A Lenda do Açaí e de Açaíara

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A LENDA DO AÇAÍ E DE AÇAÍARA Silvestre Oliveira da Costa


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A lenda do açaí e de Açaíara


A LENDA DO AÇAÍ E DE AÇAÍARA



SILVESTRE OLIVEIRA DA COSTA

A LENDA DO AÇAÍ E DE AÇAÍARA

MAÇAÍ • NAEA • UFPA 2012


MUSEU DO AÇAÍ • MAÇAÍ

NAEA • UFPA ORGANIZAÇÃO • Ligia Simonian PROJETO DA SÉRIE DE IMAGENS • Ligia Simonian DESIGNER • ILUSTRADOR • Adailton Portilho Costa PROJETO EDITORIAL • Ester R. Baptista PROJETO BOOKLET •Norberto Tavares Ferreira

BELÉM • PARÁ 2012


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AGRADECIMENTOS Agradecimentos são devidos a muitas pessoas que de um modo ou outro contribuíram para que esta obra viesse a público via Internet. Inicialmente, agradece-se a Silvestre Oliveira da Costa, o compilador da lenda tantas vezes ouvida por ele a partir do relato dos mais antigos; tambem, por ter confiado no MAÇAÍ e no NAEA quanto à possibilidade de divulgação. A Adalberto Portilho Costa, por ter seguido o projeto de imagens que preparei e por ter produzido imagens tão belas – ainda que uma delas seja de natureza fúnebre – e instigantes. À Ester Roseli Baptista, por sua generosidade ao preparar a versão digital no programa InDesign. A Norberto Tavares Ferreira, por sua generosidade ao passar o arquivo digital da obra para a Internet, sob a forma de booklet. Amigas e amigos de São Sebastião da Boa Vista se dispuseram a de um modo ou outro colaborar com esta obra e agradecimentos também lhes são devidos; precisamente, à Ana Cristina Brabo de Sousa, à Marieta Gonçalves Gomes, a Airton Brabo de Sousa, a Jaime Rodrigues Júnior e a Josué Marques Barbosa. L. Simonian, Organizadora MAÇAÍ - NAEA

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Num passado distante•••


Sempre existiu no norte do Brasil, mais precisamente na ilha de Marajó, a nação indígena Puxiana, da qual num tempo o chefe era o cacique Muruçaí. Ele era um guerreiro forte, de pele vermelha e tinha como esposa Naiara, uma índia belíssima. Da união desse casal, nascera um curumim, a quem deram o nome de Açaíara. Apesar da pele vermelha dos índios, Açaíara tinha a pele morena e era diferente dos demais indígenas. E quando criança, como se vê na Figura 1, ele vivia olhando e admirando as árvores. Açaíara cresceu e tornou-se um guerreiro quando ainda jovem. Era alto, magro de olhos verdes e tinha cabelos pretos e encaracolados, e os trazia caídos nos ombros em forma de cachos. Era ainda era muito prestativo, respeitador e amigo de todas as índias e de todos os índios de sua nação. Por sua bondade, as e os Puxiana passaram a gostar dele e a admirá-lo. Assim, por carinho a Açaíara, deram-lhe o apelido de Açaí. 12

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A lenda do açaí e de Açaíara Figura

1: Açaiara na floresta, quando criança.

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Açaí gostava de fabricar lanças para a caça e a pesca (Figura 2). Quando tinha a sorte de caçar ou de pescar, no retorno à aldeia e à oca, distribuía às índias e aos índios mais fracos e doentes, o que conseguira na mariscagem (Figura 3). E assim era a vida de Açaí, cuidando das e dos índios humildes de sua nação Puxiana.

Figura 2: Açaiara produzindo lanças.

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A lenda do açaí e de Açaíara Figura

3: A generosidade de Açaiara.

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Um dia, ainda jovem e sem estar doente, Açaí morreu. Então, a tristeza de toda a nação Puxiana foi grande por ter perdido aquele amigo tão querido. Todas as e os demais indígenas choraram por dias e dias. As lágrimas de seus amigos regaram a sepultura de Açaí (Figura 4). Passadas algumas luas, notaram que brotou no local da sepultura do recém falecido uma planta desconhecida com folhas no formato de uma lança. A mesma se desenvolveu em uma palmeira linda, que os índios Puxiana denominaram de açaízeiro, em lembrança a Açaí.

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A lenda do açaíFigura e de Açaíara 4: A

sepultura de Açaiara e seus amigos em luto.

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Depois de passar algum tempo, a palmeira cresceu e brotou de seu olho uma espiga que com algumas luas arrebentou expondo um cacho belo com frutinhos. Passaram-se outras luas e os frutinhos “pretaram”. E aí todas as índias e todos os índios da nação Puxiana admiraram a planta nova, dando-lhe o nome de açaí. Foi então que o cacique Muruçaí sonhou – quando já idoso –, que se mandasse colher esses frutinhos e amassálos em alguidar, daria um suco gostoso de cor vermelha (Figura 5). E que esse suco ou vinho poderia ser servido como alimento ao povo da aldeia.

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A lenda do açaí e de Açaíara Figura

5: O açaizeiro e o vinho do açaí.

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E assim esta lenda foi transmitida de geração em geração. E isso ocorreu ao longo dos tempos. Desse modo, as gerações atuais podem conhecê-la.

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• REFERÊNCIA DESTA OBRA • COSTA, Silvestre Oliveira da. A lenda do açaí e de Açaiara. Belém: Museu do Açaí (MAÇAÍ); NAEA, 2012. 22 p., il. [Obra organizada por L. Simonian; Projeto da série de imagens: Ligia T. Lopes Simonian; desenho: Adailton Portilho Costa (Designer e ilustrador)].

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Esta obra foi produzida no 2º. semestre de 2012 Fonte Garamond 27•16 SÉRIE •MAÇAÍ•NAEA•UFPA

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Silvestre Oliveira da Costa – nasceu na vila Santo Antônio, em São Sebastião da Boa Vista, ilha do Marajó, Pará, em 05 de maio de 1957, onde vive com a família. É professor da rede estadual de escolas a mais de 30 anos, poeta e escritor, tendo obras publicadas artesanalmente e em coletâneas de obras de poetas e de escritores boa-vistenses. Contato: silvestrepoeta@gmail.com


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