Revista Sotaques Brasil Portugal Nº 21 Julho

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Julho|2018 Nº21|Gratuito

DESASSOSSEGO DE UM FINGIDOR Wilson Coêlho Bate Papo digital com

Rodrigo Perek Mundo Fitness

Espigueiro,

Diogo Reis

um pedaço da história e do charme de Portugal nas montanhas Capixabas

Cássio Iribarrem


Pessoas …

Sotaques

Nesta edição, vamos falar de pessoas...pessoas que criam cultura, pessoas que nos inspiram, pessoas que nos motivam a navegar neste mar da cultura luso-brasileira. Falando de pessoas, não poderíamos deixar de homenagear o mais universal poeta português, Fernando Pessoa, que, para além de carregar no seu nome o substantivo relative ao tema desta edição, nos instiga a criar a nossa revista desde o início. Esta é uma revista de pessoas para pessoas e, como uma só andorinha não faz uma revista, gostávamos de anunciar o crescimento da família Sotaques. Para se juntar à nossa equipa, chegam novos colaboradores, novas rubricas e muito mais interatividade. Das terras de Vera Cruz, chega-nos Marlus Alvarenga, escritor de natureza complexa e crítico gastronómico em construção; Rosangela Herbert - fotógrafa e jornalista que nos traz uma perspetiva luso-brasileira, recorrendo à sua lente; e Lúcia Gomes, publicitária e vitrinista residente em Portugal. Por último, mas não menos importante, acrescenta-se a esta equipa o português Diogo Reis, um personal trainer. Como as novidades não terminam por aqui, ainda se contam com duas novas rubricas: “Bate Pato”, um espaço para promover conversas com bloguers e influenciadores digitais e “Espigueiro“- uma rubrica para promoção da cultura portuguesa no Brasil. A ponte luso-brasileira está aberta...atravesse! Arlequim Bernardini

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Índice Pag. 04 -

Pessoas

Pag. 74 - Heranças de Portugal – Belém do Pará e Brasil

Pag. 30 - Âncora Pag. 76 - DESASSOSSEGO DE UM FINGIDOR Pag. 32 - Espigueiro Pag. 80 - Mais de uma forma de entender os sinais Pag. 40 - Capela Curial de São Francisco Pag. 82 - Devaneios Pag. 50 - Cássio Iribarrem Pag. 88 - Bate Papo digital Pag. 54 - Mundo Fitness Pag. 94 - Expedição Serra do Espinhaço Pag. 56 - Porto ROSANGELA HERBERT Pag. 64 - O Cicloturismo

Colaboradores Portugal: Arlequim Bernardini , Agostinho Oliveira , António Almeida Santos, Bárbara Bernardini , António Proença , Lúcia Gomes, Diogo Reis e Rosangela Herbert. Colaboradores Brasil: Hernany Fedasi, Hebert Júnior , Pablo B.P. Santos , Rô Mierling, Laercio Lacerda , Diego Demetrius Fontenele , Marcelo Xavier e Marlus Alvarenga. Revista On-line Sotaques Brasil Portugal Propriedade: Atlas Violeta Associação Cultural Tel. 351 917 852 955 www.sotaques.pt

- ISSN: 2183-3028

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Moda

Pessoas - ModalifeBrazil Laercio Lacerda

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Fotos e Edição: Laercio Lacerda Casting: modellife Make Up: Ana Paula, Marina Ebbesen, Patrícia Bargmann Locação: Boteco Histórico, Casa de Cultura Mário Quintana, Palácio do Governo, Theatro São Pedro

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Moda

Aline Gerber 6


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Moda

Ana Paula Santos 8


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Moda

Arthur Guedes 10


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Moda

Camila Oliveira 12


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Moda

Camille Fossati 14


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Moda

Eduarda Bargmann 16


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Moda

Fernanda Flores 18


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Moda

Giovanna Martins 20


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Moda

Luana Oliveira 22


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Moda

Marina Ebbesen 24


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Moda

TaĂ­s Domanski 26


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Moda

VinĂ­cius Morbene 28


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Literatura

Ă‚ncora Diego Demetrius Fontenele

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Foto: Michelle Nascimento


Tuas batalhas foram muitas E mereces os louros Por cada vitória Mas não deixe Que suas conquistas Se transformem em âncoras Que te impeçam ir além.

Nem deixe que as tormentas Te façam querer voltar A segurança do porto Ainda existem Outros marés pra desbravar Outros sonhos pra alcançar.

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Brasil

ESPIGUEIRO, UM PEDACINHO DA HISTÓRIA NAS MONTANHAS CAPIXABAS Marcelo Xavier 32


A E DO CHARME DE PORTUGAL Texto: Marcelo Xavier Fotos: Janio Peterli e Marcelo Xavier Colaboração: Vinicius Villar 33


Brasil

O

Bra Ant no nas

Arc

Antes de lhes apresentar O Espigueiro, irei lhes contar como conheci Vinicius Villar, o autor do belíssimo restaurante que traz, de forma irretocável, um pouquinho de Portugal para o Brasil. Era final de dezembro de 2012, quando vi pelo Facebook o anúncio do último treino dos ultramaratonistas Carlos Gusmão (ULTRA) e Pedro Bueri, que iriam percorrer 150 km, em 24 horas ininterruptas, entre as cidades de Linhares e Vila Velha, no estado do Espírito Santo – Brasil, o projeto “Correndo por Brinquedos” em benefício da APAE. Aventureiro que sou, decidi que tinha que participar deste treino, mas, por razões óbvias, não correndo e sim de bicicleta. Além do Gusmão e do Bueri haviam outros três corredores, Rodrigo Villar, Igor Guidetti e Leonardo Seabra, além do triatleta Vinicius Villar conduzindo o carro de apoio e responsável por toda a infraestrutura, hidratação e alimentação de cada um dos cinco corredores, ou seja, uma grande responsabilidade. Para simplificar e resumir a história, enquanto eu e o Vinicius distribuíamos as bebidas e alimentos aos corredores, entre muitas idas e vindas, acabei correndo 56,8 km e pedalando cerca de 185 km, enquanto que o Vinícius correu 58 km, e tudo isso porque estávamos apenas na equipe de apoio. Mas esta é uma aventura que será descrita num artigo especial num futuro próximo. Voltemos ao Espigueiro...

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Brasil

Vinicius Villar, por Vinicius Villar.

asileiro de nascimento e português de coração. Meu pai, tonio José (vulgo Jaguar), foi o único filho que nasceu Brasil. Meus avós e minhas tias são todos portugueses, scidos no extremo norte de Portugal, no município de

cos de Valdevez, onde ainda mantenho familiares.

omo se deu a entrada de

Portugal

e dos

spigueiros na sua vida?

uma das viagens que lá fui, conheci a Serra de Soajo, ponto mais alto do Concelho.

sim conheci os famosos espigueiros. Aquelas estruturas pedra, com a função de secar o milho e aos mesmo mpo impedir a ação dos roedores me deixou maravilhado. nsei: um dia vou construir um espigueiro na minha quinta Brasil.

ós um pouco estudar, descobri que eles estão localizados incipalmente no norte do país, mas também são encontrados Espanha, Escandinávia, Noruega e Suécia.

conjunto dos Espigueiros de Soajo compõem uma eira munitária constituída por 24 espigueiros, todos em dra e assentados em um maciço natural de granito. O mais tigo data de 1782 e alguns são ainda hoje utilizados la população.

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Sotaques

Conte-nos como se deu a construção do Espigueiro e a concretização do sonho. Fiquei com a ideia dos espigueiros na cabeça.

Abro um parêntese para falar da minha paixão pela culinária: filho único, criado junto com a minha avó portuguesa, desde sempre me interessei em aprender a cozinhar. Aprendi muito com a avó Margarida, e aprendo até hoje. Assim também foi com a minha mãe, minha avó materna. Advogado por formação, a cozinha sempre foi um hobby. Pois bem, não construí uma estrutura como aquela de Soajo. Após ser acometido por uma doença, a minha fuga foi construir o Espigueiro. Não aquele que guarda as espigas, mas uma casa que acolhe pessoas, produz comida com amor. Uma casa que conta uma pouco da cultura portuguesa. Uma casa feita de forma sustentável, com materiais que seriam descartados. Participei ativamente desse processo, desde o desenho, proposta, forma de construção, até o conceito final. Não fiz sozinho, tive ajuda de muitas pessoas, especialmente da minha família. Assim nasceu o restaurante.

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Tudo já estava materializado na minha cabeça. Pensa em desenvolver no Espigueiro, algo além da gastronomia portuguesa? Lembro que durante a construção, enquanto garimpava peças (e isso acontecia até durante minhas viagens internacionais), encontrei diversas grades antigas em um ferro velho. Coloquei no carro e levei para casa. Minha esposa, Lorena, ficou horrorizada. Ela não conseguia ver aquele monte de ferro velho transformado. Aquilo virou um patchwork, um mix de grades que moldaram o portão, os peitoris e o jardim vertical. Ela amou o resultado. Foram 3 anos de dedicação. Durante a semana, era o Dr. Vinicius, advogado, trabalhando na capital do Estado, de terno (fato, no português de Portugal). Aos finais de semana, era Vinicius, de macacão, misturado com os demais trabalhadores, soldando, criando, batendo laje, arrumando saídas para os desafios dessa obra única. É aqui que curto meu prazer de cozinhar, atender, conhecer pessoas, criar amigos. É aqui que, apesar de estar no Brasil, vivo em Portugal, com um clima europeu maravilhoso. É aqui que divulgo um pouco da minha segunda nação mãe.

Sim, a ideia é fazer do Espigueiro um núcleo capixaba/ brasileiro, de promoção e divulgação da cultura Luso Brasileira, um espaço também dedicado a mostrar a arte, a literatura e as belezas da pátria mãe, começando com uma mostra cultural sobre a vida e a obra de Fernando Pessoa, poeta português nascido em 13 de junho de 1888, em Lisboa - Portugal. E tudo isso na região mais europeia do Espírito Santo – Brasil.

algo já iniciado no sentido de promover

o destino

Brasil

em

Portugal

e

Portugal

no

Brasil?

Sim, recebemos um convite de um dos colaboradores no Brasil da Revista Sotaques (Brasil Portugal), propondo que fizéssemos do Restaurante Espigueiro um espaço permanente de promoção da cultura, das artes, da literatura e do desenvolvimento sustentável por meio do cicloturismo. Juntos estamos amadurecendo a ideia e pensando um modelo que possa funcionar bem para a promoção mútua dos dois países e, sobretudo, o fomento dos destinos de eco / agro / cicloturismo no Brasil e Portugal.

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Brasil

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Brasil

Capela Curial de SĂŁo Francisco visitados no estado de Minas Ge Hebert JĂşnior

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de Assis um dos espaรงos mais erais . 41


Sotaques

A Capel arquite A capel Ceschia decoram

Foto:Hebert JĂşnior

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la Curial de São Francisco de Assis, em Belo Horizonte/MG, faz parte do Conjunto Moderno da Pampulha, projetado pelo eto Oscar Niemeyer e reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade. la modernista de linhas arrojadas, guarda precioso acervo de arte executado pelos artistas Paulo Werneck, Alfredo atti e Cândido Portinari. Este último foi o responsável pela pintura do fundo do presbitério e pelos azulejos que m a edificação, cuja inspiração vem da azulejaria portuguesa.

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Brasil

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Foto:Hebert Júnior


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Brasil

CONGONHAS Hebert Júnior

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Foto:Hebert Júnior


Painel datado de 1965, representando a Ladeira Bom Jesus em Congonhas/MG. A obra, que representa uma das principais vias do arruamento da cidade no período colonial, está localizada no antigo prédio da Radio Difusora de Congonhas, ao lado do Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos.

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Brasil

Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro Hebert Júnior

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Foto:Hebert Júnior


A Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, ou Imperial Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, mais conhecida simplesmente como Igreja da Glória, é uma das principais arquiteturas religiosas coloniais do Rio de Janeiro. Seu interior possui belos elementos ornamentais, entre os quais estão os painéis lisboetas com pinturas em temas bíblicos, executados na década de 1740 pela oficina do Mestre Valentim de Almeida.

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Capa

Cรกssio Iribarrem Laercio Lacerda

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Cássio Iribarrem Bernardes nasceu em 30 de julho de 1996, em Porto Alegre, atualmente mora na cidade de Viamão/RS. Estudante de Física na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O primeiro contato com o mundo da moda que Cássio teve foi em 2013 ao participar de um curso de modelo e manequim onde Laercio Lacerda ministrava as aulas e fez seu primeiro book fotográfico e entrou para a modellife. Desde então participou de diversas campanhas publicitárias para marcas como Walmart, Vanish e Kildare. Teve sua estreia no teatro na montagem do Efêmeros Teatro de Grupo, na peça “Os Miseráveis” como protagonista no papel de Jean Valjean. Além de “Os Miseráveis”, participa de mais dois projetos com o grupo, sendo um deles um musical onde atua como cantor e multi instrumentista.

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Capa

Fotos e Edição: Laercio Lacerda | Casting: modellife | Make Up: Ana Paula, Marina Ebbesen, Patrícia Bargmann Locação: Boteco Histórico, Casa de Cultura Mário Quintana, Palácio do Governo,Theatro São Pedro

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Portugal

Mundo Fitness Diogo Reis

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Nos últimos anos, tem-se notado uma maior adesão ao exercício físico, refletindo-se no aumento das cadeias de ginásios “low cost”. Com a descida drástica das mensalidades, nestes anos que passaram, deixou de existir o mito que frequentar um ginásio é atividade de luxo. A maior presença do “mundo do fitness” e a alimentação cuidada nas redes sociais, muitas vezes estão ligados a figuras públicas e a e”garantia seletiva” de códigos promocionais para os milhares de seguidores destas, também leva à adoção de um novo estilo de vida mais saudável por parte das pessoas e, isso, é impossivel de não se reparar. Como seria de se esperar, o mundo da moda está altamente conectado a este estilo fit, portanto cada vez mais designers decidem optar por linhas mais desportivas nas suas coleções. No entanto, a aderência a um estilo de vida saudável tem diversos propósitos que não apenas uma melhor saúde, mas também um aspeto estético e mesmo de ócio. Apesar do que foi citado, a grande maior parte das pessoas que se inscrevem num ginásio, têm como principal objetivo reduzir o índice de massa gorda corporal ou aumentar a massa muscular.

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Portugal

Porto ROSANGELA HERBERT

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Portugal

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Portugal

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Brasil

O Cicloturismo e a fotografia sob Cida Silvino

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b a perspectiva feminina

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Brasil

A bicicleta sempre foi algo importante em minha vida. Quando criança fui a primeira de sete irmãos a apre anos. No cotidiano utilizo a bicicleta como meio de transporte. Já nos fins de semana, ela (minha bicicle nos mais diferentes lugares deste país.

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Foto:Cida Silvino


ender a pedalar, Ă ĂŠpoca tinha sete eta) e eu praticamos o cicloturismo

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Brasil

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Foto:Cida Silvino


Pedalar foi a minha primeira paixão. A fotografia surgiu decorrente da primeira. De tanto observar as fotografias de outras pessoas e me frustrar com os resultados obtidos (a maioria das imagens são “selfies” de ciclistas), resolvi fazer fotografias sob minha perspectiva: uma perspectiva feminina!!! Nesta perspectiva insiro as fotografias de paisagens em meus portfólios. Importante salientar que, além de mostrar as regiões por onde pedalo, quero incentivar a prática do cicloturismo. O cicloturismo é uma atividade de contemplação, sem pressa, sem a preocupação com a quilometragem feita e muito menos com a média de velocidade desenvolvida. Cicloviajar é curtir cada momento, conhecer e bater papo com pessoas que moram na região, é apreciar a natureza, o pôr do sol. Viver a vida! Em cada lugar que pedalo as imagens ficam perenes em minha mente abrindo o sorriso quando passo a recordá-las. Difícil explicar para quem está ao meu lado nestes momentos!

O importante é que, por onde pedalo, trago um pedaço que fica guardado em meu coração!

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Foto:Cida Silvino


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Foto:Cida Silvino


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Brasil

Heranças de Portugal – Belém do Pará e Brasil Hernany Fedasi

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O Círio de Nazaré não começou aqui em Belém E tem o Pará todo também Você sabia que o poder da Nossa Senhora de Nazaré, padroeira do Estado do Pará ultrapassa o oceano e chega até Portugal? Sim! Na verdade, a devoção à Nossa Senhora de Nazaré também é herança portuguesa. Inclusive, em fevereiro de 2012 a imagem peregrina de Nossa Sª de Nazaré foi pela primeira vez a Portugal.

Rua portuguesa, rua de Belém

A maioria das ruas do Bairro da Cidade Velha, em Belém, tem o nome de alguma cidade ou personalidade, principalmente, portuguesa e brasileira, tais como: Av. Portugal, Rua de Aveiro, Cidade Irmã, Rua de Óbidos, Rua de Breves, Rua Dr. Assis. Do mesmo modo, existem ruas e cidades em Portugal com nomes referentes à Belém.

Cultura puramente lusitana

O Grêmio Literário Português foi criado em 1867, originalmente para membros de famílias portuguesas em Belém. Até hoje, ele cultiva e mantém as tradições lusitanas na capital paraense. Em seus eventos, por exemplo, constantemente são apresentadas danças típicas de Portugal, e a sede tem 151 anos de muita história.

A Biblioteca Fran Paxeco do Grêmio Recreativo e Literário Português é a terceira biblioteca com livros raros do Brasil; Futebol de duas nações A Tuna Luso Brasileira foi fundada em 1903 por 21 membros portugueses, tendo à sua frente o caixeiro Manoel Nunes da Silva que, ancorado no porto de Belém, comandava sua orquestra que entoava canções para amenizar a saudade de Portugal, o que deu a origem ao nome Tuna, que quer dizer “Grupo de Estudantes que viajam por diversas localidades organizando concertos músicas”. Hoje, ela é um dos times de futebol mais famosos do Pará.

É pau, é pedra. E muita pedra portuguesa Encontramos na arquitetura das principais praças de Belém, no Parque da Residência e em muitas calçadas da cidade as famosas pedras portuguesas, elas se tornaram comuns na paisagem de Belém por causa não só da beleza, mas também pela vantagem econômica, pois não necessitam de muito material para serem colocadas.

Tem belenense em Portugal

Outra curiosidade é que a atual freguesia de era formada por outras freguesias, as quais têm de algumas cidades do estado do Pará, além de Maria de Belém, existiam Benfica, Odivelas e Isabel, são as chamadas cidades irmãs.

Belém nomes Santa Santa

Doces Portuga-Belenenses É lá, também, que encontramos o verdadeiro Pastel de Belém. Digo verdadeiro porque o pastel de Belém é muitas vezes confundido com o pastel de nata, apesar de serem quitutes distintos. O primeiro é um doce exclusivo e patenteado, com um diferencial guardado à sete chaves na Oficina dos Segredos, da tradicional Confeitaria de Belém, atualmente chamada de Pastéis de Belém. Já o pastel de nata é um item específico da gastronomia portuguesa, famosa pelas maravilhas doces dentre suas iguarias. Diversas padarias portuguesas (no Pará e no Brasil) dizem ter chegado perto desse segredo, mas ainda há quem diga que os pastéis de nata sempre serão uma cópia dos pastéis de Belém. Anúncios

Dos 144 municípios do Estado do Pará, 23 desses municípios tem o mesmo nome de cidades ou localidades em Portugal, são eles: Alenquer / Almerim / Alter do Chão / Aveiro / Barcarena / Beja / Belém / Bragança / Chaves Faro / Melgaço / Monte Alegre / Nazaré / Óbidos / Odivelas (Portugal) - São Caetano de Odivelas (Pará) / Oeiras / Ourém / Porto de Mós / Salvaterra / Soure / Vila do Conde / Viseu Cecília Meireles, poeta brasileira, foi quem iniciou a divulgação de Fernando Pessoa em terras brasileiras e também em Portugal, através de Poetas Novos de Portugal (1944) e logo após Casais Monteiro com Fernando Pessoa – Poesia, de 1942).

RICARDO REIS,

um dos heterônimos de Fernando Pessoa, nasceu na cidade do Porto, Portugal, no dia 19 de setembro de 1887. Teve formação em escola de jesuítas e estudou medicina. Monarquista, EXILOUSE no BRASIL, por não concordar com a Proclamação da República Portuguesa. Foi profundo admirador da cultura clássica, tendo estudado latim, grego e mitologia. A obra de Reis é a ode clássica, cheia de princípios aristocráticos. Com a vinda dos portugueses para o Brasil, vieram os seus instrumentos musicais, como o violão, cavaquinho, flauta, sanfona, viola, violino clarineta, violoncelo, contrabaixo, oficleide e o piano.

Muitas coisas “de Belém” podem ser encontradas em uma freguesia portuguesa assim nomeada. Quem visitar esta paróquia civil, em Lisboa, poderá conhecer o monumento Torre de Belém, que fica na praia, também, de Belém, na margem direita do Rio Tejo. Quem nasce nessa freguesia também é chamado de belenense.

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Literatura

DESASSOSSEGO DE UM FINGIDOR Wilson Coêlho

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O poeta português FERNANDO Antônio Nogueira PESSOA (Lisboa, 1888 – id., 1935), escritor compulsivo, cuja obra compõe mais de 30 mil folhas escritas, o equivalente a 60 livros com aproximadamente 500 páginas cada, foi uma multidão de autores. Apesar de ter marcado toda uma geração de escritores portugueses, pouco publicou em vida, ou seja, apenas um livro, Mensagem (1934), e poemas esparsos na imprensa. Em seus escritos, entre poemas e ensaios, chegou a usar 202 nomes diferentes, embora – conforme o pernambucano José Paulo Cavalcanti Filho, autor de “Fernando Pessoa – Quase uma Autobiografia” – somente 127 destes nomes se configuraram como heterônimos, considerando por heterônimo estes “autores” que tinham definido um perfil, inclusive, muitos deles com data de nascimento e morte. Os mais conhecidos dos heterônimos são Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis, além de, é claro, Fernando Pessoa, “ele mesmo”. A criação de inúmeros heterônimos, como possibilidade de um autor assumir seu “eu” em tantos outros “eus”, se inicia em Fernando Pessoa quando tinha apenas 6 anos de idade. Foi nessa época que ele inventou o personagem Chevalier de Pas para escrever cartas a si mesmo, conforme relata em correspondência ao também poeta Adolfo Casais Monteiro, datada de 13 de janeiro de 1935 e publicada em Obras em Prosa, no livro “Os outros eus”. A partir desse momento, que perdurou por toda a sua vida, o poeta, no uso de sua imprescindível inquietude, dá voz e personalidade às alteridades, aos outros de si mesmo, num mundo que se constitui da vontade de se fazer presente no espaço que se abre na escrita para manifestar a disparidade de seus anseios. Apesar de eu ter iniciado citando o livro de 700 páginas que o advogado e membro da Academia Pernambucana de Letras, José Paulo Cavalcanti Filho, escreveu depois de quase uma década de pesquisa sobre o poeta português, a obra aqui em questão é o Livro do Desassossego, do próprio Fernando Pessoa, embora assinado por outro de seus heterônimos, Bernardo Soares, o ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa. Na verdade, conforme Pessoa, Bernardo Soares não era um heterônimo autônomo, ou seja, não passava de um semiheterônimo, considerando que – na medida em que não era a personalidade do autor e, tampouco diferente deste – tratava-se de uma espécie de mutilação do poeta. Muitas das reflexões estéticas e existenciais, como as situações de tédio e angústia, rincões explorados por Bernardo Soares, podem coincidir com uma autobiografia de Fernando Pessoa, mas não se pode confundir o criador com a criatura. O Livro do desassossego, na necessidade de se definir como um gênero da literatura, é entendido como um romance, o único de Fernando Pessoa. Sob determinado prisma, trata-se de um anti-romance, tendo em vista a sua composição narrativa com falta de um enredo, repleta de estilhaços de paixão, confissões privadas, devaneios, fulgurações e inusitados momentos revelados de autobiografia. No emaranhado dos textos que compõe o Desassossego e, como uma proposta de elucidar estados psíquicos, o autor faz descrições irreais tanto em relação ao tempo quanto aos espaços, como é o caso de Na floresta do alheamento e Viagem nunca feita. O autor também explora visões idealizadas de mulheres assexuadas, a partir de trechos de Nossa Senhora do Silêncio e Glorificação das estéreis. Transitando entre reis, rainhas, cortejos e palácios, o livro perpassa por situações ilustradas de imagens orientais e medievais, em Lenda imperial e Marcha fúnebre para o Rei Luís Segundo da Baviera. O romance, com primeira edição sido datada de 1982, 47 anos depois da morte do autor, de certa forma, é uma espécie de crônica da obra anunciada que se revela na publicação da primeira prosa assinada como Fernando Pessoa, ele mesmo, em Na floresta do alheamento. Neste texto, ele proclama: “Ó felicidade baça!... O eterno estar no bifurcar dos caminhos!... Eu sonho com alguém e por detrás de minha atenção sonha comigo alguém... E talvez eu não seja senão um sonho desse Alguém que não existe...”

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Literatura

O romance (ou anti-romance) Livro do Desassossego, conforme Richard Zenith, organizador da referida edição – entendido como “um não-livro dentro da nãobiblioteca” e, ainda, como um “sintomático embaraço do autor”, pode ser lido a partir de dois temas que são referenciais à obra do poeta lusitano. Por um lado, a ideia da poesia (o poeta é um fingidor) e, por outro, a viagem (navegar é preciso). No caso do poeta, como o fingidor, o Desassossego reafirma sua condição de viver o desafio do funâmbulo no fio da navalha entre razão e paixão. Quanto à viagem, o necessário não é viver, tendo em vista que navegar é criar. Não se trata de meramente gozar a vida, mas torná-la grande na medida em que o corpo e a alma se tornem lenha dessa fogueira. E, no entanto, de acordo com o autor (ou os autores), o Livro do desassossego é uma obra de caráter provisório, indefinido e em permanente transição. Essa condição de provisoriedade se dá quase como uma promessa ou intenção de – em algum momento – rever e organizar os fragmentos. Nunca houve coragem, disposição ou paciência para se realizar tal tarefa. Muito pelo contrário, o que aconteceu foi uma inserção de diversos textos recheados de especulações filosóficas, questões estéticas, avaliações sociológicas, observações literárias, além de máximas e aforismos. Numa carta a Cortes-Rodrigues, datada de setembro de 1914, Pessoa confessa ter o projeto escapado de suas mãos, afirmando o Livro do desassossego como uma produção doentia que complexamente e tortuosamente avançava autônoma, como se andasse por conta própria. Uma obra escrita por muitas mãos que, além de Bernardo Soares e Fernando Pessoa, ainda contou com diversas citações e contribuições de desassossegados como o Barão de Teive, Vicente Guedes e tantos outros que – apesar da vida como afirmação – fazem da literatura uma maneira mais agradável de ignorá-la.

HETERÔNIMOS RICARDO REIS nasceu em 1887 (...), no Porto, é médico e está presentemente no Brasil. Era um pouco, mas muito pouco, mais baixo, mais forte, mais seco. Da cor de um vago moreno malte. Educado num colégio de jesuítas é, como disse, médico; vivendo no Brasil desde 1919, tendo se expatriado espontaneamente por ser monarquista. É um latinista por educação alheia, e um semi-helenista por opção, ou seja, educação própria. ALBERTO CAEIRO nasceu em Lisboa, no ano de 1889, mas viveu quase toda a sua vida no campo e morreu em 1915. Não teve profissão nem educação quase nenhuma. Só instrução primária; morreram cedo pai e mãe, e deixou-se ficar em casa, vivendo de uns pequenos rendimentos. Vivia com uma tia velha, tia-avó. Era de estatura média e embora realmente frágil e tendo morrido de tuberculose, “não parecia tão frágil como eu”, no dizer de Fernando Pessoa. Um louro sem cor, olhos azuis. ÁLVARO DE CAMPOS nasceu em Tavira, no dia 15 de outubro de 1890 (...). Era engenheiro naval (por Glasgow), mas viveu em inatividade, na cidade de Lisboa. Era alto (1,75 m de altura, conforme Fernando Pessoa, dois cm mais do que ele), magro e com uma pequena tendência a curvar-se. Entre branco e moreno, tipo vagamente de judeu português, porém, com cabelo liso e normalmente repartido de lado, monóculo. Teve uma educação vulgar de liceu; depois foi mandado para a Escócia para estudar engenharia, primeiro, mecânica e, depois, naval.

Foto: António Proença Produção : MO - Modus Operandi Modelo: Sara Rodrigues e Américo Ferreira Makeup: Cristina Ferreira e Trina Leigo Stylist: Fernando Nogueira

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Literatura

Mais de uma forma de entender os sinais Marlus Alvarenga 80

Foto: Ifsantag


Dona Ana era sagaz. Na altura dos 60, ela não se importava muito mais com o que lhe saísse da boca para fora. De hora, uma vez que quisesse, ela pegava tudo que achava importante e se enfiava pela cidade sem esquinas. Era uma tarde cinzenta de céu espaçado onde um bafo de ouro abrilhantava o final da tela que se pintava sobre o capô do carro, ao se despedir de um café especial. Duas vezes antes, passado tempo com suas filhas, era mais fácil se questionar o seu papel no mundo: qual era sua função, agora que não lhe restava muito o que trabalhar, muito o que sonhar? Desprezava limitações, enjoava das pessoas anteriores, queria a vanguarda dos sons e dos batuques que trilhava na estrada, catando versos aqui e ali, criando letras e remando em uma pista conhecida, seu penar. Como um papel antigo, daqueles que pareciam encobrir vinis velhos, para evitar os arranhões da existência, fazia-se entender as novidades que a cercavam. Três meses antes ela não pensaria em ser mais a mesma, era uma mutante. Estava sempre em construção. Por falta de tempero na pele que contava histórias, uma vez mais lhe perguntavam por que algures ela sombreava tanto os olhos, já que para quem via, não existia sentido nisso. Era pra mim, é por mim, fala Ana para si, cansada de tatear respostas. O passar dos anos parece fazer mais diferença para quem vê do que para quem sente. Algumas vezes, lembrava de deixar a invisibilidade de lado. O corrimão do museu era gelado além do esperado, isso lhe doía as juntas. Não havia mais tempo para reclamar. Ana, decidida a ser, desistiu de se fazer estar. Nem todos os móveis combinam com todas as salas e não seria ela um abajur de alta classe, pairando na poeira de canto, escutando ruído de passos. Na regalia das cinco da tarde, lhe passava pela cabeça aquecer o corpo com chá e amigos. O chá ela tinha certeza onde comprava. A solidão de ser quem se é não é uma coisa por toda, ruim: lembra-se quando jovem, uma brincadeira entre amigos, hippies e sambistas tocavam à porta de sua janela, acordando Ana ao som das flautas, violas e vozes. Nada é tão bonito assim, o contemporâneo lhe perdeu cor e deu voz ao ocre, ao escuro. Nem todos são flores. A vida era um fractal de ilusões as quais, nem sempre, Ana enxergava o prisma das cores. Uma dor nas costas parecia apontar para as dozes vértebras do tórax cansado, e não era possível que lhe doía tanto àquela hora do dia. Porém, o que mais lhe corrompia era a dor do treze. Todo mês, no décimo terceiro nascer do sol, ela pensava que ia terminar e se esvair por ali. Era só mais um dia comum, de número cabalístico cheio de conotações de azar. Abria o horóscopo, lia sobre ter que beber água e não usar a cor púrpura. Achava banal tudo aquilo, ainda mais quando seu pensamento se perdia no despetalar de uma orquídea no jardim. Tão bela. Tão viva, tão aveludada... mas presa. Presa naquele tronco, amarrada com arames de construção que a vizinha colocara ardilosamente para não despencar, não parecia para Ana que a orquídea dizia algo além dela. Então, nesse treze, ela decidiu que não mais. Não mais se prenderia à foto antiga na mesa, amarelada de outros outonos. Tentaria não lembrar que a filha, que se foi no dia treze aos trezes anos, muda, sangrada por um carro como um porco por uma faca, era como aquela flor: tinha muito mais a dizer se estivesse livre. E agora, um inverno tremenda a surgir, o sol na cabeça ainda ilumina a vontade de existir. A mesa da vida não solicitou reservas.

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Portugal

Devaneios Antรณnio Proenรงa

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Portugal

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Publicidade

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Portugal

Foto: Antรณnio Proenรงa

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| Modelo :

Rosemary Borges

| Makeup / Hairstyler : Rosangela Borges


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Brasil

Bate Papo digital com LĂşcia Gomes

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Rodrigo Per


rek

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Brasil

Como lhe surgiu a ideia de criar um blog sobre moda masculina? “Gosto muito da Camila Coutinho desde que ela começou o Garotas Estúpidas, achava divertido. Na época, via e resolvi construir um blog com assuntos para rapazes, porém focando nas lojas de departamento. Assim, comecei a interessar-me ainda mais por moda, colocando mais gosto no que visto e em mim próprio.”

O Rodrigo também

tem um canal e um blog.

As duas vias de comunicação social

transmitem a mesma ideia?

“Tenho sim! Mas credo, não assistiu ainda?” - disse Rodrigo com tom de brincadeira. “Abordo assuntos de moda, beleza, entre outras coisas referentes ao universo masculino.”

Quando foi o seu primeiro contacto com a moda masculina? “Acho que começou no início da minha fase adulta. Basicamente quando comecei a prestar mais atenção à forma como as roupas ficavam no meu corpo, no meu corte de cabelo…essas coisas que não ligava antes.”

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O Rodrigo inspira-se em alguém em particular na hora de se vestir? “Inspiro-me em moda de rua mesmo! Às vezes, vejo algo que acho legal e tento incorporá-lo no meu estilo.”

Para si, quais são as peças indispensáveis no guarda-roupa masculino? “Acredito que um bom par de calças jeans, uma camiseta branca, outra preta, um par de sapatilhas branco e um de botas chelsea. São peças coringa, base, para construir imensos looks.”

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Brasil

Qual o designer de moda masculina que mais gosta? “Gosto muito do Jeremy Scott. Especialmente das suas criações para a Moschino.”

Conhece algum designer português? “Serei bem sincero e dizer que não, não conheço. Pelo menos que me lembre agora.” Quem são os outros blogueiros internacionais que o Rodrigo admira? “O Valentin Benet e Daniel (Magic Fox) são dois que gosto bastante.”

Na sua perspetiva, qual é a maior diferença entre a moda masculina brasileira e portuguesa? “Os brasileiros são um pouco caricatos, acredito eu. Os homens estão a preocupar-se mais com a moda, mas desde há pouco tempo. Já os homens portugueses têm uma maior liberdade…pelo menos, é o que tenho vindo a perceber.”

Você conhece Portugal?

“Nunca viajei para fora do Brasil, mas ainda quero conhecer Portugal, com certeza.”

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Brasil

Expedição Serra do Espinhaço, a Cor de Bicicleta Fabiano Zig 94


Serra doCaraรงa

rdilheira Brasileira,

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Brasil

Episódio 1 Trecho Ouro Branco - Nossa Senhora do Carmo – Minas Gerais

Há muito tempo uma vontade imensa de realizar algo grandioso e ousado, que me desse um sentido maior à vida, b em meu ser. Mais que apenas conhecer lugares, eu queria viver, sentir e aprender com essa experiência. Assim Expedição Serra do Espinhaço, a Cordilheira Brasileira de Bicicleta.

No final de 2013 juntei minhas três paixões – a bicicleta, as montanhas e a fotografia – e realizei o sonho. meses de cicloviagem, percorrendo cerca de 1900 km entre as cidades de Ouro Branco, em Minas Gerais, e Xique sertão baiano, às margens do rio São Francisco, sempre com a cordilheira em minha companhia.

Roteiro traçado, bicicleta revisada, orçamento baixíssimo e condicionamento físico daquele jeito mais ou menos.. 13 de dezembro de 2013, partimos eu e Jack, a minha bicicleta. Não sou atleta, mas minha vontade e determinaçã reais, que me permitiriam superar qualquer dificuldade.

Nessa primeira etapa da expedição, percorri o Caminho dos Diamantes da Estrada Real. Para quem é novato em viagen distância de bicicleta, os roteiros da Estrada Real são excelentes: há estrutura disponível, com informações e detalhados, traz um pouco mais de confiança. Costumo dizer que nessa etapa eu quase não pedalei. Isso mesmo, Minas Gerais são tantas serras, tantas subidas e descidas, que, para encarar uma pirambeira, eu empurrava a Ja acima com 40 kg de equipamentos; para descer, iana banguela. Ou seja, não pedalava... Mas isso aconteceu apenas n semana. Com o tempo, o corpo vai gradativamente ganhando condicionamento. E perdendo alguns quilinhos também.

Já nesses primeiros dias da expedição, percebi o quanto o povo mineiro é generoso. Em alguns momentos eu batia alguém para pedir uma informação sobre o trajeto ou as peculiaridades da região e, além das respostas, ainda almoço, um café e até hospedagem. De uma forma muito carinhosa, com o único interesse de me ajudar e assim faze expedição também. Quando eu respondia as perguntas sobre de onde eu vinha e para onde estava indo, a reação er mesma: “tá animado”. Ao perguntar sobre algum lugar, estrada ou caminho, eu também ouvia sempre a mesma resposta ali”, acompanhada de um movimento do queixo na direção do lugar. Logo entendi que esse “é logo ali” era algo que encontrar dali a 5, 10, 30 ou 50 minutos, à esquerda ou à direita... Mas no final sempre dava certo!

Em uma semana de viagem, eu já havia passado por Ouro Branco, Ouro Preto, Mariana, Camargos, Bento Rodrigues, Ca Santa Bárbara, Bom Jesus do Amparo e Ipoema, cidade essa que tem o Troperismo como símbolo. Em Ipoema fiquei ho Pousada Tropeiro Real, do meu amigo fotógrafo Roneijober, e o que era para ser apenas um pernoite virou uma de quatro dias, devido às fortes chuvas que assolavam a região, transbordando os rios, derrubando pontes e ba impedindo, assim, o progresso da expedição. No quarto dia de espera, não aguentei mais e decidi que, com ou se viagem iria continuar. E, enfrentando lama, muita lama e mais um pouco de lama, segui rumo a Morro do Pilar, ond a noite de Natal.

Início em Ouro Branco MG

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batia forte formatei a

Foram dois e-Xique, no

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Muita lama Ipoema MG

Ouro Preto

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Brasil

Estrada de Ferro daVale em Catas Altas

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Publicidade

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Moradores de Ouro Branco

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Almoço Família Cardoso em Camarg


gos MG

Ouro Branco MG

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Brasil

FamĂ­lia Cardoso em Camargos MG

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Sotaques

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