visto anteriormente.

Figura 78 - Disposição dos equipamentos de som.

Fonte: Autor.

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Figura 79 - caixas de som, luminárias e ar condicionado.

! Fonte: Autor.

6.3.4 Conforto Lumínico. Alem das luminárias na parede há as no piso, suficientes para evitar acidentes e de forma a não interferir na exibição.

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Figura 80 - Disposição das luminárias.

! Fonte: Autor.

6.3.5 Conforto Térmico. Para a sala em questão foram disponibilizados 2 ar condicionados Split, responsáveis pela refrigeração artificial do ambiente, um em cada lado da sala.

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Figura 81 - Disposição ar condicionado.

! Fonte: Autor.

6.3.6 Segurança e acessibilidade. A segurança e acessibilidade no projeto são itens prioritários, alem das disposições ergonómicas das cadeiras, há também uma preocupação com o fluxo em caso de emergencia. Para as pessoas com mobilidade reduzida, foram garantidos 4 assentos do total de 46, os cadeirantes podem acessar a sala através do elevador hidráulico localizado na entrada do cinema. Alem de tudo isso foi projetado dois banheiros acessíveis com 3,5m² cada, com barras de apoio e espaço para cadeirantes.

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Figura 82 - Assentos para portadores de deficiência, com medidas adequadas.

! Fonte: Autor.

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Figura 83 - Banheiros acessíveis.

! Fonte: Autor.

Em caso de fuga por incêndio os corredores foram dimensionados para não haver obstrução, alem disso uma rampa foi acrescentada para fuga.

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Figura 84 - Fluxo e saídas de emergencia.

Fonte: Autor.

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7. CONCLUSÃO Ao analisar as questões abordadas nesse estudo fica claro perceber que é perfeitamente possível adaptar um veiculo especial e transforma-lo numa unidade móvel de cinema, porem devesse observar que tal transformação deve ser feita seguindo os rigores das normas e das leis vigentes, para que o empreendimento ofereça segurança a seus usuários e alem disso seja capaz de funcionar de acordo com o que se propõe. O projeto desenvolvido durante esse estudo, apresenta desvantagem em relação ao numero de usuários, porem está dentro das normas, alem de ser acessível e seguro. Um detalhe interessante nos modelos estudas é a presença de um local para preparo de lanches, porem, os profissionais que fazem esse tipo de serviço geralmente tem seus próprios equipamentos, de forma que é mais vantajoso aproveitar o espaço para banheiros mais acessíveis. Outro detalhe a cerca do projeto é o seu complexo sistema de gavetas, movidas por motores hidráulicos, a forma como foi proposta é apenas uma, provavelmente um especialista nesse tipo de equipamentos possa dar suporte a criação de um sistema mais simples e menos custoso. O cinema é uma arte e por isso deve se ter condições mínimas para ser apreciada adequadamente afim de fornecer ao espectador a melhor experiência possível.

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