Animal Business Brasil 14

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Ano 04 - Número 14 - 2014 - R$ 12,00 www.animalbusinessbrasil.agr.br

Regiões demarcadas

Paulo Protasio, diretor da SNA, desenvolve trabalho pioneiro na comercialização de produtos da agropecuária

Rondônia

O maior produtor de peixes de água doce do Brasil

Veterinária militar

A medicina veterinária brasileira começou no Exército


A AGRICULTURA É A BOLA DA VEZ

Pelé (Embaixador do Time Agro Brasil)

Fruto de uma parceria da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) com o Sebrae, o Time Agro Brasil entrou em campo para transformar a agropecuária brasileira em um time campeão. Para isso, o produtor rural está sendo treinado nas mais avançadas tecnologias para modernizar a sua produção, sempre com foco na sustentabilidade. Cursos, palestras, programas de capacitação estão sendo realizados em todo o Brasil para tornar o produtor rural um craque ainda maior na agropecuária, tendo como embaixador o maior craque de todos os campos: Pelé. Time Agro Brasil. Campeão na produção com preservação ambiental.

www.timeagrobrasil.com.br


uma publicação da:

A

Medicina Veterinária brasileira deve muito ao Exército, notadamente ao Capitão Médico João Muniz (Moniz) de Aragão, fundador da Escola Veterinária do Exército em 1914. Mas o mérito desse baiano nascido em 1874 em Santo Amaro, na época capital da província da Bahia, transcende em muito a fundação da Escola. Ele tem a seu crédito uma série de realizações de relevo como o estudo do Mormo no homem e a sobrevivência do rebanho equino brasileiro, fundamental para a defesa nacional. Muniz de Aragão criou, no começo do século XX um grupo de especialistas em patologia animal e melhorou as condições sanitárias dos quartéis. E, por determinação do presidente da República, Marechal Hermes da Fonseca, organizou, no Ministério da Agricultura, o Serviço de Defesa Sanitária Animal e de Produtos de Origem Animal que, sob o ponto de vista comercial, teve grande repercussão prática. Podendo assegurar a qualidade dos produtos, o Brasil tornou-se um dos maiores exportadores de carne bovina. A matéria de capa desta 14ª edição da Animal Business-Brasil, assinada pelo Coronel Médico Veterinário Edino Camoleze conta, em detalhes,“O pioneirismo da veterinária militar brasileira” e os muitos e importantes serviços que vêm sendo prestados ao País através dos tempos. Outra matéria que destacamos por suas implicações no aumento da renda do fabricante de produtos de origem animal, é a que trata das “regiões demarcadas”, de autoria do estudioso do

assunto, Dr. Paulo Protasio, diretor da SNA sob o título “Produtos de regiões demarcadas conquistam personalidade própria e vendem melhor”. No Primeiro Mundo, isso não é novidade. Queijos franceses e suíços, por exemplo, indicam, no rótulo, a região onde são fabricados e isso agrega valor. O mesmo acontece com os famosos presuntos italianos e muitos outros produtos dos diversos países do mundo. No campo dos produtos de origem vegetal, como os vinhos e os uísques, há séculos acontece o mesmo. Mas no Brasil, “o número de registros de Indicação Geográfica cabe na palma de duas mãos”. O engenheiro-agrônomo Alberto Figueiredo, ex-secretário de Agricultura do RJ, diretor da SNA e produtor de leite, escreve bem fundamentado artigo sobre a importância dos índices nessa atividade. Trata-se de matéria imperdível para os atuais e futuros produtores. “No Oriente Médio, a crescente demanda por trabalhadores da construção civil, originários principalmente da Índia, Paquistão, Bangladesh e demais países asiáticos, influencia o consumo de carne de frango no Golfo Pérsico”. É o que afirma o médico veterinário Thiago Reis Ribeiro da Luz, em matéria enviada diretamente do Qatar. Como sempre, nossa intenção é divulgar matérias de referência, matérias para ler e guardar, assinadas por especialistas, e por produtores bem-sucedidos, com a pretensão de sermos úteis aos nossos leitores.

Luiz Octavio Pires Leal Editor

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Diretoria executiva

Diretoria técnica

Antonio Mello Alvarenga Neto presidente

Francisco José Vilela Santos

Almirante Ibsen de Gusmão Câmara 1º Vice-presidente

Hélio Meirelles Cardoso

Osaná Sócrates de Araújo Almeida 2º Vice-presidente

José Carlos Azevedo de Menezes Luiz Marcus Suplicy Hafers

Joel Naegele 3º Vice-presidente

Ronaldo de Albuquerque

Tito Bruno Bandeira Ryff 4º Vice-presidente

Sérgio Gomes Malta

Alberto Werneck de Figueiredo Antonio Freitas Claudio Caiado John Richard Lewis Thompson Fernando Pimentel Jaime Rotstein José Milton Dallari Katia Aguiar Marcio E. Sette Fortes de Almeida Maria Helena Furtado Mauro Rezende Lopes Paulo M. Protásio Roberto Ferreira S. Pinto

Rony Rodrigues Oliveira Ruy Barreto Filho

COMISSÃO FISCAL Claudine Bichara de Oliveira Maria Cecília Ladeira de Almeida Plácido Marchon Leão Roberto Paraíso Rocha Rui Otavio Andrade

Sociedade Nacional de Agricultura – Fundada em 16 de Janeiro de 1897 – Reconhecida de Utilidade Pública pela Lei nº 3.459 de 16/10/1918 End.: Av. General Justo, 171 – 7º andar – Tel.: (21) 3231-6350 – Fax (21) 2240-4189 – Caixa Postal 1245 – CEP 20021-130 – Rio de Janeiro – Brasil E-mail: sna@sna.agr.br – www.sna.agr.br Escola Wenceslão Bello / FAGRAM – Av. Brasil, 9727 – Penha – CEP: 21030-000 – Rio de Janeiro / RJ – Tel.: (21) 3977-9979

Academia Nacional de Agricultura

Fundador e Patrono:

Octavio Mello Alvarenga

Cadeira 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 Diretor responsável Antonio Mello Alvarenga Neto diretoria@sna.agr.br Editor Luiz Octavio Pires Leal piresleal@globo.com Relações Internacionais Marcio Sette Fortes Consultores Alfredo Navarro de Andrade alfredonavarro@terra.com.br

Patrono Ennes de Souza Moura Brasil Campos da Paz Barão de Capanema Antonino Fialho Wencesláo Bello Sylvio Rangel Pacheco Leão Lauro Muller Miguel Calmon Lyra Castro Augusto Ramos Simões Lopes Eduardo Cotrim Pedro Osório Trajano de Medeiros Paulino Fernandes Fernando Costa Sérgio de Cavalho Gustavo Dutra José Augusto Trindade Ignácio Tosta José Saturnino Brito José Bonifácio Luiz de Queiroz Carlos Moreira Alberto Sampaio Epaminondas de Souza Alberto Torres Carlos Pereira de Sá Fortes Theodoro Peckolt Ricardo de Carvalho Barbosa Rodrigues Gonzaga de Campos Américo Braga Navarro de Andrade Mello Leitão Aristides Caire Vital Brasil Getúlio Vargas Edgard Teixeira Leite Alexandre Moretti cdt@pesagro.rj.gov.br Fernando Roberto de Freitas Almeida freitasalmeida03@yahoo.com.br Roberto Arruda de Souza Lima raslima@usp.br Secretaria Maria Helena Elguesabal adm.diretoria@sna.agr.br Valéria Manhães valeria@sna.agr.br Revisão Andréa Cardoso

Titular Roberto Ferreira da Silva Pinto Jaime Rotstein Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira Francelino Pereira Luiz Marcus Suplicy Hafers Ronaldo de Albuquerque Tito Bruno Bandeira Ryff Lindolpho de Carvalho Dias Flávio Miragaia Perri Joel Naegele Marcus Vinícius Pratini de Moraes Roberto Paulo Cezar de Andrade Rubens Ricúpero Pierre Landolt Antônio Ermírio de Moraes Israel Klabin José Milton Dallari Soares João de Almeida Sampaio Filho Sylvia Wachsner Antônio Delfim Netto Roberto Paraíso Rocha João Carlos Faveret Porto Sérgio Franklin Quintella Senadora Kátia Abreu Antônio Cabrera Mano Filho Jório Dauster Elizabeth Maria Mercier Querido Farina Antonio Melo Alvarenga Neto Ibsen de Gusmão Câmara John Richard Lewis Thompson José Carlos Azevedo de Menezes Afonso Arinos de Mello Franco Roberto Rodrigues João Carlos de Souza Meirelles Fábio de Salles Meirelles Leopoldo Garcia Brandão Alysson Paolinelli Osaná Sócrates de Araújo Almeida Denise Frossard Luís Carlos Guedes Pinto Erling Lorentzen Diagramação e Arte I Graficci Comunicação e Design igraficci@igraficci.com.br CAPA Luiz Octavio Pires Leal Produção Gráfica Juvenil Siqueira Circulação DPA Consultores Editoriais Ltda. dpacon@uol.com.br Fone: (11) 3935-5524 Distribuição Nacional FC Comercial

É proibida a reprodução parcial ou total, de qualquer forma, incluindo os meios eletrônicos, sem prévia autorização do editor. O conteúdo das matérias assinadas não reflete, obrigatoriamente, a opinião da Sociedade Nacional de Agricultura. Esta revista foi impressa na Ediouro Gráfica e Editora Ltda. – End.: Rua Nova Jerusalém, 345 – Parte – Maré – CEP: 21042-235 – Rio de Janeiro, RJ – CNPJ (MF) 04.218.430/0001-35 Código ISSN 2237-132X – Tiragem: 15.000

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Sumário

10 06

13 16

34 28

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26 46

58

52

60 66 06 10 13 16 22 26 28

Ambiência e Instalações na Avicultura de Postura Brasileira Avanços e perspectivas Cenários diversificados para o setor de carnes

Ciência e Tecnologia

A importância dos índices na atividade de produção de leite Características do mercado de carne de frango brasileiro no Oriente Médio Roupa especial para cavalos

Celso Garcia Cid: o eterno rei do zebu

34 38 46 52 58 60 66

O pioneirismo da veterinária militar brasileira Produtos de regiões demarcadas conquistam personalidade própria e vendem melhor Pecuária de corte e piscicultura são destaques no agronegócio de Rondônia Faltam navios-fábrica e mão de obra especializada na pesca industrial oceânica brasileira Falta mão de obra nas fazendas leiteiras

Top News

Opinião – Educação e capacitação no agronegócio

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Ambiência e Instalações na Avicultura de Postura Brasileira -

Diogo José de Rezende Coelho

Avanços e perspectivas

Moderna instalação de poedeiras em gaiolas

Profª Ilda F. Ferreira Tinôco, Profª Cecilia de Fátima Souza e Prof. Fernando da Costa Baeta (professores do Depto Eng. Agrícola - Universidade Federal de Viçosa e pesquisadores do AMBIAGRO), e Diogo José de Rezende Coelho e Múcio André dos Santos Alves Mendes (doutorandos e pesquisadores do AMBIAGRO) Por :

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e acordo com a União Brasileira de Avicultura – UBABEF, a produção de ovos de galinha atingiu a marca de 25,8 bilhões de unidades de janeiro a setembro de 2013, valor 9,3% superior ao mesmo período de 2012, sendo o alojamento de poedeiras comerciais da ordem de 66,484 milhões de aves. A avicultura brasileira é hoje uma das atividades econômicas mais importantes do setor agropecuário, sendo que o Brasil se encontra como o quinto maior produtor mundial de ovos, tendo destaque em produção os estados de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo.

Consumo No que diz respeito ao consumo brasileiro contudo, verifica-se que, apesar da elevada produção nacional, o consumo per capita de ovos no país (161,5 ovos/habitante em 2012) ainda é baixo se comparado ao de outros países, como China, Dinamarca, Japão e México, demonstrando que o próprio mercado interno pode vir a ser um cliente em potencial. Em resposta a este fato, as associações brasileiras de produtores iniciaram, no ano de 2013, uma forte campanha em prol do consumo de ovos, a qual deve influenciar de forma positiva a demanda deste produto e, consequentemente, o aumento da produção, tendo como objetivo atingir a marca de 208 ovos/habitante até 2016. Predominantemente nas duas últimas décadas, a tendência dos novos projetos da avicultura de postura brasileira foi crescente na decisão por substituição de granjas de pequeno e médio porte por projetos e manejos mais arrojados, envolvendo granjas de grande capacidade de alojamento, com elevados investimentos. A inovação nas instalações foi essencial para o aumento da produção de ovos e para o estabelecimento dos novos moldes de produção, tornando-se imperativa a utilização e a adoção de sistemas ambientais e de manejo mais eficientes. Assim, embora tenha ocorrido uma elevação no número de aves por unidade de espaço construído, a taxa de ocupação (ave/unidade gaiola), foi mantida dentro dos padrões até então admitidos como possíveis para a preservação de bem-estar animal para boa parte dos centros consumidores do mundo.

Os antigos modelos de produção de ovos estão sendo substituídos por sistemas modernos, mais rentáveis

Galpões antigos

Os galpões construídos de 20 a 30 anos atrás seguiam padrões/design de larguras estreitas, pés-direitos baixos, pequena extensão, sem nenhuma ou parca automação ou sistema de controle do ambiente interno. As gaiolas eram sempre distribuídas em arranjos piramidais, com no máximo 04 gaiolas por ala, sendo que a quantidade e o número de baterias e/ou alas eram em função da área da instalação. O posicionamento das gaiolas não permitia uma sobreposição, uma vez que os dejetos eram acumulados abaixo delas.O fornecimento de ração e coleta dos ovos eram feitos de forma manual, bem como a retirada dos dejetos.

Sistemas modernos O que se verifica na atualidade brasileira é que os referidos antigos modelos de produção estão sendo substituídos por modernos sistemas de produção de ovos, altamente tecnificados, os quais vêm ocupando, aceleradamente, significativa parcela na produção comercial. A estes galpões denomina-se aviários verticais, os quais são 100% automatizados, com comprimentos superiores a 100 metros, larguras de 10 a 15 metros e pé-direito acima de 5 metros. No interior desses alojamentos, as gaiolas são arranjadas em sistemas verticais, ou seja, apresentam-se distribuídas em baterias de até sete níveis de piso, sendo confeccionadas em diferentes materiais. Em grande parte dos aviários que utilizam alta densidade, se tem usado apenas seis níveis de gaiolas, ficando o sétimo disponível caso seja necessária uma redução na densidade de aves por gaiola. Estes aviários são equipados com sistemas automáticos de abastecimento e distribuição uniforme da ração, com a utilização de bicos dosadores. O fornecimento de água é realizado por meio de sistema tipo nipple, o qual é mais econômico, pois fornece a água na quantidade necessária à ave. A coleta de ovos também Animal Business-Brasil_7


é automatizada e é realizada com a utilização de esteiras transportadoras, podendo ser recolhidos em todos os níveis da bateria, simultaneamente ou piso por piso.Os ovos são conduzidos diretamente até a sala de classificação e processamento. O dejeto produzido é acumulado em esteiras, localizadas abaixo de cada nível, em toda extensão das baterias, que conduzem o dejeto para o exterior do aviário, transportados em seguida para o sistema de tratamento do resíduo, sendo que todo o processo ocorre de forma mecanizada. Uma outra opção corresponde à construção de aviários em dois pisos, sendo que no térreo ocorre o acúmulo de esterco advindo das gaiolas do piso superior (primeiro piso) e vertido diretamente ao solo. A retirada de esterco acumulada no piso inferior ocorre em intervalos regulares, geralmente de uma a duas vezes por semana, conforme a disponibilidade e escala de trabalho dos tratores e outros veículos transportadores.

Coleta dos dejetos Comparando-se ambas opções, constata-se que o sistema de coleta de dejetos por esteira, além de reduzir a presença de vetores de doenças, possibilita melhor qualidade do ar interno

dos aviários, em contraste com o que ocorre nas instalações convencionais, onde os dejetos permanecem amontoados nas instalações até o final do ciclo de produção ou até atingir alturas próximas à das gaiolas. Neste sistema atual, os dejetos permanecem no interior da instalação por intervalos curtos de tempo, de 3 a 4 dias, o que diminui a emissão de gases nocivos aos animais e ao homem, a exemplo da amônia.

Aumento da densidade Tais inovações possibilitaram um aumento da densidade de aves nas instalações, viabilizando o alojamento de até 100.000 aves no interior de um único galpão. Estas modificações permitiram a redução drástica da mão de obra e tornou tais atividades mais homogêneas nos aviários. Nas novas instalações, os funcionários responsáveis pelo manejo se limitam basicamente a retirar aves mortas das gaiolas, sendo possível um único funcionário operar dois galpões.

Ventilação No que diz ao acondicionamento ambiental destas novas instalações, em sua grande maioria, são caracterizadas por adoção de sistema

Diogo José de Rezende Coelho

Construção de galpões modernos em estrutura metálica pré-fabricada

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Com a introdução da produção de aves em alta densidade, tornouse fundamental a mudança cultural dos avicultores

de ventilação natural em conjunto com uso de ventiladores e nebulização interna. Devido às dimensões adotadas nesses galpões sua construção é feita em estruturas metálicas ou pórticos em concreto armado, tanto no que diz respeito aos pilares quanto às estruturas de cobertura. As telhas geralmente utilizadas são as metálicas, aço ou alumínio, sem a presença de isolamento térmico ou forro, embora algumas empresas já tenham iniciado construções de galpões com isolantes térmicos na cobertura. Quanto à orientação do abrigo animal, tem-se adotado a orientação leste-oeste, a fim de evitar que o sol entre dentro da instalação e afete desempenho e conforto dos animais. Com a introdução da produção de aves em altas densidades, tornou-se fundamental a mudança cultural por parte dos produtores, os quais passaram a dar maior atenção às condições ambientais internas dos aviários, dentre as quais pode-se destacar o ambiente térmico. A grande maioria dos aviários de postura existentes no Brasil é aberta, contemplados com ventilação natural, importante fator no auxílio do acondicionamento térmico natural. Porém, em regiões nas quais a maior parte do ano a temperatura ambiente é alta, há necessidades de modificações nas instalações, como uso de ventilação artificial e redução da temperatura do ar de ventilação via sistemas de resfriamento adiabático evaporativos, a exemplo de nebulizadores e aspersores. A razão desta preocupação com o arrefecimento térmico é que elevados valores de temperatura e umidade relativa do ar no interior dos aviários, especialmente no verão e nas horas mais quentes do dia, podem limitar a produtividade, afetando o consumo de ração, qualidade, intervalo de postura e tamanho dos ovos, aumentando a mortalidade e, finalmente, comprometendo negativamente todo o desempenho do lote.

Ventilação por pressão negativa Neste sentido, para os modelos de produção de ovos em alta densidade de alojamento, tem sido proposto maior controle do ambiente interno dos aviários via sistemas de ventilação por pressão negativa. Esses sistemas, ainda iniciando implantação em um pequeníssimo número de aviários em todo o território nacional, já estão em testes no Brasil. As modificações realizadas são a utilização de cortinas para fechamento lateral, isolante térmico abaixo da cobertura e uso constante da ventilação artificial, por meio de exaustores (posicionados em uma das extremidades do aviário) os quais forçam a passagem de massas de ar por placas porosas umedecidas (resfriamento adiabático evaporativo) posicionadas na extremidade oposta do aviário. Sistema similar já vem sendo usado há cerca de 20 anos e já está bastante difundido na avicultura de corte industrial do país. Num dos trabalhos pioneiros sobre a avaliação da eficácia deste novo sistema de acondicionamento no ambiente para a avicultura de postura vertical, via ventilação por pressão negativa em modo túnel em sistema híbrido (que permitem aberturas do aviário e consequente uso da ventilação natural sempre que as condições térmicas permitam), pode-se citar as pesquisas em andamento pelo grupo de pesquisadores do Núcleo de Pesquisa em Ambiência e Engenharia de Sistemas Agroindustriais – AMBIAGRO, da Universidade Federal de Viçosa, programa de pós-graduação em Engenharia Agrícola, área de Construções Rurais e Ambiência. Tais pesquisas contam com apoio financeiro da CAPES, CNPq, FAPEMIG, UFV e algumas empresas avícolas do Brasil, além de parcerias da UFV com universidades brasileiras, tais como UFLA, USP - Pirassununga, USP Piracicaba, UNICAMP, UFCG, UFG, alem da University of Illinois - Urbana - Champaign. Resumidamente, objetiva-se avaliar a influência desse novo sistema de ventilação em aviários verticais de postura, no que se refere ao conforto térmico e qualidade do ar, bem-estar, performance produtiva das aves, gasto energético e sustentabilidade de uma forma geral. Presume-se que no período de um ano os resultados já possam ser divulgados, podendo, então, balizar e reorientar as condutas atuais na unidade de produção de ovos de forma sustentável e com respeito à criação de forma mais humanizada. Animal Business-Brasil_9


Cenários diversificados

para o setor de carnes Por:

Fernando Roberto de Freitas Almeida, do Instituto de Estudos Estratégicos, da Universidade Federal Fluminense

O Brasil exportou, em 2013, 1,8 milhão de toneladas de carne bovina in natura, registrando um expressivo aumento de 19,4% frente ao ano anterior

N

um período de oito anos, desde 2005, mesmo descontando a perda de valor da receita das exportações com a inflação, os preços da carne registraram alta de 50%, malgrado todos os percalços do período, como os embargos efetuados por alguns países ao produto brasileiro, quando se detectaram casos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul e no Paraná, ou ter a União Europeia, em 2008, colocado restrições, mantidas até agora, além do caso atípico de doença da vaca louca, no Paraná, em 2012, responsável pela interrupção nas vendas a chineses e sauditas. A Tabela 1 apresenta o desempenho dos valores da carne exportada, desde 2005, até outubro de 2013.

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Tabela 1. Brasil: Preços médios das exportações de carne bovina in natura – 2005-2013 – em US$/ tonelada Ano

Valor

2005

2.228,38

2006

2.557,86

2007

2.710,93

2008

3.916,62

2009

3.263,82

2010

4.058,91

2011

5.083,01

2012

4.754,06

2013

4.495,01

Fonte: Abiec e Secex

Destaque para Hong Kong A Tabela 2 apresenta o desempenho de nossas exportações, por país importador, destacando-se, em primeiro lugar, a cidade de Hong Kong. Curiosamente, em 2013, Hong Kong, uma cidade de 7 milhões de habitantes, ou seja, pouco mais populosa do que o Rio de Janeiro, transformou-se no principal importador da carne bovina brasileira. Em 2012, antes da interdição chinesa, os embarques para Hong Kong tinham subido 17,4% e, em 2011, 14,1%, percentuais importantes, mas


bem distantes do obtido agora. Evidentemente, parcela significativa dessas compras têm como destino final o colossal mercado chinês. Apesar da pressão brasileira, exercida até mesmo em visita oficial do vice-presidente brasileiro ao país asiático, a China ainda resiste a voltar atrás e liberar a importação. Ao que parece, pretende realizar novas visitas técnicas para a inspeção de frigoríficos. Enquanto isso não acontece, os chineses autorizam o ingresso em seu território, a partir de Hong Kong, criando a estranha situação de que a importação é proibida, mas o consumo não é. Tabela 2. Brasil: Principais importadores de carne bovina – 2013 – em mil toneladas Local

Mil toneladas

Hong Kong

360,7

Rússia

306,3

Venezuela

157,0

Egito

144,7

Chile

76,3

Irã

59,0

Fonte: Abiec e USDA

As exportações para países asiáticos compensaram parcialmente as perdas ocorridas nas vendas aos europeus, que foram de 378,1 mil toneladas, em 2006, mas recuaram para 110,2 mil toneladas, até outubro de 2013. No entanto, são mix diferentes de produtos, pois o principal comprador asiático atual, Hong Kong, prefere majoritariamente cortes de dianteiro, com um pouco de cortes de primeira, enquanto a União Europeia é demandadora de cortes nobres de traseiro.

Países emergentes De todo modo, o produto brasileiro vem sendo beneficiado por um processo de ampliação do mercado em países considerados “emergentes” já que, à medida que a renda das famílias sobe, os consumidores estão dispostos a comprar mais de produtos considerados de melhor capacidade nutricional, passando a ingerir maior quantidade de proteína animal. Isto fez com que a Ásia despontasse, num momento em que os europeus, com a redução de subsídios, produzem menos e os Estados Unidos ainda são

Hong Kong, com 7 milhões de habitantes, transformou-se no principal importador de carne bovina brasileira

afetados pela seca vigente no último biênio, que majorou os custos das rações. Para 2014, o governo brasileiro tenciona intensificar esforços, em associação com os grandes produtores de todas as carnes, para que o país continue avançando no mercado externo. Qualidade e capacidade organizacional não faltam, mas é preciso registrar uma atenção cuidadosa para mercados que se fecharam e para aqueles que têm grande potencial, mas por diversos motivos não são ainda clientes dos setores produtores brasileiros. Assim, realizou-se, em fevereiro, uma reunião, na União Brasileira de Avicultura, em São Paulo, do secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, com a direção da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, Abiec, e da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína, a Abipecs. A intenção é incrementar, ainda que sem prazo definido, as vendas externas desses produtos em cerca de um milhão de toneladas. Muito poderá ser feito, em termos de negociações, para derrubar barreiras, como é o caso do mercado indonésio (a Indonésia é o quarto país mais populoso do mundo, com 245 milhões de habitantes), fechado à carne de frango brasileira. Isto ocorre em razão de aquele país adotar um modelo de abate excessivamente exigente. A Câmara de Comércio Exterior, Camex, já autorizou o pedido de abertura de um painel contra os indonésios, na Organização Mundial do Comércio, mas as autoridades da área ainda pretendem esgotar todas as possibilidades de negociação. Tal esforço se deve ao fato de as contas externas brasileiras terem apontado diversos desequilíbrios, em 2013, que precisarão ser eliminados, daqui por diante, atuando em várias frentes. Animal Business-Brasil_11


Mercado norte-americano No mercado dos EUA, por exemplo, o Brasil poderia dispor de uma quota de 65 mil toneladas de carne bovina. Aquele país importa 1,02 milhão de toneladas anualmente e a carne brasileira poderia entrar na denominação de “outros países”, contudo, estados fortes na pecuária americana, como Wyoming, Kansas e Montana, requereram o adiamento da decisão que seria tomada em 21 de fevereiro, para postergar ainda mais a entrada do produto brasileiro. É um ambiente complexo, de negociações difíceis. Em Washington, atuam milhares de lobbies de diversas ordens. Como definiu Lima Campos, na Revista Política Externa (vol. 19, nº 3): Washington D.C. é de fato uma floresta, com mais de 15.000 associações nacionais em funcionamento, representando todos os setores da economia norte-americana e praticamente todas as profissões, além de coalizões temáticas que essas associações formam para influenciar em questões como propriedade intelectual, meio ambiente, abertura de mercados, etc.

Para representar os interesses da Abiec na capital americana, existe a Coalizão Industrial Brasileira, ou BIC, na sigla inglesa. Segundo matéria publicada no jornal Valor Econômico (6/2/2014), essa entidade está procurando conversar com congressistas de estados importadores, em que empresas locais se beneficiam das transações relacionadas ao ingresso de carne bovina. Caso o resultado nos seja favorável, repercutirá positivamente também nos mercados canadense e mexicano.

União Europeia No caso da União Europeia, uma união de Estados nacionais, cada um deles tem uma autoridade específi12_Animal Business-Brasil

Hong Kong

Moscou

ca, convivendo com uma autoridade supranacional, que lhes é superior. Essa organização resulta num mecanismo complexo: cada setor privado, além de suas representações locais, precisa ter representantes em Bruxelas. São registrados mais de 15 mil indivíduos e 3.700 organizações dedicadas ao lobby, além de 178 organizações representativas especificamente dos interesses americanos, o que demonstra a enorme imbricação existente entre os agentes dessas duas imensas economias, que estão agora a discutir uma área de livre comércio que, se constituída, poderá provocar grandes perdas ao Brasil. De fato, um acordo entre a UE e os Estados Unidos, economias que correspondem a 49% do PIB global e 31% dos intercâmbios comerciais, resultaria evidentemente na maior área de livre comércio do mundo, impactando todos os países. Segundo estudo divulgado pela BBC, feito pela Fundação Bertelsmann, as exportações totais brasileiras, caso o país ficasse fora do acordo com a UE, diminuiriam 29,72% para os Estados Unidos e 9,4% para a União, resultando em uma queda de 2,1% no PIB per capita real brasileiro em um prazo entre quinze e vinte anos. Se esse acordo se restringir à eliminação de barreiras tarifárias entre os dois lados, sem a harmonização de normas e padrões, a redução das exportações brasileiras seria de apenas 2,24% para os Estados Unidos e de 3,71% para a UE. Já segundo resultados de outra pesquisa, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria à Fundação Getúlio Vargas, os impactos, em caso de o Brasil poder participar como associado ao acordo comercial, seriam mistos. Em três possibilidades testadas, haveria aumento nas exportações brasileiras, de 102% a 126%, atingindo R$ 95,4 bilhões, enquanto as importações poderiam ser expandidas entre 35% e 54%. O agronegócio brasileiro seria o setor mais beneficiado, enquanto a indústria apresentaria os mais variados resultados, conforme o setor analisado. O cenário próximo, em que sequer se conseguiu superar a crise de 2008, na maior parte do mundo, será de grandes expectativas.


Por: Adeildo

Lopes Cavalcante

Novo tipo de caviar desenvolvido no Brasil O caviar, obtido de ovas da truta arco-íris, é resultado de um projeto da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) que tem por fim fazer daquele produto um substituto, no mercado brasileiro, do tradicional caviar de esturjão. A razão é que esse peixe está em extinção por causa da pesca predatória (excessiva), provocando queda na oferta de caviar para consumo. A grande vantagem do caviar de truta é o preço, segundo estudo da APTA. O custo de 100 gramas é de aproximadamente R$ 65,00; já o importado pode custar de R$ 450,00 a R$ 1.500,00. O produto é composto de 24% a 27% de proteína bruta e teor calórico de cerca de 180 calorias para cada 100 gramas de ovas. Além disso, tem uma boa porcentagem de Ômega seis e Ômega três, considerados essenciais para uma dieta alimentar saudável.

Trata-se da raça Guzolando, fruto de cruzamentos entre animais das raças Guzerá e Holandesa, oriundas, respectivamente, da Índia e da Holanda. Desenvolvida com base em pesquisas realizadas pela Associação dos Criadores de Guzerá do Brasil (ACGB), a nova raça reúne a alta capacidade de produção de leite das vacas holandesas e a rusticidade do gado guzerá (melhor adaptação ao clima tropical e melhor aproveitamento das pastagens grosseiras, tornando o custo de produção do leite mais barato). Segundo pesquisadores da ACGB, uma vaca guzolando tem condições de produzir até 30 litros de leite por dia. Este nível é bem superior à produção média das vacas brasileiras, estimada em cinco litros por animal / dia.

Divulgação

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Nova raça produz leite com custos mais baixos

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Pesquisador desenvolve bebida probiótica com soro de queijo

Cocho aperfeiçoado pela Embrapa faz sucesso Aperfeiçoado pelo núcleo Pecuária Sudeste da Embrapa, empresa de pesquisa agropecuária do governo federal, o cocho é construído com pranchões sobre duas vigotas que funcionam como esquis e vem sido utilizado com sucesso por criadores para fornecimento de ração ao gado, pela sua mobilidade, resistência e duração. É de fácil movimentação, podendo ser remo­ vido com um trator ou por um animal de tração. Uma das vantagens é que a ca­­çamba do cocho não fica em contato direto com o solo e o madeiramento e a estrutura são reforçados, o que torna o cocho mais resistente aos efeitos do sol, da chuva e ao desgaste provocado pela movimentação dos animais. Além disso, evita a formação de lama e o acúmulo excessivo de esterco ao redor do cocho, e elimina a necessidade de retirada e distribuição do esterco.

Novo sistema para envase de leite de vaca Desenvolvido para envase de leite em garrafas plásticas, o sistema é uma alternativa aos processos de industrialização que empregam embalagens do tipo longa vida (caixinha). Os estudos que resultaram no sistema foram realizados pelo engenheiro de alimentos Rodrigo Petrus na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em Campinas (SP), e, com eles, Petrus obteve o Doutorado em Engenharia de Alimentos na FEA. A principal vantagem do sistema é que pode ser empregado por empresas com linhas de produção de pequeno porte. Sua capacidade de produção gira em torno de 1.000 litros por dia. As opções de equipamentos disponíveis no mercado são voltadas para indústrias com escala de produção superior a seis mil litros de leite por hora. 14_Animal Business-Brasil

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Trata-se de uma bebida láctea fermentada com a maior concentração de soro de queijo possível, suplementada com Lactobacillus acidophilus – um microrganismo probiótico que traz benefícios à saúde de quem o ingere. O produto foi desenvolvido pelo pesquisador Wellington de Freitas Castro em sua tese de doutorado, defendida na Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas, (Unicamp), em Campinas (SP). Testado e aprovado por uma equipe de provadores (foto), o produto conseguiu atingir uma vida de prateleira de 35 dias, tempo semelhante à do iogurte. A nova bebida é uma alternativa de investimento para indústrias de laticínios, pois existem poucas bebidas lácteas probióticas hoje no mercado nacional.


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Medidor de espessura de toucinho de suínos vivos O aparelho, desenvolvido pelo núcleo de Instrumentação da Embrapa, tem por fim auxiliar as pesquisas que objetivam a produção de carne com menor teor de gordura e menos prejudicial à saúde humana. Para isso, ele opera por ultrassom, técnica empregada com sucesso nos programas de seleção de animais, pois permite determinar a camada dorsal de gordura nos suínos vivos, de forma rápida, com precisão e sem causar danos à carcaça. Hoje, os grandes abatedouros frigoríficos já não compram mais suínos com base no peso vivo. Eles adquirem carcaças cujo preço por quilo varia em função do percentual de carne que contém. Um estudo recente mostra que para cada milímetro de redução da espessura de toucinho medida entre a última e a penúltima costela, estima-se um aumento de 0,66% de carne na carcaça.

Projeto sobre suínos faz sucesso em Santa Catarina Com base em pesquisas da Embrapa Suínos e Aves, centenas de produtores ligados à Aurora, a maior cooperativa do país no ramo da industrialização de carne suína, conseguiram, através de um projeto denominado Leitão Ideal, melhorar os índices de produtividade de suas criações e, consequentemente, a lucratividade dos negócios. Graças ao projeto (uma parceria entre a Embrapa Suínos e Aves e a Aurora), o número de leitões prontos para o abate por fêmea-ano registrou um aumento de 18,2%, passando de 19,52 em 2010 para 23,1 em 2012, número bem próximo da produtividade de 24 leitões/porca/ano, indicada pela Embrapa Suínos e Aves como a meta para que a atividade apresente uma rentabilidade satisfatória. Em 2013, o projeto Leitão Ideal deixou de ser um projeto e foi transformado num programa permanente dentro da Aurora.

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A importância dos índices na atividade

de produção de leite Por:

Engº Agrº Alberto Figueiredo,diretor da SNA

Histórico A cadeia produtiva do leite, certamente, pela importância que tem o produto, de elevado valor nutritivo e de uso diário de um expressivo contingente de pessoas, foi, principalmente nos segmentos localizados a partir da porteira das fazendas, setor de atividade extremamente tutelado por regras rígidas emanadas dos poderes públicos. Iniciadas na década de 40 com a imposição aos produtores no sentido de que se “organizassem” em cooperativas, as intervenções do poder público tiveram continuidade com a edição de sucessivas portarias conhecidas como “SUPER-SUNAB” que definiam detalhadamente, além do valor de comercialização do produto ao consumidor, a participação de cada componente da cadeia produtiva, desde o produtor, transportador, usina primária, secundária, transportador de produto industrializado, e varejista. De uma hora para outra, o poder público tirou seu time de campo, deixando ao encargo dos agentes da cadeia produtiva, a responsabilidade de definirem as respectivas margens. Os segmentos mais organizados e ágeis foram fixando seus percentuais, sobrando, para o produtor rural, uma parcela decrescente do preço final do produto. Se, por um lado, diminuíam as margens dos produtores, por outro, experimentavam incremento dos valores dos insumos necessários à produção. Assim sendo, sem terem como influenciar na definição do preço de venda de seu produto, resta aos produtores racionalizarem o sistema 16_Animal Business-Brasil

de produção, de modo a ter o menor custo possível por litro de leite produzido. Aí é que entram em cena os registros dos dados das fazendas e, mais do que isso, a transformação dos mesmos em índices, que possam ser comparados com padrões e passem a nortear a tomada de decisões corretivas sempre que necessárias. A grande maioria das fazendas leiteiras, das menores às grandes, das mais rústicas às mais sofisticadas, possui algum tipo de registro de dados. Cadernos, agendas, blocos e até planilhas armazenam farto volume de informações, desde a data do primeiro parto da “malhada”, que foi a primeira filha da “prenda” em 1984, até o dia que a “gemada” teve infecção no úbere. No entanto, contam-se nos dedos as fazendas que, com base nesse volume enorme de informações, as transformam em índices.

Índices zootécnicos Por exemplo, usando os dados já existentes, se disponho da data do primeiro parto da “malhada”, e também tenho registrado o parto seguinte, posso, por uma fácil conta de diminuir, calcular o número de dias entre um parto e outro, e assim estarei produzindo um dos mais importantes índices numa fazenda de pecuária de leite, que é o INTERVALO ENTRE PARTOS. Se é simples calcular o intervalo entre partos relativos a dois partos sucessivos da “malhada”, na medida em que a mesma vaca for produzindo outros bezerrinhos, outras contas terão que ser feitas da mesma maneira.


Animal Business-Brasil_17


Acontece que na fazenda não tem só a “malhada”. Algumas têm muitas “amigas” dela. Aí, uma simples calculadora, ou mesmo a função de contas do celular, certamente não darão vazão e o fazendeiro acabará se perdendo com tantas contas. Realmente, fazer contas é tarefa para os computadores. É só dizer a eles como combinar as informações e deixar que “quebrem suas cabeças”. Para isso existem as planilhas mais simples e os programas de computador. No entanto, usando o exemplo do intervalo entre partos, não basta que o computador calcule todos os intervalos de todas as vacas. É necessário que disponha esses dados de certa forma que possam ser interpretados. Nesse caso, preciso de uma relação de todas as vacas da fazenda, com os respectivos intervalos entre partos. Preciso poder ordenar esses resultados em ordem decrescente, para que eu possa observar quais as vacas que possuem maior intervalo entre partos. Já ia me esquecendo de dizer que o intervalo entre partos é importante, porque a fazenda de leite vive do leite que produz. E a vaca só produz leite, quando tem um bezerro e tem que amamentá-lo, e o homem aproveita as sobras. Assim, quanto menor for o intervalo entre partos, maior o número de vacas produzindo leite, que é o grande responsável pelas receitas das fazendas. Tem “malhada” que não deixa sobrar, tem outras que garantem a quantidade necessária para a cria e ainda oferecem 30, 40, até 70 litros de leite de sobra por dia. O controle dessas produções, através de pesagens periódicas, nos permite comparar vacas pela produção e da mesma forma, ordená-las pelo volume de leite produzido, bem como calcular a média do rebanho. Com essas informações, e a ajuda inestimável de um computador, chegamos ao segundo índice zootécnico, que é PRODUÇÃO POR LACTAÇÃO de cada vaca, bem como a média diária de cada uma. Há inúmeras publicações sobre esses e muitos outros índices zootécnicos. Vamos nos contentando com esses dois, por enquanto. 18_Animal Business-Brasil

Como o nosso objetivo é produzir o litro de leite pelo menor custo, temos que nos preocupar com o que gastamos. E não basta anotar nas agendas ou cadernos todas as notinhas, geralmente, aliás, sem qualquer compromisso com o fisco, ou seja, “frias”. É necessário qualificar as despesas, pelo menos em três categorias: CUSTOS VARIÁVEIS; CUSTOS FIXOS e INVESTIMENTOS. Novamente, entra em cena o bom e útil computador. Basta registrar na linha de concentrados e minerais tudo que for sendo gasto para esse fim, com as respectivas datas, que no final do mês ele soma tudo direitinho e nos dá o total. Se for feito direitinho para todos os itens, teremos a soma dos custos variáveis, dos custos fixos e dos investimentos, no final de cada mês e de cada ano. Se temos esses totais e sabemos quantas vacas em lactação temos na fazenda, podemos, dividindo o custo pela quantidade de vacas, saber o valor por vaca, o que irá gerar o índice econômico-financeiro que apelidamos de CUSTO POR VACA EM LACTAÇÃO. Naturalmente, não é nosso objetivo o detalhamento desses índices, apenas o de demonstrar o quanto são importantes na definição do custo de produção de um litro de leite, e a determinação se o nosso resultado no final do mês é positivo ou negativo. Talvez, por ausência dessa informação, têm sido tão constantes os leilões de ENCERRAMENTO DE REBANHO E VENDA DE IMPLEMENTOS. De quase nada valem esses índices, isoladamente, se não formos capazes de estabelecer um cenário que nos permita saber, com antecedência, o que acontecerá com os nossos resultados econômico-financeiros, se os mesmos forem mantidos. Para isso é que voltamos ao amigo computador que, instruído por fórmulas matemáticas, poderá produzir resultados esperados no curto, médio e longo prazos. Usando exemplo real de uma fazenda controlada, vamos demonstrar as modificações de resultados esperados, sempre que mudanças ocorrerem nesses índices, que estamos afirmando serem tão importantes.


Alternativa I. Cenários

Sensibilidade

Taxa de vacas em lactação

83,00%

Produção diária por vaca em lactação

15,01

Valor do litro de leite (R$)

1,06

Taxa de parto de bezerras

42%

Custo variável por vaca mês

173,00

Custo variável por novilha mês

36,00

Preço da vaca (compra/venda)

3.500,00

Preço da novilha coberta (compra/venda)

1.500,00

Custo fixo fazenda mês

7.365,00

Projeção de resultados

jan-14

Receita de leite

18.746 19.145 19.145 19.145 19.145 19.544 20.342 20.740 21.538 23.931 25.926 25.926

fev-14 mar-14 abr-14 mai-14

jun-14

jul-14 ago-14

set-14 out-14 nov-14 dez-14

Receita de rebanho vaca

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

Receita de rebanho novilha

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

Custo fixo

7.365

7.365

7.365

7.365

7.365

7.365

7.365

7.365

7.365

7.365

7.365

7.365

Custo variável

9.859 10.026 10.041 10.041 10.102 10.269 10.679 10.907 11.256 12.290 13.232 13.232

Cenário Realista

1.522

1.754

1.739

1.739

1.678

Resultado Acumulado

1.522

3.276

5.015

6.753

8.431 10.341 12.639 15.107 18.024 22.300 27.628 32.957

1.910

2.297

2.469

2.917

4.276

5.328

5.328

Vemos que, com esses índices, teremos um resultado positivo mensal superior a R$ 1.500,00. Na alternativa II, iremos modificar o índice de vacas em lactação, de 83% para 70%, mantendo todos os demais índices.

Um belo exemplar de vaca holandesa em lactação

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Alternativa II. Cenários

Sensibilidade

Taxa de vacas em lactação

70,00%

Produção diária por vaca em lactação

15,01

Valor do litro de leite (R$)

1,06

Taxa de parto de bezerras

42%

Custo variável por vaca mês

173,00

Custo variável por novilha mês

36,00

Preço da vaca (compra/venda)

3.500,00

Preço da novilha coberta (compra/venda)

1.500,00

Custo fixo fazenda mês

7.365,00

Projeção de resultados

jan-14

Receita de leite

15.704 16.038 16.038 16.038 16.038 16.372 17.040 17.374 18.043 20.047 21.718 21.718

fev-14 mar-14 abr-14 mai-14

jun-14

jul-14 ago-14

set-14 out-14 nov-14 dez-14

Receita de rebanho vaca

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

Receita de rebanho novilha

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

Custo fixo

7.365

7.365

7.365

7.365

7.365

7.365

7.365

7.365

7.365

7.365

7.365

7.365

Custo variável

9.859 10.026 10.041 10.041 10.102 10.269 10.679 10.907 11.256 12.290 13.232 13.232

Cenário Realista

1.520

1.353

1.368

1.368

1.429

1.262

1.004

392

1.121

1.121

Resultado Acumulado

1.520

2.874

4.242

5.611

7.039

8.302

9.305 10.203 10.782 10.390

9.269

8.148

898

579

Verificamos, agora, que, bastou diminuir o número de vacas em lactação no rebanho para que um resultado positivo de R$ 1.500,00 passasse a ser negativo de R$ 1.500,00 por mês. Vamos tentar uma terceira alternativa. Manteremos o índice original de 83% de vacas em lactação e mexeremos na produção por vaca, de 15kg por dia para 10 kg por dia e vamos ver o que vai acontecer. Alternativa III. Cenários Taxa de vacas em lactação Produção diária por vaca em lactação Valor do litro de leite (R$) Taxa de parto de bezerras Custo variável por vaca mês

Sensibilidade 83,00% 10,00 1,06 42% 173,00

Custo variável por novilha mês

36,00

Preço da vaca (compra/venda)

3.500,00

Preço da novilha coberta (compra/venda)

1.500,00

Custo fixo fazenda mês

7.365,00

20_Animal Business-Brasil


Projeção de resultados

jan-14

Receita de leite

12.405 12.669 12.669 12.669 12.669 12.933 13.461 13.725 14.253 15.836 17.156 17.156

fev-14 mar-14 abr-14 mai-14

jun-14

jul-14 ago-14

set-14 out-14 nov-14 dez-14

Receita de rebanho vaca

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

Receita de rebanho novilha

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

Custo fixo

7.365

7.365

7.365

7.365

7.365

7.365

7.365

7.365

7.365

7.365

7.365

7.365

Custo variável

9.859 10.026 10.041 10.041 10.102 10.269 10.679 10.907 11.256 12.290 13.232 13.232

Cenário Realista

4.819

4.722

Resultado Acumulado

4.819

9.541 14.278 19.015 23.813 28.514 33.097 37.644 42.013 45.832 49.273 52.714

4.737

4.737

4.798

Nessa alternativa, que de acordo com o cenário original (Alternativa I), gerava um resultado positivo de R$ 1.500,00 mensal, com uma simples redução da produção média por vaca de 15 para 10 litros, o resultado passou a ser negativo de R$ 4.800,00. Aqui é lícito perguntar: Quantas das fazendas de leite brasileiras sabem qual é o custo variável por vaca? Ou mesmo, calculam a produção média?, uma vez que o número de vacas em lactação é fácil de contar no curral, já o percentual?........ Quantas fazendas conseguem percentagem de vacas em lactação de 83% ou mesmo 70%? Quantas conseguem manter média de rebanho de 15 litros por vaca por dia, ou mesmo 10? Se considerarmos as estatísticas oficiais brasileiras, a produção anual por vaca tem patinado ao redor de 1.350 litros de leite. O que significa algo em torno de 4 litros por vaca por dia. Pelas fórmulas anteriormente demonstradas, não é difícil imaginar o que acontece com uma fazenda que tenha média de 4 litros por dia, uma vez que com 10 já experimentava um prejuízo de mais de 4 mil reais por mês. Para não amargarem prejuízos tão vultosos, os seus proprietários recorrem a uma prática mais comum do que imaginamos: Submetem as coitadas das malhadas a restrições alimentares, isto é, deixam que se “virem” com o que encontrarem para comer nos campos. Uma vaca sem alimentação adequada, tem dificuldade de produzir e, principalmente de reproduzir. E é isso que realimenta as vergonhosas estatísticas brasileiras para o setor.

4.701

4.583

4.547

4.369

3.819

3.441

3.441

Só conseguimos essas informações, porque tínhamos os dados, os transformamos em índices, aplicamos fórmulas matemáticas e utilizamos um computador. Imaginemos agora uma fazenda que não disponha dos dados, que não tenha o apoio de um programa ou planilha para calcular índices, que não tenha o suporte de um computador para fazer os cálculos, etc. Os resultados vão acontecendo, com sorte o produtor vai enriquecendo, com azar, empobrecendo, sem saber porquê. Não estamos sugerindo que cada produtor possua um computador, uma planilha ou um programador exclusivo. Isso pode ser conseguido coletivamente, por exemplo, através de cooperativas ou laticínios, através da prestação de serviços. A conclusão a que chegamos é a de que, SEM ÍNDICES RELATIVOS À REALIDADE DE CADA FAZENDA, CORREM TODAS O SÉRIO RISCO DE PERDA DE PATRIMÔNIO, SEM SABEREM PORQUÊ. Leite fresco colhido na hora é privilégio de produtor

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Características do mercado de carne de frango brasileiro

no Oriente Médio

Por:

Thiago Reis Ribeiro da Luz – Especial, do Qatar

A produção de carne de frango no Brasil, destaque na economia nacional, gera mais de 3,6 milhões de empregos e totaliza 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

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O

total da carne de frango produzida no Brasil correspondeu a 12,5 milhões de toneladas em 2013. Desse total, 70 % foram consumidos internamente e o restante exportado. Isto demonstra a grande aceitação da carne de frango no cardápio do brasileiro e a importância econômica do setor avícola referente às exportações nacionais.


Mais impressionante ainda, o Brasil é líder mundial na exportação de carne de frango. Os estados do sul brasileiro são os maiores produtores e exportadores. Os grandes destaques são Paraná e Santa Catarina.

Aumento do consumo Em ano de Copa do Mundo a tendência é que o consumo interno e as exportações de frango de corte aumentem. É o que diz a Ubabef (União Brasileira de Avicultura), que prevê crescimento de 4% da produção e de 2 a 2.5% das exportações de carne de frango. Por outro lado, o Oriente Médio é o maior mercado consumidor de carne de frango brasileiro com mais de 1,4 milhão de toneladas importadas. Os continentes asiático e africano e a União Europeia são os outros grandes mercados consumidores de carne de frango do Brasil.

possuem notavelmente maior número de filhos em relação às culturas ocidentais e a carne de frango se apresenta como boa fonte proteica e de custo acessível. O frango inteiro grelhado (galeto no Brasil) é vastamente encontrado pronto para o consumo em redes de supermercados e restaurantes. Pratos árabes como o Machboos, Kabouli e Shish Tawook se misturam aos costumes culinários de outras culturas com pratos como o Frango ao Curry e Biriany que são frequentemente encontrados nos cardápios dos restaurantes árabes. Da vasta e bem temperada cozinha indiana, muito presente no Oriente Médio, Tikka Masala, Tadoori e o conhecido Biryani são pratos populares.

Limitações religiosas

A Arábia Saudita, principal país comprador de carne de frango brasileiro no Oriente Médio, importou 688 mil toneladas, o que representou 18% das exportações brasileiras desse produto em 2013. Nesse mesmo ano, os Emirados Árabes Unidos (EAU) importaram 244 mil toneladas, seguido do Kuwait (113 mil t.) Iêmen (85 mil t.), Iraque (75 mil t.), Omã (61 mil t.), Catar (60 mil t.) e Jordânia (58 mil t.). A carne de frango é amplamente consumida no Oriente Médio devido a diversos fatores intrínsecos da população que vive no Golfo Pérsico. São fatores étnicos, culturais, religiosos, econômicos e sociais típicos de uma população diversificada, dinâmica e que aumenta vertiginosamente.

Por motivo religioso, a carne suína não é consumida por mulçumanos, e os hindus não se alimentam de carne bovina. A carne suína tem comercialização proibida (Arábia Saudita) ou restringida (EAU, Qatar) nos países árabes. Já a carne bovina é livremente encontrada no comércio do Oriente Médio, porém o Brasil atualmente enfrenta um embargo e não pode exportar carne bovina para alguns países do Oriente Médio, entre eles a Arábia Saudita, Qatar e Kuwait devido a um caso em 2010 não clássico de Encefalopatia Espongiforme Bovina, também conhecida como doença da vaca louca. Líbano, Egito e Jordânia, entretanto, restringiram somente a importação de carne bovina oriunda do estado do Paraná. Nesse sentido, a carne de frango não encontra nenhum obstáculo. Pelo contrário, uma vez que as restrições à carne suína refletem no aumento do consumo de carne de frango por expatriados que provavelmente consumiriam uma certa parcela desse tipo de carne.

Árabe gosta de frango

A proteína mais consumida

Etnicamente a população do Oriente Médio é constituída basicamente pelos árabes locais e regionais, imigrantes africanos, asiáticos e ocidentais. O que todos possuem em comum? A aceitação pela carne de frango em suas mesas. Mais do que isso, o árabe de forma geral tem em sua cultura o costume de se alimentar de carne de frango frequentemente, assim como os demais imigrantes do Golfo Pérsico, principalmente os indianos e os asiáticos. Os árabes

No Oriente Médio, a crescente demanda por trabalhadores da construção civil originários principalmente da Índia, Paquistão, Bangladesh e demais países asiáticos influencia o consumo de carne de frango no Golfo Pérsico. Esses trabalhadores são exclusivamente homens cuja família permanece em seu país de origem. A carne de frango é a fonte de proteína animal mais consumida por eles por ser barata, amplamente disponível e de fácil e rápido preparo.

Arábia Saudita

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Este ano de 2014 é considerado o ano cultural Brasil-Qatar. É uma boa oportunidade para estreitar as relações comerciais entre os dois países

Há fortes indícios de que o trabalhador da construção civil em geral não consome proteína animal diariamente. A carne bovina não é consumida pela maioria hindu e o dinheiro é escasso para a aquisição da carne caprina e ovina, muito apreciada por eles, porém mais cara do que a carne de frango. Logo, a proteína animal é uma fonte proteica relativamente cara para os trabalhadores de baixa renda no Oriente Médio. Soma-se a essa dificuldade a falta de infraestrutura adequada para se armazenar e cozinhar os alimentos.

Refeições em grupo Uma alternativa bem característica do Golfo Pérsico para a realização das refeições pelos trabalhadores (da construção civil, que realizam atividades braçais entre outras) é a chamada “monthly food mess”. São associações informais de geralmente 6 a 8 pessoas, comumente colegas de trabalho, que se reúnem em grupos, dividem os custos das refeições e designam o cozinheiro da vez. Todos realizam a refeição comunitariamente, geralmente no chão e em volta da comida preparada, que é servida com a própria mão ou com o auxílio de pão. Consome-se tanto frango no Qatar que chega a faltar produto nos supermercados. O frango inteiro resfriado é o primeiro a terminar. A produção local de frangos qatari é muito aquém do consumo. Os principais países fornecedores de carne de frango para o Qatar são o Brasil e a Arábia Saudita. A marca brasileira Sadia é sinônimo de frango. É comum ouvir alguém dizer no supermercado: “Vamos pegar um Saadia”, em alusão a um frango congelado da gôndola.

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A Arábia Saudita recentemente diminuiu a quantidade de carne de frango exportada devido a exigências do governo daquele país. Com a alta demanda por frango no vizinho Qatar, houve alta nos preços internos do produto saudita e o governo local resolveu interferir na exportação e assim garantir preço acessível da carne de frango aos sauditas. Os sauditas também enfrentaram recentemente um revés devido a uma carga de frango contaminada que chegou às gôndolas de supermercados qataris, causando infecções em diversas pessoas. A vantagem comercial dos sauditas é poder exportar carne de frango fresca para os países vizinhos, enquanto o Brasil exporta frango congelado que viaja dentro de containers transportados por navio.

Grande oportunidade Este ano de 2014 é considerado o ano cultural Brasil-Qatar, uma grande oportunidade para se estreitar as relações entre os dois países. Atividades culturais, eventos entre outras iniciativas estão sendo desenvolvidas tanto no Brasil como no Qatar. O foco principal do programa é o intercâmbio cultural, a comunidade, o esporte e a interação econômica. O governador do estado do Pará, Simão Jatene, esteve no Qatar no início de janeiro deste ano para participar da World Innovation Summit for Health - WISH, Cúpula de Inovação Mundial de Saúde. Em troca, autoridades qataris visitaram o estado do Pará. Essa experiência serve como exemplo para estados produtores de frango. Vale ressaltar que a produção de minério no Pará é destaque internacional e de interesse comum entre os dois países. Minério de ferro constitui o principal produto de exportação brasileiro para o Qatar, seguido logo após da carne de frango. Essa colcha de retalhos cultural que caracteriza a população do Oriente Médio reflete-se nas características dos frangos a serem produzidos e nos tipos de corte que serão processados para serem consumidos no Oriente Médio. Diversas etnias fazem as refeições sem o auxílio de talheres o que implica diretamente no tipo de frango a ser comercializado para esses países .


Tamanho menor Em comparação ao frango encontrado comumente no comércio brasileiro, o frango inteiro para consumo no Oriente Médio caracteriza-se por ser abatido mais jovem e portanto, de menor tamanho e carne mais tenra. O frango congelado conhecido como “griller”(para assar) encontrado nos supermercados pesa cerca de 1 kg, geralmente, e é uma escolha muito popular.

Churrasco grego O Shawarma é um corte tradicional caracterizado por pedaços de frango desossados sobrepostos e compactados, formando um cilindro de carne de frango que é assado na vertical. É o conhecido “churrasco grego” para os brasileiros. O processo de desossa desse tipo de corte é mais demorado, exige mão de obra mais habilidosa e especializada no frigorífico.

Preceitos islâmicos Mas não param por aí, as exigências mulçumanas em relação à carne de frango. Segundo o Islamismo, todo animal deve ser abatido conforme estabelecido pelo Alcorão, livro sagrado islâmico. Todo o processo de abate e processamento da carne deve ser certificado para que o produto esteja dentro dos preceitos islâmicos, ou seja, Halal. Toda carne exportada para os países mulçumanos deve ser imperativamente Halal. Isso implica em modificações da planta do abatedouro do frango a ser destinado ao Oriente Médio, mão de obra especializada e investimento por parte dos frigoríficos brasileiros para que sejam capazes de abater o frango com a certificação Halal. Há no Brasil empresas que certificam o frigorífico para o abate de acordo com os princípios islâmicos.

Religião que mais cresce Segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas), o islamismo é a religião que mais cresce no mundo e atualmente constitui 25% da população mundial. Portanto, os frigorífi-

cos que se enquadram na certificação Halal ampliam o potencial de exportação de seu produto. Num contexto geral, as exportações de carne de frango brasileiras são impulsionadas pelo crescimento populacional e econômico do Oriente Médio. As riquezas naturais e o desenvolvimento econômico blindam a maioria dos países do Oriente Médio de possíveis crises econômicas mundiais. Por fim, a exportação brasileira de frango Halal tem no Oriente Médio uma clientela fiel e representa uma união de interesses, ou seja, juntou-se a fome com a vontade de comer.

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Roupa especial para cavalos Por: Thatiana

Mara Vidal

A

s roupas ganharam destaque durante as Olimpíadas de Londres, onde foram apelidadas de “super maiôs para cavalos”, mas diferentes dos super maiôs humanos que foram proibidos, elas têm seu uso liberado pela FEI. Na época chamou muita atenção e virou matéria na mídia mundial. Essas roupas foram criadas inicialmente para auxiliar aos cavalos durante longas viagens, para que não houvesse problemas musculares, evitar arranhões, cansaço e relaxar os animais. Logo de início as roupas Hidez tiveram boa aceitação na Austrália e depois na Europa. Com o uso e testes adicionais foram surgindo outros benefícios, tais como: - recuperação muscular; - usos terapêuticos; - usos estéticos; - recuperação pós-cirúrgica; - uso cirúrgico; - entre outros.

Que roupa é essa ? É uma roupa de compressão graduada feita em “lâminas” que dosa a compressão em diferentes partes do corpo do animal. Nas partes inferiores a compressão é maior forçando o san26_Animal Business-Brasil

gue a retornar mais rápido ao coração, conforme vai subindo, a compressão vai diminuindo ajudando na circulação sanguínea e na liberação de toxinas presentes nos músculos (o que geralmente causam cólicas ou câimbras). Com isso, essa roupa, dá um conforto maior para os animais após o trabalho e também aquece a musculatura antes do trabalho! A roupa chegou ao Brasil em setembro de 2013 e desde então estamos fazendo alguns testes. Logo no primeiro mês, já tivemos um primeiro caso de sucesso. Conseguimos reduzir consideravelmente um abscesso no pescoço de uma égua apenas usando a roupa por três dias. Segue a declaração da Dra Santina, veterinária responsável pelo caso: “Esta égua estava com abscesso antigo no pescoço. Muita dor e dificuldade para virar o pescoço. Com a utilização da roupa especial, no dia seguinte, já mostrou melhora visível de volume e diminuição da dor”.


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Fator de proteção solar Além de todos os benefícios citados anteriormente, as roupas já vêm com fator de proteção 50UV e são de fácil manutenção: para lavar basta colocar na máquina. Seu tecido foi desenvolvido para manter a temperatura do corpo do cavalo, ou seja, se o corpo estiver aquecido ele permanecerá aquecido e vice-versa. Outra característica interessante é que a roupa deixa a pele do animal respirar: se você a colocar no animal molhado, ele secará normalmente, além de ser antibactericida e impelir que os insetos incomodem o cavalo.

Prêmios Em 2013 essa roupa especial recebeu dois prêmios de produto inovação na Europa, um durante a feira Equitana na Alemanha e outro durante o campeonato Gucci Masters na França. Hoje ela já se espalhou pelo mundo e em todas as modalidades equestres, desde o hipismo,

Essa roupa especial recebeu dois prêmios de “produto inovação”: um na França e outro na Alemanha

as corridas. A maioria dos cavalos tops não sai de casa sem sua roupa especial, caso da Black Caviar égua número um de corridas da Austrália, Cevo Itot Du Chateau sela francesa número um, entre outros. Até a equipe oficial de veterinários da Seleção Alemã de Adestramento utiliza esse recurso em seus animais. Animal Business-Brasil_27


Celso Garcia Cid:

o eterno rei do zebu Por:

Wilmar Sachetin Marçal- Médico Veterinário; Docente na Universidade Estadual de Londrina; Membro titular da Academia Londrinense de Artes, Ciências e Letras, e Guilherme Garcia Cid de Araújo Sachetim - Sócio-proprietário da Fazenda Cachoeira 2C.

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A uniformidade do plantel é uma das características desejadas

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História Desde menino, na Espanha, na pitoresca Tamaguelos, região da Galícia, sua terra natal, Celso Garcia Cid demonstrava intenso amor pelos animais, pois o que mais gostava de fazer, para ajudar a mãe viúva, era trabalhar com o boi, que puxava o arado para cultivar a terra. De natureza empreendedora e visionária, além de pragmatismo imensurável, Celso Garcia Cid iniciou sua vitoriosa vida na pecuária paranaense, adquirindo em 1945, de Luís Deliberador, os primeiros 13 alqueires das férteis terras roxas no município de Sertanópolis, à margem esquerda do Rio Tibagi. A partir de então iniciava uma empreitada empresarial mais arrojada e foi comprando alguns sítios vizinhos. No ano de 1951, adquiriu o maior lote, com 285 alqueires, de Amélia Gonçalves, a conhecida dona Melica, que ficara viúva há pouco tempo de um grande amigo e vizinho, o Sr. Manoel Gonçalves. À medida que o tempo passava, Celso Garcia Cid, ou simplesmente o Seu Celso como gostava de ser chamado, olhava o horizonte e enxergava a Índia, país com rebanho puro de zebuínos, entre eles as raças Gir e Nelore. Sonhava em trazer exemplares genuínos, de expressiva genética racial, para que suas proles no Brasil tivessem o vigor do sangue nobre daqueles inigualáveis bovinos. Esta paixão crescia dentro dele dia após dia. Encaminhava pedidos de orientações para importação de bovinos ao Ministério da Agricultura insistentemente. As respostas eram sempre negativas. Porém nunca desanimou. Perseverante, continuava planejando ir à Índia e trazer seus animais para melhoria do rebanho, mas também para compartilhar com criadores brasileiros. Estudou a fundo, pesquisou bastante e passou a consultar e colher opiniões de técnicos e veterinários, reforçando sua convicção de que haveria, sim, ainda na Índia, verdadeiras “joias raciais”, ou seja, animais puros que poderiam melhorar o sangue e aumentar a produtividade dos rebanhos, não só no Brasil como de toda a América Tropical. Determinado a realizar seu sonho, em dezembro de 1957, foi à Índia para trazer os primeiros exemplares zebuínos de qualidade inigualável. Uma maratona de dificuldades, mas que nunca venceu seu otimismo e determinação. Trazer

os animais foi mesmo uma verdadeira epopeia. Contra tudo e contra todos, contando apenas com seus filhos e amigos mais fiéis, desafiou as leis mais arcaicas e cruzou os mares, trazendo com ele os reprodutores e matrizes que iriam mudar a história da criação bovina no país. O gado só chegou ao Brasil em 1960, selando definitivamente o pioneirismo de Seu Celso na árdua missão do melhoramento genético de animais zebuínos. Do lote de 112 animais importados, cedeu 60 cabeças para criadores interessados, entendendo que “ceder”, entre pecuaristas, não significava apenas vender, mas fazer negócios propícios à continuação das linhagens, amarrando laços de amizade entre criadores para futuras cruzas, trocas e permutas. Já na exposição de Londrina, em abril de 1961, continuava a fazer, de terno e gravata, o que raros criadores fazem: desfilar, com os animais pela pista, com a varinha de peroba numa mão e na outra a corda do cabresto. O sorriso estampado refletia não só a certeza de empreitada de importação, mas também a garantia de procriação de raças bovinas inefáveis.

Pureza À medida que os animais eram importados e os cruzamentos eram concebidos, Seu Celso já vislumbrava um diferencial em proporcionar o surgimento de exemplares únicos, cada vez mais puros, evitando a consanguinidade e promovendo a melhora genética em seu plantel. Surgiam machos e fêmeas com qualidades zootécnicas excepcionais, com linhagem fenotípica para corte e excelente qualidade em fertilidade e reprodução. Além de exímio conhecedor, Seu Celso também era conselheiro de amigos pecuaristas, motivando a melhoria genética, e projetando novos cruzamentos pelas inúmeras derivações entre os novos criadores. Toda dedicação na criação também impunha regras e atitudes para preservar a melhor qualidade de matrizes e reprodutores. Investiu em nutrição animal, ofertando alimentos volumosos de qualidade, sempre complementando com mineralização adequada. Tinha zelo especial pela parte sanitária, nunca falhando nas medidas higiênicas com o gado. Cumpria rigorosamente os calendários de vacinações, deixando o rebanho sempre pronto e bonito Animal Business-Brasil_29


Os pecuaristas usufruíram do pioneirismo do Sr. Garcia Cid pela importação de zebus e inúmeros cruzamentos

para exposições, já que era a vitrine natural a ser utilizada na divulgação da boa raça Nelore. A intenção era sempre multiplicadora. Exemplares de alto potencial genético recebiam assistência técnica antes mesmo do nascimento. Matrizes prenhas eram manejadas com os rigores de se evitar qualquer estresse, para não se correr riscos ou casos fortuitos. Do nascimento à desmama os bezerros recebiam atenção e insumos necessários para potencial imunológico e aptidão reprodutiva, originando excelentes resultados no ganho diário de peso. As bezerras que, mais tarde, se tornariam matrizes, evoluíam com a melhor característica da raça Nelore: a habilidade materna.

Conquistas Muito mais importante do que as premiações conseguidas ao longo de várias décadas, estava o reconhecimento da classe de pecuaristas que, não só usufruíram do pioneirismo do Seu Celso pela importação zebuína, mas também pelos inúmeros cruzamentos e “choques de sangue” que originaram. Colecionar prêmios nunca foi a meta principal de Seu Celso e sim proporcionar melhorias genéticas verdadeiras nos animais, capazes de revolucionar as maravilhosas raças Nelore e Gir como modelos brasileiros de pecuária. No contexto pregresso e histórico das conquistas da Fazenda Cachoeira 2C, o modelo apregoado e ensinado pelo Seu Celso permanece vivo até hoje. Há continuidade familiar nessa preservação, tendo na figura dos atuais herdeiros e proprietários o legado da conquista de Melhor Criador e Expositor do Estado do Paraná por seguidos anos, além de reconhecido destaque no Ranking Nacional, atualmente entre os 10 melhores criadores de Nelore do Brasil. 30_Animal Business-Brasil

As conquistas e a atual manutenção do alto padrão racial impõem, cada vez mais, a necessidade das novas gerações de familiares em prosseguir na criação bovina, tendo como base duas peculiaridades naturais do Seu Celso: amor e dedicação. Sua máxima sempre foi “se for fazer algo faça sempre bem-feito, nunca pela metade”.

Números O panorama da Fazenda Cachoeira 2C nos dias de hoje mostra um aproveitamento singular da área possível de cultivo, bem como a obediência natural de preservação ambiental. Mais importante do que ter extensas áreas e ter terras com culturas de excelente produção, com preservação de solo e mananciais hídricos. Assim, os resultados da farta colheita refletem o incremento na produtividade, a qual sempre foi perseguida pela perseverança de Seu Celso e agora por seus seguidores. A autosustentabilidade da Fazenda reflete-se atualmente numa logística contínua de excelente utilização da área de 110 alqueires. O aproveitamento da terra é destacável, pois devido à fertilidade do solo, produz-se alimento para o rebanho o ano todo, permanecendo intacta áreas de mata como reservas naturais intactas. Essa consciência ecológica permite manter um rebanho saudável de 674 bovinos de elite zootécnica, criados em piquetes bem planejados e distribuídos, possibilitando monitoramento constante aos olhos dos encarregados. O gado convive com preceitos de bem-estar, zonas sombreadas e bem distribuídas em 50 alqueires de pastagens, permitindo 11,2 UA por alqueire, bem como área para trato específico aos exemplares de elite. Além disso, com aproveitamento modular da área de pastagem não há sobrecarga animal e a topografia excelente da Fazenda Cachoeira 2C não proporciona problemas de casco nos animais lá criados. Apesar de precoces e com peso excepcional para uma exploração comercial, são raríssimos os casos de bovinos com problemas podológicos.

Tecnologia Depois que Seu Celso nos deixou em 1972, a Fazenda Cachoeira 2C, apesar de algumas mudanças gerenciais, nunca perdeu o foco de continuar produzindo e reproduzindo a bovinocul-


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Um excelente plantel de Nelore

tura de qualidade. Utilizando melhores e atuais tecnologias, a fazenda conta com logística atual de infraestrutura e insumos, além de melhorar a produtividade animal, através de intenso cuidado e contínuo acompanhamento com o que há de inovador nas áreas de nutrição, sanidade e reprodução animal. Nesse aspecto, ou seja, o reprodutivo, a fazenda acompanha e aplica tecnologias de ponta como: inseminação artificial, inseminação artificial em tempo fixo, fertilização in vitro e transferência de embriões. Num passado recente já implantou a clonagem de bezerras com sucesso destacável. No que concerne aos bovinos machos, a fazenda mantém esquema adequado de busca reprodutiva ideal, com exames andrológicos periódicos e contínua assistência técnica na preparação de exemplares para futuros reprodutores campeões. Sempre buscando a produtividade animal, com manejo racional e lucratividade no contexto pecuário, a fazenda tem, nos objetivos intrínsecos de seus gestores, a linha mestra da pecuária de corte, aspecto peculiar e de inigualável com-

paração da raça Nelore. São animais, bovinos, machos e fêmeas, com precocidade impressionante e potencial para produção de carne como poucos pecuaristas nacionais. Nesta ótica se enquadram a perspectiva de ouro do Nelore como matriz proteica do Brasil, possibilitando que haja um incremento real nas exportações de carne, cuja produção ganhou em tempo e qualidade, pois nos dias atuais o abate dos animais é muito precoce, com índices absolutamente extraordinários. Os resultados de anos de trabalho de visionários, como Seu Celso e tantos outros de familiar identidade com o Nelore, elevaram o Brasil ao primeiro lugar como maior país de rebanho bovino comercial do mundo.

Gir Em outro viés, igualmente importante, está a qualidade do rebanho Gir que, não somente pela manutenção de pureza genética com dupla aptidão, destaca-se nas condições tropicais brasileiras pelos cruzamentos com rebanho europeu, originando animais com expressiva heAnimal Business-Brasil_31


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Os filhos permanecem fiéis aos bons princípios que norteiam um verdadeiro produtor rural

terose, mais resistentes, criados a pasto, e de inigualável papel econômico e social também na pecuária leiteira brasileira.

Capacitação Com o mesmo espírito empreendedor do pai Celso, Beatriz Garcia Cid e seus filhos Guilherme, Gustavo e Gabriel, atuais proprietários da Fazenda Cachoeira 2C permanecem fiéis aos bons princípios que norteiam um verdadeiro produtor rural. Preocupados em melhorar sempre, iniciaram em 24 de novembro de 2012 um arrojado projeto de capacitação profissional, com ensinamentos técnicos e educacionais para todos os servidores que trabalham na fazenda, além de outros interessados. Essa iniciativa originou a Escola de Capatazes, cuja finalidade é possibilitar uma melhor capacitação da mão de obra rural, em especial aos que atuam com a pecuária. A Escola de Capatazes permite treinamentos práticos, possibilitando o repasse e a permuta de conhecimentos entre a ciência e a experiência. Entre os objetivos está o treinamento para se evitar e/ou minimizar perdas na lida do gado, individual ou rebanho; obediência ao comportamento e bem-estar de bovinos para se atuar com manejo racional e se evitar traumas e contusões; ambiente rural mais saudável com destino correto de lixo e resíduos; prevenção de doenças específicas dos animais; prevenção de doenças transmitidas dos animais para o próprio homem (zoonoses). Além

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Exemplares de Guzerá do “primeiro time”

disso, os participantes recebem orientações de como e o que manter na “farmacinha veterinária”, pois alguns produtos são adquiridos sem a necessidade de receita profissional. Por todas essas considerações, agregar ensinamentos a esses trabalhadores, que atuam na linha de frente das propriedades rurais, representa aplicar, na prática, o conhecimento como forma transformadora, respeitando o empirismo rural, mas melhorando o rendimento dos serviços motivados pela educação, permitindo progresso nos ensinamentos profissionais ao ser humano, sobretudo para corrigir erros e vícios. Esse sempre foi o ideal do Seu Celso e daqueles que, como ele, vivem e convivem com a pecuária progressiva numa sociedade positiva e trabalhadora.

Confraternização Periodicamente, a Fazenda reúne todos os servidores para uma confraternização, momento em que celebram-se as efemérides do mês. Neste momento iguala-se o convívio, previne-se qualquer tipo de conflito interpessoal e motiva-se todos para que, cada um, seja uma peça imprescindível na engrenagem da propriedade. O investimento no ser humano é, sem dúvida, uma das ações mais transformadoras para que a pecuária continue tendo escolaridade e compartilhamento num agronegócio sustentável, com índices cada vez mais reais e de suporte a demanda mundial pela indispensável proteína do leite e da carne bovina brasileira.


DOSE: 5 ML

TEMPERATURA DE CONSERVAÇÃO DA VACINA: 2ºC A 8ºC

ANIMAIS: BOVINOS E BUBALINOS

LOCAL DE APLICAÇÃO: TÁBUA DO PESCOÇO

DECLARAÇÃO DA VACINAÇÃO: PROCURE O SERVIÇO VETERINÁRIO OFICIAL DE SEU ESTADO.

CONFIRA O CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO EM SEU ESTADO. EM CASO DE DÚVIDA OU SUSPEITA DE FEBRE AFTOSA, PROCURE O SERVIÇO VETERINÁRIO OFICIAL. PARA SABER MAIS: ACESSE WWW.AGRICULTURA.GOV.BR OU LIGUE 0800 704 1995 APOIO: Animal Business-Brasil_33


O pioneirismo da veterinária militar brasileira Por:

Edino Camoleze, Cel. Médico Veterinário, RR 1

O começo

Referência de ensino

A Medicina Veterinária militar brasileira surgiu oficialmente no cenário profissional nacional no início do século XX, precisamente no ano de 1908, pela Lei nº 1860, de 04 de janeiro de 1908, quando o então presidente da República, Affonso Augusto Moreira Penna, regulamentava o Sorteio e Alistamento Militar e reorganizava o Exército, incluindo nele, o Serviço de Veterinária como parte integrante do Corpo de Saúde.

Com a formação oficial da primeira turma de médicos veterinários militares e civis, em 15 de fevereiro 1917, e as novas instalações inauguradas em junho de 1921, a Escola de Veterinária do Exército passou a ser referência para às demais Instituições de Ensino de Veterinária no país e na América do Sul, sobretudo, pela excelsa formação acadêmica adquirida de Alfort e excelência de cátedra dos mestres franceses.

Formação de veterinários

Parceria técnica

A formação de veterinários civis e militares, no Quartel de São Cristovão, de início, sob a orientação dos veterinários franceses TC Antoine Dupuy e o Cap Paul Ferret, depois Cap André Vantillard e o 1º Ten Henri Marliangeas, e por fim tinha a recomendação do Dr. Pierre Paul Emile Roux, diretor do Instituto Pasteur e professor da Escola de Veterinária de Alfort, localizada no subúrbio de Paris, uma das mais famosas e respeitadas do mundo. Ganhava assim, a incipiente medicina veterinária brasileira valorosos ensinamentos acadêmicos e catedráticos com reflexo educacional e cultural em todo o Brasil e América do Sul. “O veterinário é hoje um colaborador inteligente do desenvolvimento econômico de um país e ao mesmo tempo da sua organização militar (...) a veterinária moderna,que teve como precursor Claude Bourgelat e como continuadores, entre outros, os espíritos investigadores de Pasteur, Chauveau, Nocard, Koch, etc, é uma ciência definida, difícil e que caminha em rápido progresso, desvendando os segredos mais transcendentes. 34_Animal Business-Brasil

Graças à parceria técnica com a ESAMV que se desenvolveu na Escola, cursos de Melhoramento Genético Animal e Inseminação Artificial proferidos pelos professores Dr. Antonio Mies Filho do Instituto de Zootecnia do Ministério da Agricultura e Raul Briquet Junior, da Escola Nacional, foram desenvolvidos com maestria, visando à melhoria genética do rebanho equino e bovino nacional. Também foi criado o curso sobre zoonoses, destacando o combate à raiva, pelo professor Renato Augusto da Silva, doença endêmica, de grande interesse sanitário, em todo o Brasil.

As granjas militares No ano de 1951, o Exército possuía mais de 50 granjas e nove coudelarias espalhadas por todos os rincões do país. As granjas, implantadas nas organizações militares - principalmente nos regimentos de cavalaria, tinham a função de produzir alimentos para a tropa, funcionários civis e dependentes e provisão para os centros sociais instalados nos quartéis, destacando a produção de carne, leite e hortifrutigranjeiros, bem como, carvão vegetal.


Ailton Soares

A qualidade da água é preocupação constante dos veterinários militares.

As granjas militares foram muito importantes durante e no pós 2ª Guerra Mundial, período de 1939 -1946, onde pela economia e esforço de guerra, que o Brasil participou, com a Força Expedicionária Brasileira-FEB, fornecia alimentos para o Exército, especialmente, nas unidades instaladas na fronteira do país, onde pela distância e precariedade das estradas e comunicações, não chegavam os gêneros de primeira necessidade.

Laboratório químico-farmacêutico Para o suprimento de insumos e medicamentos veterinários para as organizações militares, em todo o país, a Escola de Veterinária contava com um Laboratório Químico e Farmacêutico para produção de pomadas, solutos e injetáveis e ainda uma Seção de Soroterapia, Vacinas e Toxoides, que produziam imunogênicos, principalmente antitetânico e antirrábico, para imunização do rebanho e cavalhada do Exército.

Irradiação de alimentos Dentre as inúmeras pesquisas científicas realizadas na EsVE, uma produzida na década de 1970, pela equipe do Cel Vet Byron Áureo de Oliveira Bernardes chamou atenção da comunidade científica nacional e internacional. Tratava-se da irradiação de alimentos: “Wholesomeness da batata irradiada em Camundongos”. Esse trabalho aprovado e divulgado internacionalmente pela Comissão Nacional de Energia Nuclear- CNEN e pela Agência Nacional de Energia Atômica- AIEA, colocava o Brasil no seleto grupo de países que utilizavam a energia nuclear para fins pacíficos. Pela primeira vez, no continente Sul-Americano, abria-se a oportunidade para pesquisar a conservação de alimentos pela irradiação nuclear. Esse trabalho abriu precedentes para aplicação tecnológica em grãos, frutas e outros. Com esse feito internacional a medicina veterinária militar brasileira passou a ser referenciada na América do Sul, na Europa e nos Estados Unidos, passando a receber visitas de importantes delegações.

A importância da Medicina Veterinária Militar para o Exército Assim como nos demais exércitos do mundo, a medicina veterinária militar brasileira surgiu da necessidade imperiosa de se manter os efetivos

A missão do IBEX-Instituto de Biologia do Exército, com sede em Benfica, no Rio de Janeiro, é prestar assistência aos usurários do sistema de saúde do Exército, mediante apoio laboratorial ao diagnóstico, coleta e distribuição de sangue, pesquisa científica e produção de imunobiológicos (inclusive matéria-prima para a produção de soros antiofídicos), promovendo o bem-estar, a integração com a sociedade e a preservação do meio ambiente.

equinos e asininos, utilizados como força motriz de logística e combate, em perfeitas condições de saúde, para cumprir com os objetivos estratégicos táticos e operacionais da guerra. Essa necessidade crítica foi sentida logo após a campanha da Guerra da Tríplice Aliança, 1865-1870, e às vésperas da Guerra do Paraguai, quando o médico cirurgião Dr. Maciel Feliciano Pereira de Carvalho, patriarca da cirurgia brasileira, primeiro brasileiro a chefiar o Corpo de Saúde do Exército, baseado nos aspectos negativos de saúde e sanitarismo da tropa, elaborou um Relatório da Repartição de Saúde, de extraordinário valor histórico, encaminhado ao Imperador D. Pedro II mostrando as deficiências do Exército em efetivos médicos, farmacêuticos e pessoal de assistência em saúde, para atender às necessidades da Força. Além disso, o elevado índice de morbidade e mortalidade humana e animal decorrente da guerra, envolvendo doenças contagiosas como, tétano e mormo, transmitidas pelos animais ao homem. Propôs nesse documento, a criação de uma Escola de Medicina e Pharmácia para formação e preparo do pessoal de saúde, ideia que só viria a ser concretizada no Brasil República, em 31 de dezembro de 1921, mais de meio século mais tarde. Como o Exército tinha suas armas e serviços montados sobre os cavalos e muares e utilizaAnimal Business-Brasil_35


Luiz Octavio Pires Leal

Produção de plasma hiperimune no IBEX As etapas de produção de plasma hiperimune incluem inoculação do veneno nos equinos, avaliação de potência do plasma, através de prova biológica em camundongos, sangrias de 06 l/equino, totalizando 3 sangrias em cada ciclo. A separação do plasma se faz após 48 h de sedimentação em câmara fria e posteriormente envio para o Instituto Butantan para a industrialização e produção de soro antiofídico. São realizados 04 ciclos por ano no IBEX. O IBEX mantém 114 equinos na sua fazenda, um biotério com 2.500 animais e um serpentário com 85 serpentes na sede, em Benfica (Rio). IBEX - Prova biológica em camundongo

va esses animais como elementos de manobra e transporte, apressou-se em buscar recursos técnicos na França, visto que, à época, era o país que possuía as melhores escolas de veterinária do mundo e pessoal altamente adestrado e capacitado para o tratamento de doenças dos animais. As visitas do Imperador D.Pedro II, por várias vezes, à Escola de Veterinária de Alfort e o Decreto do Conde de Linhares, Ministro do Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, criando o cargo de veterinário, no 1º Regimento de Cavalaria do Exército, foram passos decisivos para a criação do Serviço de Veterinária Militar.

Missões principais Afora a preocupação principal com o cavalo, a 2ª Guerra Mundial revelou outra atividade importante para a medicina veterinária militar: a vigilância sanitária e a inspeção de alimentos. A aquisição de alimentos em grandes volumes, de fontes fidedignas, certificados e inspecionados, com qualidade, embalagem, estocagem e distribuição ao combatente, no teatro de operações, com integridade e segurança alimentar, foram missões importantes desempenhadas pelos militares durante esse grande conflito mundial. Essa preocupação logística dos exércitos aliados, para evitar sabotagem e riscos à saúde dos militares, fez surgir o inspetor veterinário militar de alimentos, responsável pela qualidade e higidez do suprimento de víveres e forragens, em campanha, inclusive a água. Essa atividade logística de transcendental importância estratégica é uma das principais funções técnicas dos veterinários nos exércitos modernos. Nos últimos sessenta anos, após a utilização da energia nuclear para fins bélicos: explosões de bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki, 1945, 36_Animal 36_AnimalBusiness-Brasil Business-Brasil

as expedições espaciais e a cibernética, os exércitos das grandes potências mundiais mudaram o perfil da guerra convencional para a guerra fria e assimétrica, utilizando-se de novos meios, métodos e engenhos bélicos para defesa de seus territórios e ataque a seus inimigos. O combate terrestre com grandes efetivos militares perdeu força para os ataques aéreos a grandes distâncias com bombas e mísseis teleguiados. Entenda-se que a guerra fria, de uma forma geral, foi a disputa travada pelos EEUU e URSS, na busca da hegemonia política, militar, tecnológica, econômica, social e ideológica para conquistar o mundo; e a guerra assimétrica um conflito entre dois ou mais atores de vasta diferença de capacidade, em que os beligerantes podem diferenciar sua essência no embate, interagir e explorar cada um suas características de fraqueza. Os atores não são por muitas vezes identificados no campo de batalha, portanto, deve ser observado por um todo, desde o poder militar até civis envolvidos e tecnologia utilizada. Nessa competição declarada e muitas vezes encoberta, sobressaíram as ameaças, agressões e ações psicológicas com o uso das armas de destruição de massa: a guerra química e biológica, dirigida aos contingentes humanos e ao meio ambiente, flora e fauna, nas mais diferentes partes do mundo, principalmente no continente Asiático e Oriente Médio. Agentes químicos e biológicos espalharam pânico nos EUA, Europa e América do Sul, preocupando as nações e criando um ambiente de bioterrorismo, que fez surgir emergencialmente o emprego de equipes multiprofissionais de saúde para a defesa química, biológica e nuclear. O meio ambiente assumiu grande importância para o vestígio, rastreamento e monitoramento dos agentes QBN, com as Vigilâncias Sanitárias, Ambiental e Saúde.


As doenças, coincidência ou não, na realidade, apareceram nesses últimos trinta anos, a Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida-AIDS, Ebola, Encefalite Espongiforme Bovina, Gripe Aviária, Gripe Suína e Pneumonia Asiática, viróticas, de grande contagiosidade e virulência, provocando preocupações internacionais e graves prejuízos econômicos, sanitários e sociais, no planeta.

Guerra biológica O episódio de bioterrorismo do Bacillus anthracis, após o ataque das Torres Gêmeas, World Trade Center, EEUU, 11 setembro de 2001, fez surgir o medo e pânico da guerra bacteriológica, espalhada pelo bacilo, na Europa e América Latina. No Brasil, a hipótese não confirmada de aviões contaminados vindo da Europa e Estados Unidos, nos aeroportos do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, exigiu a participação de equipes multidisciplinares do Instituto de Biologia do Exército, FioCruz e Polícia Federal, para desvendar as dúvidas reinantes. Pesquisas laboratoriais envolvendo médicos e veterinários foram importantes para os diagnósticos em materiais colhidos e suspensão da quarentena e vigilância epidemiológica estabelecidas, nesses aeroportos. Surgiu, com veemência o conceito da necessidade da Biossegurança.

Biossegurança

Arquivo - Hospital Veterinario Aman

Segundo definição da Fundação Oswaldo Cruz, biossegurança é um conjunto de saberes direcionados para ações de prevenção, minimização ou Tenente Coronel João Muniz Barreto de Aragão

Arquivo - Hospital Veterinario Aman

Os veterinários miliares colhem dados de campo com modernos equipamentos eletrônicos

eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, as quais possam comprometer a saúde do homem, dos animais, das plantas e do ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. O Exército a define como: conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam, de forma não intencional, comprometer a saúde humana, animal, vegetal e o ambiente.

Guerra assimétrica A guerra assimétrica que o mundo vive na atualidade não visa apenas ao poderio bélico dos países mais fortes contra os mais fracos. Envolve a sociedade, a ciência, a economia, a inteligência, a informação, a tecnologia, os recursos ambientais, a geopolítica, a formação de blocos econômicos, para a conquista do poder, domínio comercial e territorial internacional. As reservas naturais, a produção de energia e os alimentos passaram a ser a alvos da cobiça dos países desenvolvidos e moeda de troca das alianças e acordos internacionais. O teatro de guerra, em vez dos campos de batalha da guerra convencional, são as bolsas de valores e a disputa de mercado das commodities pelas grandes potências mundiais, na assimetria. Nesse viés, o Brasil tem liderança internacional pela grandeza de seu território, produção de alimentos e grandes estoques de reservas naturais de minério, florestas e água, que têm que ser defendidas, a qualquer preço, pelo seu povo e forças armadas constituídas. Fundamentado no conceito de biossegurança do Exército, os veterinários militares são os únicos técnicos formados, preparados e capacitados, tradicionalmente, para compor as equipes multiprofissionais de saúde dos exércitos modernos, no que tange à saúde humana, animal e vegetal e ao meio ambiente. Secularmente, no Exército Brasileiro, eles demonstraram essa capacidade pioneira, a partir dos ensinamentos doutrinários de Alfort. Animal Business-Brasil_37


Produtos de regiões demarcadas conquistam

personalidade própria e vendem melhor Por:

Paulo Manoel Lenz Cesar Protasio, diretor da SNA e presidente da R3ZiS

C

omo consumidores sempre nos apresentamos, de longa data, principalmente a partir das capitais do Rio e de São Paulo, como clientes das “indicações geográficas de fora”, todas disponíveis nos velhos empórios portugueses, espanhóis e italianos. Agora, esse mercado, reservado inicialmente a uma elite de conhecedores ou imigrantes saudosos, deu sinais importantes de que será crescente – e a partir do Brasil. Hoje é comum o conhecimento de embutidos, vinhos, bebidas, queijos tratados pelo nome geográfico de sua origem. Algumas indicações se tornaram tão comuns que são referências genéricas, como o caso do “cheddar”, que agora se refere a um determinado tipo de queijo, mas não necessariamente ao produzido em Cheddar, na Inglaterra. Hoje, com base no consumo, é mais norte-americano do que inglês.

Identidade geográfica É notável a importância dos fatos que determinam o caminho de uma identidade geográfica. Normalmente nasce num lugar onde a pequena produção ganha notoriedade. A história da Felsineo Spa iniciada em 1947 em Bolonha, ano em que nasce a empresa familiar Salumificio Raimondi, é um ótimo exemplo. No ano de 1960, a empresa se transfere a Zola Pedrosa, na Província de Bolonha, onde até hoje se encontra a sede da fazenda. Para manter o enlace territorial com Bolonha, a fazenda adotou a denominação de Felsineo (da Felsina, antigo nome de Bolo38_Animal Business-Brasil

nha na época etrusca). No ano passado, festejaram 66 anos de existência – como referência geográfica – comemorados com seus oito tipos de mortadelas. Sua marca é uma garantia de que Felsineo é um produto gostoso, perfumado e apetitoso. La Blu de Felsineo é produzida até hoje com a mesma receita bolonhesa, uma reverência ao seu passado, somente adaptada às regras de alimentação e controle de qualidade do novo século.

Informação verdadeira Sua base produtiva é notável. Atende com sobra um dos interesses da Indicação Geográfica que é de representar uma informação verdadeira para o consumidor, tanto da origem do produto como das qualidades ou características decorrentes dessa origem. Sob a ótica do produtor é possível aumentar o valor agregado e ampliar sua diferenciação, preservando suas particularidades e valorizando o ambiente local. Suas repercussões são inúmeras, destacando-se fidelidade, competitividade e globalidade. E o consumidor não precisa ir a Bolonha para comprar o produto, pois sua distribuição é parte de sua credibilidade e todos têm a certeza de que é de lá que ele vem.

No Brasil No Brasil o número de registros de Indicação Geográfica cabe na palma de duas mãos. O esforço mobilizador mais recente foi organi-


No Brasil, o número de registros de indicação geográfica cabe na palma de duas mãos

realizados o mundo da Indicação Geográfica para o Brasil será outro a partir de 2015. Propriedades de marcas de produção e indicação geográfica, tanto como denominação de origem ou como indicação de procedência, vão ganhar expressão e ter cada vez mais valor. O exemplo mais recente e ousado foi o lance da JBS em relação à criação da marca Friboi como nome de carne. A iniciativa despertou um novo comportamento junto ao consumidor brasileiro e trouxe para seus produtos uma referência inusitada. O reflexo perpassou todo o mercado, e vai ser visível a partir do crescimento de sua fatia de participação tanto no mercado interno quanto externo. Outros produtores virão, mas não serão mais os primeiros.

Divulgação

zado pelo Sebrae através de um edital em 2008 e já produziu seu primeiro fruto: o do café na região do cerrado mineiro. No mesmo pipe line, o Sebrae tem hoje projetos em execução na região agreste de Pernambuco, uma proposta para o queijo coalho, em Mossoró de melão, de ostras em Florianópolis, de cachaça em Abaira na Bahia, de própolis vermelha em Alagoas, de mel de abelha da flor do cipó uva no Ceará e de cajuína, no Piauí. O Ministério da Agricultura por sua vez destacou seu papel na identificação e implementação dos signos distintivos de uso coletivo através de ações de incentivo ao uso da indicação geográfica ou marcas para produtos agropecuários no mesmo período. O objeto comum é o de imprimir competitividade aos produtos brasileiros e promover o desenvolvimento rural e a sustentabilidade. Sua lista de produtos já chega a 220 referências listadas das quais 74 foram destacadas e cinco estão em fase avançada de preparação visando ao reconhecimento. Estamos começando a caminhar na direção do potencial brasileiro. Com base nos estudos

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Branding Branding é uma ferramenta que pode ser aplicada universalmente e acontece de forma multidisciplinar através de conteúdos e conhecimentos de marketing, planejamento, comunicação e design. Mas quando a marca se atrela ao desafio de um mundo globalizado, interdependente e dinâmico, ganha um novo ambiente de realização e compromisso, daí sua importância para o país, para a região e para sua indicação de procedência. E todas as iniciativas que se produzirem terão como palco maior a marca Brasil – produzindo um novo cenário para o papel regional e global que já temos.

Capital intelectual nacional A crise econômica, a mudança climática e o envelhecimento demográfico criaram desafios tanto para os tomadores de decisão como para os demais habitantes de nossas concentrações urbanas. A sociedade da informação teve um enorme impacto tanto na aceleração da economia como do progresso social. Nunca foi tão importante ter consciência e compreensão dos fatores críticos que afetam a formação dos valores nacionais, regionais ou locais. Digitalização e globalização mudaram os procedimentos dos negócios de uma forma profunda e rápida no país. A qualidade da sociedade

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é largamente determinada pela sua capacidade de incorporar conhecimentos, trabalhar em conjunto e produzir destaques em suas iniciativas.

Tarefa difícil Medir produtividade e impactos é uma tarefa difícil. As pessoas avaliam fatores ligados à qualidade com óticas diferentes. Sob esse aspecto, a iniciativa de identificar a relação com o território geográfico na perspectiva de uma constante transformação de vida é por si só uma elevada missão. O Brasil, em essência, é reconhecido como país de grande extensão geográfica, mas como marca, precisa ser igual ou maior. Uma denominação de origem tem grande importância para um país de exportação crescente, em especial, com a responsabilidade de grande produtor de alimentos e energia renovável. Sua inserção com os demais países da região realça o hemisfério Sul e serve aos propósitos maiores da in-

Estamos começando a caminhar na direção do potencial brasileiro


tegração regional com outros mercados, como alguns dos países africanos. A pole position de 10 produtos agropecuários qualifica o tema como um componente obrigatório de sua estratégia internacional de alimentos para o mundo. Suas ações ganham importância na medida em que representarão (1) um resultado mais expressivo para os produtores, (2) uma referência de qualidade para os consumidores e (3) um conceito de percepção de valores a favor do país ou da região no balanço com seus presentes e futuros competidores.

É comum o conhecimento de embutidos, queijos tratados e outros produtos importados pelo nome geográfico da sua origem

Integração institucional Essa atividade, encarada com todo seu potencial, poderá igualmente refletir favoravelmente na integração institucional das diferentes frentes abertas, servindo para criar cenários e produtos, por exemplo, no Mercosul e na OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica) fomentando IG’s regionais e permitindo a construção de marcas coletivas tais como as IG´s Amazônicas, potenciais e existentes.

Milão. As duas atividades pretendem inaugurar um processo de busca de maior espaço para o país diante da dinâmica dos novos desafios colocados pelo cenário da Segurança Alimentar global. A economia brasileira está diante de um processo de reestruturação extremamente profundo e em grande número de áreas, em especial no setor da produção agropecuária, marcado por uma constante expansão.

Convenção de Paris

Teoria da Localização

A inclusão de indicações de procedência ou de origem geográfica de uma série de produtos agropecuários está no berço da Convenção de Paris. Sua evidência no século 19 nos chega pelo exemplo dos diplomatas que negociaram a convenção, em princípio para proteger as invenções apresentadas em feiras internacionais, mas reforçaram a importância dessa forma mais antiga de proteger criações da cultura local. Marcas famosas são muitas vezes associadas a produtos que têm origem geográfica distinta e essa constatação chega como referência do século quinto antes de Cristo, trazida no exemplo do vinho da Ilha de Chios, reconhecido como um luxo clássico na Grécia antiga. Todos queriam dele provar.

Congresso da SNA Esse foi o motivo que marcou com objetividade o painel organizado no congresso da SNA na manhã de seu segundo dia. Um calendário dividido em duas etapas foi definido: uma iniciativa interna – durante da ExpoSustentat no próximo mês de agosto de 2014, em São Paulo, e outra externa – durante a EXPO Universal de 2015, em

Tratar da produção de alimentos diante da necessidade de atender um país agrícola cada vez mais produtivo em sua região central e a crescente relevância em sua economia regional é compreender a Teoria da Localização e a importância de logística. O estudo que serviu de alicerce para o congresso da SNA, realizado pelo CGEE em parceria com a EMBRAPA, define com clareza, as linhas de ação que promovem a atuação proativa da produção de alimentos no país num contexto global, com ênfase nos aspectos científicos, tecnológicos e de inovação. Na medida em que ocorrem melhorias, a região passa a atender melhor não somente aqueles dedicados à agricultura, mas uma camada importante de operações produtivas locais e externas que elevam a competitividade regional. Visando à identificação de linhas de ação necessárias para a sustentabilidade e sustentação da produção de alimentos no Brasil e para a atuação proativa do país num contexto global, com ênfase na inovação é importante considerar o deslocamento das culturas agrícolas, que vão da pecuária extensiva à produção de cereais, à fruticultura, à produção de lacticínios e a horticultura. Animal Business-Brasil_41


Medir produtividade e impactos é uma tarefa difícil

Para compreender a Teoria da Localização e o crescimento econômico regional, muitos economistas, agrônomos e geógrafos desenvolveram a análise de modo a aplicá-la a um amplo espectro de desafios, e tentaram sintetizar a teoria locacional com outros campos da ciência econômica e social. Nos últimos 30 anos, o país desenvolveu a melhor e mais avançada tecnologia de agricultura tropical no mundo, com manutenção da área plantada, demonstrando sua capacidade de reunir as melhores características para uma rápida expansão, pois além do potencial físico, criou correntes agroindustriais desenvolvidas e uma massa crítica de produtores-gestores cada vez mais jovens e qualificados, habituados aos desafios da operação em todo tipo de escala, com gestão financeira operacional simples ou complexa, e uso intenso de tecnologias modernas e sustentáveis, que podem ser generalizadas e multiplicadas em sua forma de uso.

Formação de redes Observa-se, no momento, a expansão de redes que operam em vários campos de atividade em tempo real e a conformação de comunidades virtuais como oportunidade que promete crescimento notável nos próximos anos. Novas tecnologias e sistemas introduzem, também, novas lógicas de evolução territorial, inclusive alargando a importância do espaço informacional. Os formatos organizacionais que privilegiam a interação e a atuação conjunta dos mais variados agentes – tais como redes, arranjos e sistemas produtivos e inovadores – vêm se consolidando como os mais adequados para promover a geração, aquisição e difusão de conhecimentos e inovações. A informação georeferenciada chegou para mudar comportamentos e ampliar oportunidades e conhecimentos. A agricultura sustentável tem que se preparar para aproveitar ao máximo essa ferramenta, e isso se dará muito rapida42_Animal Business-Brasil

mente. No agronegócio, entre as tecnologias necessárias e notáveis, a que ganhou destaque foi a da organização de uma base de dados georeferenciada. A partir do estudo feito pelo CGEE os novos mapas que vierem a ser realizados se transformarão em elementos autoexplicativos, promovendo a sensibilização da importância do Agronegócio e da Agricultura Familiar, hoje e no futuro. Essa iniciativa já está em curso através de uma decisão tomada para atender a realização, no Rio de Janeiro, em 2015, de uma reunião internacional sobre a cartografia. Várias serão as atividades que irão se criar no caminho do conhecimento do território e que acabarão por se relacionar com iniciativas complementares importantes, tais como o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e outros sistemas como o WebAgritec, que está pronto para ser uma ferramenta aberta a todas as lavouras, destacando um novo ângulo, mais amplo de informação, tanto existente como futura. A intensificação dos fluxos e saídas pelo Norte e Nordeste, com novas rodovias, hidrovias e ferrovias, será um imperativo da competitividade futura do transporte do Agronegócio e mais uma razão para o avanço das Indicações Geográficas. Assim, poderão ser promovidas, não somente junto ao poder público em suas três instâncias, mas em todas as demais bases participantes, adotando soluções que melhor equilibrem as necessidades econômicas com as premissas da sustentabilidade e restrições, hoje ditadas em âmbito internacional, de preservação do meio ambiente.

Calendário de 2014 O Calendário, portanto, do ano de 2014 será muito influenciado pela agenda já definida para o ano seguinte que carrega a vantagem de ter pelo menos dois eventos nos quais o Brasil poderá ser protagonista importante – a EXPO de 2015 em Milão e a ICC – Conferência Internacional de Cartografia no Rio de Janeiro. Para entender essa importância e suas implicações nas mudanças pelas quais o país tem passado, a figura abaixo ilustra de maneira simplificada a mudança de paradigma que podemos desejar e que nos será dado a realizar, no prazo estabelecido pelo Projeto Alimentos, desenvolvido pelo CGEE.


Mudança de Paradigma Vantagens Comparativas

Vantagens Competitivas

• Mercado protegido

• Competição e globalização

• Enfoque macroeconômico

• Enfoque microeconômico

• Influenciar líderes

• Produtividade empresarial

• Capital financeiro e natural

• Capital humano e conhecimento

• Hierarquia

• Meritocracia

• Economia de escala

• Agilidade

• Reação

• Pró-ação

• Governo como estrategista principal

• Visão compartilhada e colaboração entre Governo e iniciativa privada

• Paternalismo

• Inovação

• Regulamentação

• Menor nível de regulamentação

Fatores Naturais Redistribuição de Riqueza Limitada

Michael Porter destaca, em seus estudos, a vantagem competitiva que os países e regiões, que estruturam suas economias na produção de bens e serviços intensivos em fatores básicos (recursos naturais, clima, excedente de mão de obra não qualificada ou semi-qualificada, etc.), são incapazes de gerar os fundamentos de uma competitividade sustentável, assim como prover melhores condições de vida aos habitantes. A economia destes países e regiões se caracteriza por: (a). apresentar um ciclo vicioso da destruição da riqueza; (b). sofrer, com frequência, um processo de deterioração nas suas relações de troca; (c). se destacar pelos valores baixos de seus indicadores sociais; (d). vêm se (d). ampliar o número de concorrentes em escala global, dadas as facilidades de entrada no mercado daqueles bens e serviços; (e). não ter condições de sustentar seu processo de crescimento no longo prazo. Infelizmente, esta é a situação da grande maioria das economias urbanas e microrregionais que se situam nas áreas de influência de nossa proposta de valorização geográfica, as quais necessitam, urgentemente, de serem reestruturadas, para participarem de forma mais ampla do processo de integração competitivo que bate em suas portas.

Competitividade Criação de Novas Riquezas

Nova geografia A proposta de uma ação composta de uma frente de fomento de novas Indicações Geográficas despertará intensa valorização dos valores territoriais socioculturais existentes – passado e presente – servindo de chave para uma proposta de futuro e a partir de uma mobilização localizada, tornar-se um elo forte dessa nova corrente de produção com referência e endereço. A imagem visual aceita uma grande quantidade de informações, e vários níveis de leitura através do agrupamento dos elementos. Os trabalhos desenvolvidos nos diferentes níveis de interesse que servirão para traçar a nova geografia vai ser um dos pilares da construção do Brasil em sua ação para criar novos registros de IG´s. A informação visual, para ser realmente compreendida, e servir de ferramenta requer uma aprendizagem. Ela não é nem natural e nem espontânea porque possui uma linguagem própria que precisa ser aprendida. Apesar de a imagem ser um tema de interesse de profissionais de uma gama enorme de especialidades, a prática da cartografia temática, particularmente na geografia, ainda permanece muito aquém da teoria no que tange à elaboração da imagem gráfica. Além disso, atualmente verifica-se que há uma demanda de imagens significativas. Animal Business-Brasil_43


Cartografia Diante desta realidade, a cartografia deve constituir-se em um meio lógico capaz de revelar, sem ambiguidades, o conteúdo embutido na informação mobilizada e, portanto, dirigir o discurso do trabalho científico de forma abrangente, esclarecedora e crítica, socializando e desmistificando o mapa, enaltecendo assim, a especificidade social da ciência cartográfica. A elaboração de um mapa consiste em criar tantas imagens quanto forem os componentes existentes, ou seja, procedendo de maneira diferente segundo a natureza das questões que o usuário possa colocar, ou em outras palavras, em função de sua utilidade.

Compartilhamento de informação e a sustentabilidade da produção de alimentos O acesso à informação relevante e confiável ganhou importância crescente em todos os setores das atividades econômicas, sobretudo com o advento da chamada Sociedade do Conhecimento, que regida pelas leis da nova economia tem na informação seu elemento estruturante. Esta nova economia, muitas vezes denominada de Economia da Informação, pelo papel crucial do conhecimento na criação de riqueza, alimenta, e até certo ponto integra os tradicionais recursos terra, trabalho e capital. Para muitos, esta realidade tem o seu expoente máximo na rede das redes, a Internet, onde a quantidade de informação disponível cresce

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a um ritmo alucinante, tornando estratégica a sua utilização como fonte de conhecimento para apoiar as decisões dos agentes econômicos, mas, simultaneamente, tornando a gestão da informação numa tarefa cada vez mais complexa.

Informação De fato, a informação tem um papel crucial na tomada de decisões acertadas e em tempo útil. A tomada de decisão pode ser definida como um conjunto de etapas que passam pelo reconhecimento da necessidade de uma decisão, seguido de uma análise do problema, das alternativas para resolver o problema, da escolha de uma alternativa (decisão) e, finalmente, da aplicação da alternativa selecionada. Este processo é acompanhado pela necessidade de informação em cada uma das suas etapas. A organização da informação, com o objetivo de satisfazer as necessidades do processo de tomada de decisão, tem de respeitar as suas três dimensões, isto é, obedecer a algumas condições de ordem temporal, de conteúdo e de forma: • A dimensão temporal da informação engloba características de oportunidade (informação quando é necessária) e atualidade (informação atualizada); • O conteúdo é a dimensão da informação, geralmente considerada como mais crítica. Entre os aspectos que deve cobrir, incluímos a exatidão (informação livre de erros), relevância (informação relacionada com o problema) e cobertura (informação que cobre com detalhe suficiente a totalidade do problema); • A última dimensão da informação, a forma, lida com o aspecto de como a informação é fornecida. As suas características incluem o detalhe (informação com o grau de pormenor adequado) e apresentação (informação apresentada no formato mais adequado). Assim, para apoiar qualquer tomada de decisão, é crucial a disponibilização da informação correta (conteúdo) no momento em que é necessária (tempo) e no formato adequado (forma). Essa é parte mais sensível do passo a passo exigido pelo ritual da proposta de registro junto ao INPI.


Débora 70

A informação georeferenciada chegou para mudar comportamentos e ampliar oportunidades e conhecimento Jorge Ávila, presidente do INPI (esquerda) assinando Acordo de Cooperação Técnica com a SNA, representada pelo presidente Antonio Alvarenga

Convém, no entanto, chamar a atenção para a necessária distinção entre o que é dado, o que é informação e o que é conhecimento. Uma ilustração desta distinção pode ser, por exemplo, uma série de 30 anos de dados de uma determinada variável meteorológica, que são convertidos em informação mediante a aplicação de um determinado tratamento estatístico, sobre o qual vai interagir o decisor, aplicando a sua experiência e o seu conhecimento e tomando decisões. No âmbito das atividades agrícolas, a importância que o recurso informação tem vindo a ganhar deve-se, essencialmente, à complexidade de atividades onde a incerteza associada à variabilidade climática, à variabilidade das características espaciais e à diversidade das plantas e animais utilizados, é proporcionalmente maior do que noutros ramos de atividade. Esta complexidade é ainda acrescida por uma forte regulamentação subjacente ao enquadramento político e legal induzido pelas políticas agrícolas e pelos acordos de comércio etc., além das barreiras não tarifárias que acabam por se traduzirem em amarrações fitossanitárias e de cunho socioeconômico e ambiental (sustentabilidade). As empresas ou empreendimentos agrícolas vivem num processo de sucessivas tomadas de decisão sobre o modo como agir sobre o ambiente, as plantas e os animais, pelo que

têm uma necessidade permanente de recorrer à informação. A Internet possui características que a tornam um meio de comunicação particularmente vocacionada para servir de suporte a sistemas de informação que apoiem os mais variados tipos de tomada de decisão relacionada às atividades agrosilvopastoris em nível táctico e estratégico. Assim, graças à possibilidade oferecida pela Web de interligar recursos multimídia (textos, imagens e sons), o serviço de informação via Internet vem ganhando importância crescente como fonte de conhecimento para diversos setores de atividade, sobretudo devido ao crescimento exponencial da quantidade de informação disponível. Para muitos, o valor da Internet reside, precisamente, na sua capacidade de fornecer acesso imediato à informação. No entanto, atualmente, o problema já não é de acesso à informação, mas sim, de excesso de informação. Deste modo, a sociedade assiste ao aparecimento de diversos serviços de informação que, de alguma forma, auxiliam os utilizadores da internet na sua procura de conhecimento apropriado para apoiar a tomada de decisões em ambientes complexos e dinâmicos. Esse ambiente favorece a proposta de se valorizar no país a busca de identidades geográficas de norte ao sul, de leste a oeste. Animal Business-Brasil_45


Luiz Alves

Pecu谩ria de corte e piscicultura

s茫o destaques no agroneg贸cio de Rond么nia

Por:

Luiz Alves

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Novo agronegócio Na opinião do Superintendente Federal de Aquicultura e Pesca, em Rondônia, Giovam Damo, a piscicultura pelo sistema em cativeiro e tanques escavados, além de desafogar a pesca nos rios e igarapés, oferecendo condições para as espécies se reproduzirem naturalmente, está transformando a produção de peixes num grande e novo agronegócio. Os rios que já davam sinais de morte pela a pesca predatória voltam a respirar e apresentar sinais de vida, mostrando que nem tudo esta perdido. É verdade. No pequeno município de Itapuã do Oeste, distante 100 quilômetros de Porto Velho, capital do Estado de Rondônia, o produtor José Martins Nogueira Maia, em 11 hectares de lâmina de água com 19 tanques transformou a pequena propriedade numa verdadeira estância de piscicultura produzindo 80 toneladas de pescado por safra entre Pirarucu, Tambaqui e Pintado. No empreendimento administrado pela família, José Martins Nogueira Maia, engorda por ano 40 mil peixes que são comercializados com os frigoríficos que vendem para Manaus, Brasília, Piauí, Maranhão e Rio de Janeiro. Empresários de outros setores estão migrando e investindo na piscicultura, pelo fato do consumo da carne de peixe encontrar-se em alta e com mercado assegurado. Luiz Alves

O

Estado de Rondônia com 237.576,167 quilômetros, 1,7 milhões de habitantes, localizado na região norte destaca-se como o maior produtor de peixes em água não salgada do País, cultivando 10.805 hectares de lâmina de água doce para uma produção de 64.833 toneladas de pescados por ano, segundo estatísticas da secretaria de Desenvolvimento Ambiental (SEDAM). Atualmente, o Estado possui 3.250 propriedades licenciadas, sendo que 80% correspondem à produção de Tambaqui, Pirarucu, Jatuarana e Pintado. Esse crescimento explosivo na piscicultura de Rondônia deve-se ao incentivo do Governo do Estado, que vê nessa atividade a oportunidade dele se tornar um grande produtor de pescado, conforme avalia o secretário de Agricultura, Pecuária, Desenvolvimento e Regularização Fundiária (Seagri), Evandro Padovani. O sistema de produção mais utilizado é o intensivo com a média de 6 a 10 toneladas de pescado por hectares, ao ano, em tanques escavados. A cadeia produtiva possui dois frigoríficos com inspeção federal (SIF), um na região norte, município de Ariquemes (Zaltana Pescados), e outro no Sul do Estado, em Vilhena (Santa Clara), beneficiando 700 toneladas de pescado por mês. Contam com três fábricas de ração extrusada e 12 laboratórios para produção de alevinos distribuídos em todo o Estado. Parcerias, entre o Governo do Estado e o Ministério de Aquicultura e Pesca que apoiam as atividades capacitando técnicos, extensionistas e produtores rurais apresentam excelentes resultados. A pesquisa para melhoramento genético do Tambaqui, a produção e engorda do Pirarucu, bem como o licenciamento e construção de tanques, fomentando o desenvolvimento sustentável. O próximo passo é conquistar o mercado externo exportando para Europa e Estados Unidos. Respeitando as regras ambientais, existem, por outro lado, incentivos tributários para novos empreendimentos e a descentralização dos licenciamentos para os municípios, que tenham produtores com menos de 5 hectares de lâmina de água, gerando emprego e renda no campo e nas áreas urbanas. Despesca do pirarucu

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Luiz Alves

Tambaquis sendo descongelados

Weberton José de Mello, administrador do frigorífico Zaltana Pescados relata que das 650 toneladas de Pescados, beneficiadas, por mês, 60% são comercializadas no centro-sul do País com o grupo Pão de Açúcar e Wal-Mart, grandes consumidores do pescado rondoniense. Segundo ele, o carro-chefe é o Tambaqui, puxando no vácuo o pintado e o Pirarucu. Deste volume, 30% são em cortes nobres, costelas, bandas e filés. Os outros 30% são evis-

Luiz Alves

Tambaquis sendo embalados

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cerados que seguem para a mesma região. 40% seguem in natura para a Região Norte do País. Com investimentos de R$ 21 milhões na implantação de uma fábrica de gelo e outra de ração, o grupo se prepara para em 2015 beneficiar mil toneladas de pescado ao mês. Contudo, essa produção pode ser multiplicada por dez, pois só a fazenda “Nova Esperança” de peixes, na Região Norte do Estado com uma área de 300 hectares de lâmina de água garante a metade da produção anual desta indústria.

Sem restrições ambientais Clima, água exposta e mais aflorada com relevo e nascentes naturais é mais fácil produzir, tendo o fator climático equatorial, seis meses de seca e seis de chuva, sem quaisquer tipo de restrições ambientais, desde que a legislação seja respeitada, Rondônia produz o melhor peixe do Brasil. Motivados pela demanda do centro-sul, as indústrias frigoríficas investem em mão de obra e na qualidade da produção pesqueira na região. Do ponto de vista do engenheiro de pesca Vinicius Pedroti, o mercado para o peixe de Rondônia está consolidado como atividade lucrativa e empresarial que mantêm o equilíbrio, onde os subprodutos do pescado são reaproveitados em


Luiz Alves

A pecuária de corte tem grande expressão econômica em Rondônia

fábricas de ração e adubos. De acordo com Vinicius Pedroti, “o Tambaqui é o nosso peixe”. Weberton José de Mello acentua que o Tambaqui de Rondônia é comercializado em padrão de dois quilos e meio, somando-se a isso fatores importantes: paladar, preço, cortes sem espinhas e a mudança de hábito de quem trabalha na cozinha. Para ele, “Rondônia virou o celeiro do peixe.” Implantado na região do Sul do Estado, o frigorífico Santa Clara, também com inspeção federal (SIF), beneficia 30 toneladas de pescado/mês, atendendo as praças de Rondônia e Mato Grosso. Na safra 2012/2013, o grupo Mar e Terra com frigorífico, em Itaporã no Mato Grosso do Sul, beneficiou mil e 100 toneladas de Pirarucu, produzida na região central no Estado de Rondônia. Uma parte fora comercializada no mercado interno e outra exportada. Na atualidade, Rondônia é o maior produtor de Pirarucu em cativeiro no País.

Rondônia produz 20% da carne exportada pelo Brasil O Estado de Rondônia exportou, em 2013, 208.231 toneladas de carne desossada e 35 mil

toneladas de miúdos para 31 países totalizando em R$ 2,9 bilhões. Com um rebanho de 12,3 milhões de cabeças, o Estado participa com uma fatia de 20% de toda a carne exportada pelo Brasil. A estimativa do chefe do Serviço de Inspeção e Saúde Animal do Ministério da Agricultura, em Rondônia, Alfério Boettcher, é de que as exportações permaneçam estabilizadas no Estado. O destaque fica por conta das exportações para o Egito, 92.696 toneladas, Honk Kong, 43.141 toneladas e Venezuela 29.181 e Rússia 13.800 toneladas. As principais plantas exportadoras em Rondônia, são: Grupo JBS-Friboi, Frigon, Minerva e Marfrig. A partir de 2013, o Chile também passou adquirir carne dos frigoríficos de Rondônia, assim como os Estados Unidos. Para 2014, há o processo de habilitação para exportação de carne para Malásia, que tem como exigência o abate HALLAL, nos moldes da inspeção islâmica (abater o animal degolado). Os números apresentados pelo Ministério da Agricultura impressionam pela grandiosidade. Em 2013 foram abatidos 2,1 milhões de cabeças de bovinos. A estimativa do Serviço de Inspeção Federal em Rondônia é de que em 2014 sejam abatidos 200 mil bovinos a mais. Toda carne sai de Rondônia com o certificado internacional de abate (SIF). Animal Business-Brasil_49


A produção de peixe, de carne, de soja e de café consolidaram o estado de Rondônia como uma nova fronteira agrícola

O couro produzido e beneficiado em Rondônia atende aos mercados mais exigentes e as indústrias automobilísticas, como a Ferrari, BMW, Mercedes e outras. Segundo Alfério Boettcher “todas essas exportações tornaram-se possíveis pelo excelente Uma boiada a caminho do matadouro

trabalho de defesa sanitária animal desenvolvido pelo Estado que desde 2003, quando foi declarado livre da Febre Aftosa, pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), tornou-se referência nacional em segurança sanitária”. Desde que conquistou o status de livre da Febre aftosa, o rebanho rondoniense saltou, em uma década, de 3,94 milhões de cabeças para os atuais 12, 3 milhões com um crescimento de 190%. Rondônia ocupa o sétimo lugar entre os maiores rebanhos do País e o segundo no ranking da região norte. De acordo com dados da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafigo), o produto rondoniense tornou-se o principal item de exportação do Estado responsável por 60% do faturamento, colocando-o em quarto lugar no ranking dos exportadores de carne bovina. A pecuária gera emprego e renda em todo o Estado comemora o governador Confúcio Moura, que aposta em tecnologia no campo para duplicar o rebanho bovino nos próximos dez anos. Acreditando na tecnologia o empresário e pecuarista, Mário Gonçalves Ferreira, que mantém um rebanho de 15 mil cabeças de bovinos no regime de pasto extensivo, partiu para o sistema de confinamento. No prazo de 8 meses, ele terá 34 mil bois prontos para o abate, divididos em dois grupos de 17 mil cabeças, totalizando 40 mil bovinos anuais, com mais 6 mil mantidos em semi-confinamentos. Com 36 meses os bovinos estão prontos para o abate pesando 19 arrobas, em pé, ou seja, 570 quilos por carcaça viva.

Nova fronteira agrícola

Luiz Alves

Peixe, carne, soja, café cresceram e consolidaram o Estado de Rondônia como uma nova fronteira agrícola. A produção de leite, também não é menos significativa onde diariamente são comercializados 2,6 milhões de litros. Desta vasta produção, apenas 18% são consumidos no Estado, o restante é transformado em queijo, requeijão, mozarela e compotas que seguem para o centro-sul do País. Os principais laticínios embalam e beneficiam o produto para ser comercializado nos estados do Acre, Roraima, Amazonas e norte de Mato Grosso.

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Realização

CO O

Feira Internacional dos Cerrados

O Mundo do Agronegócio NO CORAÇÃO DO BRASIL Novidades tecnológicas Empresas de insumos agrícolas e pecuários, máquinas e implementos agrícolas

13 a 17

maio 2014

Instituições nacionais e internacionais Pavilhão internacional

Entrada franca BR 251 km 05 PAD-DF - Brasília - DF

Seminários e eventos técnicos

Espaço de Valorização da Agricultura Familiar - EVAF

Rodada internacional de negócios

Instituições financeiras

Dia de Campo sobre Tecnologias ABC

F PA - D

www.agrobrasilia.com.br

Coordenação

Patrocínio

CO OPA - DF

BANCO DE BRASÍLIA

Apoio

Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural

Ministério do Desenvolvimento Agrário

Animal Ministério de Agricultura, Pecuário e Abastecimento

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O atum é um peixe de alto mar muito valorizado

Faltam navios-fábrica e mão de obra

especializada na pesca industrial oceânica brasileira Por:

Francisco Carlos Alberto Fonteles, Coordenador Geral de Planejamento e Ordenamento da Pesca Industrial Oceânica no Ministério de Pesca e Aquicultura

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A

s principais espécies comercialmente pescadas na área oceânica são os peixes pelágicos altamente migratórios, como os atuns, agulhões e tubarões. Como a distribuição dos seus estoques se estende por grandes regiões oceânicas, com pescarias realizadas dentro e fora de áreas de jurisdição de vários países, fazendo com que os mesmos sejam pescados por diferentes métodos e aparelhos de captura, o ordenamento de sua pesca só é possível a partir de Organizações Regionais de Ordenamento Pesqueiro (OROP), tarefa que, no Oceano Atlântico e mares adjacentes, pertence à Comissão Internacional para a Conservação do Atum Atlântico (ICCAT, na sigla em inglês). Fundada em 1966, a ICCAT conta hoje com 48 países membros, sendo a maior OROP do mundo.

Ranking mundial As informações apresentadas neste artigo demonstram o panorama da produção mundial de pescado proveniente da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), sendo disponibilizadas e acessadas através do programa FishStat Plus (Universal Soft-

ware for Fishery Statistical Time Series). As bases de dados foram consultadas em outubro de 2012 trazendo informações sobre a produção pesqueira e aquícola mundial para o período de 1950 a 2010. No caso do Brasil, foram utilizados os valores consolidados e apresentados nos Boletins Estatísticos da Pesca e Aquicultura - Anos 2008, 2009 e 2010, restringindo-se a este período a análise desta matéria, devido a não publicação dos dados referentes à produção mundial de pescado de 2011 pela FAO. A produção mundial de pescado (proveniente tanto da pesca extrativa quanto da aquicultura) atingiu aproximadamente 168 milhões de toneladas em 2010, representando um incremento de aproximadamente 3% em relação a 2009. Os maiores produtores foram a China com aproximadamente 63,5 milhões de toneladas, a Indonésia com 11,7 milhões de toneladas, a Índia com 9,3 milhões de toneladas e o Japão com cerca de 5,2 milhões de toneladas. Neste cenário, o Brasil contribuiu com apenas 0,75% (1.264.765 t) da produção mundial de pescado em 2010, ocupando o 19° lugar, caindo uma posição em relação ao ranking geral de 2009 (Tabela 1).

Tabela 1. Produção total de pescado (t) dos maiores produtores em 2009 e 2010. Posição 1° 2° 3° 4° 5° 6° 7° 8° 9° 10° 11° 12° 13° 14° 15° 16° 17° 18° 19° 20° 21° 22°

País China Indonésia Índia Japão Filipinas Vietnã Estados Unidos Peru Rússia Mianmar Chile Noruega Coreia do Sul Tailândia Bangladesh Malásia México Egito Brasil Espanha Taiwan Marrocos

2009 Produção 60.474.939 9.820.818 7.865.598 5.465.155 5.083.218 4.870.180 4.170.653 6.964.446 3.949.267 3.545.186 4.702.902 3.486.277 3.201.134 3.287.370 2.885.864 1.874.064 1.773.713 1.092.889 1.240.813 1.184.862 1.060.986 1.176.914

% 36,95 6,00 4,81 3,34 3,11 2,98 2,88 4,26 2,41 2,17 2,87 2,13 1,96 2,01 1,76 1,15 1,08 0,67 0,76 0,72 0,65 0,72

2010 Produção 63.495.197 11.662.343 9.348.063 5.292.392 5.161.720 5.127.600 4.874.183 4.354.480 4.196.539 3.914.169 3.761.557 3.683.302 3.123.204 3.113.321 3.035.101 2.018.550 1.651.905 1.304.795 1.264.765 1.221.144 1.166.731 1.145.174

% 37,69 6,92 5,55 3,14 3,06 3,04 2,89 2,59 2,49 2,32 2,23 2,19 1,85 1,85 1,80 1,20 0,98 0,77 0,75 0,72 0,69 0,68

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Tabela 2. Produção de pescado (t) da pesca extrativa dos maiores produtores em 2009 e 2010. Posição

País

2009

2010

Produção

%

Produção

%

15.195.766

16,78

15.665.587

17,50

China

Indonésia

5.107.971

5,64

5.384.418

6,02

Índia

4.066.756

4,49

4.694.970

5,25

Estados Unidos

4.230.380

4,67

4.378.684

4,89

Peru

6.920.129

7,64

4.265.459

4,77

Japão

4.221.797

4,66

4.141.312

4,63

Rússia

3.831.957

4,23

4.075.541

4,55

Mianmar

2.766.940

3,05

3.063.210

3,42

Chile

3.821.818

4,22

3.048.316

3,41

10°

Noruega

2.524.437

2,79

2.675.292

2,99

11°

Filipinas

2.605.826

2,88

2.615.753

2,92

12°

Vietnã

2.280.500

2,52

2.420.800

2,70

13°

Tailândia

1.870.702

2,07

1.827.199

2,04

14°

Coreia do Sul

1.869.415

2,06

1.745.971

1,95

15°

Bangladesh

1.821.579

2,01

1.726.971

1,93

16°

México

1.616.756

1,78

1.525.665

1,70

17°

Malásia

1.401.763

1,55

1.437.507

1,61

18°

Marrocos

1.175.437

1,30

1.143.652

1,28

Em relação à produção de pescado oriundo da pesca extrativa em 2010, tanto marinha quanto continental, a China também se manteve como o maior produtor do mundo, com cerca de 15,7 milhões de toneladas, seguida pela Indonésia com 5,4 milhões de toneladas, Índia com 4,7 milhões de toneladas e os Estados Unidos com 4,4 milhões de toneladas, aparecendo o Japão em sexto lugar, com 4,1 milhões de toneladas (Tabela 2). Já o Brasil registrou uma produção de 785.366 t, passando a ocupar a 25° colocação no ranking mundial, caindo duas posições em relação ao ranking de 2009 (Tabela 2). Apesar de ainda não terem sido disponibilizados dados estatísticos oficiais mais recentes, podemos informar que a produção do Brasil teve acréscimo nos últimos anos, sendo alterada a distribuição dos Países nas tabelas anteriores.

Pesca industrial no Brasil O Brasil tem privilégio no segmento da pesca oceânica, uma vez que se encontra em uma posi54_Animal Business-Brasil

ção geograficamente estratégica, ou seja, próximo às áreas mais produtivas deste tipo de pescado. Os recursos pesqueiros industriais podem ser constituídos de uma ou mais espécies como, por exemplo: (1) uma espécie de “sardinha” – Sardinella brasiliensis; (2) duas espécies de “camarão-rosa” – Farfantepenaeus paulensis e F. brasiliensis; (3) três espécies de “lagosta” – Panulirus argus, P. laevicauda e P. echinatus; (4) quatro espécies de “atuns e afins” – Thunnus albacares, T. alalunga, T. obesus e Xiphias gladius (FONTELES-FILHO, 2011). A produção de pescado nacional para o ano de 2011 foi de 1.431.974,4 t, registrando-se um incremento de aproximadamente 13,2% em relação a 2010. A pesca extrativa marinha continuou sendo a principal fonte de produção de pescado nacional, sendo responsável por 553.670,0 t (38,7% do total de pescado), seguida pela aquicultura continental (544.490,0 t; 38,0%), pesca extrativa continental (249.600,2 t; 17,4%) e aquicultura marinha (84.214,3 t; 6%). Em 2011, a


região Nordeste continuou registrando a maior produção de pescado do país, com 454.216,9 t, respondendo por 31,7% da produção nacional. As regiões Sul, Norte, Sudeste e Centro-Oeste registraram 336.451,5 t (23,5%), 326.128,3 t (22,8%), 226.233,2 t (15,8%) e 88.944,5 t (6,2%), respectivamente. A análise da produção nacional de pescado por Unidade da Federação para o ano de 2011 demonstrou que o Estado de Santa Catarina se manteve como o maior produtor de pescado do Brasil, com 194.866,6 t (13,6%), seguido pelos estados do Pará com 153.332,3 t (10,7%) e Maranhão com 102.868,2 t (7,2). Os estados da Bahia, Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso, Alagoas, Sergipe e Distrito Federal apresentaram uma redução em relação ao produzido em 2010. No entanto, para os demais estados foi observado um incremento na produção de pescado em relação ao ano de 2010. Com a estabilização da produção dos principais recursos pesqueiros costeiros, a principal alternativa para o desenvolvimento do setor pesqueiro nacional, excetuando-se a aquicultura, reside indubitavelmente na pesca oceânica, voltada para a captura de atuns e peixes afins (espadarte, agulhões e tubarões), os quais apresentam uma série de vantagens comparativas, em relação aos recursos costeiros, entre as quais é possível destacar: a) grande proximidade das principais áreas de pesca, no caso do Brasil; b) algumas espécies capturadas, como as albacoras, apresentam um alto valor comercial para exportação, constituindo-se em uma importante fonte de divisas para o

país; c) outras espécies, também presentes nas capturas, como os dourados, apresentam preço relativamente mais baixo, apesar do seu alto valor nutritivo, representando uma importante fonte de proteínas para o consumo interno; d) ciclo de vida independente dos ecossistemas costeiros, já intensamente degradados; e) ampla distribuição; e f) biomassa elevada.

Vantagem adicional Uma vantagem adicional é que, desde que adequadamente planejado, o desenvolvimento da pesca oceânica nacional poderia resultar em uma redução do esforço de pesca sobre os estoques costeiros. As negociações internacionais passaram a ser mais favoráveis para o Brasil após a entrada em vigor de outros acordos internacionais, especialmente a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, em 1994, que estabeleceu as Zonas Econômicas Exclusivas, e o direito de acesso soberano dos países ribeirinhos, e o acordo das Nações Unidas sobre as espécies de peixes Tranzonais e Altamente Migratórias, em 2001, que reconheceu o direito dos países ribeirinhos estarem desenvolvendo a pesca oceânica. Adicionalmente, o estabelecimento do Código de Conduta da FAO para uma Pesca Responsável, 1995, com seus Planos Internacionais de Ação, que contemplam os tubarões capturados pela pesca de Espinhel Pelágico, bem como os Albatrozes capturados incidentalmente, veio a contribuir com outro enfoque de importância que não apenas o dos montantes de captura, mas também de postura Um belo exemplar de espadarte (“Sail-Fish”)

Algumas espécies capturadas em mar alto, como as albacoras, apresentam um alto valor comercial para exportação

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com relação à sustentabilidade ecológica da pesca (MPA, 2010). De acordo com as recentes avaliações da ICCAT sobre o Rendimento Máximo Sustentável (RMS) das diversas espécies de atuns e afins do Oceano Atlântico, a Albacora laje (YFT), Albacora branca (ALB), e Albacora bandolim (BET) correspondem juntas a um potencial de captura no Atlântico Sul da ordem de 76,3 mil toneladas, que representa cerca de US$ 400 milhões (ICCAT, 2009 & BNDA/MPA). O Brasil ainda não possui uma participação expressiva, detendo em torno de 8% das cotas globais do atlântico, sendo que a metade de nossa captura gira em torno do bonito-listrado (Katsuwomus pelamis), que dentre as espécies de atuns é a que possui o menor valor de mercado, aproximadamente US$ 1,00/kg. No entanto, o Brasil não possui cota fixada para a captura dessa espécie. A participação dos atuns e afins capturados pela frota espinheleira (albacoras, espadarte e agulhões) corresponde à outra metade, cuja contribuição é basicamente das embarcações arrendadas. Ao contrário do bonito-listrado a captura dessas espécies está limitada por cotas determinadas na ICCAT.

Espécies capturadas na pesca industrial oceânica A Tabela a seguir, nos mostra a produção, em kg, das principais espécies capturadas pela frota industrial oceânica (frota atuneira).

Potencial brasileiro Espadarte (SWO). Nessas pescarias, a espécie alvo representa 58% da produção total, sendo exportada para o mercado Europeu na forma de charuto congelado, especialmente para a Espanha. As embarcações desta frota (frota arrendada) produzem cerca de 43,0 toneladas por cruzeiro de pesca, que duram em geral 60 dias, sendo realizados 05 cruzeiros de pesca por ano (MPA,

56_Animal Business-Brasil

Tabela 3. Captura total (Kg) por espécie para as embarcações atuneiras brasileiras no ano de 2012. Espécies

Nome científico

ALB

Thunnus alalunga

1,856,580.67

BET

Thunnus obesus

1,399,699.39

BFT

Thunnus thynnus

300

BUM

Makaira nigricans

SAI

Istiophorus albicans

107,964.00

SKJ

Katsuwonus pelamis

30,872,229.58

SPF

Tetrapturus pfluegeri

SWO

Xiphias gladius

WHM

Tetrapturus albidus

YFT

Thunnus albacares

1- Atum (espécies maiores) Total FRI

TOTAL

48,367.58

3,973.20 2,832,691.96 70,792.00 2,836,471.25 40,029,239.63

Auxis thazard

259,242.00

BLF

Thunnus atlanticus

123,689.32

BLT

Auxis rochei

DOL

Coryphaena hippurus

640,780.10

LTA

Euthynnus alletteratus

580,627.00

WAH

Acanthocybium solandri

212,502.10

2- Atum (espécies menores) Total BIL

Istiophoridae

SBF

Thunnus maccoyii

TUN

Thunnini

3- Atum (outras espécies) Total BSH

Prionace glauca

SMA

Isurus oxyrinchus

4- Tubarões (espécies maiores) Total

93,585.00

1,910,425.52 79,073.82 1,480.86 611,601.50 692,156.18 1,607,260.24 195,510.52 1,802,770.76

BTH

Alopias superciliosus

1,096.20

FAL

Carcharhinus falciformis

LMA

Isurus paucus

23.80

MSK

Lamnidae

55.86

OCS

Carcharhinus longimanus

95.20

21,404.60

RSK

Carcharhinidae

129,506.28

SHX

Squaliformes

404,570.03

SPN

Sphyrna spp

103,493.62

TIG

Galeocerdo cuvier

5- Tubarões (outras espécies) Total LAG

Lampris guttatus

LEC

Lepidocybium flavobrunneum

OIL

Ruvettus pretiosus

6- Outras espécies Total TOTAL

7,983.04 668,228.63 8,941.80 5,059.60 63,161.00 77,162.40 45,179,983.12


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Navio para pesca em alto-mar

Há falta de mão de obra especializada, de tecnologia e de embarcações adequadas para o desenvolvimento da pesca oceânica nacional

2011). Esse desempenho gera uma produção média total anual de 215,0 toneladas por embarcação, sendo 124 toneladas de espadarte. O outro grupo tem como espécie alvo a Albacora laje (YFT) ou a Albacora branca (ALB). A Albacora bandolim (BET) aparece em menor quantidade em ambas as modalidades, como fauna acompanhante da pescaria. Estas frotas realizam cerca de 10 cruzeiros de pesca por ano para uma produção total por embarcação de 195,0 toneladas (MPA, 2011). A captura de Espadarte (SWO) como fauna acompanhante da frota gira em torno de 2,5% do total de espécies capturadas (MPA, 2011).

Navios-fábrica Atualmente não existem barcos-fábrica registrados no Sistema Informatizado do Registro Geral da Atividade Pesqueira- SisRGP, do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA).

Entraves para o desenvolvimento Vários são os entraves para o desenvolvimento da pesca oceânica nacional, com destaque para a falta de mão de obra especializada, de tecnologia e de embarcações adequadas, as quais, devido ao seu elevado custo, encontram-se comumente muito além da capacidade de investimento das empresas de pesca brasileiras. Para que o País consiga, portanto, ampliar a sua participação na pesca oceânica, precisará ampliar quotas de captura (no âmbito da ICCAT - Comissão Internacional para a Conservação do Atum Atlântico), consolidar uma frota pesqueira oceânica nacional, formar mão de obra especializada e gerar conhecimento científico e tecnológico sobre as espécies exploradas (HAZIN et al., 2007).

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Falta mão de obra nas

fazendas leiteiras Por: Engº

Agrº Alberto Figueiredo, diretor da SNA

A atividade primária de produção de leite de vaca tem passado por mudanças de estrutura produtiva no decorrer dos anos.

F

amílias se constituíam nas fazendas, e nelas criavam seus filhos, muitos dos quais ali permaneciam, em muitos casos, durante toda a existência, e não são raros os exemplos de remanescentes na zona rural fluminense. As fazendas tradicionais de pecuária mista, com diversificações para lavouras e pequenos animais, estão dando vez a empreendimentos especializados, com níveis diversos de padrões tecnológicos, ou, em outro extremo, a pequenas estruturas familiares.

Migração Paralelamente, talvez por consequência da interiorização de parques industriais, ou pela atração da construção civil, há uma tendência forte no sentido da migração da mão de obra tradicional rural para os centros urbanos. Contribuem nessa direção os planos sociais de apoio à renda, que de certa forma, provocam distorções relativas à acomodação entre muitos dos que estão aptos para atividades laborais.

Desinteresse Consequência fortemente sentida na atualidade, é a absoluta escassez de pessoas interessadas em atuar nas tarefas relativas à produção rural, especialmente, a de produção leiteira. Se, por um lado, temos que reconhecer que as condições de trabalho e compromisso com horários podem ser fatores negativos, por outro, os salários pagos têm experimentado au58_Animal Business-Brasil

mentos reais, o que, somado à oferta gratuita de moradia e leite para o consumo familiar, oferece oportunidade de qualidade de vida aos que atuam.

Aventura No entanto, com maior intensidade em passado recente, parece que um eficiente processo de comunicação, entre os envolvidos, está provocando uma verdadeira debandada de homens e mulheres originários da zona rural para uma aventura, sem retorno, rumo, tais quais os insetos, às luzes dos centros urbanos. O que é aparentemente incoerente é que, na maioria das vezes, em função, principalmente da baixa escolaridade, as condições de trabalho nessas regiões urbanas acabam submetendo essas famílias a condições de vida inferiores às que experimentavam na roça. As casas, agora sob condição de aluguel, oferecem, aparentemente, menos conforto do que as em que moravam na roça, e o salário, ao redor do mínimo, acaba comprometido com o próprio aluguel, conduções, leite, etc. O estranho é que, uma vez nessa nova condição urbana, ao serem consultados sobre o interesse em eventual retorno, parecem estar sendo ofendidos pela consulta. O mesmo acontece com os jovens, que ficam contando nos dedos os dias que faltam para completarem dezoito anos, para que possam se livrar do “pesadelo” que parece representar, para os mesmos, o trabalho na roça. Diante dessa realidade, fácil de ser comprovada, ou fechamos as fazendas e damos um jeito de produzir leite em laboratórios, ou analisamos o assunto sob os mais diversos pontos de vista,


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Falta mão de obra treinada no RJ

e nos antecipamos com soluções que atendam aos interesses dos envolvidos.

Novo modelo Será que é o momento de pensarmos em um novo modelo de relacionamento entre proprietários e colaboradores, evoluindo mais para as parcerias do que para as relações empregatícias tradicionais? Será que, nessa direção, as escolas de ensino médio especializadas não devem ser orientadas a alterarem seus currículos, tornando-os mais práticos, no sentido de formarem profissionais capazes de “fazer” mais do que serem somente intermediários de conhecimentos? Será que não poderíamos unir forças entre instituições como, por exemplo, o SEBRAE, que funcionaria como organizador do processo e ofertante de consultorias especializadas, a FAERJ, pela liderança formal natural que exerce junto ao setor produtivo, a SNA, enquanto centro de referência do agronegócio, no sentido de formatarem um “Estudo Específico de Caso”, que teria início pela indicação de consultor(es) com perfil (is) adequado (s) para percorrer(em) o in-

terior, talvez com apoio institucional da Emater, formulando hipóteses, e, através de entrevistas, preferencialmente gravadas, relacionarem os diversos fatores que estão provocando essa preocupante evasão? Será que, em fase seguinte, se poderia organizar um seminário sobre o tema e, à luz dos depoimentos obtidos, que poderiam ser projetados, somados à experiência dos convidados, complementados por assessoria jurídica devidamente habilitada, teríamos a possibilidade de indicar alternativas de curto, médio e longo prazos, capazes de promover o equacionamento da carência desse fator de produção tão fundamental para o processo produtivo?

Alarmante Ficam as sugestões para os interessados, considerando que a constatação aqui exposta, longe de ser um problema individual e localizado, parece ser geral e alarmante. Sabemos que as lideranças responsáveis estão atentas e são capazes de tomar iniciativas. O futuro incerto nos impinge a tomada de decisões eficazes e urgentes. Animal Business-Brasil_59


Roque

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Por: Paulo

Começou o Circuito ExpoCorte 2014 A primeira etapa da edição 2014 do Circuito ExpoCorte (nova denominação do Circuito Feicorte) aconteceu em Cuiabá (MT), no período de dias 19 a 20 de março. O evento, que em 2013 teve a participação de mais de 7 mil pessoas em cinco etapas, representando cerca de 100 milhões de cabeças de gado, passará também por Campo Grande (MS), Ji-Paraná (RO), Araguaína (TO) e Uberlândia (MG). Esta edição será realizada pela primeira vez em locais como Araguaína e Uberlândia, além de voltar a regiões que tiveram resultados excelentes. A Verum Eventos, empresa responsável pela ExpoCorte anunciou que a edição paulista já tem data confirmada, de 24 a 26 de junho, na capital do estado.

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Embalagem confirma ausência de hormônio na carne de frango O Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Dipoa/Mapa) autorizou as empresas produtoras de carne de aves que possuem o registro do Serviço de Inspeção Federal (SIF) a inserir nas embalagens a informação sobre a não utilização de hormônios durante a criação de aves. Poderão utilizar a seguinte frase: “SEM USO DE HORMÔNIO, COMO ESTABELECE A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA”. Segundo o Mapa, a informação é de caráter facultativo, sendo que a empresa deverá atentar para a inserção da mesma no painel secundário da embalagem, conforme disposto na Instrução Normativa nº 22/2005 em seu item 2.18.3. De acordo com o diretor substituto do Dipoa, Leandro Feijó, esta autorização se constitui em um “divisor de águas” para o setor: “Os consumidores precisam ser informados adequadamente e ter a segurança de que não existe este procedimento no país, considerando os avanços e investimentos realizados pelo setor produtivo de aves para aprimoramento da genética, nutrição e manejo desses animais”, destaca. Para atestar a ausência de adição de hormônios na criação, o Ministério da Agricultura realiza milhares de análises sobre a ocorrência de resíduos nos produtos de todas as empresas do setor avícola cadastradas no SIF, por meio do Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes (PNCRC). Desde a implantação do PNCRC, nunca foram constatadas ocorrências de utilização de hormônios.


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Sindirações e FAO reafirmam parceria O Sindirações e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) para agricultura familiar reafirmaram parceria em vários projetos. Um deles é o trabalho com a International Feed Industry Federation/ IFIF, com a criação do “IFIF FEED MANUAL”, que tem por objetivo apoiar a disseminação de boas práticas de fabricação de alimentos e as normas de segurança alimentar, já tendo sido traduzido para o inglês, francês, espanhol, mandarim e árabe. Além do manual, merece destaque a criação em conjunto do Global Feed & Food Congress, que já teve quatro edições, sendo duas delas realizadas no Brasil. Outro ponto debatido foi o engajamento do Sindirações, em parceria com a IFIF, de construir um corolário regulatório global harmonizado, visando facilitar o trânsito de mercadorias entre os países, e, acima de tudo, assegurar a qualidade dos alimentos. Segundo Ariovaldo Zani, vice-presidente executivo do Sindirações, “a iniciativa pretende aproximar os agentes regulatórios de diversos países e seus respectivos representantes da indústria, tornando as disparidades com relação às barreiras sanitárias, por exemplo, mais homogêneas”.

Comitiva da OIE visita o Brasil Uma comitiva oficial da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), liderada pelo veterinário Herbert Schneider, foi recebida, em Brasília, pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA). A missão técnica da OIE veio monitorar as ações do serviço veterinário brasileiro, com o objetivo de acompanhar as iniciativas do Brasil em termos de controle sanitário, visando a atender às exigências do mercado mundial. O líder da missão da OIE lembrou que o Brasil foi um dos primeiros países a aderir ao sistema adotado pela organização para avaliar a evolução dos serviços veterinários no mundo, conhecido como PVS (Performance Vision Strategy), há sete anos, sendo o primeiro na América Latina. O vice-presidente diretor da CNA, Eduardo Riedel, destacou o objetivo de conquistar cada vez mais mercados para a carne brasileira, o que reforça a importância de se ter um serviço veterinário eficiente. “Recentemente, abrimos escritórios da CNA na China e na União Europeia para entender melhor estes mercados. Estamos conversando mais com os agentes de comércio internacional dos mercados onde os produtos brasileiros estão inseridos”, afirmou.

Aplicativo mostra autenticidade da Guia de Trânsito Animal Criadores e profissionais de defesa agropecuária contam com uma nova ferramenta eletrônica que permite visualizar e constatar, em qualquer parte do país, a autenticidade da Guia de Trânsito Animal emitida pela Coordenadoria de Defesa Agropecuária, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Trata-se do aplicativo gratuito Consulta GTA, que pode ser baixado no aparelho celular, disponível na App Store (para iPhones da Apple) e na Google Play (para smartphones com Android). Foi desenvolvido pela Prodesp e para encontrá-lo na APP é só digitar “Consulta GTA”, no campo de busca.

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UBABEF comemora decisão do Dipoa

Minas vai regionalizar frigoríficos O secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Zé Silva, anunciou que o governo do Estado vai desenvolver um projeto de regionalização dos frigoríficos. Durante reunião com coordenadores regionais do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa),em Belo Horizonte, o secretário explicou que o projeto faz parte da agenda para o desenvolvimento do agronegócio mineiro até 2030 e terá por base o estímulo aos empreendedores para a criação de indústrias frigoríficas nos municípios com o suporte da qualidade dos serviços do IMA. “Trata-se de um passo decisivo para a inserção dos pequenos criadores de animais no mercado, com o apoio do poder público”, disse.

A proteína animal mais consumida no Brasil A carne de frango é a proteína animal mais consumida no Brasil. Das 12,3 milhões de toneladas produzidas no país no ano passado, 8,4 milhões de toneladas (dois terços) foram destinados ao mercado interno. Isso quer dizer praticamente 42 quilos de carne por habitante. Mesmo assim, segundo a UBABEF, uma parte dos brasileiros ainda crê que o frango, aqui, recebe adição de hormônios, o que é proibido e fiscalizado pelo Ministério da Agricultura. Vale lembrar que entre os maiores compradores internacionais estão mercados dos mais exigentes do mundo, como União Europeia e Japão. 62_Animal Business-Brasil

A União Brasileira de Avicultura (UBABEF) comemorou a autorização oficial feita pelo Dipoa / Mapa) para as agroindústrias avícolas fiscalizadas pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF) utilizarem nos rótulos a mensagem “sem uso de hormônio, como estabelece a legislação brasileira”. Segundo pesquisa encomendada pela entidade, a um instituto de referência, que tratou sobre hábitos de consumo do brasileiro, cerca de 72% da população ainda acredita que hormônios sejam utilizados na criação de frangos. Para o presidente da UBABEF, Francisco Turra, “não apenas o consumidor, mas muitos profissionais da área da saúde equivocadamente acreditam e disseminam a ideia de que são utilizados hormônios na criação de frangos. A presença de hormônio em frangos é um mito utilizado para justificar o crescimento e o menor tempo de abate dos frangos comerciais”. E esclarece que as “pesquisas mostram que a seleção genética é responsável por 90% da eficiência no ganho de peso. As evoluções nas áreas da genética, da nutrição (com base em dieta balanceada e eficiente), além do manejo nutricional, ambiência e cuidado sanitário resultam em uma ave que requer aproximadamente 1/3 do tempo e 1/3 do total de alimento que requeria uma ave produzida na década de 1950, por exemplo”.


Divulgação

Cadeia do leite fará parte da MercoAgro Lançamentos e inovações tecnológicas da indústria do leite estão entre as novidades da MercoAgro – 10ª Feira Internacional de Negócios, Processamento e Industrialização da Carne e do Leite, considerada a mais importante feira da indústria da carne no Brasil e na América Latina. Segundo a BTS Informa, organizadora do evento, esta inovação vem atender a uma tendência de mercado que demandava uma maior sinergia com toda a cadeia de processamento de proteína animal. Considerada a mais importante feira da indústria da carne no Brasil e na América Latina, a MercoAgro está marcada para os dias 9 a 12 de setembro de 2014, no Parque de Exposições Tancredo Neves, em Chapecó (SC), e deverá reunir produtos, serviços e soluções de cerca de 650 marcas expositoras diretas e indiretas. Os organizadores pretendem ampliar o foco para além da parte industrial do processo, cobrindo ainda etapas que antecedem à industrialização, destacando também em áreas como transporte, exigências sanitárias, câmaras frigoríficas e envolvendo ainda veículos utilizados na logística, alcançando, inclusive, a matéria-prima a ser processada.

Carne suína na pauta PGPM O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) propôs a inclusão da carne suína na pauta dos produtos amparados pela Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), a partir de março, mês que historicamente se acentua a queda de preços recebidos pelos produtores, com pico de baixa em junho e julho. Para o ministro Antônio Andrade é preciso incentivar ainda mais o setor porque a intenção é abastecer não só para o mercado interno, mas o mercado externo também.

Setor de cárneos traça abertura de novos mercados Com o objetivo de traçar estratégias para a abertura de novos mercados para as exportações de carnes de aves, suínos e bovinos do Brasil, lideranças do setor se reuniram, em São Paulo, com representantes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) e da Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Um dos pontos principais da reunião foi o debate da estratégia conjunta constituída em parceria pela União Brasileira de Avicultura (UBABEF), Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) e Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (ABIPECS) para promoção das exportações e novos negócios para os três setores, durante a realização da Copa do Mundo FIFA Brasil 2014. “Nós apoiamos todas as ações que estejam dentro das estratégias para fomentar os negócios internacionais dos setores que, de forma proativa, pensaram a Copa como uma vitrine para o Brasil. Estou especialmente entusiasmado com a iniciativa conjunta da UBABEF, ABIEC e ABIPECS, que pensaram dentro do espírito defendido pelos projetos da Apex-Brasil, de ações conjuntas como forma de fortalecer as exportações”, disse Maurício Borges, presidente da Apex-Brasil. Para o secretário executivo do MDIC, Ricardo Schaefer, “estas ações seguem uma grande ação estratégica de promoção das exportações, com o estabelecimento de prioridades entre os setores público e privado. Temos mercados-alvo com bastante potencial no Sudeste Asiático e outras regiões. A partir deste encontro, consolidamos uma meta de expansão de 1 milhão de toneladas de exportação entre todas as carnes”. Animal Business-Brasil_63


Marfrig suspende atividades na Argentina A Marfrig suspendeu as atividades em sua unidade de carne bovina de Hughes, na Província de Santa Fé. Tendo como fonte a imprensa argentina, o jornal Valor Econômico divulgou que os 500 empregados da unidade entraram em licença remunerada, pela qual ficarão sem trabalhar durante dois meses e receberão 70% do salário. A unidade da Marfrig em Unquillo, na Província de Córdoba, onde trabalham outros 500 empregados, também está paralisada. Procurada no Brasil, a Marfrig disse, por meio de sua assessoria, que não comentaria a informação. A imprensa argentina diz que a Marfrig alegou motivos financeiros, falta de abate e “pouca previsibilidade do negócio” no país como razões para suspender as operações em Hughes. Segundo o jornal “Clarin”, o governo argentino tem uma dívida de 10 milhões de pesos com a Marfrig por retenção de Imposto sobre Valor Agregado (IVA). Ainda conforme o Clarin, a Marfrig teria intenção de vender a unidade de Unquillo, que esteve fechada por três semanas para férias e que deveria ter sido reaberta ontem.

Boas práticas para expansão da aquicultura brasileira A normatização de boas práticas na criação de algumas das principais espécies de interesse comercial, como a tilápia, o tambaqui, e frutos do mar como ostras, mexilhões e vieiras, está sendo elaborada pelo governo federal através do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) e da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Um dos objetivos é expandir a produção nacional de pescado em reservatórios públicos, no litoral e nas propriedades rurais. O processo de elaboração das normas começou há três anos com a participação de mais de 70 instituições, como universidades, centros de produção, institutos federais, Ministério da Agricultura, Embrapa, EPAGRI, FIPERJ e secretarias de governo estaduais e municipais.

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Raul Moreira

Educação e capacitação no agronegócio Antonio Alvarenga* O Brasil tem uma cultura urbana muito arraigada. Historicamente, as atividades industriais, comerciais e financeiras têm sido mais valorizadas, em comparação às atividades do setor agropecuário. Apesar de sua importância econômica, a imagem que o cidadão urbano faz do agronegócio ainda é distorcida. Os jovens preferem morar nas cidades, trabalhar nas indústrias, no comércio, no setor bancário e serviços públicos. Essa preferência urbana reflete-se negativamente no setor rural, acarretando deficiências de mão de obra qualificada para atender à crescente demanda do campo. Embora exista grande carência de profissionais capacitados para o agronegócio, nossas instituições de ensino, de maneira geral, continuam formando profissionais “urbanos”. Educação, conhecimento científico e qualificação profissional são alavancas indispensáveis para o desenvolvimento de qualquer setor econômico. O agronegócio brasileiro prosperou graças às condições naturais do país, ao desenvolvimento e disponibilização de tecnologias apropriadas por parte de nossas instituições de pesquisa. São fatores que proporcionaram vantagens comparativas e competitivas à nossa produção agropecuária. Por outro lado, nossos produtores rurais demonstraram grande capacidade empreendedora e extrema dedicação, superando eventuais deficiências de conhecimento formal. O agronegócio brasileiro cresceu e tornou-se um player importante no cenário globalizado. Em conseqüência, suas operações estão cada vez mais complexas. A manutenção de seu desenvolvimento dependerá da capacidade das empresas modernizarem e profissionalizarem sua gestão, principalmente nas áreas de produção, tecnologia, logística, financeira e jurídica. Há operações financeiras dos mais variados tipos. É preciso acompanhar as projeções de oferta 66_Animal Business-Brasil

e demanda dos produtos, as flutuações dos mercados de commodities e do câmbio, o controle de estoques, a logística de armazenagem e transporte, dentre outros aspectos. A obtenção de um pequeno ganho no valor da comercialização do produto, aproveitando de forma eficiente as flutuações do mercado, pode representar uma elevação extraordinária de sua lucratividade. Os empresários do setor são obrigados a cumprir diversos dispositivos legais, que se alteram e se multiplicam, nas esferas fundiária, ambiental e econômica. O setor também necessita adotar modernas ferramentas de marketing, sobretudo no mercado externo. É necessário exportar com maior valor agregado. No caso da produção animal, devemos aumentar a produtividade. Nossa pecuária precisa ser menos extensiva e mais intensiva. Isso demandará mais veterinários, zootecnistas, técnicos qualificados em genética, alimentação animal, sistemas de confinamento e rotação de pastagens. A exploração racional de florestas e a adoção de sistemas de produção com baixa emissão de carbono também são fundamentais. O MEC e as instituições de ensino devem sair da inércia e acordar para essa nova realidade, concedendo maior atenção ao setor que garante o equilíbrio de nossa balança comercial, e representa um terço dos empregos gerados no país. * Antonio Alvarenga é presidente da Sociedade Nacional de Agricultura


O curso de Medicina Veterinária da Universidade Castelo Branco é resultado de uma parceria com a Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) e uma opção natural para quem quer ingressar na área de medicina animal, pois oferece aos alunos os principais fatores para uma formação de excelência: estrutura, pesquisa, extensão e ensino de alto nível. Com uma área de 150.000 m², o campus Penha destaca-se por sua imensa área verde preservada em uma das regiões mais movimentadas da cidade. Nesse espaço privilegiado, os alunos de Medicina Veterinária têm uma estrutura projetada para oferecer a melhor qualidade de ensino, com clínica-escola, minizoológico, unidade animal, horta orgânica e um projeto otimizado de cultivo de plantas medicinais e ornamentais. Além de segurança, estacionamento próprio e fácil acesso pela Linha Amarela e pela Avenida Brasil.

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