Revista Metalúrgicos do ABC

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Sindicato dos Metalúrgicos do ABC - CUT | Abril de 2011

A ousadia de uma categoria

Balanço do mandato que começou em 2008 mostra que a direção conseguiu unir ainda mais os trabalhadores


Tribuna Metalúrgica

Rossana Lana/SMABC - 05.10.2010

editorial

H Aqui o trabalhador sempre é a notícia!

á quase três anos, tivemos a honra de assumir a direção deste que é um dos mais importantes sindicatos do País. Com a honra, veio o desafio de decisões e realizações que influem diretamente nas vidas de mais de 100 mil metalúrgicos. Certamente uma grande responsabilidade. E não fugimos dela. Assumimos a direção em 2008, em um excelente momento da economia do País, com a indústria e, especialmente, o setor automobilístico batendo recordes de produção e vendas. O emprego estava em ascensão e a inflação em baixa, mas fomos pegos de frente pela crise econômica internacional e tivemos de usar a criatividade e a tradicional organização da categoria para evitar o desemprego em massa e preservar salários. Para tanto, fomos a Brasília levar nossas propostas ao então presidente

Vitórias inéditas e união da categoria Lula. Saímos às ruas em protesto contra empresários e banqueiros oportunistas. Realizamos um seminário de repercussão nacional que resultou em propostas concretas e contempladas pelo governo federal. Sindicato cidadão por excelência, tivemos participação decisiva nos processos eleitorais porque também temos de lutar para garantir qualidade de vida aos trabalhadores fora da fábrica. Por isso, apoiamos o projeto político que venceu as eleições presidenciais em 2010 para dar continuidade ao crescimento do País com distribuição de renda e justiça social. No 6° Congresso da categoria, em 2009, traçamos as diretrizes do trabalho que vem sendo cumprido ponto a ponto, como o 2° Congresso das Mulheres Metalúrgicas do ABC e o lançamento da primeira emissora de TV da classe trabalhadora. As campanhas salariais dos últimos

três anos foram as mais vitoriosas em duas décadas. Conquistamos índices de aumento real que se tornaram referência para todo o País e cláusulas sociais inéditas. No ano passado, ratificamos que dirigimos igualmente para toda a base ao realizar primeiro o acordo com as autopeças. Este ano, entramos no processo eleitoral do Sindicato mais unidos e fortes do que nunca, porque, pela primeira vez em 20 anos, a Volkswagen terá chapa única, fruto do amplo debate interno. Esta revista tem o objetivo de fazer um balanço das principais realizações deste mandato e apresentar o que será feito nos próximos três anos. Obrigado a todos os metalúrgicos e metalúrgicas, membros dos CSEs, CIPAS, Comissões de Fábrica e aos trabalhadores e trabalhadoras do Sindicato. Sérgio Nobre Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC abril 2011 | Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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Editorial3 Balanço dos três anos de mandato mostra vitórias inéditas e categoria mais unida Entrevista6

Executiva Sérgio Nobre Presidente Rafael Marques Jr. Vice-presidente Wagner Firmino de Santana Secretário-geral Teonílio Monteiro da Costa Diretor administrativo-financeiro José Paulo Nogueira Secretário de organização Diretores executivos Carlos Alberto Gonçalves, David Lima Carvalho, Francisco Duarte de Lima, Moisés Selerges Junior

Campanhas salariais8

Sérgio Nobre fala sobre as próximas metas da direção

Mobilização e negociação garantiram as melhores conquistas salariais dos últimos 20 anos

mobilizou a categoria, foi a Brasília Em defesa do emprego16 Sindicato e às ruas para enfrentar e vencer a crise

Diretores

foto Rossana Lana

foto Stephen Johnson/getty

Adailton Ferreira de Oliveira, Adalto de Oliveira, Adão Gonçalves Goveia, Adeildo da Silva Jordão, Adelmo Gonçalves da Silva, Adezildo Bezerra de Figueredo, Adi dos Santos Lima, Admilson Aparecido de Brito, Ailton de Faria, Aldemir Moreira Santos, Aldenor Francalino de Sousa, Alexandre Aparecido Colombo, Alexandre da Cruz, Almiro Silva Cruz, Altamiro Santana, Amarildo Marques de Souza, Amarildo Sesario de Araujo, Ana Maria Martins Braga, Ana Nice Martins de Carvalho, Andrea Ferreira de Sousa, Angelo Maximo de Oliveira Pinho, Antenor de Sousa, Antonio Aparecido Soncella, Antonio Carlos dos Santos, Antonio Carlos Silva de Carvalho, Antonio Claudiano da Silva, Antonio de Melo Silva, Antonio Dias Lima, Antonio Garrido Filho, Antonio Pereira Campos, Antonio Ronivaldo O da Silva, Antonio Sérgio Verginio, Aparecida Das Graças Rodrigues Henriques, Aroaldo Oliveira da Silva, Barnabé Moraes de Moura, Benedito Carlos Amancio da Silva, Benedito da Silva Filho, Benigno José Domingues, Carlos Alberto Damião, Carlos Alberto de Melo, Carlos Alberto Gonçalves, Celso Donizeti dos Santos, Cícera Michelle da Silva, Cícero Gomes de Moura, Claudio Roberto Ribal, Claudionor Vieira do Nascimento, Crivone Leite da Silva, Daniel Bispo Calazans, Edilson Santos Burys, Edinaldo Raimundo Gomes de Sá, Edinei José da Silva, Edinilson Ronaldo Mercedes, Edivaldo José de Moura, Edmar Vieira Freire, Edmilson José dos Santos, Edmiro Dias de Castro, Eduardo Aparecido de Sousa, Edvaldo Eduardo, Edvaldo Sousa Santos, Elbem Batista Gomes, Eraldo Lucena do Nascimento, Evandne Jose da Silva, Evando de Novaes Alves, Fernando Narcizo da Costa, Firmino Batista Muniz Filho, Francisco Aritamá de Castro da Silva, Francisco Chagas Leite Brasil, Francisco Correa Sobrinho, Francisco Das Chagas Sarmento, Francisco Das Chagas Soares Pereira, Francisco de Assis Gonçalves de Almeida, Francisco de Muniz Rosa, Francisco Demontier Barbosa, Francisco Dijalma Leite, Francisco Duarte de Lima (Alemão), Francisco Edivan Camelo de Sousa, Francisco Ferreira de Souza, Francisco Pinho de Araujo, Francisco Vagner Ferreira, Fulvio Menegoni, Genário Batista Cordeiro, Genildo Dias Pereira, Geraldo Aparecido Gonçalves, Geraldo Domingos Ribeiro, Geraldo Tadeu de Oliveira, Gercio Faria, Gilberto da Rocha, Gilberto Jose de Souza, Gilmar da Silva Costa, Gilmar de Souza Costa, Gilson Andrade de Barros, Gilson Moreira Garcia, Gilvan Simeão Ferreira, Guilherme Francisco Rocha, Hamilton Guimarães de Carvalho, Helio Barbosa da Silva, Helio Honorato Moreira, Jaco de Almeida Bezerra, Jair Dantas Martins, João Alves Cordeiro Neto, João André Santos da Silva, João Dalírio Sivieiro, João dos Santos Souza, João Gonçalves do Nascimento, João Paulo de Oliveira dos Santos, Jorge Aparecido Lobo, Jose Ataide Costa, José Augusto Gonçalves, José Bento de Oliveira, Jose Caitano Lima, Jose Carlos de Alcantara, Jose Carlos de Lima, José Carlos de Souza, José Carlos Nunes da Cruz, José Cícero Barbosa de Melo, José Correia de Lima, José David Lima Carvalho, José Domingos Mota da Silva, Jose Erivan Furtado da Silva, José Eustáquio de Souza, José Inácio de Araujo, José Inácio dos Santos, Jose Lopez Feijoo, José Mourão da Silva, Jose Paulo da Silva Nogueira, José Pedro dos Santos Delgado, José Pequeno da Costa, José Ribamar Feitosa da Silva, José Roberto da Silva, José Roberto Gomes, Jose Sinval de Jesus, José Uilson Passos Santos, Joseildo Januario da Silva, Josivaldo Pedro da Silva, Josivan Nunes do Vale, Jovelino Gil, Juarez Barros da Silva, Lindomar Barbosa Siqueira, Luis Carlos de Lima, Luis Carlos Miron, Luis Donizeti Marchioli, Luis Eduardo Gross, Luis Vital Dantas, Luiz Antonio de França, Luiz Carlos Araujo da Silva, Maicon Michel Vasconcelos da Silva, Manoel Francisco Filho, Manoel Santiago Gomes, Marcelo Donisete Bernardo, Marcelo Pereira dos Santos, Marcio Adriano Gonçalves, Marcio Ribeiro de Brito, Marco Aurélio Santana, Marcos Augusto Nunes de Oliveira, Marcos Aurelio Braga, Marcos Caetano de Paula, Maria de Fátima Gomes, Maria Dilvetânia Pereira da Silva, Maria Gilsa C. Macedo, Maria Jose da Silva, Mauro Farabotti, Mauro Nei dos Passos Ferreiras, Mauro Soares, Milton Aparecido Alves Bertholdo, Moacir Garcia Nicolau, Moacir Rodrigues Costa, Moises Augusto Canuto, Moisés Selerges Junior, Murilo Donisete VilasBoas, Nazareno da Silva Luiz, Neivailde Damasceno Murça, Nelio Profirio da Silva, Nelsi Rodrigues da Silva (Morcegão), Nilton Costa de Aguilar, Nivaldo Nunes Bezerra, Osvaldo Gomes Viana, Paulo Aparecido Silva Cayres, Paulo Francisco Franco, Paulo Marcio Nogueira, Pedro da Silva Carvalho, Rafael Marques da Silva Junior, Raimundo Domingos Silva, Reginaldo Bandeira, Regis Reis Guedes, Reinaldo Marques da Silva, Ricardo Alves Pimentel, Robson Dias Bonjardim, Robson dos Santos Assis, Robson Silverio Damasceno, Rodrigo Ferreira dos Santos, Rogério Fernandes Medeiros, Romário Alves da Fonseca, Romeu Ribeiro da Cruz, Ronaldo Souza, Rosimar Dias Machado, Santino Braz de Oliveira, Sebastiana Lopes Domingos, Sebastião Amadeu de Albuquerque, Sebastiao Gomes de Lima, Sebastiao Pereira Campos, Sergio Aparecido Nobre, Sergio Cardoso, Sergio de Lima Pereira, Sergio Roberto Sitta, Severino Ferreira da Silva, Simone Aparecida Vieira, Sostenes Luiz Lima, Tarcísio Secoli, Teonílio Monteiro da Costa, Tsukassa Isawa, Vagner Batista da Silva, Vagner Jose da Silva, Vagner Stefanato, Valdeci Candido da Silva, Valdeci Onofre Martins, Valderez Dias Amorim, Valdir Freire Dias, Valdir Oliveira Rios, Valter Sanches, Valter Saturnino Pereira, Vanderlei Cardoso de Jesus, Vanio da Silva Guedes, Vladimir de Mendonsa, Wagner Firmino de Santana, Walter de Souza Filho, Wanderley Lisboa Barbosa, Wilson de Sá Alves e Wilson Roberto Ribeiro

Esta revista é uma publicação especial do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Coordenação e edição: Vanilda Oliveira. Edição de fotos: Rossana Lana. Redação: Vanilda Oliveira, Silvio Berengani, Carlos Alberto Balista, Gonzaga do Monte. Colaboradores: Wagner Santana (secretário-geral), Subseção Dieese do Sindicato, Monica Valente, Marcelo Donisete Bernardo (Volkswagen). Projeto gráfico: Vander Fornazieri. Impressão: Gráfica Simetal (11-4341-5810). Participam da foto da capa os metalúrgicos e metalúrgicas: Paula de Jesus (Ouro Fino), Everaldo Santos (Scania), Alec Sandro de Oliveira Barros (Mahle), Fabio de Morais Couto (Mercedes-Benz), Lorival Francisco de Lima (Magnetti-Marelli), Leonardo Rezende Farabotti (Ford), Ivani Ivone de Souza (Kostal), Liliane Teixeira (TRW), Altamiro Santana, o Miro (Melling), Marco Antonio Soares, o Paco (Dana), Luzia Helena Silva Santos (Volkswagen)

Está no ar22 sua primeira emissora de televisão, a TVT

Depois de 23 anos de luta, categoria consegue

Chão de fábrica28

CSEs são a maior conquista dos metalúrgicos do ABC e servem de exemplo para o País. Entenda por quê

Comissões32

Mulheres, negros, jovens e pessoas com deficiência realizaram atividades e eventos importantes à categoria

vai construir escola de formação Trabalho e cidadania38 Sindicato profissional em São Bernardo

Economia solidária42 Fábricas falidas nas mãos dos trabalhadores passam a gerar emprego e renda

Sindicato cidadão52

Cultura e 44 organização Direção resgatou o Dia do Trabalhador no Paço

Apoiamos Dilma, Marinho, Grana e Vicentinho porque eles têm compromisso com a classe trabalhadora

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Sindicato dos Metalúrgicos do ABC | abril 2011


30.08.2010

Lei que fortalece CSE é maior desafio

23.09.2010

Entrevista

O que vem por aí até 2014? Quais as metas para as próximas campanhas salariais? Vamos buscar acordos de longo prazo. Isso é possível porque a economia brasileira está em crescimento, há ampliação do emprego e a tendência é de que o País prossiga nesse caminho positivo. Em um cenário como esse, a previsibilidade do salário é importante para todos os lados. Para o trabalhador porque permite que ele planeje a sua vida melhor – seus gastos, poupança, compras - e aos empresários porque podem visualizar custos e, assim, planejar investimentos. Nos países que têm economia estabilizada, os acordos são de longo prazo e é isso que buscaremos também para a categoria, para assegurar mais es-

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Sindicato dos Metalúrgicos do ABC | abril 2011

tabilidade às conquistas não só salariais, mas também na saúde e segurança no trabalho, planos de carreira e qualificação profissional. Além das campanhas salariais o que é prioridade para os próximos três anos. Os Comitês Sindicais de Empresa são a maior conquista dos Metalúrgicos do ABC. Nossa meta é aprovar projeto de lei no Congresso Nacional para consolidar o CSE e estimular para que ele seja adotado como modelo no restante do País. É muito triste saber que trabalhadores têm seus direitos mais básicos, como carteira assinada, desrespeitados por falta de fiscalização e de representação sindical no local do trabalho e que, por isso, tenham procurar a Justiça. A lei que estamos propondo tem potencial para transformar essa realidade porque vai assegurar a presença permanente do sindicato no interior da fábrica e dar maior segurança jurídica para que trabalhadores e empresários firmem acordos e negociações coletivas adequados às diferentes realidades dos locais de trabalho. Infelizmente, ainda hoje no Brasil, trabalhador sem carteira assinada, trabalho escravo e infantil são graves problemas. Mas também é fato que existem setores modernos, que incluem empresas, e o nosso projeto faz distinção bem clara dessas realidades, porque o moderno, caso do CSE, tem de ser valorizado e o arcaico, combatido..

02.09.2010

N

a trajetória de 25 anos do chão de fábrica à presidência do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre conheceu de perto os revezes e as inúmeras vitórias da categoria. Fez parte das lutas salariais e sociais, mas também da construção de um sindicato cidadão, cujo trabalho não se restringe ao interior das fábricas. Presidente do Sindicato desde 2008, esse metalúrgico na Mercedes-Benz está na categoria desde 1980, quando ingressou na Scania como aprendiz do Senai. Nesta entrevista, ele fala dos planos da direção para os próximos anos, que estão detalhados nas 60 páginas desta revista de balanço.

fotos rossana lana/smabc - 15.12.2010

Sérgio Nobre, presidente do Sindicato, fala das metas da direção para a categoria nos próximos três anos, entre elas aprovar projeto de lei que consolida os Comitês e construir a Escola de Formação Profissional

O Sindicato é referência para o mundo do trabalho fora e dentro do Brasil, essa importância pode ser medida nas inúmeras entrevistas que Sérgio Nobre concedeu a jornalistas de outros países, como Espanha/México; França (no alto); Coréia do Sul e Portugal

Quais são os planos da direção para formação sindical? Em 2011, formaremos mais de 2.500 trabalhadores pelo Programa Trabalho e Cidadania. Vamos construir, no Clube de Campo, um espaço exclusivo ao curso de formação. Na formação profissional, o Sindicato comprou um prédio para criar uma escola? Compramos a antiga escola Cacique, na Marechal Deodoro, onde construiremos uma escola de formação profissional que será inaugurada em 2012. Faremos parceria com o Senai e universidades da Região. Outro projeto importante é a criação do IRT (Instituto de Relações do Trabalho), que vai produzir estudos e pesquisas sobre relações de trabalho que vão ser imprescindíveis ao fortalecimento da representação sindical. O que está planejado para a TVT e áreas de cultura, esportes e lazer? Vamos ampliar o alcance da TVT, com mais uma emissora já concedida pelo governo e buscar apoios para ampliar a

produção. Na cultura, este ano, teremos o Festival de Música e um concurso de fotografia voltados à categoria, além de triplicar os pontos de leitura nas fábricas. Outra parceria, com empresa e Prefeitura, vai levar a arte do circo para dentro das fábricas. e traremos de volta sessões de cinema no Sindicato. Vamos ampliar as atividades esportivas e de lazer para os metalúrgicos e seus familiares. O campeonato de videogame, que é um sucesso, vai crescer e deverá ser inserido no circuito nacional e, futuramente, internacional. Teremos ainda atividades esportivas, como campeonatos de futebol e de truco, para os trabalhadores da categoria, e oficinas de arte para os filhos dos metalúrgicos Na área de Saúde do trabalhador, o que será realizado? Promoveremos este ano um evento para debater o fortalecimento do SUS (Sistema Único de Saúde) e criar propostas. Também ampliaremos e aprimoraremos a formação dos cipeiros e membros dos CSE para fortalecer a ação sindical no local de trabalho. abril 2011 | Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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CAMPANHAS SALARIAIS

Mobilização garantiu conquistas inéditas

Assembleia de autopeças em 2010: primeiro grupo a realizar acordo

Aumentos reais da categoria atingiram maiores índices dos últimos 20 anos. Em 2010, a direção inovou ao fechar acordo com outros grupos patronais antes das montadoras

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Sindicato dos Metalúrgicos do ABC | abril 2011

Rossana Lana/SMABC - 04.09.2010

Rossana Lana/SMABC - 08.09.2010

Ato de mensalistas

abril 2011 | Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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Trabalhadores mensalistas também se mobilizaram na campanha salarial do ano passado para reivindicar fim do teto salarial

Campanha 2010 também conseguiu melhorar os pisos salariais: um dos antídotos contra a rotatividade de mão de obra na categoria

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Sindicato dos Metalúrgicos do ABC | abril 2011

Metalúrgicos do ABC têm maior salário da categoria no País Município

Rossana Lana/SMABC - 13.09.2010

itoriosas econômica e socialmente. São essas as principais marcas das campanhas salariais pelos avanços conquistados na valorização dos salários e em novos direitos sociais. O incremento salarial tornou-se mais nítido na metade da década passada quando a política econômica colocou o Brasil na rota do desenvolvimento seguro e constante. Exemplo mais bem sucedido do resultado da luta da categoria foi o aumento real conquistado em 2010, que superou o índice de inflação. Além de inédita na história dos metalúrgicos, a conquista abriu caminho para onda que contagiou as campanhas de diversas categorias Brasil afora. Foram tempos também de expressivo crescimento nos pisos salariais, pois, em todas as últimas campanhas os menores salários da categoria obtiveram índices acima dos acordados para as

Rossana Lana/SMABC - 03.09.2010

Rossana Lana/SMABC - 09.09.2010

CAMPANHAS SALARIAIS

Agitação nas fábricas garantiu novas conquistas sociais com impacto direto na qualidade de vida

Média salarial do montador (em R$)*

São Bernardo do Campo 3.532,75 Taubaté 3.355,99 São José dos Campos 3.125,50 São Caetano do Sul 2.604,15 Sumaré 2.418,53 Curitiba 2.245,35 São José dos Pinhas 2.059,74 São Carlos 1.868,32 Resende 1.780,75 Gravataí 1.627,27 Betim 1.602,19 Camaçari 1.519,36 Porto Real 1.417,42 Catalão 1.076,21 Sete Lagoas 1.016,34 *Nos municípios que têm plantas automobilísticas Fonte: MTE/RAIS 2009. Subseção Dieese do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

demais remunerações. A medida acrescenta mais valor às profissões com menor remuneração e serve de antídoto à rotatividade de mão de obra. São direitos acumulados que se relacionam com o crescimento do País e inflação baixa, combinados à mobilização, unidade e disposição de luta, sempre fundamentais em toda negociação. Dessa receita, também resultaram novos direitos sociais, como a expansão da licença maternidade de 120 para 180 dias nas fábricas do Grupo 3 e da Fundição. Outra conquista preciosa veio do Grupo 10, com o retorno da estabilidade para trabalhadores com doença ou sequela de acidente no trabalho. Nessa lista, incluem-se ainda garantias à mulher vítima de violência, ampliação da licença paternidade, diversidade nas contratações, programa de formação e outras com impactos diretos na qualidade de vida do trabalhador. abril 2011 | Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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CAMPANHAS SALARIAIS

346 milhões de

reais foram injetados na economia por conta do aumento e abono nas montadoras do ABC em 2010

Raquel Camargo/SMABC - 10.09.2009

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Passeata da categoria reuniu trabalhadores na Ford, Rassini e Mercedes-Benz em 2009, ano em que, apesar da crise, foi conquistado aumento real

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Sindicato dos Metalúrgicos do ABC | abril 2011

echar acordos com a maior parte dos grupos patronais em primeiro lugar e depois com as montadoras foi novidade estratégica e acertada da direção do Sindicato na Campanha Salarial 2010. Antecipar o desfecho das negociações e firmar acordo com o Grupo 3 (autopeças) enterra a ideia de que a direção prioriza os trabalhadores nas montadoras. Essa afirmação nunca foi verdadeira, o que foi comprovado no ano passado, quando a categoria acertou quase todos os acordos, e bons acordos, em conjunto, com base no que foi assinado com o Grupo 3. Outro objetivo da medida foi dar maior protagonismo aos sindicatos do interior do Estado, o que resultou em unidade ampliada da categoria em São Paulo, pois a presença dos setores, exceto as montadoras, é marcante em outras regiões. Por fim, os sindicatos viram a necessidade de se criar um bom índice de aumento, os 9%, para balizar toda a luta salarial, inclusive para testar bases metalúrgicas não filiadas à CUT. Esse índice fechado com antecedência serviu de referência ao acordo com as montadoras, o penúltimo da campanha. O último acordo assinado foi com o Grupo 10, cujos trabalhadores, depois de uma década de luta, conseguiram mudar a data-base de novembro para setembro, definitivamente unificando a luta dos metalúrgicos paulistas da CUT e, certamente, do Brasil, em breve.

Rossana Lana/SMABC - 08.09.2010

Direção trata todos os grupos igual Assembleia na Mercedes: metalúrgicos nas montadoras fecharam acordo depois das autopeças

Aumentos salariais dos Metalúrgicos do ABC de 2008 a 2010 Ano Grupo INPC Aumento Reajuste Real Total 2010 4.29% 6.25% 10.81% 2009 Montadoras 4.44% 2.00% 6.53% 2008 7.15% 3.60% 11.01% 2010 Autopeças 4.29% 4.52% 9.00% 2009 4.44% 2.00% 6.53% 2008 7.15% 3.60% 11.01% 2010 Fundição 4.29% 4.52% 9.00% 2009 4.44% 2.00% 6.53% 2008 7.15% 3.13% 10.50% 2010 G 10 4.29% 4.52% 9.00% 2009 3.75% 2.00% 5.83% 2008 7.26% 3.00% 10.48% 2010 G8 2009 2008

4.29% 4.52% 9.00% 4.44% 2.00% 6.53% 7.78% 3.00% 11.0%

2010 G 2 4.29% 4.52% 9.00% 2009 4.66% 2.00% 6.75% 2008 7.56% 3.00% 10.8% Fonte: Subsessão Dieese do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC abril 2011 | Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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CAMPANHAS SALARIAIS

Categoria cresce e embolsa R$ 1 bi só de PLR

Sérgio Nobre comanda assembléia, ao lado da sede, na qual trabalhadores nas autopeças aprovam 9% de aumento salarial

Na Karmann-Ghia, metalúrgicos paralisaram atividades na Campanha Salarial passada

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Sindicato dos Metalúrgicos do ABC | abril 2011

Roberto Parizotti - 11.09.2008

13º salário gordo

A valorização no salário dos metalúrgicos também produziu importante efeito econômico para a Região. O abono de fim de ano em 2010 cresceu e representou 26% do total pago de 13º a todos os trabalhadores formais do ABC. Dois elementos proporcionaram esse aumento. O primeiro foi o crescimento no total de trabalhadores na categoria. O segundo decorreu do resultado positivo da campanha.

Rossana Lana/SMABC - 10.08.2010

Rossana Lana/SMABC - 04.09.2010

M

ais e melhores acordos. Essa é a orientação que norteia, a cada ano, a campanha por PLR (Participação nos Lucros e Resultados) dos metalúrgicos do ABC, uma base que conquistou mais de 24 mil novos postos de trabalho nos oito anos de governos Lula. Com o valor recorde de R$ 390 milhões conquistados no ano passado, a categoria acumula um ganho próximo de R$ 1 bilhão, desde 2008. Trata-se de um valor que segue dois caminhos. Um deles leva alívio ao bolso do trabalhador, que consegue cumprir compromissos em atraso. Outro caminho impulsiona a economia do ABC, como confirmam levantamentos regionais. Parte desse grande volume de dinheiro vai para o consumo, faz girar a roda de mais compras, mais produção, gerando mais empregos e salários e, por fim, beneficiando o metalúrgico do ABC. A luta pela PLR, porém, não se resume em conquistar mais e melhores acordos. Está nas metas da direção acabar com a cobrança do Imposto de Renda sobre esse pagamento. Uma questão de justiça. A reivindicação já está com o Ministério da Fazenda.

Morcegão, coordenador da Regional Ribeirão Pires, comanda assembleia de PLR na Marcolar

Emprego na categoria é o maior em 15 anos Governo Fernando Henrique Cardoso 1995

110.239

1996

97.827

1997

97.923

1998

82.038

1999

78.522

2000

82.026

2001

81.663

2002

78.855 Governo Lula

2003 2004

77.427 85.721

2005

89.281

2006

90.612

2007 2008 2009 2010

95.597 102.989 97.027 104.188

Fonte: Subseção Dieese do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, com dados do MTE, RAIS, Caged abril 2011 | Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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EM DEFESA DO EMPREGO

Em Brasília e nas ruas, um não a crise Direção mostrou força e organização na crise econômica de 2008/2009 ao colocar a categoria nas ruas para impedir demissões, ir ao governo para exigir soluções e dialogar com empresas e sociedade para construir propostas

N

a defesa do emprego e da renda, a direção do Sindicato foi às ruas em manifestações públicas, promoveu eventos para debater saídas contra a crise econômica internacional e esteve em Brasília levando propostas para evitar e combater demissões e cortes de direitos trabalhistas. A crise de 2008, que teve origem nos Estados Unidos e contaminou o mundo, assustou os empresários brasileiros que começaram a demitir antes mesmo

de saber como o problema atingiria o Brasil. A categoria ocupou a Avenida Paulista para exigir a redução das taxas de juros e estimular investimentos na produção. Também denunciou banqueiros que dificultavam a concessão de empréstimos à população. Na época, o Sindicato alertava sobre a possibilidade de as empresas usarem a crise para acelerar a troca de trabalhadores com o objetivo de reduzir salários. Como é muito barato e fácil demitir no Brasil, as empresas começaram a demi-

tir mesmo antes de conhecerem o real tamanho da crise que começava a surgir. As demissões não se justificavam porque o País vivia um momento excelente de crescimento econômico. No ABC, as montadoras vinham consecutivos de recordes de produção e vendas (leia quadro na página 19). Sérgio Nobre, presidente do Sindicato, exigia responsabilidade social das empresas e afirmava que “o trabalhador não iria pagar a conta da crise”. No início de 2009, ele levou ao en-

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Sindicato dos Metalúrgicos do ABC | abril 2011

Roberto Parizotti - 20.09.2009

Raquel Camargo/SMABC - 11.03.2009

Ainda ministra, Dilma participou do seminário realizado em São Bernardo, por iniciativa do Sindicato, para debater propostas contra a crise

Metalúrgicos lotaram as ruas próximas à Via Anchieta, em 2009, para protestar contra os efeitos da crise econômica e evitar demissões

abril 2011 | Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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EM DEFESA DO EMPREGO

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Sindicato dos Metalúrgicos do ABC | abril 2011

Direção lutou para preservar postos de trabalho e salários A direção do Sindicato enfrentou a crise econômica de forma diferente em cada empresa, conforme a realidade dos trabalhadores. Quando o problema explodiu nos EUA, grande parte dos empresários e da mídia criou um ambiente negativo de que os direitos dos trabalhadores, especialmente salários, deveriam ser reduzidos, como única alternativa para evitar demissões. Essa idéia não foi aceita pela direção, que resistiu e, desde o início da crise, fez do diálogo e da negociação os principais instrumentos para encontrar saídas e preservar o bem maior do trabalhador que é o emprego. Instrumentos de preservação do emprego existem e foram bem usados. A redução da jornada de trabalho foi uma das vias. Ampliação de bancos de horas, licenças remuneradas e antecipação de férias figuraram na lista de soluções de curto prazo para companheiros de muitas fábricas. As medidas não chegaram a ser aplicadas na totalidade. Não foi necessário. A produção foi retomada pouco tempo depois provando que a estratégia da direção estava correta.

Produção de veículos bateu recordes mesmo na crise 2.391.354

Na Avenida Paulista, a categoria usou o humor para protestar contra os banqueiros, que sumiram com o crédito

Raquel Camargo/SMABC - 04.11.2008

tão presidente Lula propostas como a redução da jornada de trabalho sem redução de salário, redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), ampliação dos programas sociais, redução dos juros, implantação de um programa de substituição de importações e a exigência de contrapartidas sociais com destaque para a preservação de empregos nos setores beneficiados com dinheiro público. No encontro, que aconteceu em Brasília, construiu-se a ideia do Seminário ABC do Diálogo e do Desenvolvimento, realizado em São Bernardo, em março de 2009. Sindicato à frente, entidades de diferentes setores da sociedade, movimento sindical, prefeituras da Região, mais os governos paulista e federal debateram medidas para a superação da crise. O evento trouxe a São Bernardo a então ministra Dilma Rousseff, o governador de São Paulo, ministros, presidentes de sindicatos patronais, parlamentares, acadêmicos e, o mais importante, trabalhadores. Um dos desdobramentos do evento foi a abertura de processo de negociação e articulação regional permanente a partir da reanimação da Câmara Regional do ABC, instância que pensa soluções integradas para as sete cidades da Região. Também foram criados os grupos de trabalho do Setor Automotivo e do Polo Tecnológico do Consórcio Intermunicipal do ABC, que reúne os prefeitos da Região. No 6º Congresso da categoria, realizado em 2009, a pauta principal foi a necessidade de enfrentar os desafios e demandas para a construção de um Brasil mais justo com emprego e trabalho decente. Essas atividades de busca de alternativas à crise aconteceram em meio a protestos e atos por um Brasil melhor. Nas manifestações realizadas na capital paulista, a CUT cobrou atitude do governo estadual, denunciando que o único investimento do governo do Estado à geração de emprego foi o dinheiro recebido da União pela venda da Nossa Caixa.

2007

2.545.729 2.576.628

2008

2009

2.823.949

2010

Fonte: Subseção Dieese/SMABC, com dados da Anfavea abril 2011 | Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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EM DEFESA DO EMPREGO

Abr - 21.01. 2009

Sérgio Nobre levou a Lula, em Brasília, propostas para a superação da crise econômica, que foram acolhidas pelo então presidente

Governo Lula apoiou propostas da direção para superar a crise

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Sindicato dos Metalúrgicos do ABC | abril 2011

Lula participa, na Prefeitura de São Bernardo, de um dos eventos que tiveram origem no seminário promovido pelo Sindicato

Raquel Camargo/SMABC - 25.08.2009

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Medidas reduziram impostos sobre veículos n n n n n n n

Isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para veículos Isenção de IPI para material de construção Isenção de IPI para linha branca (geladeira, fogões, máquinas de lavar) Ampliação do crédito para micro e pequenas Liberação de crédito para empresas de agronegócios Liberação de linha de crédito para a construção civil Ampliação do tempo de seguro desemprego

Raquel Camargo/SMABC - 11.02.2009

realização do Seminário ABC do Diálogo e do Desenvolvimento, que, a partir de iniciativa do Sindicato, reuniu movimento sindical, empresas e Poder Público, ganhou forma na audiência de janeiro de 2009 em que Sérgio Nobre levou ao então presidente Lula propostas dos trabalhadores para superação da crise. Em Brasília, o presidente do Sindicato defendeu que era preciso fazer um diagnóstico adequado sobre o momento econômico e, a partir dele, decidir qual o caminho a seguir, em ação que lembrava as câmaras setoriais dos anos 1990. Para a direção, a sociedade estava fazendo um debate pela metade, pois discutia apenas as situações emergenciais que evitassem as demissões e a retirada de direitos, quando deveria encaminhar também ações de fortalecimento da economia. Importante e pertinente, a iniciativa do Sindicato em busca do diálogo entre todos os segmentos da sociedade ganhou todo o apoio do governo federal.

Assembleia com trabalhadores na Volkswagen, em São Bernardo, parou o trânsito na Via Anchieta para alertar empresas contra demissões

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está no ar

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m 23 de agosto de 2010, quaos espectadores dos programas sejam se duas mil pessoas entre litambém seus personagens principais e deranças políticas, sindicais, rompam com o preconceito contra o empresariais, do movimentrabalhador, raramente valorizado nas to social e até o presidente emissoras comerciais. Lula estiveram no teatro do Centro de Por tudo isso, a proposta dos metaFormação dos Profissionais da Educalúrgicos do ABC é um marco no unição de São Bernardo para acompanhar verso fechado da televisão brasileira. mais uma conquista inédita da atual diDominado por seis redes privadas e reção do Sindicato. familiares, com faturamento superior Naquela noite, os metalúrgicos do a R$ 6 bilhões, os donos dos poderoABC concluíram uma lusos canais não querem nem ta histórica que durou aceitam concorrência, em23 anos para levar ao ar a bora não retratem as necesSindicato transmissão inicial da TVT sidades e anseios da classe lutou – TV dos Trabalhadores -, trabalhadora. primeira emissora de televiProva disso é que, apedurante 23 são brasileira inteiramente sar de o direito à liberdade anos para sob o comando dos trabade expressão estar previsto conseguir a lhadores. na Constituição Federal, as concessão Naquele mesmo dia, os críticas ao fato de um sindimetalúrgicos do ABC inicato de trabalhadores estar à ciavam também uma nova batalha, frente de uma emissora de tevê surgiram ainda sem data para terminar: enfrenmuito antes de a TVT entrar no ar. tar o desafio de consolidar a decisão tiA direção foi bombardeada pelos prinrada em congresso da categoria de tocar cipais jornais brasileiros. Eles afirmavam uma TV. O objetivo é simples: mostrar que a emissora só tinha saído porque Luna telinha o mundo dos trabalhadola era presidente da República e ex-meres e do trabalho de uma forma que talúrgico. Nisso tinham razão, segundo

23.11.2010

Trabalhadores agora têm TV

“Além do trabalho da direção, o fato de Lula, um operário metalúrgico, ter sido presidente da República foi determinante para conseguirmos a concessão da emissora de televisão” Sérgio Nobre, presidente do Sindicato 22

Sindicato dos Metalúrgicos do ABC | abril 2011

fotos Rossana Lana/SMABC

TVT exibe seis produções em uma hora e meia por dia de programação própria

Sérgio Nobre, Lula, Marinho e a garota Nicole no evento para 2 mil convidados que marcou o início das transmissões, em 23 de agosto de 2010

abril 2011 | Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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está no ar sos sindicatos filiados à CUT. Foi investido R$ 1 milhão na comPara garantir a realização inicial do pra de equipamentos e o custo menprojeto, a categoria aprovou em assemsal da programação da TVT está estibleia um aporte de R$ 15 mado em mais de R$ 400 milhões. O desafio da dimil. Por ser educativa, a reção agora é buscar outras emissora não pode veicular Desafio da fontes de sustentação, copublicidade nem ter patrodireção mo apoios culturais e novas cínios, mas apenas apoios é buscar parcerias. culturais. A entidade sem fins lucraDepois de tanto esforço, fontes de tivos recebeu a outorga da a programação da TVT, sustentação TV em outubro de 2009 em que adotou o slogan A TV para a TVT decreto assinado pelo então que Te Vê, pode ser assistipresidente Lula. Além do da em 27 canais comunitáCanal 46 UHF, a Fundação também terios (a cabo) da Grande São Paulo e em ve outorgadas, no ano passado, mais uma mais de 240 pontos de abrangência da emissora UHF e duas emissoras de rádio. Rede NGT em todo o País.

fotos Rossana Lana/SMABC - 28.07.2010

Sérgio Nobre, porque só um presidente operário e democrático nos daria uma emissora em um País onde universidades, igrejas e políticos têm a sua TV há muito tempo. “Por que então não podíamos ter a nossa”, respondia Nobre. Os críticos ignoraram, porém, que, para entrar no ar, a TVT cumpriu todas as exigências. E foram muitas. Para dar conta dos critérios legais, em 1991, foi criada a Fundação Sociedade, Comunicação, Cultura e Trabalho. Presidida pelo metalúrgico na Mercedes-Benz e diretor do Sindicato Valter Sanches, a Fundação é dirigida por conselho de 40 membros eleitos em assembleia a cada três anos, que representam diver-

Arquivo Pessoal

Rossana Lana/SMABC - 04.08.2010

Na porta de fábrica e do mundo: “Nossa TV é uma porta de entrada para que o mundo do trabalho possa estar presente nas comunicações”, Sérgio Nobre

Programação Seu Jornal Notícias Do ABC e do mundo do trabalho. De segunda a sexta-feira, 19h

Elizeu Marques, ex-dirigente do Sindicato, com a câmera que Lula doou aos metalúrgicos em 1983 (à esquerda), é hoje gerente da TV dos trabalhadores

Memória e Contexto Fatos do passado refletidos na atual conjuntura. Segunda-feira, 19h30

De Lula a Lula, a história da batalha pela concessão Vicentinho (presidente do Sindicato). O ministro pediu um estudo técnico que foi feito, mas a concessão não saiu. Foram feitas mais quatro tentativas, seguidas de quatro negativas sem explicações convincentes. A concessão não saia por motivos políticos, pois os requisitos exigidos foram todos atendidos. Finalmente, em 13 de abril de 2005, Lula, o primeiro presidente operário do Brasil, assinou a concessão do canal UHF 46. Nascia a TVT. A outorga (publicação oficial da concessão) saiu em 2009.

Bom para Todos Programa de serviços voltado ao trabalhador. Quarta-feira, 19h30 Melhor e mais Justo Debates sobre a realidade brasileira. Quinta-feira, 19h30 02.09.2010

No início dos anos 1980, Lula então presidente do Sindicato viajou à Europa para divulgar o novo sindicalismo e ganhou uma câmera amadora. De volta ao Brasil, doou a filmadora aos metalúrgicos do ABC, que a partir daquela doação criariam a produtora que documentaria a história da categoria. Em 29 de setembro de 1987, delegação do Sindicato foi a Brasília pedir ao então ministro das Comunicações, Antônio Carlos Magalhães, a concessão de canais de rádio e TV. Integravam a delegação Lula, na época deputado federal, Jair Meneguelli (presidente da CUT) e

Clique e Ligue Novas tecnologias e inclusão digital. Terça-feira, 19h30

ABCD em Revista Revista eletrônica semanal. Sexta-feira, 19h30

Moisés Selerges, um dos diretores que produziu e transmitiu reportagens via celular para a TVT

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Sindicato dos Metalúrgicos do ABC | abril 2011

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está no ar

TV por assinatura em São Paulo – TV aberta canais 9 NET e 186 TVA

30.11.2010

No internet www.tvt.org.br

19.07.2010

Na ECO TV canais 9 e 96 da NET ABC

Menos de seis meses após ir ao ar, a TVT caminha de forma sólida para atingir as metas definidas pela direção e conquistar maior alcance e visibilidade. Ainda neste semestre, será publicada a autorização do Ministério das Comunicações para as transmissões a partir de um novo canal, cuja concessão já foi outorgada. A direção também trabalha para conseguir a concessão de retransmissores que garantirão a formação de uma rede, segundo Valter Sanches. Enquanto a parte técnica evolui, o conteúdo da TVT tem boa repercussão dentro e fora da categoria por conta da qualidade de sua programação, com destaque para o mundo do trabalho, dos sindicatos e movimentos sociais. A emissora atende, assim, a uma demanda reprimida desses grupos, que nunca tiveram espaço na mídia tradicional.

Valter Sanches, diretor da TVT

Rossana Lana/SMABC - 19.07.2010

30.11.2010

29.07.2010

Canal 46 Mogi das Cruzes e Alto Tietê

Bom Para Todos, apresentado por Marília Zanardo (à dir.), é um programa de serviços voltado ao trabalhador, que vai ao ar todas as quartas, às 19h30

Novo canal já saiu e vai ampliar alcance da TV dos Trabalhadores

Sintonize Canal 48 UHF ABC e Grande São Paulo

Rossana Lana/SMABC - 21.02.2011

19.07.2010

Carlos Ribeiro apresenta o Seu Jornal, que vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 19h às 19h30

19.07.2010

A TV dos Trabalhadores produz seis programas que totalizam 90 minutos diários de programação própria, um esforço que exige o trabalho de 112 profissionais especializados. O restante da programação vem de parcerias firmadas com a TV Brasil (pública) e as tevês Câmara e Senado, que fornecem noticiário nacional, reportagens especiais e documentários. Todos os programas estão disponíveis no site da emissora (www.tvt.org.br) O carro-chefe da TVT é um jornal ao vivo de 30 minutos – Seu Jornal - exibido de segunda a sexta-feira. Os demais programas falam de serviços, debates, documentários, cooperativismo, entrevistas e destaques do mundo do trabalho. Após a consolidação do projeto da emissora, a transmissão da TVT atingirá um quarto do território nacional, via cabo e por meio de canais comunitários, permitindo que a emissora seja vista em praticamente todo País.

Rossana Lana/SMABC - 17.08.2010

A TVT por dentro

Para colocar os seis programas da TVT no ar, é necessário o trabalho de 112 profissionais

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Sindicato dos Metalúrgicos do ABC | abril 2011

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CHÃo de fábrica

CSE é nosso exemplo para o Brasil

Nascida na Ford, primeira Comissão de Fábrica completa 30 anos

Representação no local de trabalho é uma das prioridades da direção porque garante autonomia e poder de fiscalização diária e permanente dentro da fábrica

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Roberto Parizotti – 01.02.1999

Roberto Parizotti – 25.04.1996

Trabalhadores na Ford na Campanha Salarial do ano passado e, ao lado, em passeata pela fábrica em 1981 e outros momentos históricos de luta organizados pela Comissão de Fábrica

Roberto Parizotti – 11.12.1986

Direção levou representantes de diferentes segmentos da sociedade para conhecer os CSEs, modelo vitorioso de representação no local de trabalho

arquivo SMABC - 1981

Raquel Camargo/SMABC - 28.05.2010

Rossana Lana/SMABC - 13.09.2010

uitos fatos lembram o ano de 1981: Zé Ramalho fazia sucesso com “A Terceira Lâmina”, a Rede Globo exibia Baila Comigo, Bob Marley morria, o papa João Paulo II era baleado em Roma e o mundo ficava perplexo diante da descoberta do primeiro caso de Aids. Em São Bernardo, a Volkswagen demitia 3.750 trabalhadores em um único dia. Sete meses mais tarde, a Mercedes-Benz faria o mesmo com 5.200 operários. Enquanto as empresas demitiam, a Justiça Militar condenava Lula e mais dez sindicalistas pela greve de 1980. O Sindicato, mesmo sob intervenção, lotava o Estádio da Vila Euclides nas assembléias da campanha salarial. A maioria dos 104 mil trabalhadores que compõem hoje a categoria ou nem era nascida ou ainda brincava nas ruas

Primeira representação sindical no local de trabalho conquistada pelos metalúrgicos, a Comissão de Fábrica dos Trabalhadores na Ford completa três décadas em julho. Divisor de águas no movimento sindical brasileiro, a Comissão mudou totalmente o cenário à época. Até 1981, o movimento sindical no País atuava fora das fábricas e, a partir da conquista dos trabalhadores na Ford, passou a agir e ter voz nos centros de produção de riqueza. A origem da Comissão está na contestação ao autoritarismo da empresa à época, na repressão das chefias e na falta de diálogo com os trabalhadores. Foi esse turbilhão que levou os metalúrgicos da Ford a buscarem a organização no local de trabalho. Eles estavam certos, pois passaram a ter um instrumento para representar suas reivindicações diante da fábrica. O relacionamento evoluiu até chegar a discussões e negociações de questões vitais para o emprego e qualidade de vida no trabalho, como investimentos e produção de novos modelos de veículos na planta de São Bernardo. De uma relação inicialmente conflituosa aos dias atuais, que tem o diálogo como marca da relação entre empresa e metalúrgicos, a representação só completa 30 anos porque os trabalhadores deram sustentação à sua organização em todos os momentos.

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CHÃo de fábrica

Rossana Lana/SMABC - 19.11.2010

quando todos esses fatos aconteceram. O que esses futuros diferentes realidades e necessidades dos trabalhadores. metalúrgicos não podiam imaginar era que 1981 também fiÉ aí que está o segredo da força do Sindicato: o capital e os caria marcado na história do movimento sindical brasileiro patrões sabem muito bem que, ao negociar com o CSE, estão pela conquista do mais precioso e revolucionário instrumenlidando com uma categoria muito bem organizada. to da categoria: a primeira Comissão de Fábrica reconhecida Unidade inédita pelos patrões. Conquistada após uma greve de cinco dias na Pela primeira vez desde que as eleições da direção são feitas a Ford, a Comissão deu voz e respeito ao trabalhador dentro da partir dos CSEs, a Volkswagen terá chapa única. Essa unidade é fábrica e perante o patrão. mais uma conquista histórica da direção que assumiu em 2008. Ao longo desses anos, a representação no local de trabalho A chapa única na Volks comprova que a forma de orgasempre foi uma das prioridades do Sindicato. Em 1999, houve nização por meio das comissões de fábrica e dos a primeira eleição da direção a partir dos Comitês CSEs é, de fato, democrática e permite a conviSindicais de Empresa (CSEs), também eleitos direvência das opiniões divergentes, que existem em tamente pelos trabalhadores sindicalizados de cada Chapa única todas as categorias, mas que nos metalúrgicos do fábrica. São os Comitês que garantem o respeito ABC têm espaço. aos direitos dos trabalhadores a partir da fábrica, na Volks “Foram mais de 20 anos de disputas internas além de autonomia e fiscalização diária e permadepois de (na VW), que em muitos momentos permitiram nente das condições de trabalho. 20 anos que a fábrica desrespeitasse a organização interna No último congresso do Sindicato, realizado dos trabalhadores. E quem perdeu com isso foem 2009, uma das prioridades definidas foi a mos nós. Esse passo é importantíssimo para iniciarmos uma consolidação do nosso modelo de representação no local de nova e proveitosa fase dentro da fábrica”, avalia Sérgio Notrabalho (os CSEs). Isso porque a conquista de um espaço bre, presidente do Sindicato. próprio dentro da fábrica garante ao trabalhador uma nova Para Wagner Santana, secretário-geral e trabalhador na identidade, mais protagonista e cidadã. Representa também Volks, “a valorização da organização no local de trabalho passa um canal de expressão e negociação permanente das demanpela unidade dos trabalhadores com respeito às diferenças”. das que democratizam as relações de trabalho e atendem as Para conquistar apoios, a direção debateu projeto com juristas, acadêmicos, parlamentares, dirigentes sindicais e empresários

Direção propõe lei que consolida comitês, acordos e negociações coletivas

Eleições realizadas em dois turnos terão 94 chapas e 288 candidatos este ano

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Sindicato dos Metalúrgicos do ABC | abril 2011

Luciano Vicioni/ABCDMAIOR - 10.03.2008

Se transformada em lei nacional, moderniza as relações de trabalho

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direção deu um passo decisivo para consolidar a organização sindical no local de trabalho e tornar o CSE reconhecido pela legislação ao elaborar proposta de projeto de lei que visa criar um novo instrumento para regular as relações de trabalho dentro da fábrica. Criada em 1940, a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), embora reconheça a existência de acordos e negociações e está em descompasso com a realidade do mundo do trabalho atual.

A proposta da direção, quando transformada em lei nacional, modernizará as relações de trabalho, ampliará as possibilidades de negociação coletiva e, ao mesmo tempo, garantirá segurança jurídica necessária para conquistar cada vez mais direitos ao trabalhador no chão da fábrica. Para construir um consenso em torno da proposta e conseguir que seja apresentada como um projeto de lei pelo Executivo (governo federal), a direção promove, desde o ano passado,

debates com especialistas em relações de trabalho, juristas, universidades, empresários e centrais sindicais. Os debates incluem a discussão de critérios bem definidos e claros para todas as partes envolvidas. Apenas sindicatos fortes e enraizados nos locais de trabalho, com representatividade e organização, poderão implementar essa negociação; assim como as empresas, que vão ter de comprovar o respeito a todos os direitos já garantidos pela CLT para poder participar. abril 2011 | Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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comissões

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Sindicato dos Metalúrgicos do ABC | abril 2011

Diário do Grande ABC - 1978

O 1º Congresso das Mulheres Metalúrgicas foi realizado em 1978, após Lula, que presidia o Sindicato, destacar a necessidade de as trabalhadoras participarem do movimento sindical. Começava a nascer ali a Comissão de Mulheres. “Vocês poderão desenvolver um extraordinário papel de incentivadoras da luta por melhores salários e condições de trabalho e por um País democrático e mais justo”, disse Lula. A realidade era difícil. O 1° Congresso mostrou que, para serem admitidas, as mulheres precisavam ser jovens e solteiras e que apenas 2% exerciam funções de chefia. O evento de 1978 aprovou plataforma de luta pela igualdade de remuneração, melhoria das condições de trabalho e pelo fim do trabalho noturno.

Raquel Camargo/SMABC - 26.03.2010

Metalúrgicas se reuniram 32 anos após a realização do 1° evento da categoria específico para mulheres, que representam 14% da base

32 anos de espera, mas valeu

Raquel Camargo/SMABC - 25.03.2010

Congresso revelou a força das mulheres Rossana Lana - 25.03.2010

Raquel Camargo/SMABC - 03.02.2010

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m março de 2010, as metalúrminina nas atividades no Sindicato e gicas do ABC fizeram mais do dentro da fábrica, como comprova o que comemorar o Dia Internaaumento das mulheres na direção da cional da Mulher. Durante três entidade e nas CIPAs. dias, a Sede do Sindicato receEm maio, será realizado o encontro beu 435 delegadas que acompanharam o anual de trabalho das metalúrgicas para 2º Congresso das Mulheres Metalúrgifazer um balanço das atividades do últicas do ABC. A abertura do evento teve mo ano e avaliar como estão sendo enas presenças de Dilma Rousseff (à época caminhadas as decisões do 2º Congresso. ministra) e do então presidente Lula, que Perfil passou seu recado: “É bobagem acreditar Estudo da Subseção Dieese do Sindique os homens vão lhes dar mais espaço. cato mostra que as mulheres são 14% Não se trata de fazer uma guerra de gêneda base, ganham mais que as mulheres ro, daquela luta feminista dos anos 1970 da categoria no restante do Brasil, mas de mulheres contra homens, mas a luta recebem, em média, 33% menos que por igualdade”. os homens, apesar de terem mais escoRecado presidencial recebido, as metalaridade – 68% cursam ou concluíram o lúrgicas fizeram três dias de conferências, ensino superior e 17% tem debates e oficinas temáticas. ensino médio completo. Ao final do evento, aproA grande porcentagem de varam uma carta-comproMetalúrgicas mulheres na base faz quesmisso pela valorização do do ABC têm tionar por que somente 32 trabalho e salário das muanos depois do 1° Congreslheres, por maior participaencontro ção feminina nas instâncias marcado em so aconteceu a segunda edição. Até Lula, no evento de de representação sindical e maio 2010, cobrou a demora e na categoria e pela realizaparabenizou Sérgio Nobre ção de encontros anuais de pela realização. “Na década de 1980, a trabalhadoras. prioridade era brigar pela democratizaPara garantir a participação de centeção. Nos anos 1990, vivemos muito denas de metalúrgicas no 2° Congresso, semprego, então tínhamos de brigar peas diretoras do Sindicato tiveram muilo trabalho. Somente nos últimos anos, to trabalho. Mas foram as visitas às fáa direção do Sindicato pode focar neste bricas que renderam mais visibilidade assunto, mas nesse tempo não ficamos à Comissão de Mulheres Metalúrgicas parados”, explicou Sérgio Nobre. e garantiram a efetiva participação fe-

Mais de 400 delegadas participaram do 2° Congresso das Mulheres Metalúrgicas do ABC, realizado em março de 2010, na sede do Sindicato

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comissões

Na luta contra o preconceito

Metalúrgica conquista mais tempo com os filhos

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Sindicato dos Metalúrgicos do ABC | abril 2011

Raquel Camargo/SMABC - 27.04.2010

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s delegadas do 2° Congresso puderam participar das atividades despreocupadas. A direção montou uma creche e garantiu toda a assistência necessária às crianças para que suas mães pudessem ficar focadas nos debates. Essa, porém, não é a realidade de boa parte das trabalhadoras, que não tem onde deixar os filhos para trabalhar. Por isso, logo no início do 2º Congresso, a direção do Sindicato lançou a campanha Dá licença, queremos 180, para exigir a ampliação da licença maternidade para seis meses. Era uma antiga reivindicação do movimento social, que nos últimos anos entrou para o debate, depois da pressão das entidades femininas e sindicais. Enquanto a campanha era divulgada na base dos Metalúrgicos do ABC, a comissão de mulheres e o coletivo de mulheres da CUT apresentavam pauta com reivindicações específicas aos sindicatos patronais no debate para renovação da Convenção Coletiva. A cláusula da licença de 180 dias foi incluída na Convenção Coletiva dos setores patronais de Fundição e de Autopeças. Esse avanço, mais os acordos assinados com as empresas garantem que, atualmente, 31% das mulheres da categoria tenham direito à conquista. A luta continua e vai voltar à pauta da Campanha Salarial 2011. Também integra as reivindicações da CUT para aprovação de projeto nesse sentido na Câmara dos Deputados.

Ela teve 180 dias de licença Iasmin e a mãe, a metalúrgica Fernanda de Paula Zanutto, analista de RH na Toledo, foram as primeiras na categoria a terem direito à licença maternidade de 180 dias. “A gente vê a vantagem (dos 180 dias) no desenvolvimento da criança”, comenta Fernanda. “Até agora ela não sabe o que é gripe”, emenda. Yasmin completou um ano agora em março.

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Comissão de Igualdade RaDiadema, o curso já existe há dez anos. cial do Sindicato abriu um Por meio da Comissão de Igualdade novo espaço para a apresenRacial, a direção esteve presente em todas tação de debates sobre temas as atividades relativas à questão afro, coatuais e da música negra mo a 2ª Conferência da Igualdade Racial com as Rodas de Conversa, realizadas na de São Bernardo e a audiência pública sosede. Essa foi apenas uma das novidades bre política de cotas realizada no Supreimplementadas pela direção. mo Tribunal Federal, entre outros. Nas Rodas foram abordados assunA comissão lançou o vídeo Valeu, tos como igualdade social Zumbi, em 2009, com as na educação, estatuto da atividades artísticas e culigualdade racial, desafios turais das comemorações Direção da comunicação, juventuDia da Consciência Negra, garantiu de negra, ações afirmativas, e também promoveu o Baiimportância do dia da mule da Kizomba, alegria da núcleo do lher negra latino-americaEducafro em raça. na e caribenha, o preconEm 2010, a Comissão foi São Bernardo ceito de ter preconceito, uma das idealizadoras do história do samba e o negro prêmio Carolina de Jesus, e a diversidade cultural no Brasil. destinado às mulheres negras do ABC. Na educação, a comissão assinou Também foram realizadas a exposição mais um convênio com o Educafro de fotos Arte e Cultura Negra, sobre as para instalação de um núcleo em São comunidades negras do Brasil, e a exBernardo de ensino pré-vestibular e posição João Cândido, sobre o líder da preparação para concurso público. Em Revolta das Chibatas, no Rio.

Raquel Camargo/SMABC - 16.06.2009

Trabalhadoras e trabalhadores foram às ruas exigir mais tempo de licença maternidade e conseguiram

Raquel Camargo/SMABC - 07.08.2009

rossana Lana/SMABC - 19.07.2010

Debates, dança, exposição de arte da cultura afro marcaram as atividades da Comissão de Igualdade Racial do Sindicato

De olho no futuro, Comissão também realizou atividades voltadas às crianças

abril 2011 | Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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comissões

Acessibilidade é direito de todos

Juventude ampliou participação

Sindicato saiu na frente e puxou a adesão, em 2010, de mais de 40 entidades, entre elas prefeituras, câmaras municipais e empresas, à campanha de acessibilidade para a eliminação das barreiras que impedem as pessoas com deficiência de ter livre acesso nos espaços públicos. As adesões são resultado da luta das entidades e instâncias do ABC que defendem os direitos das pessoas com deficiência. Entre elas, está a Comissão de Trabalhadores com Deficiência do Sindicato, que tem como sua principal bandeira fazer valer a cota de trabalhadores com deficiência no quadro de funcionários das empresas. Para tanto, a Comissão promoveu encontros e debates, como o realizado em dezembro do ano passado com a presença do então ministro dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi. Eventos e assembleias da categoria contam com o trabalho de um intérprete de Libras (linguagem de sinais), ação que aumentou a participação dos trabalhadores com deficiência auditiva nas decisões da base.

Comissão de Jovens conseguiu aumentar e qualificar a participação da juventude nas atividades do Sindicato. Ação que também garantiu um trabalho mais organizado do segmento nas instâncias da CUT e ajudou na definição das políticas específicas para jovens. Hoje, as principais lutas da Comissão de Jovens são a redução da jornada para 40 horas semanais, o fim da rotatividade, salário igual para função igual e também trabalho decente, com objetivos como o de acabar com o trabalho infantil. Organizados em toda a base, mas principalmente na Volkswagen e na Mercedes-Benz, os jovens metalúrgicos do Sindicato promovem reuniões para discutir problemas específicos e encaminhar soluções que repercutem em toda a base. A Comissão esteve presente, por exemplo, nos debates sobre o jovem e o mercado de trabalho, desen-

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Sindicato dos Metalúrgicos do ABC | abril 2011

Rossana Lana/SMABC - 26.09.2010

Mais de 30% dos metalúrgicos do ABC têm até 29 anos de idade

fotos RRossana Lana/SMABC - 02.12.2010

fotos Rossana Lana/SMABC - 09.09.2010

Raquel Camargo/SMABC - 13.06.2010

Palestra de Paulo Vannuchi

Campeonato de game é sucesso de público

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Wellington Damasceno: trabalho da Comissão de Jovens aumentou a participação nas atividades sindicais

volvendo de atividades para além dos muros das empresas, como mais qualidade e eficiência no transporte público, com tarifas menores; escola pública estadual de qualidade, mais equipamentos públicos na periferia e centros da juventude, para estimular a cultura e o lazer.

O campeonato de games realizado pela Comissão de Jovens do Sindicato é um dos eventos mais esperados e de maior repercussão na categoria. Jovens e não tão jovens assim lotam a sede para participar, assistir ou simplesmente torcer na competição que já ficou conhecida fora da base. O sucesso do torneio levou a direção a iniciar estudos para inseri-lo no circuito nacional e até internacional. Um dos objetivos da direção ao promover esse tipo de evento é proporcionar a integração da categoria também no esporte, lazer e cultura. Os dois torneios de games realizados até agora reuniram milhares de pessoas durante vários finais de semana. Somente para o segundo campeonato, realizado no ano passado, foram feitas mais de duas mil inscrições. Todos os finalistas ganharam medalhas e troféus, um dos primeiros colocados recebeu um Play Station III. Durante as finais, foram sorteadas quatro bicicletas.

abril 2011 | Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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TRABALHO E CIDADANIA

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Sindicato dos Metalúrgicos do ABC | abril 2011

23.11.2010

03.08.2010

Metalúrgicos têm um dia por ano abonado pela empresa para participar do Programa Trabalho e Cidadania

21.09.2010

10.08.2010

09.11.2010

Programa é conquista inédita garantida pela direção na campanha salarial de 2009. Escola Profissionalizante em sede própria será mais um sonho concretizado

fotos Rossana Lana/SMABC - 24.08.2010

Um dia de formação no Sindicato

direção do Sindicato atendeu antiga reivindicação da base e deu mais um passo histórico para fortalecer a representação no local de trabalho. Em 28 de junho de 2010, na sede do Sindicato, diretores da Mercedes-Benz confirmaram a primeira adesão de uma empresa da base ao Programa Trabalho e Cidadania. Conquistado na campanha de 2009, o acordo inédito no Brasil libera trabalhadores do serviço para dedicar, uma vez por ano, um dia inteiro ao estudo e debate de assuntos inteiramente relacionados à sua formação. O dia é abonado pela empresa. Desde aquela assinatura até março de 2011, foram realizadas mais de trinta edições do programa. Nele, 750 trabalhadores compreenderam melhor o que é representação sindical e como ocorre a relação com as empresas; negociação como política sindical; Convenção Coletiva; o papel da representação sindical nesse processo, além do trabalho das Comissões de Cidadania (Jovens, Mulheres, Igualdade Racial e Trabalhadores com Deficiência). Neste ano, 2.500 trabalhadores participação do programa. Quando estiver totalmente implementado, formará 650 metalúrgicos por dia. Para tanto, a direção vai construir dentro do Clube de Campo um espaço exclusivo de aulas. No curso, o metalúrgico, que está cada vez mais escolarizado (quadro na página 41), passa a ter noção maior da atuação de seus representantes na fábrica e a compreender melhor a importância de manter diálogo permanente com seu legítimo interlocutor: o Sindicato. Além de ampliar e adquirir novos conhecimentos, os trabalhadores também conhecem a trajetória desse Sindicato que marcou a história do ABC e do Brasil nas últimas três décadas. Aprendizado importante para uma categoria na maioria jovem (61% têm até 39 anos) e que, por isso, não teve a oportunidade de ver como as relações de trabalho mudaram para melhor nesses 30 anos. abril 2011 | Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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TRABALHO E CIDADANIA

Direção compra prédio da Cacique para construir escola

O

Sindicato vai construir um Centro de Educação Profissional para a categoria no local onde funcionava a escola Cacique, na rua Marechal Deodoro. O imóvel foi arrematado em leilão em 2010. Este ano serão feitos os projetos arquitetônico e pedagógico. Em 2012, começarão as obras, com previsão de término para 2013.

Lugar de trabalhador é na sala de aula

2011

2012

n Começam as obras de construção da Escola Técnica

2013 n Inauguração da

Escola Técnica do Sindicato em parceria com Senai e universidades

fotos Rossana Lana/SMABC - 23.11.2010

O objetivo da direção é oferecer novas possibilidades de qualificação profissional aos trabalhadores da categoria e criar condições para que os metalúrgicos possam desenvolver uma carreira. O Sindicato firmará parceria com instituições reconhecidas na área, como o Senai, e universidades do ABC. Também este ano, a direção vai colocar em funcionamento o Instituto de Relações do Trabalho (IRT), que realizará estudos e pesquisas em cooperação com empresas e universidades.

Rossana Lana/SMABC - 11.02.2011

n 2.500 trabalhadores serão diplomados pelo curso de Formação e Cidadania n Inauguração do IRT (Instituto de Relações do Trabalho) n Início do projeto pedagógico e arquitetônico da Escola Técnica do Sindicato

Última turma de 2010 do Programa Trabalho e Cidadania. Em 2011, cursos formarão 2.500 trabalhadores, cinco vezes mais que no ano passado

Fonte: Departamento de Formação do SMABC

Cresce a escolaridade dos metalúrgicos do ABC

40

Sindicato dos Metalúrgicos do ABC | abril 2011

Foi meu primeiro contato com o Sindicato. Adorei. Tem muita gente que critica, mas na hora de participar se recusa. Curti muito conhecer as lutas e tudo o mais”. Bruna Levitzchi Natal, montadora na Mercedes-Benz

fotos Rossana Lana/SMABC - 03.08.2010

“Até pouco tempo atrás, eu trabalhava em uma empresa de segurança e tinha uma impressão distorcida do que era sindicato. Achava que era só desordem e greve. Agora vejo que não é isso”. Douglas Soares Espírito Santo, prensista na Ford

0% 0,12%

Superior incompleto

1996 8%

Superior completo

3,8% 6,1% 13,5%

Médio incompleto

48,1%

9% 8%

Fundamental completo

19,1% 12,4%

Fundamental incompleto Analfabeto

2008

14,6%

Médio completo

24.08.2010

“O curso foi bate papo agradável para conhecer melhor o Sindicato. Conhecer melhor, para cobrar mais, também. Às vezes, as pessoas não cobram por não conhecerem seus direitos”. Claudio Anerão, analista financeiro na Mercedes-Benz

20.07.2010

20.07.2010

Mestrado e/ou doutorado

45,7%

10,5% 0,9% 0,2%

Fonte: MTE/Rais. Elaboração: Subseção Dieese/Sindicato dos Metalúrgicos do ABC abril 2011 | Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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economia solidária

União e solidariedade por trabalho e renda

Metalúrgicos na Uniforja transformaram uma empresa quebrada em fonte de trabalho e renda para 420 trabalhadores

Economia baseada na ação solidária dos trabalhadores tem apoio da direção do Sindicato e já garante trabalho a 45 mil pessoas no Brasil segmento. A economia solidária gera trabalho para 45 mil pessoas nas áreas industrial, agrícola, de serviços, de reciclagem, comércio e artesanato e só em 2009 faturaram R$ 1,2 bilhão A qualidade, porém, não está nos números e, sim, no crescimento orgânico do movimento, aquele em que as pessoas se fortalecem na cultura e na ideia de uma economia gerada pela ação coletiva e não predatória, que prejudica a natureza e o homem. A luta da Unisol para a expansão do sistema está ainda em cobrar e apontar políticas públicas, conquistar crédito e uma legislação democrática para o setor, reforçar e dar continuidade às ações do governo federal e ligar os empreendimentos em rede. Na economia solidária, o trabalhador tem poder de gestão sobre o seu trabalho.

fotos Raquel Camargo/smabc

U

ma nova economia nasce no Brasil sob a marca da união e solidariedade dos trabalhadores. Nela, o objetivo final não é o lucro e sim o desenvolvimento humano e social. É a economia solidária, movimento que nasceu na Europa, no século 18, e que está na raiz do surgimento do movimento sindical e no qual o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC faz uma grande aposta por ser alternativa viável para geração de trabalho e renda. Com o apoio do Sindicato, há sete anos surgiu a Unisol Brasil, entidade de representação de empreendimentos da economia solidária. Hoje, ela reúne 800 empreendimentos desse tipo. Há três anos havia pouco mais de 100, o que revela o crescimento contínuo do

Uniforja prova que trabalhador sabe, sim, administrar

06.07.2009

Unisol Brasil vai dobrar empreendimentos

42

Sindicato dos Metalúrgicos do ABC | abril 2011

Com 600 delegados e representantes de entidades do mundo todo, a Unisol Brasil realizou seu 2° Congresso Nacional há dois anos em São Bernardo do Campo (foto), de olho na expansão do setor e no fortalecimento da sua organização e dos empreendimentos que representa. O grande desafio é potencializar a Unisol Brasil como organismo de representação e integração dos trabalhadores nos vários ramos de atividade. Uma das metas definidas é atingir todos os Estados brasileiros e conseguir totalizar 1.500 filiados até 2012, quando acontecerá o próximo congresso.

O salário atrasou, o Fundo de Garantia não foi depositado, o patrão sumiu e a fábrica quebrou. O tempo era de recessão no governo FHC. Foi com essa realidade que os trabalhadores na antiga Conforja, em Diadema, se depararam há 14 anos. A empresa chegou a ter 800 trabalhadores. Em vez de entregar os pontos e esperar uma decisão judicial para reaver seus direitos, resolveram assumir a fábrica. Primeiro, tiveram de organizar os próprios metalúrgicos para enfrentar

o desafio. Depois, veio o enfrentamento de uma dura batalha judicial e outra para conseguir financiamento. O resultado foi positivo e hoje o empreendimento supera os R$ 250 milhões em faturamento e emprega 170 metalúrgicos, além dos 250 que são sócios cooperados. A Uniforja configura um dos casos mais bem acabados da capacidade que o trabalhador tem em tocar seu próprio negócio e sob a bandeira do cooperativismo. É dela também a semente na qual nasceu a Unisol.

Exemplo recente na categoria vem da Unimáquinas, empreendimento que um grupo de antigos funcionários da falida fábrica de máquinas Lawes, de São Bernardo, inaugurou no início de 2011. Uniwídea, do setor de ferramentas em Mauá, e Uniferco de equipamentos para iluminação e instalações elétricas, em Diadema, são outros casos de sucesso dos metalúrgicos que assumiram fábricas quebradas. Do total de empreendimentos da Unisol Brasil, 25 têm essa mesma origem. abril 2011 | Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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Cultura e organização

Categoria merece festa

Festa de 50 anos na Estância Alto da Serra

Direção criou agenda que garantiu espaço para a confraternização dos trabalhadores e seus familiares

E

Raquel Camargo/SMABC - 30.05.2009

ventos de massa que reuniram milhares de trabalhadores e seus familiares voltaram à agenda do Sindicato, desde 2008, por decisão da direção. Todas as atividades privilegiaram a cultura, o lazer e as manifestações e tradições populares. A categoria comemorou a posse da diretoria, os 50 anos de fundação do Sindicato, os 30 anos da greve da Scania, a entrega do prêmio João Ferrador, as jornadas cidadãs, os atos de 1º de Maio, os encontros das comissões temáticas, entre outros. Além de garantir espaço à confraternização da categoria, esses eventos, segundo a direção, têm um peso importante na formação dos trabalhadores. É por isso que uma extensa agenda de ações e atividades está sendo organizada para os próximos três anos. Dos já tradicionais campeonatos de videogame e festa junina ao concurso de fotografia e festival de música que virão por aí, os metalúrgicos do ABC podem esperar por um Sindicato repleto de novidades.

Roberto Parizotti - 02.08.2008

Posse e 50 anos do Sindicato

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Sindicato dos Metalúrgicos do ABC | abril 2011

Duas comemorações são destaques neste balanço de atividades organizadas pela direção. A primeira foi a festa da posse da lacinia atual diretoria, em agosto de 2008, no Clube Phasellus libero(foto luctusànunc da Ford esquerda), que reuniu mais de 20 mil pespretium soas,donec entre elas o ex-presidente Lula, além de inúmeras tincidunt purus

autoridades regionais e nacionais. O destaque especial, no entanto, foi o metalúrgico e seus familiares, que puderam passar o dia no clube e ainda conferir atrações musicais de grupos locais e um grande show da banda Ultraje a Rigor. No ano seguinte, a celebração dos 50 anos do Sindicato foi marcada como a segunda grande comemoração do pe-

ríodo. Começou em 12 maio, com um ato político com a presença do presidente Lula, da ministra Dilma Rousseff e de centenas de militantes e dirigentes. O ponto forte foi a festa na Estância Alto da Serra, quando uma multidão acompanhou shows de bandas e artistas regionais e as apresentações do Fundo de Quintal e de Jorge Benjor.

abril 2011 | Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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Cultura e organização

Raquel Camargo/SMABC - 12.05.2010

Rossana Lana/smabc - 18.09.2009

Guido Mântega

Bernardo Kucinski

João Ferrador de Cidadania 2010.

História

O personagem João Ferrador, sempre indignado contra as injustiças, foi criado em 1972 pelo cartunista Hélio Vargas e redesenhado pelo ilustrador Laerte. Era porta-voz da categoria por meio de seus bilhetes e sua estampa em campanhas, cartazes, camisetas. A coluna do João Ferrador apareceu pela primeira vez na Tribuna Metalúrgica em março de 1972.

Raquel Camargo/SMABC - 15.09.2008

Em novembro tem Congresso

A 2ª edição da Jornada teve o resultado mais importante até agora: a criação do Fórum Social

Jornada Cidadã por uma vida melhor

16.11.2010

foi resgatar o personagem para dar forma ao prêmio. A direção ampliou a proposta no ano passado e incorporou a premiação ao calendário de comemoração do aniversário do Sindicato, 12 de maio. Em 2010, a escolha dos homenageados teve a participação da categoria. Uma lista com nomes e entidades foi apresentada e os metalúrgicos puderam escolher seus preferidos. O jornalista Bernardo Kucinski e o Dieese foram os ganhadores do Prêmio

A 4ª edição da Jornada foi realizada no ano passado em Diadema

Um congresso de trabalhadores é a principal instância de decisão de uma categoria profissional organizada. Assim tem sido com os metalúrgicos do ABC, onde nada é feito sem que uma definição prévia seja debatida com os trabalhadores em plenárias, assembleias e congressos. O 6º Congresso (foto) realizado em maio de 2009 provou a sua importância ao apontar várias alternativas que contribuíram para a superação da crise internacional. Em novembro próximo, será realizado o 7° Congresso que vai listar as prioridades que a próxima direção assumirá até o final do seu mandato, em 2014.

16.11.2010

J

oão Ferrador, personagem símbolo dos metalúrgicos do ABC, também virou título de prêmio para homenagear pessoas e entidades que se destacam na defesa dos interesses dos trabalhadores e promovam ações para tornar o País mais justo e democrático. A idéia surgiu em 2009, quando a direção decidiu homenagear o ministro da Fazenda, Guido Mantega, por suas ações para reduzir os efeitos da crise econômica no País. A alternativa escolhida

Com apoio do Sindicato, Jornada Cidadã já teve quatro edições

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Sindicato dos Metalúrgicos do ABC | abril 2011

fotos Luciano Vicioni/abcdmaior - 15.11.2008

Prêmio João Ferrador presta homenagem a quem melhora o Brasil

O

rganizada pelo jornal ABCD Maior e o Fórum Social do ABC, a Jornada Cidadã é resultado da iniciativa e apoio do Sindicato para unir Poder Público e movimentos sindical e social com objetivo de organizar e discutir propostas que melhorem a qualidade de vida na Região. O evento foi pensado para encaminhar aos órgãos governamentais os anseios e necessidades da população e dos trabalhadores. É aí que entra a direção do Sindicato: para empunhar suas bandeiras, que trazem como preocupação central a qualidade de vida do trabalhador também fora da fábrica. O princípio que destaca o Sindicato Cidadão. A Região do ABC tem tradição em lutas democráticas e a Jornada é um elo entre os vários setores que comandam essas batalhas. O seu compromisso é ser a voz das organizações sociais, para tornar a sociedade mais justa. Foram realizadas quatro edições da Jornada Cidadã – São Bernardo (2007), Santo André (2008), Mauá (2009) e Diadema, no ano passado. Da segunda, saiu o resultado mais importante até agora: a criação do Fórum Social, espaço de debates que coloca a jornada em movimento e forma a pauta de reivindicações e propostas da sociedade. abril 2011 | Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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Cultura e organização

Raquel Camargo/SMABC – 01.05.2008

1º de Maio de 2008

Direção devolve ao Paço de São Bernardo lugar de honra no Dia do Trabalhador

Lula volta ao Paço de São Bernardo

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Sindicato dos Metalúrgicos do ABC | abril 2011

Raquel Camargo/SMABC – 01.05.2010

Ricardo Stuckert/PR – 01.05.2010

A

partir de 2008, após sete anos, o Dia do Trabalhador voltou a ser comemorado no Paço Municipal de São Bernardo, palco histórico das lutas e conquistas dos Metalúrgicos do ABC. Foi justamente o sentido histórico do 1° de Maio e do Paço que motivaram a direção a trazer de volta para São Bernardo a realização do maior evento público da Região e de maior relevância histórica e política da luta dos trabalhadores. No ano passado, a manifestação foi acompanhada por 90 mil pessoas e contou com o retorno de Lula ao Paço Municipal de São Bernardo. O ato é marcado por shows e festa, mas a estrela do dia é o trabalhador.

Cerca de 90 mil pessoas lotaram o Paço Municipal de São Bernardo, em 2010, em uma das maiores comemorações do Dia do Trabalhador

abril 2011 | Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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Cultura e organização

Leitura “pegou” e mudou rotina

Valderez no ponto de leitura da Legas Metal

Festa Junina do Sindicato em Diadema

Raquel Camargo/SMABC - 26.06.2009

As estantes recheadas de livros dentro da fábrica mudaram a rotina dos trabalhadores. “O programa pegou”, afirma Valderez Dias Amorim, membro do CSE na Legas Metal. “Pergunto sempre aos trabalhadores se eles retirariam livros em outra biblioteca caso não tivesse ponto de leitura aqui e a resposta é não”, conta o metalúrgico. Ele confirma, assim, o quanto a ação foi importante para estimular e facilitar o acesso dos trabalhadores à literatura. Na IGP, que teve o primeiro ponto de leitura inaugurado na base, a média diária de acesso subiu de 20 metalúrgicos por dia para 33.

Vem aí o festival de música

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Sindicato dos Metalúrgicos do ABC | abril 2011

M Sérgio Nobre e David Carvalho(à dir.), coordenador da Regional Diadema, inauguram ponto de leitura em fábrica do Grupo Papaiz, uma das dez empresas de Diadema que aderiram ao programa. Além de 650 livros, DVDs e enciclopédias, o espaço tem computador e um agente de leitura especialmente treinado para orientar os trabalhadores sobre o acervo

etalúrgicos de dez fábricas de Diadema deixaram de conviver apenas com máquinas e ferramentas desde o ano passado. Agora, eles têm a companhia de autores clássicos da literatura como Lima Barreto, José de Alencar, Rachel de Queiros, Guimarães Rosa, entre outros. Aproveitar os espaços das fábricas para incentivar no trabalhador o hábito de ler é o objetivo do Programa Leitura nas Fábricas. Desde junho de 2010, a ação é realizada em Diadema, em convênio inédito entre o Sindicato,

a Prefeitura e o Ministério da Cultura. O programa consiste na instalação de minibibliotecas e espaço de leitura nos locais de trabalho, que oferecem acesso a acervo com mais de 650 títulos de literatura brasileira, estrangeira, infantil e juvenil, além de DVDs, livros didáticos, enciclopédias. Os livros podem ser emprestados e levados para casa. Mais de 20 mil pessoas entre trabalhadores e seus familiares já são beneficiadas pelos pontos de leitura nas fábricas. Este ano, serão abertas mais 25 bibliotecas em empresas de São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.

Lucinha veio conhecer o Programa exposto na sede

15.12.2010

O mundo dos livros dentro das fábricas para os trabalhadores

28.09.2010

Garantir acesso à cultura, esportes e lazer também é prioridade da direção. Além de promover conhecimento e integrar a categoria, essas atividades preservam tradições. Para este ano, a direção programou uma série de eventos culturais. Serão realizados o Festival de Música e concurso de fotografia para a categoria, além de exposições, cinema no Sindicato, torneios esportivos e oficinas infantis. Também vem por aí o Circo Paratodos. Além das novidades, a tradicional festa junina na Regional Diadema segue firme na agenda (foto), assim como os bailes quinzenais da Associação dos Metalúrgicos Aposentados, exposições temáticas em homenagem às lutas sociais e aulas de música na Regional Diadema e na Sede. O Sindicato também passou a prestigiar festas de escolas de samba. A União Cultural das Escolas de Samba escolheu sua corte na Sede do Sindicato em janeiro deste ano. No final do ano passado, serviu de cenário para o batizado da Escola de Samba Renascente de São Bernardo. Batismo é o ritual de promoção da escola ao grupo especial da cidade.

28.07.2010

fotos Rossana Lana/SMABC - 30.07.2010

Rossana Lana/SMABC - 06.02.2011

Festa do Carnaval na sede em São Bernardo

abril 2011 | Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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Sindicato cidadão

Dilma tem o apoio dos metalúrgicos Direção trabalhou pela eleição de Dilma porque ela vai ampliar e dar continuidade ao projeto político de Lula, que mudou o Brasil e melhorou a vida da classe trabalhadora

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Sindicato dos Metalúrgicos do ABC | abril 2011

Rossana Lana/SMABC - 27.10.10

Raquel Camargo/SMABC - 10.04.2010

Dilma na sede do sindicato: último ato da campanha no primeiro turno

Na sede, centrais declaram apoio à petista, que fez campanha na Mercedes, com Lula e Sérgio

Rossana Lana/SMABC - 23.08.2010

Roberto Stuckert Filho – 02.10.2010

O

Sindicato dos Metalúrgicos sou de 200 reais, em 2002, para 510 do ABC tem lado. É o lareais, em 2010, um crescimento real do dos trabalhadores e do de 67,4% (descontada a inflação). O projeto político que nos salário médio de admissão dos trabaúltimos oito anos garantiu lhadores subiu quase três vezes nesse ao Brasil crescer com distribuição de período e os aumentos superaram a renda e justiça social. Esse é o papel inflação. de um sindicato cidadão, que pensa e O governo Lula investiu no futuro age para garantir à sua base emprego dos jovens. Construiu 14 universidade qualidade, melhores salários e condes públicas e só o ProUni (Programa dições de trabalho dentro da fábrica, Universidade para Todos) permitiu a mas que também luta para que, fora da 748 mil estudantes o acesso à universiempresa, o trabalhador tenha direito à dade. Também investiu em ensino técsaúde, educação, moradia, nico e profissionalizante: transporte, cultura de quade 140 escolas, em 2002, lidade. o Brasil passou. Resultado: A direção apoiou o proje500 mil novas vagas. to político que elegeu DilAs políticas sociais, por milhões de ma Rousseff a primeira presua vez, garantiram a reduempregos sidenta do Brasil, em 2010, ção da miséria e da pobreza formais em por ter certeza de que ela e em programas que benefisua equipe ampliarão e daciaram milhões de brasileioito anos rão continuidade às realizaros, como o Bolsa Família e ções dos dois governos do o Luz Para Todos. Também ex-metalúrgico Lula, o primeiro presihouve investimentos nunca antes feidente operário deste País. tos em infraestrutura e moradia, com Nos últimos oito anos, a vida da o PAC (Programa de Aceleração do classe trabalhadora mudou para meCrescimento) e o Minha Casam Milhor. De 2003, quando Lula assumiu nha Vida. o primeiro mandato, até o fim do ano Esse projeto político vitorioso seguipassado, foram criados quase 15 mirá com Dilma, que conquistou 56 milhões de empregos com carteira aslhões de votos (12 milhões a mais que sinada – nos oito anos de Fernando seu adversário) e chegou à Presidência Henrique Cardoso, foram 5 milhões. como herdeira de um Brasil melhor O governo Lula criou política de vatambém com o apoio dos Metalúrgilorização do salário mínimo, que pascos do ABC.

15

abril 2011 | Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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Wilson Magão - 10.07.2008

fotos Rossana Lana/SMABC - 04.09.2010

Sindicato cidadão

Do chão de fábrica na Volkswagen a ministro de Lula por duas vezes, Marinho agora comanda a Prefeitura de São Bernardo Com apoio da direção, candidatos foram às fábricas de São Bernardo, em 2010, fazer campanha eleitoral. Vicentinho se reelegeu para o 3° mandato consecutivo de deputado federal e Grana, que concorreu pela primeira vez à Assembléia de São Paulo, foi o deputado estadual petista mais votado no ABC

Marinho, Grana e Vicentinho ocupam espaços de decisão

10.09.2010

O

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Sindicato dos Metalúrgicos do ABC | abril 2011

resultado das eleições municipais de 2008 deu início a uma nova e produtiva era para São Bernardo do Campo. Luiz Marinho, ex-trabalhador na Volkswagen, ex-presidente do Sindicato e da CUT e duas vezes ministro de Lula foi eleito prefeito com 237,6 mil votos. Vitória que colocou um ponto final no poder de um grupo político que governou a cidade apenas para uma minoria durante mais de uma década. Nas eleições do ano passado, foi a vez de Carlos Grana, também ex-dirigente do Sindicato e presidente da CNM-CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos) conquistar uma vaga na Assembléia Legislativa de São Paulo. Com 126,7 mil votos, Grana foi o candidato

petista mais votado da Região do ABC. Vicentinho têm em comum a confianTambém ex-presidente do Sindicato e ça da categoria e o apoio que recebeda CUT, Vicentinho foi ram às suas candidaturas e reeleito em 2010 para o a seus mandatos. terceiro mandato conseOs três representam paRepresentantes ra os metalúrgicos um imcutivo de deputado federal (141 mil votos) e vai pasportante canal de diálogo, da classe sar mais quatro anos no reivindicação e encamitrabalhadora, Congresso Nacional, em nhamento de propostas prefeito e Brasília, onde sua atuação aos Poderes municipal, esparlamentares está voltada às causas e lutadual e federal. Porque, a petistas tas da classe trabalhadora, exemplo dos mais de 104 tiveram assim como fará Grana em mil trabalhadores na base apoio da São Paulo. do Sindicato dos MetaAlém do fato de serem lúrgicos do ABC, Maricategoria metalúrgicos do ABC, nho, Vicentinho e Grana terem trabalhado no conhecem e entendem chão de fábrica e feito parte do mesmo as necessidades da classe trabalhadora sindicato de Lula, Marinho, Grana e brasileira. abril 2011 | Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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Rossana Lana/SMABC - 02.02.2011

Sindicato cidadão

Trabalhadores na Scania entregam doações

Marinho, ao lado da hoje ministra Miriam Belchior, vistoria Conjunto Três Marias: 5,1 mil moradias até 2012

Raquel Toth/pmsbc - 05.07.2010

marcos lu/pmd - 25.09.2009

Em defesa da saúde

Direção apoia prefeitos que priorizam a população

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Sindicato dos Metalúrgicos do ABC | abril 2011

Evandro Oliveira/PMM - 08.12.2010

S

ão Bernardo do Campo está em “reconstrução” desde que o prefeito Luiz Marinho assumiu o município em janeiro de 2009. O prefeito investiu em obras e ações de grande porte na habitação, saúde, educação, infraestrutura urbana, transporte que podem ser vistas em todos os bairros da cidade, principalmente na periferia, que ficou abandonada durante mais de uma década pelos governos anteriores. Novas moradias, escolas, serviços de saúde, ambulâncias e ônibus urbanos foram entregues à população pela prefeitura nesses dois anos de mandato. A gestão Marinho também investiu maciçamente em cultura, lazer e programas sociais e de geração de emprego e renda. Somente em 2010, por exemplo, o prefeito entregou 324 moradias nos conjuntos Três Marias

Em Mauá, Oswaldo Dias investiu em serviços essenciais, escolas e renovação da frota de ônibus

Em Diadema, prefeito Mario Reali priorizou a educação, mas também construiu UBSs e moradias

para famílias que viviam em áreas de risco e alojamentos. Até o fim do mandato, serão entregues 5.196 moradias. Na Saúde, Marinho já entregou quatro Unidades de Pronto Atendimento - até 2012, serão entregues mais cinco UPAs. A prefeitura também iniciou as obras do Hospital de Clínicas, que terá 240 leitos e ficará pronto no ano que vem, com investimento de R$ 125 milhões em parceria com o governo federal. Na Educação, a prefeitura investe para criar 16 mil vagas e zerar, até 2012, o déficit de vagas na rede municipal. Para atingir esse objetivo, deu início à construção de sete CEUs (Centros de Educação Unificado). Também construiu e já entregou quatro novas EMEBs (Escola Municipal de Educação Básica) e todos os 85 mil alunos da rede municipal receberam kit completo de material e uniforme escolar.

Diadema E Mauá

Em Mauá, o prefeito Oswaldo Dias inaugurou duas escolas, um prédio para o Centro de Formação de Professoras o primeiro Centro Público de Trabalho e Renda e o Centro de Referência em As-

sistência Social. Fez tudo isso, apesar de ter herdado e estar pagando uma dívida de R$ 1 bilhão. O grande marco, porém, desses dois anos foi a quebra do oligopólio do transporte público na cidade. Uma nova empresa passou a operar 18 linhas municipais e 140 novos ônibus entraram em circulação, melhorando a vida da população. Sucesso em Diadema, o Programa Mais Educação vai dobrar sua capacidade para atender 6.300 alunos de 6, 7 e 8 anos em 2011. Desenvolvido em parceria com o governo federal, o programa de educação integral amplia a permanência dos alunos na escola para até 8h diárias. Nesses dois anos de mandato, o prefeito Mario Reali também priorizou a habitação, área que teve como marco a entrega de 252 moradias (primeira fase) na “favela naval”, local que ficou conhecido por episódios de violência e que agora, urbanizado, devolve a autoestima à sua população. Também em 2010 foi entregue mais uma Unidade Básica de Saúde, a da Vila Conceição. Outras duas estão sendo construídas, além de uma UPA (Paineiras).

A direção preocupa-se com a saúde dos trabalhadores dentro e fora da fábrica, por isso acompanha e debate as ações dos governos para poder melhorar a qualidade dos serviços. Entre as atividades programadas para a área de saúde nos próximos anos, está uma campanha, seguida de um amplo seminário, em defesa do fortalecimento do SUS (Sistema Único de Saúde). O objetivo é debater e apontar soluções para problemas de financiamento, planejamento local e interações regionais que melhorem o serviço e o atendimento à população. Dentro das fábricas, a formação dos cipeiros será aprimorada.

Solidariedade

Quando o Poder Público falta ou enfrenta tragédias, a categoria se mostra sempre pronta a ajudar. Foi assim nas diversas campanhas realizadas pela direção nas fábricas para arrecadar doações enviadas a vítimas de enchentes em todo o País. Após as chuvas no Rio, trabalhadores de 30 empresas da base doaram dinheiro. Em 2010, os metalúrgicos na Volkswagen doaram 12 mil quilos de alimentos aos desabrigados em Pernambuco. Outra campanha bem sucedida foi a de doação de medula. Na Ford, os trabalhadores fizeram um mutirão para cadastrar possíveis doadores, em 2010.

abril 2011 | Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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Rossana Lana/SMABC - 26.08.2010

Rossana Lana

memória

Jornal, que hoje é distribuído para toda a base e completa 40 anos em julho, muitas vezes teve de ser levado às escondidas para dentro da fábrica. Ao lado sua primeira edição

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Sindicato dos Metalúrgicos do ABC | abril 2011

CEDEM/SMABC

Fernando Rodrigues - 22.10.1987

Tribuna Metalúrgica, jornal que faz história

A

Tribuna Metalúrgica do ABC teve papel decisivo na organização dos metalúrgicos no local de trabalho, porque é um jornal sindical que forma, informa, organiza a luta sendo direto e claro na defesa dos interesses da classe. Em julho, a Tribuna completa 40 anos. Quando surgiu, circulava uma vez por mês. Em alguns períodos foi semanal e em outros não teve periodicidade definida. Durante algumas greves, chegou a circular de forma clandestina e a ser levado às escondidas para dentro das fábricas. A partir de 1986, o jornal se tornou diário e em 1993 começou a circular com quatro páginas. Em 2000, ganhou quatro cores e desde 2005 é impresso no formato germânico, o atual. A Tribuna registrou as lutas e conquistas da categoria muitas vezes com capas históricas e irreverentes. Em uma delas, levou o Fantástico, da ‘poderosa’ Rede Globo, a encontrar o metalúrgico que em 25 de maio de 1980, no Vila Euclides, erguia um quadro premonitório de Lula como futuro presidente da República. A capa da Tribuna à época perguntava “quem é você”. A categoria, como sempre, respondeu e 22 anos depois elegeu o homem daquele quadro.

O Sindicato dos Metalúgicos do ABC anuncia mais uma realização que vai levar a arte circense aos trabalhadores da base. Em parceria com a Mercedes-Benz e a Cia. Capadócia Circo-Teatro, a direção apresenta o Circo Teatro Paratodos, projeto que colocará, gratuitamente, o circo dentro da fábrica


Sede São Bernardo do Campo Rua João Basso, 231, Centro Fone: 4128-4200 Regional Diadema Av. Encarnação, 290, Piraporinha Fone: 4066-6468 Regional Ribeirão Pires Rua Felipe Sabag, 149, apto 1, Centro Fone: 4823-6898 Clube de Campo Entrada de Ribeirão Pires, Caminho 618 (Estrada Velha de Santos) Riacho Grande Fone: 4354-9408 Centro de Formação Celso Daniel Rua João Lotto, s/n, Centro São Bernardo do Campo (ao lado da sede do Sindicato) Fone: 4128-4200

www.smabc.org.br


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