FomeDeBola_LuizZaninOricchio

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um mérito forte do filme. Provavelmente – veja que paradoxo – inspirada nas imagens lindas e despolitizadas do Canal 100. Subterrâneos Até pelo título, Subterrâneos do Futebol, de Maurice Capovilla, assume essa vocação analítica. Esse média-metragem faz parte do projeto do produtor Thomas Farkas e junto a três outros filmes – Nossa Escola de Samba, de Manuel Horácio Gimenez, Viramundo, de Geraldo Sarno, e Memória do Cangaço, de Paulo Gil Soares – foi lançado como longa com o nome de Brasil Verdade (1965-1968). O título diz tudo: o cinema engajado da época tinha a ambição de registrar um Brasil que não se conhecia. Mostrar ao País o seu próprio rosto, às vezes escondido do conhecimento público, e outras oculto pelo simples fato de estar sempre à vista, como eram os casos do futebol, das escolas de samba e das grandes migrações internas do País, sobretudo a do Nordeste em direção ao Sudeste. Nesse clima, toda arte de ponta era muito politizada, fosse teatro, literatura ou música. E, naturalmente, cinema. Portanto, nada mais natural que Subterrâneos do Futebol cumpra exatamente o que promete. Busca bastidores, os desvãos do jogo, a função da torcida, a maneira como os jogadores eram controlados (e no fundo explorados) pelos cartolas. Os dirigentes, que naquela época dispunham de um instrumento como a lei do passe, exerciam verdadeira tirania sobre os atletas

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