EM BUSCA DE UM HORIZONTE

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CONSTRUBR INTELIGÊNCIA, TECNOLOGIA E GESTÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE NEGÓCIOS DA CONSTRUÇÃO

RODADAS DE NEGÓCIOS CONGRESSO EXPO

23-24

ABRIL

2014

GESTÃO VISÃO ESTRATÉGICA

EXPO TRANSAMÉRICA SÃO PAULO | BRASIL

INTELIGÊNCIA VISÃO GLOBAL

TECNOLOGIA VISÃO SISTÊMICA

O SINDUSCON-SP, Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo, em parceria com a Sator, empresa especializada em eventos de negócios, realizará pela primeira vez o CONSTRUBR, evento dedicado à Inteligência, Tecnologia e Gestão para o Desenvolvimento de Negócios da Construção. PARTICIPE!

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Realização:


EDITORIAL

Cobrar o ISS justo

SERGIO WATANABE é presidente do SindusCon-SP, vicepresidente da CBIC e diretor da Fiesp Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: presidente@ sindusconsp.com.br

É positiva a promessa da Prefeitura de São Paulo de informatizar até janeiro o processo de recolhimento de ISS ao final de uma obra. Mas esta informatização, necessária, é apenas uma das medidas que precisam ser adotadas para coibir a prática de ilícitos. É preciso atacar as causas das irregularidades na cobrança do ISS em São Paulo. A Prefeitura deveria respeitar a Constituição, o Código Tributário Nacional e a Lei Complementar 116, que determinam o recolhimento do ISS das construtoras sobre o valor do serviço prestado, abatendo da base de cálculo os materiais de construção utilizados e deduzindo do imposto o tributo já recolhido sobre os serviços executados para a obra.

A Prefeitura exige um valor mínimo e desconsidera o ISS já recolhido sobre uma lista de serviços executados ao longo da obra. Essa lista consta de uma instrução normativa da própria Secretaria de Finanças. A mesma instrução ainda deixa ao arbítrio da fiscalização estender essa desconsideração a outros serviços. Isso abre brechas para a elevação artificial do imposto. Detalhe importante: quando uma empresa não quita uma parcela do ISS fixada indevidamente, não se pode falar em desvio de recursos públicos. A isso se acrescenta outro elemento de pressão: a municipalidade condiciona a expedição de Habite-se à obtenção da Certidão de Quitação do ISS. Este procedimento não é admissível, ainda que o tributo fosse devido. A Jurisprudência é clara: o Habite-se atesta a habitabilidade do imóvel e nada tem a ver com o ISS. Este é o entendimento do Tribunal de Justiça do Estado. Portanto, a Prefeitura, além de informatizar o processo de recolhimento do ISS ao final da obra, deveria respeitar a legislação federal e não aplicar a pauta fiscal às construtoras que tenham contabilidade regular. Quando esta aplicação for necessária, a legislação municipal não pode desconsiderar o ISS recolhido ao longo da obra nem dar margem a interpretações subjetivas por parte da fiscalização. E a certidão do ISS precisa ser desvinculada do Habite-se. Estas propostas do SindusCon-SP foram divulgadas à imprensa, reproduzidas pelos dois jornais mais influentes do país e levadas ao secretário de Finanças da Prefeitura. Cabe agora à municipalidade rever seus procedimentos e colocá-los dentro da legalidade para fechar brechas à prática de ilícitos.

São Paulo precisa modificar seus procedimentos para inibir ilícitos Ou seja, a Prefeitura deveria conferir o ISS recolhido com o declarado na contabilidade das empresas. Este procedimento pode ser informatizado, agilizando o processo e diminuindo a possibilidade de fraudes. Somente em caso de inexistência de contabilidade ou diante de irregularidades na documentação, a legislação federal autoriza a Prefeitura a arbitrar um valor para o recolhimento do ISS, a chamada aplicação da pauta fiscal. Entretanto, com base na legislação municipal, a pauta fiscal é aplicada a todas as obras na capital paulista. Embora os valores de sua tabela tenham sido atualizados recentemente, o cálculo do tributo se baseia em parâmetros ultrapassados, que não levam em conta o aumento da produtividade da mão de obra alcançado nos últimos 30 anos.

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VOZ DO LEITOR

DEFESA DA ENGENHARIA

ESCLARECIMENTO

Não tem cabimento o comentário do ministro Moreira Franco de que os engenheiros brasileiros seriam ruins e fazem projetos malfeitos. A engenharia nacional é profissão honrada. Sem ela, não teríamos moradia e infraestrutura. Para gerir o país seriamente, cabe ao governo licitar obras com projetos corretamente elaborados, compatibilizados, quantificados e precificados. Lamentavelmente, alguns usam seu pequeno conhecimento sobre o que é um engenheiro para lhe atribuir uma culpa que não é dele. Acabarão prevalecendo as críticas fundamentadas para o crescimento do ser humano, das profissões e do civismo dos que efetivamente amam este país.

Na reportagem “Europa ensina qual é o caminho da prevenção” (edição 128, pág.19), ao me referir no Enic à qualificação do Ministério Público do Trabalho para entender a construção, o fiz no sentido técnico. Afirmei que a atividade do setor é complexa e muitas vezes os membros do MPT não conhecem essa complexidade. Disse também ser mais sensato as empresas cumprirem as disposições legais do que assinarem TACs.

Mauricio Linn Bianchi Vice-presidente de Relações Institucionais do SindusCon-SP

Na edição 128, pág. 42, na foto da matéria “Prudente discute segurança”, quem palestra é o consultor Reginaldo Martins.

Haruo Ishikawa Vice-presidente de Relações Capital-Trabalho do SindusCon-SP

RETIFICAÇÃO

ESCREVA PARA ESTA SEÇÃO E-MAIL: noticias@sindusconsp.com.br CORREIO: R. Dona Veridiana 55, 2º andar, 01238-010, São Paulo-SP SUMÁRIO

SINDUSCON-SP EM AÇÃO........................... 29 • Sindicato cria Grupo de Jovens Empresários RELAÇÕES INTERNACIONAIS ..................... 31 • Cônsul geral do Japão é homenageado

CAPA ESPECIALISTAS RADIOGRAFAM OS GARGALOS À PRODUTIVIDADE.............. 6 • SindusCon-SP fará projeto com Fiesp • ‘Setor requer certificação para avançar’ • CTQ vê inovações tecnológicas QUALIDADE............................................... 19 • Argamassa terá pesquisa nacional INSUMOS.................................................. 20 • Guia compara máquinas para construção IMOBILIÁRIO............................................. 25 • Grapohab prepara informatização RELAÇÕES CAPITAL-TRABALHO ................. 26 • Megasipat: Santos conquista novos parceiros • Mogi reúne 200 trabalhadores • Acidente na Arena Corinthians é lembrado

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REGIONAIS................................................ 34 • Sorocaba debate ISS e terceirização • Regionais realizam o Painel Jurídico • Delegação de Santos visita Maringá • Feirão do Imóvel agita São Bernardo • Bauru realiza evento com universitários • Campinas forma mestres de obras • Seminário em Ribeirão discute segurança • BB mostra crédito imobiliário em Ribeirão

COLUNISTAS Conjuntura | Robson Gonçalves............................ 5 Produtividade | Maurício Linn Bianchi................. 10 Obras para a Copa | José Roberto Bernasconi....... 14 Empreendedorismo | Luiz Marins.................... 16

PRESIDENTE Sergio Tiaki Watanabe VICE-PRESIDENTES Cristiano Goldstein Eduardo May Zaidan Francisco Antunes de Vasconcellos Neto Haruo Ishikawa João Claudio Robusti João Lemos Teixeira da Silva Luiz Antonio Messias Luiz Claudio Minniti Amoroso Maristela Alves Lima Honda Maurício Linn Bianchi Odair Garcia Senra Paulo Rogério Luongo Sanchez Yves Lucien de Melo Verçosa DIRETORES Paulo Brasil Batistella (Jurídico) Salvador de Sá Benevides (Rel. Internacionais) DIRETORES DAS REGIONAIS Eduardo Nogueira (Ribeirão Preto) Elias Stefan Junior (Sorocaba) Emilio Carlos Pinhatari (São José do Rio Preto) Luís Gustavo Ribeiro (Presidente Prudente) Márcio Benvenutti (Campinas) Renato Tadeu Parreira Pinto (Bauru) Ricardo Beschizza (Santos) Rogério Penido (São José dos Campos) Sergio Ferreira dos Santos (Santo André) REPRESENTANTES JUNTO À FIESP Titulares: Eduardo Ribeiro Capobianco, Sergio Porto; Suplentes: João Claudio Robusti, José Romeu Ferraz Neto ASSESSORIA DE IMPRENSA Rafael Marko - (11) 3334-5662 Nathalia Barboza - (11) 3334-5647 Fabiana Holtz - (11) 3334-5701 CONSELHO EDITORIAL Delfino Teixeira de Freitas, Eduardo May Zaidan, José Romeu Ferraz Neto, Maurício Linn Bianchi, Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, Odair Senra, Salvador Benevides, Sergio Porto SUPERINTENDENTE José Luiz Machado EDITOR RESPONSÁVEL Rafael Marko REDAÇÃO Nathalia Barboza e Fabiana Holtz (São Paulo) com colaboração das Regionais: Ester Mendonça (São José do Rio Preto); Giselda Braz (Santos); Homero Ferreira (Presidente Prudente); Enio Machado, Elizânio Silva e Tatiana Vitorelli (São José dos Campos); Marcio Javaroni (Ribeirão Preto); Sabrina Magalhães (Bauru); Ana Diniz e Simone Marquetto (Sorocaba); Sueli Osório (Santo André); Vilma Gasques (Campinas). Secretaria: Antonia Matos ARTE E DIAGRAMAÇÃO Marcelo da Costa Freitas/Chefe de Arte PUBLICIDADE Vanessa Dupont - (11) 3334-5627 Pedro Dias Lima - (11) 9212-0312 Bruna Batista Avelino - (11) 3334-5659 Thiago Rodrigues - (11) 3334-5637 Vando Barbosa - (11) 97579-8834 Jéssica Schittini - (11) 96646-6525 André Maia - (21) 7834-5379 Laura Jane - (11) 96018-8880 Hamilton Silva - (11) 7714-1148 ENDEREÇO R. Dona Veridiana, 55, CEP 01238-010, São Paulo-SP Central de Relacionamento SindusCon-SP (11) 3334-5600 CTP/ impressão: Pancrom Indústria Gráfica Tiragem desta edição: 13 mil exemplares

Jurídico | Izabel Aparecida Flores de Oliveira ............ 18 Ponto de Vista | Mônica Monteiro Porto.............. 22 Gestão Empresarial | Maria Angelica L. Pedreti..... 24 Marketing | Antonio Jesus de Britto Cosenza............ 28 Saúde | Ludmila Pereira de Andrade....................... 32 Soluções Inovadoras | Fabiana da Rocha Cleto...... 44

Opiniões dos colaboradores não refletem necessariamente posições do SindusCon-SP noticias@sindusconsp.com.br www.sindusconsp.com.br facebook.com/sindusconsp twitter.com/sindusconsp youtube.com/sindusconspmkt Disponível na App Store e no Google Play

Construção da Carreira | Felipe Scotti Calbucci.....46

“O papel desta revista foi feito com madeira de florestas certificadas FSC e de outras fontes controladas.”


CONJUNTURA

De olho no FED

ROBSON GONÇALVES é professor dos MBAs da FGV e consultor da FGV Projetos Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: robson.goncalves@ fgv.br

Nos próximos meses, em todo o mundo, as atenções de economistas, jornalistas de economia e especuladores estarão voltadas para o Banco Central americano, o FED. Isso porque é quase certa a suspensão das medidas de estímulo monetário adotadas desde o estopim da crise internacional em 2008. Ao longo do segundo semestre de 2013, a mera expectativa desse cenário mexeu com o câmbio e com os nervos dos investidores em diversos países, incluindo o Brasil. Aqui, a taxa de câmbio variou mais de 20% entre maio e agosto, chegando ao patamar de R$ 2,40 naquele mês. Em seguida, voltou a cair a menos de R$ 2,20 em outubro e, como sempre acontece no final de ano, tornou a subir em meados de novembro.

emergentes em busca de ganhos de curto prazo. Ao longo de 2013, ingressaram no Brasil mais de US$ 30 bilhões em capitais especulativos. Em 2012, esse número não chegou a US$ 9 bilhões. Em boa medida, esse dinheiro veio atraído pelas elevações da taxa Selic, promovidas pelo Banco Central do Brasil para conter as pressões inflacionárias. Enquanto isso, as taxas de juros nos EUA e na Europa permaneciam em patamares historicamente mínimos, abaixo de 1% ao ano. Inundados pelo que já foi chamado de “tsunami monetário”, mercados como o brasileiro assistem à valorização crônica de suas moedas, movimento artificial e anticompetitivo, sobretudo para a indústria. O maior temor em todo o mundo é de um corte abrupto nesse programa, cujo objetivo é estimular a demanda nos EUA, aconteça o que acontecer com o resto do mundo. Felizmente, a presidente nomeada do FED, Janet Yellen, fez uma afirmação profunda, cheia de significado, mas também digna do conselheiro Acácio, o personagem de Eça de Queiroz célebre por dizer coisas óbvias como se fossem pura filosofia. Ela afirmou em novembro, após ser nomeada pelo presidente Obama, que “o programa de estímulo não será encerrado nem cedo nem tarde demais”. Isso foi suficiente para acalmar os mercados e reduzir a pressão cambial de imediato. Conclusão: há muito de especulação. Ainda assim, o fim do programa não será indolor. Mas, quando vier, cedo ou tarde, possivelmente trará o câmbio no Brasil para patamares mais de acordo com nossas reais condições de competitividade. Teremos que trocar Miami por Fortaleza, vinho francês por gaúcho, mas será melhor assim.

Depreciação do real deverá ocorrer e será positiva para nossa indústria O Banco Central tem agido timidamente para conter essas oscilações. Mas a verdadeira causa de tanta instabilidade é mesmo o medo do FED. Reconhecida a turbulência, cabem duas questões. Primeiro: quanto há de mera especulação nessas oscilações cambiais? Segundo: se o FED realmente suspender o estímulo monetário, quais serão as consequências? Impulsionada pelas recompras de títulos do Tesouro americano, a liquidez internacional se move rapidamente, comandada a partir dos mais diferentes recantos do mundo com simples cliques de mouse. A injeção monetária tem sido, em média, de US$ 85 bilhões por mês. E, sem o porto seguro dos títulos americanos, meio sem saber o que fazer, os investidores acabam buscando os mercados

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CAPA

Onde está o Norte? NATHALIA BARBOZA

Por que a construção civil brasileira ainda padece de grandes dificuldades no desenvolvimento de mecanismos de gestão e de ganhos de produtividade, mesmo que se reconheçamos enormes avanços de qualidade e tecnologia empregados nos canteiros de obra dos últimos 20 anos, especialmente de dez anos para cá? Quais são os gargalos que empenam a gestão mais eficiente dos canteiros de obra no Brasil e como seria possível superá-los? Para responder a estas questões, mais uma vez o CTQ (Comitê de Tecnologia e Qualidade) do SindusCon-SP lançou-se à frente e formalizou em outubro um novo grupo de trabalho com as participações do vice-presidente de Economia, Eduardo Zaidan, e dos membros do CTQ Luiz Henrique Ceotto, André Aranha, André Glogowski, Fábio Ribeiro da Silva e Fernando Fernandes. Idealizador e coordenador do novo grupo de trabalho, Francisco Vasconcellos, vice-presidente de Meio Ambiente do SindusCon-SP, destaca a atitude pioneira do comitê, que tem se notabilizado por posicionar-se à frente na percepção dos temas sensíveis ao setor. “Não é surpresa o grupo aceitar este novo desafio”, afirma. A comissão pretende discutir a gestão dos empreendimentos de modo global, desde os estudos de viabilidade, passando pelos projetos até a entrega da obra. Para o presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, as ações poderiam ser potencializadas com a 6

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ideia do desenvolvimento de um Centro de Tecnologia da Construção em São Paulo. Vasconcellos conta que a ideia inicial é promover a avaliação das atuais técnicas de gestão e gerenciamento e estabelecer as metodologias de medição da produtividade –vista como o grau de eficiência em transformar um esforço em resultado–, divulgando informações e números, estabelecendo parâmetros para benchmarking, levantando os gargalos e propondo ações para melhorar o desempenho da atividade da construção civil. “Está muito claro hoje que há uma oportunidade real de ganho de produtividade nas obras de edificação. Queremos entender o que é preciso fazer e começar a trabalhar contra esses gargalos”, diz Vasconcellos. Apoiada nos conceitos de gestão e produtividade, a ação dos membros do CTQ deve debater e desbravar desde o incremento no uso de equipamentos mais avançados, o conhecimento dos engenheiros sobre gestão, as melhorias do arcabouço legal e até o uso de soluções de inovação. “O BIM (Building Information Modeling), por exemplo, é muito visto como uma ferramenta de projeto. Mas ele é muito mais que isto. É um ótimo instrumento gerencial”, comenta Vasconcellos. Vários problemas “Estou convencido de que o potencial de melhoria é enorme e de que não existe


um motivo único para tamanhos gargalos”, este setor competir em pé de igualdade com afirma o coordenador do grupo. o resto do mundo. “Isto ainda não sabemos “A engenharia não conserta a falta de fazer. Estamos ficando para trás. Os asiáticos planejamento e de materiais adequados”, estão voando, muito à frente da construção ressalta o presidente da Regional São Paulo brasileira e acelerados! Nós precisa trabalhar do Sinaenco (entidade nacional de arquitejuntos, superar as desconfianças. A ficha tem tura e engenharia consultiva), José Roberto que cair!”, provoca. Bernasconi. Segundo ele, a construção brasileira muitas vezes ignora a máxima “é Industrialização da construção preciso fazer bem na primeira vez para não Um dos segredos da construção ester que refazer” e tem vivido como se fosse trangeira é a capacidade de transformar o preciso “fabricar emergências”. “O planejacanteiro em indústria. E os pré-moldados são mento é insubstituível. Temos de planejar, há muito tempo uma das boas armas mundo pensar antes para executar melhor. A vida afora. “O uso de pré-moldados em concreto não é feita só de emergências e quanto maior numa obra representa a possibilidade de o custo menor a qualidade. Falta-nos decisão industrializar uma parte importante dela, e ação e por isso o resultado às vezes é um que é a estrutura”, lembra Íria Oliva Doniak, desastre”, revela Bernasconi. presidente da Abcic (Associação Brasileira Para ele, “produtividade não é mágica da Construção Industrializada de Concreto). e não requer boa vonEla conta que o tade, mas “é consejá teve Inovador, CTQ cria grupo pré-moldado quência de uma série grande representação de medidas lógicas para descobrir rumo da no Brasil, há quase e sequenciais”. Por 50 anos, com retorgestão e produtividade no financeiro rápido. isso, diz, é fundamental começar pe“Nos anos 70 e 80, los “dados do paciente”: conhecer bem o o sistema era aplicado em larga escala em terreno, investigar as características do solo, obras industriais, quando muitas multinado subsolo e de todo o sítio de intervenção. cionais estavam se instalando no país e traDepois, com os resultados de todos os testes ziam consigo a mentalidade de não admitir em mão, passar para o projeto e, por fim, à construir de maneira convencional, com execução, com base em uma equipe técnica cronogramas longos”, diz. bem qualificada. “Projeto é trabalho inteMas, no final dos anos 80, com o baixo lectual; precisa de prazo para ser bem feito custo da mão de obra e a disponibilidade de e para garantir custo final menor, prazo e trabalhadores no Brasil, em vez de usar a qualidade”, diz. “Devemos trabalhar com as industrialização, partiu-se para a racionalicondições o mais próximo do ideal”, pondezação dos processos. “O canteiro substituiu ra Bernasconi. “Se nos conformarmos com o uso da pá pela projeção da argamassa, mas a realidade desfavorável, vamos repeti-­la até poderia ter avançado mais e trazido a parede o fim dos tempos.” pronta, de drywall, por exemplo”, afirma. Um bom exemplo de superação, conta Apesar de ser um avanço, Íria pondera Bernasconi, é o agronegócio. “A figura do que o sistema tem suas limitações. “É necesJeca Tatu morreu! A agricultura está dando sário ter um terreno que permita o manejo e um exemplo extraordinário. Hoje é feita em a mobilidade de peças grandes e nem semmáquinas de última geração. São semeadeipre é possível otimizar a logística, porque é ras e colheitadeiras com muita inteligência preciso estar próximo a um centro produtor”, aplicada, além das pesquisas de alto nível conta. “Uma alternativa seria combinar feitas pela Embrapa. Tudo isso tem feito sistemas de concreto e aço. Isto também

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CAPA

ajuda a elevar a produtividade. Não se trata de escolher um só sistema, pois ele tende a não viabilizar o avanço que queremos. Todos eles juntos é que vão cumprir seu papel. E esta é a contribuição mais importante que o pré-moldado pode dar”, diz. Canteiros de pré-moldados requerem o uso mais intensivo de equipamentos de grande porte, e o Brasil tem avançado neste sentido. Segundo Eurimilson Daniel, vice-presidente da Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração), de 2008 a 2013, cerca de 120 mil máquinas foram vendidas para a construção, sendo que de 2003 a 2007 haviam sido comercializadas 40 mil unidades e, na década anterior inteira, não mais que 20 mil. “O PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] atraiu a indústria mundial e entraram no país com facilidade muitas máquinas estrangeiras, inclusive a de menor porte, para substituir as pás e picaretas, dando agilidade aos trabalhos braçais”, conta. “Precisamos achar o caminho do crescimento sustentável, mas há uma nova geração de engenheiros chegando com um nível de informação maior e uma cultura que já coloca no radar as soluções mecanizadas para a construção”, diz Daniel. Segundo ele, no entanto, no Brasil ainda falta tecnologia de base. “Enquanto no exterior as escavadeiras já estão sobre rodas, ainda usamos por aqui os modelos sobre esteira, que circulam até no centro das cidades estragando o asfalto e as praças”, compara. Além disso, no país há um índice Divulgação Precon

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baixo de equipamentos com ar condicionado e cabine computadorizada. Além da ergonomia, a qualificação da força de trabalho é um grande gargalo do setor, insiste Basílio Jafet, presidente do Ca-­ pítulo Brasil da Fiabci (federação internacional do setor imobiliário). “O trabalhador brasileiro não é pior que os outros. Temos muitos problemas de logística, burocracia e infraestrutura, que afetam enormemente o setor. Mas a Coreia do Sul é um exemplo de como a educação pode fazer um país avançar.” O exemplo oriental pode ser ainda maior para o Brasil. “Deveríamos nos apoiar no conceito kaisen para buscar o aumento da produtividade de modo incessante, diário”, afirma Jafet. O kaisen é uma ferramenta que busca a melhoria, tanto no nível sistêmico como no nível de processo, e é utilizado pela Toyota como um diferencial na busca pela competitividade. A sua aplicação tem como prioridade a qualidade, segurança, custos e entrega ao cliente, e é realizado pelos operadores com o apoio da liderança e supervisão. Organização A organização do trabalho é um dos componentes essenciais deste processo de melhoria do setor. “Organizar o trabalho é organizar recursos a fim de evitar anormalidades, no tempo e no espaço”, explica Ubiraci Espinelli Lemes de Souza, professor do Departamento de Engenharia Civil da Poli-USP e diretor da Produtime Gestão e Tecnologia. A e s t e fa t o r somam-se outros dois: o projeto do produto e o projeto do processo. O primeiro, aponta Souza, leva em conta as características da edificação e os sistemas construtivos mais eficientes para erguê-la (uma laje O conjunto habitacional Ville San Marino, em Belo Horizonte (MG), tem estrutura pré-fabricada de concreto


Divulgação Abcic

Bom exemplo de uso de lajes alveolares na construção de edifícios

grade sem vigas, uma alvenaria com componentes pré-fabricados etc.); o segundo analisa quais ferramentas devem ser usadas para se chegar ao resultado desejado com maior competência (o uso de bomba de concreto, o jateamento da argamassa ou algo assim). Para garantir a boa gestão do produto, o gestor da obra tem papel primordial, afirma o professor. “O projeto do produto não é trabalho só para o arquiteto e o projetista. Ele tem de ser construtível e

por isso o gestor deve ser ouvido, apresentar os problemas e participar mais”, diz. Somados, os três pontos mexem significativamente com o nível de produtividade de um empreendimento, uns mais, outros menos, conforme cada caso. Por isso, recomenda Ubiraci Espinelli de Souza, é muito importante intervir nestes componentes. “A produção, por exemplo, tem de contar com um projeto do canteiro da obra, do ‘chão da fábrica’. Por incrível que pareça, o plano de ataque ainda é visto por alguns como algo inovador, mas é a base do trabalho. Sem ele, o canteiro pode sofrer mais com as chamadas ‘anomalias’”, justifica. “Toda vez que usamos mais máquinas estamos mais perto do que é uma indústria e, portanto, mais fácil se torna planejar e simplificar as operações”, comenta o professor. Entretanto, os equipamentos não resolvem tudo sozinhos. “A culpa não é da mão de obra nem as máquinas vão garantir por si só ganhos de custo e tempo. É preci­so tomar decisões. O gestor orientando o trabalho será o principal responsável pela mudança de patamar da produtividade”, diz.

SindusCon-SP vai preparar projeto No final de novembro, a proposta do SindusCon-SP de elaborar um amplo proje­to de elevação da produtividade na construção e de coordená-lo foi aprovada pelo Conselho do Senai-SP, presidida por Paulo Skaf. A sugestão foi feita pelo presidente do sindicato, Sergio Watanabe, que também é representante titular do setor naquele conselho. Para Watanabe, a situação de pleno emprego vivida pela construção revela que o desenvolvimento do setor deve passar por “uma rápida expansão de sua produtividade”. Segundo ele, isto requer a elaboração de um projeto em articulação com Fiesp, Sesi-SP, Senai Nacional e Senai-SP. O projeto deverá se desenvolver em duas frentes. A primeira é na área de tecnologia, com articulação de esforços para intensificar a mecanização dos canteiros, aperfeiçoar processos construtivos, impulsionar inovações e agilizar sua implementação. Isso deverá inclusive envolver o Senai Nacional, que recentemente criou parques tecnológicos setoriais, como o da construção, que ficará em Fortaleza (CE). A segunda frente será a área de formação e qualificação profissional, com ampliação da oferta de cursos técnicos, expansão do Programa de Elevação da Escolaridade, evolução dos programas de formação de pessoas com deficiência e de aprendizes e incremento das ações voltadas à segurança e saúde do trabalhador. (RM)

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PRODUTIVIDADE

Onde o calo dói

MAURÍCIO LINN BIANCHI é engenheiro e vice-presidente de Relações Institucionais do SindusCon-SP Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: mbianchi@ groupe-allard.com.br

Precisamos ajustar o DNA dos projetos de construção. Devemos atentar para as teses de mestrado que apontam as principais causas de desvios de custos e prazos. Alguns dos trabalhos da Poli-USP e do Norie-RGS foram bem orientados pelos bons acadêmicos da área, como os professores Ubiraci Espinelli e Margareth Jobim. Muitos profissionais passaram a maior parte de suas vidas dentro de canteiros de obras. Eles ajudaram os acadêmicos a evidenciar o que melhorar nas obras. Trabalhei como voluntário com outros colegas, abrindo canteiros e mostrando aspectos críticos. Foram identificados os principais obstáculos, a saber: 1. Projetos incompletos ou inconsistentes, sem detalhamento; projeto de produção com as interferências não detectadas e solucionadas previamente, sem a informação de como fazer!

quando fazer! 3. Falhas humanas voluntárias ou não, advindas da formação profissional ou de vícios dos colegas; falhas compartilhadas na cadeia produtiva; falta de foco e de formação, que se reflete em quantidades erradas, preços unitários irreais, sequência construtiva ilógica, desconhecimento de conceitos de produtividade, gestão de escopo de contratação incompleta ou errada, originando uma concentração de problemas e de pessoas no final das construções, e dando origem à expressão de que uma obra não se conclui, se abandona! O planejamento de longo prazo requer grande conhecimento e acima de tudo experiência, de forma a torná-lo consistente. Iniciar um empreendimento sem Projeto, Planejamento e Orçamento decentes é jogo perigoso. Pode gerar perda pequena ou prevista, prejuízo grande imprevisto ou um tsunami que arraste toda a empresa. Alguns incorporadores não são rigorosos com estes princípios, por acharem que dividirão com a construtora o prejuízo ou que ela o assumirá. Algumas construtoras não sabem orçar. É inadmissível trabalhar tanto, para ao final restarem taxas de retorno irresponsáveis. O mercado dá brechas para ser desrespeitado, com atrasos ou desvios de custos. E, de lambuja, fica com um universo de patologias e manutenções que podem chegar a 5% do custo de construção de uma obra! Se conseguirmos fazer o simples –um Projeto completo, um Planejamento consistente e um Orçamento embasado–, todos serão beneficiados. E não daremos margem à falta de civismo dos que desrespeitam a engenharia, como recentemente fez um ministro.

O mercado precisa rever projeto, planejamento e orçamento da obra 2. Falta de planejamento que: evidencie o grau de dificuldade das etapas; não despreze os pequenos detalhes que juntos são grandes; levante os riscos dos sistemas construtivos adequados aos diferentes canteiros; detalhe as metodologias e os sistemas construtivos; preveja as etapas e sua sequência, o transporte vertical e o horizontal; dimensione equipes dentro da média de produtividade; respeite a curva de aprendizado pois muitas vezes atingem-se índices excelentes ao final, quando os atrasos já se consolidaram; use índices mas acima de tudo a experiência dos engenheiros de campo e mestres de obras para determinar

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PRODUTIVIDADE

Setor requer certificação para avançar O maior entrave para o sucesso da implantação da Norma de Desempenho, na avaliação de Fabio Villas Bôas, conselheiro do SindusCon-SP e membro do seu CTQ (Comitê de Tecnologia e Qualidade), se chama disposição. “Ninguém vai montar um laboratório para fazer um ensaio por ano. É preciso comprar a ideia. Quando colocarmos para os fornecedores que não compramos mais produto sem certificação de desempenho, eles vão correr atrás disso”, afirmou. O especialista palestrou sobre o assunto durante o seminário Agenda produtiva da construção – Caminhos para o desempenho, produtividade e industrialização da construção, promovido pelo CTE (Centro de Tecnologia de Edificações), em novembro, com apoio do SindusCon-SP. Para Villas Bôas também falta um conhecimento mais aprofundado dos manuais. Como exemplo, o engenheiro apresentou um histórico de como a questão está sendo tratada na sua empresa, a Tecnisa. “Implementamos uma auditoria de projetos e conseguimos uma economia de até 20%”, disse. De acordo com Villas Bôas, o foco precisa estar em qualidade e conforto do usuário. Para o presidente da CompraCon-SP (Associação de Compras da Construção Civil no Estado de São Paulo) e membro do CTQ Alexandre Oliveira, que palestrou sobre os caminhos para a manutenção do desempenho na fase de uso e operação das edificações, o foco está na gestão propriamente dita, visando mitigar riscos do não cumprimento do desempenho projetado devido à má operação. “Nossos 12

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fornecedores, instaladores, sistemistas e até fabricantes têm sua linguagem própria, então o diálogo fica difícil”, observou. De acordo com Oliveira, uma parte do problema poderia ser resolvida com a criação de uma ferramenta de gestão, o que reduziria as manutenções de emergência. Para André Glogowsky, membro do CTQ, que detalhou como a questão é tratada dentro de sua empresa, a Hochtief, os principais desafios estão no uso de sistemas integrados; novas tecnologias (BIM); capacitação; planejamento e racionalização; uso de mais equipamentos. A mudança de cultura, acrescentou, envolve uma quebra de paradigma, com palestras informativas, modificação de processos, conscientização de gestores e treinamento. Segundo Maria Angelica Covelo Silva, diretora da NGI Consultoria e articulista de Notícias da Construção, um dos principais erros está em começar projetos sem discutir as condições de uso. “Não se corrige projeto no canteiro. Temos de mudar a nossa prática de qualificação de fornecedores, além de adotar uma série de medidas para mexer no nosso controle tecnológico de produção, que está muito longe do ideal”, disse. A consultora defendeu que o setor precisa aprender a exigir e a ler ensaios e ter controle de execução. Formação Com destaque para a formação dos profissionais, o professor Ricardo França, da França & Associados, propôs a criação de um exame para os engenheiros, como

Villas Bôas e Maria Angelica defenderam que setor precisa certificar os fornecedores


o aplicado pela OAB para qualificar os advogados. Como exemplo ele citou os sistemas dos EUA, da Alemanha e da Espanha. Já Maria Salette Weber, coordenadora do PBQP-H do Ministério das Cidades, expôs detalhes do funcionamento do Sinat, e as dificuldades que tem enfrentado para a implantação de diretrizes. Em sua palestra, o professor Ubiraci Espinelli de Souza, da Produtime, revelou preocupação com relação à formação dos gestores, profissionais que tomam decisões importantes ligadas ao projeto e à produtividade. “Esse profissional precisa ser eficiente”. Nesse contexto, Souza lembrou das lições para atingir esse objetivo que recebeu de um arquiteto coreano em recente encontro no SindusCon-SP. Segundo ele, é preciso ter confiabilidade, esforço, vencer as adversidades e ser criativo. Com a missão de apresentar uma

visão sistêmica da cadeia de valor, Paulo Sergio Oliveira, diretor de engenharia da JHSF, disse acreditar que o caminho é a mecanização, industrialização e racionalização dos recursos. Entre as barreiras à industrialização, o engenheiro destacou questões culturais, tributárias e a falta de padronização em sistemas modulares. (Fabiana Holtz)

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Alexandre de Oliveira: fornecedores, instaladores, sistemistas e até fabricantes têm sua linguagem própria

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O B R A S PA R A A C O PA

Contratar bem

JOSÉ ROBERTO BERNASCONI é presidente da Regional São Paulo e coordenador para Assuntos da Copa do Sinaenco Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: jrbernasconi@ hotmail.com

Em 6 dos 12 aeroportos das cidades­-sede da Copa do Mundo, é real a ameaça de que as obras de ampliação de sua capacidade não sejam concluídas no tempo exigido. Na área de mobilidade urbana, a situação não é diferente. A deficiência na gestão federal é a real causa e origem desses problemas, e não os engenheiros brasileiros “que são ruins e fazem projetos malfeitos”, nas infelizes palavras do ministro-chefe da Secretaria da Aviação Civil, Moreira Franco. O Brasil foi escolhido para sediar a Copa 2014 em 2007 e a Olimpíada 2016 em 2009. Esses sete anos de antecedência seriam mais do que suficientes para os governos, em todos os níveis, planejar o que precisaria ser feito, desenvolver estudos, contratar bons projetos executivos e executar as obras necessárias.

de planejar bem e contratar bons projetos. Em países como Alemanha e Japão, o prazo para desenvolver bons projetos exige entre 40% e 50% do tempo a ser despendido com a execução da obra; no Brasil, essa relação chega a ser inferior a 10%! Aqui, ao desrespeito à engenharia soma-se a ignorância sobre o papel essencial e insubstituível do projeto no resultado final de uma obra pública –seja na qualidade, nos custos e nos prazos. Para isso, é preciso contratar projetos pela melhor solução técnico-econômica e não pelo menor preço. E reservar o prazo adequado à elaboração de um “serviço técnico especializado de natureza predominantemente intelectual”. A arquitetura e a engenharia são instrumentos indispensáveis ao desenvolvimento e engenheiros e arquitetos são os seus operadores. O Brasil dispõe de profissionais altamente qualificados nesses setores. O “técnico” e a “cartolagem”, porém, não sabem tirar proveito da competência que têm à sua disposição. Planejar e contratar bem –nunca pelo menor preço ou por pregão–, com o prazo necessário é uma receita eficaz para a conquista de qualidade, com controle rigoroso de seus custos e do prazo de execução. Por isso, o bom projeto executivo é também uma “vacina anticorrupção”. Para resolver a ineficiência da administração pública brasileira, é preciso buscar administradores capazes, planejadores eficientes, que pensem nas próximas duas décadas no mínimo, e não apenas na próxima eleição. Senão, nossos governantes podem virar a “vidraça” da vez, nas manifestações e na insatisfação generalizada da sociedade.

Bons projetos exigem planejamento, gestão séria e respeito à engenharia Porém, a ineficiência na gestão governamental é registrada pelo atraso nas obras dos aeroportos e na confissão, pelos ministros Miriam Belchior e Aguinaldo Ribeiro, de que o plano anunciado pela presidente Dilma Rousseff após as manifestações de junho, de investir R$ 50 bilhões em mobilidade urbana, não seria cumprido na íntegra “por falta de projetos na prateleira”. Tentar jogar a culpa pelo não cumprimento dos prazos em terceiros em vez de admitir as próprias deficiências não ajuda minimamente a resolvê-las. O setor de projetos de arquitetura e engenharia infelizmente não tem como corrigir as deficiências gerenciais do governo, mas pode alertar os administradores públicos sobre a necessidade

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Para realizar o sonho do país do futebol, o Brasil tem a força do aço Gerdau. A força da transformação.

O aço da Gerdau tem a força da transformação. Os sonhos mudam, o aço da Gerdau se transforma. Reciclamos milhões de toneladas de sucata para produzir aço de qualidade, que está preparando nosso país para ser o palco de todas as torcidas. Nas conquistas mais importantes, estamos sempre com o Brasil.

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EMPREENDEDORISMO

Por que não acontece?

LUIZ MARINS é professor, antropólogo e consultor. Autor de 26 livros. www.anthropos.com.br Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: professor@ marins.com.br

“Em nossa empresa, as ideias, planos e projetos ficam no papel”, disse-me um diretor. “Aqui, há uma enorme distância entre o discurso e a prática”, falou o presidente, ao abrir a reunião anual de dirigentes. Fazer o planejamento ser executado, o orçamento cumprido, as metas atingidas, a visão, crenças e valores tornarem-se realidade concreta é o grande desafio dos dirigentes de qualquer organização. Chamo de “dirigentes” todos aqueles com cargo ou função de chefia, supervisão, direção ou presidência. Orçamentos são elaborados e passa-se boa parte do ano seguinte justificando-se o seu não cumprimento. Ideias e projetos são minuciosamente elaborados e simplesmente não executados em seus detalhes fundamentais. As pessoas parecem sentir um grande prazer em dar ideias inovadoras e propor projetos mirabolantes. Mas não têm o mesmo entusiasmo em executar. Para a maioria das pessoas, executar é uma coisa menor, enfadonha, que deve ser delegada aos escalões inferiores. Essa é razão pela qual as coisas não acontecem. É preferível ter menos ideias e mais execução.

prometido”. Quando perguntei o que ele, como presidente, havia feito durante esse tempo todo, não teve outra resposta a não ser dizer que ficou esperando pelos resultados, sem de fato envolver-se na execução. Um dirigente não pode ficar distante, alheio, esperando resultados que sabe que não acontecerão. Ele deve garantir o alcance dos resultados envolvendo-se e se comprometendo diretamente na execução. Todo dirigente tem o dever indelegável de avaliar periodicamente e formalmente cada um de seus subordinados em função da execução. Só assim ele saberá se as pessoas certas estão nos lugares certos e se todos têm as condições básicas de operação para fazer as coisas acontecerem. Para isso é também muito importante que o dirigente não engula enrolado quando uma proposta ou projeto parece não fazer sentido. Precisa tomar cuidado com aquele “elo perdido” de uma proposta, ideia ou projeto. Tem que ter a coragem de dizer várias vezes “eu não entendi” e checar se as coisas realmente fazem sentido ou se ele está sendo vítima de mais uma proposta mirabolante que não dará certo. Cabe ao dirigente e a ninguém mais ter a garantia de que as coisas realmente aconteçam pois ele não terá como se desculpar pelos erros cometidos no processo de tomada de decisões. Agora é hora de fazer as coisas acontecerem. Sem o total envolvimento e comprometimento dos dirigentes com a execução das ideias, orçamentos, planos e projetos, as empresas continuarão aperfeiçoando o processo de melhoria contínua do autoengano. Pense nisso. Sucesso!

Cabe ao dirigente envolver-se para garantir a execução do planejado Quando visito empresas, pergunto sobre projetos em andamento e vejo serem poucos os dirigentes que sabem os detalhes da operação, o que de fato está acontecendo, quais os problemas, os resultados parciais, quem são as pessoas envolvidas etc. Outro dia, um presidente me disse estar decepcionado com sua diretoria que, segundo ele, “não entregou os resultados que havia

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QUALIDADE

CTQ vê inovações tecnológicas Novas empresas que prestam serviços e fornecem produtos inovadores à construção foram apresentadas em novembro ao CTQ (Comitê de Tecnologia e Qualidade) do SindusCon-SP, no local onde foram incubadas: o Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), no campus da Cidade Universitária da USP. A apresentação foi precedida de um debate sobre inovação com o diretor executivo do Cietec, Sergio Risola. Segundo ele, as construtoras, quando idealizam a inovação desejada, podem fechar parcerias com investidores e acadêmicos e realizarem a pesquisa e o desenvolvimento dentro do Centro, que já conta com 121 startups em funcionamento e mais 31 candidatas. O diretor executivo recomendou atenção a editais públicos, parcerias com universidades e institutos de pesquisa, além de compartilhamento das inovações conquistadas. “Vocês precisam usar o que há no país, como as linhas de financiamento à inovação”, comentou. Para ele, o maior gargalo reside nas agências de fomento que demoram 90 dias ou mais para analisar um projeto. Avanços tecnológicos Na sequência, os diretores das novas empresas fizeram apresentações. Carlos Alberto Mendonça, da Tec3Geo Geotecnologias para o Meio Ambiente, falou de seu poço de monitoramento multinível e de sua tomografia elétrica para uma boa caracterização da contaminação de terrenos, bem como para uma aferição posterior sobre o efeito da remediação. Serviços de orientação de políticas ambientais de empresas e desenvolvimento de projetos que reduzam simultaneamente custos e impacto no meio ambiente foram

apresentados pela Eccaplan. Fernando Beltrame, diretor da empresa, contou que uma das publicações em que baseia seu trabalho é o Guia Metodológico para Inventários de Emissões de Gases de Efeito Estufa de Edificações, realizado pelo Comitê de Meio Ambiente (Comasp) do SindusCon-SP. Leila Jansen, da Chem4U (empresa derivada de uma startup), apresentou um verniz fungicida e bactericida que, segundo ela, garante 99,9% de eficácia por dois anos no revestimento de alvenaria, madeira e superfícies metálicas como maçanetas. Sistemas de ozonização da água de reuso, de poços, caixas d’água e piscinas, bem como para tratamento de efluentes foram apresentados por Samy Menasce, diretor da Brasil Ozônio. Conhecido por ser o bactericida mais potente, o ozônio purifica a água e oxida metais nela contidos, facilitando a filtragem. Segundo ele, os pequenos equipamentos fabricados pela empresa retiram o ozônio do ar e já têm 73 aplicações, tendo a empresa recebido mais de R$ 20 milhões a fundo perdido do BNDES para projetos, como o de descontaminação de águas e solos atingidos pela Drenagem Ácida de Minas. Simei Marucci, da Rochmam, mostrou a tecnologia desenvolvida pela empresa para a reciclagem de solventes. Segundo ela, o sistema pode proporcionar uma economia de até 95% do custo dos solventes e ser aplicada na recuperação das sobras de tíner na construção civil. (Rafael Marko)

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Integrantes do CTQ no Cietec, com o diretor Sergio Rizola (dir.)

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JURÍDICO

Fiscalização on line

IZABEL APARECIDA FLORES DE OLIVEIRA é Assessora Jurídica do SindusCon-SP e sócia do escritório Romano, Carvalho Santos e Oliveira Sociedade de Advogados Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: izabel@rcso. adv.br

A partir de 2014, o governo começará a implantar mais um projeto do Sped (Sistema Público de Escrituração Digital): o eSocial. Obrigatório, visa unificar o envio de informações dos empregados pelo empregador. As informações só precisarão ser prestadas uma única vez, classificadas em três tipos: a) eventos trabalhistas: ação ou situação advinda da relação de emprego (admissão de empregado, alteração de salário, exposição do trabalhador a agentes nocivos etc.); b) folha de pagamento; c) outras informações tributárias, trabalhistas e previdenciárias (previstas na Lei 8.212/91 e em NRs do MTE). O eSocial não cria novas legislações. É somente uma nova forma de registrar as informações dos trabalhadores. Foi desenvolvido baseado em três premissas: assegurar o direito dos trabalhadores; simplificar o envio das informações, e gerá-las com qualidade para o governo. Dessa forma, reunirá e dará quitação de uma única vez a diversas obrigações, atualmente enviadas ao governo em momentos distintos.

Empresas precisarão integrar as informações das diversas áreas O envio dos dados se dará: 1) só para as empresas com até dez trabalhadores, diretamente no Portal e-Social mediante a introdução de dados para envio ao fisco; 2) envio de arquivos no formato XML por Webservices conectados aos softwares, que darão carga em tais arquivos. Estes deverão ser assinados pela empresa por certificado digital e enviados. O protocolo de entrega só será emitido se os dados forem íntegros. No lugar da matrícula CEI, foi criado 18

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o Cadastro Nacional de Obras (CNO), que será sempre acoplado a um CNPJ ou CPF. As matrículas CEI existentes na data de implantação da eSocial comporão o cadastro inicial do CNO. Definido pela Receita, o cronograma de obrigatoriedade de todos os empregadores será feito gradualmente (ver tabela abaixo). O governo também divulgará testes e manuais. O INSS disponibilizará ferramenta on line para a confirmação de dados como CPF e o NIS (NIT, PIS ou PASEP). A inconsistência do par “CPF x NIS” gerará recusa no recebimento da informação, no cadastramento. Serão eliminadas algumas obrigações acessórias a partir de 2015, como Dirf, Rais, Caged e Manad. Com a fiscalização on line, espera-se o combate à sonegação e a garantia de acesso às informações aos trabalhadores. Será necessário rever as rotinas atuais –cadastro de empregados, fornecedores, cálculos tributários, exames médicos etc.– para desenhar e desenvolver processos internos que integrem as diversas áreas da empresa. A empresa deverá verificar se sua equipe está capacitada para esse novo cenário. A sincronicidade, integração e validação das informações geradas pelas diversas áreas serão a base de dados a ser enviada ao governo. Com fiscalizações on line, as infrações cometidas –prazos desrespeitados, erros de cálculo, declarações inconsistentes etc.– serão multadas automaticamente. Já está disponível um manual de orientação do eSocial no site www.esocial.gov.br .


Scheffer

QUALIDADE

Fachada: o que melhorar

Somente um processo robusto pode minimizar as falhas no planejamento e execução das fachadas argamassadas. A afirmação é da professora Angela Borges Masuero, da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), que falou sobre as “Práticas de aplicação de Revestimentos de Fachada”, em reunião conjunta dos Comitês de Obras e de Produtos do Consitra 2 (Consórcio Setorial para Inovação Tecnológica em Revestimento de Argamassas – fase 2), realizada em novembro. Segundo o professor Vanderley John, um dos representantes da Poli-USP no consórcio, a intenção é “comparar as práticas e procedimentos a fim de criar soluções vigorosas que ajudem a entender o que pode dar certo e errado no processo de assentamento e a melhorar o resultado final”. No entanto, Mércia de Barros, professora da Poli-USP e também integrante do consórcio, advertiu que o revestimento “sofre as consequências das etapas executadas antes”, na produção das estruturas e da vedação. “Não adianta termos soluções extraordinárias para o revestimento se as construtoras não cuidarem destes sistemas antes”. Levantamentos A partir das experiências em Porto Alegre realizadas na UFRGS, o Consitra 2

decidiu iniciar um levantamento em nível nacional para colher as práticas realizadas nos canteiros de obra em trabalhos de assentamento de fachadas com argamassa e, ao mesmo tempo, recolher junto às construtoras seus manuais de procedimentos. Isto porque a professora gaúcha deixou claro não ser possível garantir que as boas práticas sejam efetivamente executadas na obra, mesmo quando as empresas documentam seus procedimentos. “Por incrível que pareça, uma boa prática é hoje o engenheiro subir no balancim. Muito deles não fazem isto e avaliam o trabalho do chão, a dez metros de distância”, afirmou. O Consitra 2 também está iniciando outro trabalho junto aos departamentos de Póso­bra e Assistência Técnica das construtoras. A ideia é mapear com informações destes setores os principais problemas relativos a argamassas, inclusive para orientar as futuras pesquisas a serem feitas pelo consórcio. “Também vamos avaliar quanto os projetos efetivamente conseguiram ou não afastar os problemas”, disse Yorki Estefan, representante do SindusCon-SP no colegiado. A simplificação e racionalização dos processos também é possível, conforme estudo feito pela professora. “Conseguimos baixar de 40 para 37 as etapas de confecção e argamassa feita na obra. Com a versão industrializada, são apenas 12 etapas”, comentou. Angela advertiu para o rigor com a espessura da camada de argamassa aplicada à parede. “Já vimos uma de 23 cm de espessura num prédio de 4 andares. Era uma tentativa de corrigir o prumo! Assim não tem como dar certo”, ressaltou. “É por estas e outras que Porto Alegre não usa mais o revestimento cerâmico. A chance de ele descolar da fachada aumentou muito”, disse, defendendo o controle da aplicação com uso de ensaios de aderência. (Nathalia Barboza)

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INSUMOS

Guia compara equipamentos A Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração) lançou oficialmente a versão web do Guia Sobratema de Equipamentos (www.guiasobratema.org.br), que permite realizar, em poucos cliques, o comparativo entre modelos de uma mesma família de máquinas para a construção civil ou a construção pesada. O guia também está disponível em versões para tablet e smartphone. O conteúdo abrange as categorias de escavação, carga, transporte, concreto, pavimentação, movimentação de materiais, manuseio de carga, transporte vertical e trabalho em altura. A entidade também lançou em novembro a versão impressa do Guia Sobratema de Equipamentos 2013-2015, que reúne informações sobre 803 equipamentos de 64 fabricantes nacionais e importados para manuseio de cargas, transporte vertical e trabalhos em altura, divididos em 11 famílias. Desempenho A entidade também divulgou como foi o desempenho do segmento em 2013 e fez projeções para 2014. Segundo o consultor da Sobratema Brian Nicholson, o papel das compras governamentais foi decisivo para a alta nas vendas projetadas para o ano de equipamentos para construção. Boa parte delas foi encomendada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e repassada para prefeituras de cidades com até 50 mil habitantes. Até a primeira quinzena de outubro, foram entregues 6.090 máquinas, entre retroescavadeiras e motoniveladoras. Em razão disso, o estudo da Sobratema projeta crescimento de 16% e 177%, respectivamente, para as vendas desses dois tipos de equipamentos na comparação com 2012. Para o consultor economista Rubens Sawaya, considerando todas as categorias, 20

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as vendas devem aumentar 5%, alcançando a marca de 74,1 mil unidades contra 70,3 mil unidades vendidas em 2012. Isoladamente, o segmento da chamada linha amarela (escavadeiras, retroescavadeiras, gruas e guindastes) projeta uma expansão de 13% em comparação com o ano passado. Serão mais de 33,3 mil máquinas desse tipo vendidas até o final do ano contra 29,4 mil unidades comercializadas em 2012. Com relação aos setores que usam máquinas para a construção, a infraestrutura responde pela maior parte daquelas adquiridas em 2013 (35 mil unidades, em alta de 9,9%). A construção civil é o segundo segmento em vendas, com 28 mil unidades (mais 1,4% sobre 2012). Em relação às projeções para os próximos anos, o estudo da Sobratema indica uma elevação média anual de 5,49% até 2018. (Nathalia Barboza)

Brian Nicholson: ano poderia ter sido pior sem as compras do governo

Içamento e cargas terão profissionais certificados A Sobratema e a Abendi (Associação Brasileira de Ensaios Não Destrutivos e Inspeção) passarão a fornecer certificação para o rigger, o supervisor de rigging e o sinaleiro amarrador, alguns dos profissionais que atuam no segmento de içamento e movimentação de cargas. A meta é garantir a qualificação do profissional e a capacitação adequada para desempenhar e executar suas atividades com qualidade e segurança, de acordo com os padrões estabelecidos pelas normas regulamentadoras. A certificação deve iniciar ainda em dezembro, no Instituto Opus, o centro de treinamentos da Sobratema.



PONTO DE VISTA

Ameaça ao produtor

MÔNICA MONTEIRO PORTO é advogada, mestre em Direito pela PUC-SP e sócia do escritório Monteiro Porto Advogados Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: monica@ monteiroporto.com.br

O Projeto de Lei 282/2012 do Senado visa alteração do CDC (Código de Defesa do Consumidor) para aperfeiçoar a disciplina das ações coletivas e fortalecer os órgãos públicos do sistema nacional de defesa do consumidor. Visando atribuir maior efetividade à proteção administrativa ao consumidor, o projeto apresenta dispositivos que ampliam os poderes dos Procons. Atualmente o CDC prevê que os órgãos oficiais de proteção ao consumidor, incluindo o Procon, poderão expedir notificações aos fornecedores para que, sob pena de desobediência, prestem informações sobre questões de interesse do consumidor, resguardado o segredo industrial. O PL 282/2012 propõe o acréscimo de multa para o fornecedor que não prestar as informações requisitadas. Além disso, prevê a obrigatoriedade do seu comparecimento à audiência, inclusive de conciliação, sob pena de serem presumidos verdadeiros os fatos alegados pelo consumidor, inclusive na esfera judicial.

tentativa de conciliação extrajudicial e proposta a ação judicial, será designada desde logo audiência de instrução e julgamento, se for o caso, dispensando-se a realização de nova tentativa de conciliação, observada a presunção de veracidade. No âmbito das reclamações individuais repetitivas, o projeto, a exemplo do que dispõe o Código de Processo Civil para os recursos repetitivos, prevê que o Procon poderá proferir uma única decisão administrativa para solucionar um conjunto de reclamações. Poderá, ainda, adotar medidas corretivas que conduzam à diminuição das reclamações e, concomitantemente, determinar multa diária em caso de descumprimento da decisão, como já ocorre na esfera judicial com as obrigações de fazer e não fazer. O projeto prevê que acordo firmado no Procon constituirá título executivo extrajudicial que incluirá multa diária e outras sanções em caso de descumprimento. Neste caso, o consumidor munido do acordo poderá executar no Judiciário a obrigação assumida pelo fornecedor, bem como a multa diária pelo descumprimento, sem necessidade de propor uma ação de conhecimento para obter a condenação do fornecedor ao cumprimento da obrigação. É nítido o esforço do projeto de desjudicializar as pretensões dos consumidores com o fortalecimento e ampliação dos poderes do Procon. Se aprovadas as alterações propostas, as construtoras deverão reorganizar seus departamentos jurídicos para atenderem às novas exigências e se defenderem das reclamações nos Procons, que em alguns aspectos passarão a ter poderes hoje atribuídos somente ao Judiciário e à Administração Pública.

Projeto atribui ao Procon uma força equivalente à do Poder Judiciário Isso quer dizer que o consumidor, ao propor a ação, já terá presunção de veracidade em seu favor. Todavia, essa presunção não deve ser absoluta, de modo que o fornecedor poderá provar o contrário em juízo, sob pena de afronta à Constituição Federal. O não comparecimento injustificado do fornecedor à audiência caracterizará ato atentatório ao Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, sujeito às sanções previstas no CDC. Se por qualquer motivo restar frustrada a

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GESTÃO EMPRESARIAL

Detalhando o Darpa

MARIA ANGELICA LENCIONE PEDRETI é professora de Contabilidade e Finanças da FGV e mestra em Administração de Empresas; trabalha em Planejamento Estratégico Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: maria.lencione@ fgv.br

Na última edição, apresentei o Modelo Darpa, a agência de inovação do Pentágono, que registra o maior número de inovações de sucesso em todos os tempos. O modelo trata o grupo de pesquisa como uma “Força Especial”, cuja abordagem se baseia em: 1) projetos que tragam o avanço para a ciência, solucionando problemas importantes para a sociedade. Neste ponto, na maioria dos casos, a pesquisa interna das empresas é exploratória. Não busca a solução de um problema sério da comunidade, mas uma oportunidade a oferecer, mesmo que a comunidade não a conheça. Essa pesquisa é um investimento de alto risco, já que ela nem pode ter objetivo específico. Na maioria das vezes, a pesquisa é realizada e financiada pelas unidades de negócios internas à empresa. Inovações podem não ser incentivadas por tais interesses e o departamento de P&D falha mais uma vez.

É preciso manter seus membros concentrados em metas e prazos. A composição da equipe pode ser alterada de acordo com suas descobertas e necessidades ou seu contrato pode ser renovado, se a pesquisa durou além do tempo previsto, mas ainda promete bons resultados. O Darpa não possui laboratórios próprios, trabalha com contratados de acordo com as características de cada projeto. Como existe um tempo e uma meta, todos se comunicam da forma mais eficiente possível, para que as metas sejam cumpridas a tempo. O líder da equipe precisará ser diferente. Ter conhecimento técnico profundo e a visão que inspire os liderados. Deve fazer a diferença, dar a oportunidade aos seus liderados de trabalharem numa equipe de elite, comercialmente focada e que não aceita o fracasso. 3) Independência deste departamento em relação à companhia, na seleção e condução dos projetos, com o compromisso de criar a inovação que trará o crescimento. As decisões sobre o destino dos projetos devem ser independentes das demais unidades de negócios, já que interesses divergentes as motivam. A Força de Inovação quer inovação e superação, enquanto as demais unidades querem sobreviver. O líder deve ser independente e ter autonomia para gerir seus recursos entre diferentes projetos, na medida em que se mostrem promissores ou não, sem o julgamento de seus pares da empresa. Seu compromisso é com o sucesso da inovação e não com as métricas usadas para avaliar os demais. Afinal, como esperar que um resultado seja diferente, se continuarmos fazendo os mesmos processos?

Pentágono se pauta por compromisso com o sucesso do projeto inovador O Modelo Darpa é diferente. Identifica projetos de pesquisa a partir de uma necessidade emergente e que não possa ser atendida com as tecnologias ou os processos existentes. Ele precisa da inovação. Na pesquisa, pode-se descobrir que o objetivo inicial foi superado por um novo e mais importante objetivo, e o líder do projeto deve ter a visão e a liberdade de escolher como realocar os recursos. De nada adiantaria insistir em uma meta na qual a equipe não acredita mais. 2) Equipes multidisciplinares, compostas por experts acadêmicos e do setor privado, por tempo limitado, ágeis e flexíveis.

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IMOBILIÁRIO

Graprohab prepara informatização O presidente do Graprohab (Grupo de Análise e Aprovação de Projetos Habitacionais), Lacir Ferreira Baldusco, afirmou durante evento no SindusCon-SP que para melhorar a acessibilidade do serviço, economizar tempo e dinheiro dos contribuintes, o grupo tem trabalhado no projeto de digitalização do sistema desde o ano passado. “Esperamos que o sistema entre em vigor no início do ano”, acrescentou. Membros do colegiado do grupo participaram em novembro do último dia de palestras do seminário sobre Legalização de Empreendimentos no município de São Paulo, promovido pelo SindusCon-SP em parceria com a prefeitura de São Paulo. Liderados por Baldusco, os técnicos detalharam as principais dificuldades encontradas no passo a passo necessário para a aprovação de projetos. De acordo com Baldusco, desde a sua criação já foram protocolados no Graprohab 12.460 processos. “Entre o ano passado e este ano foram protocolados 1.448 empreendimentos. No período foram emitidos 888 certificados de aprovação de projetos, o que equivale a 206.344 unidades”, afirmou. Na sequência da apresentação, Marcelo Galdieri (Sabesp); Flávio Cardoso Cunha

(Secretaria Estadual de Habitação); Célia Poeta (Cetesb) e Flávio Yuki Nakanishi (DAEE) tiraram dúvidas dos participantes. Na avaliação de Galdieri, uma das grandes dificuldades enfrentadas pelo grupo é a confusão que se faz na hora de apresentar a documentação. “É preciso ler atentamente o manual e seguir as orientações do Graprohab para não perder tempo”, recomendou. Para Yuki, representante da DAEE, esse é o caminho garantido se obter a aprovação rapidamente. A Sabesp também destacou que tem trabalhado para acelerar o processo de inspeção de materiais. (Fabiana Holtz)

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Ao final do evento, Nakanishi, Cunha, Galdieri, Baldusco e Célia responderam questões da plateia

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RELAÇÕES CAPITAL-TRABALHO

Santos conquista novos parceiros na Megasipat A Regional Santos comemorou a adesão de novas empresas à Megasipat deste ano, atingindo a meta de lotar o auditório do Sesi. Entre as atividades oferecidas, os participantes puderam criar porta-copos em mosaico, aprender sobre o túnel auditivo e aproveitar um momento de descanso na tenda de relaxamento. Conforme o diretor da Regional, Ricardo Beschizza, as empresas iniciantes ficaram entusiasmadas com os resultados. “Além de proporcionar um dia de muitas atividades, a Megasipat ajuda as empresas a zelar pela saúde de seus trabalhadores”, disse o diretor, explicando que houve elogios para a forma lúdica de transmitir o tema saúde e segurança no trabalho. Para Beschizza, os empresários que aderiam agora ao evento entenderam que falar sobre temas áridos como prevenção

de acidentes e cuidados com a saúde através de peças de teatro, tudo com muita descontração, prende a atenção dos trabalhadores e facilita o aprendizado. (Giselda Braz)

Trabalhadores puderam fazer exames de acuidade visual, glicemia, pressão arterial e hepatite C

Mogi reúne 200 trabalhadores Em sua segunda edição na Delegacia de Mogi das Cruzes do SindusCon-SP, a Megasipat atraiu cerca de 200 trabalhadores da construção em novembro. Ao todo, 17 empresas e instituições enviaram funcionários para o evento. Assim como nas outras regionais, os participantes tiveram acesso a diversos serviços como exames médicos, palestras

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interativas intercaladas por apresentações de um grupo de teatro. Entre as personalidades presentes estiveram Mauro Rossi, diretor adjunto do SindusCon-­SP, Paulo Sérgio Pinhal, do Colégio de Arquitetos e Instituto de Arquitetos do Brasil; Itamar Rodrigues Cruz, do Senai; Auclésio Ranieri, do Sesi; Domingos Alves dos Santos, do CREA; Josemar Bernardes André, do Sintramog (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Mogi das Cruzes); e Fátima Cardoso, do Seconci-SP. (Elizânio Silva) Entre as atividades do dia, os trabalhadores fizeram ginástica laboral


Capital cita acidente na Arena O SindusCon-SP reuniu 283 trabalhadores no Senai Tatuapé em novembro, na Megasipat. O evento objetiva auxiliar as construtoras a complementarem a sua Sipat (Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho). Na edição deste ano, foram inseridas na programação duas palestras especiais. Uma sobre a NR 35, que rege a segurança do trabalho em altura, e outra sobre violência doméstica. Em sua saudação aos trabalhadores, Haruo Ishikawa, vice-presidente de Relações Capital-Trabalho do SindusCon-SP, lamentou o acidente ocorrido na Arena Corinthians, conhecido como Itaquerão, que resultou na morte de dois trabalhadores. “Isso nos dá mais certeza da importância do trabalho que fazemos aqui. É fundamental reforçarmos os conhecimentos sobre segurança no trabalho para evitar novas tragédias como essa. Buscar formação e informação é a nossa maior defesa”, afirmou. Segundo ele, sua equipe e a da vice-presidente de Responsabilidade Social, Maristela Honda, já começaram a pensar na Megasipat de 2014. Em seu pronunciamento, Antonio de Sousa Ramalho Júnior, diretor do Sintracon-­ SP, pediu um minuto de silêncio em respeito aos mortos no acidente. “Apesar da tristeza,

precisamos seguir adiante e aproveitar este dia ao máximo, gerando novos agentes multiplicadores das informações transmitidas aqui”, disse. Entre as autoridades presentes ao evento estiveram Milton Perez, presidente da ABPA; Ramalho Júnior, do Sintracon-SP; Abílio Weber, diretor do Senai “Orlando Laviero Ferraiuolo”; Robson Leme, diretor de Segurança e Saúde da Feticom-SP; Fernando Costa, secretário geral do Seconci-SP; Eduardo Arantes, gerente executivo de Qualidade de Vida do Sesi-SP; e Marcos Antonio Ribeiro, presidente do Sintesp. (FH)

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Em seu pronunciamento, Ishikawa lamentou o acidente ocorrido na Arena Corinthians

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MARKETING

O peso da embalagem

ANTONIO JESUS DE BRITTO COSENZA é consultor de empresas e professor da EAESPFGV e da BBS Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: cosenza@ cosenzaeassociados. com.br

Para os bens de consumo, a embalagem representa o último momento em que um fabricante pode fazer o público optar por seu produto em detrimento daquele do concorrente. Ela é o elemento do composto integrado de comunicação que tem a habilidade para utilizar o sentido do tato. Essa importância tem o seu custo. Quanto mais se trabalha o design e as características da embalagem, maior peso ela passa a ter na composição do preço do produto. Os fabricantes deveriam tornar seus produtos acessíveis a uma fatia maior de consumidores e não transformá-los apenas em objetos de desejos. Os alimentos industrializados e os produtos de higiene ostentam embalagens à prova de crianças e resistentes durante o transporte e na armazenagem.

e fraudes” etc. Não se trata em absoluto de uma preocupação social, mas de uma preocupação pessoal, isto é, empresarial, para livrar a organização preventivamente de qualquer risco de uma ação legal. Há setores em que uma boa embalagem é a razão de ser do sucesso da marca, uma vez que ela deixa transparecer o status do usuário e tem um apelo social de demonstração que auxilia na construção da imagem de marca. Isso vale para perfumes, acessórios de vestuário, embalagens de “butiques”, design de carros, fachadas, cores e ambientação de edifícios e outros imóveis, sejam comerciais ou residenciais, que ajudam a elevar o preço do metro quadrado, além do valor devido à localização geográfica do mesmo. Mas é nos itens de uso diário que reside a preocupação com o custo adicional sem agregação de valor ao usuário. Deveria haver uma preocupação em se colocar no mercado, além da embalagem mais sofisticada, uma versão que fosse de menor preço, um refil, por exemplo, como fazem algumas empresas de cosméticos com preocupação social legítima, para não onerar indevidamente os seus clientes, usuários desses produtos. A embalagem, o continente, surgiu, prioritariamente, para proteger o conteúdo, e essa função não desaparece com a sofisticação dos meios de comercialização e de comunicação. Tenhamos o bom senso, para não privarmos de consumo básico –alimentação e saúde– pessoas que não podem despender um adicional de preço devido à sofisticação da embalagem. Encaremos essa função social da empresa com responsabilidade.

Fachadas, cores e ambientação de edifícios ajudam a fortalecer marca O que dizer, então dos produtos farmacêuticos. Eles são essenciais, mas não podem ser usados indevidamente e tão pouco violados em seu percurso até os pacientes, sob pena de causarem mal. Todas essas preocupações fazem os fabricantes dedicarem um enorme cuidado na preparação e escolha da melhor embalagem, que não coloque em risco de processo a própria empresa, caso o mau uso seja comprovado. É com o pensamento preventivo de multas, processos, indenizações, perda de imagem de marca, perda de participação de mercado e prejuízos, que os produtores sofisticam as embalagens, com a desculpa de “proteção infantil”, “facilidade de uso pela chamada terceira idade”, “evitar violações

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SINDUSCON-SP EM AÇÃO

Criado Comitê de Jovens Empresários Com a finalidade de estimular o associativismo de uma nova geração, o SindusCon­SP criou um Grupo de Jovens Empresários, que se reuniu formalmente pela primeira vez em novembro, na sede. O grupo recebeu as boas vindas do presidente do sindicato, Sergio Watanabe; do vice-presidente Administrativo e Financeiro, Cristiano Goldstein, e do presidente do Conselho Consultivo e membro do Conselho Editorial de Notícias da Construção, Delfino Teixeira de Freitas, acompanhados do superintendente José Luiz Machado e da coordenadora Marcia Laurino. “Queremos ter os jovens empresários próximos a nós, para que o SindusCon-SP

tenha um futuro profícuo”, afirmou Delfino. Goldstein fez uma apresentação sobre o sindicato, destacando sua ampla penetração política nos âmbitos federal, estadual e municipal. “A entidade representa 13 mil construtoras filiadas que empregam 905 mil trabalhadores no Estado de São Paulo e representam 33% do PIB nacional da construção”, destacou. Na sequência, o consultor Antonio Cocurullo, da Parker Randal, palestrou sobre Sucessão Empresarial e Institucional. O grupo voltará a se reunir no início de 2014. (RM)

Cocurullo fala sobre sucessão institucional, no evento aberto por Goldstein (no destaque)

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RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Membros da Missão Técnica 2013 do SindusCon-SP confraternizam com o cônsul Fukushima, na sede do sindicato

Cônsul do Japão é homenageado O cônsul geral do Japão em São Paulo, Noriteru Fukushima, foi homenageado pela Presidência e pela Diretoria de Relações Internacionais do SindusCon-SP, em novembro, em agradecimento aos seus esforços pelo sucesso da Missão Técnica do sindicato àquele país, em setembro. O presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, ao receber o cônsul e os integrantes da Missão em almoço na sede do sindicato, destacou a acolhida e a atenção dedicadas pelos anfitriões japoneses ao grupo. Ele homenageou o cônsul com uma placa comemorativa. Fukushima agradeceu, manifestando satisfação pelo sucesso da visita ao Japão e por ela ter coincidido com o anúncio da realização das Olimpíadas de 2020 em Tóquio. O diretor de Relações Internacionais do sindicato, Salvador Benevides, destacou a atuação de Fukushima, elogiou a dedicação do ex-superintendente do SindusCon-SP

Sussumu Niyama na preparação da agenda técnica e agradeceu nominalmente a todos os funcionários do sindicato que colaboraram para o sucesso da Missão. Niyama fez uma apresentação com os principais destaques da viagem. Benevides frisou que as missões técnicas do sindicato contribuíram para fazer a engenharia nacional evoluir em diversos aspectos: normas técnicas, novos equipamentos e tecnologias, sustentabilidade, BIM etc. Lembrou ainda que elas ajudaram na formatação de políticas públicas, como no caso do Programa Minha Casa, Minha Vida, influenciado pelas visitas que as missões fizeram ao Chile e ao México. O diretor de Relações Internacionais também presenteou com placas comemorativas Niyama e o ex-presidente Artur Quaresma Filho, este por ter participado de todas as dez missões técnicas que o SindusCon-SP organizou. (Rafael Marko)

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PREVENÇÃO E SAÚDE

Tempo de reflexão

LUDMILA PEREIRA DE ANDRADE é psicóloga do SeconciSP, graduada pelo Mackenzie, com especialização em Atendimento Clínico FenomenológicoExistencial de Problemáticas Contemporâneas pela PUC-SP Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: comunicacao@seconcisp.org.br

O fim do ano se aproxima. É uma ocasião para estar com familiares e amigos, fato restrito na vida moderna, pois os afazeres ocupam grande parte do tempo, tornando raros esses momentos de lazer e de maior aproximação com os outros e conosco. A intensa solicitação do mundo para que sejamos produtivos gera elevada preocupação em concluir acontecimentos com rapidez. Por consequência, falta-nos tempo para elaborar e pensar, cuidadosamente, nas maneiras pelas quais as situações podem ocorrer. É válido aproveitarmos o fim do ano para fazer a retrospectiva dos acontecimentos, avaliar os ganhos e as perdas, os sucessos e os fracassos, as metas cumpridas e as que ficaram pendentes, bem como o que se espera para o ano que virá. Diante disso, podemos refletir sobre as expectativas existentes, sobre as realizações futuras e como alcançá-las. Estabelecer metas e prioridades a serem atingidas ajuda a pensar como planejar e organizar os possíveis meios de executar o que se almeja, em vez de esperar que as coisas aconteçam por si mesmas, o que acaba não ocorrendo e, se ocorrem, não é da maneira que gostaríamos que fosse.

Identificar os objetivos não alcançados e os motivos para tanto pode ser um ponto de partida para elaborar os próximos planos. Assim, será possível ampliar as possibilidades de compreensão sobre os empecilhos ocorridos e aprimorar as estratégias para as atuações futuras. As dificuldades e as falhas não são sinal de incompetência ou impossibilidade, mas oportunidades para amadurecer e aprender a enfrentar as próximas situações com um olhar mais amplo, considerando as diversas alternativas existentes. Desse modo, podemos perceber que não houve apenas perdas, mas também ganhos, na perspectiva de que se desenvolveu a habilidade de avaliar os contextos de forma mais minuciosa e de ampliar as possiblidades de atuação, na tentativa de alcançar o que se deseja. O tempo cronológico nem sempre serve de parâmetro definitivo para avaliar a eficácia da ocorrência dos acontecimentos, pois cada pessoa é única e absoluta em suas questões e modos de vida. Por este motivo, terá um tempo próprio para atuar nos diversos contextos até conseguir alcançar o que anseia. Esse processo acontecerá de acordo com as viabilidades que cada um terá ou conseguirá criar. Identificadas as limitações durante esse percurso, tem-se a chance de observá-las e aceitá-las, havendo tempo de se preparar para o momento em que for possível superá-las. Aproveitar as oportunidades para refletir sobre essas questões proporciona um maior conhecimento pessoal, na identificação de nossas habilidades e limitações. Afinal, os términos podem ser também aberturas para o recomeço.

Canalizar as expectativas dentro de um planejamento facilita a execução Canalizar as expectativas concretamente, utilizando recursos que auxiliam na elaboração do que se planeja, pode diminuir a angústia do que está para acontecer e facilitar o processo do que se pretende executar. Por exemplo, escrever o que se pretende fazer, dividir as ações por datas e separar as etapas. Isso aumenta a possibilidade de que os planos saiam do nível das ideias e se realizem.

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CapaCitação profissional treinamento

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destaque

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de

janeiro

2014

são paulo

Campinas

dia 15 Gerenciamento por Indicadores: Como e por que Medir e Avaliar o Desempenho de sua Empresa

dia 28 e-Social x Legislação Trabalhista e Previdenciária – Aspectos Preparatórios

dia 17 Controladoria e Gestão Econômica

ribeirão preto

dia 22 e-Social x Legislação Trabalhista e Previdenciária – Aspectos Preparatórios dia 22 Fundamentos Fiscais sobre o ICMS, IPI e ISS, Aplicados à Construção Civil diaS 30, 31 e 1º/fev Curso Especialista do Microsoft Project 2013

dia 17 Fundamentos Fiscais sobre o ICMS, IPI e ISS, Aplicados à Construção Civil

santos dia 21 Gestão de Materiais/ Almoxarifado para o Setor da Construção Civil

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REGIONAIS

ISS é tema de palestra em Sorocaba A Regional Sorocaba realizou em novembro uma atualização sobre a cobrança do ISS (Imposto sobre Serviços) e a Terceirização/Subcontratação na Construção Civil. Com a participação de mais de 80 pessoas entre associados e interessados, as palestras foram ministradas pelos assessores jurídicos do SindusCon-SP Renato Romano Filho e Rosilene Carvalho Santos, na sede da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Sorocaba (AEAS). Como parte de mais uma rodada do Painel Jurídico, o evento foi aberto pelo diretor da Regional, Elias Stefan Jr. Ele destacou as vantagens que empresas associadas ao SindusCon-SP têm, como a participação em palestras como essas. Romano abordou pontos importantes sobre a Terceirização/Subcontratação na Construção Civil, como o acompanhamento do contrato de prestação de serviços, as obrigações trabalhistas e encargos sociais,

verificação do objeto social e da idoneidade financeira do contratado até a garantia de um ambiente adequado de trabalho. Já Rosilene Carvalho Santos falou sobre a inconstitucionalidade da cobrança do ISS sobre a nota cheia. E destacou que a aplicação da pauta fiscal de valores para aferir o correto recolhimento do tributo só é admissível quando a contabilidade da construtora tem irregularidades. (Lívia Camargo)

Palestra atraiu mais de 80 pessoas, entre associados e interessados

Regionais realizam o Painel Jurídico O Painel Jurídico também foi realizado em Presidente Prudente e São José do Rio Preto, reunindo em novembro 110 pessoas do setor da construção nos dois eventos. Com a presença dos respectivos diretores regionais, Luís Gustavo Ribeiro (Prudente) e Emilio Carlos Pinhatari (Rio

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Preto), os encontros tiveram o objetivo de debater problemas na arrecadação do ISS e os cuidados necessários e os reflexos da terceirização ou subcontratação de serviços no setor. Em suas palestras, o assessor jurídico do sindicato, Renato Romano Filho, falou sobre a desoneração na construção civil. Já a assessora jurídica Rosilene Carvalho Santos palestrou sobre a subcontratação no setor. Em Prudente, além da OAB, o evento recebeu apoio da Assescopp e da Aeaapp. (Geraldo Gomes e Ester Mendonça) Em Presidente Prudente, painel contou com Romano, Ribeiro, Rosilene e Luiz Bonifácio Urel, diretor adjunto da Regional



REGIONAIS

Delegação de Santos visita Maringá O exemplo de planejamento de Maringá atraiu a atenção do Fórum da Indústria da Construção de Santos e Região (Ficon), que enviou uma delegação àquela cidade paranaense nos dias 11 e 12 de novembro, com o objetivo de, através do intercâmbio de conhecimentos, trazer a Santos formas que estimulem ainda mais o seu desenvolvimento. A Regional Santos participou da visita representada por seu diretor Ricardo Beschizza. “A visita a Maringá foi muito produtiva, à medida que a comitiva pode ver de perto como aquela cidade, com apenas 66 anos, conseguiu identificar suas vocações e, através de planejamento, atrair investimentos, propiciando boa qualidade de vida a seus moradores”, disse o diretor. Beschizza contou que a comitiva foi bem recepcionada e que as autoridades se empenharam em demonstrar o que fazem até hoje para estimular o desenvolvimento daquela cidade. Desde o final da década de

90, membros do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá (Codem) discutem projetos que garantam o futuro da cidade. Com 385 mil habitantes (50 mil a menos que Santos), Maringá conta hoje com aeroporto municipal com voos diários para as principais cidades do País. De acordo com Beschizza, a Avio, fabricante suíça de helicópteros e aviões, vai investir R$ 174 milhões e gerar mil empregos na cidade. Além do diretor da Regional, participaram da visita técnica Luiz Paiva dos Reis, da Assecob; Renato Monteiro, do Secovi e SindusCon-SP; Edson Monteiro, da Associação Comercial de Santos; Modesto Vilanova, da Vértice; Mário Esteves, da Família Capital; Marcos Clemente Santini e Márcio Delfim, de A Tribuna; Vitor Souza, da Vasco da Gama; Fabrício Julião, da Uma Eventos; e Omar Silva Jr., secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação de Santos. (Giselda Braz)

Feirão do Imóvel agita São Bernardo Com o apoio da Regional Santo André, a cidade de São Bernardo do Campo organizou entre 21e 24 de novembro o Feirão do Imóvel no São Bernardo Plaza Shopping. Além de construtoras e imobiliárias, o evento reuniu no mesmo espaço outros agentes, como o Banco do Brasil, que tinha técnicos responsáveis por simular, analisar e autorizar financiamentos, proporcionando agilidade na execução das negociações. Também es-

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tiveram presentes escritórios de arquitetura e decoração e empresas de consórcio. Organizada pela Oje Comunicações, a feira contou com a participação de 35 expositores, que ocuparam 84 estandes, reunindo uma grande variedade de imóveis novos, usados e lançamentos ainda na planta, com preços abaixo do mercado. Segundo o diretor da Regional, Sergio Ferreira dos Santos, a vantagem de visitar a feira é o consumidor poder encontrar, em um mesmo lugar, várias opções de apartamentos, casas, sobrados, e conhecer as novidades do mercado com preços acessíveis. (Sueli Osório) Feirão contou com a participação de 35 expositores



REGIONAIS

Bauru reúne-se com universitários O dia a dia da construção civil e as perspectivas futuras para o setor foram tema da 2ª Jornada dos Cursos de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Sagrado Coração (JEAUSC), em Bauru. O debate contou com a participação do diretor da Regional, Renato Parreira, e foi acompanhado por aproximadamente 400 estudantes universitários. “A proposta do encontro foi aproximar os estudantes da realidade que enfrentamos no setor, mostrar aos futuros profissionais o que eles encontrarão no mercado de trabalho, nichos em que poderão investir, os problemas e desafios. Também tivemos a oportunidade de observar o nível dos profissionais que as universidades inserem no mercado”, comentou o diretor. Defensor da aproximação e troca de

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experiências entre empresas e universidades, Parreira salientou a importância dos debates: “É gratificante para nós e, ao mesmo tempo, uma obrigação do empresário passar um pouco da nossa experiência. (Sabrina Magalhães)

Parreira no evento que reuniu cerca de 400 alunos em Bauru


Excelência na educação profissional e inovação tecnológica é no SENAI-SP Cursos na área de Construção Civil

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 Qualificações:  Desenhista de edificações  Laboratorista de ensaios de materiais  Habilitação:  Técnico em edificações

NR18—Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção

Curso mestre-de-obras

NR 33—Capacitação para trabalhadores em espaços confinados

 Especialização—Planejamento e supervisão

NR 10—Segurança em instalações e serviços com eletricidade

de obras

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REGIONAIS

Campinas forma mestres de obras A Escola Senai de Campinas, em parceira com a Regional do SindusCon-­ SP, concluiu em outubro a qualificação profissional de mais 23 mestres de obras. Para o diretor da Regional, Márcio Benvenutti, que participou da cerimônia de formatura, a qualificação profissional nos canteiros de obras é uma exigência cada vez maior do setor. “Quem não se qualifica fica para trás. E no nosso segmento isso é fundamental”, disse Benvenutti. Com duração de um ano e carga horária de 600 horas, os participantes do curso aperfeiçoaram seus conhecimentos sobre leitura de projetos, instalações, cálculos, comunicação oral e escrita. Trabalho em altura A Regional também ofereceu gratuitamente para associados entre outubro e novembro o treinamento da Norma Regulamentadora (NR) 35, que trata da segurança no trabalho em altura. No período, o curso ministrado pelo técnico em Segurança do Trabalho Anderson Felix atendeu aos funcionários da DPA Projetos e da MGM Construtora. Obrigatório desde o ano passado, o trei-

namento deve apresentar uma carga horária mínima de 8 horas, contendo aula teórica e prática, além de noções de resgate em caso de acidentes envolvendo altura. “É importante qualificar a mão de obra, para que todos tenham conhecimento das regras. Isso é de interesse dos trabalhadores e das empresas”, afirmou o diretor da Regional. Uma parceria da entidade com a Escola Senai permitiu a implantação do treinamento, oferecido às construtoras com carga horária de 16 horas no próprio canteiro de obras. (Vilma Gasques)

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Trabalhadores recebem treinamento com noções de resgate no caso de acidentes em altura



REGIONAIS

Seminário discute segurança Cerca de 150 pessoas participaram do seminário Gestão em Saúde e Segurança no Trabalho, realizado pela Regional Ribeirão Preto em novembro. O evento, promovido na escola Senai Octávio Marcordes Ferraz, reforçou os conteúdos técnicos das Normas Regulamentadoras 18 e 35, com o objetivo de melhorar as condições e o meio ambiente de trabalho na indústria da construção. Atividades realizadas em construções com mais de dois metros do nível inferior, onde há risco de queda do trabalhador,

também foram abordadas. Ministrado pelo engenheiro químico Luiz Carlos Lubreras Rocha, que foi coordenador do processo de revisão da NR 18, o seminário atraiu técnicos de segurança do trabalho, mestres de obra, encarregados de obra, engenheiros civis e de segurança do trabalho, advogados, profissionais dos setores administrativos, sindicalistas e empresários. Rocha trabalha como auditor fiscal do Ministério do Trabalho desde 1999. (MJ)

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BB palestra sobre crédito em Ribeirão Em parceria com o Banco do Brasil, a Regional Ribeirão Preto promoveu no auditório da Faap local, em outubro, o ciclo de palestras “Vantagens para sua empresa”. Entre os temas abordados, o economista chefe da instituição financeira, Elcio Gomes Rocha, falou sobre cenários e perspectivas para a economia brasileira e mundial. Rudimar Angelo Locatelli, executivo de Crédito Imobiliário Pessoa Jurídica do BB, discorreu sobre soluções em crédito imobiliário para construtoras e incorporadoras. Entre outros pontos, Locatelli detalhou questões como o desligamento na planta e financiamento de terreno. Já a consultora de seguros no ramo imobiliário Geane Soares da Silva falou sobre as diversas modalidades de seguros para o segmento imobiliário, carências e tipos de cobertura. Como entrada, a organização pediu

a doação de um litro de leite. O material arrecadado foi destinado à instituição Cantinho do Céu, lar que desde 1983 cuida em período integral de pessoas com deficiências múltiplas e severas. (Márcio Javaroni)

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O evento versou sobre cenários e perspectivas para a economia, crédito imobilário e seguros

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SOLUÇÕES INOVADORAS

Inovar com o Sinat FABIANA DA ROCHA CLETO é engenheira civil e mestre pela Epusp, pesquisadora do IPT no Centro Tecnológico do Ambiente Construído, atua na área de avaliação de produtos inovadores no Laboratório de Componentes e Sistemas Construtivos Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: frcleto@ipt.br

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Inovações tecnológicas em obras de habitação, principalmente as inseridas no Programa Minha Casa Minha Vida, devem passar pelo crivo do Sinat (Sistema Nacional de Avaliação Técnica). A empresa que tiver materiais, componentes ou sistemas construtivos inovadores deve inicialmente procurar uma ITA (Instituição Técnica Avaliadora) cadastrada no Sinat, acessando www.cidades.gov.br/pbqp-h/projetos_sinat.php . Há 8 ITAs: 5 em São Paulo, 2 em Recife e 1 em Curitiba. O detentor da tecnologia deve fornecer à ITA as especificações técnicas da inovação. Num sistema construtivo, descrever os materiais e componentes, indicar o procedimento de execução e/ou montagem, apresentar um projeto básico ou executivo (se houver), informar função, destinação e eventuais aplicações práticas. Com essas informações e acertados os trâmites contratuais, a ITA inicia o processo, procurando saber se já há uma Diretriz Sinat a respeito. Essa Diretriz é o documento descritivo do que deve ser avaliado (caracterização e requisitos de desempenho) e como (métodos de ensaios, cálculos, simulações etc.). Na página do Sinat é possível fazer download das 9 Diretrizes existentes até novembro de 2013. Se já houver uma Diretriz aplicável, a ITA deve obrigatoriamente utilizá-la, passando para a etapa da avaliação técnica. Se não houver, a ITA irá propor o desenvolvimento de uma. O investimento é feito pelo detentor da tecnologia, podendo ser em parceria com outras empresas ou uma associação delas. A ITA, nesse caso, é contratada para fazer a Minuta da Diretriz, com base em pesquisas bibliográficas (incluindo normas internacionais) e considerando um histórico de ensaios laboratoriais realizados com o produto, principalmente os relacionados à durabilidade. Essa Minuta deve

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ser aprovada pelas instâncias superiores do Sinat: o Comitê Técnico e a Comissão Nacional. A avaliação técnica é feita pela ITA considerando a documentação fornecida pelo detentor da tecnologia e as amostras do produto a serem ensaiadas. Ela analisa as especificações técnicas do produto e do seu processo de produção, e avalia os projetos, particularmente no que se relaciona ao desempenho estrutural, estanqueidade à água e durabilidade. Também executa ou subempreita/acompanha todos os ensaios para caracterização e avaliação do desempenho (segurança ao fogo, desempenho térmico e acústico, estanqueidade à água, segurança estrutural, durabilidade ou outros). Os ensaios são executados em laboratório ou em campo, ou seja, nessa etapa não é necessário que o detentor da tecnologia já tenha obras em execução ou empreendimentos concluídos. Mas ele é o responsável por montar os corpos de prova e/ou construir um protótipo (no caso de sistemas construtivos), e esse processo é acompanhado pela ITA que executará os ensaios. Concluídos os ensaios e análises, a ITA interpreta os resultados e compara com as exigências descritas na Diretriz. Essa análise é apresentada em um RTA (Relatório Técnico de Avaliação) emitido por ela. Caso conste do RTA o atendimento aos requisitos de desempenho, passa-se à auditoria técnica no Sinat. Caso contrário, para todos os itens não atendidos o detentor da tecnologia propõe melhorias (alterações no projeto, em Sistemas construtivos formados por paredes estruturais constituídas de paineis de PVC preenchidos com concreto


alguns detalhes construtivos, na especificação de determinados materiais ou componentes, no processo de produção etc.). Após a modificação do produto, a ITA realiza novamente os ensaios e análises dos itens não conformes. O procedimento é repetido quantas vezes forem necessárias, até que o desempenho esteja conforme; aí, passa-se para a auditoria técnica. Se o RTA apontar desempenho satisfatório, o detentor da tecnologia já pode introduzir o produto nas obras habitacionais, podendo contar com o apoio de instituições financiadoras. Assim que o produto passa a ser produzido em escala, inicia-se a etapa de auditoria técnica na produção e na sua instalação em obras. A ideia é verificar se o detentor da tecnologia consegue atingir em escala a qualidade do que foi testado em amostra, e manter o controle do processo de produção, bem como do produto acabado e instalado nas obras. A ITA realizará auditorias na fábrica do produto (caso seja industrializado), e nas obras em que está sendo empregado. Em caso de uso do produto em empreendimentos concluídos e entregues, haverá auditoria técnica para verificar eventual incidência de patologias. Nessas auditorias serão verificados os documentos técnicos referentes ao produto, sua correta adoção, os controles efetuados no processo de produção e instalação (ou montagem/execução da obra) e as características do produto acabado. São realizadas tantas auditorias quanto necessárias, até que a ITA considere que o detentor da tecnologia tenha condições mínimas de manter tais controles, possibilitando a elaboração do DATec (Documento de Avaliação Técnica). A ITA elabora uma Minuta de DATec para o detentor da tecnologia. O documento com-

pila todos os dados da avaliação técnica e da auditoria técnica, e também deve ser aprovado pelas instâncias superiores do Sinat. Durante os 2 anos da vigência do DATec, a ITA realiza auditorias técnicas periódicas (geralmente a cada 6 meses) na fábrica (quando for o caso), em obras em execução e em empreendimentos já concluídos e entregues. Ao menos uma auditoria periódica tem que ser realizada com o produto em uso. Nessa etapa, a ITA também solicita alguns ensaios de caracterização para verificar o controle da qualidade do produto. O Sinat é um ambiente favorável ao emprego de inovações tecnológicas na construção civil, e a concessão de um DATec a um produto inovador propicia muito mais segurança ao consumidor e a toda a cadeia produtiva, além de evitar práticas heterogêneas no mercado. Como o produto inovador não possui uma norma técnica de referência, esse mecanismo de avaliação reduz os riscos do detentor da tecnologia, dos construtores, dos agentes financiadores das habitações e dos usuários.

Sistemas construtivos estruturados em perfis leves de aço conformados a frio com fechamentos em chapas delgadas (“Light Steel Framing”)

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Sistemas construtivos integrados por paineis pré-moldados de concreto (mistos, alveolares ou maciços)

Sistemas construtivos estruturados em peças de madeira maciça serrada com fechamentos em chapas delgadas (“Light Wood Framing”)

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CONSTRUÇÃO DA CARREIRA

Época de balanço FELIPE SCOTTI CALBUCCI é graduado em Comunicação Social e gerente de Property & Construction da Michael Page, com foco em recrutamento de gerentes e diretores para construtoras e incorporadoras Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: felipecalbucci@ michaelpage.com.br

Final de ano é uma boa época para os profissionais refletirem sobre suas carreiras. Esta época também costuma ser o momento em que alguns profissionais iniciam as buscas para um novo desafio e assim costumam ter um novo projeto firmado em meados de fevereiro, logo após receberem seus bônus. Para as empresas, o final de ano costuma ser uma fase de “calmaria”, no sentido de turnover (rotatividade de pessoas), seguida de um “maremoto” na sequência do pagamento de bônus. Entendo que a lição de casa para os empresários é analisar suas equipes. É o momento de avaliar se as pessoas “chave” de suas organizações estão engajadas e, a partir desta análise, promover os ajustes necessários. Tais ajustes variam desde troca de equipe até ações de desenvolvimento e retenção.

no primeiro semestre, teremos a Copa do Mundo e, no segundo semestre, as eleições. Com isso, talvez parte dos negócios não seja efetivada ou tenha velocidade compometida. Esses fatores tendem a incentivar a busca de novos desafios. Poucos sabem, mas as empresas não costumam fazer boa avaliação de executivos com passagens breves no setor de nossa atividade econômica. Em Real Estate, Construção ou Infraestrutura, o ciclo de realização de um negócio desde sua origem até sua conclusão pode levar entre 5 a 10 anos (ou mais), dependendo de seu porte. Penso que 2014 pode não ser o ano do recorde de pagamento de bônus, mas tem tudo para ser o ano de desenvolvimento profissional. Não só pelo simples fato de que o “mercado” mais duro forma melhores profissionais, como pela oportunidade para que executivos reflitam sobre suas habilidades técnicas ou comportamentais e busquem melhorias. Além dos cursos tradicionais de vasto conhecimento como PMI, BIM e gestão de projetos em geral, o conhecimento financeiro é válido para todo e qualquer profissional. Existem ótimas universidades ministrando cursos e pós-graduações que variam desde finanças básicas até as mais complexas. Outra dica é buscar melhoria em aspectos comportamentais, por meio de cursos como oratória, neurolinguística, gestão de tempo, trabalho em equipe etc. Neste caso, as opções de bons cursos são limitadas, ainda que existam alternativas. Caros leitores, agradeço pelo apoio e leitura desta coluna durante 2013, e espero revê-los no próximo ano!

2014 tem tudo para ser um ano de desenvolvimento dos profissionais Segundo uma pesquisa realizada pela empresa que represento (Page Group), apenas 40% dos executivos têm expectativa de receber bônus neste ano. De acordo com a mesma enquete, o percentual de executivos que receberam aumento maior que 15% diminuiu significativamente. Além disso, 60% dos executivos pesquisados informaram que estão analisando a possibilidade de mudar de emprego em 2014. Somado a isso, teremos um 2014 incerto. Diferentemente de anos anteriores, o Carnaval será em março. Depois, ainda 46

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