Revista Sotaques Brasil Portugal Nº 17 Junho

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Sotaques

Junho|2017 Nยบ 17| Gratuito

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Sotaques

Urbanus O que é ser “urbano” nos dias de hoje? Nesta edição, vamos passear pelas belas ruas da cidade do Porto em Portugal, e pelos lindos lugares brasileiros do Rio de Janeiro e Porto Alegre. Já as ruas do Porto revelam que a invicta está cada vez mais na moda, urbana e atual! Nesta cidade encontram-se cantinhos para todos os gostos e estilos, o que se pode conferir num editorial realizado numa das suas ruas mais movimentadas. Das terras de Veracruz, Herbet Júnior fala um pouco sobre a aquitetura e urbanismos da cidade maravilhosa, mais conhecida como Rio de Janeiro. Do sul do Brasil, temos Laércio Lacerda que mostra que o Palácio Piratini é um dos patrimónios urbanos do Rio Grande do Sul. O historiador Tony Leão da Costa traz um pouco mais de cultura urbana e Pablo Silva brinda-nos com o poema “Luzes Mecânicas “.

Diretor: António Bernardini Colaboradores Portugal: Arlequim Bernardini , Jon Bagt , Agostinho Oliveira , António Almeida Santos, Bárbara Bernardini Colaboradores Brasil: Hernany Fedasi, Hebert Júnior , Pablo Santos, Rô Mierling, Laercio Lacerda Revista On-line Sotaques Brasil Portugal Propriedade: Atlas Violeta Associação Cultural ISSN: 2183-3028 Tel. 351 917 852 955 www.sotaques.pt |www.facebook.com/sotaques 2


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|Arlequim Bernardini

Editorial : Urbanus Diretor criativo: Arlequim Bernardini Produção: Arlequim Bernardini e Agostinho Oliveira Fotografia: Nelson Garcia Styling: Agostinho Oliveira Hair :Carla Canhola Make-up: Mariana Lopes Modelo: Eva Garrido Roupa e Acessórios : Ana Vasconcelos Local: Rua de Santa Catrina - Porto – Portugal 4


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“Não basta passear pelas cidades, temos que lançar e criar tendências”. Apresentamos, assim, a jovem modelo, Eva Garrido, num editorial para a Revista Sotaques. Eva, uma jovem que anda sempre na moda, escolheu a cidade do Porto para dar início à sua carreira como modelo fotográfico. Como a Revista Sotaques aposta no talento dos mais jovens, demos uma pequena ajuda e produzimos este editorial.

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A Rua de Santa Catarina é um arruamento situado nas freguesias de Santo Ildefonso e Bonfim da cidade do Porto, em Portugal. É a artéria mais comercial da Baixa do Porto, estando grande parte dela hoje vedada ao trânsito automóvel e reservada apenas a peões. 9


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A Capela da Almas ou Capela de Santa Catarina (freguesia de Santo Ildefonso), fica situada na rua de Santa Catarina (uma das principais artérias comerciais e ponto de visita obrigatório), na cidade do Porto. A sua construção data dos princípios do séc. XVIII. O revestimento é constituído por 15.947 azulejos, da autoria de Eduardo Leite, que cobrem cerca de 360 metros. 13


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Literatura

|Pablo Santos

Aos ventos que hão de vir; Arrastando o ar miscigenado, Em DNA singular, Candango, Onde a urbis é o inspirar. Alenta-se os monumentos, Da Catedral a Torre Digital, Excede-se o natural, Da Ponte JK aos Ministérios. Ascende vermelho-pungente, Barro que adentra a cosmopolita Noite que cega, luzes mecânicas. Além das asas sul e norte, E eixos desconcertantes, paira, Há algo utópico, centros brasilienses.

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Foto : Suellen Suky


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Brasil

|Hebert Júnior

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Foto: Hebert Júnior


Vista parcial do Aqueduto da Carioca, também conhecido como "Arcos da Lapa". Considerada como a obra arquitetónica de maior porte empreendida no Brasil durante o período colonial, é hoje um dos cartões postais da cidade, símbolo da região boémia da Lapa.

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Foto: Hebert Júnior


Um dos mais imponentes e belos prédios do Rio de Janeiro, o Theatro Municipal é considerado a principal casa de espetáculos do Brasil e uma das mais importantes da América do Sul. Inaugurado em 1909, durante a prefeitura de Pereira Passos, como parte do conjunto arquitetónico das obras de reurbanização do Rio de Janeiro e abertura da Avenida Central. Exerce importante papel para a cultura carioca e nacional, e recebe os maiores artistas internacionais, assim como os principais nomes brasileiros, da dança, da música e da ópera.

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Foto: Hebert Júnior


O Mural Etnias, possui cerca de 15 metros de altura e 170 metros de comprimento, foi pintado pelo artista Eduardo Kobra, em virtude dos Jogos Olímpicos de 2016. Situa-se no Boulevard Olímpico e seu principal tema é a união dos povos da terra e da diversidade dos grupos étnicos dos cinco continentes. O mural retrata um povo de cada continente: os huli, da Nova Guiné; os mursi, da Etiópia; os kayin, do Myanmar e da Tailândia; os supi, da Lapônia; e os tapajós, do Brasil. No dia 22 de agosto de 2016, o painel, com cerca de 2,6 mil m², foi reconhecido pelo Livro Guinness dos Recordes como o maior grafite do mundo.

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Foto: Hebert Júnior


Museu do Amanhã, projeto do arquiteto espanhol Santiago Calatrava, foi na zona portuária do Rio de Janeiro e inaugurado em 2015. O edifício conta com espinhas solares que se movem ao longo da clarabóia, projetada para adaptar-se às mudanças das condições ambientais. A exposição principal é maioritariamente digital e foca em ideias ao invés de objetos. O museu recebeu por doação a escultura Puffed Star II, do renomado artista norte-americano Frank Stella. O trabalho consiste em uma estrela de vinte pontas e seis metros de diâmetro que foi instalado no espelho d’água do museu, em frente à Baía de Guanabara.

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A Escadaria Selarón é uma obra arquitetónica localizada entre os bairros de Santa Teresa e Lapa, decorada pelo artista chileno radicado no Brasil, Jorge Selarón, que declarou-a como uma “homenagem ao povo brasileiro”. A obra já foi mencionada em várias revistas famosas, jornais, programas de viagens, documentários, comerciais, reality show e clipes musicais. 26

Foto: Hebert Júnior


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Literatura

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|Hernany Fedasi

Cultura Urbana com SOTAQUES Noite de brisa morna e céu estrelado em uma viela modestamente iluminada da Terra Firme, bairro da periferia da cidade de Belém do Pará, Norte do Brasil. Bandeirolas “de São João” enfeitam a frente de estreitas casas de alvenaria e palafitas de madeira, apoiadas umas nas outras na ruazinha que serpenteia ao infinito. Crianças correm de um lado ao outro apreciando o movimento e soltando foguetinhos barulhentos. É início da “quadra junina” e a rua está cheia. Vai ter boi-bumbá, quadrilha, dança afro, forró, toadas, tecnomelody e comes e bebes. Mãe Ray é quem comanda a festa. Moradora do bairro desde que aquelas ruas eram ainda pontes improvisadas de madeira, que se equilibravam sobre “igarapés” e alagados. Lá, ela assentou sua Casa de Mina a mais de 35 anos. E junto com a manifestação religiosa de matriz africana, ela também passou a organizar todo tipo de atividade cultural. Fundou “quadrilhas juninas” (grupos de danças típicas da chamada “quadra junina” no Brasil), organizou um grupo de dança afro chamado “Guerreiros de Obaluaê” e é muito conhecida por ser “botadora” boibumbá. A história do folguedo do boi-bumbá no Brasil se perde nos séculos de nossa formação colonial, na presença negra e indígena e no desenvolvimento das culturas populares de grupos marginais. De norte a sul do país encontramos diversos tipos de “bois”, com características regionais próprias. No estado do Pará a brincadeira recebe o nome de “boi-bumba”, expressão que faz alusão provável à palavra africana bumba: “instrumento de percussão, tambor, que pode derivar do quicongo mbumba, bater”, como nos diz o folclorista Vicente Salles no livro “O negro na formação da sociedade paraense”. No caso de Mãe Ray, o folguedo adquire formas bem particularidades. Além do “boi”,

propriamente dito, ela cria outros “bichos” como o “cavalo-bumbá”, o “gato-bumbá”, o “cachorro-bumbá” e o “pássaro-bumbá”. Naquele dia a festa era dedicada ao “batizado” do Boi Atrevido, novo bumbá que passaria a ser administrado por dois jovens moradores do bairro, Kauê Silva e Josy Alves. Os dois haviam sido incumbidos por Mãe Ray de assumirem o folguedo e o colocarem na rua, para “fazer um trabalho atuante no bairro visando estabelecer uma relação sociocultural criativa e independente”, como me contou Kauê Silva. A honrosa e difícil missão foi dada aos dois jovens quando eles conheceram Mãe Ray durante as atividades da “Primeira Conferência Livre de Cultura da Terra Firme”, realizada em março de 2017. A conferência, por sua vez, foi organizada por vários grupos culturais e estudantis do bairro e buscava conectar novos e velhos agentes da cultura periférica em um projeto de afirmação política e cidadania. Na noite do batizado do Boi Atrevido, além dos moradores do bairro, muitas pessoas de outras áreas estavam presentes; gentes de outras periferias e até mesmo algumas pessoas do “centro” de Belém. Presentes também indivíduos ligados a outros grupos de cultura, bois, grupos de dança, coletivos culturais, juventude atuante no movimento negro, movimento estudantil, hip hop, etc. Em suma, estava presente uma nova geração de ativistas culturais e políticos do bairro da Terra Firme, que nos últimos anos tem exercido a cidadania a partir de atuação em ocupações de escolas, em coletivos de ativistas, conectados nas redes sociais e na rua com os debates públicos, políticos e comportamentais ocorridos no Brasil dos últimos anos.

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Literatura

Aquele evento era representativo das formas que as culturas urbanas assumem em Belém do Pará no dias atuais. Nos últimos anos inúmeros movimentos de ocupação urbana, que envolvem ativismo cultural e ativismo político, ao mesmo tempo, se fizeram presentes na cidade. Alguns desses podem ser citados rapidamente, como é o caso do Batuque do Mercado de São Brás e da Batalha de São Brás, que ocorriam em um bairro não muito distante de onde o Boi Atrevido foi “batizado”. O Batuque do Mercado de São Brás era realizado às sextas-feiras na Praça Floriano Peixoto (conhecida por todos apenas como Praça do Mercado de São Brás). Uma região marcada pela presença de muitos moradores de rua, violência urbana e exclusão, grande fluxo de pessoas e veículos, às proximidades do Terminal Rodoviário de Belém do Pará. O evento se caracterizava pela ocupação extraoficial da praça pública por artistas, músicos, poetas, intelectuais, etc., onde também ocorriam ocasionais apresentações de bois-bumbás, carimbós, hip hop, etc. E muitas vezes eram realizadas edições temáticas que rememoravam datas políticas importantes como, por exemplo, o “Batuque da Consciência Negra”, feito em parceria com o movimento negro às proximidades do 20 de Novembro, data que lembra a morte de Zumbi dos Palmares e simboliza a luta dos negros e negras pela liberdade no Brasil. No mesmo espaço ocorria também um movimento ligado à cultura hip hop que ficou conhecido como Batalha de São Brás. Tratava-se da reunião de jovens MCs, acompanhados de uma caixa de som, que disputavam as melhores rimas a partir de temas escolhidos na hora. A Batalha de São Brás aos poucos passou a reunir uma juventude que vinha de vários bairros da periferia de Belém e tornou-se em poucos anos um dos pontos de encontro centrais da cultura hip hop dentro da cidade e da região. Muitos desses movimentos mais cedo ou mais tarde sofreram algum tipo repressão por parte dos poderes oficiais, com a presença ostensiva da polícia militar e guardas municipais que quase sempre incompreendiam tais manifestações e as reprimiam. Isso causou um enfraquecimento de alguns desses eventos, tendo levado ao fim de parte deles, mas, ao mesmo tempo, levou à expansão e migração para outras áreas da cidade, assim como, ao surgimento e consolidação de vários artistas que hoje vivem da música, do rap e permanecem atuando em Belém e outras regiões. 30

Em todos esses eventos ocorria uma intervenção político-cultural efetiva no espaço urbano, uma espécie de re-apropriação da cidade, uma republicização do espaço público deteriorado. Efetivamente as culturas urbanas e as culturas populares e periféricas não desaparecem. Nem mesmo com a repressão policial, o preconceito e a estigmatização feita sobre elas pelo pensamento hegemônico. A cidade é tomada de tempos em tempos por velhos e novos movimentos políticoculturais que se manifestam pela territorialização e re-territorialização da cidadania ou, melhor dizendo, pela “tomada” do espaço público, onde se diz, através de arte, de folguedos como o boi-bumbá, dos batuques, da música, do rap, dos corpos e performances “marginais”, que a cidade deve ser de todos e todas. No caso de Belém do Pará, assim como ocorre em muitas outras cidade do Brasil, as culturas urbanas, e as culturas populares e periféricas em particular, reconstroem-se e se reconectam. Seja quando um grupo de hip hop se manifesta nas praças com suas batalhas de MCs, seja quando um batuque incorpora as demandas políticas da sociedade e relembra as grandes lutas populares. E, mais significativo ainda, quando uma Mãe de Casa de Mina da periferia da cidade, batiza um novo boi-bumbá, entrega-o a novos “amos”, bem mais jovens, que terão a tarefa de conectar gerações, manter a tradição ao mesmo tempo em que renovam as manifestações populares e as festas de rua da periferia. Estabelece-se nesses casos um diálogo cada vez mais necessário entre o velho e o novo, a tradição e a globalidade, a luta pelo direita à cidade e à cidadania entre várias gerações das periferias urbanas do Brasil. As culturas urbanas são antes de tudo formas de uso cidadão da cidade. E, muitas vezes, alertam para as cisões sociais, para as marginalidades e desigualdades e dão voz aos sujeitos e sujeitas que de outra forma não se fariam ouvir pela cultura hegemônica. Tony Leão da Costa. Historiador, professor da Universidade do Estado do Pará, integrante do Boi Marronzinho e Boi da Terra (bairro da Terra Firme), ex-organizador do Batuque do Mercado de São Brás, ativista cultural em Belém do Pará.


www.facebook.com/atlasvioleta


Moda

|Laércio Lacerda

Casting: ModelLife Fotos e Edição: Laércio Lacerda Make Up: Rosana Lima, Brunna Lopes e Douglas Piton Locação: Arredores Palácio Piratini (Governo do Estado) Modelos: Brunna Lopes Douglas Piton Jorgiane Ribeiro Julia Longaray Junior Oliveira Mayumi Oyama Nicole Iglesias Roberto Rios

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