Perfil do consumo de coco (CocusnucíferaL.) e derivados em cidades da Paraíba e do Rio Grande do N

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Perfil do consumo de coco (CocusnucíferaL.) e derivados em cidades da Paraíba e do Rio Grande do Norte Hugo Santiago Gonzaga Silveira (UFPB)hugoufpb@hotmail.com Tiago José da Silva Coelho (UFPB) tj-coelho@bol.com.br Felipe Souza Damião (UFPB) felipe.jeronimo1994@yahoo.com.br Laesio Pereira Martins (UFPB) laesiopm@gmail.com

Resumo O mercado de água de coco verde tem crescido mundialmente nos últimos anos devido à valorização de alimentos saudáveis e naturais. A água de coco verde é a bebida obtida da parte líquida do fruto do coqueiro, por meio de processo tecnológico adequado. Seu sabor doce e levemente adstringente confere características sensoriais que atraem bastante os consumidores. O presente trabalho objetivou avaliar o perfil do consumo de coco e derivados entre os habitantes das cidades de Sousa, Lucena e Canguaretama - PB. O método utilizado para a pesquisa foi o exploratório e o instrumento utilizado para a coleta de dados foi um questionário compostos por 14 questões objetivas do tipo estruturado, com uma amostra de 50 respondentes da cidade de Sousa-PB, 50 da cidade de Lucena-PB e 50 da cidade de Canguaretama-RN.As entrevistas foram realizadas no período de 15 de maio a 15 de junho de 2010, nos locais de comercialização de coco, em horários que variaram da manha à tarde. Para avaliar o perfil dos consumidores de coco as variáveis estudadas foram agrupadas em dois blocos. No primeiro bloco, foram incluídas características sociodemográficas. No segundo bloco foram incluídas variáveis que descrevem o consumo.Com base nos resultados, os cocos são adquiridos, principalmente, nas feiras livres da cidade de Souza-PB e Canguaretama-RN. O comportamento de consumo de coco dos habitantes desses municípios relacionou como o principal atributo o tamanho para a cidade de Sousa-PB e estádio de maturação para os consumidores de Lucena-PB e Canguaretama-RN.

Palavras chave: Coco, Comercialização, Perfil de Consumo. 1.Introdução “Originária do sudeste asiático, a Cocos nucifera espalha-se por terras intertropicais de quase cem países, com mais de 11 milhões de hectares plantados” (IBGE, 2010). A Ásia concentra 80% da produção, que superou 55 milhões de toneladas em 2006. Indonésia, Filipinas e Índia respondem por 70% da oferta global. O coqueiro é fonte de sustento para milhões de asiáticos, substituindo a soja no óleo de cozinha e recebendo polpudos subsídios. Quarto no ranking, com 6% da colheita mundial, o Brasil ostenta um mercado sem igual para o fruto jovem do coqueiro-anão e graças ao sucesso da água, o país é o maior produtor de coco verde do planeta (NOEL, 2008). “O coqueiro (Cocos nuciferaL.) foi introduzido no Brasil em 1553 sendo que a maior parte da


área cultivada situa-se na região tropical, ocupando atualmente cerca de 300.000 hectares” (FERREIRAet al., 1994). “Estima-se que 40% da produção brasileira de coco édestinadas às agroindústrias, sendo o restante utilizado na forma in naturaem uso doméstico com (50%) e no consumo de água do fruto imaturo - coco verde com (10%)” (EMBRAPA, 1993). “O mercado de água de coco verde tem crescido mundialmente nos últimos anos devido à valorização de alimentos saudáveis e naturais. Segundo o Sindicato dos Produtores de Coco Verde, cerca de 1,4% do mercado de refrigerantes e bebidas era relativo ao consumo de água de coco verde (SENHORAS, 2003). “A água de coco verde é a bebida obtida da parte líquida do fruto do coqueiro (Cocus nuciferaL.), por meio de processo tecnológico adequado. Seu sabor doce e levemente adstringente confere características sensoriais que atraem bastante os consumidores”(MEDINA et al., 1980). As principais características da água de coco são os baixos teores de carboidratos e de gorduras, que contribuem para seu valor calórico reduzido, uma alternativa saudável para refrigerantes ou outros produtos com mais calorias. Pelo expressivo teor de potássio, a água de coco é indicada para hidratação, não devendo ser utilizada na reposição de sódio, por não ser fonte desse mineral e apresenta pH em torno de 5,6 (CABRAL, 2005). “A água-de-coco apresenta um conteúdo em sais minerais e açúcares, que a torna uma bebida isotônica natural”(ROSA, 2000). Segundo Rosa e Abreu, (2000) além de açúcares, a água-de-coco possui proteínas (cerca de 370 mg/100mL), vitaminas (ácido ascórbico, ácido nicotínico, biotina, riboflavina e ácido fólico) e minerais tais como: Na, Ca, Fe, K, Mg e P. Essas características conferem a água de coco qualidade constituinte excelente para o consumo humano. De acordo com Cuenca et al., (2002) existe uma preocupação com a saúde e a forma física que tem-se apoiado também nas bebidas naturais, que visam repor as perdas de água, vitaminas e sais minerais sofridas durante grande esforço físico no trabalho, em esporte e em divertimentos. Dessa forma, existe uma atração dos consumidores por novos produtos e uma tendência por sabores exóticos, naturais, ligados à saúde, a exemplo da água-de-coco. “O consumo do coco-verde in natura é bastante representativo e seu mercado é estabelecido, principalmente, nas regiões litorâneas e nos locais próximos aos sítios de produção” (ROSA e ABREU, 2000).


A Paraíba no ano de 2008 respondeu por 5% da lavoura permanente de coco no Brasil, sendo os municípios de Sousa e Lucena-PBlideram em produtividade no estado com 23,4 milhões e 7,5 milhões de frutos respectivamente, produzidos no ano de 2008. O Rio Grande do Norte respondeu por 4% da lavoura permanente de coco, tendo a cidade de Canguaretama a décima posição no estado com1,2 milhões de frutos produzidosno ano e 2008(IBGE, 2010). Com um consumidor mais consciente e interessado por informações, torna-se necessário a compreensão dos fatores que influenciam o comportamento do consumidor, possibilitando uma visão aprofundada da dinâmica da compra. O presente trabalho objetivou avaliar o perfil do consumo de cocoe derivados entre os habitantes das cidades de Sousa, Lucena e Canguaretama - PB. 2. Material e Método O método utilizado para realização da pesquisa foi o exploratório e o instrumento utilizado para a coleta de dados foi um questionário compostos por 14questões objetivas do tipo estruturado, com uma amostra de 50 respondentes da cidade de Sousa-PB, 50 da cidade de Lucena-PB e 50 da cidade de Canguaretama-RN. As entrevistas foram realizadas no período de 15 de maio a 15 de junho de 2010, nos locais de comercialização de coco, em horários que variaram da manha à tarde. Para avaliar o perfil dos consumidores de coco as variáveis estudadas foram agrupadas em dois blocos. No primeiro bloco, foram incluídas características sociodemográficas, tais como: a)O gênero; b)A idade; c)Nível de escolaridade; d)Renda familiar. No segundo bloco foram incluídas variáveis que descrevem o consumo, como: a)Se tinha ou não o hábito do consumo de cocoin natura; b)Como adquiriu esse hábito; c)Qual o motivo do consumo de coco; d)Se já consumiu água de coco industrializada; e)Normalmente onde o coco era adquirido; f)Quais os critérios utilizados para adquirir o cocoin natura; g)Questões relativas a origem e procedência do coco como:


-Se conhecia o local (origem) de procedência do coco que consumia; -Se tinha preferência de consumir coco de origem conhecida; -Se compraria coco de outras regiões produtoras ou de procedência desconhecida; -Se conseguiria identificar diferença entre o coco produzido de diferentes regiões, como o litoral e sertão, e se respondesse positivamente quais eram essas diferenças; -Habito de consumir derivados de coco; -Qual a freqüência do consumo de coco e derivados. A freqüência do consumo de coco foi descrita por meio de distribuição percentual para população total e segundo gênero. Na análise univariada avaliou-se a correlação entre o escore do consumo de coco e as variáveis idade, escolaridade, renda familiar, por meio do coeficiente de correlação de Pearson (r). Aplicou-se o teste de diferença de médias de tStudent para avaliar as diferenças entre as categorias das variáveis qualitativas. Para a análise dos dados utilizou-se o programa estatístico SAS versão 9.0 (2004). 3.Resultados e Discussão 34

70 Homens

A 58

60

56

33 54

33,4 B

Idade

32 48

50 42

44

31

40

Idade

Gênero (%)

Mulheres

30

30 29

28,7 27,9

28 20 27 10

26 25

0 Sousa

Lucena

Canguaretama

Cidades

Sousa

Lucena

Canguaretama

Cidades

3.1. Características sociodemográficas. Foram entrevistadas cinqüenta pessoas em cada cidade perfazendo um total de 150 respondentes, correspondendo a 42% homens e 58% mulheresda cidade de Sousa-PB,44% homens e 56% mulheres em Lucena-PB, e 54% homens e 48% mulheresem CanguaretamaRN (Figura 1A). A idade média entre os respondentesfoi de 28,7 anos para Sousa, 33,4 anos para Lucena, e 27,9 anos para Canguaretama (Figura 1B).


Figura 1. Gênero (A) e idade (B) dos consumidores de coco e derivados das cidades de Sousa-PB, Lucena-PB e Canguaretama-RN

A predominância de consumidores de maior faixa etária pode ser justificada pelo fato dos jovens ainda não possuírem o hábito da compra do coco, mesmo que as consuma com freqüência, sendo os pais responsáveis pela aquisição de coco que a família consome. Quanto ao nível de escolaridade, em Sousa, 10% são analfabetos, 14% têm o ensino fundamental incompleto, 18% têm o ensino fundamental completo, 6% ensino médio incompleto, 42% o ensino médio completo e 10% superior completo. Enquanto que para Lucena 2% são analfabetos, 36% tem o ensino fundamental incompleto, 6% têm o ensino fundamental completo, 18% ensino médio incompleto, 36% ensino médio completo e 2% superior incompleto. Para Canguaretama foi identificado que2% são analfabetos, 32% têm o ensino fundamental incompleto, 4% têm o ensino fundamental completo, 16% ensino médio incompleto, 34% o ensino médio completo e 12% superior incompleto (Figura 2). 45

42 Sousa

40

Lucena

Canguaretama

36

35

36 32

34

(%)

30 25 18

20

18

14

15

16

10 10 5

12

10 6 2

2

6

4

2

0 Analfabseto

Ensino F.Incomp.

Ensino F. Comp.

Ensino M.Incomp.

Ensino M.Comp.

Superior

Escolaridade

Figura 2. Escolaridade dos consumidores de coco e derivados das cidades de Sousa-PB, Lucena-PB e Canguaretama-RN

Quanto à renda familiar, em Sousa 34% tematé um salário mínimo mensal, 58% têm de um a três salários mínimos e 8% tem de três a cinco salários mínimos. Para Lucena 54 % possuem até um salário mínimo, 42% têm de um a três salários mínimos, 2% têm de três a cinco salários mínimos e 2% têm de cinco a dez salários mínimos. Em Canguaretama44% têm até um salário mínimo mensal, 44% têm de um a três salários mínimos,8% tem de três a cinco salários mínimos e ainda 4% têm de cinco a dez salários mínimos mensais (Figura 2B).


Essas mudanças nos hábitos de consumo dos alimentos, de uma forma geral, são conseqüência do crescimento da mão-de-obra feminina no mercado de trabalho, da redução do tamanho da família, do envelhecimento da população, da busca por maior conveniência e da preocupação com a segurança dos alimentos. Soma-se a isso a evolução no número de pessoas que estudam e, muitas vezes, moram fora; mudanças na estrutura familiar, com o aumento do número de pessoas morando sozinhas; e maior renda disponível para pessoas de terceira idade (SOUZA, 2005).

70 Sousa

(%)

50

30

Canguaretama

58

60

40

Lucena

44

42

44

34 24

20 8

10

8 2

4

0 até 1 Sal. Mínimo

1 a 3 mínimo 3 a 5 mínimo Renda Familiar

mais de 5 mínimo

Figura 3. Renda familiar dos consumidores de coco e derivados das cidades de Sousa-PB, Lucena-PB e Canguaretama-RN

3.2. Variáveis que descrevem o consumo de coco e derivados.


Quando perguntados sobre terem o hábito de consumir coco in naturaem Sousa 76% disse ter e 24% não consome por não gostar do fruto. Dos respondentes que têm o hábito do consumoin natura, 34% consomem somente a água e 66% consomem a água mais a polpa. Em Lucena também 76% informaram ter o hábito de consumir coco in natura, e 24% não consomem por não gostar do fruto. Dos respondentes de Lucena que têm o hábito do consumo in natura, 8% consomem somente a polpa, 16% somente água, e 76% consomem a água mais a polpa. Em Canguaretama 90% informaram ter o hábito de consumir coco in natura, e 10% não consomem por não gostar do fruto ou segundo eles por serem diabéticos. Dos respondentes de Canguaretama que têm o hábito do consumo in natura, 46% consomem somente a água, e 44% consomem a água mais a polpa (Figura 4). 100 90

Não

Água

90

Polpa

Água+polpa 76

80

76

76

60

60 50

46

50 40

40

30

B

66

70

70

(%)

Hábito de Consumo (%)

80

90 Sim

A

44

34

30

24

24 16

20

20 10 10

8

10 0

0

Sousa

Lucena Cidades

Canguaretama

Sousa

Lucena Cidades

Canguaretama

Figura 4. Hábito de consumo de coco in atura(A) e percentagemdas partes de consumo do coco (B) pelos dos consumidores das cidades de Sousa-PB, Lucena-PB eCanguaretama-RN

Quanto ao hábito de consumir coco, em Sousa 20% adquiriram através da família e 80% adquiriram espontaneamente. Em Lucena 58% adquiriram através da família, 38% adquiriram espontaneamente, e 4% de outras formas. Em Canguaretama 43% adquiriram através da familia e 57% de forma espontanea.Esses resultados são concordantes aos relatados por Kotler e Keller (2006), em que a “família é considerada um grupo de referência, ou seja, aqueles que exercem alguma influência direta ou indireta sobre as atitudes ou comportamento”. Outra análise realizada foi a verificação dos motivos para a seleção do produto no momento da compra e as prioridades de atributos para os consumidores de coco. Quanto ao fator que motivou o consumo de coco, em Sousa 60% declararam ser o sabor, 36% o valor nutricional e 4% a consideração de que o cocoé um alimento saudável. Em Lucena, 58% declararam ser o sabor o principal fator de motivação do consumo, apenas 2% informou ser o valor nutricional,


26% o aspecto à saúde relacionado ao fruto, 6% a disponibilidade do fruto, 4% o preço e 4% outros aspectos motivantes. Em Canguaretama 57% declararam ser o sabor, 11% o valor nutricional e 28% a consideração de que o coco é um alimento saudável e 4% a disponibilidade do fruto.Segundo Megido e Xavier (2003), “o consumidor gradualmente tem demonstrado interesse nos atributos nutricionais e na utilização de técnicas ou manejo, influenciando incisivamente a melhoria dos aspectos relacionados à saúde e a qualidade de vida das pessoas”. Percebe-se que os motivos foram parecidos nas três cidades, porém os motivos quanto aos valores nutricionais foram de pouca relevância para a cidade de Lucena-PB, enquanto que este atributo foi de grande relevância para a cidade de Souza-PB. Foi perguntado aos respondentes se estes já consumiram água de coco industrializada, ou seja, com algum tratamento dispensado a água (Figura 6). Segundo a Instrução Normativa nº39, de 29 de Maio de 2002, que aprova o regulamento técnico para fixação de identidade e qualidade da água-de-coco, esta pode ser comercializada na forma in natura, congelada, resfriada, esterilizada, concentrada e desidratada (BRASIL, 2002).

Na cidade de Sousa 62% responderam que sim e outros 38% que não haviam consumido. Os motivos para o não consumo da água de coco industrializada foram o desconhecimento da existência desse produto nesta forma, e o fato de não gostar. Em Lucena 26% já consumiram água de coco industrializada e 74% ainda não haviam consumido. Nesta cidade os motivos para o não consumo da água de coco industrializada também foram o desconhecimento desta forma de produto, ou seja, industrializada, o fato de não gostar, a indisponibilidade do produto, e o fato de não terem o hábito desse consumo. Em Canguaretama 57% responderam já ter consumido e outros 43% não haviam consumido ainda, sendo que nesta cidade os motivos para o não consumo variaram entre o fato da preferência do fruto in natura, o desconhecimento da existência da água industrializada e a falta de interesse quanto a água dessa forma (Figura 5). No interior do fruto, a água-de-coco conserva-se por longo período em temperatura ambiente. Entretanto, após sua extração torna-se perecível devido à sua composição propícia ao crescimento microbiano (MEDINA et al., 1980; CAMPOS et al., 1996). O desenvolvimento de novas tecnologias permitiu aumentar consideravelmente a vida-útil da água-de-coco após a extração, a qual pode ser encontrada no mercado nas formas congelada, resfriada e esterilizada.


80

74 Sim

Não

Consumo de água de coco industrializada (%)

70 62 57

60 50

43 38

40 30

26

20 10 0 Sousa

Lucena Cidade

Canguaretama

Figura 5. Consumo de água de coco industrializada pelos consumidores das cidades de Sousa-PB, Lucena-PB eCanguaretama-RN

Questionou-se aos entrevistados aonde adquiriam o coco consumido, e em Sousa 44% responderam adquirir em feiras livres, 12% em supermercados, 22% em quitandas, 14% diretamente dos produtores, e 8% de produção própria. Em Lucena 14% adquiriam em feiras livres, 12% em supermercados, 26% em quitandas, 24% diretamente dos produtores, e 24% de produção própria. Para Canguaretama essa aquisição se dava em feiras livres para 39%, em supermercados para 7%, em quitandas para 15%, diretamente dos produtores para11% e de produção própria em 28% (Figura 6A). Os fatores que influenciam na decisão e compra da população, que opta por locais que ofereçam mais conforto, praticidade, limpeza, segurança e flexibilidade de horários, adequados a seu cotidiano. Dessa forma, o varejo de alimentos tem se interessado cada vez mais em estudar o comportamento dos consumidores, buscando entender as preferências e expectativas que os levam a escolher o local de compra dos frutos. O ponto-de-venda é uma das principais formas pela qual um estabelecimento varejista comunica seus propósitos e firma um posicionamento junto ao consumidor. O comportamento do consumidor em uma loja é uma resposta de natureza cognitiva e emocional a estímulos desse espaço físico, permitindo-lhe classificar a empresa frente as suas concorrentes e formular crenças a seu respeito (AMARAL, 2007). No que diz respeito à comercialização, no Brasil sempre houve um predomínio das feiras livres, mas, em razão do aumento de interesse do varejo moderno na comercialização de produtos frescos, tem-se observado uma queda na participação das feiras como canal de comercialização (AMARAL et al., 2007). Embora os consumidores declarem preferência pela compra em feira livre, na prática eles estão utilizando cada vez mais os supermercados para adquirir esses produtos (REVISTA FRUTIFATOS, 2002).

Para os critérios utilizados na aquisição do coco in natura, 42% dos respondentes de Sousa disseram ser o tamanho, já para 28% o estádio de maturação (verde ou maduro), é o maior critério na hora da aquisição, ainda 4% o fato de serem recém-colhidos, e 26% não utilizam nenhum critério na hora da aquisição dos frutos para consumo. Em Lucena o tamanho do fruto é o critério de aquisição para 26% dos respondentes, o estádio de maturação para 30%, o fruto recém-colhido para 8%, o local de produção para 6%, sendo que ainda 30%


50 45

44

Sousa

Lucena

Canguaretama

A

39

40

35

(%)

30

28

26

25

24

22

24

20 15

14

15

12 12

10

14 11 8

7

5 0 Feira livre

Supermercado

Quitanda

Produtor

Produção próprio

Local de aquisição do coco in natura 60

55 Sousa

Lucena

B

Canguaretama

50 42

(%)

40

30

28

26

30

30 26 20

20

15 8

10

9

4

6 1

0 Tamanho

Recém colhido

Estádio de Local de produção maturação Critérios para aquisição do coco in natura

Nenhum

não utilizam nenhum critério, e 6% ainda responderam ter outros critérios utilizados para adquirir o fruto in natura. Em Canguaretama 15% dos respondentes disseram ser o tamanho, já para 55% o estádio de maturação (verde ou maduro), é o maior critério na hora da aquisição, ainda 9% o fato de serem recém-colhidos, 1% o local de comercialização e 20% informaram não utilizar nenhum critério na hora da aquisição dos frutos para consumo (Figura 6B). Figura 6. Local de aquisição do coco in natura (A) e os critérios utilizados na aquisição (B) pelos consumidores das cidades de Sousa-PB, Lucena-PB eCanguaretama-RN

SREBERNICH (1998) relatou que “o coco, dependendo da variedade, apresenta aumento no teor de sacarose e redução dos teores de glicose e frutose (perda de doçura) em intervalo de maturação de 6 a 10 meses”. Explicando-se porque grande parte dos consumidores destas


cidades tem a preferência pelos cocos recém-colhidos. As respostas demonstraram que os consumidores de coco não possuem uma preocupação em questões relacionadas a preço, mais o local adequado e atributos de qualidade, o que diferenciam dos consumidores das diversas frutas. Portanto, esses consumidores já se distância da base da pirâmide de Maslow, ou seja, não é apenas em atender a uma demanda fisiológica, e sim a auto-realização, do que ao topo da pirâmide. Algumas questões foram levantadas relativas à origem e procedência do coco. Na cidade de Sousa, quando indagados se conheciam a origem/procedência do coco que consumiam 100% informaram que sim, já quando perguntados se tinham preferência de consumir coco de origem conhecida, 42% disse sim e 58% disse não. Os motivos do consumo de coco de origem conhecida para alguns consumidores na cidade de Sousa são a qualidade e o fato de conhecerem a produção. Foi perguntado ainda aos entrevistados se estes comprariam coco de outras regiões produtoras ou de procedência desconhecida e 92% respondeu sim, 8% que não. O motivo relatado para a compra do fruto de origem desconhecida foi a necessidade, devido a indisponibilidade de frutos conhecidos para compra imediata. Foi perguntado também aos respondentes se estes conseguiriam identificar diferença entre o coco produzido de diferentes regiões, como o litoral e sertão em termos de tamanho, sabor, quantidade de água no coco ou outros fatores, tendo 6% respondido não e 94% sim. Sobre quais eram essas diferenças, os que sabiam identificar responderam ser o formato e tamanho dos frutos. Na cidade de Lucena, quando indagados se conheciam a origem/procedência do coco que consumiam 64% informaram que sim, e 36% não, quando perguntados se tinham preferência de consumir coco de origem conhecida, 68% disse sim e 32% disseram não. Os motivos do consumo de coco de origem conhecida em Lucena são a qualidade e o fato de conhecerem a produção e conhecerem o fruto. Foi perguntado ainda aos entrevistados se estes comprariam coco de outras regiões produtoras ou de procedência desconhecida e 56% respondeu que sim, e 44% que não. O motivo relatado para a compra do fruto de origem desconhecida também foi a necessidade, devido a indisponibilidade para compra de frutos conhecidos. Foi perguntado também aos respondentes se estes conseguiriam identificar diferença entre o coco produzido de diferentes regiões, como o litoral e sertão em termos de tamanho, sabor, quantidade de água no coco ou outros fatores, tendo 24% respondido não e 100

100 Sim

Origem/procedência (%)

90

Não

80 70

64

60

54 46

50 36

40 30 20 10 0 Sousa

Lucena Cidade

Canguaretama


76% sim. Sobre quais eram essas diferenças, os que sabiam identificar responderam ser o formato e tamanho dos frutos. Figura 7. Origem e procedência dos cocos adquiridos pelos consumidores das cidades de Sousa-PB, Lucena-PB eCanguaretama-RN

Na cidade de Canguaretama, quanto à origem/procedência do coco consumido 46% informaram saber, e 54% não sabiam, quando perguntados se tinham preferência de consumir coco de origem conhecida, 30% disse sim e 70% disse não. Os motivos para a compra do fruto de origem conhecida não foram relatados pelos entrevistados. Foi perguntado ainda aos entrevistados se estes comprariam coco de outras regiões produtoras ou de procedência desconhecida e 74% respondeu que sim, 26% que não. Os motivos para a compra do fruto de origem desconhecida também não foram relatados pelos entrevistados. Foi perguntado também aos respondentes se estes conseguiriam identificar diferença entre o coco produzido de diferentes regiões, como o litoral e sertão em termos de tamanho, sabor, quantidade de água no coco ou outros fatores, tendo 9% respondido que conseguiriam identificar e 91% que não conseguiriam. Sobre quais eram essas diferenças, alguns dos que sabiam identificar responderam ser o sabor dos frutos. Segundo Megido e Xavier (2003), o consumidor gradualmente tem demonstrado interesse nos atributos nutricionais e na utilização de técnicas ou manejo, influenciando incisivamente a melhoria dos aspectos relacionados à saúde e a qualidade de vida das pessoas. Questionou-se aos entrevistados nas cidades de Sousa, Lucena e Canguaretamase estes tinham o hábito de consumir derivados de coco. Na cidade de Sousa 95% respondeu que consumia e 5% não consumia por não gostar. Em Lucena 84% informou consumir e 16% não consumia também por não gostar desses derivados. Em Canguaretama 98% informaram consumir e apenas 2% disseram nao consumir, nao informando o motivo tanto para o consumo quanto para o não consumo deses derivados. Outro dado importante para o conhecimento dos hábitos de consumo diz respeito à periodicidade do consumo, que juntamente com os resultados de variações ao longo do ano auxiliam no planejamento e controle da produção de coco. Quanto à freqüência do consumo de coco e derivados, em Sousa é diário para 20%, semanal para 46% e mensal para 34%. Em Lucena é diário para 20%, semanal para 52% e mensal para 28%. Já em Canguaretama esse consumo é diário para 10%, semanal para 63% e mensal para 27% (Figura 7).


Frequência de consumo (%)

70

Diário

Semanal

Mensal

63

60 52 50

46

40

34 28

30 20

27

20

20 10 10 0 Sousa

Lucena

Cuanguaretama

Cidades

Figura 7. Freqüência de consumo de coco e derivados nas cidades de Sousa (A), Lucena (B) e Canguaretama (C)

Foi indagado ainda se os respondentes tinham ou conheciam alguém que possuísse receita especial com coco, e em Sousa 44% responderam sim, com receitas de ensopados de camarão, tapioca recheada com coco, doce de coco com rapadura, peixe no coco, e peixe e camarão no molho do coco. Ainda 56% responderam não ter ou conhecer quem tivesse receitas com coco. Em Lucena também 44% informaram ter ou conhecer alguém que tivesse alguma receita com coco. Essas receitas eram a cocada, bolo, camarão com coco, bolo de macaxeira com coco, doce de coco com mamão, mungunzá com coco, arroz de leite de coco, cuscuz com coco, brigadeiro, doce, pudim, doce cremoso, doce de coco com mamão. Em Canguaretama62% informaram ter ou conhecer alguém que tivesse alguma receita com coco. As receitas eram a cocada, doce, dindin, peixe ao coco, cuscuz com coco, bolo, pamonha, e pavê de coco. Correlacionando a freqüência de consumo de coco com o gênero dos entrevistados, não foi verificada diferença significativa do consumo entre os homens e as mulheres. Também não verificou-se correlação significativa entre o nível de escolaridade e renda dos consumidores de coco das cidades de Sousa-PB, Lucena-PB e Ganguaretama-RN. 4. Considerações Finais A pesquisa estudou o perfil de consumo de coco nos municípios de Sousa-PB, LucenaPb e Canguaretama-RN por meio da identificação das características sociodemografica e de consumos. Com base nos resultados, os cocos são adquiridos, principalmente, nas feiras livres da cidade de Souza-PB e Canguaretama-RN. O comportamento dos consumidores apresentou influência dos fatores sociais, especificamente dos grupos de referência, representado na pesquisa pela influência da família dos entrevistados. As condições econômicas, representadas pelo poder de compra do indivíduo, não apresentaram influência nos hábito de


consumo de coco. A pesquisa também tinha como objetivo identificar os principais atributos utilizados pelos consumidores de coco, no momento da compra. O comportamento de consumo de coco dos habitantes desses municípios relacionou como o principal atributo o tamanho para a cidade de Sousa-PB e estádio de maturação para os consumidores de LucenaPB e Canguaretama-RN. Referências AMARAL, R.O. et al. Fatores de decisão de compra de FLV: um estudo com famílias de classe A e B. Anais...: X SEMINÁRIOS EM ADMINISTRAÇÃO - SEMEAD, FEA-USP, 2007. BRASIL. Instrução Normativa n. 9, 29 de maio de 2002. Aprova o regulamento técnico para fixação de identidade e qualidade da água de coco, constante no Anexo 1.39. Documento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. 2002. CABRAL, L. M. C. Água de coco verde refrigerada / Lourdes Maria Corrêa Cabral, Edmar das Mercês Penha, Virgínia Martins da Matta. – Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2005. CAMPOS, C.F.; SOUZA, P.E.A.; COELHO, J.V.; GLÓRIA, M.B.A. Chemical composition, enzyme activity and effect of enzymeinactivation of flavor quality of green coconut water. Journal ofFood Processing and Preservation, n. 20, p. 487-500. 1996. CUENCA, M. A. G.; RESENDE, J. M.; SAGGIN JÚNIOR, O. J.; REIS, C. S. Mercado brasileiro do côco: situação atual e perspectivas. In: ARAGÃO, W. M. Côco: pós-colheita. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2002. p. 18. EMBRAPA. Centro de Pesquisa Agropecuária dos Tabuleiros Costeiros, Aracaju - SE. Recomendações técnicas para o cultivo do coqueiro. Circular Técnica n° 1. Aracaju, 1993, 44p. FERREIRA, J.M.S.; WARWICK, D.R.N.; SIQUEIRA, L.A. Cultura do Coqueiro no Brasil. Aracaju: EMBRAPA - SPI, 1994, 309p. KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de marketing. 12º ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. MEDINA, J.C.; GARCIA, J.L.M.; DE MARTIN, Z.J.; KATO, K.; TERUO, P.; TURATTI, J.M.; SANTOS, L.C.; SILVA, M.T.C.; CANTO, W.L.; BICUDO NETO, L.C.; MORETTI, V.A. Coco: da cultura ao processamento e comercialização. Campinas: ITAL, 1980. 285 p. (SérieFrutasTropicais, 5). MEGIDO, J.T.; XAVIER, C. Marketing & Agribusiness.4 ed. São Paulo: Atlas, 2003. NOEL, F.L. Verão movido à água de coco. Consumo do fruto in natura cresce e deixa toneladas de resíduos nas ruas. SESCSP, 2008. ROSA, M. F.; ABREU, F. A. P. Água-de-coco: Métodos de Conservação. EMBRAPA, SEBRAE/ CE. Documentos N° 37 ISSN 0103-5797. Junho, 2000. SENHORAS, E. M. Estratégias de uma agenda para a Cadeia Agroindustrial do Coco: Transformando a ameaça dos resíduos em oportunidades Eco - Eficientes. Universidade Estadual de Campinas Instituto de Economia - UNICAMP. Campinas, 2003. SOUZA, R.S. Comportamento de compra dos consumidores de frutas, legumes e verduras na região central do Rio Grande do Sul. Ciência Rural, Santa Maria, v.38, n.2, p. 511-517, 2008. REVISTA FRUTIFATOS. Sua majestade o consumidor. Revista Frutifatos. Brasília, DF: Ministério da Integração Nacional, v.1, n.1, p.8-11, setembro de 1999.


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