Analise das Micro e Pequenas Empresas apoiadas pelo Banco do Brasil

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Análise das Micro e Pequenas Empresas apoiados pelo Banco do Brasil S/A na cidade de Remígio-PB Geovani Pereira Vitorino 1 (UFPB) geovani_adm@hotmail.com Juliana Karla Morais de Andrade2 (UFPB) jkma_morais@hotmail.com Filipe Ferreira do Nascimento3 (UFPB) filipesn@hotmail.com

Resumo: As micro e pequenas empresas (MPEs) são responsáveis pela geração de emprego e renda pelas inovações tecnológicas, e também, pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no mundo e no Brasil. O objetivo desta pesquisa foi analisar a atuação das micro e pequenas empresas apoiadas pelo Banco do Brasil na economia da cidade de Remígio-PB. Pode-se observar que as MPEs do município são empresas bastante experientes no mercado, que visam às linhas de crédito e financiamentos do Banco do Brasil (única instituição financeira na cidade) como alternativa para financiar suas operações de vendas, expandir o negócio, abrir filiais e contratar novos funcionários, com o objetivo de aumentar o faturamento e sua participação na economia local. Entretanto observa-se que existem divergências entre as estratégias adotadas pelas MPEs para adquirir as linhas de crédito e financiamento e a realidade econômica do município. Por fim, é necessário que ocorra uma capacitação coletiva voltada para a gestão financeira do negócio e para os aspectos gerais do empreendimento. Palavras chave:Micro e Pequenas Empresas, Crédito e Financiamento, Economia local.

1 Introdução As Micro e Pequenas Empresas (MPEs) têm atuado de maneira cada vez mais relevante no cenário da produção mundial. Pesquisas de diversos institutos (SEBRAE, IBGE, BNDES) revelam que elas são, na atualidade, as grandes responsáveis pela geração de empregos, pelas inovações tecnológicas, e também, pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de quase todos os países desenvolvidos ou em desenvolvimento. Segundo Dolabela (2006), as MPEs surgem em função da existência de nichos mercadológicos, ou seja, lacunas de necessidades não atendidas pelas grandes empresas e pela produção em massa. Dessa afirmação de Dolabela pode-se perceber que as pequenas e micro empresas não estão necessariamente concorrendo diretamente com as grandes, nem lutando pelos mesmos espaços. Pelo contrário, a nova organização mundial da produção em larga escala oferece espaços significativos para os pequenos produtores que


atendem esses nichos específicos de necessidades que seriam pequenos demais para os grandes e significativos demais para ser ignorados. Em diversos países o apoio aos pequenos negócios é adotado como importante estratégia de geração de empregos, distribuição de rendas, inclusão social, fortalecimento da economia e interiorização do conhecimento. O crescimento econômico e o desenvolvimento local estão estritamente relacionados com o nível de empreendedorismo praticado em uma comunidade. No Brasil as MPEs são um dos principais pilares da economia, quer pela sua enorme capacidade de geração de empregos, quer pelo número infindável de estabelecimentos espalhados pelo espaço geográfico do país. São as MPEs, que apesar do nome, são responsáveis por grandes negócios no país. Uma das principais instituições financeiras de apoio ao desenvolvimento local das MPEs no país é o Banco do Brasil que desenvolveu ao longo do tempo uma relação de apoio as empresas brasileiras, com destaque para as de pequeno porte, caracterizando-se como a instituição financeira com maior representação nesse segmento. O Banco do Brasil é o maior parceiro das MPEs, pois oferece um completo portfólio de soluções em crédito para financiar a expansão, reforma e modernização do negócio, para exportar a produção, e capital de giro para o dia-a-dia da empresa. Os micro e pequenos empreendedores ainda contam com diversas opções de investimentos para aplicar seus recursos com segurança e rentabilidade, além de produtos de previdência, seguridade e capitalização. Além de milhares pontos de atendimento, o Banco do Brasil oferece às empresas o Gerenciador Financeiro, o auto-atendimento via internet. Com ele, os micro e pequenos empresários realizam transações bancárias e gerenciam o negócio diretamente do seu computador. Observando o contexto de atuação do BB neste segmento surge a seguinte problemática: Qual a participação das MPEs apoiadas pelo BB da cidade de Remígio no desenvolvimento sócioeconômico local? Este trabalho tem como objetivo analisar o cenário da participação das Micro e Pequenas Empresas apoiadas pelo Banco do Brasil S/A na economia da cidade de Remígio. Observando os setores de atuação, o tamanho e o tempo de constituição das Micro e Pequenas Empresas do município. Analisando os interesses das MPEs em se tornarem clientes do Banco do Brasil, as linhas de crédito e financiamentos contratadas pelos mesmos, e os impactos que causados no negócio. Analisando os planos para os próximos dois anos relacionados ao número de funcionários e as principais áreas de assessorias úteis para sobrevivência do negócio. 2 Metodologia O método utilizado nesse estudo foi o quantitativo descritivo. Quantitativos porque utilizou dados tratados estatisticamente, e descritivo porque buscou descrever a participação das MPEs na economia local e as principais linhas de crédito e financiamentos


adquiridos pelos mesmos no Banco do Brasil. Para realização da pesquisa, utilizou-se da amostra intencional, onde foram escolhidas 20 microempresas dos três principais setores de atividade (indústria, comércio e serviços) do município de Remígio. 3 Importância das micro e pequenas empresas O crescimento e desenvolvimento econômico de um determinado país dependem do nível de produtividade das suas forças produtivas. De acordo com Haddad (2006), o desenvolvimento de uma localidade a longo prazo está diretamente relacionado à sua idoneidade de organização social e política para moldar o futuro da região, mas para que os agentes locais possam criar micro ou pequenos empreendimentos gerados de renda, a localidade deve dispor de diferentes formas de capitais intangíveis. No âmbito das publicações internacionais, os estudos indicam que a criação, o papel, o desenvolvimento e as performances das MPEs têm um impacto decisivo sobre o crescimento econômico em longo prazo das mesmas e da localidade na qual se inserem. Elas são responsáveis pela difusão de novos produtos, de novas tecnologias e serviços e no contexto organizacional, elas são consideradas mais ágeis, flexíveis e inovadoras. Sua estrutura é vantajosa devido à sua capacidade de rápida reação às novas demandas do mercado. Quando dados os recursos e treinamentos, elas conseguem aproveitar oportunidades de crescimento. Além da comunicação interna formal e eficiente, a administração participativa influência o processo decisório. Este comportamento facilita a adaptação dos membros da organização às mudanças tanto no âmbito externo quanto interno. Além do mais, os pequenos negócios têm fundamental importância política e econômica para o país, tanto na geração de empregos, quanto de renda. São relevantes do ponto de vista político, porque as micro e pequenas empresas funcionam como fator de equilíbrio da estrutura empresarial brasileira, em sua imensa maioria coexistindo com as grandes empresas; do econômico, porque o grande número de empregos que oferecem contribuem muito para a geração de receitas e produção de bens. (AZEVEDO E VINICIUS 1999, p.27)

A atuação das MPEs não data de hoje. A segunda guerra mundial foi um período de grande tumulto e abalo nas economias nacionais, fato este que deixou vários cidadãos desempregados. Não fosse pela participação dos micro negócios, teria sido difícil relançar o desenvolvimento econômico de várias regiões que, hoje, estão entre as grandes potências do século XXI. Em 1985 as pequenas e médias empresas já constituíam a imensa maioria das empresas industriais e de serviços, responsáveis por significativa fatia dos empregos gerados, salários pagos e impostos recolhidos apesar da elevada expansão das unidades produtivas nos países em desenvolvimento. (RATTNER 1985, p. 19).


De um modo geral, este setor da economia é complementar no sentido de que este segmento pode preencher as lacunas deixadas pelas grandes empresas ao produzir em massa. A abertura de mercado deu início também ao conceito de terceirização. É uma prática vantajosa tanto para asa grandes empresas, quanto para as MPEs. Segundo As pequenas firmas cresceram graças à terceirização, especialmente no setor de serviços, e também pelo fato de se tornarem mais competitivas em relação às grandes empresas, em vista da maior flexibilidade. Destacam-se os nichos tecnológicos, unidades produtoras enxutas e flexíveis, que, ao lado do crescente movimento de terceirização, apontam que os grandes empresários do futuro tendem a serem empresas de menor porte. (AMARO E PAIVA 2002, p. 8)

Em contrapartida, as micro e pequenas empresa, quando mal chegam aos 2 anos de existência, declaram falência devido a falta de recursos para financiar projetos ou resolver situações de extrema urgência relativas as suas atividades fins. As taxas de mortalidade das MPEs permanecem altas, sendo que 29% das novas empresas encerram suas atividades antes de completar 1 ano de atividade e 56% fecham em 5 anos de abertura (SEBRAE, 2006). Ou seja, mais uma razão que ressalta a importância de uma maior abertura do mercado de crédito. 4 Tamanho das MPEs De acordo com o decreto nº 5.028, de 31 de março de 2004, definiu que: 1. Microempresa, a pessoa jurídica e a firma mercantil individual que tiver receita bruta anual igual ou inferior a R$ 433.755,14 (quatrocentos e trinta e três mil setecentos e cinqüenta e cinco reais e quatorze centavos); Os critérios quantitativos mais utilizados para classificar e definir microempresa sempre têm sido o valor de faturamento ou o número de funcionários. No caso de microempresa, ficou estabelecido que na indústria deve ter até 19 empregados e no comércio/serviço, até 09 empregados (SEBRAE, 2004). O presente estudo seguirá os critérios estabelecidos pelo conglomerado Banco do Brasil que classifica a empresa quanto ao porte, segundo o faturamento bruto anual da seguinte forma: a) Microempresa: até R$ 500 mil; b) Pequena empresa: I.

Indústria: acima de R$ 500 mil até R$ 10 milhões;

II.

Comércio e serviços: acima de R$ 500 mil e até 15 milhões.

5 Fontes de financiamentos para capital de giro e investimentos. Segundo Dornelas (2005), muitos empreendedores se queixam de que obter financiamento no Brasil sendo o principal problema enfrentado por suas empresas, em virtude das exigências estabelecidas pelos agentes financiadores (bancos de varejo principalmente), das


altas taxas de juros cobradas e das dificuldades em pagar os empréstimos depois de concretizado o acordo. É bem verdade que o Brasil não é um exemplo para o financiamento de micro e pequenas empresas, porém o empreendedor deve ter uma postura diferente para tentar esse cenário. Para Chér (2002), o estudo do tema permite concluir que o maior problema não é a falta de dinheiro para fomentar os negócios das empresas, mas sim a falta de informação ao pequeno empresário sobre as linhas disponíveis e as formas de acesso a elas. Falta promoção dos programas e das linhas de crédito existentes, além de orientação aos micro e pequenos empresários de como se habilitar aos financiamentos. Dornelas (2005) destaca a informação como a alma do negócio. Muitos empreendedores não conhecem as alternativas para capitalizar sua empresa, nascente ou em desenvolvimento. Assim, eles devem usar sua capacidade de planejamento e habilidade de negociação, utilizando seu networking (rede de relacionamentos) identificando as melhores alternativas oferecidas no mercado para injetar capital em seu negócio. Ao abrir o próprio negócio o empreendedor deve pensar pragmaticamente na escolha do seu presente e futuro parceiro financeiro. Chér (2002) recomenda ao empreendedor aplicar e manter seus recursos financeiros em instituições que oferecem programas de fomento as micro e pequenas empresas. Com isso, o empresário gera um vinculo de reciprocidade, facilitando seu acesso às fontes de financiamento para capital de giro e investimentos fixos. Para Chiavenato (2007) o financiamento é uma operação por meio da qual a empresa obtém recursos financeiros de terceiros para o capital de giro ou para os ativos circulantes temporários e permanentes, bem como para o investimento. O financiamento pode ser classificado em dois tipos: a curto prazo e a médio e longo prazo. 6 Análise e resultados da pesquisa aplicada Na realização da pesquisa, em primeiro momento, foram observados os setores de atuação, o tamanho da empresa e o tempo de constituição da mesma. A tabela 1 demonstra a quantidade de empresas pesquisadas por setor de atuação. Nota-se que a pesquisa foi realizada em sua grande maioria por micro e pequenas empresas do setor de comércio e serviços representando 90% das empresas pesquisadas. Esse fato se explica quando observados a representatividade desses setores em âmbito estadual e nacional. Pois no Brasil, segundo dados do SEBRAE, as MPEs dos setores de comércio e serviços representavam 82,8% do total de microempresas e 78,5% do total de pequenas empresas formalmente estabelecidas em 2006. Na Paraíba respondem por cerca de 98% do total de empreendimentos estabelecidos no mercado em 2009.


Empresas

Quantidade

Comércio

14

Serviço

2

Indústria

4

Total

20 Fonte: Pesquisa aplicada (2010).

Tabela 1. Quantidade de empresa por setor de atividades

O percentual de microempresas ouvidas foi de 65% (Empresas que, de acordo com o critério estabelecido pelo Banco do Brasil S/A, possuem um faturamento bruto anual de até R$ 500 mil), e de pequenas empresas de 35% (Empresas que, de acordo com o critério estabelecido pelo Banco do Brasil S.A., possuem um faturamento bruto anual acima de R$ 500 mil até R$ 15 milhões.). Como se pode ver na figura 1 a grande maioria das empresas pesquisadas (71%) possuem mais de dez no mercado e se encontram em estágio de crescimento. Apesar de terem adquirido experiência ao longo desses anos, são empresas que buscam ampliar as linhas de produtos e segmentar seus mercados potenciais, e visualizam o empréstimo bancário como meio para atingir tais objetivos. Segundo Necyk et al (2009) as empresas que se encontram nesse estágio possuem um controle maior na área contábil e financeira, o que facilita a contratação das linhas de créditos disponíveis nos bancos de investimentos, por oferecerem mais garantias e condições de pagamentos que diminuem os riscos das operações. Por outro lado, as empresas mais jovens (que representa 29% das empresas pesquisadas), se encontram em estágio de nascimento que segundo Necyk et al (2009) possuem estrutura simples e centralizadas e pouco controle nos processos internos do negócio onde as decisões são se concentram no empresário que não realiza nenhum tipo de planejamento profundo e adequado. Essas empresas encontram bastantes dificuldades para obter financiamentos, pois não possuírem as condições mínimas exigidas pelos agentes de financiamento. Entretanto, Dornelas (2005) destaca que os empreendedores devem usar sua capacidade de planejamento e habilidade de negociação, utilizando seu networking (rede de relacionamentos) identificando as melhores alternativas oferecidas no mercado para injetar capital em sua empresa em estágio de nascimento negócio.


Figura 1. Tempo de constituição da empresa

Na segunda parte da pesquisa foram abordados os interesses dos micro e pequenos empresários em se tornarem clientes como Pessoa Jurídica do Banco do Brasil, as linhas de crédito e financiamentos contratadas pelos mesmos, e os impactos que o crédito financiamento causou no empreendimento. Entre os principais motivos que levaram as empresas pesquisadas a se tornarem clientes do Banco do Brasil disponíveis no figura 2, podem ser destacados: o acesso as linhas de crédito e financiamentos e a expansão do negócio totalizando 55% dos motivos apontados. A busca pelo crescimento, inovação e ampliação do negócio, motiva os micro e pequenos empresários a capitalizar sua empresa. Essa capitalização é realizada no mercado de crédito com o objetivo de suprir as necessidades de caixa de curto e médio prazo por meio de empréstimos e financiamentos.

Figura 2. Motivos para ser cliente do Banco do Brasil.

Essas empresas necessitam de dinheiro, mão de obra, mercadorias e matéria-prima. Contudo os recursos são limitados e na maioria das vezes escassos, o que leva o empresário a solicitar o crédito bancário. Existem outros motivos que os leva a solicitação de financiamentos de longo prazo: Ampliação: aumento de receitas e/ou nível operacional o que geralmente é realizado com a compra de máquinas e contratação de pessoal; modernização: aquisição de tecnologias mais atuais (máquinas, equipamentos e contratação de mão-de-obra mais especializada, etc.); Relocalização: quando a empresa precisa mudar de endereço


(operacional e/ou administrativo) devido aos fatores ampliação e/ou modernização. As MPEs participantes da pesquisa utilizam mais as linhas de crédito de curto prazo o que representa 87,09% das contratações, como pode ser visto na figura 3. Esse indicador demonstra que as MPEs pesquisadas possuem grande deficiência na gestão financeira, onde a necessidade de capital de giro é suprida por empréstimos de curto prazo, o que pode gerar desgastes financeiros e constantes crises de liquidez, já que o crédito a curto prazo possui um juros muito alto observado na tabela 2.

Figura 3. Linhas de crédito e financiamentos BB

Linhas de crédito/financiamento Taxa de juros ao mês Taxa de juros ao ano Cheque ouro 6% 72% BB Giro Rápido 2,36% a 2,42% 28,32% a 29,04% BB Giro automático 2,38% 28,56% Cartões BNDES 0,97% 11,64% Proger Urbano 0,69% 8,28% Fonte: Site da Instituição. Obs.: taxas de juros vigentes em setembro de 2010. Tabela 2: Taxas de juros das linhas de crédito e financiamento do BB

Em contra partida observa-se que as linhas de financiamentos a longo prazo representa apenas 12,91% do total de contratações. Essa tendência pelas linhas de crédito a curto prazo ocorre pela falta de informação, de preparação para elaborar o projeto de financiamento a longo prazo e pela facilidade em contratar o crédito a curto prazo já que este não exige um projeto de investimento e pode ser contratado no auto-atendimento em qualquer agência do Banco do Brasil. Na terceira parte da pesquisa foram abordados os temas voltados ao planejamento para os próximos dois anos relacionado ao número de funcionários e faturamento bruto anual e as principais áreas de assessorias úteis para sobrevivência do negócio. As MPEs participantes da pesquisa possuem 166 postos de trabalhos formais, o que representa 20,5% do total de empregos formais do município. A pesquisa aplicada também teve como objetivo apontar os planos para os próximos dois anos (2011-2012) em relação à criação de emprego e renda no município.


Constatou-se que 10 (50%) das MPEs pesquisadas pretendem aumentar o número de empregados apontando a criação de 40 novos postos de trabalho. Em julho de 2009 a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN) publicou em sua segunda edição o Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal relativos a dados oficiais de 2006. A defasagem temporal de três anos entre o IFDM e sua divulgação decorre do fato de serem utilizadas apenas estatísticas oficiais. Com efeito, somente em 2009 foi possível reunir concomitantemente dados dos Ministérios da Educação, da Saúde e do Trabalho para o ano sob análise. O IFDM considera, com igual ponderação, as três principais áreas de desenvolvimento humano, a saber, Emprego&Renda, Educação e Saúde. A leitura dos resultados – por áreas de desenvolvimento ou do índice final – é bastante simples, variando entre 0 e 1, sendo quanto mais próximo de 1, maior o nível de desenvolvimento da localidade. Neste sentido, estipularam-se as seguintes classificações: municípios com IFDM entre 0 e 0,4 são considerados de baixo estágio de desenvolvimento; entre 0,4 e 0,6, de desenvolvimento regular; entre 0,6 e 0,8, de desenvolvimento moderado; e entre 0,8 e 1,0, de alto desenvolvimento. O município de Remígio ocupa a 4166º posição no Ranking Nacional e a 114º no Estado da Paraíba com um IFDM de 0,5118 sendo que no índice Emprego&Renda obteve 0,3140. Logo, no quesito Emprego&Renda o município, segundo o IFDM, detém um baixo estágio de desenvolvimento. As MPEs do município não possuem uma representatividade expressiva na geração de trabalho e renda do município que reforça mais ainda as estatísticas do IFDM. Esses dados demonstram que existem convergências entre as estratégias adotas pelas MPEs na contratação das linhas de crédito e financiamento do BB e a realidade local, onde a maioria aponta a expansão do negócio e a abertura de filiais como principais objetivos para os próximos dois anos visualizados na figura 4.

Figura 4. Planos para os próximos dois anos (2011-2012)

No tocante ao faturamento bruto anual, a maioria das empresas faturou até R$ 360 mil, com Cerca de 60% das empresas ativas faturaram até R$ 360 mil (tabela 3). Em relação ao faturamento bruto anual por setor de atividade pode-se observar que o setor de


comércio é o que mais movimenta a economia local com um faturamento de R$ 9.962.700,00 o que representa 68,94% do faturamento total. O setor de Indústria, apesar de ser um número pequeno de empresas pesquisadas (total de quatro), possui um faturamento bruto anula de R$ 4.296.000,00, representando 29,73%. Já o setor de serviços possui apenas 1,33% do faturamento total, totalizando R$ 190.535,00. Para realizar os planos demonstrados, 37,03% das empresas pretende utilizar o próprio lucro, 33,3% injetar capital próprio, 29,19% utilizar as linhas de crédito e financiamentos do Banco do Brasil, e 3,45% pretendem pegar emprestado de amigos e familiares. Esses dados demonstram que a maioria das empresas (70,81%) não pretende renovar nem contratar as linhas de crédito e financiamentos do BB. Assim, o Banco do Brasil deve elaborar estratégias mais ousadas para atingir esse publico que já são clientes, oferecendo as vantagens de seu portfólio de produtos e serviços, renovando a parceria negocial com as MPEs do Município de Remígio-PB. Para realizar os projetos estabelecidos por essas empresas para os próximos dois anos, 15 respondeu não ter contratado nem um tipo de birô ou serviços consultoria, e 5 contratou esses serviços. Dos que não contrataram nenhum tipo de consultoria 100% dos empresários responderam que eles mesmos fazem seus planos para o futuro, e das empresas que contrataram esses tipos de serviços 55,55% responderam que procuraram o Serviço Brasileiro de apoio as Micro e Pequenas Empresas, 11,11% procuraram universidades, e 33,34% contrataram uma empresa de consultoria para realizar esses planos. 7 Considerações finais Os instrumentos utilizados nessa pesquisa demonstraram-se eficientes por ter respondido ao questionamento da pesquisa e permitido o alcance dos objetivos previamente estabelecidos. Verificou-se que as MPEs do município de Remígio-PB estão em um estágio de desenvolvimento. São empresas que buscam ampliar as linhas de produtos e segmentar seus mercados potenciais, e visualizam o empréstimo bancário como meio para atingir tais objetivos. As principais linhas de crédito e financiamento contratadas por essas empresas são voltadas para o financiamento do capital de giro. Logo, nota-se que essas empresas possuem grande deficiência na gestão financeira, onde a necessidade de capital de giro é suprida por empréstimos de curto prazo, o que pode gerar desgastes financeiros e constantes crises de liquidez, já que o crédito a curto prazo possui um juros muito alto (em torno de 30% a 70% ao ano). Percebe-se que existem divergências entre as estratégias adotadas pelas MPEs para adquirir as linhas de crédito e financiamento e a realidade econômica do município. Pois, a maioria dos empregos formais são compostos por servidores públicos, onde se concentram a maior renda do município. Os dados do IFDM demonstram que no quesito Emprego&Renda o município obtém um índice abaixo de 0,4 sendo considerado um município com baixo estágio de desenvolvimento. Conclui-se que a participação das MPEs na economia da cidade de Remígio é muito


pequena. Pois, mesmo contratando as linhas de crédito/financiamentos do Banco do Brasil para financiar suas atividades, adquirir máquinas e equipamentos, abrir filiais e expandir o negócio, ainda falta uma orientação focada para o desenvolvimento sócio-econômico do município. Para que essas empresas tenham uma maior participação na economia local com o objetivo de gerar emprego e renda, é necessário que ocorra uma capacitação coletiva voltada para a gestão financeira do negócio e para os aspectos gerais do empreendimento.


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