A Lavoura 703

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Ano 117 Nº 703/2014 R$ 12,00

Indicação Geográfica Frutas do Vale do Submédio São Francisco

OVINOS/CAPRINOS

Como aumentar a

produção de cordeiros • A expansão da ovinocaprinocultura A Lavoura - Nº 703/2014

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PROGRAMA PRODUÇÃO DE LEITE DE QUALIDADE O Programa Produção de Leite de Qualidade está mudando a forma de produzir leite nas propriedades do país. O objetivo é capacitar os produtores de leite nas boas práticas de ordenha e gerar mais renda para o produtor. A Instrução Normativa nº 62/2011 (IN 62) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) regulamenta a produção, identidade, coleta e transporte do leite e estabelece os limites de qualidade e os prazos para serem alcançados. Saiba como atender a IN 62, procure o SENAR do seu estado ou o sindicato da sua região. Informe-se e participe deste grande salto de qualidade do leite brasileiro.

www.timeagrobrasil.com.br

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A Lavoura - Nº 703/2014


Ano 117 . Nº 703/2014

OVINOS

A LAVOURA

• 10

Criatório organizado aumenta a produção de cordeiros

30 •

SAÚDE ANIMAL

Brasil tem que se proteger da diarreia suína

TECNOLOGIA

• 38

Tempo quente nas videiras

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52 •

BATATA

Escolha da variedade considera o consumo Indicação geográfica

Uvas de mesa e Mangas do Vale do Submédio São Francisco

16 • 24 •

Manejo É hora de abrir o silo ADUBAÇÃO Sua adubação é competitiva?

44 •

TECNOLOGIA Cinco vezes mais maracujá

46 •

OVINOS/CAPRINOS A vez da ovinocultura cearense

50 •

OVINOS/CAPRINOS Ovinocaprinocultura desponta no Vale do Paraíba

PANORAMA 06 Alimentação 18 & Nutrição Organics Net

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animais de estimação

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CI ORGÂNICOS

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INFORME SEBRAE

56

FAO 60 EMPRESAS 62 SNA 117 ANOS A Lavoura - Nº 703/2014

64 •

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Diretoria Executiva Antonio Mello Alvarenga Neto Almirante Ibsen de Gusmão Câmara Osaná Sócrates de Araújo Almeida Joel Naegele Tito Bruno Bandeira Ryff Francisco José Vilela Santos Hélio Meirelles Cardoso José Carlos Azevedo de Menezes Luiz Marcus Suplicy Hafers Ronaldo de Albuquerque Sérgio Gomes Malta

Academia Nacional de Agricultura Presidente 1º vice-presidente 2º vice-presidente 3º vice-presidente 4º vice-presidente Diretor Diretor Diretor Diretor Diretor Diretor

comissão fiscal Claudine Bichara de Oliveira Maria Cecília Ladeira de Almeida Plácido Marchon Leão Roberto Paraíso Rocha Rui Otavio Andrade Diretoria Técnica Alberto Werneck de Figueiredo Antonio Freitas Claudio Caiado John Richard Lewis Thompson Fernando Pimentel Jaime Rotstein José Milton Dallari Katia Aguiar Marcio E. Sette Fortes de Almeida Maria Helena Furtado

Mauro Rezende Lopes Paulo M. Protásio Roberto Ferreira S. Pinto Rony Rodrigues Oliveira Ruy Barreto Filho Claudine Bichara de Oliveira Maria Cecília Ladeira de Almeida Plácido Marchon Leão Roberto Paraíso Rocha Rui Otavio Andrade

Fundador e Patrono:

Octavio Mello Alvarenga CADEIRA 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41

Presidente:

Roberto Rodrigues

TITULAR Roberto Ferreira da Silva Pinto Jaime Rotstein Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira Francelino Pereira Luiz Marcus Suplicy Hafers Ronaldo de Albuquerque Tito Bruno Bandeira Ryff Lindolpho de Carvalho Dias Flávio Miragaia Perri Joel Naegele Marcus Vinícius Pratini de Moraes Roberto Paulo Cezar de Andrade Rubens Ricúpero Pierre Landolt Antônio Ermírio de Moraes Israel Klabin José Milton Dallari Soares João de Almeida Sampaio Filho Sylvia Wachsner Antônio Delfim Netto Roberto Paraíso Rocha João Carlos Faveret Porto Sérgio Franklin Quintella Senadora Kátia Abreu Antônio Cabrera Mano Filho Jório Dauster Elizabeth Maria Mercier Querido Farina Antonio Melo Alvarenga Neto Ibsen de Gusmão Câmara John Richard Lewis Thompson José Carlos Azevedo de Menezes Afonso Arinos de Mello Franco Roberto Rodrigues João Carlos de Souza Meirelles Fábio de Salles Meirelles Leopoldo Garcia Brandão Alysson Paolinelli Osaná Sócrates de Araújo Almeida Denise Frossard Luís Carlos Guedes Pinto Erling Lorentzen

ISSN 0023-9135

Diretor Responsável Antonio Mello Alvarenga

Assinaturas assinealavoura@sna.agr.br

Editora Cristina Baran editoria@sna.agr.br

Publicidade alavoura@sna.agr.br / cultural@sna.agr.br Tel: (21) 3231-6369

Reportagem e redação Gabriel Chiappini redacao.alavoura@sna.agr.br

Editoração e Arte I Graficci Tel: (21) 2213-0794 igraficci@igraficci.com.br

Secretaria Sílvia Marinho de Oliveira alavoura@sna.agr.br Foto: Manuela Bergamim / Embrapa Pecuária Sul • www.embrapa.br/pecuaria-sul É proibida a reprodução parcial ou total de qualquer forma, incluindo os meios eletrônicos sem prévia autorização do editor. Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não traduzindo necessariamente a opinião da revista A Lavoura e/ou da Sociedade Nacional de Agricultura.

Impressão Ediouro Gráfica e Editora Ltda www.ediouro.com.br

Colaboradores desta edição Álvaro Vilela de Resende Caio Albuquerque Carla Gomes Dalizia Aguiar Elizabeth Quimas de Oliveira Gabriel Chiappini Isabel Massaretto Jean Vilas Boas Joseani M. Antunes Luis Alexandre Louzada Manuela Bergamim Mara Cristian Godoy Silva Monalisa Leal Pereira Monica Galdino Rossana Gasparini

Endereço: Av. General Justo, 171 • 7º andar • CEP 20021-130 • Rio de Janeiro • RJ • Tel.: (21) 3231-6369 / 3231-6350 • Fax: (21) 2240-4189 Endereço eletrônico: www.sna.agr.br • e-mail: alavoura@sna.agr.br • redacao.alavoura@sna.agr.br


CARTA DA SNA

O voto do Agro Os candidatos à presidência da República estão paparicando o agronegócio em busca de votos que lhes garanta o próximo mandato. Em agosto, dois eventos foram palco de embates entre os presidenciáveis. Uma das reuniões aconteceu em São Paulo, sob os auspícios da Abag, e a outra em Brasília, promovida pela CNA, onde os três candidatos compareceram pessoalmente. Naturalmente, Aécio Neves e Eduardo Campos (em uma de suas últimas atividades de campanha antes do trágico acidente) adotaram postura bastante crítica ao atual governo e anunciavam melhorias de todo tipo, caso eleitos. Aécio Neves, o preferido da maioria dos dirigentes do agro, promete um superministério da agricultura, segurança jurídica para os proprietários rurais e mais infraestrutura. Enfim, tudo que os agropecuaristas querem ouvir. Eduardo Campos tinha um discurso semelhante, afinado com os anseios do setor. Marina Silva é uma inimiga histórica do agronegócio. Por mais que ela procure apresentar-se como uma nova aliada do agro, é difícil acreditar. A ex-senadora, caso seja investida de poderes no próximo período governamental, provavelmente será um empecilho ao desenvolvimento do setor , sob os mais diversos e falsos argumentos de sustentabilidade ambiental. (No fechamento dessa edição, ainda não se conhecia a posição do PSB em relação a substituição do candidato Eduardo Campos). A candidata Dilma procura demonstrar a boa e consistente evolução da agropecuária durante seu governo, principalmente dos financiamentos rurais para custeio e investimento, bem como do seguro rural, que apesar de ter muito a crescer, está em bom caminho. A aprovação do novo Código Florestal foi uma boa conquista do atual governo. Dentro de alguns anos, quando o Cadastro Ambiental Rural estiver implantado, veremos sua importância. No entanto, pesa contra a presidente Dilma sua desastrada política econômica e a quase destruição do setor sucroalcooleiro. Também constam em seu passivo problemas de insegurança jurídica e atrasos nos investi-

mentos em infraestrutura, que só foram à frente quando o governo aprendeu que não se pode tabelar a rentabilidade dos investidores porque eles se retraem. É simples, mas alguns ideólogos insistem em intervir e tentar dirigir a economia conforme suas ultrapassadas convicções. De qualquer forma, apesar de todos os percalços, são inegáveis os avanços do agronegócio no governo Dilma. Grande parte dessas conquistas se deve à influência da senadora Kátia Abreu, sobretudo na elaboração dos sucessivos planos Safra. Uma parceria reconhecida por Dilma, que promete dar continuidade, caso seja reeleita. Dois documentos contendo as reivindicações do agronegócio foram preparados e encaminhados aos presidenciáveis. São contribuições do setor para o estabelecimento de um programa de ações para o próximo governo. Um dos trabalhos foi elaborado por diversos técnicos, sob a coordenação do ex-ministro Roberto Rodrigues, presidente de nossa Academia Nacional de Agricultura. O outro documento foi elaborado pela CNA, incorporando contribuições de diversas instituições do setor, sob a coordenação de Moisés Gomes, presidente do Instituto CNA.

Ambientalismo de luto

O falecimento do almirante Ibsen de Gusmão Câmara deixou a SNA e o ambientalismo brasileiro de luto. Nos últimos 25 anos, nosso vice-presidente escreveu uma seção publicada, com muito orgulho para nós, em todas as edições de A Lavoura. Neste espaço ele abordava, com bom senso e rigor científico, as questões ambientais da atualidade. Almirante Ibsen era um homem digno e sério, preocupado com o futuro, a sobrevivência das espécies e a qualidade de vida da humanidade. Sentiremos muito sua falta.

Antonio

Alvarenga

Antonio Mello Alvarenga Neto

A A Lavoura Lavoura -- Nº Nº 703/2014 701/2014

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Panorama

41,6% dos produtores aplicam técnicas do Plano ABC

Desafios O Rally também mostrou que ainda existem alguns desafios a serem superados. Isso porque uma das maiores reclamações dos produtores foi o tempo de espera para adquirir o crédito, que atualmente tem demorado entre 30 e 450 dias. O secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo, Caio Rocha, ressaltou que, além dos resultados positivos, a mostra do Rally serve exatamente para que alguns pontos sejam ajustados. “Esse será nosso principal desafio. Criar um ambiente para que esse processo seja agilizado e o produtor possa obter recursos em menos tempo”, avaliou.

Rally da Pecuária/ABC mostrou resultados bastante positivos sobre a utilização de créditos de carbono disponibilizados pelo Plano

O Rally da Pecuária/ABC passou por 169 municípios, em um total de 55 mil quilômetros percorridos, mapeando e fotografando pastagens, e entrevistando cerca de 120 pecuaristas. Os recursos para o Plano ABC para a safra 2014/2015 programados pelo Plano Agrícola e Pecuário (PAP) correspondem ao mesmo volume de R$ 4,5 bilhões da safra passada. A principal mudança foi o aumento do limite de crédito para os beneficiários, que passou de R$ 1 milhão para R$ 2 milhões. O limite para plantio comercial de florestas é de R$ 3 milhões por beneficiário. Os juros variam entre 4,5% a 5% ao ano.

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resultado do Rally do ABC realizado pela Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa/SDC), em conjunto com a Agroconsult, que organiza os rallys da Safra e da Pecuária anualmente, trouxe resultados bastante positivos. Da mostra realizada, 41,6% dos produtores entrevistados, durante a expedição, afirmaram aplicar algumas das técnicas fomentadas pelo Plano ABC, como a recuperação de áreas degradadas, integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), plantio direto, florestas comerciais e fixação biológica de nitrogênio. A área total relacionada a essas tecnologias é de 9,2% do total da amostragem.

Segundo o ministro da Agricultura, Neri Geller, o Rally do ABC tem uma importância extraordinária do ponto de vista do contato com a produção. “O ABC é um plano muito positivo porque dá sustentabilidade na incorporação de áreas degradadas ao sistema de produção de grãos e na recuperação da pastagem extensiva para o rebanho bovino. Este trabalho em parceria com a iniciativa privada está sendo extraordinário do ponto de vista da divulgação e da informação para o nosso produtor”, disse.

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Para Caio, os números mostram que a procura pelo programa de crédito tem crescido, tanto que a quantidade de contratos realizados pelo Programa ABC aumentou em relação ao último ano-safra. “Este ano, alcançamos aproximadamente 8.500 contratos, sendo que na safra passada foram 8.359. Isso prova que o produtor tem interesse e mais do que isso, sabe que, além de protegerem o meio ambiente, ainda estão tendo aumento na renda”, afirmou. Rossana Gasparini

Ministério da Agricultura Divulgação

Se incluída a área já repassada para a agricultura, chega-se a 21,3% das áreas diretamente relacionadas às técnicas fomentadas pelo plano ABC. Outros 54,7% da área são conduzidos com técnicas de aumento da produtividade que se enquadram direta ou indiretamente no Plano ABC. Entre os pecuaristas, 55% usam algum tipo de financiamento para a produção e 16% deste total utilizam a linha de crédito do ABC.

Programa ABC

Número de contratos pelo Programa ABC cresceu em relação ao último ano-safra


Problema agravado

Paulo Kurtz

O problema da brusone é agravado pela inexistência de cultivares resistentes à doença e o grande número de hospedeiros do fungo, que pode atacar mais de 50 espécies de gramíneas. O controle tem sido a aplicação de fungicidas (estrobilurina + triazol), mas o desempenho desta estratégia não tem se mantido uniforme ao longo dos anos, principalmente quando as condições ambientais são muito favoráveis à doença.

Espiga de trigo com brusone

Brusone ameaça lavouras de trigo Pesquisadores do Brasil, Europa e Estados Unidos estiveram reunidos na Embrapa Trigo para discutir novas iniciativas no controle à doença

C

onhecida pelos produtores de arroz há séculos, a brusone é uma doença relativamente recente no trigo, principalmente nos cultivos do Brasil Central. Ainda restrita às lavouras da América do Sul, a doença representa uma ameaça aos países produtores de trigo no mundo pelo potencial de dano e inexistência de cultivares com resistência.

A brusone no trigo é uma doença causada pelo fungo Magnaporthe oryzae, que ataca a ráquis da espiga, produzindo grãos deformados e com baixo peso específico, implicando em perdas no rendimento. A última epidemia de brusone no Brasil foi observada em 2012, quando danos acima de 40% comprometeram lavouras de trigo no norte PR, MS e sul de SP. “São estes locais que, principalmente durante o espigamento da cultura, têm as condições de temperatura e umidade favoráveis para o desenvolvimento da doença, com temperaturas variando de 25 a 28 oC e ocorrência de períodos prolongados de chuva”, explica o pesquisador da Embrapa Trigo, João Leodato Nunes Maciel.

Para avaliar os avanços no conhecimento sobre o fungo, pesquisadores da Embrapa (Brasil), da UNESP (Brasil), da Universidade Estadual do Kansas (EUA), da Universidade de Exeter (Inglaterra), do Instituto Federal de Tecnologia (Suíça) e do Centro Internacional de Melhoramento de Trigo e Milho – Cimmyt (México) estiveram reunidos, através de uma ação do projeto “Variação genética e de virulência de Magnaporthe oryzae do trigo e de poáceas invasoras”, que vem sendo executado pela Embrapa Trigo desde 2011. Entre os temas abordados no encontro destacam-se a avaliação da variabilidade do fungo por meio do sequenciamento genômico, a geração de cultivares resistentes à brusone e a variação da sensibilidade do fungo a fungicidas. A expectativa é que, a partir desse encontro, seja estabelecido um projeto de cooperação internacional entre as instituições. “Atualmente, já estamos trabalhando com o Cimmyt na busca pela resistência genética à brusone. Nos experimentos conduzidos pela Embrapa Trigo no Brasil Central, estão sendo avaliados genótipos de trigo que deverão nos dar boas indicações nesse caminho que estamos percorrendo para gerar cultivares com maior nível de resistência à brusone”, conta o pesquisador João Leodato Nunes Maciel. Os experimentos contam com mais de mil genótipos de trigo localizados no Instituto Federal do Triangulo Mineiro — Campus Uberaba, MG, com supervisão da pesquisadora Edina Moresco. Joseani M. Antunes Embrapa Trigo

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Panorama

Produção Integrada traz mais qualidade e segurança para frutas e verduras Consumidores devem ficar atentos ao comprar os produtos nos supermercados; produtores podem ter qualidade e maior renda com a certificação

Produção Integrada. A batata e o café também já podem ser certificados, após cursos de auditores e de responsáveis técnicos.

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Certificação

uitos produtores e consumidores ainda não sabem, mas o Sistema de Produção Integrada (PI-Brasil), desenvolvido pela Coordenação de Produção Integrada da Cadeia Agrícola do Departamento de Sistemas de Produção e Sustentabilidade da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (CPIA/DEPROS/SDC/Mapa), é um meio de produzir alimentos seguros para o consumo, com menor impacto ambiental, maior responsabilidade social e rastreabilidade garantida. Atualmente, no Brasil, já são 18 frutas que possuem normas de PI publicadas — abacaxi, banana, caqui, caju, coco, limão, laranja, tangerina, figo, goiaba, maçã, mamão, manga, maracujá, melão, morango, pêssego e uva — que podem ser certificadas se o produtor seguir todas as etapas corretas do Sistema de

A produção integrada agropecuária é um processo de certificação, no qual o produtor rural deve seguir um conjunto de regras técnicas específicas, que serão auditadas nas propriedades rurais por certificadoras reconhecidas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Hoje, existem quatro certificadoras aptas no país.

Pesquisas contribuem na certificação de flores orgânicas

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Divulgação Agrofloraverde

studos desenvolvidos pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) contribuem na certificação de flores tropicais em Minas Gerais, primeiro estado a atestar produção orgânica. A Fazenda Flor de Corte, localizada em Jaboticatubas, região Central, foi a primeira propriedade do país a receber esta certificação.

A certificação, concedida em abril deste ano pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), considera como principal característica da produção orgânica, a ausência de resíduos de agrotóxicos, adubos químicos ou substâncias sintéticas que agridam o meio ambiente e a saúde do consumidor. Para Valdeci Verdelho, proprietário da Agrofloraverde, produzir flores orgânicas é uma forma de valorizar atitudes em benefício do planeta. “Não utilizamos adubos químicos, nem agrotóxicos. A nutrição das plantas é feita por meio de adubação verde, compostagem e outros ingredientes naturais permitidos pela legislação de orgânicos no Brasil. No controle de pragas e doenças o manejo é feito utilizando técnicas de prevenção e produtos permitidos no cultivo orgânico”, diz. Ele conta que conheceu estudos desenvolvidos no Núcleo TecnológiAo lado: Fazenda Flor de Corte é a primeira do país a receber esta certificação

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Selo O selo “Brasil Agricultura de Qualidade” comprova que o produto tem origem conhecida pela rastreabilidade e que o alimento é seguro para o consumo. De acordo com a coordenadora

Cristina Baran

Produtores de todos os portes podem se capacitar para o processo de certificação. Eles precisam apenas seguir as normas estabelecidas para cada produto e arcar com alguns custos em relação à empresa certificadora. Os benefícios são maior renda para o produtor rural, já que com a PI, a produtividade pode aumentar significativamente, maior qualidade dos alimentos, redução dos impactos ambientais, pois é possível diminuir o uso de agrotóxicos e ainda preservar a saúde tanto dos agricultores, quanto do consumidor final.

18 frutas já possuem normas de PI, entre elas o abacaxi, maçã, mamão, caqui e melão

de Produção Integrada da Cadeia Agrícola do Ministério da Agricultura, Rosilene Ferreira Souto, o desafio agora é fazer com que produtores e consumidores entendam a importância do Sistema de Produção Integrada e da certificação. “O consumidor precisa conhecer o produto certificado identificado através do selo. Já o produtor, muitas vezes, adere à produção integrada, mas não certifica o produto justamente por conta dos custos e da falta de reconhecimento por parte do consumidor. Mas assim que o consumidor passar a cobrar o selo de qualidade e a reconhecer, de fato, que os produtos com selo, produzidos de forma integrada, são melhores, teremos certamente um aumento nas certificações”, explicou. Rossana Gasparini

Ministério da Agricultura

co EPAMIG Floricultura, em São João del-Rei em 2011 e, a partir dessas informações, decidiu enveredar-se no cultivo de flores orgânicas. “Em 2012 começamos a plantar flores tropicais e folhagens e agora estamos desenvolvendo o projeto para orquídeas, que pretendemos cultivar a partir do próximo ano”, comemora.

Ela afirma que o controle alternativo pode ser feito por meio de podas e destruição de partes mais afetadas da planta. Outra alternativa apontada pela pesquisadora é o uso de embalagens de TNT para proteger as flores do ataque de pragas como a abelha irapuá. “Recomenda-se proteger as flores logo que estejam formadas, antes do início da abertura floral e antes que ocorra o ataque da abelha. A embalagem deve ser colocada cobrindo toda a flor e prendendo a parte inferior com grampo ou arame, para que a mesma não se solte da haste das flores”, recomenda.

De acordo com a pesquisadora da EPAMIG, Lívia Carvalho, o sucesso do manejo de pragas no cultivo de flores tropicais depende da correta identificação das pragas presentes na área e do uso de diferentes estratégias de controle visando reduzir o impacto negativo causado pelas mesmas. Ela explica que é necessário fazer monitoramento semanalmente para a identificação precoce de pragas e doenças. “Pragas como pulgões e moscas-brancas podem ser monitoradas através da utilização de armadilhas adesivas amarelas que devem ser colocadas uma em cada 200m2 na altura do topo da planta e em áreas de risco maior de infestação, como bordas dos cultivos, próximos a entrada ou nas aberturas de ventilação das casas de vegetação”, explica.

Flores em Minas Minas Gerais destaca-se como grande produtor de flores de corte, plantas ornamentais e flores secas. De acordo com a pesquisadora da EPAMIG, Elka Fabiana, a produção integrada de flores é uma opção inovadora que proporciona benefícios a curto e longo prazos para os produtores, consumidores e principalmente para o ambiente. “Além dos aspectos inerentes à redução de adubos químicos, a produção integrada envolve a organização da propriedade, o que possibilita a rastreabilidade das flores e plantas cultivadas e abre novas oportunidades de vendas e novos mercados ainda inexplorados, principalmente no mercado externo que valoriza as flores tropicais”, afirma. Segundo a pesquisadora, flores contaminadas com pesticidas químicos, mesmo não sendo ingeridas, podem ser prejudiciais à saúde. “O contato com a pele pode ser uma via de contaminação dos funcionários de campo, dos lojistas que preparam os buquês e arranjos e do consumidor final”, orienta. As flores tropicais constituem um grupo de espécies mais resistentes a pragas e doenças e muitas delas nativas do Brasil, o que favorece o desenvolvimento e a produção de qualidade com práticas menos agressivas ao homem e ao ambiente quando comparado com espécies exóticas como rosas, lírios, crisântemos e outras espécies de clima temperado que, por não serem nativas, apresentam maior suscetibilidade aos agentes fitopatogênicos. A Lavoura - Nº 703/2014

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ovinos

Criatório organizado

aumenta a produção de cordeiros 10

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Manuela Bergamim

Recursos simples, porém eficazes, podem tornar o processo de reprodução ovina mais eficiente para atender ao crescente mercado consumidor

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crescente valorização da carne ovina vem fomentando a otimização dos negócios para produzir mais e melhores animais em menor tempo. O mercado consumidor, principalmente na região Sudeste, já está atento para a peculiaridade do sabor desta carne e, por isso, a demanda vem crescendo. Para tornar o processo de reprodução ovina o mais eficiente possível, a Embrapa Pecuária Sul, localizada em Bagé, sul do Rio Grande do Sul, propõe que o ovinocultor lance mão de recursos simples, porém muito eficazes. A inseminação artificial (IA) para a amplificação de uso de sêmen selecionado pode proporcionar o melhoramento genétido de todo o rebanho de acordo com as características desejadas pelo produtor. Porém, uma infraestrutura adequada e a sincronização de partos são componentes do sucesso no processo de inseminação.

Produção de ovinos fruto do uso de inseminção artificial

Essa infraestrutura para inseminação foi desenvolvida e fomentada nas décadas de 1940 e 1950, pelo Serviço de Fisiopatologia da Reprodução e Inseminação Artificial (Sfria) de Ovinos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Como uma ação de resgate, realizada pela Embrapa Pecuária Sul, essa tecnologia de IA vem sendo disseminada, já que visa facilitar o manejo dos animais e o processo de utilização do sêmen fresco de um carneiro para inseminar lotes maiores de ovelhas.

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ovinos Com a sincronização de partos, tecnologia desenvolvida pela Embrapa Pecuária Sul, além de reunir, no mesmo período, um maior número de fêmeas férteis para a inseminação, é possível fazer com que o período de partos coincida com épocas de melhor disponibilidade alimentar, o que reduz as perdas após a parição.

Vista geral das instalações para IA desenvolvidas pelo Serviço de Fisiopatologia de Reprodução e Inseminação (SFRIA) do Ministério da Agricultura

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Sistema para sincronização de cios em ovinos em nove dias Para a tecnologia de Sincronização de Partos, desenvolvida pelo Centro de Pesquisa em Bagé, na década de 1990, a aplicação de prostaglandina nas fêmeas no 6º dia do cio é o elemento-chave, de acordo com o pesquisador José Carlos Ferrugem Moraes. Este hormônio, ao ser aplicado nas fêmeas, proporciona a destruição do corpo lúteo ou amarelo que se forma após a ovulação e que é a principal fonte de progesterona. Ao ser destruído, interrompe-se a secreção deste hormônio necessário para manutenção da gestação, e, assim, de dois e três dias após, tem-se o início de um novo cio. “A lógica é ‘matar’ todos os corpos lúteos das ovelhas que estiverem no período funcional, e fazer com que as fêmeas tenham cio juntas, e que, principalmente, venham a parir quando houver mais comida disponível”, explica Ferrugem. Em um rebanho, tem-se normalmente 5% das ovelhas em cio por dia. Com isso, ao se iniciar a inseminação no primeiro dia, até o sexto, já terão sido inseminadas 30% das ovelhas, restando ainda a maior parte do rebanho. De acordo com o modelo proposto, o produtor deverá, portanto, no 6º dia do ciclo, aplicar nas ovelhas a prostaglandina para“matar” o corpo lúteo e seguir inseminando as que estiverem em cio. Dois dias após a aplicação, acontece o início do pico de cios. Então, até o 9º dia, deverão ter sido inseminadas as demais ovelhas, o que equivale entre 40% a 50% das fêmeas. Ou seja, ao final dos nove dias, totalizarão o equivalente a 70% a 80% das fêmeas. 12

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1•

Mangueiras para separação das ovelhas identificadas em cio

2•

Casa para execução dos trabalhos

3•

Mangueira para repouso das ovelhas já inseminadas

4•

Local para concentração dos carneiros doadores de sêmen

5•

Porta de acesso dos carneiros

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Tronco para coleta de sêmen

7•

Mangueira de espera para as velhas já inseminadas

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Mangueira de acesso das ovelhas identificadas em cio para inseminação

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Sala de espera das ovelhas

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Tronco para procedimento de inseminação

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Localizador de inseminador

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Mangueira de espera para as ovelhas já inseminadas

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Monta natural Para finalizar a fertilização no restante do rebanho que não foi inseminado ou falhou, deve-se utilizar mais um ciclo estral. Ou seja, além dos nove dias de inseminação artificial, usam-se os outros dezenove dias de ciclo com monta natural, permitindo que as ovelhas que falharam durante a inseminação artificial, possam ter duas chances para serem fertilizadas em um período de 25 a 27 dias. Isso representa um significativo aumento da velocidade do processo de inseminação. De acordo com este modelo, ainda é possível a redução da dose de prostaglandina nas ovelhas. Normalmente, a dose comercial do hormônio seria para aplicação intramuscular. No entanto, devido à peculiaridade de vascularização do sistema genital, foi testada uma redução da dose injetada na submucosa da vulva. O resultado foi uma eficácia semelhante à da prostaglandina na via intramuscular. O que reduz ainda mais o custo com a aplicação do medicamento.

José Carlos Ferrugem Moraes explica como funciona a parte básica do interior da instalação. A “Casinha de inseminações” foi dividida estrategicamente em setores construídos para auxiliar a inseminação das fêmeas com o sêmen fresco, colhido na hora, do macho reprodutor. As ovelhas que estavam em separado na mangueira para serem identificadas por marcação pelo rufião, logo pela manhã, entram para serem inseminadas, enquanto as brancas, sem marcação, retornam para o potreiro e os rufiões também são apartados. À tarde, os rufiões têm o peito pintado com tinta misturada com graxa comum ou água para continuarem a marcar as novas fêmeas em cio à noite, quando estiverem juntas novamente. Na casinha, há dois compartimentos básicos, um mais alto que o outro, permitindo aos machos verem as fêmeas no cio, já que estão em um local mais alto. Dessa forma, eles já se estimulam para o salto, que ocorre em um pequeno tronco lateral para contenção, onde está o técnico para coletar o sêmen. Esse procedimento de coleta é diário, sendo que cada coleta, que contém aproximadamente 1ml de sêmen, é suficiente para inseminar 20 ovelhas. Após a coleta, o técnico manipula o material em uma bancada, preparando-o para a inseminação. Duas ovelhas, uma de cada vez, entram em um compartimento giratório dividido ao meio, que permite ao técnico acesso para a inseminação. Uma vez realizado o procedimento em uma fêmea, o técnico apenas gira o compartimento, deixando posicionada a outra fêmea para a inseminação, enquanto libera o animal inseminado, cedendo espaço para que outra entre em seu lugar. O conjunto de fotos da maquete, com os detalhes de cada local, pode ser solicitado gratuitamente à Embrapa Pecuária Sul, pelo e-mail: cppsul.sac@embrapa.br.

Carlos Hoff de Souza

1 ml de sêmen é suficiente para inseminar 20 ovelhas

anterior), que apresenta a infraestrutura necessária para realizar a IA. O modelo de estrutura, inicialmente, foi desenvolvido pelo Ministério da Agricultura para atender a um rebanho grande (com cerca de mil animais), mas que, de acordo o pesquisador da unidade José Carlos Ferrugem Moraes, pode ser adaptado para rebanhos menores. Na maquete pode-se ver, de um lado, as mangueiras para separação das ovelhas identificadas em cio e os rufiões; ao centro, a casa para execução da inseminação e, do outro lado, a mangueira para repouso das ovelhas já inseminadas.

Casa de Inseminação em 3D Para facilitar a visualização e funcionamento das instalações de Inseminação Artificial de ovelhas, a Embrapa Pecuária Sul distribui, por solicitação dos interessados, uma maquete eletrônica com imagens em 3D (veja na página

Ovelhas marcadas de vermelho depois de receberem a monta do rufião

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ovinos

Agendando a época de acasalar

Manejando os

cordeiros

O clima ameno da primavera reduz a taxa de mortalidade dos recém-nascidos e proporciona mais nutrição às ovelhas

recém-nascidos

O inverno no sul do Brasil é marcado por muito frio, ventos, geadas e até mesmo neve, em alguns lugares. No entanto, ainda existem produtores de ovinos que não planejam corretamente o período para nascimento dos cordeiros, e permitem que os partos ocorram nestes meses mais frios. Além do tempo desfavorável, deixar que os cordeiros nasçam no inverno proporciona pouca oferta de alimento para as ovelhas que estarão em fase de amamentação.

O

s cordeiros recém-nascidos necessitam de alguns cuidados simples e baratos, que podem lhes garantir a sobrevivência. Algumas recomendações foram descritas pela Embrapa Pecuária Sul com o intuito de facilitar o manejo dos cordeirinhos. Por exemplo, para a captura do filhote pode ser utilizado um gancho de pastor, que facilita as atividades necessárias. No caso dos cordeiros saudáveis, o primeiro cuidado após o nascimento é desinfetar o umbigo com uma solução de iodo a 2%, para reduzir as infecções bacterianas. Depois é importante identificar individualmente cada animal. Uma prática simples é o uso de um colar de elástico com brinco numerado que, posteriormente, será colocado de forma definitiva na orelha de cada cordeiro no momento da assinalação.

Eis aí o principal gargalo na produção ovina, que é a alta perda de cordeiros (entre 15% e 40%) logo após o parto, seja por inanição, seja por exposição ao frio. Usar a época correta de acasalamento é uma importante ferramenta no manejo reprodutivo e deve ser empregada para que os nascimentos aconteçam em um ambiente mais propício, tanto do ponto de vista de condições climáticas, quanto nutricionais. Apesar do período de acasalamento depender da orientação de cada sistema de produção, após experimentos e observações realizadas na Embrapa Pecuária Sul com as raças Corriedale e Romney Marsh, foi verificado que os acasalamentos ocorridos no final do verão e início do outono geraram uma taxa de desmame de 60%, em média, quando os nascimentos ocorriam ainda em julho e agosto. Já os nascimentos ocorridos mais próximos à primavera tiveram uma taxa de desmame bem maior, em torno de 80%.

O produtor precisa neste momento também anotar numa caderneta o peso do cordeiro e a identificação de sua mãe. Caso o número da ovelha não esteja visível, deve-se soltar o cordeiro e deixar para anotar na caderneta o número da mãe em outra oportunidade.

Fracos e pequenos No caso de cordeiros fracos e pequenos em relação aos outros, é necessário uma intervenção maior, principalmente se o recém-nascido não estiver mamando ou parecer encolhido (encarangado), que são indícios de cordeiros hipotérmicos. Primeiro, é necessário verificar se o cordeiro suporta o peso da cabeça para poder engolir.

Taxa de desmame, na primavera, chega a 80%

Manuela Bergamim

O clima mais favorável desta estação fez a mortalidade dos recém-nascidos cair, já que muitos morriam de hipotermia (frio). A estação mais amena também favoreceu a recuperação dos campos naturais, principal fonte de nutrição das ovelhas no final da gestação e no pós-parto, o que contribui para o melhor desenvolvimento do cordeiro, gerando animais com maior rendimento produtivo. (Fonte: Instrução Técnica nº 04 da Embrapa Pecuária Sul). 

Em caso positivo, deve ser alimentado com sonda estomacal, realizada com uma seringa com 60 ml de colostro, de preferência da própria mãe, retirado na hora. Como precaução, é possível ordenhar as primeiras ovelhas paridas e guardar o colostro congelado em porções individuais (não mais de 100 ml) em frasco de tampa rosca ou saco plástico, para usar quando necessário. Se for preciso, utilizar colostro que tenha sido congelado, descongelando-o em banho-maria e misturando de vez em quando até que fique morno, para, então, dar para o cordeiro. Pode-se utilizar uma sonda retal, número 20, de uso humano e seringa plástica descartável de 60 ml com ponta tipo "luer-lock". É necessário que o operador esteja em pé, com o cordeiro no colo, em posição confortável aos dois para

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colostro, e a secreção da glândula mamária da mãe é menos rica em sólidos totais. Por isso, é muito importante identificar os cordeiros que não estão logo após seu nascimento. Para isso, é imprescindível fazer, pelo menos, duas recorridas cuidadosas por dia para identificar o cordeiro que não está mamando. É fundamental atender o cordeiro antes que fique encarangado, já que depois dele ficar frio é mais difícil de salvar o pequeno animal.

Aleitamento

José Carlos Ferrugem

Após o atendimento, caso o cordeiro não possa ser retornado de imediato à mãe, ele deve ser aleitado com 120 ml/kg/dia, distribuídos em pelo menos 3 vezes ao dia, em intervalos regulares (exemplo: 7, 15 e 23 horas). Em recém-nascidos deve-se dar ênfase na prevenção da hipotermia, pois cordeiros mais velhos e que já apresentem hipotermia, necessitam de aplicação de glicose intraperitoneal antes de serem aquecidos e receber alimentação por sonda estomacal. Manuela Bergamim

José Carlos Ferrugem

Embrapa Pecuária Sul

Captura de cordeiro pelo gancho de pastor facilita o manejo

introduzir a sonda lentamente na boca do animal, dando tempo para que o cordeiro a engula. A sonda deve ser introduzida até chegar ao estômago, estando pelo menos 20 cm para dentro do cordeiro. Após colocar a sonda, pressionar o vazio do cordeiro e escutar se não sai ar pela sonda, desta forma, garante-se que ela esteja no estômago e não no pulmão, antes de injetar o colostro. Depois de confirmado que a sonda está no estômago, conectar a seringa com o colostro, injetar o conteúdo da seringa lentamente até o final e retirar a sonda com a seringa ainda conectada. Depois de usadas, a seringa e a sonda precisam ser lavadas com água e sabão e escaldadas com água quente. Depois de secas, guardar dentro de um saco plástico, num local limpo para novo uso quando necessário. A sonda pode ser usada várias vezes desde que não tenha sido mastigada pelo cordeiro no momento da colocação.

Cordeiro recebendo alimento através da sonda

Colostro É importante que o cordeiro receba colostro até 6 horas após seu nascimento para receber a imunidade da sua mãe e energia suficiente para manter sua temperatura, permitindo, assim, que o cordeiro siga a mãe que continua amamentando (colostro possui quase quatro vezes o conteúdo de sólidos quando comparado com o leite). À medida que o tempo passa após o nascimento, o cordeiro aproveita menos a proteção imunológica que vem do

Em recém-nascidos deve-se dar ênfase na prevenção da hipotermia

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MANEJO

É hora de abrir o silo No momento em que o silo é aberto, é preciso cuidar para servir um alimento de qualidade e que não seja rejeitado pelos animais

E

está descartado pela excessiva exposição. •

Proteger a abertura do sol e da chuva. O sol acelera o processo de respiração das bactérias e desidrata o volumoso, perdendo a palatabilidade. A chuva lava os nutrientes solúveis, deixando somente fibra. A proteção não deve abafar, reverter o processo aeróbico. O correto é cobrir, não lacrar.

Monitorar a matéria seca (MS) semanalmente. O investimento em silagem é alto e espera-se uma garantia no desempenho dos animais, seja em litros de leite produzidos ou ganhos de peso por dia. A matéria seca determina a quantidade de massa que o animal pode consumir. Semanalmente, amostrar de oito a dez pontos da superfície do silo, homogeneizá-los somando 500 gramas e, em subamostras de 100 gramas, secar para se obter a porcentagem de MS, que pode variar entre 25% e 35%. A ingestão do animal é por quilo de matéria seca, de 1,5 a 3% do peso vivo, misturando silagem e ração.

Ainda, a cada 20 dias, é realizado o monitoramento da proteína. O nível de proteína define o desempenho tanto para lactação quanto para produção de carne. A silagem flutua até 5% de proteína e é necessário esse acompanhamento.

Descartar material fora do padrão. Massa com cor alterada, escura ou esbranquiçada, mofada, encharcada e com odor adverso é dispensada para consumo.

ste ano, o preço da arroba está subindo e a perspectiva de aumento permanece com a chegada da nova estação. Além disso, as previsões são de um inverno seco e frio, com carência de pasto e, assim, os preços da carne se elevarão. Esse cenário apresenta bons indicadores para o produtor que investiu na silagem como estratégia alimentar. Quando bem realizada, tem valor nutritivo próximo ao da forragem verde. O processo não melhora a qualidade, apenas mantém a original. A silagem é o resultado da fermentação anaeróbica dos açúcares solúveis em água e sua conversão em ácido lático. É um alimento dinâmico, nunca estático, que piora, consideravelmente, em determinadas circunstâncias e quem optou pela silagem como tática para a produção de leite, carne ou suplemento no período da seca já começou a abrir os silos e utilizar o volumoso para os bovinos. Nessa etapa algumas precauções são indispensáveis, do contrário, todo o trabalho executado, anteriormente, está comprometido. “É muito comum o produtor se preocupar somente no momento de encher o silo. Ele fez a silagem e está tudo certo, mas não. A silagem é um material frágil. O momento em que é o silo é aberto até servi-la, pode haver deterioração. Então, é preciso haver certos cuidados para servir um alimento de qualidade, que não seja rejeitado pelos animais e que não tenha perdido o valor nutritivo”, alerta Haroldo Pires de Queiroz, zootecnista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa.

Hora de tirar a lona Haroldo elencou procedimentos a serem observados pelos produtores e seus colaboradores na hora de tirar a lona: •

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Abrir o silo somente 30 dias após o fechamento. A silagem está pronta depois de completar o processo de fermentação, que leva em torno de três semanas e, por segurança, abre-se em um mês. Antes disso, ela apodrece. Ao se utilizar aditivo para acelerar, segue-se o tempo indicado no rótulo pelo fabricante. Um silo pode permanecer vedado por vários anos, desde que a fermentação esteja completa.

Retirar a silagem somente na hora de servir. Ao abrir o silo e expô-lo ao ar, há uma explosão de microorganismos, ocorre uma refermentação da massa ensilada, que faz perder o valor energético. O volumoso aquecido perde açúcar e também proteína e o material fica indigestível.

A fatia deve ser retirada diariamente, ter no mínimo 15 cm e corresponder a toda a face do silo, de um lado a outro. O silo tem que ser projetado para facilitar a operação e considerar o número de animais a serem alimentados no dia.

Retirar a silagem de cima para baixo para evitar desmoronamento. Muitas vezes, o alimento é retirado de baixo para cima e o volume, além dos 15 cm que sair da proteção da massa ensilada, se não for consumido, •

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João Carlos Jr

JOÃO CARLOS JR

O produtor precisa ter uma estratégia nutricional para atravessar com relativa facilidade a estação seca

de material e servi-lo no outro dia, próximo ao cocho. A silagem tem que ser retirada e consumida no dia. São itens comuns e, às vezes, esquecidos”, frisa.

A silagem não pode perder seu valor nutritivo O analista da Embrapa Gado de Corte ressalta, por fim, que “o produtor deve retirar do silo só o que for servir, na hora. É normal retirar um volume

“O agropecuarista não deve esperar o período seco e só então tomar providências. É aconselhável pensar nessas estratégias de nutrição, planejar a propriedade como uma empresa rural”, reforça o pesquisador da Embrapa, José Alexandre Agiova da Costa. Também especialista em zootecnia, Alexandre Agiova, lembra que o produtor tem à mão um conjunto crescente de medidas — descarte de animais, vedação de pastagens, vedação com adubação, feno-em-pé com suplementos variados visando ao ganho de peso e terminação dos animais, fenação e silagem e “não precisa aplicar tudo para encarar o inverno, mas necessita de uma estratégia nutricional que propicie atravessar com relativa facilidade a estação. Ele não pode é cruzar os braços e esperar”. Dalízia Aguiar

Embrapa Gado de Corte

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Arroz colorido

Foto Stock

Mais cor, sabor e saúde no seu prato Consultoria: Isabel Massaretto - Mestre em Ciência dos Alimentos pela Universidade de São Paulo - USP

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Substituir o tradicional arroz branco pelos tipos coloridos e integrais ajuda na prevenção de doenças crônicas.

volvimento de alguns tipos de câncer, entre outras. Embora essas pesquisas ainda estejam nos estágios iniciais, os resultados obtidos até o momento têm se revelado bastante promissores.

F

amoso pela sua parceria com o feijão, o arroz ocupa espaço na alimentação de 84% da população brasileira, segundo dados do IBGE. O tipo mais consumido é o arroz branco polido. O problema é que ele é, justamente, o mais pobre em nutrientes.

O que é arroz integral? Quando o arroz não é polido, é considerado um alimento integral. Os compostos, que atribuem cor ao arroz, estão no farelo, estrutura que recobre o grão e que está presente somente nos tipos integrais. A simples atitude de substituir o arroz polido pelo integral já pode ser o suficiente. O arroz integral, seja o branco, o preto ou o vermelho, apresenta em média 15% mais proteínas e 2,5 vezes mais fibra do que o arroz polido, além de vitaminas e minerais, que são perdidos quando o grão é submetido ao polimento

Mas, a boa notícia é que existem opções bem mais saudáveis, que podem substituir o tradicional arroz branco de cada dia, como os arrozes: integral, preto, vermelho e selvagem, além de outras espécies.

Arrozes coloridos No Brasil, a produção de cultivares de arroz pigmentado, preto ou vermelho, da espécie Oryza sativa L., ainda é pequena, justamente porque são consumidas por nichos específicos de mercado. Mas, recentemente, vem crescendo no país a demanda pelos arrozes coloridos, devido ao interesse dos consumidores por alimentos mais saudáveis e com a mudança de seus padrões de alimentação. A maior diferença entre o arroz integral branco, vermelho e preto é a composição de fitoquímicos, que não são nutrientes, mas podem contribuir na prevenção de algumas doenças crônicas. O arroz preto e o arroz vermelho, por exemplo, são ricos em uma classe particular de fitoquímicos, a dos compostos fenólicos, e apresentam, em média, teores oito e seis vezes maiores, respectivamente, do que o arroz integral branco.

O grão do arroz é composto por quatro partes: casca, farelo, endosperma e embrião. O grão integral é obtido após a remoção da casca, porém, mantendo-se o farelo, rico em proteínas, lipídeos, vitaminas e sais minerais. Quando polido, o arroz perde o farelo, restando apenas o endosperma, constituído de amido e com quantidades menores de proteína.

Antioxidantes O principal composto fenólico do arroz preto pertence ao grupo das antocianinas. Trata-se da mesma substância que atribui a cor vermelha a algumas frutas, como a amora. E no arroz vermelho, os principais compostos fenólicos são as proantocianidinas. Esses fitoquímicos têm alta capacidade antioxidante, ou seja, retardam o envelhecimento das células.

Do ponto de vista nutricional, o amido é importante no fornecimento de energia para a manutenção das funções fisiológicas do organismo humano, bem como, para as atividades físicas realizadas diariamente.

Vários estudos estão sendo conduzidos em diversos países no intuito de esclarecer o metabolismo e a ação desses compostos. São estudadas as ações antialérgicas, antiinflamatórias, antihipertensivas e de prevenção ao desen-

Vitaminas e minerais

Alguns tipos de arrozes coloridos: preto, vermelho e branco integral

As principais vitaminas presentes no arroz integral são as do complexo B e E, presentes no farelo. Já as vitaminas A, D e C são encontradas em concentrações muito pequenas. Com o polimento do grão de arroz, há perdas muito significativas nos teores, tanto de minerais quanto de vitaminas.

USP

Os minerais predominantes são fósforo, potássio e magnésio e, em menor quantidade, são encontrados ferro, zinco, cobre, sódio, cálcio e manganês

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Dreamstock

Além da cor, o formato

Preto, vermelho, branco integral e selvagem, além de outros arrozes coloridos são mais saudáveis e saborosos

Sem glúten O arroz constitui uma boa fonte protéica para a alimentação humana, especialmente importante para indivíduos com doença celíaca, que afeta pessoas com intolerância ao glúten. O arroz, ao contrário de outros cereais como trigo, aveia, centeio e cevada, é isento de glúten, e, portanto, das proteínas que o formam e desencadeiam o quadro clínico da doença celíaca. As proteínas do arroz, além de apresentarem boa digestibilidade, contêm todos os aminoácidos essenciais. De forma geral, são responsáveis pela síntese e reparo de tecidos do corpo, bem como pela síntese de substâncias de transporte, de catalisadores biológicos (enzimas) e de moléculas que atuam no sistema imunológico, entre outras indispensáveis para o funcionamento saudável do organismo.

Em um estudo, dentre as amostras de arroz integral, constatou-se que os maiores ou menores teores de proteínas, fibra e lipídeos, estão mais relacionados ao formato do que à coloração do grão. Assim, grãos integrais mais alongados tendem a apresentar mais proteínas, fibra e lipídeos do que os grãos menos alongados. O arroz preto, de grãos alongados, se diferenciou dos demais tipos avaliados no estudo, apresentou 10% a mais de proteínas e 15% a mais de fibra dos que os demais grãos integrais.

Cozimento O cozimento do arroz afeta muito pouco os teores de nutrientes como proteínas, lipídeos, carboidratos, fibra alimentar e minerais. As substâncias mais afetadas são as vitaminas, especialmente a vitamina E, e os fitoquímicos, como os compostos fenólicos.

Embora o teor de fibra alimentar no arroz integral seja baixo, quando comparado a outros cereais como a cevada, o centeio, o trigo e a aveia, a quantidade ingerida de arroz pelo brasileiro, diariamente, é muito maior do que a dos demais cereais, contribuindo de forma significativa para o teor de fibra total em uma refeição.

No arroz preto e no arroz vermelho, notou-se uma perda significativa de antocianinas e proantocianidinas, respectivamente, com o cozimento. No entanto, ainda assim, esses tipos especiais de arroz apresentam quantidades maiores de compostos fenólicos do que os grãos não-pigmentados, mesmo após o cozimento, devido aos altos teores destas substâncias nos grãos crus.

A fibra alimentar é composta pelas frações solúvel e insolúvel, que exercem diferentes funções no organismo humano. A fibra solúvel apresenta a capacidade de reter e interagir com a água no trato gastrointestinal, formando géis, os quais retardam a digestão e a absorção de nutrientes; seus principais efeitos no organismo humano são a redução do colesterol plasmático e da resposta glicêmica. Já a fibra insolúvel confere volume e corpo às fezes, estimulando o trânsito intestinal e prevenindo a constipação.

Quanto maior a temperatura durante o cozimento, maior a degradação desses compostos. Assim, sugerese evitar o uso de panela de pressão, onde a temperatura chega a 120˚C, durante o cozimento, de forma a preservar ao máximo esses fitoquímicos.

Melhor digestão

Doenças cardiovasculares O grão de arroz integral tem um conteúdo de lipídeos relativamente baixo, da ordem de 2,5 g/ 100g de arroz. A concentração de lipídeos é maior no arroz integral, sendo reduzida com o polimento do grão. No óleo extraído a partir do arroz, os ácidos graxos insaturados são predominantes, compondo aproximadamente 75% do total, sendo os ácidos oleico e linoleico os majoritários. Os ácidos graxos insaturados, como os presentes no arroz, são considerados saudáveis e protetores de doenças cardiovasculares e mesmo estando presentes em baixas concentrações no arroz, contribuem para uma dieta saudável.

O arroz que não é arroz O arroz selvagem, embora seja frequentemente considerado um tipo de arroz preto pelo consumidor brasileiro, trata-se de um grão proveniente de uma gramínea do gênero Zizania, que é uma planta aquática, nativa do continente norte americano e de regiões ecologicamente semelhantes, localizadas no continente asiático.

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O mais rico O arroz selvagem apresenta características nutricionais diferenciadas em relação ao arroz integral, seja colorido ou não, tais como teor proteico 40% mais alto e teor lipídico 70% menor do que os encontrados no arroz integral. Os conteúdos de minerais e fibra alimentar são semelhantes aos encontrados nos grãos da espécie Oryza sativa L.

Além de nutritivo, o arroz negro tem sabor inusitado e é ótimo para a elaboração de pratos culinários

Qual escolher?

Como os diferentes tipos de grãos têm composições químicas distintas, pode-se dizer que cada um tem propriedades particulares e muito benéficos para a saúde. Considerando os grãos integrais, que são os mais ricos em nutrientes, pode-se dizer que o arroz selvagem se destaca pelo alto teor proteico, sendo interessante quando se deseja aumentar a ingestão de proteínas na dieta, principalmente no caso de indivíduos que tenham restrições no consumo de alimentos de origem animal. Quanto ao arroz integral branco, vermelho e preto, a composição e os teores de fitoquímicos são os aspectos que mais os diferenciam, e assim é aconselhável revezá-los no cardápio de maneira a oferecer uma variedade maior desses compostos. É importante mencionar que as características sensoriais, ou seja, aspecto, sabor, textura e odor dos tipos pigmentados de arroz são diferentes em relação ao arroz integral branco. Por apresentarem um sabor e odor mais marcantes, algumas combinações usuais com arroz, como por exemplo, arroz e feijão, arroz e feijoada, talvez possam destoar. Por outro lado, podem ser servidos, entre diversas variações, acompanhados de vegetais e carnes, peixes, crustáceos ou aves, conferindo um sabor particular e inigualável a esses pratos. Divulgação

Embrapa Clima Temperado

Em relação aos compostos bioativos, capazes de reduzir o desenvolvimento de doenças como diabetes e câncer, o arroz selvagem apresenta teores quatro vezes maiores do que o arroz integral branco.

Mari Hart

Não foram encontrados registros de produção desse grão, em escala comercial, no Brasil. O grão, disponível no comércio, é proveniente do Canadá e é apreciado como uma especialidade gastronômica por seu aspecto, de grãos longos e escuros, sua textura, firme na parte externa e escura e macia na parte central branca, e por seu sabor e aroma característicos, semelhantes ao de castanha ou ervas torradas.

Arroz com a casca (à esquerda) e arroz branco polido

COMPOSIÇÃO EM NUTRIENTES DOS TIPOS DE ARROZ

O arroz selvagem tem características nutricionais diferenciadas

Arroz branco polido Arroz vermelho Arroz preto Arroz branco integral Arroz selvagem g/ 100 g arroz g/ 100 g arroz g/ 100 g arroz g/ 100 g arroz g/100 g arroz Carboidratos 79,3 g 73,3 g 70,0 g 76,2 71,2 Proteínas 6,4 g 7,2 g 7,9 g 7,6 11,6 Lipídeos 0,3 g 2,3 g 2,8 g 2,5 0,8 Fibra alimentar 1,6 g 3,2 g 5,0 g 3,7 4,4 Minerais 0,3 g 1,2 g 1,6 g 1,4 1,4 Fonte: Isabel Massaretto Obs.: O arroz contém aproximadamente 12g de água / 100 g de arroz.

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Álvaro Vilela de Resende

adubação

Sua adubação é competitiva? Álvaro Vilela de Resende – Pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo

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Por envolver mais de 30% do custo de produção e ser um dos principais condicionantes da produtividade, o gerenciamento do fornecimento de nutrientes é um componente do sistema de cultivo que pode impactar substancialmente a rentabilidade das lavouras.

U

m aspecto intrigante na moderna agricultura do Brasil é o fato de a maioria dos produtores de grãos não ter uma dimensão mais exata de quanto seria a dosagem de adubos apropriada aos diferentes ambientes de produção constituídos pelos talhões da propriedade. Embora todo produtor identifique variações de produtividade conforme o talhão, a cultivar, as condições climáticas e as práticas culturais, poucos consideram essa informação como critério para a tomada de decisão na hora de planejar o uso de fertilizantes para a safra vindoura. O resultado dessa atitude costuma ser a aplicação de doses fixas dos mesmos fertilizantes a cada safra, sucessivamente. Assim, parece não ser claro, para muitos agricultores, o papel de uma adubação mais eficiente para a competitividade na produção de grãos.

Plantio direto A expansão do plantio direto levou a um maior tamponamento dos ambientes de cultivo e tornou mais complexo o diagnóstico do status de fertilidade do solo, de modo que, num primeiro momento, o desempenho das culturas pode não refletir, de forma visível, eventuais mudanças no manejo da adubação. Nessas condições, os benefícios de um dimensionamento mais criterioso do aporte de nutrientes não são sentidos imediatamente, mas poderão aparecer em médio ou longo prazos, influenciando a eficiência econômica do sistema de produção.

Doses

Semeadura e adubação

Duas situações têm se tornado comuns nas regiões agrícolas do País: a primeira diz respeito ao agricultor que acha que aumentar as doses dos fertilizantes que está acostumado a usar é sempre garantia de colheitas crescentes. A seA Lavoura - Nº 703/2014

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Paulo Eduardo de Aquino Ribeiro

adubação

gunda refere-se ao produtor que se acomodou e usa sempre a mesma adubação, apesar de investir em sementes e tratos culturais mais modernos, que geram novos patamares de produtividade. A eficiência no uso de fertilizantes pode ser baixa nos dois casos. O agricultor que exagera na adubação costuma ter um solo “saturado” de nutrientes, em que as aplicações adicionais não correspondem a ganhos de produtividade economicamente compensadores, além de aumentar a chance de perdas e desequilíbrios nutricionais.

Álvaro Vilela de Resende

Lavoura com plantio direto. No detalhe, adubação com ureia em superfície

Por outro lado, o agricultor que investe em novas tecnologias mas não atualiza sua adubação, acaba comprometendo as reservas de nutrientes do solo, prejudicando a quantidade e a qualidade da matéria orgânica no plantio direto, além de não potencializar a renda que poderia usufruir de outras tecnologias, como, por exemplo, da utilização de cultivares de alto potencial genético. Num cenário em que os preços de venda de grãos commodities recebem forte influência do exterior e os preços de compra de fertilizantes sofrem também uma pressão de demanda interna, com difícil previsão de comportamento do mercado, a economicidade das adubações deve ser posta em cheque constantemente. Para ser eficiente, o produtor não pode fechar os olhos e fazer adubações grosseiras.

Adubação bem definida Conhecer mais a fundo as características do seu sistema de cultivo, que afetam a nutrição das lavouras, e se cercar do apoio de profissionais bem informados ao especificar e dimensionar a adubação, podem representar o diferencial na busca de produtividade eficiente. Embora possa parecer óbvio, enfatizamos os termos “especificar e dimensionar a adubação”, pois os nutrientes não são apenas o N, P e K, mas N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Mn, Mo, Zn..., cujas proporções disponíveis no solo oscilam ao longo das safras e o desequilíbrio de um, compromete a eficiência dos demais. Portanto, uma adubação bem definida, em termos quantitativos, e quantitativos é um pré-requisito tão 26

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Para ser eficiente, o produtor não pode fechar os olhos e fazer adubações grosseiras


mais importante quanto mais intensivo for o sistema de culturas adotado e quanto maiores as produtividades alcançadas.

Manejo nutricional A visão de adubação do sistema — e não de uma safra/ cultura isoladamente — tem se mostrado um aspecto preponderante para o bom planejamento do manejo nutricional das lavouras. O padrão de alternância das culturas e as produtividades obtidas têm implicações nos estoques e na ciclagem de nutrientes no ambiente de produção. Sabe-se, por exemplo, que o milho cultivado após soja beneficia-se largamente do nitrogênio fixado pela leguminosa e liberado com a decomposição dos restos culturais. Baixas doses na adubação nitrogenada para o milho de segunda safra, em sucessão à soja, são suficientes para atender a demanda frente ao potencial produtivo nessa época de cultivo. Por outro lado, no milho de primeira safra rotacionado com soja, a adubação nitrogenada para cultivares de alta produtividade precisa ser reforçada, visto que o estoque do sistema (solo + palhadas) poderá contribuir com apenas parte da extração total do nutriente pelo milho nessas condições. Uma adubação deficitária penalizará a qualidade do plantio direto com um balanço negativo de N no sistema, num processo que, se continuado, irá depauperar o que demorou anos para ser construído.

Fósforo

Potássio Em se tratando do potássio, é preciso atentar para a exportação relativamente maior pela soja em comparação ao milho, o qual acumula uma grande proporção do nutriente nas partes vegetativas que irão compor a palhada e sofrerão ciclagem após a colheita dos grãos. De qualquer modo, sistemas de produção mais intensivos requerem um grande fluxo de K para atender a demanda de extração pelo milho e pela soja de alta produtividade, o que implica na necessidade de maior quantidade do nutriente na adubação.

NPeK Percebe-se com esses comentários envolvendo N, P e K que, a partir de certo nível tecnológico, que é oportuno procurar quantificar, de forma mais precisa, as entradas e saídas para se aprimorar a adubação de cada talhão, o que, obviamente também vale para todos os demais nutrientes. Informações relativas às quantidades extraídas, exportadas e cicladas são fundamentais para se identificar a demanda de cada nutriente, confrontar com o diagnóstico de análises de solo e foliares, estimar os créditos existentes no sistema e chegar à necessidade de aplicação via fertilizante.

Álvaro Vilela de Resende

Paulo Eduardo Ribeiro

No caso do fósforo, tem-se verificado uma tendência de acúmulo nos solos ao longo do tempo, principalmente nos

mais argilosos, elevando bastante a fertilidade. Esse processo de enriquecimento do solo, associado à maior eficiência no aproveitamento dos nutrientes proporcionada pelo sistema plantio direto, faz com que não ocorram ganhos significativos de produtividade com adubações fosfatadas pesadas. Por isso, deve ser revisto o uso contínuo de fórmulas carregadas em P, que foi uma prática recomendada no passado para a abertura de áreas agrícolas, mas que pode ser anti-econômica em solos de fertilidade construída cultivados e adubados há muitos anos.

Milho com ureia em superfície

Plantas bem adubadas, preservando as folhas mais velhas sem deficiência

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Álvaro Vilela de Resende

adubação

Rotação de culturas ajuda na fertilidade do solo, como no caso do milho cultivado após soja

Os ajustes serão mais confiáveis quando se dispuser de tais informações atualizadas e aferidas localmente, o que exige monitoramento mais frequente dos talhões. Alguns desses aspectos são detalhados na Circular Técnica 181 da Embrapa Milho e Sorgo, disponibilizada em dezembro de 2012 (em http://www.infoteca.cnptia.embrapa. br/bitstream/doc/951901/1/circ181.pdf ), que apresenta uma abordagem voltada para o manejo da adubação NPK em sistemas de cultivo de milho visando à alta produtividade na região do Brasil central. A publicação traz reflexões sobre a dinâmica desses nutrientes no sistema plantio direto, estimativas de extração e exportação, além da sugestão de critérios para refinar o cálculo das adubações.

Melhoria do manejo Na interação da pesquisa com o produtor, observamse com frequência oportunidades de melhoria do manejo da fertilidade do solo que poderiam se refletir em maior competitividade para o sistema de produção conduzido na fazenda. 28

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A constatação mais comum é a aplicação desproporcional de nutrientes. Há casos em que o ajuste na aplicação de um único nutriente pode aumentar o retorno do investimento em outras tecnologias (sementes, defensivos, máquinas, irrigação). Há também situações em que é possível estabelecer uma estratégia variável na aquisição de fertilizantes, utilizando-se das reservas do solo nos momentos de alta dos preços dos nutrientes e recompondo-as quando os preços forem mais favoráveis. Com a evolução dos sistemas de produção de grãos, justificam-se os esforços em informar, atualizar e conscientizar os profissionais de assistência técnica, agentes públicos e consultores privados, sobre as modificações na relação solo-nutriente-planta e as possibilidades de avanços gerenciais requeridos na agricultura moderna. O agricultor, como cliente das tecnologias, precisa conhecer e demandar tais avanços. Vale relembrar que também na fertilidade do solo a eficiência econômica deve ser o primeiro ponto a se observar quando se fala em produção sustentável, na plenitude do conceito (sustentabilidade econômica, ambiental, social, ética etc).


Bebê orgânico Linha de produtos 100% naturais para bebês, novidade no Brasil, é a aposta da Reserva Fólio para satisfazer aos clientes fiéis

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e uma pequena fábrica no meio do verde da Mata Atlântica, aos arredores de Nova Friburgo-RJ, vem um produto inédito para o mercado brasileiro. Uma linha de cosméticos 100% naturais para bebês, idealizada por Simone Valladares. Ela está à frente da Reserva Fólio, empresa parceira da rede OrganicsNet, que produz cosméticos naturais e orgânicos desde 2003, e cresce 30% ao ano. “Minha família já produzia cosméticos naturais, mas, na época, não se pensava em certificação. Então, decidi que queria ser natural, ao máximo. Por isso, os orgânicos”, afirma Simone, que explica de onde surgiu a ideia de uma linha voltada para os pequeninos. “Veio de uma percepção natural do mercado, da demanda, não houve uma pesquisa. Tenho uma boa expectativa em relação à nova linha”. Se o estudo de mercado para lançamento da linha partiu do puro feeling,

típico dos empreendedores, a concepção e fabricação dos produtos exigem mais seriedade e tempo. Segundo Simone Valladares, “antes de ser lançado, cada produto passa por um longo processo de pesquisa e controle de qualidade, que pode levar de 3 a 5 anos”.

Mascote Depois de prontos, os produtos são testados em voluntários. “Aqui nada é testado em animais”, diz a proprietária da Reserva Fólio, apontando para o símbolo e mascote da linha de bebês, o Folinho. “Esse coelhinho é o nosso selo de cruelty free (livre de crueldade animal)”. Além desse selo, todos os produtos são certificados pelo IBD, certificadora agropecuária e alimentícia. “A certificação confirma a qualidade do nosso trabalho”, complementa. Ao todo, são 27 produtos, entre sabonetes, óleos e loções, sem corantes ou aromatizantes artificiais, livres de substâncias químicas e derivados de petróleo, além de hipoalergênicos. Tudo isso, segundo a empresária, dá segurança ao consumidor, que responde ao cuidado da empresa. “Temos clientes cativos que chamamos carinhosamente de “reservetes”. Eles têm uma identificação com a marca, querem saber das novidades, e não conseguem ficar sem nossos produtos”.

Mercado próspero A marca, que está presente em empórios e lojas especializadas do Sul e Sudeste do Brasil, cresce acompanhando o desenvolvimento do mercado orgânico no país. “O setor de cosméticos foi ampliando conforme aumentava a oferta de matérias-primas”. A marca também ocupa prateleiras de outros países. A Reserva Fólio já exporta para França e Austrália, e ainda tem mais propostas internacionais. “Entendemos que é um mercado muito próspero, que temos muito para crescer, mas nossa maior preocupação é o compromisso com a qualidade”. Sobre as dificuldades de se produzir orgânicos no Brasil, ela resume, sem tirar o sorriso do rosto: “Tem que ser apaixonado”.

Cristina Baran

Linha bebê

A Reserva Fólio oferece 27 produtos orgânicos para os cuidados dos bebês.

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Embrapa Suínos e Aves

saúde animal

Brasil tem que se proteger da

diarreia suína Infectada, a suinocultura dos EUA deixa de atender uma demanda que poderá ser suprida pela produção brasileira

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diarreia epidêmica suína, conhecida pela sigla em inglês PED, é uma doença altamente contagiosa que atinge somente os animais e vem dizimando leitões nos Estados Unidos. Causada pelo vírus Coronaviridae (PEDv), a enfermidade não oferece perigo ao consumidor nem interfere na segurança biológica da carne suína, mas pode impor grandes prejuízos aos produtores. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que a produção daquele país sofrerá uma redução de até 14% na oferta de carne suína de 2014 por causa da PED. A doença ainda não foi detectada dentro das fronteiras brasileiras, mas já há registros de casos nos vizinhos Peru e Colômbia. “Como temos um nível de biossegurança no campo menor que o dos Estados Unidos, onde a PED já fez grandes estragos, acredito que não podemos de forma alguma pagar para ver”, alertou a especialista Janice Ciacci Zanella, pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves.

Oportunidades Manter-se livre da doença também poderá significar uma ótima oportunidade de negócio para o Brasil. Com a contaminação das fazendas norte-americanas, abre-se uma demanda de mercado que poderá ser abastecida pela suinocultura brasileira. Líderes mundiais na exportação de carne suína, os Estados Unidos venderam 2,2 milhões de toneladas do produto em 2013. “O Brasil, como protagonista nas exportações de proteína animal, vislumbra, no episódio, a oportunidade de mostrar ao mundo que seu plantel é sadio e que as empresas do setor de suínos têm credenciais para continuar atendendo aos consumidores globais”, acredita o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e ex-ministro da Agricultura, Francisco Turra. Só que para manter o vírus longe de suas granjas, o País terá de se preparar.

Controle de animais Em nota oficial distribuída no início de maio, a ABPA defendeu um reforço nos mecanismos de defesa sanitária do País e cobrou também uma medida preventiva do Brasil em relação aos Estados Unidos. “Alertamos o Ministério da Agricultura sobre a necessidade de adoção de medidas de proibição temporária à entrada de suínos vivos, material genético, plasma suíno e bovino, entre outros, provenientes dos EUA”, informou Turra. O pedido tem relação com uma das suspeitas principais sobre a disseminação do vírus da diarreia epidêmica. Pesquisadores norte-americanos acreditam que ele entrou no país por meio de plasma contaminado. O plasma é misturado à ração desde o início dos anos 90 e tem o objetivo de fornecer anticorpos para suínos mais jovens. Até agora, os testes

feitos em fábricas de plasma nos Estados Unidos e Canadá não chegaram a conclusões definitivas.

Disseminação pelo mundo O mais provável, segundo o pesquisador Nelson Morés, também da Embrapa Suínos e Aves, é que a epidemia de diarreia, que já atinge 29 dos 50 estados norte-americanos, tenha sido causada por uma conjugação de fatores. A doença foi identificada em 1971, na Inglaterra. Em 1982, tornou-se endêmica em vários países da Ásia. Uma variante do vírus, mais agressiva, surgiu na China, em 2010. Essa mesma variante apareceu nos Estados Unidos em abril de 2013 e se alastrou rapidamente. “Certamente existem fatores ligados a falhas de biossegurança para explicar essa disseminação”, afirmou o pesquisador. A diarreia epidêmica dos suínos provoca mortalidade de praticamente 100% dos leitões recém-nascidos nas granjas infectadas. Menos de 24 horas após a contaminação, o vômito e a diarreia acentuadas provocam a morte por desidratação. Em entrevista a um veículo de imprensa brasileiro, o gerente-geral da produtora de suínos Hitch, Mike Brendherm, de Oklahoma, Estados Unidos, afirmou que a PED foi a doença mais difícil já enfrentada pela empresa. No final de 2013, a Hitch perdeu 30 mil leitões em 45 dias e, mesmo após medidas drásticas de prevenção sanitária, continua registrando de 500 a 600 mortes de leitões por semana.

A origem da doença Conforme indicam estudos genéticos das cepas do vírus coletadas pelo mundo, o mais provável é que a China seja a origem do problema. Outra característica encontrada é a facilidade de disseminação do vírus. Já há registros da forma grave da doença em países como o Canadá, México, Peru, Colômbia, Japão, República Dominicana, Coreia do Sul, Filipinas, China e Tailândia. Segundo a pesquisadora Janice Zanella, a viabilidade do vírus é grande e ele sobrevive vários dias em superfícies como maçanetas de portas, lataria de carros e caminhões e sola de calçados. Há ainda uma grande concentração de vírus nas fezes dos animais doentes, superior à capacidade de limpeza dos desinfetantes.

Melhor remédio é prevenção Manter o plantel de suínos protegido, colocando em prática medidas para garantir a saúde dos animais, é a alternativa mais eficiente para impedir que a PED se instale no País. “Como não há vacina disponível para a doença, a proteção do rebanho precisa estar focada em ações de biossegurança e prevenção. Higiene, limpeza das instalações e controle A Lavoura - Nº 703/2014

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Máquina Public Relations

saúde animal

Higiene e limpeza das instalações minimizam os riscos da doença que pode provocar...

na circulação de pessoas e veículos são ações básicas para minimizar o risco da doença”, enfatizou a pesquisadora Janice Zanella. Essa prática, de acordo com a pesquisadora, deve ser constante, não somente em momentos de surto. “Boa biossegurança deve ser realizada o tempo todo para garantir a proteção da suinocultura, da economia, da indústria e da sociedade brasileira”. Além disso, cada granja deve estabelecer seus próprios procedimentos, identificando os principais pontos de risco, nos quais o cuidado deve ser ainda maior.

sição recém-chegados. O elevado fluxo de automóveis e caminhões na granja, bem como o de pessoas nas instalações, também favorece o contágio. Nesses casos, a medida deve ser a desinfecção dos veículos com acesso à granja e a troca de roupa e calçados das pessoas que frequentam as instalações. É recomendável, ainda, que as visitas sejam restritas, além de obedecer ao vazio sanitário mínimo de 24 horas. Os animais mortos devem ser levados para composteiras. Estão também na lista de fatores de risco para a contaminação da PED: origem dos animais, insumos e equipamentos importados contaminados; vetores como pássaros, morcegos e roedores; e proximidade das granjas em regiões de alta densidade de criação.

Agilidade nos procedimentos

Fatores de risco

Caso muitos leitões morram logo após o parto com sintomas de diarreia, é recomendada a interdição imediata da granja suspeita e a comunicação aos órgãos oficiais de controle sanitário. É também importante que se identifiquem as rotas e vias de transmissão e se estabeleça o controle de tráfego de veículos e pessoas em granjas positivas.

Conhecer e estar atento aos fatores de risco é outra recomendação dos especialistas da Embrapa. Um deles é conhecer a origem dos suínos. É importante adquirir animais de fontes certificadas e isolar os animais de repo-

“Todos os procedimentos exigem agilidade de execução para que não ocorra mais disseminação e contaminação e ajudam a descobrir como a contaminação ocorreu”, comentou Janice. Verificar o registro dos suínos das granjas positivas e controlar o destino de animais mortos também estão entre as medidas estabelecidas. Os produtores, por sua vez, devem procurar assistência veterinária assim que suspeitarem da doença.

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A PED exigirá do Brasil a superação de alguns desafios, como o desenvolvimento de protocolos seguros de importação de suínos e a validação de métodos sorológicos comerciais de baixo custo. O País também terá de conhecer e determinar as possíveis vias de entrada do vírus, além de apontar os riscos de contaminação a que a suinocultura está exposta. Para a pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves, aprimorar a biossegurança do rebanho suíno nacional, implantar metodologias de diagnóstico ainda não disponíveis e estabelecer uma rede de diagnóstico laboratorial e pesquisa em vírus de suíno aparecem como oportunidades para o Brasil nesse momento. “Podemos mostrar nossa capacidade de organização e investir em sanidade animal”, comentou.

Embrapa ajuda a elaborar Plano de Contingência Com a identificação da PED em países ligados à nossa produção, o Mapa, juntamente com a Embrapa, a indústria, produtores e laboratórios, formou um comitê para elaborar um plano de contingência e sugestões de medidas de biossegurança para a produção brasileira. A pesquisadora Janice Zanella é uma das responsáveis pelo comitê e explica que a intenção é a de elaborar um documento com informações sobre as principais medidas de biossegurança para produtores e técnicos e manter reuniões presenciais. “O nosso trabalho está voltado à informação, por meio de palestras, painéis, reuniões, documentos”, co-

Matt Ackerman, Swine Vet Services (EUA)

Desafios

... a mortalidade de praticamente 100% dos leitões recém-nascidos

mentou a pesquisadora. Um dos primeiros eventos ocorreu no mês de abril em Concórdia (SC), na Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), com produtores da região. Outra ação importante ocorreu durante a Feira da Indústria Latino Americana de Aves e Suínos (AveSui), em maio na cidade de Florianópolis (SC), com o Seminário Técnico sobre a Diarreia Suína (vírus PEDv). Jean Vilas Boas Monalisa Leal Pereira

Embrapa Suínos e Aves

Algumas recomendações do Mapa para prevenir a entrada da PED nas criações: Os produtores devem manter-se informados e procurar o médico veterinário que atenda aos suínos na região, que é o profissional indicado para prestar maiores orientações, de acordo com as características de cada criatório. Os cuidados e práticas gerais com a biossegurança nos criatórios devem ser redobrados para evitar a introdução das doenças no rebanho, principalmente em situações críticas, tais como: 1. Ingresso de animais de outros criatórios deve ser de origem certificada e confiável. Os animais devem ser mantidos isolados dos demais por pelo menos 15 dias; 2. Ingresso de veículos, objetos ou equipamentos que possam ter passado por outros criatórios; 3. Ingresso de pessoas que tiveram contato com outros suínos; 4. Se houver quaisquer sinais clínicos compatíveis com a PED, o produtor ou o veterinário devem procurar imediatamente o veterinário do serviço oficial (estadual ou federal) para que seja providenciado o diagnóstico precoce e a adoção de medidas para evitar a disseminação da doença. A Lavoura - Nº 703/2014

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Vale do Submédio São Francisco

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Sebrae

Uvas de mesa e mangas do Vale

do Submédio São Francisco Terroir único produz frutas de reconhecida qualidade A Lavoura - Nº 703/2014

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Sebrae

Vale do Submédio São Francisco

A água do São Francisco é usada para irrigar 110 mil hectares de produção frutícola

De sabor incomparável, coloração intensa e qualidade acentuada, as frutas do Vale do Submédio São Francisco cativaram a preferência dos consumidores nacionais e do exterior. A Indicação de Procedência (IP) vem agregar mais valor e garantia ao consumidor da origem e qualidade do produto.

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nsolação anual de três mil horas — equivalentes a 300 dias de sol por ano —, temperatura média de 26° C, umidade relativa de 50%, e precipitação média anual de 450 mm fazem do Vale do Submédio São Francisco uma região única para a produção de frutas. A água do Rio São Francisco é usada para irrigar 110 mil hectares, permitindo altas produtividades nas 2,5 safras anuais neste polo produtor reconhecido internacionalmente. O manejo com alta tecnologia complementa o conjunto de fatores que garantem os diferenciados níveis de produtividade e peculiaridades quanto a qualidade das mangas e uvas de mesa daquela região. O Vale do Submédio São Francisco está localizado na região sertaneja no semiárido do Nordeste do Brasil, a oeste do estado de Pernambuco e norte do estado da Bahia, com uma área de 125.755 km.

Um milhão de toneladas de frutas A região tem uma produção anual de mais de um milhão de toneladas de frutas. 80% são uvas de mesa e mangas, responsáveis por, aproximadamente, 80% da área de frutas plantadas no local.

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A região é responsável por 95% das exportações brasileiras de uvas e mangas. Ali são cultivadas quatro variedades de uvas de mesa sem sementes — Festival Seedless, Crimson Seedless e Princess — e cinco variedades de uvas de mesa com sementes: Itália, Benitaka, Red Globe, Brasil e Itália Melhorada. Entre as variedades de manga, são produzidas a Tommy, Aktins, Keitt, Haden e Palmer.

Certificação internacional Além de um padrão estabelecido pelo Conselho da Univale, que congrega 12 associações e cooperativas de

Procedência Registro IG 200701 INPI Indicação de Procedência/2009 Área Geográfica Delimitada: 125.755 km Semiárido Nordestino (oeste de Pernambuco e norte da Bahia)


Sebrae

produtores da região, e da qualidade diferenciada, as frutas recebem certificações internacionais. Para receberem o selo da IP, as frutas precisam ser produzidas em propriedades certificadas Globalgap, Tesco, PI (Produção Integrada de Frutas) ou outra que ateste a adoção de boas práticas agrícolas. O cultivo de frutas no Vale do São Francisco, incentivado por políticas públicas desde meados do século XX, agrega tecnologias modernas e procedimentos que respeitam o meio ambiente, preservam a saúde e a segurança do trabalhador. Cuidados que também garantem frutas saudáveis para o consumidor. As uvas de mesa e as mangas representam 80% da área plantada e da produção anual de um milhão de toneladas de frutas na região.

Adaptação Embora originárias de ambientes de clima temperado (uva) e tropical úmido (manga), as duas frutas tiveram boa adaptação ao cultivo irrigado sob o clima quente e seco do semiárido do Vale do São Francisco. É desses pomares que, há cerca de 10 anos, se colhe mais de 90% das frutas exportadas pelo país, principalmente para os Estados Unidos e União Europeia.

Indicação de Procedência Os produtores da região empenharamse pela Indicação de Procedência (IP) para proteger o nome “Vale do Submédio São Francisco”, que tem sido apoderado por outros agricultores de fora daquela região. No parecer que aprovou o pedido de Indicação de Procedência, os técnicos do INPI reconhecem que as mangas e uvas finas de mesa possuem “profunda conexão e identidade comum, tanto na produção com uso intensivo de tecnologia quanto na comercialização”. A temperatura e a luminosidade, que predominam na região também imprimem características originais aos pomares, como o aumento da atividade fisiológica das plantas, que por meio do manejo produzem em qualquer período do ano, ou duas safras anuais, no caso das videiras.

Produção de uvas finas ocupa mais de 12.000 ha

Maior polo de fruticultura irrigada do Brasil, a região do submédio São Francisco cultiva mais de 23.000 hectares de manga pouco mais de 12.000 ha de uvas finas de mesa, dos quais 19.400 ha e 9.900 hectares, respectivamente, estão em produção.

Informações União das Associações e Cooperativas dos Produtores de Uvas de Mesa e Mangas do Vale do Submédio São Francisco (Univale) Tel: (87) 3863-6000 João Gualberto – gualberto@bottcelli.com.br Tassio Lustoza - tassio@valexport.com.br Arthur de Souza - as@fruitcompany.com.br

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Bruno Domingues

Tecnologia

Tempo quente

nas videiras Pesquisa avalia tecnologia de estresse térmico em uvas finas

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Colaborador coletando diariamente as amostras foliares do campo experimental. TPC (Thermal Pest Control x Agroquímicos)

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tecnologia

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s plantas estão frequentemente expostas aos estresses ambientais, os quais limitam seu crescimento e desenvolvimento e suas chances de sobrevivência. Com o intuito de dissipar o ar frio e minimizar os efeitos das geadas que causavam danos em plantações no Chile, no final da década de 1990, o produtor de uvas finas, Florenzo Lazo, desenvolveu a tecnologia Thermal Pest Control (TPC). Em síntese, consiste em um maquinário com função de aplicar ar quente (180°C) com baixa umidade em plantas. “Após o uso da técnica, observou-se maior vitalidade das videiras, controle de algumas pragas e doenças, além de melhorar aspectos importantes para comercialização dos frutos, como teor de sólidos solúveis, firmeza e coloração”, aponta o engenheiro agrônomo Bruno Alves Domingues. No Programa de Pós-graduação em Fisiologia e Bioquímica de Plantas, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), Domingues investigou se esses efeitos ocorreram em função do aumento na síntese de hormônios vegetais relacionados ao estresse como o ácido salicílico (AS), ácido jasmônico (AJ) e ácido abscísico (ABA), e também à ocorrência de SAR (Systemic Acquired Resistance). Ao mesmo tempo, desenvolveu análises de pós-colheita nos frutos, observando teor de sólidos solúveis (BRIX), firmeza e coloração.

O objetivo da pesquisa foi verificar se o estresse térmico moderado que a tecnologia TPC aplica sobre a planta poderia influenciar na quantidade produzida destes fitos-hormônios sinalizadores da RSA (Resistência Sistêmica Adquirida) e RSI (Resistência Sistêmica Induzida), influenciando diretamente na quantidade de defensivos agrícolas utilizados no manejo atual e, consequentemente, se a planta de uva poderia melhorar seus padrões de comercialização.

Plantas tratadas com estresse térmico moderado parecem ter ativado seu sistema de defesa Em uma etapa prévia, o pesquisador levantou dados a partir de um experimento instalado nos parreirais da fazenda Central do Vale, em Petrolina (PE). Lá foram montados dois campos experimentais — lado a lado — com área de 1 hectare cada. No campo, entre os meses de março e maio, os tratamentos utilizados consistiram da aplicação da TPC em uma velocida-

Bruno Domingues

Máquina TPC (Thermal Pest Control)

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Bruno Domingues

Máquina TPC aplicando estresse térmico nos parreirais de uva da variedade Festival em campo experimental em Petrolina

de de 4 km/h com a temperatura do ar regulada em 180°C, comparada com o manejo convencional utilizado pelos produtores, que baseia-se na aplicação de agroquímicos, seguindo o manejo integrado de pragas (MIP). “A aplicação foi realizada conforme as recomendações do fabricante, com início no estádio 12, quando 50% da videira apresenta cinco folhas totalmente expandidas com frequência de aplicação de 2 vezes por semana, à temperatura de 180 º C e com distância máxima do alvo de 20 centímetros”. Ainda segundo o agrônomo, o encerramento das aplicações ocorreu no estádio 38, no início da colheita. Ao final da safra, as amostras foram transportadas para o Laboratório de Estresse e Neurofisiologia Vegetal-Lepse, da ESALQ, onde as folhas foram armazenadas a 86°C negativos e nos frutos foram feitas análises de teor de sólidos solúveis, coloração e firmeza das bagas. A mensuração hormonal nas folhas foi realizada no Laboratório de Ecotoxicologia do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA/USP), sob orientação do professor Valdemar Luiz Tornisielo. Segundo o pesquisador, embora aparentemente indefesas frente ao ataque de agressores ou até mesmo em condições ambientais adversas, as plantas apresentam, ao menos, duas estratégias de defesa, que permitem o retardamento ou até mesmo impedem a penetração de agentes fito-patogênicos. “A planta reconhece seu agressor e ativa barreiras físicas e químicas, como defesa constitutiva, resistência sistêmicas adquiridas e induzida”, afirma. Com sua pesquisa, Domingues aponta que será possível entender melhor a relação entre estresse biótico e abiótico, o que tende a possibilitar a redução na utilização de agrotóxicos nas

Curiosidade As videiras têm estratégias de defesa que retardam ou impedem a penetração de agentes fito-patogênicos.

lavouras. “Plantas tratadas com a tecnologia TPC apresentaram decréscimo duas vezes mais lento do hormônio de sinalização ao estresse ABA e duas vezes e meia mais lenta do hormônio AJ, quando comparado com plantas tratadas com o tratamento convencional. Deste modo, plantas tratadas com o estresse térmico moderado parecem ter ativado seu sistema de defesa por meio da resistência sistêmica induzida no vegetal”, finaliza. Caio Albuquerque

ESALQ/USP

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animais de estimação A administração de tranquilizantes pode ajudar a acalmar os pets na hora dos procedimentos

Foto Stock

Muita calma nessa hora!

Saiba como manter os pets calmos durante consultas e procedimentos médicos omentos de consultas e diagnósticos, quase sempre, são problemas para cães e gatos. Em visitas de rotina ao veterinário, check ups ou passagem por simples procedimentos médicos, é importante garantir o bem-­ estar e calma dos animais de estimação, desde a saída de casa. O transporte deve ser tranquilo, evitando que os pets fiquem inquietos e cheguem agitados ao consultório veterinário. Porém, amansar cães e gatos pode ser uma tarefa difícil, e, às vezes, é necessário o auxílio de suplementos. Acalmar os pets é essencial diante de comportamentos como o nervosismo e a agitação, que podem dificultar os diagnósticos, exames e outros procedimentos. É comum que os animais sintam-se amedrontados diante de uma pessoa estranha ou quando passam por situações em que se sentem acuados. Por isso, é importante deixá-los à vontade, sem ter que abrir mão das consultas. Segundo Isabella Vincoletto, veterinária do laboratório Vetnil, para ocasiões em que é necessário que o pet esteja tranquilo, obediente e indiferen42

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te aos estímulos externos, a administração de suplementos tranquilizantes existentes no mercado pode ajudar a manter os pets mais calmos. “O efeito tranquilizante inicia-se, em geral, 30 a 45 minutos após a administração e é possível manter o animal de estimação sossegado durante o período necessário”, afirma a profissional. “Estes medicamentos acalmam os animais e seus efeitos fazem com que os procedimentos diagnósticos, contenção para exames e radiografias, tratamentos de feridas e sondagem uretral sejam facilitados”, completa a doutora.

Indicado para cães e gatos, os produtos são especialmente utilizados antes dos transportes dos animais, pois ajuda a dar sonolência e também aumenta a atividade antiemética. O produto tem efeito tranquilizante e produz depressão do sistema nervoso central, devido à ação sobre os centros nervosos inferiores: tálamo, hipotálamo e formação reticular. A administração desses produtos deve ser feita de acordo com a orientação e supervisão do veterinário. www.vetnil.com.br

Nervosismo e agitação podem prejudicar o diagnóstico

Foto Stock

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Alimento balanceado e completo para as aves

Composto nutritivo para periquitos

O Nutriseeds Periquito é um alimento distrativo que vai deixar a alimentação diária dos periquitos, agapornis e calopsitas ainda mais completa

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Divulgação

ncantadoras e companheiras, as aves são ótimos animais de estimação. E para facilitar a rotina dos proprietários e alimentar corretamente pequenos psitacídeos, a Nutricon Pet oferece um alimento especial, o Nutriseeds Periquito. Composto por sementes encontradas na natureza, o Nutriseeds Periquito é um alimento distrativo que tonará a alimentação diária de seu pássaro mais divertida e completa. O produto é destinado a periquitos, agapornis e calopsitas.

A composição nutricional do Nutriseeds Periquito é aveia, painço, nabão, semente de girassol, mel, niger, linhaça, amido de milho, ovo desidratado, milho integral moído, farelo integral extrusada, farelo de trigo, quirera de arroz, levedura de cana de açúcar, farinha de trigo, sorbato de potássio, sal comum, suplemento vitamínico – aminoácidico-mineral, prébiotico, corante, antioxidante, dextrose, flavorizante e vitamina C .

Modo de uso Prenda o bastão de Nutriseeds Periquito dentro da gaiola através do suporte e deixe seus bichinhos se alimentarem à vontade enquanto se distraem. www.nutriconpet.com.br

Biscoitinhos orgânicos para cachorro

Cristina Baran

A empresa amplia o conceito de consumo consciente, valorizando as matérias-primas da Agricultura Familiar e não utilizando ingredientes de origem animal.

É hora do lanche

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etisco para pets. É isso que a Adivita oferece: biscoitinhos saudáveis e coloridos para cães. Na fabricação, os ingredientes são tão saudáveis quanto aos usados em produtos para consumo humano. As matérias-primas orgânicas são fornecidas diretamente pelos produtores e na fabricação não entram conservantes, corantes nem aromatizantes artificiais.

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Tecnologia

Cinco vezes mais

maracujá rodutores de maracujá do Estado de Santa Catarina resolveram, em 2010, expandir a produção. Até então, os pomares locais eram bastante restritos por conta das limitações climáticas. A partir desse interesse, um trabalho do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), em parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Santa Catarina (Epagri), e o agrônomo da Cooperativa Agrícola de Jacinto Machado (Cooperja), Délcio Macarini, resultou em treinamento e suporte técnico para os produtores familiares, com base em ações conjuntas e pesquisa participativa. Os resultados vieram rapidamente. Nas safras de 2012 e 2013, frutos de alta qualidade passaram a ter comércio garantido na Companhia de Entrepos-

tos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), reconhecido por sua exigência em qualidade. As principais cidades catarinenses produtoras de maracujá são Sombrio, Araranguá e Araquari.

Cultivares Laura Maria Molina Meletti, pesquisadora do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, lembra que, em 2011, levou para Santa Catarina a tecnologia de produção recomendada para o cultivo do maracujá, e também divulgou as cultivares lançadas pelo IAC, na época. “Eram tecnologias testadas e aprovadas nos pomares paulistas. Em 2013, retornei à região e constatei que nossa ação contribuiu para que Santa Catarina tenha hoje uma fruta da mais alta qualidade no mercado atacadista de frutas frescas”, afirma Laura Meletti.

O diferencial A pesquisadora do IAC explica que a produção de maracujá de Santa Catarina é voltada para o mercado de frutas frescas, que exige produtos maiores e pesados. “Essas características estão reunidas nas cultivares IAC 273 e IAC 277. A partir dos novos padrões que foram criados com o lançamento dessas cultivares, os produtores conseguiram desenvolver um produto para o mercado mais exigente que existe, a CEAGESP”, diz Laura Meletti.

Os produtores catarinenses de maracujá alcançaram ótimo nível de produtividade e qualidade

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Arquivo IAC

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Municípios sul catarinenses quintuplicaram área de produção de maracujá com tecnologias do IAC e estão produzindo maracujás de alta qualidade


Ademar Brancher

Área plantada com maracujá em Santa Catarina foi multiplicada por cinco graças a tecnologia do IAC

Além do frio, grande adversário da cultura naquela região, também havia o desafio da distância até a Companhia de Entreposto. Para os frutos aguentarem os quase mil quilômetros de distância até a Capital paulista, foi necessário desenvolver frutos com cascas mais espessas, mais resistentes ao murchamento pelo calor e ao amassamento durante o transporte e descarregamento. Em pesquisa participativa, produtores, a Epagri e o IAC desenvolveram um produto com este perfil, capaz de atender aos interesses comerciais da região.

Conhecimento O IAC transferiu para os municípios catarinenses o conhecimento sobre o uso de sementes selecionadas, implantação de quebra-ventos, formação de mudas de alta qualidade, polinização manual e controle preventivo de doenças. A pesquisadora afirma que até três anos atrás, o Estado de Santa Catarina não possuía expressão na produção nacional do maracujá. Hoje, a área plantada foi multiplicada por cinco e a qualidade dos frutos resultantes é das melhores do Brasil. “Já pode ser comparada aos Estados de Minas Gerais e Mato Grosso, que também já receberam pacotes tecnológicos do IAC”, afirma a responsável pela geração de transferência de tecnologia do maracujazeiro no IAC.

Pesquisa Laura Meletti reforça a importância do trabalho conjunto com o pesquisador da Epagri, Ademar Brancher, que vem há vários anos buscando conhecimentos sobre a cultura. “A região produzia principalmente uva, arroz e palmito. Enxerguei nesta parceria com a Epagri uma alternativa agrícola rentável para os agricultores familiares, então investimos no treinamento deles”, relata. Ela reconhece que sozinha e à distância, não conseguiria mudar muita coisa, mas com a participação da Epagri foi possível contar com um fitotecnista na região, reforçando a tecnologia de produção preconizada. “A situação mudou completamente, mudas de alta qualidade chegaram aos pomares e com elas foi possível obter pomares especiais e produção altamente rentável”, comemora. Para explicar a qualidade alcançada, a pesquisadora destaca o capricho dos produtores, a polinização manual e a preocupação com cada fase da produção, além da ausência do vírus do endurecimento dos frutos naquela região, que já dizimou muitos pomares pelo Brasil.

O paulista e o catarinense As diferenças na produção de maracujá nos dois Estados vão além da questão climática. Embora ambas sejam realizadas por agricultores familiares, em São Paulo a produção é dispersa, não há cooperativismo e os frutos são destinados para in-

dústria e consumo in natura. São Paulo já foi o maior produtor de maracujá brasileiro durante quase uma década. Atualmente, está em fase decrescente, tanto em área como em produtividade, devido ao vírus que causa o endurecimento dos frutos, transmitido por pulgões e de difícil controle. Em Santa Catarina, embora a produção esteja em expansão, ainda é concentrada no litoral sul. Por lá, temse trabalhado bastante para evitar a entrada do vírus causador do endurecimento do fruto. “O ritmo da produção catarinense é crescente, o inverso do que se observa em São Paulo. Estão conseguindo atender aos mercados compradores que eram nossos (paulistas). Eles produzem numa época definida, de bons preços e assim não precisam fazer uma safra longa”, afirma Laura Meletti. Os produtores catarinenses concentram a colheita em abril e maio, oferecendo produto altamente diferenciado, que alcança preços tão elevados, que eles conseguem bancar a produção, pagar o frete e ter lucro, mesmo colhendo apenas dois meses por ano.

Apoio técnico Desde o início das atividades, os fruticultores buscaram aplicar corretamente os conceitos da cultura e com o apoio técnico disponibilizado pelo IAC, pela Epagri e pela Coooperja, alcançaram nível admirável em produtividade e qualidade, mesmo quando o Estado não era considerado um local adequado para o maracujá. O Brasil é o maior produtor mundial da fruta e também o maior consumidor. Por isso, as exportações são pouco significativas, já que o mercado interno é sólido e paga preços altamente compensadores. Carla Gomes e Mônica Galdino Assessoria de Imprensa do IAC

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OVINOS/CAPRINOS

A vez da ovinocultura cearense Produtores já recebem duas vezes mais pela carne de cordeiro

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m parceria com seus representantes regionais, a Associação Brasileira de Criadores de Dorper (ABCDorper) quer mostrar para todo o País as peculiaridades e exemplos que estão dando certo na ovinocultura nacional. Sua proposta é estimular a organização da cadeia produtiva e atrair investidores para um segmento em franca expansão no agronegócio brasileiro. Depois do Mato Grosso do Sul, onde uma iniciativa inédita ajuda na formação de escalas para abate, e de Pernambuco, que comemora a queda das barreiras sanitárias, chegou a vez do Ceará demostrar que tem tradição na criação de ovinos e pode vir a ser um grande fornecedor nacional de carne de cordeiro. Na verdade, é neste Estado do Brasil que está o terceiro maior rebanho de ovinos. Com pouco mais de 2,3 milhões de cabeças, perde apenas para os estados do Rio Grande do Sul e Bahia em volume de cabeças. “Mas não se enganem. Se o clima

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Abc Dorper

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ovinos/caprinos permanecesse regular, poderíamos aumentar nosso rebanho cinco vezes ou mais”, exalta o criador Manoel Carlos Fontenele, dono da Dorper Cauipe, no município de Caucaia (CE) e representante da ABCDorper.

Conhecida popularmente por “miúnça”, a ovinocultura regional caracteriza-se pelo sertanejo que não tem grandes dimensões de terras para criar gado e mantém alguns ovinos para o sustento da família. Boa parte do rebanho está pulverizado em pequenas propriedades rurais. Os volumes mais significativos se concentram no Sertão de Inhamuns, em cidades como Tauá e Santa Quitéria, e no Sertão Central, com destaque a Quixadá e Quixeramobim. O manejo do plantel ocorre em regime extensivo de caatinga, mas é comum produtores administrarem ração para promover um acabamento de carcaça antes do abate. Mesmo em meio a uma seca atípica que já dura cinco anos, os produtores ressentem menos as dificuldades, especialmente quem trabalha com raças mais rústicas e adaptadas, como é o caso do Dorper e do White Dorper, de origem sul-africana. Fontenele enxerga como erro grave a falta de interesse por parte dos produtores em usar reprodutores Puros de Origem (PO), registrados para cruzarem com ovelhas comerciais. Preferem usar mestiços, que são mais baratos, mas de produtividade duvidosa. “Muitos me procuram querendo comprar meio-sangue Dorper ou White Dorper, mas não vendo. Entendo que a missão destas raças é servir o consumidor com uma carne de cordeiro de primeiríssima qualidade, nada mais que isso”, defende. Esta cultura que pode mudar quanto mais produtores perceberem que os custos adicionais com reprodutores puros são amortizados rapidamente pelos ga-

Divulgação

A ovinocultura cearense é conhecida popularmente como "muinça"

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Di Paulo

Miúnça

Os cordeiros são abatidos aos seis meses de vida

nhos gerados na heterose e pelo rendimento extra de carcaça do rebanho. E isso ocorre de forma quase imperceptível. “Mesmo assim, relutam um pouco em pagar cerca de R$ 2.000,00 num bom reprodutor”, brinca Fontenele.


Dobro Os abates de ovinos costumam ser realizados em um frigorífico credenciado no Serviço de Inspeção Estadual (SIE), que pertence a um grande grupo empresarial. Os produtores recebem, em média, entre R$ 7,00 e R$ 8,00 por quilo vivo, nada menos que o dobro do que recebiam em um passado não muito distante.

Enquanto a cadeia não se organizar, a "carne de moita" vai imperar

Divulgação

A explicação está na qualidade conferida na produção nacional e no sabor da carne, que surpreende cada vez mais o paladar dos brasileiros. Até mesmo daquelas donas de casa que resistiam ao consumo dessa carne por experiências negativas no passado. Algo que acontecia porque os animais eram abatidos velhos e, por isso, tinham gosto e cheiro fortes, o que não ocorre quando ainda são cordeiros. “Se carneiros registrados são fundamentais nesse processo, melhor seria se os produtores unissem forças para comprar animais suficientes para fazer repasse em todas as cabanhas envolvidas”, sugere Fontenele.

Cadeia

Para suprir a carência de bons produtos, o empresário formalizou parcerias com outros produtores. A preferência é por cordeiros de cruzamento industrial entre o Dorper ou White Dorper com Santa Inês. “Em troca, remunero acima dos preços de mercado e estou disposto a negociar com novos fornecedores, desde que sigam nosso modelo. Dentro do programa, os cordeiros obrigatoriamente são abatidos aos seis meses de vida ou até menos” esclarece o empresário.

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Enquanto a cadeia não se organizar e promover um envolvimento mais atuante por parte dos frigoríficos e abatedouros, a “carne de moita” (clandestina) continuará imperando. “Isso acontece porque no Ceará é comum famílias manterem três ou quatro animais no fundo no quintal para vender nas feiras quando precisam de dinheiro”, explica o empresário Victor Sampaio, proprietário da Campomar, empreendimento que envolve a criação de ovinos Dorper e White Dorper, além de um empório de cortes especiais de cordeiro e um restaurante no sul de Fortaleza.

Produção No Ceará, a carne de origem conhecida tem destino certo: a Capital, onde a matéria-prima é a vedete de restaurantes e chega a custar mais que a lagosta. A preferência é por cordeiros com menos de cinco meses. “A carne do carré de um cordeiro com idade superior é mole demais e não se sustenta na costela”, explica Fontenele. Uma grande fornecedora é a CIALNE (Companhia de Alimentos do Nordeste), que detém nada menos que 8.000 fêmeas, entre matrizes e ovelhas que ainda não atingiram idade reprodutiva. Para fornecer alimentos de exímia qualidade e reduzir custos, trabalham apenas com inseminação artificial, alcançando taxas de fertilidade acima de 75%. As doses de sêmen são das raças Dorper e White Dorper, que resultam em índices de mortalidade menores, mais peso ao desmame e melhor conversão alimentar. “Os cordeiros são abatidos aos 4,5 meses para satisfazer os consumidores mais exigentes. Produzimos aproximadamente 200 toneladas de carne por ano. Nossos produtos abastecem restaurantes em todo o Estado”, afirma Rafael Carneiro, diretor de Operações Logísticas e Agropecuária da CIALNE, ressaltando que apenas o abate é terceirizado.

Dorper e White Dorper (primeira foto) estão entre as raças mais criadas nas propriedades cearenses (foto central). Acima, criatório no Ceará.

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OVINOS/CAPRINOS

Ovinocaprinocultura desponta no Vale do Paraíba

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m março do ano passado, um grupo de 16 criadores de ovinos e caprinos do Vale do Paraíba, no interior de São Paulo, fundaram uma Central de Negócios para ter mais competitividade no mercado, por meio de ações conjuntas de compra, venda e troca de tecnologias, de forma a reduzir custos e padronizar a qualidade. A iniciativa conta com o apoio do Sebrae-SP

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e reúne 16 produtores dos municípios paulistas de Cunha, Guaratinguetá, Lagoinha, São Luiz do Paraitinga, Silveiras, Pindamonhangaba e Taubaté. “Embora tenhamos metas a alcançar, como compras conjuntas, para baratear custos e organizar a nossa cadeia produtiva, nosso principal objetivo é ter uma marca própria de carne para agregar valor ao nosso produto”, afirma o presidente da Central, Gerardo Hauszler. “A Central estabeleceu regras comportamentais e produtivas para a padronização dos processos e identificação regional, de forma a orientar os interessados em participar e produzir”, afirma Felipe Rimkus, consultor de agronegócio do Sebrae-SP.


VPJ Alimentos

tornou-se um negócio promissor e o Vale do Paraíba tem se de destacado graças ao rígido padrão de produção implantado na região.” O Vale do Paraíba é uma região montanhosa, rodeada pela Serra do Mar e Serra da Mantiqueira, com propriedades pequenas e médias, localizada entre dois grandes centros consumidores, São Paulo e Rio de Janeiro, com demanda por produtos diferenciados, de acordo com Hauszler.

Wilson Silvaston/Sebrae Guaratinguetá

Na região, a criação comercial de ovinos e caprinos começou há alguns anos. “Estamos trabalhando para tecnificar as propriedades com a ajuda do Sebrae, tendo o apoio de técnicos especializados na produção. Outras atividades, voltadas à melhoria do conhecimento técnico dos produtores, como palestras com especialistas e dias de campo, também estão sendo adotadas. Queremos que o produtor tenha todas as ferramentas em mãos para produzir melhor e com menor custo”, explana. A Central está trabalhando para ter, no futuro, produtos de qualidade que possam ser oferecidos aos clientes. De acordo com Hauszler, a padronização passa pelo tipo e tamanho de carcaça, idade e peso de abate, e até pela raça de animais. A marca de carne da associação deverá ser premium para atender a um público exigente. “Podemos produzir carne de primeira qualidade

Rimkus informa que o grupo possui cerca de 4.000 matrizes e a produção abastece restaurantes e açougues no Vale do Paraíba, cidades litorâneas, além da Grande São Paulo e Litoral Sul Fluminense. A meta é buscar novos mercados.“Boa parte das carnes é vendidas no Vale, mas, certamente, Campos do Jordão e São José dos Campos são pontos chave”, revela, acrescentando que Cunha também tem se mostrado um mercado promissor para comercialização do produto. No mês de agosto, durante o Festival do Cordeiro de Cunha, a Central de Negócios participará este ano de forma mais ativa.

Wilson Silvaston/Sebrae Guaratinguetá

De acordo com Rimkus, o sabor diferenciado da carne de cordeiro vem conquistando espaço na mesa do brasileiro, além de ser bastante apreciada por chefes de restaurantes de alto padrão. “Por isso, a criação dos animais

se fizermos um trabalho correto na padronização dos cordeiros destinados ao abate”, afirma.

Marta e Ricardo Negrini são criadores integrantes do grupo apoiado pelo Sebrae-SP

Denise Victorio criadora que faz parte da Central de Negócios

Segundo ele, a realização de compra e venda conjuntas fortalece o grupo que concorre em igualdade de condições com grandes produtores.

Pelo sabor diferenciado, a carne de cordeiro vem conquistando espaço na mesa do brasileiro

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Erasmo Reis/Ascom Epamig

batata

As variedades Ágata (casca amarela) e Asterix são as mais vendidas no varejo

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Escolha da

variedade

considera o consumo Maior produtor nacional de batatas, com área colhida superior a 41 mil hectares e produção que já ultrapassa 1,2 milhão de toneladas, Minas Gerais conta mais de 100 pequenas indústrias processadoras de batata palha, só no Sul do Estado

O produtor Adolfo Brandão garante que a batata Ágata é sua campeã de vendas Erasmo Reis/Ascom Epamig

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limento muito consumido na Europa, a batata é de origem andina, cultivada pelos incas há mais de sete mil anos. No Brasil, é a principal cultura olerícola em importância econômica e tem apresentado grande transformação nas últimas décadas, passando do cultivo tradicional, em regiões de altitude elevada, para o cultivo mecanizado, sobretudo no Cerrado. O Brasil é autossuficiente na produção de batata para atender ao mercado do tubérculo in natura, porém, ainda depende de importação de países europeus e da América do Norte, de boa parte de batatas processadas. Portanto, as oportunidades para o crescimento do agronegócio batata no país são evidentes. Grande parte da produção mineira está concentrada nas regiões do Sul de Minas, do Triângulo Mineiro e do Alto Paranaíba. Segundo o pesquisador da Epamig, Joaquim de Pádua, o Triângulo Mineiro e o Alto Paranaíba lideram em produtividade, mas o Sul de Minas tem a maior área cultivada. A Lavoura - Nº 703/2014

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batata

Epamig

Plantação de batata em Minas Gerais: autosuficiencia para consumo "in natura"

Variedades Embora haja grande número de variedades de batata no mercado, as mais comercializadas no varejo são a Ágata (casca amarela) e Asterix (casca vermelha), ambas de origem holandesa. De acordo com Joaquim de Pádua, a batata apresenta uma grande versatilidade no preparo de pratos e há cultivares com diferentes aptidões de uso na culinária. “As variedades com maior percentual de massa seca são mais indicadas para frituras e as com maior percentual de água são recomendadas para cozimento”, explica o pesquisador, ressaltando que grande parte dos consumidores desconhece essas funcionalidades.

Conservação do produto Pádua lembra que a casca é a primeira parte do tubérculo a ser descartada no preparo da batata para o processamento, e que, ao contrário das frutas, o consumidor deve estar atento na escolha certa da cultivar segundo a sua aptidão de uso. “Geralmente as cultivares que apresentam pele lisa e brilhante, são as que contêm menor 54

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percentual de massa seca, ou seja, maior percentual de água”. Quando lavadas, as batatas têm menor período de conservação, pois tendem a perder água com maior facilidade e ficam mais propensas ao esverdeamento da pele quando expostas à luz ou a claridade. “Por isso, é recomendado o armazenamento em um lugar seco, fresco e no escuro”, orienta. O pesquisador explica que as cultivares de pele áspera geralmente são mais rústicas, exigem menor uso de insumos para a produção e, portanto, são mais saudáveis. “A absorção de óleo durante o processo de fritura é menor”, acrescenta.

Mercado A batata Ágata tem dominado o mercado, com mais de 80% das vendas, de acordo com comerciantes da Ceasa Minas. É uma variedade com ciclo precoce de produção, que se adapta a qualquer região e clima. É um produto com melhor aparência e, portanto, mais atraente ao consumidor. “O cliente, às vezes, confunde a batata de casca roxa, com a batata-doce ou pensa que a cor da casca está ligada a algum uso de conservante ou agrotóxico”. Joaquim de Pádua destaca que os produtos processados, como batata palha, chips, e pré-frita congelada são derivados de variedades mais rústicas e apresentam maior uniformidade dos tubérculos. Como é o caso de variedades que estão sendo pesquisadas no "Núcleo Tecnológico EPAMIG Batata e Morango", em Pouso Alegre, no Sul de Minas. Essas variedades ainda não estão no mercado. Elas diferenciam-se quanto ao uso culinário e são mais rústicas, com maior resistência às doenças e tolerância ao calor. Cultivares como Caesar, Markies e Asterix são mais interessantes para a indústria de batata palha, que não tem muita exigência quanto ao formato e tamanho do tubérculo, já que o mesmo será ralado. “A indústria pode pagar um preço mais baixo pelo produto de menor calibre e o produtor fica livre para comercializar o produto de melhor classe para o mercado in natura a um preço mais vantajoso”, avalia o pesquisador.


Novidades orgânicas em São Paulo

CI Orgânicos participa da Bio Brazil Fair – 10ª Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia em São Paulo

Sylvia Wachsner

OrganicsNet Um grupo de cinco empresas associadas à rede OrganicsNet puderam expor seus produtos e apresentar os lançamentos no estande da SNA. São elas: Cassiopéia, Ecobras, Preserva Mundi, Engenho Novo Alimentos e Rudá. A Cassiopéia, de São Paulo, apresentou as linhas Veraloe (fitocosméticos naturais para o tratamento facial, corporal e capilar, que utiliza matérias primas 100% vegetais, e livre de sintéticos), à base de Aloe Vera (babosa), e a BioWash, que tem como destaque o primeiro detergente para louças e limpeza geral, 100% natural, à base de óleos vegetais saponificados de fontes renováveis do Nordeste. A Ecobras, do Rio de Janeiro, mostrou produtos à base de soja orgânica, entre eles, tofu e hambúrgers, além da sobremesa de chocolate DeliSoy.

Centro de Inteligência em Orgânicos (CI Orgânicos) da Sociedade Nacional de Agricultura –SNA, esteve presente na última edição da Bio Brazil Fair/Biofach América Latina de 4 a 7 de junho, na capital paulista, na Bienal do Ibirapuera.

O

A maior feira de orgânicos da América Latina chegou à sua décima edição reunindo aproximadamente 90 expositores especializados no segmento. Diversos produtos como leite, pães, bolos, bebidas, cosméticos e materiais de suporte a equipamentos de produção foram apresentados durante o evento.

Palestras Entre os destaques da programação de palestras estavam o painel: “Quais avanços podemos esperar para o setor orgânico com a implementação do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica – PLANAPO?” ministrado por Rogério Dias, coordenador de Agroecologia do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e conferências internacionais realizadas por representantes da IFOAM (International Federation of Organic Agriculture Movements), COTA (Canada Organic Trade Association), JONA (International Certification Japan Organic & Natural Foods Association) e Natrue (The International Natural and Organic Cosmetics Association).

A Engenho Novo Alimentos, do Rio de Janeiro, especializada em produtos integrais orgânicos, como pães especiais, aproveitou a feira para mostrar seu novo lançamento: uma linha de biscoitos, rico em fibras, nos sabores de quinua e aveia, cúrcuma, ervas finas e gergelim. A Rudá, também do Rio de Janeiro, ofereceu novidades em bolos e biscoitos e lançará minibolos nos sabores de chocolate com baunilha e chocolate com laranja, e ainda madeleine e pão de mel com recheio de doce de leite. Linha de biscoitos é lançamento da Engenho Novo Alimentos

Sylvia Wachsner

O estande da SNA abrigou os associados da OrganicsNet

A Preserva Mundi, do Pará, divulgou seus produtos à base de Neem e Noni. O Neem (Azadirachta indica) possui muitas propriedades medicinais: é antisséptico, antiviral e anti-inflamatório, com ação contra acne, alergias, micoses, anticaspa, queda de cabelo, além de repelente natural contra pragas e insetos, e no armazenamento de alimentos e grãos. Já a fruta Noni (Morinda citrifolia) possui alto valor nutricional e propriedades antioxidantes, que ajudam na renovação das células e estimulam as defesas do organismo.

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INFORME SEBRAE

A vencedora do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios começou colhendo café e expandiu sua produção agrícola em Varre-Sai – RJ

A força do exemplo Produtora rural vence etapa estadual do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios

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e norte a sul do país, encontramos histórias de empreendedores, que dão lições de perseverança, inovação e dedicação na realização do sonho de ter o próprio negócio. O Sebrae não só incentiva como também reconhece esses relatos , pois acredita que as histórias bemsucedidas podem servir de exemplo e inspiração para milhares de outras pessoas que pensam em começar, ou já estão à frente de um empreendimento.

Uma das iniciativas neste sentido é o Prêmio Mulher de Negócios, que avalia histórias de sucesso de mulheres empreendedoras — um público que vem crescendo cada vez mais no país. De acordo com a pesquisa Global ­Entrepreunership Monitor (GEM) de 2013, a participação feminina nos empreendimentos iniciais no Brasil já chega a 52,2%. E elas estão em todos os segmentos e locais, tanto no meio urbano quanto no rural. 56

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Histórias inspiradoras Uma das histórias mais recentes e inspiradoras é a da vencedora da categoria Produtora Rural, na etapa estadual do Prêmio, no Rio de Janeiro. A trajetória da cafeicultora Mônica Raposo Campos, do município de Varre-Sai, na região Noroeste do estado, mostra que, com determinação e força de vontade, uma mulher pode provocar uma reviravolta positiva na própria vida, realizar sonhos e construir um futuro promissor. Mônica nasceu na zona rural de Bom Jesus do Itabapoana. Aos 16 anos, casou-se com um produtor de café e foi morar em Varre-Sai, município vizinho. Teve três filhos e sua rotina era cuidar da casa e da família. Não participava dos negócios, nem ajudava na lavoura. Para o marido, a mulher deveria se dedicar apenas aos assuntos domésticos.

Mudança de vida Sua vida começou a mudar em 2008. Sem concordar com algumas ações do marido, que estava muito endividado, ela se divorciou. Com 30 anos, assumiu uma propriedade de 11


hectares, onde 80% do terreno correspondiam à plantação de café, e uma dívida de aproximadamente R$ 120 mil. Ela tinha então duas opções: vender o terreno para quitar a dívida e comprar uma casa com o dinheiro que sobrasse ou arregaçar as mangas, lutar para sustentar a família e quitar as dívidas. Ficou com a segunda opção: mesmo sem saber nada sobre lavoura, foi à luta. A produtora rural não tinha funcionários, máquinas, instrumentos de trabalho, celeiro e nem terreiro para secar o café. Começou a frequentar reuniões sobre agricultura. Pediu apoio aos vizinhos. Aprendeu a cuidar da lavoura e, a partir da busca constante por informações, diversificou a produção, plantando milho e feijão. Como não tinha dinheiro para pagar mão de obra, a família e os vizinhos a ajudaram na colheita. Apesar do esforço, alguns parentes e pessoas próximas não acreditavam que ela iria prosperar, pois achavam que a dívida era impagável e ela perderia o sítio.

Superação e dedicação Mônica trabalhou duro e colheu 400 sacas de café, em um período em que o preço da saca estava bom. Já no primeiro ano, pagou toda a dívida ao banco, mas fez alguns pequenos empréstimos para alcançar o montante. Com muita perseverança, conduziu o seu negócio e passou a tomar decisões compartilhadas com o filho, o genro e um vizinho, também produtor agrícola, com o qual realiza parcerias, decide sobre a permuta de equipamentos e ferramentas e ainda faz a colheita em conjunto.

Condução do negócio e resultados Com a variação do preço das sacas de café, milho e feijão, decidiu continuar a diversificar o negócio, com a criação de suínos, galinhas poedeiras e uma horta. Realizou diversas melhorias na propriedade, a partir dos ensinamentos do projeto PAIS (Produção Agroecológica Integrada e Sustentável) — tecnologia social que reúne técnicas simples de produção agroecológica e de promoção do desenvolvimento sustentável. E foi por meio desse projeto que conheceu o Sebrae/RJ, em 2010.

O Prêmio Sebrae Mulher de Negócios tem 3 categorias

de e recebe orientação de técnicos do Emater (Empresa responsável pela assistência técnica e extensão rural no Estado do Rio de Janeiro) para obter informações, a fim de melhorar o manejo da produção.

A conquista do prêmio Numa das visitas para acompanhamento da produção, o especialista em pequenos negócios do Sebrae/RJ entregou à Mônica um panfleto sobre o prêmio. Ela não quis se inscrever, pois achou que não ganharia. Incentivada pela irmã, mudou de ideia e fez a inscrição, relatando a sua historia. Aos 36 anos, com as mãos cheias de calos da colheita do café, Mônica con-

Depois de muita dedicação ao trabalho, Mônica conseguiu saldar o restante das dívidas. Em 2010, comprou uma bicicleta. Em 2012, uma moto, equipamentos e material de trabalho. Em 2013, comprou carro novo, reformou a casa e construiu o celeiro. Agora, planeja fazer o terreiro para a secagem do café. Atualmente, Mônica planta diversos legumes, verduras e hortaliças, utilizando recursos naturais e adução com composto orgânico (a casca do café é misturada ao esterco da galinha). Vende esses produtos, e também ovos caipiras, para o programa de merenda escolar, na feira e no comércio local.

Relacionamento com clientes e mercado Mônica é muito ativa e dinâmica. Além de se relacionar muito bem com seus clientes, participa das reuniões na associação de produtores rurais da localida-

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Realiza o controle financeiro de forma simples: separa as notas fiscais das despesas de cada atividade; anota o que é vendido mensalmente ou ao final de cada safra; realiza a contabilidade para saber qual atividade obteve melhor resultado. Avalia os resultados pela produtividade como um todo, compara a receita com os anos anteriores e, de acordo com o faturamento, uma parte é reservada para investimentos (como ampliações na propriedade e aquisição de equipamentos, por exemplo) e a outra parte é aplicada, para ser utilizada em algum momento de necessidade.

Monica Campos em sua plantação de café em Varre-Sai

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INFORME SEBRAE

No início, a produtora de café Monica colheu 400 sacas

quistou o prêmio Sebrae Mulher de Negócios e a admiração de muitos pela história de superação e coragem. E se orgulha em servir de exemplo e ter a oportunidade de mostrar que a mulher não precisa ficar apenas “dirigindo” fogão ou depender do marido. A vencedora da etapa estadual foi à Brasília para disputar a categoria nacional. Conheceu diversas mulheres com histórias semelhantes e fez muitos contatos. Voltou para VarreSai com a satisfação de ver seu trabalho reconhecido e com a experiência de ser vitoriosa nos negócios.

Sobre o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios Realizado anualmente, o prêmio é uma parceria entre o Sebrae, a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), a Federação das Associações de Mulheres de Negócios e Profissionais do Brasil (BPW) e a Fundação Nacional da Qualidade (FNQ). Desde 2004, quando teve início a premiação, vem crescendo o número de mulheres empreendedoras que relatam suas histórias de sucesso e compartilham suas trajetórias empresariais. Em 2013, apenas no estado do Rio de Janeiro, foram realizadas foram realizadas 398 inscrições. Dirigido para mulheres com mais de 18 anos, o prêmio tem três categorias: Pequenos Negócios, Produtora Rural e Microempreendedora Individual. O faturamento não pode ultrapassar o valor de R$ 3 milhões e seiscentos mil reais, conforme o Estatuto Nacional das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte. O prêmio é composto de duas etapas: estadual e nacional. São escolhidas até três vencedoras estaduais (uma para cada categoria). As histórias selecionadas pela comissão julgadora passam por um processo de avaliação, que tem como base os fundamentos de excelência do Modelo de Excelência da Gestão® (MEG). Vários critérios (ver quadro ao lado) são utilizados para avaliação dos relatos, entre eles superação e participação ativa nos negócios. As informações 58

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apresentadas pelas candidatas são examinadas por uma equipe técnica de avaliadores contratados pelo Sebrae, que visita as empresas com os relatos analisados, a fim de validar as informações descritas. As vencedoras da etapa estadual recebem uma placa/ troféu de reconhecimento, um certificado de premiação, direito ao selo de vencedora e um curso ministrado pelo Sebrae ou 16 horas de técnicas de consultoria em gestão. Além disso, vão à Brasília para participar da etapa nacional, onde têm a possibilidade de ganhar uma viagem internacional no formato de missão técnica. As inscrições para o prêmio podem ser feitas pelo site www.mulherdenegocios.sebrae.com.br ou ainda por meio do preenchimento de uma ficha disponível em todas as unidades do Sebrae. Elizabeth Quimas de Oliveira e Mara Cristian Godoy Silva –

Analistas do Sebrae/RJ

Critérios de julgamento do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios •

Superação

Visão de futuro

Ideias inovadoras e adaptação às novas tendências

Atuação democrática, transparente, inspiradora e motivadora

Participação ativa nos negócios, perseverança e superação dos desafios

Ambiente participativo e agradável para quem trabalho no seu negócio

Estabelecimento de relacionamentos duradouros com os clientes

Preocupação com a preservação do meio ambiente e da cultura da sua região

Estabelecimento de parcerias para o desenvolvimento das atividades

Lições aprendidas (por meio de experimentações, erros cometidos ou compartilhamento de informações)

Crescimento dos resultados obtidos

Contribuição para o desenvolvimento de outras empreendedoras


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FAO chega ao nordeste brasileiro Nova unidade de cooperação tem como foco fortalecer a agricultura familiar, conter a desertificação e o combate à fome na região

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entro do processo de descentralização, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura-FAO passa a contar a partir de agora com mais uma unidade de cooperação. O acordo foi assinado em parceria com o Instituto Nacional do Semiárido (Insa). As instalações físicas da unidade serão no mesmo local de funcionamento do Insa em Campina Grande na Paraíba. Iniciativas que fortaleçam a agricultura familiar, o combate à desertificação, ações de mitigação e recuperação da degradação da terra, prioritariamente em espaços semiáridos, a mitigação dos efeitos da seca, a produção de alimentos e o combate a fome, estão entre os principais objetivos da nova unidade.

Dentre as ações previstas, será dada prioridade a utilização do escritório da FAO como a base da Unidade de Gestão do projeto “Revertendo o processo de desertificação em áreas susceptíveis do Brasil: Práticas Agroflorestais Sustentáveis ​​e Conservação da Biodiversidade”, desenvolvido em parceria também com o Ministério do Meio Ambiente (MMA). Os principais objetivos e metas do projeto são realizar avaliações iniciais, mapeamento das partes interessadas, seleção de áreas de intervenção do projeto, estabelecer parcerias para as atividades, mobilizar os atores, definir medidas para a implementação do projeto e construir uma base comum. O projeto é financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF

Insa

A palma é uma cactácea muito usada na alimentação animal e bastante comum na região semiárida brasileira

na sigla em inglês) e deverá iniciar as ações em 2015.

Experiências bem sucedidas A unidade também vai trabalhar em conjunto com o INSA no apoio à Cooperação Sul-Sul — uma modalidade que tem se mostrado bastante eficaz e com grande potencial para compartilhar e trocar soluções de desenvolvimento rural sustentável. Dentro desse contexto vão ser organizadas missões técnico-científicas internacionais para visitar locais onde se desenvolvem experiências bem sucedidas de convivência com o Semiárido. A Unidade de Coordenação de Projetos da FAO para a região Nordeste também atuará no sentido de desenvolver estratégias de convivência com a semiaridez e para mitigação dos impactos da seca na segurança alimentar e nutricional das populações que vivem na região. As ações estarão relacionadas ao desenvolvimento territorial sustentável, tendo como parâmetros a ciência, a tecnologia, a inovação, o uso racional dos recursos naturais, mediante planejamento econômico, ambiental e social, manejo sustentável e de uso múltiplo. O foco será promover a inclusão sócio-produtiva das populações mais vulneráveis, com base na valorização do conhecimento tradicional das populações e na experiência exitosa de implantação da Unidade de Coordenação de Projetos da FAO na Região Sul

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Insa

do Brasil. Atualmente a Unidade do Sul conta com escritórios em Curitiba e Foz do Iguaçu e ações nos três estados da região.

Inauguração A cerimônia de inauguração foi realizada na sede Insa. Na ocasião, o representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic e o diretor do Insa, Ignacio Hernán Salcedo assinaram o acordo para a instalação do segundo escritório regional da FAO no país. “A nova unidade da FAO para a região nordeste representa um importante avanço no sentido de aprimorar as experiências já realizadas atualmente. Construir mecanismos capazes de ajudar os agricultores diante da especificidade do semiárido é garantir melhores condições de vida para essa população e consequentemente combater a fome das pessoas que vivem nessas comunidades”, ressaltou o Alan Bojanic. A instalação do novo escritório também fez parte da programação dos dez anos do Insa ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O Instituto foi criado com o objetivo de desenvolver ações de pesquisa, formação, difusão e formulação de políticas para a convivência sustentável do semiárido brasileiro a partir das potencialidades socioeconômicas e ambientais da região.

O Semiárido O Semiárido brasileiro se estende por oito estados do nordeste: Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe e também pelo norte de Minas Gerais. É uma região rica em variados aspectos, como: sociais, culturais, ambientais e econômicos. Estima-se que mais de 22 milhões de brasileiros vivem no semiárido, homens e mulheres, adultos e jovens, crianças e idosos que constroem cotidianamente a história da região. A Extensão territorial é de: 980.133,079 km² (12% do país) População urbana: 62% e rural: 38%. A economia do semiárido vem basicamente da pecuária extensiva e agricultura familiar. Um dos grandes problemas que essa região enfrenta é o déficit hídrico, já que a quantidade de chuva é menor do que a água que evapora da superfície. A estiagem faz parte da história da região, e há registros de secas desde a época do Império. Para reverter o quadro dos grandes períodos de seca, alguns projetos têm sido adotados na região entre eles, o armazenamento da água em cisternas para garantir o acesso à água. Na sequência, colheita de sementes de árvores nativas da Região do Semiárido

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EMPRESAS

Krone

Fertilizante de ação bioestimulante

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Vorax é um fertilizante com ação bioestimulante da Microquímica que está há um ano no mercado. Formulado com ácido L-glutâmico, extrato de algas, glicina-betaína e nitrogênio, o produto tem se destacado neste período, por conter uma formulação altamente concentrada em ingredientes que promovem ação bioestimulante. O resultado é o maior crescimento vegetativo, assimilação de nitrogênio, recuperação de estresses e, por consequência, maior produtividade. Segundo Roberto Berwanger Batista, diretor técnico da empresa, a expectativa é reforçar a retomada da Microquimica no segmento de HF e se aproximar dos principais agentes desse negócio. “Esperamos, por meio da apresentação de resultados de pesquisas, comprovar a eficiência do produto e realizar negócios com os interessados em conhecer essa inovação da empresa”, finaliza o executivo.

HDP II produz 50% mais fardos

Enfardadeiras de alta capacidade produtiva

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ecuaristas brasileiros já contam com o Big Pack HDP II, equipamento da Krone especializado na produção de fardos quadrados que eleva o rendimento e densidade do fardo a uma dimensão nunca antes experimentada.

De acordo com o fabricante, a HDP II produz 50% a mais de fardos, sem comprometer a densidade que, por sinal, foi aumentada em 10% em relação ao modelo anterior HDP, da empresa.

Vorax promove maior crescimento vegetativo e assmilação de nitrogênio

Microquímica

Para entrar nesta nova dimensão de performance, a Krone explica que a máquina sofreu uma modificação conceitual completa, desde o pick-up recolhedor até a amarração dos fardos,que utiliza oito atadores duplos para suportar a altíssima densidade.

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Ainda segundo o fabricante, os operadores podem selecionar 26 ou 13 facas de forma rápida e sem a necessidade de ferramentas. O sistema de corte é acionado por uma correia Powerband, da qual a taxa de patinagem é medida e informada ao operador através do terminal, para que ajuste a velocidade de operação à capacidade máxima da máquina. O rotor é desligado automaticamente caso a taxa de patinagem exceda o limite máximo, ou haja bloqueio da pré-câmara. Ao ligar a máquina, apenas a prensa, o rotor e o pick- up são ativadas, e após um intervalo de tempo o recolhedor Pick-up é ativado. Esta é uma inovação exclusiva Krone, que evita os picos de carga geralmente sofridos pelo trator durante as partidas da enfardadeira.


Divulgação

Remédio contra carrapato, berne e mosca-dos-chifres

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Ourofino Agronegócio colocou no mercado o Colosso FC30, ectoparasiticida para o tratamento contra carrapato, berne e mosca-dos-chifres. A formulação exclusiva age contra os parasitas externos mais resistentes aos tratamentos convencionais.

Triciclo faz em média 25 km/litro

Triciclo para utilização no setor agrícola Utilitário é indicado para facilitar o transporte de insumos agrícolas, ferramentas e dos produtos colhidos, como frutas, verduras e legumes

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agricultura é um dos setores da economia brasileira que mais se destacou no último ano. Segundo dados do IBGE, em 2013, o crescimento do setor agropecuário foi de 7%, número que contribuiu para alavancar o Produto Interno Bruto (PIB) do período. Com base na expansão desse segmento, a FuscoMotosegura, empresa especializada no desenvolvimento de triciclos para o transporte de cargas, criou a Caçamba Agro. O modelo foi projetado para facilitar os serviços de transporte em sítios, chácaras, fazendas ou áreas não asfaltadas.

Indicado para pecuaristas de leite e corte

Implementos graneleiros

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“O produtor rural, seja ele de pequeno ou de grande porte, está sempre preocupado em aprimorar processos, em busca de reduzir custos e aumentar a produtividade. Pensando em auxiliar na logística e levando em consideração que as propriedades rurais contam com ruas estreitas e de terra, criamos um utilitário que pudesse facilitar o transporte de insumos agrícolas, ferramentas e dos produtos colhidos, como frutas, verduras e legumes”, explica Vladimilson Reis, proprietário da Fusco-Motosegura.

Rodotrem graneleiro, lançamento da Rossetti Equipamentos Rodoviários, é capaz de levar até 74 t de peso bruto total (PBT). Fabricado em aço de alta resistência, possui engate esférico e cambão rígido. De acordo com o fabricante, o equipamento é adequado para transporte em longas distâncias e estará disponível nas versões intercambiáveis — quando o semirreboque da frente pode ser usado na parte traseira — ou não.

A carroceria do triciclo é feita com chapas de aço que são fixadas em um assoalho de madeira de lei e a estrutura pode ser acoplada a uma moto Honda, modelos CG 125 e CG 150, ou Yamaha Factor YBR 125. Um dos principais diferenciais são os pneus adaptados para as irregularidades do solo, permitindo a passagem do triciclo em ruas de terra e entre plantações.

O Rodotrem apresenta um design arrojado e moderno, com chapas mais finas e leves, rampa de descarga e com capacidades de 30 a 35 m3, conta o executivo.

Divulgação

A economia de combustível também é outro ponto a ser ressaltado, o triciclo faz em média 25 km/litro, além de ter um custo de manutenção reduzido, pois 80% das peças de reposição são do mercado automotivo e 20% de fabricação própria. “Tivemos a preocupação em montar uma estrutura com componentes que podem ser adquiridos em qualquer região do país, até mesmo em cidades mais afastadas dos centros comerciais”, pontua o empresário.

Ourofino Agronegócio

O Colosso FC30 tem se consolidado como boa solução aos pecuaristas de leite e de corte, com eficácia comprovada em testes de sensibilidade e efeito duradouro, segundo o fabricante.

Graneleiro é capaz de levar até 74 toneladas

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SNA 117 anos

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Academia Nacional de Agricultura, presidida pelo ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, esteve reunida no último dia 15 de julho, em São Paulo, para debater o conteúdo de um documento que será entregue aos candidatos à Presidência da República.

Intitulado “Agronegócio Brasileiro 2014/2022 – Proposta de Plano de Ação aos Presidenciáveis”, o documento, elaborado por um grupo de técnicos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), sob a coordenação de Roberto Rodrigues, aborda cinco aspectos: sustentabilidade da produção, competitividade, produção orientada para os mercados, segurança jurídica e governança institucional. A proposta defende a maior oferta de crédito e financiamento para investimento e capital de giro; o desenvolvimento de mecanismos de seguro contra a quebra de produção e a queda acentuada de preços; uma atuação mais agressiva na celebração de acordos comerciais; a desoneração tributária e a ampliação da malha de infraestrutura de transporte e logística.

A proposta defende, entre vários itens, a desoneração tributária e a ampliação da infraestrutura de transporte e logística

Raul Moreira

Além disso, o documento da FGV que foi apresentado e discutido no início de agosto, durante um congresso de agronegócio na capital paulista – prevê a simplificação e a aplicação da legislação agrária, ambiental e trabalhista, com

No congresso em São Paulo, as questões relativas ao estudo da FGV foram abordadas em um painel denominado “Agronegócios e os Presidenciáveis”. Na ocasião, foi mostrado, em vídeo, o posicionamento virtual dos três principais candidatos à presidência (os mais cotados nas pesquisas eleitorais).

O presidente da Academia Nacional de Agricultura, Roberto Rodrigues, e o acadêmico e ex-ministro Pratini de Moraes chamaram a atenção para questões envolvendo sustentabilidade de produção, competitividade, produção para mercados, segurança jurídica e governança institucional

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Nilton Ricardo

Academia Nacional de Agricultura debate plano de ação para os presidenciáveis

base em critérios técnicos, condizentes com as características do agronegócio. O objetivo é obter maior segurança jurídica para garantir o direito de propriedade privada e criar um ambiente favorável a investimentos e incentivos ao empreendedorismo.


Newton Bastos

urante almoço realizado em 6 de junho na Sociedade Nacional de Agricultura, a Veterinária Militar Brasileira concedeu uma placa em homenagem ao presidente da SNA, Antonio Alvarenga, pelo apoio prestado ao setor. Além dos oficiais veterinários, estiveram presentes membros da Academia Brasileira de Medicina Veterinária (ABRAMVET). Na foto acima, da esquerda para a direita (em pé): aspirante a oficial veterinário Daniel Federici Santos, chefe do Serpentário/ IBEx; 2ª tenente veterinária Janaína Lima, chefe da seção de Inoculação e Sangria/IBEx; 2ª tenente veterinária Érica Ferreira, adjunta da seção de Clínica/

Seminário debate estratégias do agro

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IBEx; Luiz Augusto de Carvalho, presidente da SOMVERJ; ten. cel. veterinária Fernanda Peixoto (Ministério da Defesa); ten. cel. veterinária Joana Mara Carvalho, chefe da Divisão de Ensino e Pesquisa/ IBEx; ten. cel. veterinário Marcelo de Oliveira Henriques, chefe da Divisão de Veterinária / IBEx; Luiz Octávio Pires Leal, editor da revista Animal Business Brasil, e ten. cel. Carlos Henrique Coelho de Campos, diretor do Hospital Veterinário da AMAN. Sentados: os coronéis Willian Ribeiro Pinho, Edino Camoleze e Milton Thiago de Mello (presidente da ABRAMVET), Antonio Mello Alvarenga, presidente da SNA, e cel. Baeta Neves.

SNA perde seu vice-presidente, o ambientalista Almirante Ibsen de Gusmão Câmara

Câmara de Comércio Brasil - Estados Unidos realizou, no dia 29 de maio, em Uberlândia (Minas Gerais), um seminário sobre “As estratégias do Agronegócio Brasileiro”, reunindo os principais empresários e gestores de empresas da região. O objetivo foi abordar os desafios para o desenvolvimento do setor.

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Alvarenga descreveu a complexidade que envolve a agropecuária moderna em termos de administração dos fatores de produção e gerenciamento da comercialização, logística e exportação, abordando ainda os riscos inerentes aos empreendimentos do setor, como as intempéries climáticas, doenças e pragas, insegurança jurídica e flutuações de preços.

Durante sua trajetória, Ibsen Câmara esteve sempre engajado na luta contra o desmatamento da Mata Atlântica e pela preservação das espécies da flora e da fauna, ameaçadas de extinção. É considerado um dos fundadores do conservacionismo. Também demonstrava grande interesse e preocupação em relação aos efeitos do aquecimento global sobre o meio ambiente.

Em sua palestra, o presidente da SNA, Antonio Alvarenga, traçou um panorama geral sobre o agronegócio brasileiro, com perspectivas para as próximas décadas, e destacou os gargalos que precisam ser superados, relatando as oportunidades que se apresentam nos diversos segmentos do agro.

Brasil perdeu, em 31 de julho, um de seus maiores ambientalistas. Eterno defensor das causas socioambientais, o vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura e presidente da Sociedade Brasileira de Proteção Ambiental (Sobrapa), almirante Ibsen de Gusmão Câmara, faleceu no Rio de Janeiro, aos 89 anos, em decorrência de um hematoma cerebral.

Por 25 anos — desde 1989 — manteve uma lúcida e prestigiada coluna de quatro páginas na revista A Lavoura, onde defendia, com paixão e propriedade, a preservação das espécies e a sustentabilidade. Ibsen presidiu a Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza, participou do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e foi conselheiro de várias organizações socioambientais.

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Danielle Medeiros

Homenagem ao presidente da SNA D


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Primeira regra para ficar feliz com a colheita: pés na terra, mão na massa e ouvidos abertos às orientações do Sebrae O agronegócio possui um grande parceiro capaz de contribuir para seu desenvolvimento sustentável em todo o estado. Por meio de cursos, consultorias e um atendimento especializado, o Sebrae/RJ incentiva e participa de toda a cadeia, desde a criação até a comercialização, sem esquecer da responsabilidade ambiental. Venha conversar com quem sabe que no agronegócio não existe bicho de sete cabeças.

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www.sebraerj.com.br | 0800 570 0800


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