Edição de domingo 29-11

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Domingo, 29 de novembro de 2009

BOM DIA

Célia Souza

Viva a teoria de Darwin Vivemos em um mundo cada vez mais acelerado, no afã de permanecer inseridos dentro deste complexo processo que se chama “modernidade” ficamos ligados e conectado 24 horas por dia nas últimas tecnologias, estimularmos a inteligência emocional à favor do trabalho, otimizamos o tempo em busca de uma praticidade que permita cada vez mais a pressa tomar conta de nossas vidas. A expressão “de papo pro ar”caiu em desuso, dormimos pouco e corremos desde que acordamos, afinal o tempo é curto para conciliarmos todos os interesses. Corremos no banho matinal, no café da manhã, ao chegar e sair do trabalho, enfim não sobra tempo pra nada a não ser acelerar mais para compensar com outro vício o consumismo . A nossa culpa vem travestida de compensação no famoso merecimento por tanto esforço e falta de tempo. É no trânsito, principalmente, que constatamos a

pressa de quase todos, cada dia mais sair de carro toma mais tempo que necessário, já que poucos se dispõem a esperar alguns segundos para dar passagem, passar de uma pista para outra então é tarefa para piloto de corridas. A pressa toma além de nosso tempo o discernimento, outro dia uma amiga me falou que descobriu um gato preto esparramado no meio do corredor, convocou toda a família e como diz o jargão ficou literalmente “bege” pois na correria cotidiana ninguém perguntou ao outro quem trouxe o gato, que apareceu e foi ficando, incorporado á família sem que ninguém se desse conta. Estes são os saldos da modernidade e o resultado de nossa falta de tempo, não é preciso ir longe, por esses dias meu filho pulou na piscina e gritou “Viva a teoria de Darwin” perguntei de onde ele tirou aquilo, e com a maior simplicidade ele me questionou se eu ainda não sabia da teoria da evolução e que nós

viemos dos macacos. Fiquei eu “bege”, porque não tive tempo para escolher a versão bíblica ou a científica, na plenitude dos seis anos o Discovery ensinou para ele o que eu não tive tempo de escolher. Enfim, em nossa correria absurda deixamos a TV ensinar mais que a família, perdemos vínculos com amigos, e nos distanciamos do próximo. Evoluímos meio que na contramão, incentivamos

a corrida nas crianças: exigimos que aprendam tudo rapidamente e cedo, de preferência sem exigir muito de nossa parte para que não atrapalhem a nossa própria corrida. Adequamos esse modelo educativo cheio de falhas ao estilo de vida corrido que adotamos. Afinal, corremos tanto, e por tantas vezes desrespeitamos etapas de suas vidas, ritmos pessoais, religiosidade, que a vida anda perdendo o sentido.

Nesta semana uma mãe inverteu sua rotina ao ir para o trabalho, com a inversão esqueceu de levar a filha de 7 meses para a creche e a abandonou no banco de trás do carro, o final foi trágico com a morte da criança. Neurologistas afirmam que a inversão de rotina causou um lapso de atenção na mãe. Ficou o desespero,o lamento e a tristeza de cada um que lê a triste notícia , mais que isso ficou a chance de reconstruir nossas prioridades e eliminar a pressa que também pode ser fator convergente para tragédias cotidianas de proporções inigualáveis. Neste final de ano ao invés de cair no tentador círculo da pressa, analise e se questione: Aonde precisamos chegar com tanta pressa?

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