ANTROPOLOGIA VISUAL Apostila

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ANTROPOLOGIA VISUAL:

Fotografia: Ritual de Concentração do Santo Daime, autoria Sílvia Martins

APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR Queridos alunos e alunas, Desejo boas-vindas a essa disciplina eletiva Antropologia Visual, que faz parte da grade curricular do curso de Licenciatura em Ciências Sociais a Distância do Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal de Alagoas. Antropologia Visual é um campo muito especial da Antropologia porque lida com imagens, registro e produção de imagens fotográficas e fílmicas (gravações audiovisuais), incluindo também o sonoro. O objetivo principal de nossos estudos aqui nessa disciplina de Antropologia Visual é introduzir aos alunos várias perspectivas teóricas e empíricas do desenvolvendo desse campo de especialização em Antropologia. Por isso, é bom lembrar que, através dos conteúdos apresentados e indicados aqui, seja possível não só entender esse campo mas que também sejam capazes de produzir material sob orientação metodológica em pesquisa etnográfica utilizando a imagem fotográfica, fílmica e/ou o registro sonoro. Espero que haja um bom aproveitamento em seus estudos e que considerem interessante as leituras e que os diferentes materiais disponibilizados nesse livro sejam utilizados dentro de uma satisfação e prazer em descobrir novas perspectivas de conhecimento.


PLANO DA DISCIPLINA Curso: Licenciatura em Ciências Sociais Disciplina: Antropologia Visual 2017.2 Carga horária total: 60h (presencial: 20h / online: 40h) Professora: Sílvia A. C. Martins, Ph.D.

Ementa: O contexto de formação e desenvolvimento da Antropologia Visual. Os usos da imagem e seus significados na prática dos estudos antropológicos. As diferentes inter-relações entre o uso de registros etnográficos imagísticos (fílmicos, fotográficos e sonoros) e a produção de conhecimento antropológico. Antropologia visual e metodologia da pesquisa etnográfica..

Conteúdos: Unidade 1 – Uma Introdução ao Campo da Antropologia (Audio)Visual 1.1 Imagem e Tecnologia 1.2 Imagem e Arte 1.3. Registro Sonoro Unidade 2 – A Fotografia como Instrumento de Registro e Estudo do Visual 2.1 Fazendo Registros Fotográficos 2.2 Fotografia Etnográfca Unidade 3 – O Filme Etnográfico como Instrumento de Registro e Pesquisa Etnográfica 3.1 Fazendo Registros Fílmicos 3.2 Filmes Etnográficos Unidade 4 – O Sonoro como Instrumento de Registro e Pesquisa Etnográfica 4.1 Sobre Etnografia Sonora Unidade 5 –Perspectivas de uma Antropologia Visual Participativa

Observações Finais

Metodologia: A disciplina é realizada através de um percentual de 10% de aulas presenciais, através das quais disciplina e os principais conteúdos são apresentados. As aulas são acompanhadas à distância são realizadas através de metodologias e dinâmicas características dentro do formato da plataforma moodle, fazendo com que os alunos


cumpram o cronograma de atividades com as devidas leituras e estudos indicados. Por isso, é muito importante que os alunos participem de forma ativa cumprindo com as atividades elencadas para poderem alcançar os objetivos da disciplina. Dentre as atividades são elas leituras de textos indicados e disponibilizados, assistir filmes e aulas, fazer fichas-citação, (fichas elaboradas com citações diretas de principais trechos dos textos para compreensão de conteúdo, seguidas de comentário crítico), etc. Dentre as atividades a serem realizadas pelos alunos, o uso da internet através da navegação por sites destacados como importantes será solicitado, bem como o acesso a links através dos quais o aluno poderá pesquisar sobre assuntos a serem investigados, bem como para visualizar vídeos pertinentes à matéria dada. Há indicações de entrevistas e materiais disponibilizados na internet que sugiro acompanhamento e utilização. Importante lembrar que os artigos e livros a serem utilizados no curso estarão disponíveis em formato digital ao acesso dos alunos dentro do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e/ou cópias disponíveis na biblioteca do seu polo. Dentro da metodologia do EAD, é crucial a participação do aluno na Plataforma Moodle através da utilização de ferramentas de comunicação e interação de todos.

Objetivos: Objetivo Geral: Nessa disciplina o/a aluno/a deverá desenvolver uma compreensão acerca do campo da Antropologia Visual enquanto especialidade dentro da Antropologia, possibilitando assim considerar as diferentes formas que antropólogos vem utilizando ferramentas seja dentro de desenvolvimento de teorias que abordam o visual, o imagético à formas de uso de forma empírica em contextos de realização de pesquisa etnográfica enquanto ferramentas de técnicas e métodos de pesquisa. Assim, a Antropologia Visual explora diferentes perspectivas e orientações teórico-metodológicas considerando a forma empírica e teórica que constituem em referências importantes para compreensão do uso ou inserção nesse campo .

Objetivos Específicos: • Introduzir reflexões sobre produção e uso de imagens fílmicas, fotográficas e registros sonoros como metodologias de abordagens e direção de estudos e pesquisas. • Focalizar o desenvolvimento da Antropologia Visual, particularmente ênfases na prática de pesquisa etnográfica. • Focalizar Antropologia Visual enquanto ferramenta metodológica de pesquisa empírica e aplicada. • Elaborar um Glossário, com a participação de todos os alunos, a partir da organização, em ordem alfabética, de palavras ou termos aqui utilizados e considerados importantes para definições, visando confecção de um anexo de conteúdo necessário da disciplina Antropologia Visual


Competências e/ou habilidades que o aluno deve desenvolver na disciplina: PESSOAL

SOCIAL

PROFISSIONAL

Adquirir conhecimentos que lhe habilitem ao entendimento do campo da Antropologia Visual ampliando perspectivas de uso de métodos e técnicas de pesquisa etnográfica

Viabilizar ao aluno a possibilidade de expandir conhecimento adquirido dentro de ambientes acadêmicos, sendo possível reproduzir compreensão adquirida na disciplina para seus colegas, professores, etc..

Desenvolver no aluno a capacidade de entendimento do campo da Antropologia Visual, possibilitando assim uma formação acadêmica voltada para o exercício docente e também enquanto pesquisador.

Unidades Conceituais Anteriores que o Aluno deve Apresentar para Desenvolver uma Aprendizagem Significativa na Disciplina: • • •

Entendimento e conhecimento da formação do campo da investigação antropológica; Entendimento da metodologia da pesquisa antropológica. Familiaridade com metodologia de ensino-aprendizagem do Ensino à Distância

Orientações Iniciais aos Alunos: Sugiro enquanto referência geral dentro dessa disciplina, utilizar o blog O Uso da Imagem nas Ciências Sociais com acesso no site: www. http://disciplinaimagem.blogspot.com.br/ . O objetivo é proporcionar sugestões e acesso a bilbliografia que envolvem campos de conteúdos dentro dessa disciplina de Antropologia Visual. Trata-se de materiais de conteúdos e explicações teóricas e práticas que podem ser acessadas se referem assuntos relacionados às unidades do curso;

Sugiro acessarem o blog http://antropologiabrasileiracontempornea.blogspot.com.br/ onde há vários links para Filmes Etnográficos, bem como importantes referências de consulta na sessão Antropologia Visual e Sonora. Organizei as unidades dessa disciplina visando uma introdução a esse campo de especialização da Antropologia Visual que abrange diferentes formas de uso de imagem e registros sonoros. Tenho utilizado um estilo de redação citando trechos diretamente de autores, fazendo uma abordagem guiada por observações de antropólogos que se dedicaram em aprofundar reflexões teóricas dentro desse campo.


Unidade 1 – Uma Introdução ao Campo da Antropologia (Audio)Visual

Fonte : Ritual no Terreiro de Umbanda autoria: Sílvia Martins

Representação visual pode ser vista como oferecendo uma alternativa apropriada para escrita etnográfica... para novas disposições de sujeitos envolvendo o corpo, sentidos, emoções, na vida social” (MACDOUGALL, 1998, p. 61)

O campo da Antropologia Visual abrange investigações que utilizam materiais imagéticos (fotográfico, fílmico, videográfico, digital, etc.) dentro de produções a partir de pesquisas etnográficas (dados registrados, gravados em pesquisa de campo, bem com aqueles que foram já produzidos, seja em arquivos particulares, públicos, museográficos, etc.). Mas, classicamente podemos nos referir ao que Mauro Koury (1999), chama atenção que o “material imagético em relação a esse uso nas análises antropológicas iniciais, que buscavam no registro fotográfico ou videográfico uma forma de ampliação do olhar do pesquisado...” consistindo assim “num recurso a mais para a compreensão de outra cultura, mais importante talvez por se tratar de comunidade com padrões culturais diferentes dos ocidentais, ou de padrões culturais mais tradicionais” (KOURY, 1999, p. )


Assista a videoaula: Teorias Antropológicas da Cultura e sua Tradução Imagética. Por Marcos Albuquerque

https://youtu.be/3f_EwlOPqK8

Nessa videoaula, Marcos

Albuquerque faz uma retrospectiva da Antropologia Visual desde os primórdios ao contexto contemporâneo dessa especialidade dentro da Antropologia. Ribeiro (2005, 628) explica que A primeira e a mais simples utilização das imagens na investigação em ciências sociais e, mais especificamente, na etnografia e na antropologia, foi (e é) como auxiliar de pesquisa. Nessa situação as tecnologias da imagem constituem instrumentação de pesquisa ou “instrumento do conhecimento”. São reconhecidas ou atribuídas a elas características específicas, úteis à pesquisa científica no quadro de alguns paradigmas de investigação (Ribeiro, 2003, cap. VI e II) (positivismo, naturalismo): a sua relação com o referente – a realidade de que constitui índice (Pierce) –, a transparência tecnológica (muitas vezes manifesta nos discursos do quotidiano); a observação encoberta (câmara oculta), a observação totalmente participante. Assista Palestra - Antropologia visual hoje por José Ribeiro https://www.youtube.com/watch?v=egv2DYQ29jc

1.1 Imagem e Tecnologia: É importante destacar o que o antropólogo José Ribeiro (2005, p.615) constata “que o cinema e a antropologia de terreno têm, desde o seu nascimento, uma participação comum num mesmo processo de observação científica” (file:///C:/Users/OS/Downloads/2722031683-1-PB.pdf ). Referindo-se a Marc Piault (1992) que escreve sobre a relação entre Antropologia e Cinema, Ribeiro (2005) explica que os objetos de ambos campos era focalizar inicialmente sociedades distantes e culturalmente diferentes das nossas, operando dentro de um desenvolvimento e “atitude científica do século XIX” (2005, P.615). A antropóloga Clarice Peixoto (1999), na sua tarefa em abordar o cenário literário da Antropologia Visual, também vai se referir a uma “descoberta da etnografia fílmica” (p.92), citando que “muito já se falou do nascimento da antropologia e do cinema, de seus pais fundadores, da pré-história do cinematógrafo, com as invenções... Mas, talvez, tenham sido pouco exploradas as aplicações científicas dessas descobertas” (PEIXOTO, 1999, P. 92). Retornando à Ribeiro (2005), ele destaca que:


Por outro lado, com a transformação do cinema em indústria, as preocupações científicas que marcam o início das primeiras imagens da reprodutibilidade técnica tornam-se suspeitas e merecedoras de reservas, porque excessivamente dependentes do poder econômico, das indústrias das imagens e das tecnologias, e da organização do trabalho (equipes de produção).

Ribeiro (2005) continua em seu texto destacando que inicialmente ambos, Cinema e Antropologia, “permanecem sobretudo textuais, e à imagem pouco mais resta do que servir a propósitos de ilustração ou popularização da ciência” (p.616) e explica que essa é uma tendência que será mantida apesar do “desenvolvimento de muitas e boas práticas de utilização da imagem” (p. 616). Chamando atenção para três condições iniciais do desenvolvimento do campo da antropologia visual, Ribeiro (2005, p.2017) explica que Os limites do trabalho na antropologia visual são sobretudo dependentes de três fatores: a dependência econômica, os constrangimentos técnicos que só nos anos 1960 permitiram o registo de som síncrono e de planos de longa duração, a dificuldade de trabalho com os filmes sem o recurso a pesados equipamentos (moviola) e a consequente separação da escrita como corrente dominante da produção científica em antropologia.

Apontando para questões técnicas, Ribeiro (2005) explica como, a partir dos anos de 1960, inovações tecnológicas tais como equipamentos da era digital, facilidade de edição em termos de montagem de filmes, etc. vão contribuir para maior autonomia do antropólogo em termos de “...sua tarefa de desenvolvimento de seu projeto de passagem ao terreno [campo] e às imagens e, conseqüentemente, da realização de seus filmes e documentos visuais digitais” (p.618). O antropólogo David MacDougall (2007, https://vimeo.com/32314897

) também destaca esse aspecto importante do

desenvolvimento tecnológico, possibilitando o registro de imagens durante a pesquisa de campo sem necessariamente grandes deslocamentos de equipamentos pesados, complexos e assim, facilitando o trabalho de campo do antropólogo através dessa possibilidade de filmar em qualquer lugar do mundo sob qualquer condição e isso transformou a prática produção de documentários em geral, quando se passou ao registro de “eventos espontâneos, não previsíveis... [um engajamento] com eventos reais.” Ele diz que faz “parte de uma geração de antropólogos que tem esse privilégio de usar câmeras capazes de sincronizar imagem e som.” Para MacDougall “fazer filmes é parte da vida, é uma forma de [se] relacionar com o mundo, com outras pessoas”, e afirma que “sem a câmera” ele “não poderia aprender o que aprendeu.” (v. biografia, filmes e


publicações

de

MacDougall

https://www.roninfilms.com.au/person/139/david-

macdougall.html ). Assistir

Palestra

Antropologia

Visual

Hoje

por

José

Ribeiro

https://youtu.be/egv2DYQ29jc

1.2. A Revolução Digital e Novas Medias Ribeiro (2005,p.618) chama atenção para a essa “revolução digital”, citando que “[c]om a passagem da era da reprodutibilidade técnica (Benjamin, 1936) para a era da transformação digital (Jenkins, 2003), emergem novas problemáticas.” Daí ele cita como há uma descentralização e multiplicidade de pólos onde passa-se a produzir materiais com as mais variadas características em termos de representações através de interações em rede, e dessa forma, há uma diluição de fronteiras entre os media. Por exemplo, ele menciona que “[o]s media digitais incorporam potencialmente todos os anteriores. Surgem novas concepções e representações das relações espaço-tempo (Augé, 1997; Castells, 2000) – relações entre distintos períodos, entre o presente e a memória, entre regiões diferentes: a multilocalidade, as ligações interdisciplinares, as ligações intertextuais e discursivas (Clifford & Marcus, 1986; Marcus & Fisher, 1986; Marcus, 1991; 1994), a “hiperescrita” (textos híbridos, não lineares) entre diferentes meios e variados discursos (Stam, 2001). As tecnologias digitais tornamse acessíveis a um número cada vez maior de utilizadores (democratização dos media), enquanto se melhora a sua qualidade técnica e se diluem também as fronteiras entre “amadores” e “profissionais” dos media. As tecnologias digitais tornam-se tecnologias da memória (arquivos digitais) suscetíveis de armazenar, organizar e comunicar uma grande quantidade de informação, de qualquer tipo e suporte (textos, imagens, sons, audioimagético), de fazer circular e tornar facilmente acessível e disponível simultaneamente numa pluralidade de lugares por um grande número de utilizadores – as bases de dados serão as formas simbólicas ou culturais contemporâneas, aparentemente caóticas mas estruturadas, nas quais se podem realizar um grande número de operações básicas: navegar, ver, organizar, reorganizar, selecionar, compor, enviar, imprimir etc. (Halbwachs, 1968; Levy 2001; Baer, 2003).

Ribeiro aponta que é fundamental considerar que há um desafio posto pelas novas tecnologias digitais “à investigação investigação, ao ensino, à criação de espaços virtuais de produção, circulação e utilização do conhecimento e às profundas transformações que parecem produzir nas sociedades contemporâneas, de modo comparável à invenção do alfabeto (Castells, 2000). Surgem, também, novos desafios e novas áreas de investigação relacionados com a sociedade, a cultura e o conhecimento em rede – “sociedade em rede”, “cibercultura”, “ciberantropologia”, “cibersociedade”, “etnologia das comunidades virtuais”, “inteligência coletiva”, “antropologia digital”, que urge trazer para o centro da investigação na antropologia (Hine, 2000),


com a convicção de que a sociedade, o pensamento e a cultura de cada época se refletem em sua técnica (Wiener, 1998)

Dessa forma, Ribeiro (2005) explica que essas tecnologias digitais carregam a capacidade de potencializar através da facilitação e ampliação de “práticas tradicionais da pesquisa em antropologia em sua componente escrita, audiovisual e na organização e no desenvolvimento do processo de virtualização museológica (de arquivos e coleções). ” Assim, ele explica que possível serem encaradas como uma avanço “na medida em que incorporam potencialmente todos os media anteriores, diluem as especificidades de cada um, facilitam a intertextualidade e a sua mestiçagem (Stam, 2002) e a integração dos três processos, das práticas ou tradições acima referidos.” (p. 620). Dessa forma, Ribeiro (2005, p. 621) destaca: ...novas tecnologias digitais e sobretudo a hipermídia constituem uma forma, porventura mais eficaz, de integração da antropologia visual com a antropologia (escrita) e da antropologia com a antropologia visual; de imagens, sons e audiovisuais com a escrita; dos filmes com a reflexão teórica – todo o aparelho crítico do filme (produção, utilização, reflexão teórica); das práticas atuais com o regresso “à antropologia clássica, para melhor sondar os seus fundamentos práticos e intelectuais e abordar a questão da construção discursiva de seus objetos no texto etnográfico” (Kilani, 1994, p. 29). Essas novas práticas reconfiguram-se como um voltar a “caminhos muito antigos, ao prosseguir esta resposta à crítica da retórica etnográfica convencional” (Marcus, 1995, p. 52), às imagens iniciais, “verdadeiros arquivos vivos, conduzem a novas abordagens da antropologia e da história [...] a sua posição tem necessidade de ser precisada, as suas coordenadas devem ser elucidadas em relação às próprias condições da sua captação, do seu registo.

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM: a) A partir do texto de Koury (1999), faça um esquema sobre a história da Antropologia Visual no Brasil, destacando instituições e acadêmicos que esse autor cita incluindo produções mais recentes que ele menciona. b) Faça uma pesquisa sobre a relação entre Antropologia e Cinema. Cite autores e como eles explicam esses campos.. c) Apresente informações sobre a relação entre tecnologia digital, novas medias e antropologia visual, discutindo como há inúmeras possibilidades de pesquisa e produção de dados. Cite as observações de Ribeiro (2005) e dê exemplos que você localiza para ilustrar e aprofundar reflexões teóricas.


Unidade 2 – A Fotografia como Instrumento e Estudo do Visual

O que se procurava era formular um processo de análise da iconografia em geral e das fotografias em particular, pela procura de recursos dedutivos, comparativos e interdisciplinares para captar o que a imagem pudesse transmitir. Em diversos momentos, contudo, foi preciso recorrer às demais aplicações da fotografia. (LEITE, 1994, p.131);

Nesse módulo haverá um foco no registro fotográfico. Trata-se aqui de pensar como o registro fotográfico pode ser um recurso de registro de dados etnográficos, através da produção de imagens durante pesquisa de campo. Mas por outro lado, pesquisas podem ser realizadas a partir da investigação de imagens já registradas.

2.1. Fazendo Registros Fotográficos: Assistir A fotografia na Antropologia. Por Sylvia Caiuby Novaes https://youtu.be/UuBm8NJXRo

Miriam Leite (1994) destaca como a análise da imagem fotográfica chega à Antropologia: “[a] leitura da imagem fixa..., mostrou-se um processo atraente mas muito difícil e que exige cautelas e atenção em todas as suas etapas e rigor em sua prática. O estudo desse processo foi alimentado por um instrumental interdisciplinar, fornecido inicialmente pela Sociologia e pela Semiologia. Aos poucos, foi-se lançando mão dos estudos de percepção visual da Psicologia da Gestalt e recorrendo, em muitos casos, aos estudos de atitudes da Psicologia Social. A


compreensão da imagem, com suas especificidades e polissemias, foi sendo esclarecida tanto pela Crítica de Arte quanto pela Teoria Literária. E não em menor proporção, a Antropologia veio revelar novos horizontes, em suas preocupações com o território de onde se fala, com as transposições significativas de pormenores corriqueiros, com a focalização dos rituais sociais, dos símbolos e dos significados (LEITE,1994, p.134).

O livro Os Argonautas do Mangue (ALVES) é uma excelente referência para encontrar metodologia de uso da fotografia em pesquisa etnográfica descubra por que e utilize para realizar exercício de aprendizagem no módulo 5.

Assista Antropologia Visual Pierre Verger https://youtu.be/nK79d5AmR

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM: a) Destaque principais aspectos que Leite (1994) descobre sobre retratos de família. Faça observações de fotos que você localiza na sua família e discuta os dados encontrados por Leite de forma comparativa b) Faça uma leitura do texto de Leite (1994) intitulado Leitura da Fotografia e destaque a forma como ela organiza os materiais que se debruça para analisar..

2.2 Fotografia Etnográfica Sobre a fotografia etnográfica, ver o site https://focusfoto.com.br/a-fotografiaetnografica/ onde há explicação que fotografia etnográfica foi usada por antropólogos como uma ferramenta em seu estudo cientifico da humanidade. Alguns deles, no entanto, não faziam trabalho de campo, obtendo seus materiais etnográficos e relatórios, de administradores coloniais, missionários, exploradores e viajantes.

Acesse o blog http://renatoathias.blogspot.com.br/ Imagens e Palavras e explore os dados sobre fotografias elencados por Renato Athias.

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM a) Fazer uma pesquisa na internet sobre a fotoetnografia. Descreva pelo menos três referências de blogs que divulgam materiais nessa linha de pesquisa. b) Faça uma proposta de pesquisa (contendo introdução [referencial teórico], objetivo geral e específicos, justificativa, métodos e técnicas, bibliografia) utilizando o registro fotográfico. Destaque qual objetivo geral e específico destacando a forma como fará registros fotográficos e a importância desse procedimento enquanto técnica de pesquisa.


Unidade 3 – O Filme Etnográfico como Instrumento de Registro e Pesquisa Etnográfica

Nesse módulo iremos centrar estudos na forma como o filme etnográfico vem sendo concebido dentro do campo da Antropologia Visual. Trata-se de produções de representações de conhecimento antropológico (PINK 2004). Assistir O cinema documentário, por Bill Nichols https://youtu.be/DsuKSroSXbc

3.1 Fazendo Registros Fílmicos No texto intitulado Antropologia e Filme Etnográfico: Um Travelling no Cenário Literário da Antropologia Visual Clarice Peixoto (1999) faz um mergulho no campo da Antropologia Visual http://www.anpocs.com/index.php/edicoes-anteriores/bib-48/505antropologia-e-filme-etnografico-um-travelling-no-cenario-literario-da-antropologiavisual/file 3.2 Filmes Etnográficos


Ler o texto Jean Rouch – Filme Etnográfico e Antropologia Visual de autoria de José Ribeiro (2011) sobre as “lições de Jean Rouch”. Importante assistir o famoso Mestres Loucos https://youtu.be/z2jG3rQ0MNA para associar a esse texto de Ribeiro (2011). Assistir o “Documentário Performático" XavanteVê onde Bill Nichols explica sobre o documentário performático https://youtu.be/SVqb5Ovv04Q

Ver a proposta do festival de filme etnográfico http://www3.ufpe.br/filmedorecife/

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM: a) Elabore uma ficha-citação sobre o texto de Peixoto (1999), fazendo um comentário crítico no final e destacando o que lhe chamou mais atenção na abordagem dessa autora. b) Fazer uma pesquisa na internet sobre filmes etnográficos (destacando autores localizados que trabalham nesse campo) e selecione um filme etnográfico realizado por um antropólogo e descreva como se caracteriza em termos dos tipos elencados por Bill Nichols (2005)_


Unidade 4 – O Sonoro enquanto Ferramenta de Pesquisa Etnográfica

No presente módulo iremos abordar como estudos vem sendo desenvolvidos dentro de uma proposta da realização da etnografia sonora. 4.1.Sobre Etnografia Sonora: No seu artigo intitulado Territórios Sonoros e Ambiências: Etnografia Sonora e Antropologia Urbana, Viviane Vedana (2010, p. 3) tece uma abordagem explicando que a etnografia sonora é um “´procedimento metodológico de investigação da vida social a partir das sonoridades, ruídos e ritmos que configuram ambiências e paisagens sonoras” A observação sistemática destas sonoridades, bem como o processo de captação de imagens em campo, seu posterior tratamento em coleções etnográficas e acervo, e mesmo a montagem de narrativas, são etapas fundamentais de uma pesquisa em etnografia sonora e nos dão subsídios para a produção de um conhecimento antropológico sobre o som e suas formas de expressão da cultura. A cada etapa da etnografia sonora, construímos camadas distintas de interpretação das formas da vida social com as quais estamos em contato: sejam as redes sociais entre trabalhadores no centro da cidade, as relações de vizinhança entre moradores de um determinado 7 Parte do nosso trabalho com etnografia sonora no interior do Biev passa pelo registro das imagens sonoras do


fenômeno pesquisado, pelo tratamento documental e acervo destas imagens, bem como pela construção de narrativas etnográficas sonoras como representação da vida social. bairro, as práticas cotidianas relacionadas ao comércio de alimentos na cidade, os usos do espaço público para o lazer ou para o trabalho, as práticas e rituais religiosos, etc. apenas para apontar alguns exemplos.

Escute

a

etnografia

sonora

Lugar

de

Trabalhar,

Lugar

de

Habitar

https://youtu.be/Z_uyU71jvgU Narrativa sonora : https://youtu.be/k_u0zv8A7Mw

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM a) Fazer uma pesquisa na internet reunindo diferentes dados (teóricos de autores e empíricos de trabalhos etnográficos) sobre etnografia sonora. b) Fazer uma gravação de 3 minutos de um ambiente sonoro para posteriormente explorar dados descritivos dessa gravação caracterizando-a enquanto etnografia sonora. Construa uma explicação descrevendo dados etnográficos que justifique uma etnografia sonora.


Unidade 5 – Perspectivas de uma Antropologia Visual Participativa

Numa entrevista intitulada Uma Antropologia Engajada: Entrevista com Terence Turner (2008, p.142) esse antropólogo menciona que: as diferentes tradições intelectuais antropológicas principais que nós temos no Ocidente (a tradição francesa, a tradição alemã, a tradição inglesa e a dos EUA) sempre houve um engajamento no sentido de formular programas de ação, de melhorar a sociedade, de dar à cultura formas mais capazes de promover o desenvolvimento de capacidades humanas. É verdade que uma vez convertidas em especialidades acadêmicas, muitas dessas teorias se tornam abstratas, ou abstraídas do contexto da luta social, cultural e ideológica no qual se originaram. Mas eu acho fundamental não esquecer como essas teorias se originaram, elas ainda têm sentido como tentativas de orientar a luta contra a injustiça, em direção a formas mais justas e humanas de sociedade e cultura. Isto é verdadeiro sobretudo em relação aos trabalhos com grupos de culturas diferentes, como os grupos indígenas. Assista e faça anotações da Metodologias audiovisuais de Pesquisa Participativa, Prof. José Ribeiro https://youtu.be/z0Wt83TC75A


É interessante a leitura do texto Entre a Cultura e a Política: Percepções de uma Antropologia Engajada, de autoria de André Pinhel (2011), que aborda a questão do engajamento

do

antropólogo

na

pesquisa

http://jornadasjovenesiigg.sociales.uba.ar/files/2015/04/eje1_pinhel.pdf FLICK (2009) menciona o registro de fotografia , fílmico na explicação sobre pesquisa qualitativa.

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM: a) Fazer uma pesquisa na internet sobre o que é pesquisa engajada e produções acadêmicas (pesquisas realizadas, textos publicados) dentro dessa orientação metodológica seja utilizando registros fotográficos, fílmicos e/ou sonoros. b) Faça uma proposta de pesquisa propondo etnografia visual (com uso da fotografia ou registro fílmico) ou etnografia sonora que seja dentro de uma metodologia participativa, engajada, etc. Escolha um contexto sociocultural específico e descreva como essa pesquisa pode se caracterizar como dando uma contribuição ao contexto pesquisado.

OBSERVAÇÕES FINAIS: Tecemos acima vários pontos sobre características da Antropologia Visual e Sonora desenvolvida no cenário contemporâneo. Sugiro para aqueles interessados em Antropologia, particularmente no que acontece na nossa casa, em termos de antropologia brasileira, ficarem atentos ao site da ABA (http://www.portal.abant.org.br

)

e

sempre

prestar

atenção

nas

publicações

disponibilizadas, bibliotecas, eventos, etc. Considero fundamental percorrer os materiais disponibilizados nos congressos, seja nas RBAs ou nos encontros internacionais, como REA e RAM. São materiais onde encontramos o que está sendo pesquisado e produzido hoje em Antropologia dentro das mais diversas especialidades. É um excelente canal para se ter acesso ao estado de arte desse nosso campo disciplinar.


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