FomeDeBola_LuizZaninOricchio

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ingredientes dignos do melhor folhetim. Afinal, não é sempre que um menino vindo da pobreza se alça à condição de maior atleta do mundo – e em tão pouco tempo. Pelé ganha fama internacional já em 1958 quando se torna campeão com apenas 17 anos. A biografia é escrita no início dos anos 1960, quando sua carreira estava apenas no começo, mas merecia um livro, tanto ele havia aprontado com a camisa do Santos e da seleção. E, no entanto, um Pelé cheio de consciência fala em parar, em aposentar-se quando estiver no auge, sem enfrentar a decadência física que é o pavor de todos os jogadores. Fala também do resgate familiar que representou a conquista da copa do mundo na Suécia, ao se lembrar do pai, triste, depois de ouvir pelo rádio a derrota do Brasil em 1950. O pai é sempre uma presença marcante na vida do craque. Ex-jogador, Dondinho teve de parar cedo por causa de um problema no joelho. Ao ver o pai desanimado depois do jogo contra o Uruguai, o menino, então com nove anos de idade, e já bom de bola nos campinhos de Bauru, lhe promete que um dia irá conquistar uma copa do mundo. Para reparar a dor do pai. Será sempre assim. Mundialmente consagrado, a cada entrevista Pelé dirá que Dondinho era ainda melhor do que ele. Que teria ido longe, não fosse o problema do joelho. Quando o entrevistei a propósito do lançamento de Pelé Eterno, de Anibal Massaini, disse que havia batido todos os recordes de um futebolista, menos um, o

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