FomeDeBola_LuizZaninOricchio

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ir além, por isso é tão bom. Pretende, através do futebol, enxergar alguma coisa sobre a sociedade brasileira. E, de que maneira? Procurando estudar a função desse esporte – de longe e muito longe, o mais popular no País – no imaginário do homem brasileiro.

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A vontade de compreender despertou a ira de um crítico na época tão influente quanto Antonio Moniz Vianna: E é uma decepção completa este filme, que não consegue dar uma aceitável dimen­ são psicológica, sociológica e mesmo esportivo­ cinematográfica do futebol e a um dos seus ídolos autênticos. A claque precisa redobrar seus esforços, se o intuito é convencer os mais influenciáveis de que Garrincha, Alegria do Povo vale alguma coisa (Moniz Vianna, 2004, p. 332). Observações que vêm de um crítico tão influente quanto politicamente conservador e, portanto, pouco propenso a simpatias para com o Cinema Novo e seus militantes de esquerda. Para Moniz Vianna, o Cinema Novo, em seu conjunto, não passava de embuste. Idiossincrasias tanto estéticas como políticas do crítico, que no entanto devem ser levadas em consideração. Garrincha, Alegria do Povo condensa o dilema típico do cineasta que deseja filmar o futebol no Brasil. Não sabe se entrega à paixão e à beleza do jogo. Ou se procura manter uma posição mais analítica, tentando decifrar as implicações sociais dessa paixão e, nesse ato de racionalidade, arrisca-se a perder seu objeto de


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