Revista Em Cena - Edição 21

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Ano XV - Número 21 Julho/Agosto 2012

MULHERES QUE AMAM DEMAIS Conheça histórias de mulheres que cansadas de sofrer procuraram ajuda em outras pessoas com a mesma identidade



índice

julho/agosto 2012

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EDITORIAL CARTA DO LEITOR ESPECIAL Mulheres que amam demais

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PERSONAGEM DA SAÚDE Mona Luísa Sabogin

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SAÚDE/BEM-ESTAR Alzheimer

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CULTURA Cineclubes

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CURIOSIDADES Formação de cristais

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MODA Os ‘curingas’ do guarda-roupa

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BELEZA Transformação

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TURISMO São João da Boa Vista ECONOMIA Reportagem 360º FATOS E FOTOS Jundiaí CADERNO VIP 12 de maio Passeata Paulista da Saúde Dia Internacional da Mulher Festa Junina da Saúde julho/agosto 2012 - EM CENA - 3


editorial

Saúde emocional da mulher é destaque na revista Em Cena Novamente foi finalizada mais uma edição da revista Em Cena, em que nós, do Sinsaúde, temos a oportunidade de entregar para o trabalhador da saúde um produto de qualidade, com matérias que mesclam assuntos descontraídos com outros que necessitam de seriedade maior. Com o intuito de informar e trazer uma reflexão mais profunda sobre o assunto, nesta edição, a saúde emocional da mulher entrou em pauta. Isto porque, se relacionar de forma saudável com os outros e consigo mesmo é fundamental para o bom andamento de todas as áreas da vida, seja com o companheiro, com a família, com os amigos e, inclusive, no trabalho. Para entender melhor isso, entramos no universo das chamadas “mulheres que amam demais”, que acabam pecando por se entregar demasiadamente nas relações afetivas, tornando a vida a dois algo doentio. O desgaste emocional que a dependência afetiva causa é um assunto muito sério e que atinge milhares de mulheres, sendo que muitas destas não sabem que têm um problema e, portanto, ainda não procuraram ajuda. Nesta edição também vamos conhecer um pouco mais sobre o Mal de Alzheimer, que afeta 36 milhões de pessoas no mundo e 1 milhão só no Brasil, por meio da história de vida de uma simpática velhinha. Visando o entretenimento dos leitores, também tratamos de assuntos mais descontraídos, mas não menos interessantes, como os cineclubles, que ainda atingem um seleto grupo de pessoas interessadas em conhecer outras culturas. Após uma passagem pela bela cidade de São João da Boa Vista, saltamos de

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paraquedas na Reportagem 360º, que é uma inovadora ferramenta de informação utilizada pelo Sinsaúde. Ela emprega instrumentos multimídia, como áudio, vídeo, texto, fotografia e interatividade para levar ao leitor mais conhecimento sobre um tema específico. A personagem da saúde da vez tem o talento de enxergar as belezas não percebidas aos olhares apressados. A enfermeira, que nas horas vagas também é fotógrafa, deixa tudo registrado com os seus belos cliques. E por falar em nossa brilhante categoria, que nunca deixa de nos impressionar, temos também o caderno vip, onde o trabalhador é o protagonista. Nos retratos dos principais acontecimentos, vamos relembrar como foram as homenagens do Dia Estadual do Trabalhador da Saúde em toda a base territorial, além de ter um panorama de como foi a Passeata Paulista da Saúde, um movimento pioneiro que mobilizou várias cidades do Estado de São Paulo no dia 12 de maio. Nos eventos, não poderia ficar de fora a participação da categoria nas tradicionais festas juninas da saúde e na Homenagem ao Dia Internacional da Mulher, quando o Sindicato distribui botões de rosas para estas trabalhadoras tão especiais. Portanto, é com muito carinho que o Sinsaúde Campinas e Região entrega para os profissionais da saúde um produto informativo, com uma leitura agradável e prazerosa para todas as idades, visando à formação de uma classe trabalhadora mais interada com relação às atualidades. Boa leitura. Edison Laércio de Oliveira Presidente


expediente - carta do leitor

“Muito especial a matéria sobre a valorização do trabalhador da saúde. As pessoas deveriam pensar mais nestes profissionais que não medem esforços para ajudar quando estamos doentes; os governos deveriam dar mais subsídios para melhorar a saúde brasileira, que está pedindo socorro, uma área que deveria ter melhor atendimento, afinal a saúde é o bem mais precioso que temos e quando estamos doente é um médico, um hospital que procuramos e precisamos ser bem cuidados. A saúde pública deveria ser um exemplo, pois o Brasil gasta tanto em outras coisas e esquecem do que é mais importante para a população. Parabéns à equipe pela reportagem. Será que precisamos de gente morrendo a todo instante para ver os governantes acordarem?” Márcia Rodrigues – Araras

Depois que li a revista Em Cena, passei a ver Itapira com outros olhos. Conhecia a cidade pela referência do hospital psiquiátrico Bairral; nunca pensei que Menotti Del Picchia, autor de tantos poemas citados pelo meu avô, fosse da cidade. A partir de agora, vou observar Itapira de outra forma. Adorei saber. Parabéns à equipe que resgatou a história.” Bruna B. Costa – Campinas

“Sapatos é o sonho de toda mulher sem sombra de dúvidas. Quanto mais a gente tem, mais a gente quer. Nós, mulheres, sabemos que usar salto direto causa problemas, mas não sabia que modificava o centro de gravidade do corpo. Mas que o salto deixa a gente muito mais elegante, isso deixa. Parabéns pela reportagem. Enfim, parabéns pela produção da revista, que a cada edição melhora.” M. Odila C. Marcondes Conchal

“Uma volta à infância foi exatamente o que senti quando li a matéria sobre mambembe. E sempre que passo pelas ruas, fico observando os malabaristas para ver se são os personagens da revista. Fico admirada de pessoas especiais fazendo arte nas ruas. Isto é muito bonito, elas estão tentando buscar algo que não seja o mundo das drogas. Muito legal. Parabéns pelo trabalho de resgatar pessoas e mostrar seus trabalhos.” Carmem Lúcia C.M.V. Nunes – Valinhos

“A arte realmente nos envolve, nos fascina. Gostei da história do origami e até estou tentando aprender, a partir do passo a passo. Assim como gostei da história da trabalhadora da saúde que desenvolveu a arte em mosaico e pintura sobre tela. A revista Em Cena nos possibilita esta leitura gostosa, leve e ilustrativa.” Moisés Paulo L.M. Cortezini

Sua opinião ou sugestão é muito importante! Correspondências para esta seção: Por e-mail: srodrigues@sinsaude.org.br ou domma@domma.com.br Por carta: Rua Duque de Caxias, 368, Centro CEP 13015-310 – Campinas/SP

EXPEDIENTE Esta é uma publicação do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Campinas (Sinsaúde) Site: www.sinsaude.org.br E-mail: sinsaude@sinsaude.org.br Presidente: Edison Laércio de Oliveira Diretora de Comunicação: Sofia Rodrigues do Nascimento Redação e criação: DOMMA Comunicação Integrada

Jornalista responsável: Sirlene Nogueira (Mtb 15.114) Redação: Ana Carolina Barros (Mtb 58.939), Daniella Almeida (Mtb 4.352), Mariana Dorigatti (Mtb 60.431), Sirlene Nogueira (Mtb 15.114) e Vera Bison (Mtb 12.391) Projeto gráfico: Javé Editoração: Felipe Teixeira e Ana Julia Troya Capa: Felipe Teixeira e Jones Stecca Fotografia: Ari Ferreira (Mtb 28.843) e Gustavo Tilio (Mtb 43790) Tiragem: 22 mil exemplares

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especial - saúde

Elas não conseguem manter um relacionamento saudável, são vistas pela sociedade como controladoras, ciumentas, manipuladoras. Temem ser traídas, sentem que estão prestes a ser abandonadas, acham que nunca vão conseguir viver sem seus parceiros e que toda sua identidade, autoestima e futuro dependem do afeto e da atenção que recebem deles.

Elas são as

mulheres que

amam demais

É

muito difícil encontrar uma mulher que não sinta um pouquinho de ciúmes, seja do parceiro, dos amigos ou dos familiares. O problema é quando este ciúme está atrelado a outras características que levam a pessoa a uma dependência afetiva, gerando relacionamentos doentios, onde todos sofrem. Esta dependência se caracteriza por uma incapacidade de viver relacionamentos amorosos saudáveis, com uma tendência constante para se apaixonar por pessoas problemáticas ou a ficarem presas emotivamente a estas mesmas pessoas. Para elas, o vício é o ser amado, considerado único e insubstituível. Sem ele a vida não tem sentido, fica sem graça, sem objetivo e sem perspectiva. A pessoa é capaz de abdicar de tudo para ficar ao seu lado e não compreende porque o outro não age da mesma forma. Passa a fazer e a gostar de tudo que o outro gosta. Edelgine Graça Abre mão de Psicóloga

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suas necessidades, de seus sonhos e desejos sentimento de posse. Percebi que eu ia para orbitar em torno do outro. acabar matando ou morrendo, então me É o caso da educadora infantil, C.A., dei conta de que o que sentia não era tão de 35 anos, que sempre teve comportasomente um ciúme de um amor normal, mentos obsessivos em seus relacionamas sim uma doença sem controle”, conta. mentos amorosos, entregando-se inA psicóloga Edelgine Graça, palestrante tensamente, fazendo tudo em prol e especialista em relacionamentos e autodo companheiro e se esquecendo estima, explica que no perfil de comporde si. “Na maioria das vezes, tamento das mulheres que amam demais, deixava de cuidar de mim para a palavra principal é controle, isto porque poder cuidar do outro, perdoas mulheres que amam demais têm uma ando sempre, até nos erros personalidade muito forte e estão acostuimperdoáveis aos olhos de madas a cuidar dos outros e a resolver os qualquer pessoa. Também problemas de todo mundo. Normalmente sempre fui muito ciumenta são filhas mais velhas responsáveis por muie insegura, desconfiando tos irmãos ou são arrimo de família. São de tudo, de todos e de muito fortes e estão acostumadas a “salvar” qualquer atitude; por mais outras pessoas. “As mulheres que amam normal que podia parecer demais são vítimas de si mesmas, adquirem eu estava sempre um supercontrole de tudo desconfiando e e de todos. Pensam que o “Eu iria vendo traição.” relacionamento amoroso acabar Mas com o é mais uma área de suas tempo o proble- matando ou vidas, na qual elas podem ma começou a estabelecer regras, limites, morrendo. ” se intensificar. objetivos e um caminho “Nunca fui C.A, 35 anos, rigidamente estabelecido. agressiva, mas Quando elas encontram educadora alguém pronto a se rebelar me tornei por causa e a dizer não a seus planos, infantil deste elas sofrem muito, pois ciúme perderam o controle.” doentio, Em casos mais extremos, a tentativa de do suicídio também pode acontecer como uma forma de controlar o parceiro e não como uma intenção real de morrer. “Já atendi casos em que as mulheres tomam algumas pílulas na tentativa de mostrar ao parceiro que eles ficariam perdidos sem elas, tentando fazer os parceiros ‘caírem na real’ e se ‘arrependerem’ por deixá-las, etc.”, conta a especialista. Uma vida de detetive “Gosto de saber detalhes de cada passo do meu parceiro, de cada atitude que ele vai ter. Na

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Características de uma mulher que ama demais - Vem de um lar desajustado onde suas necessidades emocionais não foram satisfeitas.

- Está muito mais em contato com o sonho de como o relacionamento poderia ser do que com a realidade da situação.

- Com medo de ser abandonada, faz qualquer coisa para impedir o fim do relacionamento.

- Tem tendência psicológica e, com frequência, bioquímica, a se tornar dependente de drogas, álcool e/ou certos tipos de alimentos, principalmente doces.

- Sua autoestima está criticamente baixa e no fundo e não acredita que mereça ser feliz. - Como experimentou pouca segurança na infância tem uma necessidade desesperadora de controlar seus homens e seus relacionamentos. - Mascara seus esforços para controlar pessoas e situações, mostrando-se “prestativa”.

- Tende a ter momentos de depressão e tenta preveni-los com a agitação criada por um relacionamento instável. - Não tem atração por homens gentis, estáveis, seguros e que estão interessados nela. Acha que estes homens “agradáveis” são enfadonhos. Extraído do livro “Mulheres que Amam Demais”, de Robin Norwood.

minha imaginação, crio situações que são complevida tende a ser estressante e, muitas vezes, insuportamente diferentes da realidade e isso faz com que eu tável para muitos homens que convivem com essas passe boa parte do meu tempo angustiada e ansiosa, mulheres. “Depois de uma briga que tive com meu pensando em coisas que não estão acontecendo”, companheiro, é claro que por motivos fúteis, ele relata a executiva de vendas, A.F., 30 anos, que, como ‘explodiu’ e disse que não aguentava mais viver no a maioria das mulheres que é dependente de relacioinferno que eu fazia a vida dele e terminou comigo”, namentos, adota uma vida de detetive, buscando o revela A.F. tempo todo provas de uma possível traição. Essa incessante busca pelo conGrupo Mada trole das ações do parceiro leva a um Com a finalidade de ajudar “Ele disse que não desgaste emocional para a mulher que as mulheres que possuem este aguentava mais mesmo padrão de comportasó vive a vida do outro, dedicando-se a bisbilhotar carteira, celular, redes teve início em 1994, o viver no inferno mento, sociais, etc., limitando o convívio social primeiro grupo Mada – Mulheres que eu fazia e fazendo o possível e o impossível para que Amam Demais Anônimas, na estar presente na rotina da pessoa o cidade de São Paulo. da vida dele e tempo todo. O grupo foi inspirado no livro terminou comigo.” “Mulheres que Amam Demais”, “Eu queria controlar a vida do de 1985, da autora Robin A.F., 30 anos, meu parceiro em Norwood. A psicóloga e terapeuta executiva tudo, com quem familiar escreveu o livro baseado falava, com quem em sua própria experiência e na andava, e se pudesde centenas de mulheres envolvise queria entrar em das com dependentes químicos. sua mente e saber o que estava No final do livro, ela sugere como abrir grupos para pensando”, conta a pedagoga tratar da doença de amar e sofrer demais. C.K., 32 anos. O método do grupo é baseado em espelhos e não Ilma Cristina Valadão Oliveira Como ninguém gosta de ser em conselhos, ou seja, as integrantes se reúnem para Holoterapeuta vigiado 24 horas por dia, esta discutir sobre a bibliografia apresentada e sobre o

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programa, por meio de suas próprias experiências, comnão compreende, como, por exemplo, falta de carinho, partilhando com as demais os motivos que as levaram atenção, aceitação, segurança, etc. “Como a criança até o grupo e o que as ajudou em seu processo não tem discernimento desta falta, ela de recuperação. Não é permitido fazer críticas se culpa e quando chega à fase adulta, “Queria ou julgamentos e, principalmente, é preciso ainda carrega toda esta culpa, dor e falta. entrar em Então, adultas, as mulheres vão buscar preservar o anonimato das integrantes, daí todos os depoimentos dados para esta reportasua mente em fatores externos aquilo que não foi gem não revelarem os nomes verdadeiros das dado na infância e acabam procurando e saber o entrevistadas. suprir essa falta nos homens. O proble“No Mada, aprendi que nós somos doentes que estava ma é que quando buscam isso, ainda e estamos sempre em processo de recuperação. com a ‘criança interior’, ou seja, pensando.” buscam A doença não sara, mas alivia de acordo com procuram alguém que tire a sua dor, nossas atitudes provindas deste tratamento, mas para isso usam a manipulação, o C.K.,32, portanto, pensamos assim: ‘só por hoje estou e a vitimização, assim como as pedagoga controle bem’, isso porque o progresso é diário, podendo crianças”, explica a profissional. também haver recaídas; então vivemos só por “Hoje percebo que a hoje”, explica C.A. minha mãe ainda é totalmente dependente “Lá, eu posso chorar, posso rir, posso simplesmente comentar e desabafar situações que aos olhos do outros possa parecer uma idiotice. Hoje, não tenho vergonha alguma em dizer que eu tenho uma doença, sou dependente emocional do meu pai, que já a traiu e ainda trai. E ela, e estou me tratando. O grupo me libertou e me ajudou por sua vez, sempre perdoando. Não culpo nenhum dos a encarar as dificuldades de ser dependente emocional, dois pelo comportamento que tenho hoje, mas quero me ajudando a ter coragem para enfrentar as recaídas e que este ciclo acabe. Não quero que a minha filha tamrecomeçar”, relata a executiva A.F. bém seja dependente de relacionamentos”, conta C.K. Atualmente, o grupo Mada possui mais de 45 reuniões semanais no Brasil, distribuídas em 14 Estados e no Em busca da recuperação Distrito Federal, além de Portugal e Venezuela. Para mudar este modo de se relacionar, as mulheres que amam demais seguem um programa de recupeA criança interior ração, que as norteiam para uma forma saudável de As mulheres “que amam demais” são mais emotivas encarar o relacionamento. Como sempre tiveram este e apaixonadas. No entanto, esta intensidade de emoção mesmo comportamento, mudar se torna uma tarefa nem sempre significa amor. Pode ser uma atitude indolorosa, sendo necessário passar por cima de condutas fantil. A mesma que sentimos quando éramos crianças que adotaram e defenderam a vida toda. e alguém tenta nos tirar o brinquedo predileto. Esper“Mais importante ainda é mudar a percepção que neamos, fazemos birra, o que evoca um comportamenpossui de si mesma. Se cresceu ouvindo que é isso, é to totalmente egocêntrico. aquilo, acaba se convencendo do mesmo e aceitando. De acordo com a holoterapeuta Ilma Cristina VaMas agora que é uma mulher, tem condições de saber o ladão Oliveira, todos nós já nascemos na condição de que é e ser responsável por aquilo que colhe”, explica a dependentes, mas em determinado momento da vida terapeuta Ilma Cristina. de uma criança, ela pode sentir falta de algo que ainda Com o tempo, as mulheres que amam demais vão

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especial - saúde

Homens também amam demais Engana-se quem pensa que a dependência afetiva é um problema exclusivo das mulheres. Os homens, considerados pela sociedade como “machões” e insensíveis, também sofrem por amar demais. Eles são os chamados Homens Que Amam Demais (Hades), que deu origem ao livro com o mesmo nome, da autora Tatu Ades. Assim como as mulheres, eles são humilhados, se culpam e sofrem, mas sempre justificam as atitudes de suas amadas. Na maioria

das vezes, vêm de famílias desestruturadas e colocam suas parceiras no centro de suas vidas, deixando de realizar as atividades que gostam para viver em função da amada. Para ajudar estes homens, existe o grupo Hada (Homens que Amam Demais Anônimos), entretanto, eles ainda não são muito conhecidos, pois, no geral, os homens ainda têm dificuldade de admitir que possuem dependência afetiva devido aos padrões sociais, que exigem deles uma postura menos, digamos, sentimental. Um conceito que vale a pena ser revisto.

compreendendo que podem amar muito Após dois anos de tratamento, C.K. é uma seus parceiros, sendo felizes e satisfeitas com eles, vitoriosa, que conseguiu deixar para trás um mas também podem ser igualmente relacionamento doentio, que envolvia felizes se estiverem sozinhas. Elas vão “Quero deixar brigas e agressões físicas e verbais. aprendendo a se amar e aceitando que Para tanto, ela aceitou que não pode ter esta deria modificar os comportamentos o amor que recebem delas mesmas lhe basta, não precisando de um homem de seu parceiro e resolveu mudar a si imagem para suprir esta falta. Mas, para isso, mesma. Hoje, aproveita a vida com de menina muito otimismo. “Quero continuar precisam querer mudar. “Quero me livrar dessa doença, carente, que equilibrada, serena, confiante em conseguir ter uma relação saudável, mim mesma e me respeitando cada chora pra principalmente comigo para poder vez mais. Quero continuar vivendo ter com meu filho, com meu compaminha própria vida, esquecendo tudo...” nheiro e com minha família e amigos. os prejuízos, lembrando de viver e A.F., 30 anos, deixar viver. Só por hoje.” Quero deixar de ter a imagem de menina carente, que chora pra tudo, que é executiva Mais informações: grudenta. Quero ser uma mulher forte, www.gupomada.com.br batalhadora e autossuficiente”, diz A.F.

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personagem da saúde - mona luísa sabogin

O mundo num clic A enfermeira Mona Luísa Sabogin alia duas artes em sua vida. A primeira é cuidar dos pacientes do Hospital Ouro Verde, em Campinas, e a segunda é a fotografia. Em ambas, faz um trabalho que envolve as mãos, os olhos e os sentimentos. E assim, de um modo que dispensa o uso de palavras, ela procura transmitir ao mundo sua mensagem.

E

scolher a luz correta, o melhor ângulo e fotografar são o combustível que alimenta Mona Luísa Sabogin, a enfermeira do Complexo Ouro Verde, em Campinas. Uma arte que desenvolveu quando trabalhou em uma loja de equipamentos fotográficos. “A fotografia é algo inusitado, excitante, memorável e apaixonante. O ato de fotografar implica selecionar temas, escolher pontos de vista e apertar o disparador num momento exato. Tudo feito muito rapidamente, porém não se pode esquecer que toda a história de vida é requisitada na cena”, pontua a profissional da saúde. Com o conhecimento adquirido, Mona Luísa montou um estúdio fotográfico na loja de molduras que adquiriu após sair do emprego. “Percebi que poderia colocar minhas fotos nas molduras em exposição e até mesmo vender o quadro já montado e também produzir as fotos para as agências de publicidade”, diz. Mas com a dificuldade financeira batendo à porta, a fotógrafa abandonou tudo, fechou a loja, o estúdio e parou com a fotografia e aceitou a proposta de uma prima, otorrinolaringologista e cirurgiã plástica, de fazer um curso de instrumentação cirúrgica e auxiliá-la em seus procedimentos. “Como eu sabia fotografar, além de ajudar nas cirurgias, também

fazia ‘o antes e depois’ dos pacientes”, lembra. Nesse tempo, identificou-se com a área da saúde, mas queria mais que instrumentação, então resolveu alçar voo e fazer Enfermagem, na Faculdade Anhanguera, em Campinas. Durante a faculdade, ainda continuou como instrumentadora no Instituto Penido Burnier, pois o horário permitia fazer a duas coisas ao mesmo tempo e o salário garantia o pagamento da faculdade. Com a conclusão do curso, conseguiu emprego no Hospital Ouro Verde, em Campinas. E, para aliviar o desgaste da rotina dentro do hospital, voltou a fotografar. “Foi num momento de estresse que abandonei a fotografia e nesta mesma situação (estresse), voltei a fotografar, conciliando as duas profissões”, reflete ela. Esse outro lado profissional da enfermeira acontece normalmente à noite ou nos finais de semana, fora do horário de trabalho no hospital, razão pela qual dá para conciliar as duas. Além do ‘book fotográfico’, são casamentos, batizados, aniversários, enfim todos os tipos de eventos sociais. Para dar conta da agenda, que é extensa, ela conta com a ajuda profissional da amiga Cláudia Cristiana Oliveira. “Registrar momentos felizes de um dia especial para as pessoas é um momento de êxtase”, conclui Mona Luísa. Para conhecer o trabalho fotográfico da trabalhadora da saúde, entre no site www.belloretrato.com.br. julho/agosto 2012 - EM CENA - 11


saúde/bem-estar - alzheimer

Izabel Netto Reis, Magali Pereira Lopes e Solange Aparecida Pereira

Histórias

esquecidas no tempo

C

uidar de uma pessoa com Alzheimer é tarefa muito estressante, uma vez que exige 24 horas de atenção e cuidados exclusivos, porque a enfermidade leva a alterações progressivas de memória, de julgamento e do raciocínio intelectual. Com a evolução da doença, estes sintomas se agravam; a memória se torna mais comprometida e as histórias esquecidas no tempo. Novas manifestações surgem, como apatia, inquietude, agressividade, perambulação, entre outros, tornando a pessoa cada vez mais dependente e transtornando a vida de toda a família. A doença de Alzheimer, que afeta 36 milhões de pessoas no mundo, 1 milhão só no Brasil, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é uma manifestação cerebral crônica, progressiva e irreversível das formas mais comuns de demência, correspondendo entre 50% e 70% dos casos e, normalmente, ocorre Elisandra Vilella G. Sé Coordenadora da Sub-regional em pessoas idosas. Abraz-Campinas

Geralmente, quem cuida de alguém com Alzheimer se cansa física e mentalmente por levantar no meio da noite com o paciente acordado, administrar a casa, preparar a refeição, acompanhar o paciente em cada passo. “Passar 24 horas do dia atenta ao parente dependente, ajudá-lo em quase todas as tarefas rotineiras e, às vezes, suportar atitudes apáticas, ninguém dúvida que não seja estressante. Porém, a gente aprende muito e não vejo apenas os aspectos negativos; pelo contrário, sinto-me útil, recompensada e até descubro um novo sentido na vida”, conta Magali Pereira Lopes, que cuida da tia Izabel Netto Reis, 73 anos, portadora da doença. Para aliviar um pouco o estresse do dia a dia, ela conta com o apoio de Solange Aparecida Pereira. Quando assumiu a tutela da tia, foi à procura de informações sobre a doença e deparou com a Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz). “Foi minha salvação; encontrei pessoas que me orientaram e ainda me orientam. A Abraz é meu porto seguro”, diz Magali.


A Abraz, segundo Elisandra Villela Gasparetto Sé, coordenadora da sub-regional Campinas, é um grupo formado por profissionais das áreas de saúde, humanas e sociais que esclarecem famílias de portadores de Alzheimer, despertando-as para a prevenção de problemas no seio familiar, o manejo com a pessoa afetada pela doença e o cuidado com a saúde do próprio cuidador. “Prestamos apoio a 161 famílias aqui em Campinas e, por meio de palestras com especialistas no assunto, depoimentos de familiares, debates sobre filmes exibidos sobre o assunto, procuramos encontrar meios para melhorar a qualidade de vida do portador de Alzheimer e do familiar/cuidador, capacitando-os, incentivando, apoiando e orientando sob todos os aspectos”, diz Elisandra. A entidade foi fundada no Brasil em 1991 pelo médico, especialista em geriatria e gerontologia, Dr. Norton Sayeg, depois de conhecer associações em outros países. Empenhado em ajudar pessoas que enfrentam o problema, ele transporta as experiências vividas com pacientes e em suas visitas às associações no exterior em livro e lança sua primeira obra, em 1991, intitulada ‘Doença de Alzheimer - Guia do Cuidador’. Com sede em São Paulo, capital, a Abraz, possui sub-regionais em todo o Brasil e conta com mais de 6 mil famílias associadas em todo o território nacional; só nas cidades-base do Sinsaúde são 11 sub-regionais. Em Campinas, o grupo de apoio da Abraz é formado por fonoaudiólogo, psiquiatra, geriatra, educador físico, psicólogo, entre outros. “O grupo se reúne uma vez por mês para assistir aos familiares, esclarecendo dúvidas e mostrando caminhos para que cuidador e paciente tenham uma qualidade de vida melhor”, afirma Elisandra. “Além das

reuniões, exibimos filmes e documentários inerentes ao assunto e debatemos o tema após a apresentação”, completa ela. A biografia como terapia Há 31 anos escrevendo histórias de vida de pessoas anônimas, muitas em estágio inicial de Alzheimer, o biógrafo campineiro Oscar Silbiger percebeu que os reflexos de um biografado que tem a doença evoluíram bastante, principalmente no que diz respeito à autoestima, que, segundo ele, acontece em virtude do envolvimento da pessoa no processo de criação da publicação. “Ao longo destes anos vi que a biografia para quem tem Alzheimer atua de forma altamente terapêutica em razão da profundidade do trabalho, pois antes da doença avançar, mexo nas gavetas mais profundas de suas memórias que, aparentemente, estão fechadas para o mundo e isto ajuda a doença a não evoluir”, explica. Ainda que esta conclusão seja totalmente empírica e não tem um estudo científico sobre o assunto, o biógrafo acredita que seu trabalho possa ser desenvolvido em ONGs ou mesmo integrar projetos de secretarias de Saúde que queiram focar suas ações para ajudar as pessoas portadoras deste mal.

Endereços da Abraz na base do Sinsaúde Americana Local: Núcleo de Integração e Desenv. do Ser (NIDS) Endereço: Rua São Vito, 2.358 - bairro São Luiz Coordenadora: Rosemary de Paula E-mail: enco@acia.com.br Grupo de Apoio: última 5ª feira do mês, às 20 horas

Indaiatuba Local: sede da Associação Paulista de Medicina (APM) Endereço: Av. Engº Fábio Roberto Barnabé, 799 Coordenadora: Celene Pinheiro E-mail: celene_pinheiro@hotmail.com Grupo de Apoio: primeira 2ª feira do mês, às 19 horas

Limeira Local: Auditório da Medial Endereço: Rua Dr. Trajano Camargo, 1.531 Coordenadora: Mirian Martins E-mail: abraz_limeira@yahoo.com.br Grupo de Apoio: segundo sábado do mês, às 16 horas

Araraquara Local: Centro de Referência do Idoso Endereço: Rua Carlos Gomes, 1610 - 2º andar Coordenadora: Oriomar Sampaio Carmagnani E-mail: abpierri.arq@netsite.com.br Grupo de Apoio: última 6ª feira do mês, às 8 horas

Itatiba Local: Universidade de São Francisco Endereço: Rua Alexandre Rodrigues Barbosa, 45 Coordenadora: Sabrina Naldos E-mail: abrazitatiba@gmail.com Grupo de Apoio: última 3ª feira do mês, às 19 horas

Marília Local: Centro de Estudos do Envelhecimento/Famema Endereço: Rua Monte Carmello, 717 - fundos Coordenadora: Maria Lucia Acarine de Campos E-mail: geriatria@famema.br Grupo de Apoio: toda 3ª feira do mês, às 8 horas

Araras Local: Paróquia São Benedito Endereço: Rua Emílio Ferreira, s/n - Centro Coordenadora: Ana Paula Canonici E-mail: abraz.araras@bol.com.br Grupo de Apoio: primeira 4ª feira do mês, às 19h30

Itu Local: Ass. de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) Endereço: Rua Euclides da Cunha, 59 - Centro Coordenadora: Eliana Morais Albertini E-mail: mvalbertini@uol.com.br Grupo de Apoio: primeira 5ª feira do mês, às 19 horas

São João da Boa Vista Local: Colégio Anglo de São João da Boa Vista Endereço: Praça Gov. Armando Sales, 141 - Centro Coordenador: Adriano Teixeira de Oliveira E-mail: abraz.sjbv@gmail.com Grupo de Apoio: primeira 5ª feira do mês, às 20 horas

Campinas Local: Paróquia Divino Salvador Endereço: Rua Júlio de Mesquita, 126 - Cambuí Coordenadora: Elisandra Villela G. Sé E-mail: abrazcampinas@gmail.com Grupo de Apoio: primeira 5ª feira do mês, às 20 horas

Jundiaí Local: Faculdade de Medicina de Jundiaí Endereço: Rua Francisco Telles, 250 - Vila Arens Coordenadora: Juliana Cecatto E-mail: abrazjundiai@idosos.com.br Grupo de Apoio: terceiro sábado do mês, às 9 horas

Vinhedo Local: Auditório do Centro Médico de Vinhedo Endereço: Rua Manoel Mateus, 1.473 Coordenadora: Roseli A.A. Custódio E-mail: roseli@abrazvinhedo.com.br Grupo de Apoio: segundo sábado do mês, às 9 horas


cultura - cineclubes

Quer uma opção de lazer e entretenimento e ainda gastar pouco?

O cineclube

Parque Juca Mulato

é uma boa alternativa

Q

ue tal experimentar uma opção de lazer diferente e gastar pouco, ou melhor, nada? E ainda assistir a filmes clássicos, de outros países ou até produções independentes? Esta é a proposta de um cineclube; um lugar onde um grupo se reúne para a sessão de cinema e depois discute o filme, o que acaba sendo o diferencial do espaço. Os cineclubes fogem do modelo de exibição comercial, do glamour das salas de cinema com os filmes hollywoodianos e seus aparatos tecnológicos e isto não tira o brilho do cineclubismo para os amantes da sétima arte. Eles resistem nos dias de hoje, mantendo a característica alternativa, além da tradição que vem desde os anos 20, que é a de interagir com o público e transmitir cultura e conhecimento. Ficou curioso? Provavelmente tem um lugar desses na sua cidade. Nada de shopping center, os cineclubes, geralmente, estão localizados na região central e trazem um pouco dos saudosos cinemas de rua. Gostou da ideia? Este é um programa diferente e que você pode curtir com a família ou amigos. E sem estresse, porque não tem filas para comprar o ingresso ou a pipoca, porque normalmente este tipo de exibição atrai um público menor, em média 15 a 20 pessoas. Em Atibaia, por exemplo, existe desde 2007 o Difusão Cineclube. Lá são exibidos filmes Vinícius Souza Coordenador do Difusão uma vez por semana, ou seja, todas as quintasCineclube -feiras, às 19h30. O cineclube utiliza uma área da sede da Associação de Difusão Cultural de Atibaia e conta com o apoio do Cine Mais Cultura, um programa da Secretaria de Audiovisual, do Ministério da Cultura, para incentivar e fortalecer o cineclubismo. Essa é a realidade de muitos cineclubes, que, de modo geral, estão vinculados a alguma instituição (muitas vezes até funcionam no local) e dependem do Governo Federal para sua Orestes Augusto Toledo Historiador manutenção e fornecimento de equipamentos 14 - EM CENA - julho/agosto 2012

e filmes. Por este motivo e também em virtude do que determina a Agência Nacional de Cinema (Ancine), na Instrução Normativa nº 63, de 2 de outubro de 2007, as exibições têm que ser gratuitas e se for cobrada a entrada deve ser um valor simbólico, que ajude na manutenção. “O Difisão dá prioridade aos filmes nacionais e por isso é muito procurado pelas produtoras para exibi-los. É uma forma de divulgar as produções que não têm espaço no circuito comercial, explica Vinícius Souza, coordenador do Difusão Cineclube. Segundo ele, outra função do cineclube e uma das mais importantes, é a de democratizar o acesso ao cinema, principalmente o nacional. Assim também funciona o cineclube do Museu da Imagem e do Som (MIS), de Campinas, que utiliza o espaço do museu, mantido pela Secretaria de Cultura da cidade, e que desde a sua fundação, em 1975, vem possibilitando atividades cineclubistas. As exibições são organizadas pelos próprios frequentadores, que, como num clube, decidem a programação do local, que acontecem de sexta-feira, às 19 horas, e sábado às 16 horas e 19h30.


CIneclube Lunetim

A Em Cena reuniu alguns dos cineclubes localizados nas cidades-base do Sinsaúde. Confira: - Difusão Cineclube, em Atibaia www.difusaoculturalatibaia.org.br/cineclube-programacao. html Enderço: Rua Dr. Oswaldo Urioste, 41 - Centro (próximo a Praça da Matriz) - Fone (11) 4402-4296 - Cineclube MIS Campinas www.miscampinas.com.br Endereço: Rua Regente Feijó, 859 - Centro (Palácio dos Azulejos) - Fone (19) 3733-8800 - Cineclube Beloca, em São João da Boa Vista www.cineclubebeloca.com.br Endereço: Praça da Catedral, s/n (Theatro Municipal - 2º andar, Sala Dilo Giannelli) Fone (19) 3631-7653 - Cineclube de Bragança, em Bragança Paulista www.espacoedithcultura.blogspot.com.br Endereço: Rua Cel. Leme, 176 - Centro - (Espaço Edith Cultura) Fone (11) 7168-1270

“O cineclubismo é uma atividade restrita a um grupo específico e pouco divulgada, por isso é necessário criar mais políticas públicas que incentivem a prática”, reforça o historiador que trabalha no setor de História Oral em Audiovisual e Pedagogia da Imagem, do MIS, Orestes Augusto Toledo. Diante dessa necessidade de mais investimentos, alguns cineclubes têm que adotar uma característica “errante”, como é o caso do Cineclube Lunetim Mágico, de São

Difusão CIneclube

Cineclube MIS Campinas

Paulo, que existe há sete anos. Por falta de espaço, hoje são realizadas sessões esporádicas destinadas a apresentar o cineclubismo para o público. O Lunetim já teve parceria com Espaço Cultural Tendal da Lapa e Centro Cineclubista, onde exibiam regularmente os filmes independentes, de baixo ou nenhum orçamento. Este ano ocorreram sessões no Espaço Cultural Latino Americano (Ecla) e em agosto será feita uma exibição na Academia Internacional de Cinema. “É difícil manter um cineclube, ainda mais sem incentivo. O nosso trabalho é voluntário, por isso é custoso sustentar o sonho. Sem um espaço, temos alguns custos, como deslocamento e divulgação, Jonilson Montalvão isso quando não levamos os equipamentos”, ponOrganizador do Lunetim tua Jonilson Montalvão, um dos organizadores do Lunetim. Cineclubismo no Brasil É incerto o número de cineclubes existentes no País. Segundo Orestes Toledo, grupos podem criar espaços com facilidade, o que dificulta a identificação. Além do mais, a atividade não precisa ser legalmente constituída e os locais possuem vida curta, porque não tem fins lucrativos, o que preJoão Batista Pimentel Neto Diretor de Comunicação judica a sua manutenção sem o auxílio de algum do CNC programa do governo. De acordo com o diretor de Comunicação do Conselho Nacional de Cineclubes (CNC), João Batista Pimentel Neto, no Brasil existem aproximadamente 1.200 espaços em funcionamento, sendo que 450 deles são filiados à associação. Já, no Estado de São Paulo são 100 em atividade, mas 30 filiados ao CNC. Para o coordenador de Rede do Cine Mais Cultura, Rodrigo Bouillet, no País existem 1.042 instituições contempladas pelos Rodrigo Bouillet de Rede do editais do programa federal, sendo 58 só no Estado Coordenador Cine Mais Cultura de São Paulo. E os espaços desse tipo têm aumentado, segundo o diretor do CNC, principalmente nos últimos nove anos. “Para se ter uma ideia, em 2003 não existiam nem 100 cineclubes, hoje eles estão presentes nos 27 estados brasileiros”, explica, argumentando que isto se deve à organização das instituições ligadas ao cineclubismo, que, em parceria com o Ministério da Cultura, tem conseguido ações que ajudam na manutenção desses espaços. julho/agosto 2012 - EM CENA - 15


curiosidade - cristais de água

A emoção da

água

Que mensagens a preciosa substância que cobre 70% do Planeta tem para nos transmitir?

P

ara o filósofo René Descartes, que viveu na Idade Média, seu princípio de conhecimento era pôr em dúvida tudo. Assim, numa época de puro obscurantismo, a única coisa certa era a nossa existência, tendo como regra básica nunca aceitar como verdadeira coisa alguma que não podemos evidenciar. Hoje, séculos depois, mais e mais pessoas começam a se conhecer como força e matéria, percebendo sua energia própria e força interior que possuem, advinda dos pensamentos, sem que esta esteja ligada a alguma religião. Nesse sentido, o pesquisador japonês Masaru Emoto, especialista em medicinas naturais e estudioso das energias que cercam o ser humano, decidiu investigar o assunto desde as décadas de 80 e 90. Para tanto, o estudioso utilizou a água, que é uma substância maleável, com forma física que se adapta facilmente ao que o ambiente contém, assim como a sua estrutura molecular. A energia ou as vibrações do ambiente mudam a forma molecular da água. Neste sentido, a água tem, não somente a habilidade de refletir visualmente o ambiente, mas também reflete

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Molécula de água formada a partir da palavra cortesia

Molécula de água formada por pensamentos de gratidão e verbalização da palavra obrigado

molecularmente este ambiente. Emoto documentou essas mudanças com uma técnica fotográfica específica para suas pesquisas. Inicialmente, ele e sua equipe distribuíram a amostra de água a ser examinada em placas de Petri (caixas plásticas usadas em bacteriologia) e colocaram o material num congelador durante duas horas. Depois disso, as placas foram retiradas e os cristais resultantes foram levados ao microscópio para serem fotografados, num ambiente a -5° Celsius. Cada foto mostrava os cristais ampliados entre 200 e 500 vezes. A partir daí, o pesquisador começou a avaliar seu objeto de estudo, recolhendo diferentes amostras de água, como, por exemplo, de um rio poluído, de uma nascente, da chuva, de lagos, etc. Como resultado, concluiu que as águas Masaru Emoto mais limpas deram cristais em grande número, de forma hexagonal, regulares. As águas sujas apresentaram dificuldade para se cristalizar e seu descongelamento mostra zonas amorfas, com cristais formados pela metade ou de aspecto tortuoso. Porém, os resultados foram mais intrigantes quando

Molécula de água a partir de uma ameaça de morte

Molécula de água saída de uma nascente

as amostras de água foram submetidas a determinadas músicas e palavras. Com o som do rock heavy metal não foi observada a formação de nenhum cristal. No entanto, ao serem submetidas a músicas clássicas, como as pastorais de Beethoven, as amostras de água apresentaram belíssimos cristais hexagonais. Mais interessante ainda foi quando Emoto colocou rótulos com palavras escritas nos recipientes com água. Com as palavras obrigado, amor, gratidão, entre outras, as fotografias revelaram magníficas formações cristalinas que mais parecem obras de arte. Em contrapartida, com a verbalização de frases, como, “eu te odeio”, “você me faz mal”, “Adolph Hitler”, as imagens mostram estruturas cristalinas definitivamente distorcidas e formadas aleatoriamente. Devido aos impressionantes resultados, tal estudo ainda é motivo de muita controversa e desconfiança por parte dos céticos, mas fora isso, vale a pena lembrar que o corpo humano é formado por 65% de água e refletir sobre o fato de que se a vibração que envolve pensamentos, palavras e músicas pode causar tais mudanças nas moléculas de água, o que não pode fazer conosco?

Molécula de água ao som da voz de Hitler

Molécula de água de um rio poluído

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moda - clássicos

Vista-se bem Conheça os “curingas” que não podem faltar no guarda-roupa

Q

ue mulher nunca olhou no guarda-roupa e teve dúvida sobre qual peça escolher? Ou então ficou perdida ao tentar combinar roupas, acessórios e afins. Nem todas elas sabem combinar estampas e cores fortes, por exemplo, por isso é fundamental ter itens básicos e neutros no armário, que permitam formar looks com mais facilidade e ideais para cada ocasião. São estas peças “curingas” que possibilitam usar cores, brilho, laços, detalhes e tudo

Para elas Meninas, um bom blazer em tom neutro, em modelagem mais rente ao corpo, que desenhe a cintura, é muito versátil e pode ser usado para compor uma série de looks (combina com tudo: jeans, alfaiataria, vestidos e shorts). Se o tecido for uma lã fria (fresco no verão e quentinho no inverno) e o tom cinza médio, fica ainda mais fácil coordenar. Uma calça de alfaiataria moderninha, num tom como o marinho e o preto pode ser usada para elaborar produções de festa (por exemplo, com uma regata de paetês) ou simplesmente para ir ao trabalho. Outra opção é a bermuda de alfaiataria, que pode ser um ótimo look para trabalhar. Os cardigans são peças fáceis de carregar e de coordenar. Coletes em tecidos que não sejam especificamente de inverno, funciona o ano todo e

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mais de forma harmoniosa e, com um detalhe muito importante, sem errar. Passa ano, sai ano e no mundo da moda surgem novas tendências e modelos de roupas dos mais diversos. É uma tentação, principalmente para o público feminino, que não resiste a uma novidade. No entanto, estas peças duram uma estação e saem de cena. E aí, como estar sempre bem-vestida ou bem-vestido? É neste momento que ganham destaque as peças-chave, aqueles

servem como uma peça que irá trazer mais sofisticação aos looks de verão. Os modelos em couro, tricô e os em tecido de alfaiataria são ótimos! E ficam lindos sobre vestidos e macacões; peças que as pessoas tendem a achar que nunca podem ser usadas de formas diferentes. Saia longa em linha ‘A’ ou reta também é superversátil para inverno e verão. Deixa à vontade, confortáveis e ao mesmo tempo elegantes. Camisa de tom neutro e bom corte cai bem com diversas combinações: calças, saias, bermudas, entre outras. Composições que podem deixar com um ar elegante ou despojado. Vestido preto ou ‘pretinho básico’ é um modelo que pode ser usado em diversas ocasiões. Com o acessório certo você pode usá-lo em um evento ou para trabalhar. Acessórios, em geral, valorizam e dão acabamento

aos looks e muitas vezes tiram o ar sério de uma produção que poderia estar careta ou sem graça. Lenços mudam muitos looks e vão bem em produções formais ou descontraídas. Cintos dão acabamento às produções e servem para deixar o visual mais arrumado, mesmo que de forma despojada e até criativa. Os sapatos também ajudam e muito a compor o look e alguns modelos são essenciais, como os fechados (scarpin ou peep toe), sandália de salto fino para festa e sapatilha ou mocassim. O ideal é que os pares sejam de uma cor próxima ao tom da pele; em geral, nude, dourado, rose ou prata. Essas cores combinam com calça ou saia escuras e claras e ajudam a construir diversos visuais.


foto: Mariana Pimentel

modelos básicos, sem detalhes exagerados ou cores chamativas. Com elas é possível sair de vários apuros, pois são atemporais, geralmente modelos clássicos e que combinam com praticamente tudo, por este motivo são consideradas peças “eternas” na moda. “A versatilidade é o trunfo dessas peças. Tê-las no armário, e baseadas Ana Vaz Consultora de Imagem em seu estilo, facilita na composição de looks. Outro benefício é conseguir mixar os modelos sem ficar preso as mesmas composições”, reforça a consultora de imagem, Katy Garcia. Para a também consultora de imagem, Ana Vaz, ter essas peças no armário tem como vantagem também a economia. “Essas roupas ajudam a ter a vida mais organizada e não gastar muito. Você estará

sempre bem-vestido com roupas que podem ser combinadas com várias outras.” É importante lembrar também que, apesar de ser fundamental, que esses clássicos estejam no guarda-roupa para criar um visual bonito e é preciso combinar estas peças básicas com acessórios e demais itens de acordo com o estilo de cada um e Katy Garcia Consultora de Imagem que diga quem você é ou a impressão quer passar. “O estilo é uma questão de personalidade e a roupa que você usa passa uma informação. Por isso, antes de escolher a peça que quer vestir, é preciso definir o seu estilo”, explica Ana. E para ajudar na composição desses looks, a Em Cena reuniu dicas das consultoras de imagem. Eis as peças que não podem faltar no guarda-roupa deles e delas e que nunca saem de moda.

Para eles Assim como as mulheres, os homens também possuem no guarda-roupa, peças essenciais e que os ajudam a se vestir melhor. Então, as consultoras também preparam algumas dicas para os rapazes. Um bom blazer moderno (combina com tudo: jeans, alfaiataria e sarja), principalmente aquele de lã fria, modelo de três botões, pode ser o primeiro do armário, pois é o curinga entre os blazers. Uma calça de alfaiataria, mesmo que o trabalho não exija, é uma peça que pode ser usada num jantar, para ir a um casamento

durante o dia e até em situações profissionais um pouco mais formais. Jaqueta de couro num tom como o marrom fica menos roqueira e rebelde e pode ser usada em muitas produções dentro e fora do trabalho. Jeans escuro é ultraversátil, deixa o visual mais arrumado e pode ser usada para uma produção mais despojada também. Fica ótima com o blazer marinho, numa ocasião em que peça certa sofisticação ou um visual mais maduro. Cachecóis: para homens mais ousados, mas também para quem quer um charme extra na produção do dia a dia. Mocassim marrom com sola de couro vai bem com calças de alfaiataria e ternos, mas pode ser usado com jeans também.

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beleza - transformação

Izabel Netto Reis, Magali Pereira Lopes e Solange Aparecida Pereira

Cachos,

como valorizá-los

C

abelos volumosos e com cachos definidos causam inveja em muitas mulheres, mas eles requerem muito cuidado. O motivo pelo qual os cabelos cacheados, crespos ou ondulados necessitam de atenção especial é porque a estrutura do fio é diferente. Enquanto os fios lisos apresentam uma estrutura circular, os fios encaracolados se formam a partir de uma

cadeia retorcida, responsável pelas ondulações do cabelo, por isso eles precisam de produtos específicos. Um bom corte também é fundamental para estar em dia com os cabelos e dar um realce ainda mais à beleza dos fios ondulados. Quem nunca chegou num salão de beleza e pediu um cabelo cacheado, um corte ou uma cor de cabelo que viu na TV de determina-

Fonte: Nilse Vilela, do Salão Nilse Vilela Cabelo & Corpo Endereço: Rua Dr. Clemente Ferreira, 93 - Campinas - fone (19) 4141-3083 Site: nilsevilela.com.br / facebook: www.facebook.com/nilsevilela

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da artista ou de alguém que está em evidência? Ou levou uma revista de moda? É normal isso acontecer, afinal muito se copia nesta vida e, certamente, os famosos estão sempre por dentro das últimas tendências da moda. Para Joice Adriana Pavan, técnica de enfermagem no Hospital Beneficência Portuguesa, de Amparo, não é diferente. Com as tarefas no hospital, na administração da casa e na educação dos filhos não sobra tempo para cuidar dos cabelos. “Por eles serem encaracolados é difícil mantê-los bonitos e bem tratados, por isso me inscrevi para participar da coluna ‘Transformação’ e dar uma repaginada no visual”, diz ela. E em se tratando de mudar o visual, elevar a autoestima, a profissional Nilse Vilela, do Salão Nilse Vilela Cabelo & Corpo, entende. Há 31 anos faz a cabeça das mulheres, deixando-as mais bonitas. “A mulher quando se sente bonita, fica mais segura de si e fica bem em qualquer situação”, pontua Nilse. E não bastasse todos esses anos de experiência, recentemente fez um curso na Academia Toni&Guy, em Paris. Nos cabelos de Joice, a profissional trabalhou um corte chanel carré, fez ombré hair, isto é, clareamento nas pontas, e botox, para soltar os cachos e deixá-los mais leves, tornando-os práticos para o dia a dia, sem necessidade de fazer escova. “É um corte

para quem quer estar enturmada na tendência e não dispõe de muito trabalho na hora de se arrumar”, explica Nilse. A produção foi além, Nilse escovou os cabelos e, para finalizar, Cristiane fez a maquiagem, ressaltando os olhos com tonalidades azul e lilás e gloss rosa nos lábios. A trabalhadora da saúde estava radiante. “Tive um dia de princesa, não pensei que fosse mudar tanto. Com este corte posso estar bem apresentada em pouco tempo”, diz Joice. “O prazer de ver o sorriso da pessoa quando faço uma produção não tem preço”, completa Nilse.

Antes Depois

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turismo - são joão da boa vista

São João da Boa Vista

Parque Juca Mulato

Com a presença forte de ecoturismo e ricas tradições, a cidade se destaca na região com a predominância das culturas agrícola e pecuária

L

ocalizada na região cristalina da Serra da Mantiqueira, São João da Boa Vista (SP) é conhecida como a “cidade dos crepúsculos maravilhosos”. Atualmente, com mais de 83 mil habitantes, o município apresenta clima e tipo de solo propícios para a predominância das culturas agrícola e pecuária, destacando-se pela produção de milho, café, feijão e, principalmente, cana-de-açúcar. A cidade foi fundada em 24 de junho de 1821, por Antônio Machado de Oliveira e os cunhados Inácio Cândido e Francisco Cândido, que chegaram na região às vésperas do dia em que se comemorava o culto a São João Batista, o que deu origem ao nome da cidade. Contudo, pelo fato da cidade ter sido iniciada nos terrenos da Fazenda Boa Vista, de propriedade do padre João Ramalho, recebeu o

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complemento “da Boa Vista”. Nos eventos mais importantes da cidade, pode ser citada a Exposição Agropecuária, Industrial e Comercial de São João da Boa Vista (Eapic), que é a mais tradicional festa de toda a região de São João da Boa Vista e atrai visitantes de vários Estados do Brasil. O evento é conhecido como “a festa country mais completa do País”, por reunir diversos eventos simultâneos, que vão desde exposições agropecuárias a shows musicais. Sua exposição agropecuária é reconhecida e muito respeitada em todo o Brasil, reunindo animais de todo o País e também do exterior, com julgamentos ranqueados por associações. As provas de montaria em touros e em cavalos estão inseridas na programação e fazem parte do Circuito Nacional de Rodeio.


São João da Boa Vista também possui diversos pontos de ecoturismo, que é uma forma de turismo voltada para a apreciação de ecossistemas em seu estado natural, com sua vida selvagem e sua população nativa intactos. Confira alguns pontos: Circuito Fortaleza Sítio localizado na estrada do Córrego das Pedras (Serra da Paulista) com restaurante rural e passeios ecoturísticos por mata natural, cachoeira, corredeiras, vista da serra e árvores centenárias. Fazenda do Padre Trata-se da Fazenda Serra da Boa Vista, na estrada do Córrego das Pedras (Serra da Paulista), com possibilidade de visitação à casa do padre Valeriano, acompanhado de guia; alambique, terreiro de café e fábrica de lixas. Lareira de Pedra Recanto de gastronomia e eventos, localizado na estrada no Córrego das Pedras (Serra da Paulista), inaugurado em maio de 2009 com a Caminhada da Lua Cheia. Vista da

Serra do Mirante

serra, quedas d’água e mata natural. Serra do Mirante Tem 1.593 metros de altitude, com uma bela vista de São João e cidades da região, onde existe a Caverna do Morcego (local bonito e pouco explorado), a 500 metros, ao lado das torres de TV, na Serra Deus-me-livre, de propriedade particular, que é usada também para a prática de voo livre. É uma decolagem natural (construída pela natureza).

Um salto para a liberdade A repórter Mariana Dorigatti, que conheceu de perto São João da Boa Vista, conta especialmente para a revista Em Cena qual foi a sensação de saltar de paraquedas em uma base recentemente instalada no aeroporto da cidade Foi na acolhedora cidade São João da Boa Vista que tive uma experiência única. Saltar de paraquedas a 3.300 metros de altura, alcançando uma velocidade de 200 km/hora em 40 segundos de queda livre! Falando assim, parece coisa de louco, de quem não tem medo do perigo, mas posso afirmar que no final tudo valeu a pena. A ideia surgiu da vontade de presentear uma pessoa especial com algo diferente, um presente inesquecível que fugisse de todas as lembranças comumente dadas em aniversários. Mas para isso, eu também precisaria saltar, afinal seria como colocar a pessoa sozinha em uma

“enrrascada”. O processo de negociação com a empresa responsável já me deixava ansiosa. “Será que vou ter coragem?” “Vai valer a pena o investimento?” “E se o paraquedas não abrir?” Essas e outras perguntas insistiram em ficar durante semanas em minha cabeça, até o momento em que eu finalmente entreguei o vale-salto para meu namorado. A partir daí, a pressão aumentou ainda mais, pois nós dois ficamos especulando sobre tudo o que poderia acontecer. E o grande dia chegou. Um lindo sábado ensolarado, convidando-nos para experimentar a incrível sensação de liberdade. Fomos recebidos por instrutores superatenciosos, que nos deram todas as orientações e treinamentos necessários para nos sentirmos seguros com a experiência que estava por vir. O macacão é quente e o equipamento bem apertadinho ao corpo, mas tudo para evitar que qualquer acidente aconteça. Chegou a hora. Entrar naquele ‘teco-teco’ minúsculo e acompanhar as coisas ficando

pequeninas lá de cima me deixou enjoada. Mesmo com o estômago embrulhado, tentei respirar fundo e aproveitar a viagem. Com a altura suficiente alcançada, a porta do avião abriu e tinha a missão de me posicionar corretamente com o instrutor. 1, 2, 3 e já! Um mortal de frente deu início à queda livre. Aaaaahhhhh! Gritava muito alto, mas não conseguia me ouvir. Não consegui pensar em nada com aquela velocidade e o vento que “deformava” meu rosto. Quando o paraquedas abriu, o coração parecia que ia explodir e a adrenalina deixava um sorriso enorme em meu rosto. Foram mais seis minutos até chegar ao chão, aproveitando a vista maravilhosa da cidade de São João da Boa Vista. Quando acabou, demorei um pouco para “entender” tudo aquilo que tinha experimentado. Fiquei o dia todo fechando os olhos e revivendo aquele momento. E o sorrisão...ah, este não saía do rosto.

Mariana Dorigatti

Assessora de imprensa do Sindicato da Saúde Campinas e Região

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economia - reportagem 360°

A informação

e suas várias faces na web Reportagem 360° surge para impactar internautas que buscam conhecimento com criatividade e dinamismo

V

isualizar graficamente as diferentes facetas de um assunto na web. Assim pode ser definido o conceito de Reportagem 360°, uma inovadora forma de publicação na internet. Este tipo de reportagem se utiliza de formatos digitais inovadores, cuja qualidade estética chama bastante a atenção e se encaixa perfeitamente ao conteúdo. O trabalho surge como uma nova categoria do webjornalismo, que aproveita todas as ferramentas que existem na rede, como áudios, infografias, vídeos, fotos e vários outros, para formatação da matéria, cujo conteúdo é compreensível, independente da ordem de leitura e por isso a denominação 360º. Um dos primeiros a consolidar este tipo de trabalho na web foi o jornalista colombiano Felipe Lloreda, diretor de Novos Meios, do jornal El País, da Colômbia. Ele e mais 10 profissionais das áreas de comunicação, web designer e engenharia da computação, inspirados em um web site mexicano, de estilo revista virtual, criaram em 2009 na página do jornal na web os especiais “Cali, la ciudad que no duerme”, “La hoja sagrada” e “Cali, una industria salsera”. A inovação chamou a atenção de internautas de todo o mundo pela qualidade dos recursos de vídeo, texto e a forma criativa da publicação e, assim, o sucesso foi garantido. No mundo, outros veículos, como o ‘Clarín’, da Argentina; ‘HBO’, ‘Olé’, ‘Mediastorm’ e ‘New York Times’, também já trabalham com este tipo de reportagem. Para o gerente de Conteúdo do Portal de Notícias das Organizações Globo Eptv/G1 e professor de pós-graduação e graduação da PUC-Campinas, Duílio Fabbri Júnior, a Reportagem 360° é um material pensado, criado Duílio Fabbri Júnior

Professor da Puc e Gerente de Conteúdo do Portal EPTV/G1

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especificamente para internet e sua linguagem se diferencia bastante de outras mídias. “É um material próprio, diferenciado, com linguagem específica e de qualidade jornalística reconhecida. É uma reportagem na qual graficamente consegue mostrar que o webjornalismo não é mais uma competição de quem dá o ‘furo’ de uma informação”, analisa. Duílio ainda se aprofunda sobre o conceito. “O leitor abre uma tela introdutória em que visualiza diversos links que tratam dos diferentes aspectos


culturais, sociológicos, humanos e jornalista, diretora executiva da Domma históricos do tema proposto. Diversas Comunicação e responsável pela Repordigressões são feitas para apresentar o tagem 360°, Sirlene Nogueira. tema e explicá-lo ao leitor, que escolhe Com o título Os Salários na Saúde até que ponto quer saber, conhecer ou - do voluntariado à profissionalização se interar do assunto. É por isso que (www.sinsaude.org.br/especialsalarios), na Reportagem 360° não existe um o trabalho mostra de forma interativa, lugar certo por onde começar. O leitor a realidade dos salários praticados na é quem decide o que quer ler, ver ou área da saúde, a história do sistema de Sirlene Nogueira Edison Laércio de Oliveira Jornalista e diretora executiva ouvir. Não é como numa proposta de saúde no Brasil e no mundo, a luta dos Presidente do Sinsaúde da Domma Comunicação Campinas e Região reportagem multimídia, cujo trecho, trabalhadores em prol dos seus direitos, gravado em vídeo, dá origem a um texto, por exemplo. Na a forma como a categoria é vista pela 360º, o internauta tem informações autônomas em relação sociedade e quais são as principais necessidades do setor. ao restante da reportagem”, explica o especialista. O presidente do Sinsaúde, Edison Laércio de No Brasil, ainda que a ferramenta esteja mais Oliveira, que abraçou a ideia, acredita que a inofocada no denominado jornalismo multimídia, vação é muito válida. “O dinamismo das inforveículos, empresas e entidades já entendem a mações, além de ajudar a fixar mais o conteúdo, importância de inserir a inovação em seus sites. que é de grande importância para o trabalhador É o caso do Sindicato da Saúde de Campida saúde, fortalece a luta da categoria”. Já, Sofia nas e Região (Sinsaúde). Em junho de 2012, a Rodrigues do Nascimento, diretora de Comuequipe de jornalismo da entidade lançou em seu nicação da entidade, afirma que “para motivar a Portal um especial sobre os salários da área da categoria e fortalecer as lutas, trabalhamos com saúde, utilizando a Reportagem 360º. “Como os várias mídias e a internet é, a cada dia, um dos Sofia Rodrigues trabalhadores estavam em campanha salarial, oprecursos tecnológicos mais utilizados em função Diretora de Comunicação do tamos por fazer de sua aceitação”, pontua. Sinsaúde Campinas e Região um resgate Para Duílio Fabbri Júnior, a iniciativa do dos salários pagos pelo Sinsaúde Campinas e Região em aderir a ferramenta para setor. Abordamos tudo se comunicar com seu público na web foi bastante positiva, com muito dinamismo principalmente porque no Brasil, segundo ele, este trabalho para que o internauta é pioneiro.“Hoje, a referência mais fiel ao estilo 360° que pudesse entender mais encontro nacionalmente é o do Sinsaúde. Inclusive recomensobre o assunto a partir dei o link aos meus colegas da área, para que possa ser usado de qualquer ângulo como referência em trabalhos e em sala de aula”, finaliza o da matéria”, explica a professor.

Navegue e conheça a Reportagem 360º produzida pelo Sinsaúde Campinas e Região Os Salários na Saúde é um projeto que, dentro do conceito de Reportagem 360°, é pioneiro no Brasil e mostra a realidade dos salários praticados na área da saúde. Baixe o leitor QR Code em seu celular e confira a Reportagem 360º. Caso seu aparelho não tenha leitor, acesse o link www.sinsaude.org.br/especialsalarios

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saúde em fatos e fotos

Jundiaí

A

cada edição da revista Em Cena, o Sinsaúde Campinas e Região homenageia os trabalhadores de sua base de representação que acreditaram e depositaram sua confiança no Sindicato, empenhando-se em suas lutas e conquistas para que a entidade ultrapassasse as barreiras do tempo e garantisse uma imagem forte e positiva por mais de sete décadas. Os homenageados nesta edição são os profissionais dos mais variados setores (Apoio, Administração e Enfermagem), que atuam nos estabelecimentos de saúde de Jundiaí e integram uma só equipe quando o assunto é dar qualidade de vida aos pacientes. Mesmo com a falta de estrutura, de funcionários e, muitas vezes, a carência de medicamentos de uso diário, eles enfrentam com serenidade e não medem esforços para cuidar da saúde de quem precisa. Nas edições anteriores tiveram destaque, nesta coluna, os trabalhadores das cidades que compõem a base de Tupã, Araraquara, Americana, Amparo, Atibaia, Dracena, Araras, Itapira, Espírito Santo do Pinhal e Indaituba que, assim como Jundiaí, são formadas por profissionais que acreditam no Sinsaúde e apoiam seu trabalho. Cada profissional, independente do trabalho que exerce, enfrenta desafios diários para salvar vidas e luta para vencê-los. Entre ganhos e perdas, dores e alegrias, os trabalhadores da saúde da região de Jundiaí se mostram capazes de enfrentar os problemas impostos no dia a dia pela profissão e homenageá-los nesta página é uma forma de agradecer pela dedicação e pelo esforço em proporcionar o bem-estar às pessoas que necessitam de seus cuidados.

Hospital Sobam

Hospital São Vicente

Clínica Sayão

Hospital São Vicente

Hospital Universitário

26 - EM CENA - julho/agosto 2012

Hospital Sobam


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