A construção do futuro

Page 1



editorial

Romper o pessimismo

Sergio Watanabe é presidente do SindusCon-SP, vicepresidente da CBIC e diretor da Fiesp Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: presidente@ sindusconsp.com.br

Em abril, os empresários da construção manifestavam pessimismo sobre o desempenho e as perspectivas da construção para este ano. As diversas sondagens apontavam incerteza em relação ao crescimento esperado e fortes preocupações com a resistência da inflação e dos juros altos. Neste cenário, SindusCon-SP e ABRAMAT congregaram a cadeia produtiva da construção nos dois dias de realização do ConstruBr, evento que reuniu congresso, feira e rodadas de negócios com foco na elevação da produtividade, e se constitui no tema da reportagem de capa desta edição. Em manifesto lançado na ocasião e que ganhou a adesão de dezenas de entidades do setor, a construção exigiu mudanças na política econômica, fixação de metas de redução da inflação, da carga tributária, e de erradicação do déficit habitacional. Entre outras reivindicações, o setor destacou a necessidade de isonomia na desoneração da folha de pagamentos. Condenou o tabelamento de preços nas licitações públicas. E clamou por segurança jurídica.

mesma empresa elaborar o projeto executivo e realizá-lo; prazos exíguos, abrindo brecha ao “dirigismo”. Mais: a permissão de lances adicionais após a entrega das propostas abre caminho para preços inexequíveis e motiva planilhas irreais de custos, já que estas precisarão ser adaptadas ao preço final ofertado pelo ganhador, gerando dificuldades na execução e no gerenciamento da obra. Por último, a fixação de seguro garantia de até 30% do valor da obra limitará consideravelmente o número de participantes de determinadas licitações, facilitando conluios. O SindusCon-SP ainda se manifestou publicamente contra os atrasos de pagamentos do programa Minha Casa, Minha Vida, e se opôs à nova dilatação dos prazos de quitação das faturas, o que prejudicará as pequenas e médias empresas especializadas na produção de HIS (Habitação de Interesse Social). No município de São Paulo, carro-chefe da indústria imobiliária, o SindusCon-SP criticou alguns pontos do substitutivo ao projeto do Plano Diretor do município. Na contramão da necessidade de atender a demanda habitacional, o substitutivo diminuirá a área adensável próxima aos corredores de transportes e nos centros de bairros. Encarecerá o custo dos imóveis, ao estabelecer contrapartidas como a construção de HIS ou a reserva de área para uso público. E desestimulará a oferta habitacional, especialmente para as famílias com renda entre 3 e 10 salários mínimos. Iniciativas como estas reforçam o papel do sindicato. É urgente a reversão do clima de pessimismo que tomou conta da atividade econômica, inibindo investimentos.

SindusCon-SP manifesta-se em várias frentes pela reversão das incertezas Em outra frente, o SindusCon-SP se posicionou contrário à ofensiva do governo para estender o RDC (Regime Diferenciado de Contratações) a todas as licitações de obras públicas do país. Coerente com a posição manifestada na criação do RDC, o sindicato voltou a alertar para os riscos deste regime: falta de transparência do processo licitatório, pela não divulgação dos valores de referência; incerteza sobre a qualidade da obra, ao permitir à

revista notícias da construção

/ Maio 2014

3


sumário

Presidente Sergio Tiaki Watanabe

voz do leitor

CONGRATULAÇÕES Agradecemos a gentileza do envio de Notícias da Construção, edição 131, e oportunamente, parabenizamos toda a Diretoria do SindusCon-SP, por tamanha competência e dedicação José de Ribamar Barbosa Belo presidente do Sincopem (Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado do Maranhão)

Escreva para esta Seção

e-mail: noticias@sindusconsp.com.br correio: R. Dona Veridiana 55, 2º andar, 01238-010, São Paulo-SP

Capa CONSTRUBR PEDE BRASIL EFICIENTE E PRODUTIVO...................... 6 • Manifesto marca posição do setor • Salibi: empresas devem criar conhecimento • Gerdau: caminho é a governança • Zaidan: país precisa descobrir sua vocação • Bernasconi: RDC é comprar porcaria • Especialista recomenda equilíbrio na subcontratação • Aumenta possibilidade de racionamento de energia • Painel disseca gargalos à industrialização • Falconi: disciplina e método viabilizam produtividade • Feira expõe o melhor da construção

RELAÇÕES CAPITAL-TRABALHO.................. 41 • Muita atenção nas subcontratações

REGIONAIS................................................ 42 • Campinas atualiza Código de Obras • Rio Preto forma 24 mestres de obras

SECONCI-SP 50 ANOS................................ 45 • Seconci-SP vai aos canteiros • Entidade atendeu a população no Masp

colunistas Conjuntura | Robson Gonçalves..............................5 Empreendedorismo | Marco Antonio Conejero.........28 Gestão Empresarial | Maria Angelica L. Pedreti.......32 Tributos | Paulo Antonio Neder..............................34 IMOBILIÁRIO............................................. 30 • Brasil flerta com edifícios superaltos

4

revista notícias da construção

/ Maio 2014

Diretores das Regionais Eduardo Nogueira (Ribeirão Preto) Elias Stefan Junior (Sorocaba) Emilio Carlos Pinhatari (São José do Rio Preto) Luís Gustavo Ribeiro (Presidente Prudente) Márcio Benvenutti (Campinas) Renato Tadeu Parreira Pinto (Bauru) Ricardo Beschizza (Santos) Rogério Penido (São José dos Campos) Sergio Ferreira dos Santos (Santo André) Representantes junto à Fiesp Titulares: Eduardo Ribeiro Capobianco, Sergio Porto; Suplentes: João Claudio Robusti, José Romeu Ferraz Neto Assessoria de Imprensa Rafael Marko - (11) 3334-5662 Nathalia Barboza - (11) 3334-5647 Fabiana Holtz - (11) 3334-5701 Conselho Editorial Delfino Teixeira de Freitas, Eduardo May Zaidan, José Romeu Ferraz Neto, Maurício Linn Bianchi, Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, Odair Senra, Salvador Benevides, Sergio Porto SUPERINTENDENTE José Luiz Machado editor responsável Rafael Marko REDAÇÃO Nathalia Barboza e Fabiana Holtz (São Paulo) com colaboração das Regionais: Ester Mendonça (São José do Rio Preto); Giselda Braz (Santos); Geraldo Gomes e Maycon Morano (Presidente Prudente); Enio Machado, Elizânio Silva e Tatiana Vitorelli (São José dos Campos); Marcio Javaroni (Ribeirão Preto); Sabrina Magalhães (Bauru); Ana Diniz e Simone Marquetto (Sorocaba); Sueli Osório (Santo André); Vilma Gasques (Campinas). Secretaria: Antonia Matos

PUBLICIDADE Vanessa Dupont - (11) 3334-5627 Pedro Dias Lima - (11) 9212-0312 Vando Barbosa - (11) 99614-2513 Jéssica Schittini - (11) 96646-6525 André Maia - (21) 99468-4171 Nayara Aquino - (11) 3334-5659 Thiago Lippmã - (11) 3334-5637 ENDEREÇO R. Dona Veridiana, 55, CEP 01238-010, São Paulo-SP Central de Relacionamento SindusCon-SP (11) 3334-5600 CTP/ impressão: Pancrom Indústria Gráfica Tiragem desta edição: 13.600 exemplares

Segurança do Trabalho | José Carlos de A. Sampaio....44 Saúde | Gisele de Jesus Batistini.............................46 Jurídico | Flávio Senra.......................................48

QUALIDADE............................................... 35 • Lançada Norma de Reformas • Consitra discute termografia • Sindicato destaca desempenho acústico • Evento debaterá uso da água

Diretores Paulo Brasil Batistella (Jurídico) Salvador de Sá Benevides (Rel. Internacionais)

Arte e diagramação Marcelo da Costa Freitas/Chefe de Arte

PRODUTIVIDADE........................................ 24 • SindusCon-SP aponta caminhos para o crescimento

SINDUSCON-SP EM AÇÃO........................... 26 • São Paulo inspira-se no Tejo • Eleições no SindusCon-SP terão chapa única • Sindicato é reeleito no Conselho da CBIC

Vice-presidentes Cristiano Goldstein Eduardo May Zaidan Francisco Antunes de Vasconcellos Neto Haruo Ishikawa João Claudio Robusti João Lemos Teixeira da Silva Luiz Antonio Messias Luiz Claudio Minniti Amoroso Maristela Alves Lima Honda Maurício Linn Bianchi Odair Garcia Senra Paulo Rogério Luongo Sanchez Yves Lucien de Melo Verçosa

Soluções Inovadoras | Luiz Tsuguio Hamassak Sidnei Rodrigues de Oliveira Sergio Cirelli Ângulo.............50

Opiniões dos colaboradores não refletem necessariamente posições do SindusCon-SP noticias@sindusconsp.com.br www.sindusconsp.com.br facebook.com/sindusconsp twitter.com/sindusconsp youtube.com/sindusconspmkt Disponível na App Store e no Google Play

Construção da Carreira | Felipe Scotti Calbucci.....54

“O papel desta revista foi feito com madeira de florestas certificadas FSC e de outras fontes controladas.”


Conjuntura

Gafes econômicas

Robson Gonçalves é professor dos MBAs da FGV e consultor da FGV Projetos Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: robson.goncalves@ fgv.br

Os economistas não são exatamente os profissionais mais polidos que existem. Gostam de fazer afirmações polêmicas, previsões precisas e críticas ácidas. Não têm, definitivamente, a mesma ética profissional dos médicos e dos advogados. Mas, mesmo em uma profissão assim, exercida por brutos, existem instituições de referência que fazem por merecer o respeito da classe. Eu mesmo frequentei algumas delas, como a USP e o Banco Central. Dentre essas instituições, contam-se, pelo menos por enquanto, o Ipea e o IBGE. Mas a imagem de ambas saiu arranhada recentemente, ainda que por motivos distintos. No caso do Ipea, a gafe ocorreu por conta da divulgação equivocada de dados referentes à “aprovação” da violência contra a mulher. Uma estatística de mais de 60% na verdade não chegava a 25%, número que ainda beira o absurdo. “A culpa foi da planilha”, disseram. Pelo menos ninguém tentou culpar algum pobre estagiário despreocupado. O malfeito levou, é claro, à demissão do diretor. Demissão a pedido, digna de alguém que reconhece ter cometido um erro escabroso.

Eles afirmaram que não há nada de errado com a metodologia e, portanto, não existe razão para suspendê-la. Enquanto a PME é realizada somente em cinco regiões metropolitanas, a PNAD abrange um universo amostral de municípios muito mais amplo. Conclui-se que o chamado “pleno emprego” no qual vivemos hoje é um fenômeno mais tipicamente metropolitano. Ainda assim, os níveis apurados pela nova pesquisa são baixos e de dar inveja a qualquer país europeu. Censurar um órgão como o IBGE que, apesar das dificuldades, permite ao Brasil ter estatísticas econômicas, geográficas e sociais minimamente consistentes, é grave. Não é muito diferente da atitude ditatorial do anos 70, quando jornais sofriam intervenção e jornalistas eram presos e mortos. A gafe, nesse caso, para usar uma palavra branda, foi do governo. Mas a diretora responsável pela PNAD também pediu demissão. Um ato de coragem. O que sobressaiu nos dois episódios foi a postura do corpo técnico. Erros crassos, todos podemos cometer. Mas o diretor do Ipea, em lugar de simplesmente esperar que tudo esfriasse e o estudo fosse parar na prateleira, veio à público, reconheceu o erro e, ato contínuo, pediu demissão. No IBGE, a consistência da PNAD foi defendida pelos funcionários e a diretora também se retirou. Se é para “aprimorar” a metodologia até que os números revelem o país que o governo deseja, melhor ir embora mesmo. Ainda existe gente séria no Brasil: os que se envergonham de seus erros e os que se envergonham de seus chefes. Vale refletir a respeito.

O chamado pleno emprego existe mais nas regiões metropolitanas O que se passa no IBGE é algo mais grave. Os resultados do desemprego, apurados pela nova PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), vieram mais altos do que os apurados pelo método tradicional da PME (Pesquisa Mensal de Emprego). O governo solicitou a suspensão da pesquisa, a fim de “aprimorar a metodologia”. A reação dos técnicos do Instituto foi imediata e indignada.

revista notícias da construção

/ Maio 2014

5


capa

ConstruBr pede Brasil eficiente e produtivo Setor quer urgência nas reformas estruturais: sem elas, o país não poderá avançar Nathalia Barboza Fabiana Holtz

“Queremos construir um Brasil em que o direito do cidadão à moradia e à infraestrutura de qualidade seja atendido com eficiência. Um Brasil, em que a construção civil tenha condições de exercer sua atividade com entusiasmo! Com Produtividade! E com Segurança Jurídica! Estas aspirações precisam ser concretizadas. Não amanhã. Mas hoje.” As afirmações foram feitas pelo presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, em pronunciamento na abertura do ConstruBr, em abril, no Expo Transamérica. O evento, promovido em parceria com a Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção), reuniu por dois dias representantes da cadeia da construção em painéis, distribuídos em três eixos temáticos: inteligência (visão global), gestão (visão estratégica) e tecnologia (visão sistêmica), além de uma feira e de um espaço para rodadas de negócios. 6

revista notícias da construção

/ Maio 2014

Segundo Watanabe, o setor não conseguirá avançar sem retomar as reformas política, da Previdência, trabalhista e tributária. Para ele, as mudanças permitirão “um crescimento consistente e permanente” do país e eliminariam seus gargalos. O Brasil precisa livrar-se, afirmou, do excesso de burocracia, da corrupção, informalidade e outras mazelas, e promover um ambiente que estimule a produtividade. Ele repetiu ainda a necessidade de tornar o programa Minha Casa, Minha Vida numa política de Estado, “com meta de eliminar o déficit até 2030”. A mesma tese foi reforçada por Antonio Ramalho, deputado estadual e presidente do Sintra­con-SP­, que defendeu a perenização da política habitacional. Mais produtividade Já o presidente da Abramat, Walter Cover, observou que, apesar de a macroeco-

fotos: Marina Piedade

Para Watanabe, as aspirações do Brasil precisam ser concretizadas já


nomia brasileira não poder ser considerada “um desastre”, muitos indicadores vêm “empacando” o PIB nacional, que não consegue crescer além dos 2% ao ano. “Temos de repensar a economia, fazer as reformas.” No nível das empresas, Cover disse ser preciso trabalhar a questão produtividade. “Cada empresa sabe o que deve fazer.” Para Paulo Simão, presidente da CBIC, apesar das dificuldades atuais, o setor teve papel e desempenho relevantes nos últimos anos. “É bom saber que o ConstruBr olha para a frente”, completou. Paulo Skaf, presidente da Fiesp, concordou. “Precisamos estar juntos, governos federal, estadual, municipal, entidades, para realmente destravar os projetos que existem, mas que estão atrasados”, disse. “Que se faça de uma vez por todas o que é preciso, na velocidade que precisamos e que todos nós sabemos ser necessária", comentou. Skaf reiterou ainda apoio às demandas da cadeia produtiva da construção. Uma delas é a facilitação dos processos para iniciar obras. “Não adianta ter projetos só no papel. Também não adianta enfrentar um destravamento no qual a licença leva mais tempo que a execução da obra”, alertou. Também presente à abertura do evento, o secretário especial de Assuntos Estratégicos do Estado de São Paulo, João Carlos de Souza Meirelles, pediu aos empresários para “pensarem em produtividade na interface com o Estado”. Ele defendeu a adoção, cada vez mais intensa, de Parcerias Público-­

Manifesto marca posição do setor O SindusCon-SP e a Abramat, lançaram no ConstruBR o manifesto “Construindo uma Agenda para o Futuro”, com propostas de mudanças na política econômica e reivindicações específicas para o setor da construção. Dentre os itens que constam no manifesto está o pedido para que os programas habitacionais, como o Minha Casa, Minha Vida, se tornem políticas permanentes de Estado, zerando o déficit habitacional brasileiro em um horizonte de 10 anos. Há também um pedido para que a inflação anual seja reduzida da faixa de 5% a 6% para 3% nos próximos 10 anos, além da reivindicação de que a carga tributária seja cortada de 36,5% para 25% do PIB nos próximos 15 anos. O documento também pede a revisão da legislação trabalhista, mudanças na desoneração da folha de pagamentos e a simplificação na cobrança de impostos. “A iniciativa privada pode e deve contribuir para o crescimento e desenvolvimento do Brasil, mas é do Estado a responsabilidade de criar condições favoráveis para investimentos produtivos com horizonte de longo prazo”, afirma o manifesto. Para ler o documento, acesse: www.sindusconsp.com.br/ envios/2014/construmail/Manifesto.pdf . Privadas (PPPs). “O Estado não tem, em nenhum lugar do mundo, recursos para fazer, e precisa do talento da iniciativa privada”, disse. Meirelles representou na ocasião o governador Geraldo Alckmin. Participaram ainda da abertura Marcos Penido, secretário Estadual de Habitação, e Arthur Henrique, secretário municipal de Desenvolvimento e Trabalho, representando o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.

“Brasil precisa destravar a execução de obras”, disse Skaf, observado por Simão, Cover, Watanabe, Meirelles e Ramalho

revista notícias da construção

/ Maio 2014

7


CAPA

Empresas devem criar conhecimento, diz Salibi As empresas não devem esperar por ações do governo, mas sim se transformar em “criadoras do próprio conhecimento, tornando-se universidades corporativas. A partir daí é que terão líderes melhores”, falou o empresário José Salibi Neto, CKO da HSM, em palestra no ConstruBr. Salibi foi convidado a falar no evento sobre os desafios do planejamento e da implantação da gestão na construção civil. “O caminho do fracasso é se acomodar”, lembrou o empresário. A partir da sua experiência em instituições de ensino dos Estados Unidos, Salibi disse que as universidades americanas “são o motor do país”. Ele também defendeu uma “revolução no Brasil”, na qual as empresas estejam intimamente ligadas às universidades, com fortes incentivos promovidos pelo governo. “A geração de conhecimento existe nas universidades, envolve a iniciativa privada e os ex-alunos, cria novas instalações, tudo progride. É um ciclo produtivo. Tudo que entra, volta para a sociedade”, afirmou. Já Enio Andrade, diretor de Finanças, Pessoas e Organização da Odebrecht, falou sobre a importância de uma cultura organizacional como a implantada no grupo. “Nossa preocupação depois do crescimento exponencial foi que esta cultura não esgarçasse. Fizemos um trabalho à montante, prévio, para que isso não acontecesse. E, a partir daí, fizemos uma manutenção da cultura”, disse. Entre os conceitos que a empresa busca preservar estão a confiança no ser humano; um “espírito de servir”, humildade e simplicidade, atuação descentralizada, comunicação transparente e uma insatisfação 8

revista notícias da construção

/ Maio 2014

permanente com os resultados. Gestão no canteiro O painel também teve palestra do professor Ubiraci Espinelli Lemes de Souza,

Jorge Batlouni (à esq.), do SindusCon-SP, mediou o painel que teve como principal atração José Salibi Neto


livre docente da Poli-USP, sobre gestão do canteiro de obra e ganhos de produtividade, entendida por ele como sendo “a eficiência em transformar esforço em resultado”. “A gestão da produtividade tem que ser séria. Meçam. É fácil. Mas tem que ter um padrão, para poder comparar os resultados”, recomendou. Segundo ele, a produtividade muitas vezes varia de obra para obra porque os projetos de produto (arquitetura, tipologia) e dos processos são diferentes, alternando o tipo de estrutura (concreto, pré-moldada ou metálica), de sistemas construtivos, de modalidades de fechamento etc. Também varia Para ele, a macrologística de transconforme o nível de organização do trabaporte é provavelmente um dos maiores lho –o plano de ataque e o planejamento problemas das obras. Segundo Espinelli, logístico do canteiro evitam inconvenientes o planejamento de e interrupções por instalação, operação, problemas de tráfego No painel sobre desafios desmonte, transporte de pessoas, transporde planejamento, e remontagem de te de materiais e de por exemplo, equipamentos. gestão da produtividade gruas, interfere bastante no “A produtiviandamento da obra dade se materializa também foi destaque e, se mal pensado, no canteiro. Há a pode paralisar várias produtividade poatividades do canteiro, atrasando o cronotencial e aquela que conseguimos verificar grama final. “É importante levar em conta efetivamente na obra. Por isso é tão imporos espaços que estes equipamentos vão tante medir, entender, prever e agir. Porque ocupar, inclusive sua interferência em áreas somente as micro intervenções, aquelas vizinhas”, comentou. consideradas pequenas, é que podem proDa mesma forma, é preciso planejar a mover melhorias”, disse. movimentação de tratores e bobcats, criar rampas, se necessário, e o local de estacionamento dos caminhões de coleta e entrega de terra e de insumos para a obra. Espinelli lançou um desafio para o setor: obter 4% de ganho de produtividade ao ano, o que significará 22% depois de 5 anos. “Quem não fizer vai quebrar, perder do concorrente”, afirmou.

“A produtividade se materializa no canteiro de obras”, lembrou Espinelli

Enio Andrade destacou importância da cultura organizacional para as empresas

revista notícias da construção

/ Maio 2014

9


CAPA

Caminho é a governança, aponta Jorge Gerdau No painel sobre transparência e desburocratização, do ConstruBr, Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do Conselho de Administração da Gerdau e da Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade do Governo Federal, defendeu que as nossas metas deveriam ser “dobrar até 2030 nossa renda per capita e investir R$ 150 bilhões anuais em obras de infraestrutura”. Segundo ele, se estes objetivos fossem perseguidos, “ficaria possível buscar 30% de aumento da produtividade das empresas”. Para ele, “o domínio do processo e da gestão são importantes, mas o da governança é ainda mais. Pode-se ter aprimoramentos importantes na gestão, o que traz ganhos fantásticos, mas, se não tiver um direcionamento claro, não resolve”, afirmou. Para que isto seja possível, é preciso vencer vários obstáculos, como o tempo gasto para preparar, registrar e pagar tributos que, no Brasil, é de 2.600 horas, contra 338 horas na China. “A folha de pagamento, que no Brasil é instrumento de arrecadação, também é problema”, disse. Ele alertou ainda para a necessidade de investimento público. “Há um gap de R$ 660 bilhões entre o que deveria ir para infraestrutura e aquilo que o governo investe. Com uma alta do PIB de 2%, fica difícil romper esta barreira.” Impacto da ineficiência Luiz Vieira, sócio e vice-presidente da Booz & Co., apresentou os impactos da ineficiência para o setor imobiliário detectado em um levantamento realizado em parceria com a CBIC e a Abrainc (Associação Brasileira das Incorporadoras). A pesquisa aponta que o excesso de burocracia envolvido no processo para a construção e aquisição da 10

revista notícias da construção

/ Maio 2014

casa própria no Brasil aumenta em média 12% o custo final do imóvel (via SBPE). Isso equivale a R$ 19 bilhões por ano, considerando-se a média de unidades novas entregues. Os gargalos também esticam de 3 para 5 ou 6 anos o prazo total de execução de um projeto imobiliário. Quebrar paradigmas O painel também debateu com Leonardo Diniz, diretor da Abrainc, para quem chegou o momento de “criar uma agenda positiva, ser ousado e quebrar paradigmas”. Para José Carlos Martins, vi­ c­e­-presidente da CBIC, ou o setor mobiliza a sociedade ou continuará falando sozinho e não terá sucesso. “Temos de fazer muito mais com o mesmo recurso”, apontou. Paulo Giaquinto, secretári­o adjunto da Secretaria de Licenciamentos da Prefeitura de São Paulo, contou um pouco do que está sendo feito para destravar as licenças, caso do balcão único para projetos de HIS, que antes levavam de 5 a 8 anos para aprovar e agora, 270 dias. “O novo Código de Obras baixará nossas verificações de 800 itens para uns 30”, disse. Ele também disse que em 2016 pode surgir um novo sistema informatizado, mas que antes exigirá um grande esforço para treinar as equipes. Falaram ainda Clodoaldo Pelissioni, superintendente do DER, e Marcos Penido, secretário de Habitação do Estado de São Paulo, que destacou a futura licitação da PPP da Habitação e a agilização dos processos via Graprohab.

Com o PIB subindo 2% ao ano, fica difícil romper barreira que impede elevação dos investimentos em infraestrutura, comentou Gerdau


País precisa descobrir sua verdadeira vocação “O Brasil é um país sem projeto. Sequer sabemos responder à pergunta ‘Que Brasil queremos ser?’”, afirmou o vice-presidente de Economia do SindusCon-SP, Eduardo Zaidan, no painel “Que futuro queremos construir”, no primeiro dia do ConstruBr. Para ele, a evolução do pensamento ético nacional só virá com a educação. “Temos que garantir que ela seja voltada para o ser humano, ou vamos comoditizar o conhecimento”, apontou. “O acesso à educação e à saúde de qualidade só acontece com aumento de produtividade. Mas muitos falam que isto é coisa de empresário que quer aumentar os seus lucros”, lamentou. Na perspectiva de buscar um futuro melhor, ele ressaltou a necessidade da realização de um planejamento de longo prazo para a indústria da construção e de derrubada de paradigmas de pensamento do brasileiro comum, segundo o qual “o governo tem que prover tudo e as empresas são malvadas”. Um dos problemas da economia, disse, é que, embora exista uma demanda para produzir mais, o setor produtivo tem vivido “sempre limitado à produtividade externa, que é mais eficiente, à do seu fornecedor, à logística que não funciona, pela pouca oferta de energia, pela improdutividade do setor

público, burocracia e até pela segurança pública”. Zaidan lembrou que, de 2003 a 2010, a média de crescimento do PIB nacional girava em torno dos 4% anuais. “De 2011 a 2013, crescemos só a metade, o que nos dá saudade dos 4%, que é muito pouco”, afirmou. Ele citou a matéria “The 50-year snooze”, publicada em 19 de abril pela revista The Economist discutindo especificamente esses temas e a principal barreira que o Brasil terá que enfrentar se quiser crescer. “Segundo a revista, os trabalhadores brasileiros são gloriosamente improdutivos e, para que a economia do país cresça, eles devem acabar com sua letargia”, lembrou. “Nosso dever é aumentar drasticamente a oferta de bens, em quantidade e qualidade.”

O Brasil precisa resolver logo o que quer ser, afirmou Zaidan

Investimentos Na ocasião, Anselmo Bonservizzi, sócio líder de área de Estratégias e Operações da Consultoria Deloitte Brasil, também abordou as perspectivas de investimento para os próximos anos. “O Brasil precisa debater investimentos e definir qual a nossa vocação”, afirmou. “Em infraestrutura, o Brasil é só o 107° em um ranking de 144 países”, comentou. Para ele, valeria a pena olhar para bons modelos nacionais de investimento de longo prazo, como os da Embrapa e do Pró-álcool. “São dois grandes exemplos de investimento em ideias de inovação”, disse. País tem bons exemplos de eficiência, disse, Bonservizzi

revista notícias da construção

/ Maio 2014

11


CAPA

RDC é comprar porcaria, afirma Bernasconi nos manifestar conjuntamente para fortale“O Brasil é um grande canteiro de obra, cer nosso posicionamento”, disse. mas de obras ineficientes, de baixa qualidaAntigamente, um bom projeto de engede. E o RDC ajuda a comprar porcaria de nharia custava 5% do valor da obra. “Hoje, se maneira bem rápida!”, afirmou José Roberto contrata por 1%, mas seu impacto no custo Bernasconi, presidente nacional do Sinaenco final continua o mesmo: 100%”, ponderou. (Sindicato Nacional das Empresas de ArquiPara ele, o país precisa de uma nova tetura e Engenharia Consultiva), no painel Lei de Licitações Soluções de Inovaque exija obras licição para Gestão, do Painel reivindica tadas com projetos ConstruBr. completos. “Está em Segundo o prepapel primordial curso o desrespeito sidente do Sinaenco, da engenharia no à capacidade inteo RDC (Regime Die ao valor da ferenciado de Condesenvolvimento do país lectual engenharia como instratações) “é um autrumento de desento-engano” e o maior volvimento do país”, lamentou. “Isto tudo pecado do Brasil é continuar a descuidar não pode ser uma loteria. O Brasil tem que e desconsiderar o planejamento. “Muitas lidar com a realidade física das coisas. Se vezes, perde-se a noção de que construção isso for seguido, vamos dar uma virada e ter é fundamentalmente engenharia. Antes de obras públicas com qualidade”, disse. qualquer coisa, é preciso planejar, pensar, Maurício Bianchi, diretor do Grupe para executar melhor”, ressaltou. Allard e vice-presidente de Relações InstiO projeto completo de engenharia é o genoma da construção; é um instrumento para: definir o que será construído, a durabilidade, os quantitativos e o compromisso de segurança e economicidade, que é o grande desafio da engenharia. Além disso, o projeto serve para avaliar custos e prazos, remanejar as redes de utilidade, instruir os pedidos de licenciamento ambiental e os processos de desapropriação, avaliar os riscos de empreender para contratar o seguro de obra e possibilitar o controle dos processos. Por isso tudo, Bernasconi considerou importantes as manifestações contrárias ao RDC feitas pelo SindusCon-SP, no informativo Janela, publicado na Folha de S. Paulo em 19 de abril, e do Sinaenco, publicado no Valor Econômico. “Mas também precisamos 12

revista notícias da construção

/ Maio 2014

“Maior pecado do Brasil é continuar a descuidar e desconsiderar o planejamento”, alertou Bernasconi


tucionais do SindusCon-SP, foi enfático ao defender que o projeto esteja “no mínimo” pronto antes de começará a obra. “Temos de ter mais vergonha na cara. Engenharia é uma coisa maravilhosa. Não é um mercado simples”, disse. Para ele, o desafio de o setor adotar termos de referência, “indo na contramão do RDC, é um desafio imenso”. Eficiência e dinamismo Ao falar sobre soluções de inovação para gestão na construção civil, Fabio Villas Bôas, membro do CTQ (Comitê de Tecnologia e Qualidade) do SindusCon-SP e diretor da Tecnisa, destacou que, na verdade, a eficiente da gestão das obras deve começar mesmo na gestão dos projetos. “Claramente, a maior variável de eficiência da obra é o encurtamento de prazos”, afirmou Villas Bôas. “A gestão da obra é importante, mas mais importante é que ele nasça saudável”, afirmou. Segundo ele, projetos que tenham de lidar com custos não planejados, como o do Shopping JK, que teve de providenciar obras viárias impostas pelo poder público para ser liberada, ou que não considerem o impacto nos vizinhos, tendem a dar muita dor de cabeça. “Uma obra nossa ficou parada por 9 meses para descontaminação, que custou R$ 14 milhões. O empreendimento ficou pronto e aguardou mais de 5 meses a liberação pelos órgãos públicos”, contou. Villas Bôas também recomendou auditar os projetos apresentados à construtora. “Um projeto custava menos, mas usaria 87% mais aço, 100% mais graute e 72% mais modulações que outro, inicialmente mais caro.” Além disso, é preciso ter em mente que o planejamento é dinâmico e que ele pode mudar a cada semana”, ressaltou. Petrus Júnior Evangelista, gestor da Totvs, destacou as vantagens de adotar um sistema integrado móvel de gestão na obra. Segundo ele, dispositivos mobile agilizam o registro das medições, o acompanhamento da produtividade e do avanço físico da obra e os apontamento de equipamentos. “Depois, dá para trabalhar o gerenciamento do valor

agregado: olhar para o projeto e etapas, ver desvios, onde ele é maior, e agir a tempo”, comentou. Para isso, Evangelista sugeriu que se fizesse a gestão dos processos, quais são eles e para onde vão, e não a de funções, gerando um padrão único. “Com isso, podem-se gerar alertas aos gestores sobre uma tarefa não executada no prazo certo por alguém e eliminar uma montanha de papéis. Não vai ter mais aquela coisa de folha que foi perdida.” Segundo ele, com o acúmulo de informações virtuais (Big Data), também é possível analisar quais os processos mais usados e os mais demorados e, talvez, contratar mais gente para agilizar um dado setor. “Informação só é poder se vier na hora certa e se pudermos usar a nosso favor”, completou. No entanto, ao implementar um software de gestão é preciso treinar as pessoas. “Tem que preparar as equipes para não ficarem com uma Ferrari na mão mas com saudade do Fusca”, comparou. Esta situação é comum quando um processo de implementação do BIM (Building Information Modeling) não leva em conta a mudança da cultura da empresa. Segundo Eduardo Toledo Santos, professor da Poli-USP, o uso de BIM envolve todo o ciclo de vida de um empreendimento e deve começar a ser implantado em processos pequenos, para aprender. “É importante pôr a mão na massa com a expectativa certa. Depois as equipes vão maturando o seu uso para algo mais sofisticado”, afirmou. Para Toledo, as grandes oportunidades de uso do BIM estão na gestão do projeto, no planejamento de pré-obra e no controle da execução no canteiro.

Para Bianchi, qualquer obra só deveria começar com o projeto já pronto

“O mais importante é que a obra nasça saudável”, defendeu Villas Bôas

revista notícias da construção

/ Maio 2014

13


CAPA

Armadilhas no caminho da terceirização Na busca por uma análise mais equilibrada do assunto, a consultora jurídica e membro do Conselho Jurídico do SindusCon-SP, Joselita Nepomuceno Borba, procura evitar radicalismos quando o assunto é terceirização. Durante sua participação no ConstruBr, a advogada especialista em Direito do Trabalho defendeu a necessidade de se analisar caso a caso. “Temos de buscar o meio termo, fazer o que é certo sem ser permissivo ou radical demais. Não há espaço para a precarização”, disse. Nesse contexto, ela argumentou que deve prevalecer um princípio básico: a dignidade da pessoa humana.

Não há espaço para precarização, alerta a advogada Durante o painel sobre “Subcontratação na construção civil – Legalidade: como não precarizar?”, Joselita destacou que os mais extremistas acreditam que a terceirização é a lógica do mal, o fim do Direito do Trabalho, uma forma sofisticada de escravidão. “A meu ver, essa é uma visão radical, de pessoas distantes do mundo real do trabalho”, afirmou. A partir de uma reflexão profunda do cenário, Joselita criticou que algumas terceirizações coloquem o empregado em desvantagem, lembrando que as convenções coletivas da construção paulista procuram evitar essa situação. Ela também explicou diversas situações, como a distinção entre terceirização, quando a empresa principal contrata outras para exercerem atividades-meio ou de apoio (uma prática legal), e subcontratação, 14

revista notícias da construção

/ Maio 2014

quando parte da atividade fim é delegada a terceiros especializados (também é legal na construção) ou por tarefa (o que é problemático). Só terceirizando Na opinião de Haruo Ishikawa, vice-presidente de Relações Capital-Trabalho do SindusCon-SP, a conscientização e a divulgação das boas práticas de trabalho no setor são fundamentais para mudar esse quadro. “É fato que a construção civil não consegue empreender sem terceirizar. Sabemos que o pedreiro que coloca a cerâmica não tem a habilidade de colocar porcelanato. O que faz revestimento interno não faz fachada, e assim por diante”. Ele ainda recomendou às empresas que não assinem TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), mas procurem sanar eventuais irregularidades. Os que defendem o projeto de lei 4.330/04, que regulamenta a terceirização da mão de obra, acreditam que seu texto garantirá segurança jurídica para ambas as partes (contratante e contratado), incentivando a formalização. De autoria do deputado federal Sandro Mabel (PMDB-GO), o projeto é um dos que mais avançou dentro do governo, mas deve ir a Plenário totalmente modificado. Já os críticos à terceirização alegam que, aliado as perdas salariais expressivas, ocorre também um fracionamento do grupo de trabalhadores, com a pulverização da representação sindical.

Especialista em Direito do Trabalho, Joselita critica visão radical da terceirização e defende debate equilibrado


Quarteirização Na avaliação do deputado estadual Antônio de Souza Ramalho, presidente do Sintracon-SP, existem duas situações, a terceirização e a quarteirização (subcontratação). Enquanto ele manifestou apoio à primeira, que envolve a contratação de serviços especializados (hidráulica, elétrica, pintura, gesso), criticou a segunda, na qual a empresa terceirizada subcontrata os serviços, explorando os trabalhadores. Na avaliação do deputado existem atividades na construção civil que não devem ser terceirizadas de forma alguma. Uma delas é a segurança do trabalho. Além da informalidade, a realidade da subcontratação na construção, conforme Ramalho, inclui situações análogas à escravidão; precarização dos direitos trabalhistas; desrespeito às normas de segurança; diferenciação de tratamento para trabalhadores na mesma obra e falta de qualificação. “Acredito que estamos sendo omissos com relação a esse debate, que deve ser feito através da palavra e não de quebra-quebra. Vivemos o pior momento do país em termos de segurança jurídica”, concluiu. Formação da base É aqui que entra a importância da capacitação dos trabalhadores. As perspectivas nesse campo, segundo Nilva Schroeder, coordenadora geral de Desenvolvimento e Monitoramento de Programas da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec/MEC), do Ministério da Educação, são animadoras. “Nos últimos anos tem crescido de forma expressiva a oferta de cursos técnicos”, afirmou, ao apresentar os números do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego). Neste ano, o Pronatec tem como meta oferecer 8 milhões de vagas. No momento o programa já registra 6,3 milhões. Entre os principais desafios da

secretaria, Nilva apontou a maior integração entre políticas de trabalho, de educação e de desenvolvimento social e econômico e maior aderência entre ofertas e demandas de cursos. “Não podemos perder de vista o grande número da população adulta que não concluiu o ensino médio”, afirmou. Educar é crescer Com o objetivo de minimizar o problema da falta de mão de obra qualificada, a Racional Engenharia criou 28 anos atrás o programa Educar é crescer. Segundo o engenheiro Augusto de Carvalho Martins, diretor de contratos da empresa, o segredo é atuar em duas frentes. Ao mesmo tempo em que a empresa trabalha com a elevação de escolaridade (ao oferecer alfabetização e inclusão digital), no plano estratégico de gestão foram adotados processos para controle das condições sociais e segurança do trabalho, com a realização de auditorias internas e externas. “Também trabalhamos com diretrizes para promover a sustentabilidade desde a concepção do projeto até o término de sua vida útil”. Como parte do plano de gestão a Racional também lançou o programa Empreendedores da Construção Civil. Distribuída em cinco módulos, a iniciativa já realizou nove encontros, com 52 empresas convidadas.

Conscientização e a divulgação de boas práticas de trabalho são fundamentais, diz Ishikawa

Debate sobre a terceirização reuniu Ishikawa, Joselita, Nilva, Martins e Ramalho

revista notícias da construção

/ Maio 2014

15


CAPA

Energia vive momento semelhante ao de 2001 Um novo cenário de racionamento no mercado de energia, parecido com o de 2001, estaria se desenhando no Brasil, de acordo com Roberta Vieira, professora da UFMG, doutora em Engenharia Civil com ênfase em iluminação natural e eficiência energética em edificações. Na ocasião, o país demorou seis anos para recuperar os níveis de consumo de energia. O assunto foi tratado durante o painel “Tecnologias e meio ambiente: tendências globais e locais de aplicações sustentáveis”, dentro do ConstruBr.

Especialista vê melhora progressiva nos níveis de eficiência energética “Vemos uma melhora progressiva dos níveis de eficiência energética, conquistados a partir da adoção de programas e sistemas de economia e controle racional do consumo”, afirmou. No Brasil, o sistema de controle é baseado no Inmetro, que tem um programa rigoroso de etiquetagem para classificar de aparelhos eletrodomésticos a edifícios. Segundo ela, falta mais conhecimento técnico por parte do mercado e uma política mais agressiva por parte do governo. “Os consumidores também precisam cobrar mais, entender que é possível ter edifícios melhores”, acrescentou. Especialmente o setor da construção civil, ressaltou Roberta, precisa absorver com mais agilidade essa realidade que se apresenta, incorporando soluções mais sustentáveis de consumo. 16

revista notícias da construção

/ Maio 2014

“No mercado imobiliário, a consciência dos consumidores é cada vez maior, o que acaba se refletindo no processo de produção das construtoras”, afirmou. Segundo a especialista, no setor imobiliário quem trabalha com selos que atestam o consumo mais eficiente de energia ganha por se diferenciar no mercado, além de conquistar uma imagem positiva que pode contribuir para uma venda mais rápida. “A eficiência no consumo (de água ou energia), bem como a menor produção de resíduos na construção, não é algo que está distante de nós. É preciso incorporar esses conceitos nos projetos e entender a capacidade da tecnologia”, concluiu Roberta. Resíduos da construção No campo da gestão de resíduos, André Aranha Campos, coordenador do Comasp (Comitê de Meio Ambiente) do

Roberta, professora da UFMG, alerta para o risco de racionamento, mas vê uma melhora nos níveis de eficiência energética


SindusCon-SP, apresentou um histórico das atividades do comitê, com destaque para sua participação na elaboração de políticas públicas. O grupo também trabalha na capacitação de construtoras, disseminação de informações, educação ambiental e no desenvolvimento de ferramentas de gestão. Além da coordenação do Grupo de Trabalho sobre Resíduos da Construção da Câmara Ambiental da Construção Civil, o comitê possui uma parceria com a Escola Politécnica da USP para realização de estudos sobre reciclagem de resíduos da construção. “Temos percebido uma grande mudança de postura no setor. A questão de gestão de resíduos evoluiu muito nos últimos anos. Há um engajamento maior.” Entre as realizações mais recentes do comitê, Aranha destacou o lançamento, em Santos, do piloto do projeto Sigor (Sistema de Gerenciamento Online de Resíduos). Uso da água Com relação à gestão da demanda por água, o professor da Escola Politécnica da USP, Orestes Gonçalves defendeu ações de inovação tecnológica, indutoras da redução do consumo e do reuso. “É preciso introduzir esses conhecimentos dentro dos projetos, com ações estruturantes nas escolas e nas empresas, estimulando uma mudança de comportamento”, afirmou, ao citar alguns programas de conscientização da sociedade.

Em especial, ele destacou o PNCDA (Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água) e o Pura (Programa de Uso Racional da Água), em São Paulo. “Se não existisse esse programa (Pura), estaríamos em uma situação muito pior”, observou. “O Brasil é entendido mundialmente como grande exportador de água. Por outro lado, a nossa situação de sanea­ mento básico é muito triste”, lamentou Gonçalves. Segundo ele, para melhorar esse cenário é preciso trabalhar mais a questão da demanda na política pública, acelerar os programas do governo e incluir na revisão da norma NBR 5.626 – sistemas prediais de água fria e quente – requisitos que contemplem o consumo racional. Ao analisar todos os programas em andamento no país, Gonçalves considerou que há um campo fértil para se pensar em novas ações. “A água é um fator educador. Essa visão mais integrada dos nossos universos, com uma articulação das entidades, é positiva e tem funcionado.” Na opinião de Artur Quaresma Filho, membro do conselho consultivo do SindusCon-SP e moderador do debate que se seguiu ao painel, para ser efetiva a gestão de demanda precisa ser acompanhada de políticas públicas. “Sem ela, não chegaremos a lugar nenhum.” Segundo Quaresma, entidades de classe como o SindusCon-SP são catalizadoras e indutoras dessas mudanças. Entre as realizações recentes do Comasp, Campos destacou o projeto Sigor

Redução no consumo de água se consegue com ações de inovação tecnológica, afirmou o professor Gonçalves

revista notícias da construção

/ Maio 2014

17


CAPA

Industrialização precisa de pulso forte para avançar Segundo Luiz Henrique Ceotto, diretor da Tishman Speyer, a importância da industrialização na construção é discutida há 30 anos, mas infelizmente pouco se avançou até o momento. “Vejo gargalos culturais, estruturais, tributários, de capacitação e de visão estratégica das empresas”, pontuou o especialista. As afirmações foram feitas durante a palestra que abordou os gargalos à industrialização das obras no Brasil, dentro do painel ‘A importância da industrialização da construção civil’, no ConstruBr.

Informalidade, falta de capacitação e tributação são os principais gargalos Ceotto observou que, além do medo do novo, não há uma liderança de pulso forte na área administrativa das obras e a visão de curto prazo impera. Para o diretor falta diálogo entre os membros da cadeia produtiva e lideranças setoriais comprometidas com a modernidade. Sem a capacitação adequada, o profissional não tem uma visão sistêmica de toda a cadeia. Segundo ele, ainda tem prevalecido a visão do orçamentista e não do engenheiro de custo. Para abrir esses caminhos, Ceotto sugeriu uma revisão da obrigatoriedade do uso da Norma de Coordenação Modular, capacitação de gestores e empresários na industrialização das construções, a promoção de diálogos objetivos na cadeia de valor e uma revisão do processo de tributação. 18

revista notícias da construção

/ Maio 2014

Retrabalho Na opinião de Maurício Bianchi, vice-­ presidente de Relações Institucionais do SindusCon-SP, saber contratar é tão importante quanto saber fazer. “Estamos falando sobre um setor complexo em transformação. Concordo com o Ceotto: nós temos uma baixíssima capacidade intelectual disponível”, acrescentou. Ao listar os reflexos da contratação de profissionais com baixa qualificação, Bianchi destacou que um orçamento inadequado gera retrabalho e enorme perda de tempo na busca de soluções que deveriam ter sido tomadas no planejamento e nunca no canteiro de produção. Aliado a isso, um projeto incompleto não gera orçamento confiável e a falta de metodologia executiva gera perda de prazo e de custo. “Nesse sentido, o conceito de terminalidade (planejamento e controle da obra) garante prazo, custo fixo previsto e

Capacitação de gestores e empresários é um dos caminhos para a industrialização do setor, diz Ceotto


desperdícios abaixo do previsto”, concluiu. Outras vantagens dessa prática são o baixo efetivo de pessoas, melhor desempenho logístico, elevação da produtividade e ganho para fornecedores. Desafios e possibilidades O uso de sistemas construtivos industrializados foi o tema tratado por Íria Doniak, presidente executiva da ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto). De acordo com Íria, é preciso extrair o máximo potencial de cada sistema construtivo, de cada material ou tecnologia. “A evolução surge a partir de novos desafios, novas necessidades e possibilidades.” Em sua apresentação, a engenheira detalhou as vantagens da operação industrializada, que se caracteriza pelo uso intensivo de componentes e elementos produzidos em instalações fixas e posteriormente adaptados ao canteiro. Esse conceito de projeto prioriza a mecanização, logística, sustentabilidade e viabilidade técnica e econômica. Um exemplo bem aplicado desse sistema, que combina industrialização e sustentabilidade, é o Aeroporto de Barajas, em Madri. Já no sistema racionalizado, a empresa incorpora princípios de planejamento e

controle, visando eliminar o desperdício e aumentar a produtividade, planejar o fluxo de produção e programar os custos. “Temos uma arquitetura contemporânea, que passa a exigir isso, além dos critérios de sustentabilidade e a Norma de Desempenho”, disse. Em um recado para a plateia, Íria concluiu sua apresentação com uma frase de Ceotto. “No Brasil temos as tecnologias disponíveis, é preciso saber adotá-las e ter criatividade para propor novas possibilidades.”

Para Bianchi, saber contratar é tão importante quanto saber fazer

Transformação a caminho Na sequência, Jorge Batlouni, membro do Comitê de Tecnologia e Qualidade (CTQ) do SindusCon-SP, tratou da capacidade de transformar o canteiro de obra em indústria. Para o engenheiro, industrializar a construção pressupõe a alteração dos métodos construtivos; a introdução de análises na fase de projeto, além de considerar as vantagens e o uso mais intenso de equipamentos. “Estamos em um momento de acomodação. Nesse ritmo dá pra consertar alguns erros do passado”, afirmou. Segundo ele é preciso tirar o atraso com investimento em infraestrutura e capacitação. “Ainda estamos em pleno emprego. Para darmos o próximo passo é preciso industrializar”, defendeu o engenheiro. Para se avaliar os impactos da industrialização, Batlouni disse que é preciso responder a uma série de perguntas como: melhora a qualidade e o desempenho? Reduz o custo e prazo? Aumenta a produtividade? “São todas decisões que devem ser tomadas na fase de projeto. Segundo Íria, é preciso extrair o máximo potencial de cada sistema construtivo

revista notícias da construção

/ Maio 2014

19


CAPA

É preciso potencializar o conhecimento técnico Na avaliação do engenheiro Vicente Falconi, sócio-fundador da Falconi Consultores de Resultados, existe uma grande confusão entre método e conhecimento técnico. Segundo ele, é possível conduzir uma empresa com gente extremamente qualificada, mas se houver disciplina em método, o negócio será muito mais produtivo, afirmou o engenheiro, durante participação no painel ‘No limite do conhecimento – tendências, tecnologia e gestão para construção civil’, no ConstruBr. “Com método você potencializa o conhecimento técnico.” Na avaliação do engenheiro, gerenciamento de projeto é método. “Existem softwares baratíssimos no mercado que resolvem essa questão.”

Há uma grande confusão entre método e conhecimento, diz Vicente Falconi Falconi observou ainda que pouquíssimas empresas, mesmo as grandes, dão a devida importância ao fator humano. “Eu conheci apenas um conselho dos quais participei que dedica tempo ao elemento humano”, afirmou. “Tem que ter pessoas que entendam do assunto, que acompanham o desenvolvimento tecnológico.” A liderança foi outro ponto destacado por ele. “Onde há liderança as coisas andam. É condição sine qua non (indispensável, essencial) para o crescimento”, afirmou. O engenheiro disse acreditar em crescimento contínuo, mais vagaroso. “Não gosto de saltos. Acredito que assim a empresa se 20

revista notícias da construção

/ Maio 2014

desenvolve melhor.” Segundo Falconi, a primeira dificuldade para os mais diversos setores no Brasil está nos altos e baixos da economia. “O que o empresário precisa é de previsibilidade”, afirmou. No bate papo que se seguiu à sua apresentação, que contou com as presenças do presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, do presidente eleito da CBIC, José Carlos Martins, e do representante do SindusCon-SP junto à Fiesp, José Romeu Ferraz Neto, o engenheiro respondeu a perguntas sobre meritocracia, gestão de Recursos Humanos, capacitação, entre outros assuntos. BIM hoje No campo das tendências tecnológicas para a indústria da construção após a implementação do BIM, o professor Lúcio Soibelman, do Departamento de Engenharia da Universidade do Sul da Califórnia, apresentou as novidades em projetos que tem

Liderança é condição sine qua non para o crescimento, na avalição de Falconi


acompanhado nos Estados Unidos. “Temos projetos de todos os tamanhos, tipos e complexidades. Trabalhamos com uma precisão geométrica. Sem isso, a empresa terá muito retrabalho.” Entre as inovações, Soibelman destacou a impressora 3D de concreto. “As possibilidades são enormes. A partir da implementação de uma integração de modelos já existem robôs para alvenaria, pintura e outros tipos de acabamento.” Segundo ele, junto com os modelos para a operação de edifícios estão se desenvolvendo rapidamente o sistema de sensores. “Nos EUA, não vejo a menor possibilidade de se voltar ao 2D”, afirmou. Soibelman se mostrou admirado com o ritmo da inserção dessa tecnologia no Brasil, que considerou extremamente lento. Preços de imóveis Na sequência, Basílio Jafet, presidente da Fiabci Brasil, tratou das ‘Oportunidades de negócios no mercado imobiliário internacional’. Além de detalhar o perfil dos mercados norte-americano e canadense, Jafet fez uma análise detalhada dos principais mercados da América do Sul, Europa e Ásia. Segundo ele, o mercado imobiliário norte-americano já está retomando o ritmo após a crise da subprime, com crescimento de 5% a 10% ao ano nos últimos dois anos. Já no vizinho Canadá, a venda de imóveis segue regular, com alta de 60% nos preços nos últimos seis anos (em termos reais).

Entre os mercados sul-americanos, Jafet destacou o Chile entre os mais avançados, apontando Santiago como um exemplo de regularidade há muitos anos. Na outra ponta, a Venezuela, que não publica dados do mercado imobiliário, inspira cuidados. No país, o setor de incorporação praticamente desapareceu e não existem novos empreendimentos. Na Argentina, por sua vez, a demanda por novos imóveis comerciais e residenciais caiu. “O ritmo de novas construções em Buenos Aires é mínimo, mas ainda assim os preços têm subido”, acrescentou. Nos últimos dez anos, a valorização dos imóveis superou 100% (em dólar). Na Europa, os preços no mercado português têm caído nos últimos quatro anos e ainda é possível comprar um imóvel 20% mais barato do que há cinco anos. Na vizinha Espanha, ainda não há sinais de recuperação, mas no início de 2014 foram registrados novos empreendimentos no país. Na Grécia, que tem surpreendido por seguir cumprindo as exigências do FMI, já se fala em alta de preços. Entre os italianos a situação é mais complicada, os preços continuam caindo. “O país entrou em crise e ainda não conseguiu se recuperar; reflexo dos problemas políticos e migratórios”, afirmou Jafet. No Reino Unido, onde os preços sofreram bastante durante a crise, com queda de 20% em um ano, a situação dá sinais de estabilidade. “Em 20 anos os preços no mercado britânico triplicaram, mesmo estando abaixo do pico de 2007.” No mercado francês, os preços repetiram o padrão do mundo desenvolvido, mas também estão em recuperação. Jafet apresentou um perfil de preços no mercado internacional de imóveis

As possibilidades com a introdução do BIM são enormes, afirma Soibelman

revista notícias da construção

/ Maio 2014

21


CAPA

Feira expõe o melhor do setor No ConstruBR, os participantes puderam visitar uma feira com 38 estandes para conhecerem algumas das novidades do setor em materiais e sistemas, como aço, cimento, sistemas hidráulicos, elétricos e de vedações. Veja a seguir algumas das novidades: Fotos: Ricardo Toscani

O estande da Gail Cerâmica mostrou o sistema de fachada ventilada KeraGail, de painéis cerâmicos extrudados de grandes formatos. O sistema permite a montagem, desmontagem e manutenção rápidas dos painéis, que podem ser customizados e possuem um mecanismo de limpeza diferenciado, que utiliza a reação de fotocatálise do dióxido de titânio. A marca levou ainda o Kerasystem, sistema completo de piso elevado que reduz quebras e resíduos e pode ser aplicado também em áreas externas

A ULMA Architectural Solutions tinha uma ampla variedade de soluções préfabricadas em concreto polímero, dirigidos aos segmentos de fachada ventilada, pré-fabricados arquitetônicos e canalização, como os canais para drenagem linear em concreto polimérico, com várias seções possíveis, de construções residenciais a aeroportos

22

revista notícias da construção

Negócio fechado

Além da feira do setor, o evento inovou ao disponibilizar aos participantes as Rodadas de Negócios ConstruBr, nas quais os vendedores puderam apresentar seus produtos para as pessoas certas das construtoras. Para participar, era necessário ser patrocinador ou expositor da feira ConstruBr. A modalidade foi organizada pela Sator. Os vendedores indicavam as construtoras para as quais gostariam de oferecer seus produtos. A partir daí, foi feito um cruzamento de informações e reuniões de 20 minutos foram marcadas com os compradores.

Fabricante de portas de madeira, a Pormade lançou guarnições, batentes e rodapés em “PVC wood”, madeira à prova d’água

/ Maio 2014


Os CONTRAPISOS autonivelantes (pela ação da gravidade) weber. floor rad e weber.floor fin rapid, disponíveis para as construtoras, e a argamassa mineral Monocapa “quatro em um”, que regulariza, impermeabiliza, protege e decora a fachada em uma única camada estavam no espaço da da Weber Quartzolit. A empresa expôs ainda soluções técnicas para grandes obras, como o Super Graute, concreto fluido, pronto e de alta resistência

A Unikap do Brasil mostrou suas soluções para condução de fluidos e gases, aquecimento de água e climatização em PP-R

cinco novidades do portfólio 2014 foram apresentadas pela Amanco, entre eles o Amanco Flextemp, opção em tubos e conexões para distribuição de água quente e fria, de fácil instalação e manutenção. O produto permite a intercambialidade com sistemas metálicos e tem três tamanhos: 15, 22 e 28 mm. Já para a distribuição de gás indoor, a nova linha Amanco Gás possui tubulação PEX-Al-PEX, combinação de plástico e alumínio segura e de alta resistência à corrosão. Outro lançamento é o Amanco Ultratemp Fire, linha completa em CPVC para instalações de prevenção e combate a incêndios de risco leve

ENTRE as novidades da Doka estava o Dokadek 30, para lajes planas e apropriado para montagem manual (sem gruas ou mesas voadoras)

revista notícias da construção

/ Maio 2014

23


pr o d u t i v i d a d e

SindusCon-SP aponta caminhos para o crescimento sustentado

Na busca por taxas de crescimento mais robustas, como as alcançadas pelo setor durante o forte ciclo de crescimento entre 2008 e 2011, a indústria da construção deve trabalhar pela recuperação da confiança dos empresários, por mais investimentos em infraestrutura, ganhos de produtividade e a desejada transformação do Minha Casa, Minha Vida em política de Estado. Na opinião de Sergio Watanabe, presidente do SindusCon-SP, esses são os principais desafios enfrentados pelo setor para retomar e garantir um crescimento sustentado. Convidado para falar sobre as perspectivas do mercado de construção na Universo Totvs 2014 (encontro anual promovido pela empresa), em abril, o presidente do SindusCon-SP também reafirmou as estimativas do sindicato para o crescimento do PIB do setor em 2014, acompanhado da elevação no nível de emprego. Para Watanabe, alcançar ganhos de produtividade, um dos principais focos do setor, depende de uma gestão eficiente, preocupada não apenas com os resultados financeiros, mas com o capital humano. Segundo o presidente, o déficit habitacional, a formação de novas famílias, o crédito em expansão, aliados ao aumento da renda e à necessidade de infraestrutura, têm potencial para sustentar o crescimento do setor pelos próximos 10 anos. 24

revista notícias da construção

/ Maio 2014

Foto divulgação Totvs

Produtividade e investimento em infraestrutura são desafios

Resistência Ao comentar dados recentes da construção, Watanabe lembrou que entre 2007 e 2011 o número de trabalhadores com carteira assinada no setor apresentou uma taxa de crescimento de 14,8% ao ano, saltando de 1,890 milhão para 3,278 milhões. Na mesma base de comparação, os custos da construção (INCC-M) subiram 7,6% ao ano. O desempenho surpreendeu, pois durante esse período as principais economias do mundo passavam por um momento histórico de recessão, após a quebra do Lehman Brothers, nos Estados Unidos. Além da clara redução no ritmo de crescimento do setor registrada a partir de 2012, as pesquisas indicam que a falta de mão de obra qualificada permanece como principal dificuldade. “A crise financeira internacional de 2008 representou um estrago razoável para as empresas que abriram capital na época. O mercado teve de se ajustar. A pergunta é: vamos ficar de novo nesse voo de galinha?”, provocou Watanabe. (Fabiana Holtz)

Watanabe também lista como metas recuperar a confiança dos empresários e transformar o MCMV em um programa de Estado


Para abrir novos caminhos, nosso país tem a força do aço Gerdau. A força da transformação.

O aço da Gerdau tem a força da transformação.

Diminuir distâncias é uma forma de conectar pessoas e gerar mais desenvolvimento. Para criar novos caminhos, o aço da Gerdau se transforma. Reciclamos milhões de toneladas de sucata para produzir aço de qualidade, que vai continuar abrindo horizontes para o futuro.

www.gerdau.com

/gerdau

/gerdausa


S INDU S C ON - S P EM A Ç Ã O

São Paulo inspira-se no Tejo De 17 a 21 de março, um grupo de trabalho liderado pela secretária municipal de Licenciamentos, Paula Motta Lara, visitou as prefeituras de Lisboa, Cascais e Oeiras, em Portugal, para conhecer o procedimento de digitalização e desmaterialização de processos de urbanismo destas cidades. A visita a Portugal serviu para avaliar se a experiência portuguesa pode ser aplicada em São Paulo. Pelo SindusCon-SP, integrou o grupo Luiz Lúcio, membro do CTQ (Comitê de Tecnologia e Qualidade), que revelou o primeiro resultado da viagem: a viabilização de um projeto piloto dentro da Resid 2 (Divisão Técnica de Edificação de Uso Residencial Vertical). “O sistema de aprovação digital português poderia ajudar a acelerar os nossos processos. A ideia é destacar 2 ou 3 pessoas para testar um modelo digital simultaneamente ao processo em papel. Assim poderemos ver se há aderência”, contou Lúcio. Ele explicou, no entanto, que “a execução deste piloto depende ainda da reformulação do orçamento que pedimos à Mind, empresa que concebeu o Kapture, uma solução de digitalização de grandes formatos para as prefeituras portuguesas”. A Mind também desenvolveu o ePaper, ferramenta de análise técnica que faz a comparação automática entre peças desenhadas, assinalando, em cores, em todas as folhas do documento, as alterações. Segundo a empresa, ele também permite efetuar anotações e carimbos sobre os formatos PDF e DWF e simula as taxas que serão aplicadas pelo município. Luiz Lúcio revelou que, se o modelo digital se provar mais ágil e eficaz no piloto, será preciso alterar depois o Código de Obras, para facilitar os trâmites de aprovação. “A Prefeitura deixaria de olhar detalhes do projeto e só se preocuparia com a sua volumetria”, afirmou. Durante o ConstruBr (veja à pág. 10), o secretário-adjunto da SEL, Paulo Gia26

revista notícias da construção

/ Maio 2014

quinto, sinalizou a mudança, deixando na mão dos empreendedores o atendimento às normas técnicas. Além disso, Giaquinto anunciou que outra reivindicação do setor está prestes a acontecer. “Os técnicos terão até um salário a mais de remuneração por produtividade”, disse. O setor pede ainda a alocação de mais funcionários na SEL e a geração de um seguro para os técnicos contra ações do Ministério Público. Fluxo rápido Na visita a Portugal, a comitiva brasileira pode entender como funciona em detalhes o sistema de aprovação digital, a partir de um Código de Obras bem simples, que verifica poucos itens e torna o fluxo muito rápido. O trâmite tem prazos bem definidos, o que aumenta a responsabilidade do empreendedor sobre o que é apresentado. A Prefeitura só verifica questões de acessibilidade e segurança e, se perder o prazo, há a aprovação tácita do projeto. Já o sistema de Arquivos Gerais cuida da digitalização dos documentos e dos mapas atualizados e georreferenciados da cidade, do arquivo histórico e do sistema de consulta, aberto a todo cidadão. Na comitiva também havia representantes da SEL, da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano, da Prodam, AsBea e Secovi-SP. (Nathalia Barboza)

Luiz Lúcio (no alto, o segundo, da dir. para a esq.), ouve explicações de funcionária lisboeta sobre a digitalização de documentos; acima, detalhe dos arquivos gerais


Eleições terão chapa única Uma única chapa inscreveu-se para concorrer ao pleito de renovação da Diretoria do SindusCon-SP; 12 candidatos inscreveram-se para a eleição de metade do Conselho Consultivo e 6 para o Conselho Fiscal. As eleições acontecerão de 29 de maio a 20 de junho. A apuração será em 23 de junho e a posse, em 5 de agosto. O mandato da Diretoria será até 5 de agosto de 2016. Os candidatos são os seguintes: Chapa da Diretoria Eduardo May Zaidan, Eduardo Carlos Rodrigues Nogueira, Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, Haruo Ishikawa, Jorge Batlouni Neto, José Romeu Ferraz Neto, Luiz Antônio Messias, Luiz Claudio Minniti Amoroso, Maristela Alves Lima Honda, Mauricio Linn Bianchi, Odair Garcia Senra, Paulo Rogério Luongo Sanchez, Roberto José Falcão Bauer, Ronaldo Cury de Capua.

Representantes junto à Fiesp Eduardo Ribeiro Capobianco e Sergio Monteiro Porto (titulares); Cristiano Goldstein e João Claudio Robusti (suplentes). Conselho Consultivo André Alexandre Glogowsky, João Lemos Teixeira da Silva, Luis Gustavo Ribeiro, Luiz Alberto Matias Lucio Mendonça, Luiz Antonio Paiva dos Reis, Mauricio Monteiro Novaes Guimarães, Norton Guimarães de Carvalho, Renato Genioli Junior, Renato Tadeu Parreira Pinto, Ronaldo de Oliveira Leme, Rosana Zilda Carnevalli Herrera, Salvador de Sá Campos Benevides. C

Conselho Fiscal André Gonzaga Aranha Campos, Fabio Villas Bôas, Fernando Augusto Correa da Silva, Fernando Rossi Fernandes, Luiz Eduardo de Oliveira Camargo, Márcio Escatêna. M

Y

CM

MY

CY

CMY

Sindicato é reeleito no Conselho da CBIC K

O novo Conselho de Administração da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) foi eleito por aclamação, em abril, em Brasília. José Carlos Martins foi eleito presidente da entidade, em substituição a Paulo Simão. O novo mandato de três anos de duração terá início em 1º de julho. O presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, foi reconduzido ao Conselho de Administração da CBIC, que também passou a ser integrado por José Romeu Ferraz Neto, representante do sindicato junto à Fiesp e membro da chapa que se candidatou às eleições para a renovação da Diretoria do SindusCon-SP. O novo presidente indicou, como vice-presidente Administrativo, Adalberto Cléber Valadão, e como vice-presidente

Financeiro, Elson Ribeiro e Póvoa. Paulo Simão manifestou satisfação com o resultado do processo da eleição e desejou um ótimo trabalho aos eleitos. O vice-presidente José Alberto Pereira Ribeiro, presidente da Aneor, reforçou a importância da união do setor na continuidade do trabalho que vem sendo desenvolvido pela CBIC e expressou sua admiração pelos 11 anos de trabalho de Simão à frente da entidade. Já José Carlos Martins se disse honrado em conduzir a entidade e agradeceu aos presentes, vice-presidentes, presidentes de comissões técnicas, empresários e equipe de trabalho, pelo apoio na condução do processo da eleição e na elaboração do novo projeto de ação, enfatizando que não lhe faltará compromisso.

revista notícias da construção

/ Maio 2014

27


e m pr e e n d e d o r i s m o

Precificando projetos

MARCO ANTONIO CONEJERO é economista, doutor em Administração pela FEA-USP, professor pesquisador da FACCAMP e sócio­consultor da Stracta Consultoria Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: marco.conejero@ gmail.com

Em mais este artigo para Notícias da Construção, gostaria de dar uma pequena contribuição ao debate sobre a dificuldade enfrentada pelas organizações no processo de definição e precificação de projetos, sobretudo as Micro e Pequenas Empresas (MPEs). Coloco como uma questão para reflexão: O que é posicionamento de preço em projetos? Na formação de preços, a prática recorrente é ofertar o melhor preço frente à concorrência. Aqueles que têm informação de custos definem uma margem com base na expe­ riência de aceitação do mercado. No entanto, poucos são aqueles que se dedicam a realizar uma pesquisa de mercado estruturada ou a simular distintos cenários de riscos e custos, antes de se chegar ao número final.

teza que rodeia o setor da construção civil, é sabida a dificuldade de se manter fiel a uma orientação de mercado. Por mais que a empresa queira sair da concorrência predatória e da guerra de preços, a flexibilização e adequação dos preços (e custos) a cada perfil de projeto é algo bastante difícil de se considerar. Adicionalmente, a materialização ou ocorrência de riscos traz uma dificuldade adicional ao processo de precificação de projetos. Risco pode ser entendido como a probabilidade de um fator de incerteza assumir um valor que passe a prejudicar total ou parcialmente as chances de sucesso de um projeto. Isso implica a necessidade de se avaliar o impacto do risco, ou seja, a probabilidade de ele ocorrer, mas sobretudo o efeito potencial deste sobre variáveis críticas de um projeto, como tempo, custo, escopo ou qualidade. Mas de nada adiantará tudo isso, se os riscos potenciais não forem traduzidos em custos, e por meio da técnica de construção de cenários, chegar-­se a um leque de preços remuneradores conforme a expectativa de ocorrência dos riscos. Devido à relevância do tema, gostaria de convidar os leitores a acompanhar o trabalho de um aluno mestrando da Faccamp, Felipe Pacheco, que tem desenvolvido um software para definição e cálculo de preço de um projeto, considerando as opções tributárias, projeção de custos, cenários de custos e riscos, e as possíveis margens resultantes. Esse software em breve estará disponível para acesso gratuito no portal: http://www. faccamp.br/repositorio/.

Poucos pesquisam mercado e simulam custos e riscos para chegar a um preço O preço reflete a imagem que a empresa quer vender no mercado. Se o preço for caro, mas os produtos e serviços da empresa forem de elevada qualidade, certamente o cliente reconhecerá a oferta diferenciada. Agora, se por outro lado, o preço é barato, mas os produtos e serviços são de qualidade padrão, o cliente também deve reconhecer a oferta justa. Para cada tipo de oferta, existe o segmento adequado de clientes interessados. Assim, o posicionamento de preço da empresa deve ser condizente com os custos do pacote de produtos e serviços ofertados e o público alvo que se quer atingir. Entretanto, frente ao ambiente de incer-

28

revista notícias da construção

/ Maio 2014


MEGA CONSTRUÇÃO O 1O LUGAR EM SISTEMA DE GESTÃO PARA CONSTRUÇÃO CIVIL

*

Aumente a eficiência da sua empresa por m2. Agende um bate-papo e saiba como os módulos da Mega Sistemas permitem o acompanhamento de cada etapa de sua obra com a máxima precisão.

www.megaconstrucao.com.br

0800 770 6644

sistemas corporativos

* Prêmio divulgado no Anuário Tecnologia Série Estudos de 2014

construção


imobiliário

Brasil flerta com edifícios superaltos Em abril, um encontro promovido pela Fiabci Brasil e o CTBUH Brasil (Council on Tall Buildings an Urban Habitat Brazil), em São Paulo, marcou o lançamento do capítulo brasileiro do CTBUH, que enfatizou na ocasião seu empenho em promover diálogos multidisciplinares sobre urbanização e edifícios altos no país, já que os empreendedores sofrem fortes restrições legais para investir em projetos de prédios superaltos, mesmo nas grandes metrópoles. O lançamento do CTBUH Brasil aconteceu num cenário no qual o mundo assistia o início da construção da Kingdom Tower, o primeiro edifício com mais de 1 km de altura (o tamanho exato é ainda um segredo), em Jedá, no norte da Arábia Saudita, região que esá sendo planejada para se tornar o ponto dos poderosos no país e se chamará Kingdom City. O projeto é do escritório Adrian Smith + Gordon Gill Architecture, de Chicago, e tem um custo inicial de US$ 1,23 bilhão. A Kingdom Tower será apenas um dos inúmeros edifícios com mais de 600 metros previstos para até 2018. Joseph Burns, ex­membro do Grupo Consultivo do CTBUH e diretor da Thornton Tomasetti (EUA), explicou que “o edifício não terá subsolo nem vagas de estacionamento e a maior parte do prédio será residencial”. Segundo ele, serão 630 metros de altura de área habitável, além do chamado spire. “Só esta parte já é mais alta que qualquer prédio no Brasil.” Um dos desafios de construção é o comportamento dos ventos acima de 600 metros, já que não há registros suficientes. Em Camboriú No Brasil, a grande expectativa é de inauguração do Infinity Coast, um residencial de 66 pavimentos que está sendo erguido 30

revista notícias da construção

/ Maio 2014

em Balneário Camboriú, litoral norte de Santa Catarina. Segundo o representante da CTBUH para São Paulo, Rafael Gomes de Oliveira, há ainda empreendimentos projetados para Londrina (PR) e João Pessoa (PB). “A resistência no Brasil contra prédios altos é muito grande. Em Chicago, a população tem orgulho dos arranha-céus, que viraram ícones. Em Taiwan, o Taipei 101 tornou a cidade e sua arquitetura conhecidas mundo afora. Em São Paulo, por outro lado, o novo Plano Diretor deve permiti-los somente ao longo dos corredores de transporte”, afirmou Oliveira. O evento do CTBUH, conselho mundial formado por profissionais conectados com edifícios e cidades sustentáveis, deu destaque às mudanças, estratégias, perspectivas e oportunidades para o desenvolvimento de um ambiente urbano sustentável no país. “O conselho é sinal dos tempos. Temos de trazer informações sobre o que há de melhor no mundo para reverter a cegueira dos nossos governos”, afirmou Basílio Jafet, presidente da Fiabci Brasil. O Taipei 101 é um bom exemplo. Durante seis anos, entre 2004 e 2010, o edifício foi, oficialmente, o mais alto do mundo, com 508 metros. Hoje, ocupa o terceiro lugar, mas ainda tem o elevador mais rápido de todos e é um dos mais sustentáveis do mundo. “Não basta só ser eficiente. Um prédio destes tem de prover um ambiente confortável e agradável para as pessoas. Queremos ser exemplo para outros empreendimentos”, disse Cathy Yang, gerente geral do ícone taiwanês. (Nathalia Barboza)

Perspectiva artística da Kingdom Tower, que será o edifício mais alto do mundo, com mais de um quilômetro de altura



G E S T Ã O EM P R E S A R IAL

Maximizando valor

Maria Angelica Lencione Pedreti é professora de Contabilidade e Finanças da FGV e mestra em Administração de Empresas; trabalha em Planejamento Estratégico Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: maria.lencione@ fgv.br

A transparência é crucial para a avaliação adequada das empresas. Mas governança corporativa não é apenas transparência de informações, pelo contrário, excesso de informação pode atrapalhar. Esta governança veio para mitigar conflitos de agentes, diferenças entre vieses cognitivos e limitações técnicas. Conflitos de agentes são as diferenças de interesses na relação entre acionistas majoritários, profissionais contratados para trabalharem em suas empresas, acionistas minoritários e credores. Cada qual tem sua demanda e espera reciprocidade da empresa. Muitas vezes, tais demandas são conflitantes, dificultando a tomada da melhor decisão gerencial. O problema de diferenças entre vieses cognitivos acontece por exemplo quando o empreendedor tem uma visão mais parcial e romantizada do negócio, já que provavelmente ele investiu muito de sua vida nisso. Um administrador profissional terá mais imparcialidade para tomar decisões, como desativar negócios que atuem contra a criação de valor.

Mas será que a maximização desse valor é o objetivo maior de um administrador? Há duas correntes de pensamento. Segundo a primeira, ao focar suas energias sobre a maximização da riqueza dos acionistas, indiretamente o administrador já estará maximizando o valor para todos os demais stakeholders. A companhia produzirá os melhores produtos aos menores custos, gerando empregos, beneficiando clientes, funcionários e fornecedores, até chegar aos interesses dos acionistas, residuais. Claro, desde que busque isso com ética. A segunda corrente prega que a empresa tem o objetivo de maximizar os interesses de todos os stakeholders, e neste momento, ela enfrenta o primeiro problema: saber quais são tais interesses, as prioridades e como medir se foram atendidos satisfatoriamente. Dependendo da corrente de pensamento escolhida, ela norteará as melhores práticas de governança. Isto, explica, em parte, as extraordinárias diferenças dessas práticas entre os países. Outra questão que contribui para tais diferenças é seu sistema legal: tipicamente, sistemas legais com maior apoio ao investidor e maior enforcement (onde as leis sejam cumpridas e as sanções realmente aplicadas) desembocarão num conjunto de mecanismos de governança diferente de outros. Finalmente, a questão histórico-cultural: sistemas econômicos altamente impactados pelo estado e por questões políticas terão regras de governança completamente diferentes de sistemas autorregulados em que o mercado de capitais tem grande peso no financiamento das companhias.

A governança melhora comunicação, eficiência e controles das empresas Quanto ao problema das limitações técnicas: a empresa cresce, as tarefas vão ficando mais complexas e numerosas. O empreendedor precisa contratar profissionais. Os mecanismos de governança atuarão para garantir que eles trabalhem no melhor interesse da companhia. Empresas com boas práticas de governança, além de se comunicarem melhor com o mercado, também possuirão melhores procedimentos, mais eficientes, e melhores controles, sempre assegurando a maximização do valor das companhias.

32

revista notícias da construção

/ Maio 2014


C a paC i taç ão

profissional curso eM d e s taq u e

recuperação de Créditos previdenciários e auditoria prévia em Compensações O objetivo é transmitir aos participantes as informações e procedimentos relativos à recuperação de créditos previdenciários através de compensação e restituição.

4 de junho, em são paulo outros cursos eM s ão pau lo

administração Financeira na Construção Civil – técnicas para preservação do Capital 4 de junho

legislação societária e tributária aplicável aos Consórcios spe, sCp na Construção Civil 2 de junho

logística aplicada na Construção Civil 20 e 21 de junho

cursos eM o u t r a s C i da d e s

Gestão da inovação e Mudanças organizacionais: os desafios da quebra de paradigmas 5 de junho, em Campinas

Gestão estratégica de pessoas: uma Nova Visão de Gestão de pessoas na organização na era do e-social 2 de junho, em Bauru

a Gestão da obra Civil em edifícios com transporte Vertical (Gratuito) 4 de junho, em santos

Fundamentos Fiscais sobre o iCMs, ipi e iss, aplicados à Construção Civil 5 de junho, em Mogi das Cruzes

Cálculo e apuração de retenção do irpJ, Csll, pis e CoFiNs 4 de junho, em rib. preto

padronização de projeto + Cálculo de tráfego 11 de junho, em s.J. dos Campos

Classificação Fiscal de Mercadorias e os impactos do sped Fiscal, eFd 17 de junho, em Campinas

Contabilidade para não Contadores na Construção Civil 23 de junho, em Bauru

Mais informações: (11) 3334 5600 acesse nosso site e conheça o conteúdo completo dos cursos: www.sindusconsp.com.br w w w. s i n d u s c o n s p . c o m . b r

facebook.com/sindusconsp

@sindusconsp

/sindusconspmkt

/sinduscon-sp


tributos

Cobrança indevida

PAULO ANTONIO NEDER é advogado e membro do Conselho Jurídico do SindusCon-SP Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: pauloneder@ adv.oabsp.org.br

As empresas que comercializam imóveis estão habituadas com o fato de numerosos promitentes compradores cederem seus direitos a terceiros antes, portanto, que a escritura de venda e compra lhes seja outorgada. Nesse caso, a transferência da propriedade se opera diretamente da vendedora para o cessionário, usualmente com anuência dos promitentes compradores primitivos, ainda que em instrumento apartado. São, portanto, três fatos jurídicos: 1) a promessa de venda e compra (da empresa “A” para “B”); 2) a cessão (de “B” para “C”); e, 3) a outorga da escritura de venda e compra (da empresa “A” diretamente para “C”).

(Empresa “A”) pelo pagamento do tributo relativo às cessões caso o comprador não o faça. No entanto, tal pretensão não tem, a nosso ver, fundamento, pelo menos em relação aos compromissos de venda não levados a registro no Cartório de Registro de Imóveis. Com efeito, o fato gerador do imposto é “a transmissão da propriedade imóvel que somente ocorre com o registro do título no Cartório de Registro de Imóveis” (Tribunal de Justiça SP, Ap. 994.06.057240-5, Ap. 9160779-58.2009.8.26.0000 4 etc.). E, transmissão de propriedade deve ser entendida como o registro da aquisição no Registro de Imóveis, como, aliás, vem textualmente previsto no Código Civil (Artigo 1.245 e seu parágrafo 1º.). O Superior Tribunal de Justiça tem decidido que “o fato gerador do imposto de transmissão de bens imóveis ocorre com a transferência efetiva da propriedade ou do domínio útil, na conformidade da Lei Civil, com o registro no cartório imobiliário” (RMS 10.650, citado no acordão acima) (v. tb. AgRg no REsp 982625/RJ, - AgRg 327188/DF, AgRg no AI 448.245/DF etc.). Inquestionável, então, que sem o registro do título translativo da propriedade não se pode exigir o pagamento do imposto. Recomenda-se, porém, aos que pretenderem se insurgir contra a cobrança, buscar amparo em decisão judicial quando a legislação municipal pretender o recolhimento do Imposto de Transmissão de Bens Intervivos incidente sobre a cessão, que, em tese, pode ser obstada através de Mandado de Segurança.

Município não pode aplicar o ITBI duas vezes em cessões de direito de imóvel Na Constituição Federal, está previsto que cabe aos Municípios instituírem imposto de transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, “bem como cessão de direitos a sua aquisição” (Artigo 156, II, da Constituição Federal). Talvez animados por uma interpretação míope do texto e apesar de copiosa jurisprudência no sentido oposto, é comum Municípios pretenderem cobrar o Imposto de Transmissão de Bens Intervivos sobre cessões de direitos. Isto é, cobrar ITBI incidente sobre a cessão (de “B” para “C”), além de cobrar pela venda (de “A” para “C”). Há até Município pretendendo responsabilizar solidariamente a vendedora 34

revista notícias da construção

/ Maio 2014


qualidade

Lançada Norma de Reformas O SindusCon-SP e a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) lançaram em abril a Norma de Reforma em Edificações – Sistema de Gestão de Reformas (ABNT NBR 16.280:2014), em evento no sindicato. A norma vigora desde 18 de abril. É o fim dos trabalhos da Comissão de Estudo de Reformas em Edificações da ABNT (CE) da norma, que foi aberta em 2012 pela ABNT por solicitação do presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, após o incidente com o Edifício Liberdade, que ruiu no centro do Rio, em janeiro de 2012, afetando outros dois prédios. “Estamos dando à sociedade a resposta que ela queria", completou Odilão Baptista Teixeira, diretor adjunto de Negócios da ABNT. Para o superintendente do CB-02 (Comitê Brasileiro de Construção Civil) da ABNT, Paulo Eduardo Fonseca de Campos, “se há um mérito da norma, é o fato de ser publicada em resposta a uma demanda da sociedade”. Segundo ele, por sistematizar o que tem de ser feito para reformar uma edificação já existente, a repercussão desta norma deve ser grande. “Aquele que vive em um prédio ou numa casa tem que ser responsável pela edificação”, afirmou. Para Campos, com a responsabilidade compartilhada, também os administradores de imóveis vão se sentir respaldados, mesmo que a contratação de profissionais habilidados signifique custos adicionais. “Os custos são ínfimos perto do que representa perder vidas humanas”, disse. Campos e Teixeira haviam sido recepcionados por Paulo Sanchez, vice­presidente de Tecnologia e Qualidade do SindusCon­-SP, que destacou a importância de seguir as normas vigentes “em respeito à sociedade”.

Roteiro O coordenador da Comissão de Estudos de Reformas em Edificações da ABNT e membro do Comitê de Meio Ambiente (Comasp) do SindusCon-SP, Ricardo Pina, destacou no evento que a norma estabelece um roteiro de como fazer a melhor gestão de uma reforma, abandonando a “autogestão aleatória” que alguns proprietários ou síndicos, “por desinformação”, seguiam. Segundo ele, a norma nasceu com uma forte preocupação com a segurança também em relação aos prédios do entorno e descreve os procedimentos necessários antes, durante e depois da obra. “Afinal, como se faz uma reforma num prédio que você não sabe como foi construído ou por quantas e quais intervenções ele passou?”, questionou. Segundo a nova norma técnica, toda proposta de reforma de imóvel que altere ou comprometa a segurança da edificação ou de seu entorno precisará ser submetida à análise da construtora/incorporadora e do projetista, dentro do chamado “prazo decadencial” (10 anos). Após este prazo, um responsável técnico designado pelo responsável legal do imóvel –síndico ou administrador de um condomínio ou proprietário da casa– deverá efetuar a análise das intervenções necessárias, definindo o escopo do trabalho. E o responsável legal, com base nessa análise, poderá autorizar, autorizar com ressalvas ou rejeitar a proposta da reforma, caso entenda que haverá risco à edificação. A norma orienta ainda o proprietário ou responsável legal pelo prédio a informar em detalhes o usuário ou o síndico sobre o plano de manutenção a partir da reforma. (Nathalia Barboza)

revista notícias da construção

/ Maio 2014

35


qualidade

Consitra discute termografia

36

revista notícias da construção

/ Maio 2014

Exemplo de análise termográfica feita pela equipe do professor Bauer em uma fachada, revelando em detalhes anomalias no revestimento do edifício Imagem: Elton Bauer/Lab. Materiais/UnB

puderem entender bem como trabalhar com Com a proposta de apresentar os cona termografia, afastando ao máximo os proceitos da termografia por infravermelho no blemas de confiabilidade da análise, o setor estudo das patologias de fachadas, e debater só tem a ganhar. “Seria útil explorarmos, por sua aplicabilidade na cidade de São Paulo, o exemplo, o potencial de classificação dos Consitra 2 (Consórcio Setorial para Inovação graus de anomalias”, opinou. Tecnológica em Revestimento de Argamassa) se reuniu em abril com o professor Elton Argamassas industrializadas Bauer, especialista ligado ao Laboratório de Bauer também apresentou resultados Ensaio de Materiais do Departamento de Enpreliminares de um estudo comparativo genharia Civil e Ambiental da Universidade de desempenho de argamassas industrialide Brasília (UnB). zadas disponíveis no mercado brasiliense. A termografia é um método que usa Segundo ele, o objetivo é obter um perfil de termovisores que convertem fotos em temcomportamento das argamassas aplicáveis peratura. Segundo Bauer, a grande vantagem em alvenaria em relação a suas propriedades. é ser “uma técnica não-destrutiva, rápida e Para isto, 15 precisa”. Ele lemmarcas foram colebrou que, para fazer NBR 16.280 define tadas, 9 de argamasa medição, é possível como deve ser a gestão sas de uso geral e 6 estar há vários mealgum requisito tros da fachada e não de obras em edificações com especial. “Um dos é preciso descolar ou resultados interesfurar o revestimento. santes é o de demanda de água. Há um certo Além disso, apontou, “a técnica permite paralelismo entre elas”, afirmou o professor. identificar se há danos e onde eles estão, Além disso, metade das amostras mostraram mesmo aqueles ainda invisíveis, como uma baixa susceptibilidade à fissuração, mas a leve falha de rejunte”. É possível ainda outra obteve média ou alta susceptibilidade. classificar o grau de seriedade da anomalia. No entanto, ele demonstrou que alguns No entanto, Bauer explicou que, além aspectos críticos ainda precisam ser resolde caro, o equipamento não é simples de vidos, como uma altíssima capilaridade usar, porque é muito sensível à emissivida(capacidade de absorção) e retenção de água, de do sol e até dos edifícios vizinhos ou de o que leva a muitas patologias. telhas metálicas. “Esta é a principal variável Segundo Bauer, o estudo revelou ainda que pode provocar muitos erros de leitura. que cada argamassa é um sistema indepenEste problema precisa ser sempre compendente, não linear em seus comportamentos. sado na hora de aferir os resultados”, disse. (Nathalia Barboza) Com pesquisadores da Universidade do Porto (Portugal), Bauer pesquisou o comportamento da posição das câmeras no fluxo de calor (aquecimento ou arrefecimento) de uma superfície a ser estudada. “À noite, as falhas aparecem mais escuras; durante o dia, são mais claras que a fachada boa”, explicou. Para Vanderley John, professor da Poli­USP e membro do Consitra 2, se as empresas


Excelência na educação profissional e inovação tecnológica é no SENAI-SP Cursos na área de Construção Civil

Aprendizagem Industrial  Construtor de edificações  Eletricista instalador  Instalador hidráulico

Curso técnico de edificações

Formação de mão-de-obra para construção civil ● ● ● ●

Carpintaria ● Alvenaria ● Elétrica ● Auto CAD Hidráulica ● Pintura ● Vidraçaria ● Cobertura Armação de Ferros ● Desenho técnico Gesso acartonado ● Aquecimento solar Impermeabilização ● Serralharia de Alumínio Elevação de cargas e pessoas Soldador de tubos de polietileno Instalação e montagem de elevadores

 Qualificações:  Desenhista de edificações  Laboratorista de ensaios de materiais  Habilitação:  Técnico em edificações

Curso mestre-de-obras

 NR 18 - Condições e meio ambiente de

 Especialização—Planejamento e supervisão

de obras

● ● ●

NR 10 - Segurança em instalações e serviços com eletricidade

trabalho na indústria da construção

NR 33 - Capacitação para trabalhadores em espaços confinados

 NR 35 - Trabalhos em altura

Escola SENAI “Orlando Laviero Ferraiuolo” Rua Teixeira de Melo, 106—Tatuapé—São Paulo—SP Tel.: (11) 2227-6900 http://construcaocivil.sp.senai.br www.sp.senai.br/redessociais


qualidade

Construção evolui em soluções acústicas O mercado de acústica passa por um bom momento, de acordo com Fabio Villas Bôas, membro do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP e coordenador da Comissão de Estudos da Norma de Desempenho Edificações Habitacionais. “Atingimos uma situação de maturidade ao considerar o problema acústico como grave. Está efetivamente acontecendo uma mudança na forma de projetar, de construir – que já considera a Norma de Desempenho”, afirmou o engenheiro, durante palestra na 1ª Conferência Municipal sobre Ruído, Vibração e Perturbação Sonora, em 28 de abril. A boa notícia, segundo o engenheiro, é que além de usuários mais conscientes e exigentes as diversas associações de fabricantes de materiais (como blocos e caixilhos) têm se empenhado para se enquadrar aos padrões de desempenho exigidos pela norma. “Começam a surgir avanços em projetos e já podemos identificar melhorias nos ensaios de ruído e projetos de acústica de fachadas (janelas)”, destacou. Em sua apresentação, Villas Bôas pontuou soluções adotadas pela Tecnisa, empresa da qual é diretor técnico, no projeto Jardim das Perdizes para minimizar os efeitos dos ruídos. “Criamos especificações de caixilho de acordo com medições da região. Buscamos por soluções construtivas menos ruidosas sempre que possível”, afirmou. Entre as ações simples de melhorias que podem ser adotadas pelas empresas no canteiro de obras, Villas Bôas citou o uso de equipamentos novos ou com um programa de manutenção em dia e a restrição de serviços ruidosos a horários mais adequados. Além de Villas Bôas, participaram do painel “Legislação, Normas e Avanços do 38

revista notícias da construção

/ Maio 2014

licenciamento: evolução e tendência” Rodrigo Passos Cunha, especialista Engenharia em Saúde Pública e gerente da Divisão de Avaliação de Empreendimentos de Transportes da Cetesb; Carlos Alberto de Moraes Borges; vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do Secovi-SP; Krisdany Vinícius Cavalcante, coordenador da Comissão de Estudos Especiais de Acústica; e Ricardo Walder Elias, especialista em Desenvolvimento Urbano da área de licenciamento ambiental do Decont (da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente do Município de São Paulo). O debate foi coordenado pelo arquiteto e urbanista Ronaldo Tonobohn, superintendente de planejamento e projetos da CET. Conscientização Promovido pela Câmara Municipal de São Paulo, em parceria com a ProAcústica e o vereador Andrea Matarazzo (PSDB), o evento reuniu autoridades, estudiosos, entidades da sociedade civil organizada, representantes do meio acadêmico e entidades de classe na busca por soluções que promovam a melhoria acústica na cidade. (Fabiana Holtz)

Villas Bôas vê boa vontade dos fabricantes em se enquadrar aos padrões da norma de desempenho



qualidade

Evento debaterá uso da água O seminário “Tecnologia de Sistemas Prediais: Qualidade e Inovação” fará sua 10ª edição em 28 de maio de 2014. O evento, realizado pelo SindusCon-SP, por meio dos Comitês de Meio Ambiente (Comasp) e de Tecnologia e Qualidade (CTQ), destacará o uso racional da água. O tema ocupará neste ano um espaço maior no seminário. A expectativa é que ele permita aprofundar o debate, tendo em vista a evidência neste último verão da necessidade de redução do consumo de água em várias regiões do Brasil. Água quente e fria Outros assuntos serão uma comparação entre os projetos brasileiros e aqueles feitos nos países desenvolvidos e as mudanças da nova norma de sistemas hidráulicos

40

revista notícias da construção

/ Maio 2014

prediais de água quente e de água fria. O evento também terá palestras sobre a evolução do atendimento aos empreendimentos imobiliários por parte da Eletropaulo e sobre o desempenho e sustentabilidade no case do empreendimento Parque da Cidade. O seminário é voltado a técnicos, especialistas, profissionais de coordenação de projeto e execução de obras de empresas incorporadoras e construtoras, projetistas, consultores e instaladoras, profissionais de empresas fabricantes de materiais e componentes, professores e estudantes. O evento acontecerá das 14h às 18h no Centro Brasileiro Britânico (rua Ferreira de Araújo, 741, São Paulo). Mais informações: (11) 3334-5600 ou pelo e-mail eventos@ sindusconsp.com.br . (NB)


R ELA Ç Õ E S C A P ITAL - T R A B AL H O

Muita atenção nas subcontratações O vice-presidente de Relações Capital-­ um preço irrisório e posteriormente geraram problemas para a contratante, como Trabalho do SindusCon-SP, Haruo Ishikawa, denúncias infundadas de precarização do recomenda às construtoras que atentem para trabalho, pagamento solidário de obrigações as disposições da cláusula 10 das Conventrabalhistas e até destruição de instalações. ções Coletivas de Trabalho assinadas pelo sindicato, antes de Novo Guia realizarem subconSindicato recomenda A Comissão de tratações de serviços checagem prévia da Política e Relações especializados. “Antes de se deIdoneidade da empresa Trabalhistas (CPRT) da CBIC, da qual cidir por uma subIshikawa é membro, contratada, é preciso lança em 22 de maio o Guia Contrate Certo, verificar não só a documentação como que traz orientações para a contratação de a idoneidade da empresa prestadora de empreiteiros e subempreiteiros na consserviços, para evitar problemas futuros”, trução civil. A publicação mostrará como alerta o vice-presidente. “Depois, é preciso efetivar subcontratações de forma legal, acompanhar o cumprimento das obrigações evitando-se a precarização do trabalho. trabalhistas e fiscais”, acrescenta. O lançamento ocorre no 86º Encontro Segundo ele, recentemente ocorreram Nacional da Indústria da Construção (Enic). casos em que as subcontratadas ofereceram

revista notícias da construção

/ Maio 2014

41


regionais

Campinas atualiza Código de Obras Com a finalidade de buscar soluções técnicas para melhorar o Código de Projetos e Execuções de Obras e Edificações de Campinas, a Prefeitura criou uma Comissão Permanente de Aplicação da Legislação (CPLE) reunindo entidades que representam o setor da construção civil. A primeira reunião dos integrantes do grupo foi realizada em abril com a participação do diretor da Regional Campinas do SindusCon-SP, Márcio Benvenutti. “A última atualização do Código foi feita em 2003. Está muito defasado e precisa avançar em muitos aspectos. Estamos com 11 anos de atraso”, enfatizou Benvenutti. O Código de Obras estabelece as diretrizes e procedimentos administrativos a serem obedecidos no licenciamento, fiscalização, projeto, execução e preservação de obras e edificações. “A CPLE envolve múltiplas secretarias e entidades que podem contribuir para essa modernização”, diz o diretor. Os membros da comissão foram nomeados por portaria do Executivo para um

mandato de dois anos. O grupo tem caráter consultivo e irá esclarecer dúvidas relativas à atividade edilícia, reunindo os resultados dos trabalhos técnicos que serão desenvolvidos para a sua modernização e atualização. A comissão também vai adotar novos procedimentos que permitam a reunião do maior número de experiências e informações das entidades e órgãos técnicos à Prefeitura e estabelecer rotinas sistemáticas de consulta a entidades. (Vilma Gasques)

Benvenutti (de camisa azul, à esquerda da mesa) representou o SindusCon-SP na primeira reunião da comissão

Conhecimento global com experiência local

Presença mundial em 50 países com mais de 100 escritórios, oferecendo serviços de Consultoria em Gestão Empresarial, Auditoria e Outsourcing (Terceirização) Contábil, Fiscal e Trabalhista.

Outsourcing

• Escrituração Contábil e Fiscal • Administração de Pessoal notícias da construção / Maioao2014 42 revista • Preparação de arquivos eletrônicos referentes SPED Contábil, SPED Fiscal, EFD Contribuições e ao eSocial

Consultoria em Gestão Empresarial

• Implantação de Soluções para o eSocial • Governança Corporativa • Revisão e Aprimoramento de Processos • Gerenciamento de Riscos Corporativos • Avaliação de Empresas e de Ativos • Execução de Cálculos de Transfer Price • Precificação de Empresas (Valuation) • Gestão Pré e Pós Fusões e Aquisições • Cursos & Treinamentos

www.parkerrandallbrasil.com.br

Av. Lins de Vasconcelos, 1060 cj 26 - São Paulo - SP - 01538-000 - Brasil - Tel.: 55 (11) 3628-5126

www.jotac.com.br

Auditoria

• Auditoria Interna e Independente • Due Dilligence - Suporte para compra e venda de empresas • Laudo de Avaliação - Contábil e Econômico/Financeiro • Revisão Tributária, Trabalhista e Previdenciária


A Regional São José do Rio Preto do SindusCon-SP comemorou em abril a formatura de 24 alunos do curso de Mestre de Obras, realizado em parceria com a Escola Senai “Antonio Devisate”. A solenidade realizada no auditório da escola foi motivo de orgulho para Claudinei Oliveira, 41 anos, que trouxe toda a família para assisti-lo receber o certificado. Durante cerca de oito meses, ele viajou toda noite vencendo os 50 km entre Olímpia e Rio Preto para estudar e especializar-se. “Foi um curso de muita qualidade e aprendi muito. Agora sei como conduzir tudo mais rápido e de forma profissional”, disse ele. Quem também estava animado era o ajudante geral Suzinei Luiz Gomes, 33 anos. Ao lado da esposa Tamires, grávida, ele aguardava o momento de receber o certificado. “Aqui aprendi muita informação nova que agora vou usar para conseguir um emprego melhor”, disse ele. “Estamos cumprindo nosso papel de capacitar e melhorar a mão de obra no Bra-

sil, mas sem o apoio das empresas e das famílias destes trabalhadores, nada disso seria possível. É um orgulho poder realizar este trabalho”, disse Mércia Godoy, coordenadora da Regional. Para César Bruel, diretor da Escola Senai “Antonio Devisate”, a colaboração entre as duas entidades é fundamental para o sucesso do curso. “Nossa parceria com o SindusCon-SP visa atender o trabalhador das construtoras que já está familiarizado com o canteiro de obras e quer se aperfei­ çoar. Com esta união e com o conhecimento dos nossos professores, acostumados com o ambiente de obras, estamos conseguindo a cada ano colocar gente mais capacitada no mercado”, afirmou. (Ester Mendonça)

Foto divulgação Senai

Rio Preto forma 24 mestres de obra

Claudinei Oliveira (à esq.) recebe diploma em cerimônia no Senai

revista notícias da construção

/ Maio 2014

43


segurança do trabalho

Vencendo resistências

José Carlos de Arruda Sampaio é consultor de empresas e diretor da JDL Qualidade, Segurança no Trabalho e Meio Ambiente Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: jdls@terra. com.br

Depois de anos de análise da segurança do trabalho nos canteiros de obras, notamos que o tema “resistência às mudanças” está sempre presente. Por que isso? Resistir à mudança é quando há qualquer atitude ou comportamento que reflete a falta de vontade da pessoa de fazer ou apoiar uma mudança desejada. Em toda empresa, é comum encontrarmos pessoas com essa resistência, e ela precisa ser vencida para que a mudança tenha sucesso. Mas por que isso acontece? E o que fazer? Esse assunto é muito discutido entre engenheiros e técnicos de segurança do trabalho e pessoal de gestão de pessoas. As pessoas podem resistir ou reagir às mudanças por muitas razões. Entre estas, há aquelas consideradas reações positivas e consideradas por muitos como naturais: medo do novo, insegurança, resistência inicial, tendência a manter a situação como está, receios quanto à perda de posição, resistência à elaboração de documentos etc.

de mudar. No caso da segurança do trabalho, as coisas não são feitas por se supor que a implantação das medidas de segurança do trabalho, impiedosamente, vai causar mais custos e alongar os prazos das obras, pois não é possível imaginar que alguém, em sã consciência, queira causar um acidente no trabalho de propósito. Analisando alguns artigos publicados sobre esse assunto, identifica-se que essas opiniões criam resistência até mesmo em planos de mudança que tenham as melhores intenções. Para reduzir a resistência ao mínimo, é preciso se certificar de que todos os afetados saibam especificamente como serão satisfeitos os seguintes critérios: • benefício: a mudança deve ter uma clara vantagem relativa para os envolvidos; deve ser percebida como uma melhor forma de fazer as coisas; • compatibilidade: a mudança deverá ser o mais compatível possível com as experiências das pessoas que estão sendo requisitadas a mudar; • complexidade: a mudança não deve ser mais complexa do que o necessário; precisará ser de fácil entendimento e utilização; • tentatividade: a mudança deverá ser algo que as pessoas aprendem a tentar, e depois fazer ajustes conforme necessário. No mundo corporativo, sempre encontraremos pessoas resistentes às mudanças. O papel do líder é saber lidar com essas pessoas, pois muitas vezes nos deparamos com ótimos profissionais em termos operacionais, mas que ainda precisam ser trabalhados nos aspectos comportamentais para que a mudança seja implantada.

Mostre as vantagens, simplifique e estimule o pessoal a tentar mudar Há outras consideradas reações negativas, e essas sim são consideradas problemáticas: bloqueio cego, paranoia, boicote, existência de “feudos”, poder acima de resultados, burocratização desnecessária etc. O fato é que sempre por trás de uma razão para não mudar, há uma opinião. A essência dessa abordagem construtiva à resistência é reconhecer que, quando as pessoas resistem às mudanças, estão defendendo algo importante para elas, que aparentemente parece estar ameaçado pela tentativa 44

revista notícias da construção

/ Maio 2014



P R EVEN Ç Ã O E S A Ú DE

Hora da vacina

GISELE DE JESUS BATISTINI é enfermeira, com especialização em Epidemiologia Hospitalar, e Qualidade e Produtividade e gerente de Enfermagem do Seconci-SP Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: comunicacao@ seconci-sp.org.br

A gripe é uma doença respiratória altamente contagiosa, causada pelo vírus influenza, assim chamado porque na Antiguidade, quando se desconhecia a causa, percebeu-se na Itália a relação entre os sintomas e a época do frio. A cada inverno ocorriam epidemias e os italianos diziam que isso era influenza di freddo (influência do frio). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a gripe é um sério problema de saúde pública que atinge mundialmente entre 5% a 10% da população adulta e entre 20% e 30% das crianças, cerca de 600 milhões de pessoas todos os anos. Destes, entre 3 a 5 milhões de casos tornam-se graves, acarretando de 250 mil a 500 mil mortes. No Brasil, a gripe atinge a cada ano de 7 a 14 milhões de brasileiros economicamente ativos, sendo uma das principais causas de absenteísmo e de acidentes do trabalho, comparada ao alcoolismo e à privação de sono.

contra influenza, a serem utilizadas no Brasil, a partir de fevereiro de 2014, deverão conter, obrigatoriamente, três tipos de cepas de vírus em combinação: • Um vírus similar ao influenza A (H1N1) • Um vírus similar ao influenza A (H3N2) • Um vírus similar ao vírus influenza B A vacina é uma das formas mais eficazes de prevenção. Quando a pessoa a recebe, o sistema imunológico produz anticorpos para proteção contra a doença. Em pessoas sadias, sua eficácia é de 70% a 90%, ou seja, a cada 10 pessoas vacinadas, de 7 a 9 não terão gripe, enquanto pelo menos 1 pode apresentar a infecção, neste caso, com os sintomas geralmente mais brandos. A vacina deve ser tomada todos os anos no outono, entre março a junho. Isso é recomendado porque ela precisa de duas semanas para induzir alguma proteção e de quatro a seis semanas para que a máxima proteção seja alcançada no inverno, período de maior circulação do vírus. Com foco nas ações de caráter preventivo, há mais de uma década o Seconci-SP promove Campanha de Vacinação contra a Gripe. Mediante solicitação das empresas, profissionais de Enfermagem vão até os escritórios ou canteiros de obras aplicar a vacina. Quanto mais pessoas forem vacinadas e estiverem imunizadas, menor a circulação do vírus e menos pessoas ficarão doentes. Ao reduzir o número de doentes, diminui­-se a chance de transmissão de seus agentes causadores, beneficiando indiretamente toda a população, inclusive aqueles que não tiveram acesso à vacinação.

Gripe é uma das principais causas de absenteísmo e acidentes de trabalho Existem três tipos de vírus influenza: A, B e C. Os dois primeiros, por sofrerem mais mutações (alterações na estrutura genética, que podem deixá-los mais agressivos), respondem pelas formas mais graves da gripe, sendo que o vírus do tipo A é geralmente o responsável por provocar as epidemias e pandemias, como é o caso da gripe H1N1. O vírus do tipo C é o mais leve. Por isso, a OMS recomenda anualmente uma determinada formulação da vacina para cada hemisfério, com base nos vírus em circulação naquele momento. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou que as vacinas

46

revista notícias da construção

/ Maio 2014


s e c o n c i - sp 5 0 a n o s

Seconci-SP vai aos canteiros Em abril, o Seconci-SP deu início a uma série de ações para beneficiar 20 mil trabalhadores do setor no Estado de São Paulo, até o final do ano. “Estamos levando atendimento odontológico e provocando reflexões sobre alimentação e nutrição diretamente nos canteiros de obras, atendendo com eficiência as necessidades que o trabalhador da construção dificilmente consegue preencher no seu dia a dia”, informou o presidente do Seconci-SP

e representante do SindusCon­-SP junto à Fiesp, Sergio Porto. As ações serão realizadas em canteiros de obras de 50 empresas de São Paulo e dez municípios do interior. Nas unidades móveis odontológicas do Seconci-SP, dentistas darão atendimento. Haverá ainda palestras de prevenção ao alcoolismo e de nutrição, com avaliação do IMC (Índice de Massa Corpórea) e distribuição de cartilhas com receitas elaboradas com itens da cesta básica.

Entidade atendeu a população no Masp Em abril, o Seconci-SP ofereceu gratuitamente à população de São Paulo testes de glicemia e pressão arterial, no vão livre do Masp. A ação fez parte do Programa Trabalho Seguro, uma iniciativa do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região. Segundo Sergio Porto, presidente do Seconci-SP, “a iniciativa objetivou conscientizar a sociedade sobre doenças que são frequentes, além de facilitar o acesso a exames que, muitas vezes, a população não realiza de forma rotineira”. O Programa Trabalho Seguro visa mostrar a trabalhadores, empresas e sociedade os riscos dos acidentes de trabalho e a necessidade de equipamentos de proteção individual (EPI). No ConstruBr Ainda em abril, o Seconci-SP foi pa-

trocinador na categoria Prata do ConstruBr, evento que reuniu a cadeia produtiva da construção no Expo Transamérica. Em estande na feira realizada junto com o congresso, a entidade recebeu centenas de visitantes, muitos dos quais aproveitaram para realizar um teste de Índice de Massa Corpórea.

Enfermeira do Seconci-SP aplica teste de glicemia no vão livre do museu

revista notícias da construção

/ Maio 2014

47


JU R Í DI C O

Danos a ressarcir

FLÁVIO SENRA é advogado do escritório Mannrich, Senra e Vasconcelos, e membro do Conselho Jurídico do SindusCon-SP Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: flavio@msvadv.com.br

O considerável crescimento do mercado imobiliário nos últimos anos, além de proporcionar inegáveis benefícios à sociedade, fez aflorar um problema que vem preocupando a construção civil: os atrasos de entrega das obras em relação aos prazos estabelecidos contratualmente, com seus reflexos na esfera judicial. Nesse cenário, uma questão que tem sido objeto de debate judicial é a forma de se fixar a reparação de danos alegadamente sofridos pelos adquirentes de imóveis decorrentes do atraso da obra. Na maioria dos casos, os pedidos de indenização são fundamentados na ocorrência de supostos danos materiais, na forma de danos emergentes e/ ou lucros cessantes.

e não como preceitua o artigo 402 do Código Civil, que vincula lucros cessantes àquilo que razoavelmente deixou de lucrar. Outra corrente prevê ainda multa à construtora pelo atraso da obra, mesmo que não estabelecida em contrato, sob o fundamento de equiparação da posição contratual das construtoras àquela dos adquirentes. Assim, aplica-se à construtora por analogia a multa contratual prevista especificamente para as situações em que o adquirente atrasa o pagamento. Entretanto, esse raciocínio é falho e paradoxal, uma vez que confere tratamento idêntico a situações e posições contratuais absolutamente distintas, violando o princípio da equidade. Em grande parte dos casos analisados pelo Judiciário, nota-se outra corrente, que vincula a fixação de danos emergentes e lucros cessantes à apuração do que efetivamente foi gasto ou deixou de ser auferido pelo adquirente em razão do atraso da obra. Assim, o adquirente deve comprovar que empregou ou deixou de receber determinados recursos em razão exclusivamente do atraso. Essa corrente se mostra a mais razoável, por vincular toda e qualquer indenização à comprovação do dano experimentado pelo adquirente em decorrência diretamente do descumprimento contratual. De toda forma, a existência de tamanha diversidade na fundamentação de eventual ressarcimento do adquirente acaba gerando insegurança jurídica às partes, inclusive no que diz respeito aos padrões a serem adotados para a contratação, razão pela qual se espera uniformização das decisões do Judiciário atrelada à comprovação da ocorrência e valor do efetivo dano.

Posicionamentos diversos da Justiça geram insegurança jurídica às partes Embora os Tribunais não demonstrem um posicionamento harmônico, é possível identificar algumas correntes jurisprudenciais que tratam diversamente da mensuração da indenização. Uma delas entende por aplicar a presunção dos lucros cessantes (aquilo que o adquirente razoavelmente deixou de lucrar). Nessa hipótese, os lucros cessantes são fixados segundo a premissa de que a impossibilidade de fruição do imóvel implicaria automaticamente o reconhecimento de que o adquirente deixou de ganhar quantia esperada com o mesmo. Assim, sem qualquer comprovação de que o imóvel seria destinado a atividade que traria acréscimo patrimonial, indeniza-se pela respectiva estimada perda. Essa teoria não se mostra a mais acertada por prever indenização de forma hipotética, 48

revista notícias da construção

/ Maio 2014



S OLU Ç Õ E S INOVADO R A S

Reciclagem de RCD Luiz Tsuguio Hamassaki é engenheiro, mestre em Engenharia Civil e pesquisador do Laboratório de Materiais de Construção Civil

(LMCC) do IPT

Sidnei Rodrigues de Oliveira é engenheiro civil e técnico em Edificações do IPT (LMCC-CTObras)

Sergio Cirelli Ângulo é professor doutor da Escola Politécnica-USP

Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: luta@ipt.br careca@ipt.br scangulo@ipt.br

50

A geração dos resíduos da construção e demolição (RCD) ocorre em quantidade tão significativa no Brasil que se torna necessário escoá-los e destiná-los adequadamente para minimizar os impactos ambientais e econômicos das deposições ilegais na malha urbana, e evitar o esgotamento de áreas de aterros, escassas em grandes centros urbanos. As Resoluções 307 e complementares do Conama atribuem responsabilidades aos geradores, transportadores e gestores públicos do RCD. Cabe aos municípios definir um Plano Integrado de Gerenciamento desses resíduos. A Resolução determina o estabelecimento de Pontos de Entrega Voluntária e Áreas de Transbordo e Triagem para receber RCD e, após triagem, encaminhá-lo para um Aterro classe A e solo, o que possibilita o uso futuro da área, e/ou para a Reciclagem do RCD classe A. Um aspecto importante é a necessidade do diagnóstico do RCD (quantidade, tipo) gerado, para estimar a composição do RCD a ser reciclado e possibilitar a escolha dos equipamentos e outros itens da reciclagem. Na operacionalização da reciclagem, as questões mais difíceis e/ou mais importantes, na maioria dos casos, são: a) a retirada manual (catação) dos contaminantes que deverão ser reduzidos a valores mínimos para a obtenção do agregado reciclado Classe A; b) a escolha do equipamento (usina de reciclagem), que tem importância fundamental quanto aos custos envolvidos, assim como a estratégia de obtenção dos produtos reciclados. No Brasil, as usinas de reciclagem do RCD Classe A são geralmente unidades fixas. As usinas móveis de britagem estão sendo bastante disseminadas no país, com equipamentos importados da Itália e da Alemanha. São unidades compactas com 4 a 12 m de comprimento e de 1,5 a 4,5 m de largura,

revista notícias da construção

/ Maio 2014

ocupando uma área inferior a 65 m². Este tipo de usina móvel não prevê a retirada de contaminantes típicos dos RCD brasileiros (a não ser barras de aço dos resíduos de concreto para os quais há um separador magnético). A catação então deverá ser feita de forma semelhante à realizada em usina fixa, ou seja, com o RCD em pilhas de resíduos estocados na área de reciclagem. Uma alternativa de usina móvel de tecnologia de reciclagem de baixo custo –que não utiliza britador, apenas peneiramento– foi desenvolvida pela USP e implantada pelo IPT com recursos do governo paulista, associado à empresa Nortec. O protótipo construído objetivou a disseminação e treinamento tecnológico da reciclagem do RCD, para aplicação em pavimentos em municípios de pequeno porte. A vantagem a considerar é o baixo custo. O britador pode chegar a 50% do custo de implantação ou operação da usina de reciclagem. A usina de baixo custo também enfatiza a triagem dos resíduos mistos (comum na realidade brasileira), realizando-a sobre transportadores de correia, uma condição mais adequada. Isso pode ser de grande interesse para viabilizar a reciclagem em pequenos municípios. A usina móvel de baixo custo foi utilizada pelo IPT em reciclagem de 300 m³ de RCD no município de Novo Horizonte (SP). A eliminação de contaminantes é um dos aspectos básicos do processo. A catação sobre os transportadores de correia removeu de 66% a 99% da massa de contaminantes e foi mais eficiente que a catação em pátio (aplicável em usinas de britagem). Após o processamento de 100 caçambas de RCD na unidade, foram obtidos, em média, 56% da massa de brita graduada reciclada, 41% de rachão reciclado e 3% de contaminantes, a maioria inorgânica. Após a operação na usina, o teor de contaminantes das britas graduadas recicladas


variou entre 0,2% e 1,5%, atendendo os critérios estabelecidos pela NBR 151116: 2004. O índice de forma ficou abaixo de 3,0. As distribuições granulométricas das britas recicladas estiveram abaixo de 50 mm. O Coeficiente de Não Uniformidade das britas recicladas foi superior a 10, atendendo o mínimo estabelecido por norma. O índice de suporte Califórnia (ISC) obtido foi de 44%, com umidade ótima de 9,8%. Frente ao atendimento dos critérios estabelecidos por norma para as britas recicladas, foi realizada a execução de um trecho experimental de brita reciclada (70%) e solo (30%). O grau de compactação obtido em campo foi de 98,7%. Foi assim proposto um método de trabalho para controle da triagem dos contaminantes na operação da usina, com a formação de lotes de britas recicladas e realização dos ensaios tecnológicos requeridos. Conclui-se que o uso da tecnologia de reciclagem de RCD de baixo custo teve resultados técnicos satisfatórios em testes realizados em campo.

C l a ss i f i c a d o s

revista notícias da construção

/ Maio 2014

51


C l a ss i f i c a d o s

Locação de Equipamentos

Atendimento Atendimento a a todo todo Brasil Brasil em em Fundações Fundações tipo tipo Hélice Hélice Contínua. Contínua.

52

revista notícias da construção

/ Maio 2014

(16) 3416-6877 www.grupobianco.net • comercial@biancofundacoes.com


cobresul.

AltA tecnologiA em tubos e conexões de cobre pArA A construção civil. Agende A visitA de um de nossos tÉcnicos:

(11) 4606-8000

www.cobresul.com.br

revista notícias da construção

/ Maio 2014

53


C ON S T R U Ç Ã O DA C A R R EI R A

Cenário de equilíbrio Felipe Scotti Calbucci é graduado em Comunicação Social e gerente de Property & Construction da Michael Page, com foco em recrutamento de gerentes e diretores para construtoras e incorporadoras Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: felipecalbucci@ michaelpage.com.br

Tenho recebido muitas perguntas sobre o momento do mercado de trabalho para profissionais de construção e incorporação. Muitos percebem um certo desaquecimento, com base nos dados macroeconômicos que o Brasil apresenta atualmente. Em conversas com meus colegas especializados no recrutamento de executivos em outros mercados que não o da construção, percebo sim este desaquecimento. Mas existem alguns setores que seguem em ritmo de contratações acelerado em relação aos demais e a construção é um deles. Sim, o ritmo das contratações na construção decaiu, mas a um patamar bastante mais animador do que o restante do mercado. Mais de uma vez ouvi clientes que atendo falarem sobre como o mercado de Real Estate desaqueceu, mas que segue em patamar altíssimo frente a uma década atrás.

nais tal como ocorreu alguns anos atrás. Além disso, existe uma lacuna na quantidade de engenheiros com idades entre 35 e 45 anos. Minha impressão é de que o mercado possui muitos novos profissionais entrantes, bem como uma quantidade relativamente satisfatória de executivos seniores. Contudo, percebo a falta de gestores com capacidade de treinar estes novos talentos e serem o elo de ligação nas empresas junto à diretoria. O resultado nítido é a aceleração da carreira de profissionais jovens a gestores, bem como daqueles que seriam excelentes gestores a uma diretoria precoce. Para o mercado da construção, este cenário não é o ideal, mas para os profissionais trata-se de uma excelente oportunidade. Contudo, a queda do ritmo do setor trouxe um certo equilíbrio momentâneo a está equação. Trata-se de uma boa oportunidade para as empresas que estão revendo seus quadros em busca de maior eficiência e custo benefício entre remuneração paga e resultado obtido. A melhor maneira que encontrei de sumarizar este tópico em uma frase é dizendo: “Para profissionais qualificados, não faltarão bons projetos tão cedo”. Do meu ponto de vista, um bom profissional é aquele que tem competências técnicas fortes, capacidade de gestão e formação de pessoas, bom relacionamento com pares, clientes, fornecedores e chefes, alta resiliência e que “veste a camisa” de seu empregador, atuando como se fosse o dono da empresa.

Momento é propício para a empresa rever quadros em busca de eficiência Mais relevante que isso é a quantidade de postos de trabalho em relação ao número de engenheiros civis e arquitetos graduados. Infelizmente não pude encontrar dados sobre a quantidade de arquitetos graduados, mas segundo dados do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), existem 750 mil engenheiros civis formados no Brasil, dos quais cerca de 250 mil declaram atuar na área. Estima-se que exista um equilíbrio bastante justo entre vagas e candidatos dentro do setor. Entretanto, se o PIB crescer mais de 3% nos próximos anos, faltarão profissio54

revista notícias da construção

/ Maio 2014




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.