FomeDeBola_LuizZaninOricchio

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texto que faz parte do seu livro O Futebol ao Sol e à Sombra (p. 92). Um parêntese: o caso Obdúlio é peça fundamental no mito às avessas da copa de 1950.

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Consta (ninguém sabe e ninguém viu direito) que, a certa altura do jogo, ele teria esbofeteado Bigode. O lateral teria ficado sem moral para marcar Ghiggia, que passou então a jogar muito solto. Seria a causa remota do gol. Ninguém testemunhou a célebre bofetada e muitos julgam que ela jamais aconteceu. No já citado livro de Geneton Moraes Neto, Dossiê 50, que entrevista os participantes do jogo, Bigode nega que o fato tenha acontecido: Dei sim, uma entrada violenta em Julio Perez... O que Obdúlio Varela disse foi apenas: ‘Calma!’. Não houve agressão nem reação. Mas uns disseram que Obdúlio cuspiu na minha cara; outros, que levei um tapa, mas não reagi (p. 96). A versão de Bigode não foi a que ficou. Em 1963, portanto 13 anos mais tarde, e depois de o Brasil já ter faturado duas copas do mundo, um cronista da influência de Nelson Rodrigues ainda podia escrever: Amigos, vocês se lembram da vergonha de 50. Foi uma humilhação pior que a de Canu­ dos. O uruguaio Obdúlio Varela ganhou de nosso escrete no grito e no dedo na cara (O Globo, 18 nov. 1963). E o irmão de Nelson, Mario Filho, escreve em O Negro no Futebol Brasileiro: Quando Bigode, duro,


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