FomeDeBola_LuizZaninOricchio

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Pior: suas seleções nacionais viraram verdadeiras colchas de retalhos, compostas quase integralmente por jogadores que atuam fora de suas fronteiras. Levantamento feito pelo jornal Folha de S. Paulo revela números interessantes. Nos mundiais disputados pelo Brasil até 1978 nenhum dos jogadores convocados atuava no exterior. Em 1982 essa porcentagem de estrangeiros era mínima: 5%. Aumenta para 9% em 1986. E então sobe drasticamente para 55% na copa de 1990. Na de 94 são 50% os convocados de fora do país. Na de 98, 59%, e na de 2002, 43% (Folha, 13 agos. 2005). Se considerássemos apenas os titulares essas porcentagens seriam muito mais altas. Para a copa de 2006 projeta-se uma seleção 100% estrangeira ou algo muito próximo disso. Transformação tão dramática da equipe que em tese representa o país não pode se dar sem graves repercussões no plano simbólico. Mas essas mudanças não foram assimiladas ou talvez sequer percebidas em suas conseqüências. O cinema, fragilizado no começo dos anos 90, não se deu conta, de imediato, da riqueza temática dessa subversão na ordem mundial do esporte mais popular. Riqueza tanto maior quando se pensa que foi exatamente por essa época que a seleção nacional brasileira iniciou o segundo dos seus grandes ciclos virtuosos. Campeã em 1994

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