FomeDeBola_LuizZaninOricchio

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a vacina neoliberal que lhe aplicaram. Renasceu em meados dos anos 90 e, redivivo, reaprendeu a gostar do futebol.

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Mas de que futebol estamos falando? Porque este também não deixara de se transformar no correr dos anos. Do amadorismo de fachada dos anos 20 passou a profissional a partir de 1933. Excluídos de início, negros e mulatos entraram para o esporte e lhe deram estilo único. Surgiram os grandes astros, Friedenreich, Feitiço, Fausto, Domingos, Leônidas, Heleno, Zizinho. O futebol viveria, mais ou menos entre o final dos anos 50 e começo dos 70, uma fase de êxito fora do comum, que se poderia chamar de romântica não fosse esse um termo pejorativo hoje em dia. E, finalmente, após longa etapa de adaptação ao capitalismo da bola, o futebol brasileiro ingressaria alegremente na era global, ligando-se aos grandes negócios mundiais de forma igualmente bem-sucedida, pelo menos no âmbito externo. O propósito deste livro é mostrar como essas duas linhas – a do futebol e a do cinema – se encontram em certos pontos nodais, em filmes que exprimem, em cada época, o que de mais significativo existe tanto na história de um como na história do outro. Por exemplo, Alma e Corpo de uma Raça registra os devaneios nacionalistas e de eugenia da era Vargas; Garrincha e A Falecida discutem uma suposta função alienante do jogo; Pra Frente Brasil revela a sua utilização política, Boleiros mostra seu rosto


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