FomeDeBola_LuizZaninOricchio

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tinha acabado de ganhar o prêmio de revelação do ano da CBF pelo Goiás. No Goiás ele ganhava dois salários mínimos, no Flamengo ele passou a vinte mil dólares por mês. De uma hora para outra. Como se lida com isso? Como fica a cabeça do cara? Então esses eram os personagens. Porque aí aparecem as loiras, os celulares, os amigos de ocasião. Mas aí vem a gangorra da glória e da desgraça... Esses dois eram as grandes promessas. E aí, no meio do filme, foram para o banco. E, no final, nem no banco estavam. Foram duas decepções absolutas. Nessa fase, o jogador é perseguido pelos torcedores, a torcida querendo bater, arranhando o carro. E eu me perguntava se era possível fazer uma história de fracasso, ainda que fosse um fracasso relativo, porque eles continuavam no Flamengo, ganhando 20 mil dólares e, de onde tinham vindo, isso era uma história de sucesso. E a resposta é que dava sim para fazer um filme com essa história. O terceiro episódio é com o Paulo César Lima. Por que ele? Na época, Arthur e eu adorávamos o Romário. Essa pessoa pouco domesticada, que fala o que vem pela cabeça, pouco dócil. E nós achamos que o precursor do Romário, o primeiro a fazer isso foi o PC. Se a gente tivesse no Brasil uma revista como a New Yorker, o PC seria um desses caras que mereciam um perfilzão daqueles, de dez páginas. Ele foi o primeiro a perceber, a se dar conta de que podia arrombar a festa da zona Sul. Ele dizia: No

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