FomeDeBola_LuizZaninOricchio

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Durante as décadas de 70 e 80 fui torcedor exaltado, ia aos jogos e tudo mais. Inclusive aqueles em pequenos estádios, como do Pari, da Mooca... Depois, nos anos 90, tomei um enjôo absoluto. Hoje não sei te dizer nem quem é quem no futebol, quem foi campeão... Às vezes, um jogador, tipo Robinho, ainda chama a minha atenção, mais nada. Em Manaus sempre torci pelo Nacional, é claro. No Rio de Janeiro, sempre fui Vasco da Gama, e, em São Paulo, quando cheguei, gostava de saber que o Palestra era o time dos italianinhos, e adotei o Palmeiras – porque tenho um lado italiano, por parte de mãe. Como você interpreta a extraordinária popularidade do futebol no Brasil (e também em outros países)? Será que esse jogo teria algum encanto a mais, algo que envolve tanto as pessoas e as emociona dessa forma? Tenho uma visão bastante antipática sobre o futebol. Perdi todo o encantamento que supunha existir, de expressão da cultura popular, mistificações do gênero. Acho que é uma sublimação a mais da cultura machista do mundo, cultivada por isto mesmo, num mundo de machões e belicistas, animalesco mesmo. Acho que é um ópio do povo como o fundamentalismo das religiões no mundo do século 21. Hoje tenho horror a futebol! Especialmente copa do mundo, esse súbito fanatismo misturado a um nacionalismo conduzido pela mídia, que não existe no cotidiano brasileiro.

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