Shop Talk Magazine #1

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Visual + Merchandising + Design + varejo

COLABORAÇÃO

SUSTENTABILIDADE

Lojas e espaços que apostam na força do trabalho coletivo

A onda verde chega às prateleiras e muda o varejo mundial

E MAIS • Design, bicicletas, moda, tecnologia, cultura...

Um novo tipo

de trabalho

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Editorial Um novo olhar Sugerir novos caminhos, gerar informação, promover o design de espaços comerciais e servir de mecanismo para a difusão da cultura do design estratégico foram apenas alguns dos motivos que motivaram a criação da Shop Talk Magazine. Quando a ideia surgiu – há 6 meses – o caminho a ser percorrido parecia ser curto, pois o modo de fazer já estava instalado e tínhamos o apoio do blog nascido meses antes. Mas ao longo do percurso, vimos que sem parcerias e colaborações jamais o resultado teria sido o mesmo. Talvez por este motivo ou simplesmente porque as curvas do percurso nos fizeram perceber a importância do tema, em nosso primeiro número achamos nada mais justo que tratar sobre espaços que focam na COLABORAÇÃO como forma de promover novos negócios. É com esse ânimo que damos início à primeira edição de nossa publicação com uma abordagem geral sobre o panorama do design de lojas e espaços comerciais incluindo cases nacionais e internacionais que focam em um modo mais simples de levar a vida com uma pitada de sofisticação e bom humor. Para ler e colaborar!

Daniel Fonseca e Alvise Lucchese contato@weareshoptalk.com


Colaboradores

AARON KAWAI

O artista plástico Adriano Paulino utiliza a técnica do stencil e produz estampas para marcas de moda, peças gráficas e cenografia. Ele criou as colagens da nossa matéria de capa. fotolog.com/omeninodavaca e fotolog.cl/steciland

Pós-doutorada em Semiótica pelo Instituto Universitário da França em Paris, Sylvia Demetresco é cofundadora e pesquisadora do Instituto Merchandising Brasil. Nesta edição Sylvia assina a matéria sobre Paris e o perfil de Leila Menchari.

Estudante de Visual Merchandising na Escola Superior de Artes Aplicadas de Vevey, Suíça, Lise Aebersold é apaixonada pelo mundo das vitrines e interiores comerciais. Nesta edição ela assina a matéria sobre Berlim para a seção Pelo Mundo.

Rogério Wolf é editor do blog Vitrine RG (vitrinerg.blogspot.com), dedicado para quem se interessa por vitrine, moda, comportamento, artes, entre outros. Atua na criação e implementação de projetos de vitrines.

Pesquisadora de tendências, Dolores Nocito é colabora do site de tendências Trendwatching.com buscando manifestações culturais, em torno de Buenos Aires. Para esta edição, ela revela o lado colaborativo da capital portenha.

Fotógrafo e publicitário, Helio Siqueira formou-se em Comunicação Social e estudou em Londres. Atua como fotógrafo e produtor de moda em SP e clicou para as matérias Conceito Verde e Varejo sobre Duas Rodas.

Fotos: arquivo pessoal

Editora do blog Nuevos Escaparates (nuevosescaparates. blogspot.com), a designer Marta Martínez é apaixonada pela cidade onde mora, Barcelona. Designer por formação, ela registrou as vitrines da cidade para a coluna Pelo Mundo.

Fábio Costa é de BH e divide seu tempo entre a capital mineira e Nova York, onde reside atualmente. Integrante do coletivo Lébi (lebi.com.br), Fábio andou pela Big Apple para captar a essência das vitrines da cidade.


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Short Stories Design, moda, cultura, tencologia e mais...

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Matéria de capa Colaboração – Somando criatividade, diminuindo riscos

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Reportagem Para consumir e preservar

52 Especial 62

Varejo sobre rodas

Pelo Mundo Londres

66 São Paulo 70 Nova York 73 Berlim 74 Paris 76 Barcelona 78 DNA Brasileiro 82 Last Shot

14 Fotos: hélio siqueira

40 Um espaço, várias utilidades 44 Pop-up, Pop-out, Pop-tudo 46 Além da cidade luz 48 Explorando os sentidos 50 O Oriente reinventado

dolores nocito

Sumário

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Móveis com estilo próprio

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Short Stories

Design

Moda

Cultura

Tecnologia e mais...

Vahram Muratyan/Divulgação

Entre Paris e Nova York

Divulgação

Sem desperdiçar

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Em uma iniciativa eco-friendly a marca americana Lee resolveu criar uma solução inovadora para suas embalagens. Criada pela agência indiana Happy, a peça preza pelo aproveitamento de todo o papel utilizado, de modo que objetos saltam da sacola quando ela é recortada. O pacote é bem variado e inclui desde réguas e marcadores de livros até máscaras e cartões com mensagens referentes à preservação do meio ambiente.

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Idealizado pelo designer Vahram Muratyan, o projeto Paris VS New York coloca de forma bem humorada as rivalidades entre americanos e franceses com imagens que ilustram o cotidiano e a vida cultural das duas cidades. Baseado nos clichês e contradições que imperam entre a sua paixão por Paris e suas andanças por Nova York, o artista resolveu abordar através de imagens minimalistas e frases quase feitas a sua inquietação. A ideia tomou forma quando Muratyan resolveu comparar a sutil diferença entre uma folha de papel no formato Carta (muito utilizada pelos franceses) e outra em formato A4 (clássica dos americanos), que, de acordo com ele, possuem o mesmo objeto, o mesmo uso e seguem diferentes. A partir daí, Vaharam não parou de estabelecer conexões entre os dois lugares, sempre atentando para aspectos culturais que permeiam o modo como norteamericanos e franceses obeservam coisas que parecem ser similares. As comparações englobam aspectos interessantes e até engraçados que vão desde Amélie Poulan x Carrie Bradshaw até questões como a megapopulação de pombos em Paris e o bando de ratos de NY. As ilustrações estão disponíveis para compra através do blog do artista. parisvsnyc.blogspot.com


divulgação

Escritório reciclado A onda de espaços reciclados se replica por todos os lados e se renova a cada dia, como é o caso do escritório da agência de publicidade BrandBase, desenhado pelo estúdio de arquitetura Most Architecture. O conceito em torno do projeto foi montar um ambiente que estimulasse a criatividade e o fluxo de novidades. Por isso, vários escapes foram desenvolvidos para dar aos criadores da agência a possibilidade de sentar em lugares diferentes e até deitar, caso isso ajude no trabalho. No último andar, uma clarabóia ao centro permite a entrada de luminosidade e também deixa à vista o céu maluco da cidade, que ora está coberto ora está azul e ensolarado.

Talvez um contêiner seja o último lugar onde alguém pensaria morar. Mas isso já é possível em Nova York: moradia confortável, usando paredes pré-fabricadas e madeira sustentável, a um preço bem menor do que se encontra no mercado. Essas foram as ideias transformadas em realidade pela equipe dos arquitetos Jason Halter e Christos Marcopoulous, criadores da MEKA Home. A casa tem o interior revestido de bambu e cedro, com banheiros em ardósia, teto com captação de energia solar e o melhor: se adapta a qualquer lugar.

Minimalismo dinamarquês para casa

trine andersen/Divulgação

rogier jaarsma

No conforto de um contêiner

Quando a designer Trine Andersen abriu sua agência de design gráfico em 2005 nunca imaginaria seu negócio se transformaria numa loja de produtos para interiores. A ideia surgiu em uma de suas buscas frustradas por papel de parede, quando resolveu usar suas habilidades gráficas na produção de estampas para compor peças decorativas. Foi aí que nasceu a Ferm Living que hoje vai além das estampas gráficas e produz também itens para cozinha e uma linha para crianças. Gostou? No site tem entrega internacional. fermlivingshop.us 01 | Shop Talk Magazine

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Short Stories O reality show de Andy

O novo visual merchandising

Em cartaz no Brasil desde fevereiro de 2011, a exposição “Warhol TV” traz uma mostra dos trabalhos do artista feitos para a televisão. São 55 vídeos que cobrem o período de 1964 até 1987 e revelam um modo diferente de fazer televisão, revelando um lado de Andy através do qual ele mostra as celebridades de um viés mais crítico, sugerindo formatos daquilo que conhecemos como talk shows e reality shows. A exposição fica no Rio de Janeiro até 3 de abril e depois segue para Belo Horizonte.

Em uma compilação das mais excitantes e inovadoras vitrines do mundo, o novo livro do inglês Tony Morgan, que foi diretor de Visual Merchandising da Selfridges por 18 anos, oferece inspiração e guia os interessados no assunto por um universo cheio de pequenas regras e observações com o intuito de criar montagens impactantes e que se revelem no aumento das vendas. São cerca de 180 imagens de vitrines espalhadas pelo mundo, com uma concentração em trabalhos realizados entre Londres, Antuérpia, Milão e Barcelona. O livro ainda não tem versão nacional, mas pode ser adquirido via internet, no site da Amazon.

Oi Futuro Belo Horizonte (av. Afonso Pena, 4001, Centro, Belo Horizonte, MG). De 12/4 a 12/6. De 3ª a dom., das 11h às 20h. Grátis.)

oi futuro/Divulgação

Warhol TV. Oi Futuro Flamengo (r. Dois de Dezembro, 63, Flamengo, Rio de Janeiro, RJ). Até 3/4. De 3ª a dom., das 11h às 20h. Grátis.)

Window display: New Visual Merchandising Tony Morgan 192 páginas US$ 23,00 amazon.com

Uma retrospectiva de Yohji

fotos: Divulgação

Celebrando os 40 anos de carreira do enigmático designer japonês Yohji Yamamoto, o Victoria and Albert Museum em associação com o The Wapping Project Bankside de Londres inaugurou no último dia 12 uma retrospectiva que traz os principais trabalhos e imagens que consagraram o estilista em três momentos. A exposição vem acompanhada do lançamento da biografia do estilista e também da inauguração de uma nova flagship store da Y-3 na Conduit Street.

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Missoni para Havaianas tem a cara do Brasil Focada no mercado internacional, a brasileira Havaianas investiu na parceria com a marca Missoni, consagrada por suas estampas multicoloridas em zig-zag. Com uma mistura de cores que tem a cara do Brasil, as legítimas assinadas pela grife italiana aparecem em três modelos e ainda ganham uma versão para a icônica Origines, que tem a cara do lifestyle da campanha. O lançamento mundial está previsto para a última semana de abril em pontos de venda selecionados das duas marcas.

Com cheiro de criatividade Tentando fugir das misturas convencionais da indústria dos perfumes, o designer de essências Christopher Brosius resolveu criar a “CB – I hate perfume” propondo novos cheiros extraídos de fontes nada convencionais, como gotas de chuva e açafrão. Ao contrário das marcas espalhadas por aí, a CB não utiliza imagens de celebridades e investe na personalização das essências, propondo a venda customizada. No site da marca, você pode ler um pouco da descrição detalhada de cada aroma desenvolvido, como o cheiro de neve do perfume “Inverno de 1972”. cbihateperfume.com

Para esvaziar as prateleiras

C&a/Divulgação

Pioneira das ações de co-branding no varejo fast-fashion do Brasil, a C&A leva para as araras de mais de 40 lojas em todo o país a coleção assinada pela designer inglesa Stella McCartney. O pré-lançamento da coleção, que aconteceu no dia 16/03 na flagship do Shopping Iguatemi, esgotou as araras revelando a estratégia que foi desenhada para causar frisson na blogosfera e mídias sociais. A campanha conta com o suporte de ações no Twitter e também no site principal. stellamccartneycea.com.br 01 | Shop Talk Magazine

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Short Stories

Do baú

thoimas shin/Divulgação

Com lançamento previsto para o dia 18 de abril no Reino Unido, o novo trabalho no ex-líder dos Smiths traz duas faixas inéditas gravadas durante o seu primeiro disco-solo, Viva Hate (1988). Sete dias depois, chega ao mercado inglês a coletânea The Very Best of Morrissey, CD com 18 músicas de sua carreira-solo, contendo a versão estendida de Moonriver e a clássica Everyday Is Like Sunday. O disco é acompanhado por um DVD com os clipes do cantor. Nenhum dos lançamentos tem previsão de chegada ao Brasil.

Joy Division em fotografias

Arcade Fire na telona A banda canadense Arcade Fire e o diretor Spike Jonze provaram que a parceria firmada no ano passado deu certo. No último Festival de Berlim, eles apresentaram o curta-metragem “Scenes From The Suburbs” que é uma sequência do trabalho desenvolvido desde o lançamento do clipe “The Suburbs”, faixa do álbum que rendeu o Grammy de Melhor Álbum à banda. Com roteiro original de Jonze em coautoria dos irmãos Win e William Butler, o curta retrata um grupo de jovens amigos diante uma estranha e inesperada ameaça militar. O filme será lançado em DVD com data ainda não definida. 10

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Com fotos de Kevin Cummins, o livro que traz a trajetória da banda inglesa Joy Division foi lançado este mês pela editora italiana Rizzoli. O fotógrafo começou seu trabalho no auge da cena punk e rapidamente tornou-se um dos principais narradores da história iconográfica da música britânica. O livro reúne cerca de 180 fotografias em preto e branco, algumas inéditas, além de uma entrevista com Bernard Summer, ex-guitarrista e tecladista do grupo. O título ainda não tem produção nacional.


Sobre filmes e bikes Aconteceu na última semana de março em Miami o evento que comemorou os 10 anos do Bicycle Film Festival, considerado um dos maiores catalisadores do movimento biker pelo mundo. O festival tem um panorama itinerante e celebra a cultura através de ações que promovem a arte, música e filmes, tem a curadoria de Brendt Barbur e visa um pensamento crítico sobre a maneira como as pessoas interagem com a bicicleta e o meio/cidade onde vivem, elevando a posição do movimento na cultura popular.

BFF/Divulgação

www.bicyclefilmfestival.com

Som na kombi

Divulgação

A pequena Kombi criada pela empresa japonesa Stoky até poderia ser confundida com um brinquedo de colecionador não fosse a sua função inusitada: andar sobre um disco de vinil e, a partir desse movimento, reproduzir a música contida ali. Com uma agulha embutida e alimentada por uma bateria, tudo que o usuário precisa fazer é escolher uma superfície para apoiar o disco e curtir o som reproduzido pelas pequenas caixas do protótipo, que tem licença da Volkswagen. O produto pode ser adquirido pela internet por cerca de 100 dólares. soundwagon.jp

VIP no cinema Vencedor da categoria de melhor ficção no Festival Rio, o longa nacional VIPs conta a história real de Marcelo da Rocha, que ficou conhecido por aplicar inúmeros golpes, como passar-se pelo filho do dono da companhia aérea Gol durante o carnaval do Recife. O personagem principal conta com a brilhante atuação de Wagner Moura, que incorpora as vàrias personalidades de Marcelo. O filme tem ainda no elenco Gisele Fróes, Norival Rizzo, Roger Gobeth, Arieta Corrêa, Juliano Cazarré e Jorrge D'Elia. Direção de Toniko Melo.

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Short Stories Música para viagem Para aqueles que gostam de ter música portátil com qualidade, a marca de produtos para viagem Travelteq lançou a Trip Sound, um híbrido de alto-falante e mala que possui uma potência de 15 watts. Constituída de alumínio, a peça facilita a reverberação do som e funciona ligada à tomada ou por uma bateria que tem autonomia de 8 horas. Com transmissão de dados via USB, a mala ainda tem espaço para notebooks e pode ser customizada através do site do fabricante.

Moda tridimensional

ellus/Divulgação

Ligados nos movimentos em torno da desglamourização dos fashion shows, a Ellus apresentou sua coleção no último SPFW em uma sala de cinema. Tudo isso por que a marca optou por executar uma apresentação em 3D, minimizando os gastos com cenografias suntuosas e modelos com cachês exorbitantes. Estrelado pela supermodel Aline Weber, musa futurista da marca, a projeção do “videodesfile” trouxe frescor e inovação à principal semana de moda do país, atingindo os consumidores e críticos de moda de forma surpreendente e inusitada.

Para quem já adotou a bicicleta como meio de transporte e ainda quer aproveitar para ser mais econômico, a Nokia lançou um novo produto que permite com que seja possível recarregar a bateria do celular enquanto se pedala de volta para casa. O sistema usa o mesmo princípio mecânico que era utilizado para carregar a bateria dos primeiros fuscas e é constituído por um suporte para o celular e um módulo que ficam instalados do guidão e são acionados por um dínamo, na roda, que usa os ciclos para gerar energia. O Bicycle Charger Kit estará disponível em breve por um preço equivalente a 15 dólares. nokia.com.sg 12

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nokia/Divulgação

Pedal Power


fotos: Divulgação

Líder do ramo de iluminação, a Bridgelux lançou no início do ano a sua versão reduzida (e mais econômica) das lâmpadas de LED. A Bridgelux Pre-wired, como foi batizado o novo produto, tem o tamanho de uma moeda de cinco centavos e inova com uma estrutura préfabricada que permite com que qualquer pessoa realize a instalação de forma rápida e sem riscos relativos às grandes instalações elétricas. De acordo com os fabricantes, a nova estrutura simplifica a integração elétrica da base de alimentação da microlâmpada, possibilitando o uso diversificado do produto, que tem foco para a decoração e também para iluminação de peças que merecem maior cuidado quanto à temperatura, como cosméticos, por exemplo.

Voltando às origens Seguindo um fluxo contrário ao que vem sendo criado no mercado de gadgets tecnológicos, algumas empresas e designers já vêm pensando em produtos com características que rememoram os primórdios e fazem uma releitura de objetos que se tornaram essenciais no cotidiano atual. Com base nesse conceito, onde menos é mais, o estudante de design industrial Mike Chen idealizou a Neo-50’s TV que, apesar de possuir uma tecnologia de alta resolução, preza pelo design vintage e pelo caráter emocional do desenho. Outro exemplo interessante é o John’s Phone, idealizado pela agência de design holandesa John Doe. O aparelho, que faz e recebe chamadas locais e internacionais, não possui qualquer outro tipo de acessório – como câmeras poderosas, SMS ou vários tipos de ringtones. Ele não requer muita explicação e qualquer pessoa consegue manuseá-lo sem muitos problemas. O preço (US$ 109 ou R$ 196, aproximadamente) pode ser um atrativo para exercitarmos um pouco da anti-tecnologia.

bridgelux.com 01 | Shop Talk Magazine

John’s phone/Divulgação

A simplificação do LED

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Capa colaboração

Colaboração Somando criatividade, diminuindo riscos

Da Redação

Fotos: Hélio Siqueira e Daniel Fonseca

Algumas empresas, dentro e fora do Brasil, já investem em projetos conjuntos para minimizar o impacto comercial e gerar melhores soluções para todos os envolvidos 14

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A ideia de cooperação remonta o início do século passado quando pequenos produtores se uniam em busca de um objetivo comum: vender mais

O

tema da cooperação já invadiu a internet e vem se alastrando para os demais segmentos como forma de reverter as regras do jogo em um espaço onde as pessoas focam num trabalho mútuo ao invés de estarem em competição. Essa ideia de se trabalhar em conjunto deu um passo além da rede e vem invadindo a vida real nos últimos anos. Pensando nisso, algumas empresas espalhadas pelo Brasil e pelo mundo

já investem em novas formas de expressar sua necessidade em se trabalhar coletivamente. A proposta é diminuir os riscos e aumentar os lucros através de ações que envolvam os grandes interessados em fazer o negócio crescer: os próprios criadores do produto ou serviço em questão. São lojas, mercados, coletivos de arte e até espaços para aqueles que simplesmente não querem trabalhar sozinhos. A cooperação invadiu nosso dia a dia e está por todos os lados.

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Galeria Mundo Mix Além do mercado São Paulo Aliando marcas de renome a novos designers e produtores independentes, a Galeria Mundo Mix traz o frescor dos mercados e mercearias para um espaço cheio de identidade. Com uma referência multicultural, o espaço de 500 metros quadrados propõe uma interação constante entre o cliente, o produto e a região garantindo frescor ao ambiente. A ideia da galeria veio do Mercado Mundo Mix, ícone da moda alternativa no país e responsável por revelar nomes como Thaís Gusmão, André Lima e Alexandre Herchcovitch. Hoje o espaço resume a vivência adquirida ao longo dos anos de Mercado e inova com uma loja cheia 16

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de marcas jovens e que buscam o crescimento coletivo. As araras e expositores são alugados por prazos de 3 meses e variam de acordo com o desempenho da marca em cada setor, garantindo uma curadoria que condiz com o que cliente quer de verdade. A Galeria oferece um suporte online e garante a circulação das peças através da criação de pontos de liquidação em seu interior. A loja conta ainda com um espaço de sucos e lanches da lanchonete natural Dona Vitamina, compondo a experiência sensorial em um ambiente que mescla design, moda e arquitetura de forma contemporânea e despretensiosa.


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Nas araras, marcas de renome como Rodrigo Fraga dividem espaรงo com novos designers e estilistas, garantindo o frescor e o carรกter inovador do espaรงo que mescla moda, desing e interiores de forma despretenciosa. 01 | Shop Talk Magazine

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Endossa

Pequenos espaço e grandes negócios São Paulo

Baseados no espírito da internet e do consumidor 2.0, a Endossa traz para o varejo brasileiro um mdo de utilizar esse conceito no mundo offline de forma comunitária. A loja foi criada com o intuito de fundir os dois mundos, criando uma experiência única onde quem escolhe o mix de produtos é o cliente, que “endossa” aquele produto através da compra. Focando em novos designers, artistas e empreendedores, a loja surgiu acreditando em pequenas ideias que possam se transformar em grandes produtos, funcionando como uma ponte entre esses “mini-microempreendedores” e o mercado. Para os criadores do projeto, a grande barreira para esse tipo de empreendedor é o conhecimento administrativo e o acesso a uma rede de suporte, com espaço em prateleira e foco na logística. Com base nestes obstáculos, a Endossa criou um pacote de serviços para auxiliar o processo de venda e divulgação destes novos produtos.

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Por isso, a empresa resolveu criar uma estrutura que suporta o negócio, criando pequenos espaços que são alugados mensalmente a cada produtor conforme a necessidade, criando contratos que se baseiam numa relação entre a receita (lucro) e o valor do aluguel, fazendo com que o expositor tenha um feedback das negociações. Se ao final de cada mês a razão entre aluguel e receita não se superar o produtor perde o espaço para um novo inquilino. Desta forma, o sistema oferece uma auto-seleção onde quem aprova o resultado final é o próprio consumidor, que acaba por ter sempre à sua disposição um mix de produtos escolhido de forma democrática por quem frequenta o espaço. Além disso, a Endossa oferece uma plataforma para a venda online e coloca o produtor em contato com outros produtores, fornecedores e consumidores, criando uma rede de contatos que se renova a cada mês e garante a colaboração.


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Nas três lojas da rede é possível encontrar uma seleção bem eclética de produtos que vão desde pequenos objetos de decoração e mascotes dos games até maquiagens, perfumes e livros usados, garantindo opções de compra para todos os tipos de consumidores e também para todos os tipos de bolso 01 | Shop Talk Magazine

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Urban Station Um escritório ou um café?

Há um tipo de escritório que todos nós conhecemos: esses que têm anos de rotina impregnados nas paredes, que geram reuniões intermináveis e imperativas e que são tristemente iluminadas com pouca luz do sol, com caixas cinzentas e colegas de trabalho inoportunos. Nem todas são tão graves, mas todas têm algum ponto desta lista. Este tipo de escritório criou um novo profissional. O trabalhador móvel, que está por todas as partes com seus celulares e laptops 22

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Buenos Aires Por Dolores Nocito*

plugados o tempo todo. O lugar independe, pode ser um bar, um café ou mesmo um restaurante, todos já oferecem hoje quase tudo que um escritório carece. Mas nem tudo é cor de rosa. Os ambientes alternativos nem muitas vezes são lugares ideais para o trabalho. O wifi é compartilhado com outros clientes, o som ambiente muitas vezes não contribui para o trabalho e esses cafés carecem tanto de intimidade como de plugs para os aparelhos tecnológicos.


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O mais interessante é que começam a surgir lugares que unem a informalidade dos cafés com a funcionalidade dos escritórios. Um destes espaços é o Urban Station, de Buenos Aires, que combina o melhor dos dois mundos. Não é um café, nem é um escritório propriamente. Como funciona? Simples. Você se senta em uma das mesas e começa a trabalhar tranquilo sem interrupções de bar e sem depressões de escritório. Custa menos que um café da

manhã em Palermo (bairro onde está localizado) e conta com um wifi super rápido, café, chá, croissants, frutas e cookies à vontade. Além disso, o espaço ainda conta com livros de consulta, salas de reunião, living com cadeiras super cômodas, impressoras e serviço de entrega com motoboys. Quem está por trás de tudo isso? Um grupo proveniente do marketing e da publicidade, pioneiros em mobile working. A tendência já estava instalada. Agora, também, o lugar.

Para aqueles que se sentem claustrofóbicos, o Urban Station ainda oferece bicicletas para que seus clientes possam dar uma volta pela região para gerar fluxo de ideias 01 | Shop Talk Magazine

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The People's Supermarket Superando o capitalismo e suas crises

Para aqueles que estão frustrados com filas gigantescas e produtos de origem duvidosa nos supermercados da vizinhança, o “People’s Supermarket” vem para acabar com os seus problemas. Gerido e mantido pelos seus próprios consumidores, o supermercado londrino tem como conceito central a cooperação. Baseados nos sistemas de cooperativas que começaram a surgir no Reino Unido no século XIX como uma forma de dividir riscos e benefícios, os criadores do conceito resolveram buscar parceiros que pudessem se juntar à causa sem restrições, em busca de uma baixa nos preços e também no aumento da qualidade dos produtos ofertados. A ideia é muito convidativa, pois a única premissa para se juntar ao time é pagar uma anuidade de 25 libras e ter 4 horas por mês para se dedicar ao trabalho como funcionário do supermercado, ajudando em qualquer função, seja na limpeza ou mesmo na escolha de fornecedores. Em troca, preços mais baixos e artigos competitivos em relação à qualidade podem ser adquiridos com maior facilidade. Além disso, A seleção do “mix de produtos” é feita exclusivamente pelos membros, que são os únicos que podem desfrutar do espaço. Com certa pitada de pretensão, o sistema de cooperação, que deixou de sobreviver nos países da Europa, parece estar sendo reavivado no espaço urbano como uma forma de remediar a ambivalência da individualidade capitalista e suas crises. 24

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divulgação

Londres

Frutas frescas dividem espaço com produtos industrializados sempre valorizando a questão do preço e da procedência


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Reportagem conceito verde

consumir preservar Para

e

A cada dia os produtos com o conceito orgânico ou sustentável estão mais presente em nosso dia a dia. Confira o exemplo de marcas e lojas que aderiram ao “ecologicamente correto” e acertaram em cheio na escolha Da Redação

Fotos: Hélio Siqueira

Já faz aproximadamente uma década que o conceito sustentável vem transformando o modo como as pessoas consomem e se relacionam com o meio em que vivem. Nos últimos anos, uma série de novos produtos surgiu sob a label sustentável, jogando no mercado objetos que vão desde tijolos com base orgânica até roupinhas de bebês feitas com algodão cultivado em empresa familiar, o mix não para de crescer e se estende sobre novos segmentos a cada dia. É natural então que os espaços de varejo se adaptem a essa nova forma de consumir, acrescentando um toque desse meio ambiente idealizadamente sustentável seja na confecção do produto, na sua apresentação ou mesmo em todo o processo de concepção e venda. Atualmente, esse retorno ao feito à mão, tão cultuado pelo mercado de luxo, se faz notar com roupagem menos ostentadora e invade os PDVs com muita criatividade.

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A STM foi conferir de perto estas lojas que se utilizam do “conceito verde”: lojas que minimizam impactos ambientais, tecidos orgânicos e produtos livres de agrotóxicos. Nas próximas páginas, veremos espaços que nos mostram que o hype do eco-consumidor se consolida e traz consigo novos desafios aos varejistas. A onda verde não para de crescer.

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Foi pensando nos novos paradigmas do varejo atual que a marca carioca Farm criou em 2009 sua primeira loja sustentável, localizada na Vila Madalena em São Paulo. O projeto, realizado pelo estúdio de arquitetura Tryptique, privilegia a iluminação natural e ações para reduzir o consumo de água e energia elétrica. A “Farm Harmonia” foi criada com o intuito de reproduzir uma floresta que estivesse em consonância com os valores da marca, que privilegia uma moda natural com estampas florais e produtos

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sustentáveis. São 500 metros quadrados de área completamente revestida de verde, onde cerca de 5000 plantas dividem espaço com araras, roupas e acessórios da marca. Para alimentar toda a estrutura, o projeto inclui um sistema de irrigação que recolhe água da chuva e tem capacidade para cerca de 6 mil litros. Nos detalhes, bambu e madeira de reflorestamento complementam a atmosfera da loja, que além de tudo tem pequenos refúgios para suas clientes, como uma varanda com rede e vista da cidade.


A Farm é uma das lojas que compõem o “quarteirão verde”. Localizada no bairro de Vila Madalena, em São Paulo, a loja divide espaço com outras que também já possuem projetos que minimizam impactos ambientais 01 – Shop Talk Magazine

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hélio siqueira

Para agradar o paladar e fazer a cliente fugir da dieta, a loja sempre recebe com uma mesa de café cheia de quitutes clássicos do Rio de Janeiro, como é o caso dos biscoitos Globo

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Também localizada na rua Harmonia em São Paulo, a loja da marca Eden se destaca no mercado sustentável em um espaço com direito a um lago e muito verde. Pioneira em seu segmento, a marca estabeleceu este tipo de negócio que privilegia o trabalho de pequenas cooperativas de produção agrícola. De acordo com o idealizador da marca Jorge Yaminne, os parceiros se interessam pelo programa e buscam realizar seu papel da melhor maneira possível. Hoje, são mais de 200 famílias

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beneficiadas diretamente pelos negócios da Eden. Por adotar a sustentabilidade desde a concepção até o consumidor final, a loja da marca não poderia deixar de se adequar ao conceito. No casarão que abriga a loja, uma pequena floresta convida os clientes ao mundo da marca. No interior, madeira de demolição e ferragens reaproveitadas ajudam a construir mesas, balcões e araras que abrigam a coleção. Nas paredes, tijolos à mostra garantem o frescor da convidativa construção.


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As araras e móveis da loja levam o conceito da marca: reaproveitamento. Madeira de demolição, estruturas de construção e móveis antigos garantem o ar do ambiente sustentável

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Seguindo o mote da sustentabilidade, a rede de produtos orgânicos não para de crescer. São legumes, vegetais, ovos, carnes e até maquiagens que passaram a ocupar as prateleiras de lojas completamente voltadas a este lifestyle. Para Nardi Davidson, proprietário do Quintal dos Orgânicos, o consumo destes produtos aumentou consideravelmente nos últimos anos, e, foi seguindo a sua intuição para este segmento que ele resolveu abrir o espaço na Vila Madalena. Uma espécie de mercado com uma mis-

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tura de moda, café e restaurante, o Quintal tem cara de mercearia sem perder o requinte da cidade grande. No portfólio estão cerca de 750 itens, todos orgânicos. O que impressiona é a disposição dos produtos e o cuidado na decoração. No fundo do galpão uma seção de moda orgânica completa o mix, apresentando peças feitas com fibras naturais e uma arara dedicada às roupinhas para os pequenos. O espaço conta ainda com um restaurante que oferece sucos de frutas frescas da estação.


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Todo o mobiliário leva a atmosfera do lugar, com peças recuperadas especialmente para armazenar os produtos. Na iluminação, pontos de LED ajudam a focar os produtos consumindo energia 01 – Shop Talk Magazine

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A seção de frutas e verduras privilegia produtos sem agrotóxicos e são completamente sazonais. No restaurante, o menu de almoço é a sensação da região

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Seguindo a mesma linha de varejo, o Melrose Market de Seatle nos EUA também privilegia os produtos locais e as pequenas cooperativas. O mercado funciona como uma pequena mercearia onde doze bancas ou corners oferecem os mais variados produtos. Instalado em um prédio que abrigou uma montadora de automóveis da década de vinte, o mercado tem foco no handmade e inclui queijos artesanais, carnes, roupas e até sabonetes em seu portfólio de produtos. Os parceiros distribuídos nos corners que ocupam o espaço atuam na base da cooperação, garantindo a atmosfera intimista. De acordo com Liz Dunn, um dos sócios do es-

paço, tem-se observado uma extrema vontade das pessoas que frequentam o lugar em trabalharem em conjunto, dividindo os custos e riscos de estar em um novo nicho de mercado. O resultado é bastante satisfatório, garante o sócio, que tem como parceiros vários produtores da região que oferecem alimentos frescos diariamente. Além disso, dentro do espaço é possível se deliciar com pratos da culinária orgânica e comprar roupas feitas com algodão produzido por trabalhadores rurais. Seja nos EUA, no Brasil ou em qualquer outro canto do mundo, a verdade é que o consumo de produtos orgânicos já invadiu o varejo e aparece com toda força nos grandes centros.

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A ideia é bem simples e vale por muitas. Uma loja de produtos naturais e orgânicos de Londres resolveu abolir todas as embalagens, ou pelo menos a maioria delas. Catherine Conway fundou a Unpackaged em 2006 numa tentatia de vender melhor seus produtos. A ideia foi estimular o “ecologicamente correto”: você traz sua embalagem de casa, compra exatamente a quantidade de produto que vai consumir e pronto. Sem o impacto ambiental que as embalagens causam ao meioambiente e sem desperdício. Parece bobo, mas se formos pensar mais a fundo,

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veremos que a ideia tem fundamento. As embalagens são necessárias para determinados produtos, mas não para todos – elas fazem o preço do produto subir, há um enorme disperdício desde o envase até a mesa do consumidor. A maioria dos produtos à venda são grãos, alguns tipos de café, verduras frescas e cereais, mas também é possível comprar vinho, óleo e azeite na medida da sua necessidade. É só trazer sua embalagem ou comprar uma diretamente no local e reutilizá-la a cada visita ao estabelecimento. A proposta é reduzir o consumo ao máximo!


Repensando as embalagens Visando minimizar o impacto das embalagens sobre o planeta, o lema da loja é bem inspirador: “reduza a quantidade comprando o que você precisa, reutilize trazendo sua embalagem ou refil, recicle aquilo que você não pode reutilizar”. 01 – Shop Talk Magazine

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Reportagem espaços reciclados

Um espaço,

várias utilidades Um trailer, um ônibus, até mesmo um contêiner – tudo pode ser reutilizado e virar uma loja. Essa é a aposta de novos empreendedores que, mesmo sem tanto capital e com muito improviso, acabam fazendo de seus negócios um sucesso de vendas e de público Da Redação Espaços cercados por araras, vendedores amistosos, amplos corredores, tudo muito confortável, bem setorizado e sinalizado. Isso parece ser o exemplo de uma loja perfeita, certo? Não é bem assim que pensam os novos empreendedores. Com alto poder aquisitivo – ou não –, eles estão investindo cada vez mais em lojas com espaços diferenciados. A palavra de ordem é ser diferente. Ousar, adaptar e reutilizar são os guias desses empresários que viram em um espaço reciclado uma maneira de economizar em infra-estrutura e ganhar em charme e empatia com o público. Em alguns casos, partiu-se de ideias relativamente simples para se tornarem verdadeiros cases de sucesso em seu setor. Um exemplo disso é a rede de bolsas e acessórios FREITAG. Criada em 1993 pelos irmãos suíços Markus e Daniel Freitag, todos os produtos são feitos com materiais reciclados como lonas de caminhão, câmaras de pneus de bicicletas, cintos de segurança de automóveis e air-bags. Com lojas espalhadas em cidades como Berlim, Zurique, Hamburgo e Colônia, a marca se destaca por sua inventividade na hora de expor os produtos. Com uma estrutura aparentemente grosseira e que interfere no ambiente ao redor, as lojas foram montadas sobre contêineres equilibrados um em cima do outro. A altura do “edifício” chega a 25 metros do solo, em um projeto de arquitetura ousado e completamente inovador. A sinergia entre os produtos e o local é um ponto positivo na hora de se decidir abandonar o tradicional formato de loja para ser um ponto de referência em espaços de varejo. Para a montagem da loja em Hamburgo foram usados 17 contêineres de carga. Na base da torre estão instalados os espaços para a venda dos produtos. No ambiente acima está a linha de produção e o estoque. Mas o que mais chama a atenção é a plataforma de observação localizada no topo da loja – a vista é simplesmente extraordinária. 40

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freitag/divulgação

“Empilhando” a loja A suíça FREITAG, marca especializada em bolsas e acessórios, inovou ao desenvolver sua loja: montou toda sua estrutura dentro de contêineres, empilhando-os um sobre o outro.

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leela cyd/divulgação

a “loja-ônibus” de erin sutherland Geralmente boas ideias ocorrem nos momentos em que nos vemos em maior dificuldade. Não foi diferente com a americana de Portland, Erin Sutherland. Ao se ver desempregada, a então diretora de relacionamento decidiu revolucionar – aliou sua paixão por música, moda e objetos vintage, dando origem a um brechó que foi instalado em um lugar bem inusitado. Mesmo antes de ser demitida, Sutherland já tinha em mente abrir uma loja que reunisse toda sua admiração por objetos e roupas antigas. Mas como se destacar de outras lojas do ramo? Pensando nisso, Erin se inspirou na facilidade das barracas de cachorro-quente. "Se você pode vender alimentos em um carro, por que não colocar uma loja de roupas dentro de um veículo?", indaga. Ao ler um anúncio da venda de um ônibus Lodekka Bristol 1965, ela finalmente deu forma ao seu empreendimento: investiu 4500 dólares na compra do veículo. 42

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A proprietária conta que, ao vê-lo, foi amor à primeira vista. Sorte ou não, Erin foi demitida. Seus planos tiveram que entrar em ação muito antes do planejado. Para economizar, ela e seus amigos fizeram a reforma do busão. Foi assim que a Lodekka Dress Shop foi para as ruas de Portland. A inauguração foi um sucesso maior do que Erin esperava. Mesmo em um domingo chuvoso, mais de duzentas pessoas foram conferir a loja. O burburinho nas redes sociais foi o estímulo maior para que os clientes fossem visitar o espaço. A loja permanece durante um tempo em pontos da cidade. Atualmente Erin paga o aluguel de um pedaço de um lote de 11 mil metros quadrados. Ao se depararem com este tipo de negócio, os proprietários do local decidiram abandonar a ideia de construir um empreendimento fixo e optaram por estimular outros negócios do tipo


No balanço do busão

em seu terreno. "Erin abraça uma perfeita micro-empresa. Seu negócio é ousado e descontraído, bem a cara de Portland", concluem David Hassin e Jonathan Barg, donos do local onde a Lodekka está estacionada. "Vamos ceder o espaço para um salão de beleza dentro de um trailer", conta Hassin. Parece que Erin terá novos vizinhos. As imperfeições do local se encaixam com a alma do ônibus. Lá dentro, Sutherland expõe seus "tesouros", entre eles roupas que possui desde criança. É possível encontrar uma seleção pequena e de bom gosto de vestidos, saias, sapatos e blusas, além de moda masculina. No primeiro andar estão bugigangas e livros, a maioria das décadas de 1940 e 1950. Erin também é vocalista em uma banda de jazz que se apresenta no busão, tornando o espaço em um charmoso bar. "De dia, vendo objetos vintage. À noite, vendo música vintage. Definitivamente nasci na época errada", conclui.

Erin Sutherland, num momento bem difícil e sem grana, criou a Lodekka Dress Shop, que reúne dentro de um ônibus objetos vintage a vestidos que a proprietária coleciona desde criança. À noite, o simpático lugar se tranforma em um bar

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Reportagem Pop-up stores

Pop-up

Pop-out Pop-tudo As pop-up stores, como ficaram conhecidas as lojas temporárias, ganharam mídia e hoje fazem parte das ações de marketing de várias empresas, se desdobrando em novos formatos e conceitos. O modelo de negócio pop-up funciona de forma simples e geralmente não depende de orçamentos exorbitantes, já que na maioria das vezes estes espaços são alugados a baixos custos e sua manutenção não demanda a organização de uma loja fixa. Nos últimos anos, bares, restaurantes, discotecas e até cinemas embarcaram neste conceito e vêm ganhando notoriedade no país. A Levi’s, por exemplo, realizou no fim do ano passado o Levi’s Photo Workshop. Um espaço aberto para a comunidade de fotógrafos e admiradores que desejassem mudar o conceito de se registrar o mundo. O espaço oferecia tudo o que um fotógrafo pode utilizar para desenvolver um ensaio, desde camarins para modelos até impressoras, iluminação e estúdio. 44

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O conceito já existe há algum tempo e pipocou a primeira década do século XXI atingindo em cheio o mundo da moda e suas marcas cobiçadas.

Da Redação

Os derivados do conceito, no entanto, não param de surgir. No último verão europeu a Puma resolveu convidar seus clientes a experimentarem a marca de uma forma diferente, espalhando caminhões itinerantes que levavam a históra da marca. O conceito da loja pop-out foi focado num PDV que “salta para fora” em lugares nada habituais, oferecendo uma estrutura onde produto, moda, música, e vendas interagiam de forma despretensiosa. O evento passou por algumas cidades na Inglaterra e também em festivais de música. A verdade é que não importa se a loja vai ocupar um espaço inabitado ou se vai fazer saltarem produtos de dentro de caminhões, o conceito pop-up/pop-out veio para ficar e se desdobra em formatos cada vez mais interessantes e focados diretamente no que há de mais importante: o cliente que quer ser surpreendido e convidado a novas maneiras de se relacionar com as marcas.


divulgação

Puma Rewind Foward Estruturas em MDF formavam o quebra-cabeça do caminhão Puma, que viajou por várias cidades durante o verão europeu divulgando as diversas etapas de sua história

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Reportagem maison & objet

Além da cidade-luz Evento importante da área de design de interiores, a Maison & Objet 2011 traz inspiração e cores fortes Por Sylvia Demetresco*, de Paris

A “Maison & Objet” que acontece em Paris duas vezes por ano é uma das melhores feiras especializadas em tudo que diz respeito a objetos e materiais para casa, decoração e objetos inusitados. São 8 pavilhões dedicados ao design de interiores onde é possível encontrar quase tudo para o universo de cama, mesa e banho. Dentro do espaço o que mais se percebeu foram as divisões entre os ambientes, sempre organizados com base em cores fortes e muitas texturas. Os contrastes também foram destaque, onde prevaleceram o branco e preto definindo a tendência para ambientes mais sofisticados.

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No quesito tecnologia, o stand mais arrojado foi o da arquiteta portuguesa Nini Andrade Silva que misturou móveis de metal e cortinas de tecido com folhas e pedras, dando um ar tecnológico e rústico ao mesmo tempo. O destaque, todavia, fica por conta da vídeo-instalação que ambienta o espaço, onde é simulada uma maré que sobe e desce conforme os visitantes vão passando pelo ambiente, provocando a interação. Como uma maneira de manter o frescor de suas novidades, a feira lança a cada edição um caderno de tendências através do qual é possível que cada par-


ticipante compreenda quais serão os caminhos do pensamento em design para a próxima estação. Por este motivo, foram escolhidos três temas principais para guiar os participantes ao longo da exposição. A primeira estação, Alta Tensão, revelou um espaço de cores fortes, com direito a um corredor e uma sala toda em vermelho seguido de dois ambientes totalmente brancos, sugerindo os contrastes. A tendência seguinte, Un-plugged, tinha seu ambiente todo natural, com móveis e tecidos acompanhados de objetos de madeira, de lã tecida a mão e materiais que remetiam ao vintage.

Para finalizar, a seção Hypnotic, foi toda focada em efeitos óticos que se utilizaram do branco e do preto trabalhados em conjunto com objetos distorcidos para criar uma ambiência quase futurista, anunciando o tom de toda a exposição exuberante.

*Sylvia Demetresco é cofundadora do IMB – Instituto Merchandising Brasil imagensurbanas.com.br

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Reportagem hotel julen de zemartt

Explorando os sentidos Usando técnicas de merchandising sensorial, o visual merchandiser Jonathan Collaud explorou o tato, o olfato e o paladar para criar os suvernirs do luxuoso Julen de Zermartt Da Redação

Para ampliar o conceito da marca de hotéis de luxo Julen de Zermatt na Suíça, o visual merchandiser Jonathan Collaud buscou explorar os sentidos dos hóspedes através de objetos e brindes que remetessem aos principais conceitos em torno da história da região onde a família desenvolveu seus negócios. Inaugurado em 1937 em Zermatt, o hotel se converteu em símbolo de requinte e se fortaleceu pelo desenvolvimento de uma das estações de esqui mais sofisticadas do mundo, trazendo turistas dos mais diversos lugares a cada ano. Para fortalecer esta imagem de requinte, o visual merchandiser buscou elaborar gadgets que relembrassem tanto o ambiente dos hotéis e dos restaurantes quanto a natureza árida das montanhas e o aconchego da cidade. Por isso, Jonathan desenvolveu souvenirs que emocio48

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nam e que marcam o turismo aliando qualidade e originalidade à concepção. Relembrando a exploração agrícola local e a criação de ovelhas, Collaud utilizou elementos de lã para criar os objetos, numa alusão ao toque. Além disso, para explorar o paladar, o VM criou um souvenir que consiste em uma sopa de ervas aromáticas que também revela os sabores da região numa receita de família que se renova conforme as estações do ano. Desta maneira, tomando como referência os elementos básicos do merchandising sensorial, a família Julen de Zermatt conseguiu elaborar uma coleção sensorial que condiz com seu passado e sua história, rememorando seus hóspedes de forma efetiva e garantindo o poder da experiência vivida.


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Reportagem Hermès

O Oriente

reinventado

Fotos: stéphanie moisan pour le journal des vitrines

Por Sylvia Demetresco*

Dona de um senso estético e uma imaginação que extrapolam os limites do luxo, mostramos aqui o perfil de Leila Menchari, diretora criativa das vitrines da Hermès

Leila Menchari, diretora responsável pelas vitrinEs da Hermès há mais de 30 anos, é uma criadora de sonhos. Mulher sofisticada e multicultural, nasceu na Tunísia, em Hammamet e sempre viveu no mundo da criação, pois estudou Artes Plásticas em Tunis, cidade em que encontrou o pintor Cocteau, o cineasta Visconti e o escultor Giacometti. Seu pai era júri em Tunis e sua mãe bisneta do sultão de Touggourt. Em 1940, estava em Paris e se inscreveu por acaso na Escola de Belas Artes. Depois de algum tempo foi chamada a cursá-la, coisa inédita na época para uma tunisiana. Fez a Escola de Belas Artes de Paris onde foi colega de Azzedine Alaïa e sua primeira criação foi um jardim de flores de couro. Desde então, a cada nova vitrine da Hermès, no endereço 24 Faubourg Saint Honoré em Paris, ela faz cada passante se deliciar frente às cenografias e sonhar. Desde 1978, ela já criou mais de cem temas nas vitrines desta marca luxuosa 50

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e cada uma é uma viagem. A mais famosa das tantas cenografias desta marca é uma em forma de triangulo na esquina, que tem 12m² e é sempre o apogeu de sua mente inventiva e a que faz todo mundo parar. Das formas da cidade de Paris à história de Bizancio, das ruínas de Cartago às savanas africanas, esses universos são sempre fantásticos, carregados, cheios de elementos como mármore, animais, sedas e veludos, metais trabalhados, madeiras retorcidas a tal ponto que os próprios produtos expostos se perdem na decoração, mas são sempre muito especiais. Cada mudança de vitrine a deixa angustiada, pois suas palavras são: “Não é para vender, é para sonhar que crio”. Em cada montagem além do sonho e mensagens lúdicas, ela procura dar uma sensação diferente, de modo que tudo serve de referência para esta artista que transcende seus limites e encanta a cada cenografia que cria. *Sylvia Demetresco é cofundadora do IMB – Instituto Merchandising Brasil imagensurbanas.com.br

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bicicletas

Varejo sobre duas rodas As bicicletas ganharam status e vem ocupando as cidades como símbolo de

forma menos agressiva de transporte. Por onde andam essas pessoas e o que vem sendo feito em termos de varejo é o que você confere a seguir Da Redação 52

Fotos: Hélio Siqueira

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fotos: divulgação

Especial


Já faz tempo que a famosa “re-invenção da roda” vem dando sinais de tendência de consumo. Por todos os lados começam a surgir pontos de encontro para as pessoas que resolveram adotar a bicicleta como meio de transporte e também como estilo de vida. São bares, restaurantes, oficinas e coletivos que visam gerar conhecimento e promover a causa através do crescimento mútuo, oferecendo palestras, workshops e espaços para a discussão do tema e recreação. No Brasil, algumas empresas já investem neste lifestyle, interagindo com este público de forma despretensiosa e criativa.

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Entre drinks e bikes Tag & Juice Localizada no Beco do Batman, centro da cultura street na Vila Madalena, a Tag & Juice é um misto de loja, bar, restaurante e oficina de bicicleta. Lá é possível encontrar (quase) tudo para levar uma vida de ciclista e fazer parte desse clube. São livros, revistas, peças de bicicleta, obras de arte, roupas e acessórios, todos ligados de alguma forma ao universo dos ciclistas. Nas araras é possível encontrar marcas gringas e destaques nacionais como a Subnuvem, marca que utiliza a alfaiataria aplicada aos movimentos das roupas esportivas. Na arquitetura, tijolos aparentes, concreto, madeira de demolição e objetos garimpados dão o tom contemporâneo do espaço que conta com uma galeria de arte aos fundos. Para os criadores da loja, Pablo Gallardo e Billy Castilho, a ideia foi criar um espaço que celebrasse a cultura urbana o tempo todo. Por isso, a dupla sempre realiza eventos relacionados e convida as pessoas a utilizarem o lugar como plataforma para os mais diversos projetos, comprovando o carater participativo e multicultural do negócio.

Onde: Rua Gonçalo Afonso, 99 – Vila Madalena – São Paulo/SP Funcionamento: de terça a sábado, das 11h às 20h Info: 11 2362 6888 tagandjuice.com.br

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Todo o mobiliário e decoração do espaço foi pensado exclusivamente pelos dois criadores, gerando uma atmosfera aconchegante e convidativa

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Especial bicicletas

No mix de produtos, marcas consagradas do ramo das bicicletas dividem espaรงo com novos designers e objetos garimpados, garantindo o frescor da loja

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Ben Brannan

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falando de bikes

fotos: divulgação

Cycle Lab / Look Mum No Hands!

Londres, UK

Mania pelas ruas de Londres, os bike-cafés, como ficaram conhecidas essas oficinas e lojas de bicicletas que se converteram em espaços de encontro e cafeterias, são um novo modo de unir cliente e produto em um ambiente super descontraído. Localizada no Clerkenwell, a Look Mum No Hands! é um bar-café super charmoso e leva consigo a ideia de que é possível viver melhor em um mundo com menos carros. Com preços acessíveis, o mote principal do local é a integração e reunião com os amigos, seja para assistir a uma corrida de bicicletas ou para trocar experiências sobre a vida com as magrelas. No espaço, os visitantes podem comprar peças e acessórios, assistir a palestras ou mesmo passar um tempo ali desfrutando do wi-fi. Já o Cycle Lab conta com um bar de sucos frescos e com um pequeno restaurante orgânico. No espaço é possível comprar bikes, acessórios e realizar pequenos consertos com mecânico disponível o dia todo. Para os mais interessados, são oferecidos workshops e laboratórios práticos sobre a mecânica das bicicletas, com aulas cobradas por hora. A invensão desses bike-cafés é, na verdade, a intensificação do que vem acontecendo no varejo: a proliferação de espaços comerciais que se converteram em mais do que prateleiras com produtos, mas em ambientes cheios de identidade e que provocam a participação direta do consumidor final.

Info: cyclelab.com lookmumnohands.com

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Especial bicicletas

Um mundo cheio de estilo Não importa como você usa sua bicicleta no dia a dia ou somente por lazer – os adeptos das magrelas gostam de inovar na produção, no design e nos acessórios. Fizemos uma lista das novidades que está conquistando os bikers mundo afora

Releitura do vintage Quando Kara Ginther resolveu esculpir os selins da bicicleta que ela montou para o projeto de um museu móvel ela não imaginava que eles iriam ganhar as ruas. Em parceria com a Brooks Saddles, a artista plástica oferece o serviço de customização que permite com que cada selim seja único. Todo o universo da artista gira em torno de formas geométricas com inspirações na arquitetura árabe e se estende também às bolsas e alforjes da marca. Tudo sob encomenda. karaginther.com

O iPod das bicicletas Pesando menos de seis quilos, a A-bike inova pelo design e por sua facilidade em ser montada e desmontada conforme a necessidade do usuário. Visando a mobilidade, a bicicleta foi construída com ligas resistentes de alumínio e fibra de vidro viabilizando a estabilidade e o perfeito equilíbrio durante a pedalada. a-bike.co.uk

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Funcionalidade fashion

A marca dinamarquesa Yakkay desenvolveu uma coleção de capacetes para quem não quer perder o estilo enquanto pedala. Para isso, a marca criou uma espécie de capa que cobre a peça original com diferentes cores e texturas, permitindo ao usuário uma série de possibilidades para alinhar o outfit a cada situação. yakkay.com

Pensando na mobilidade que uma roupa esportiva deve oferecer, Paul Smith criou em parceria com a Rapha, marca especializada em roupas e acessórios para ciclistas, peças cheias de estilo. São luvas, lenços, camisas, casacos e calças totalmente adaptados à prática do esporte. rapha.cc

Quando o design importa

fotos: divulgação

Pedalando com estilo

Inspirada no design das bicicletas antigas, a marca dinamarquesa Velorbis preza pelo transporte verde e convida seus usuários a usarem a ferramenta com estilo. Pelo site da marca é possível selecionar o modelo e agregar acessórios para deixá-la ainda mais cool.

velorbis.com 01 | Shop Talk Magazine

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Pelo mundo londres

O clássico chic A Shop Talk Magazine em parceria com o blog Giffiting. com visitou as ruas de Londres para trazer clássicos das vitrines que prometem invadir a próxima temporada Fotos: Gifitting.com*, de Londres

Mimetismos

Alexander McQueen Nas vitrines da Alexander McQueen, os manequins saltam de uma plataforma inspirada nas camuflagens da coleção. O uso de renda sobre o rosto dos manequins também se revela como tendência, já que muitas marcas apostam na customização e reaproveitamento de equipamentos antigos para dar vida aos novos personagens que ambientam as vitrines. A iluminação museográfica utilizada também vem de encontro à atmosfera criada dando ar de curiosidade à montagem. Uma vitrine simples, clássica, com poucos elementos e impactante ao final, como tudo da marca. 62

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O uso de adereços que possam dar cara nova aos manequins virou mania nas vitrines internacionais. Rendas, desenhos, adesivos, estampas, tudo serve de inspiração para cobrir o rosto dos bonecos e dar um ar de novidade à produção


Chanel Tons pastéis e austeros compõe a cartela de cores da coleção Chanel e são revisitados em forma de aquarela na vitrine da marca. Elementos de estética bucólica quase hippie invadem a atmosfera nostálgica da apresentação através do painel que reveste o fundo. A ausência de grandes cenografias deixa o tom final da montagem para o posiciomento dos manequins, sempre muito impecáveis.

Leveza e sobriedade da aquarela nas vitrines da Chanel

Todo o mobiliário e decoração do espaço foi pensado exclusivamente pelos dois criadores, gerando uma atmosfera aconchegante e convidativa 01 | Shop Talk Magazine

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O uso de imagens são tendências confirmadas

prada Ligada no que já vem permeando muitas vitrines espalhadas por todo o mundo, a Prada aposta no uso de material publicitário e imagens de campanha para ambientar seus espaços cenográficos, tendência clássica dos anos noventa. Sempre icônica, a marca lança mão dos blocos de cor para dar vida à montagem, como é o caso do fundo laranja escolhido para dar suporte ao painel publicitário. Aqui, o foco do manequim é no realismo, com destaque para a impecável produção de perucas e maquiagem criadas especialmente para a situação. (Veja o detalhe do lábio). 64

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Louis vuitton

LV abusa do surreal em suas vitrines

Na montanha russa da Louis Vuitton só não entra quem não quer. Essa é ideia por trás das cenografias surreais criadas para ambientar as suas vitrines. Sem perucas e sem poses habituais, os manequins são os ícones principais da montagem, que tem forte apelo para o styling e para recursos que inspiram a venda casada e o cross merchandising dentro de uma história extremamente envolvente e com cara de mistério. Apesar da falta de expressão nos rostos dos manequins, os movimentos criados inspiram a compra e a visita à loja.

Detalhe dos manequins envernizados

*Gifitting é um site de street culture que revela fotos semanais das ruas de Londres gifitting.com

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Pelo mundo são paulo

Glamour necessário Foco do mercado de moda no país, São Paulo segue o exemplo internacional e investe cada vez mais em vitrines cenográficas para agradar o cliente Fotos: Rogério Wolf*, de São Paulo Deixar a vitrine de lado ao planejar o orçamento anual já não faz parte da realidade de várias empresas brasileiras que começaram a perceber nesta ferramenta uma grande fonte de retorno quando a questão é atrair novos consumidores para as lojas. Ligados na expansão internacional do país, vários varejistas já apostam em vitrines exuberantes para agradar o visual dos clientes. Vale a inspiração de todos os lados, seja das tendências internacionais, ou em temáticas nacionais, como os florais. Tudo é válido. Nas lojas do Brás e Bom Retiro o investimento em cenografia aumentou nos últimos anos, revelando um aumento do volume de entrada e, consequentemente, no crescimento do nível de vendas, provando sua importância para o setor. *Rogério Wolf é editor do blog Vitrine RG vitrinerg.blogspot.com

Antix e o romantismo Localizada no Bom Retiro, a Antix traz sempre o frescor da juventude em sua criações. O trailer criado para a cenografia conversa diretamente com a campanha publicitária criada para levar a história da coleção.

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Tendência confirmada na última temporada internacional, os maxi displays já aparecem nas vitrines tupiniquins. Os papéis de parede e elementos que simulam o surreal também são temas que aparecem em diferentes momentos

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Por Lise Aebersold, de Berlim

Um inverno estampado Sob o olhar cuidadoso da Vimer - Experience Merchandising, as vitrines do preview outono/inverno da C&A saltam aos olhos e anunciam as nuances da nova coleção disponível em sua loja-conceito Com base em uma alusão onde os manequins parecem ter sido extraídos do fundo das vitrines, a montagem criada pela equipe Vimer abusa dos efeitos de profundidade. A ideia do projeto foi permitir ao público a sensação de antecipação, de estar à frente, exatamente como este lançamento é – o que será da moda nas próximas estações. Seguidos pela frase “C&A antecipa as tendências de outono/inverno”, manequins adultos e infantis foram usados em várias poses para conferir ao aspecto visual uma alta dose de movimentos e situações. Cada vitrine recebeu uma padronagem diferente, todas referentes a alguma parte da coleção da rede C&A em todo o país. Entre as estampas utilizadas, florais e temas geométricos dividem espaço com o animal print para dar vida aos produtos. 01 – Shop Talk Magazine

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Pelo mundo nova york

Tecnologia simplificada Centro da energia e movimento, NY continua cheia de facetas e novidades. Para esta temporada, muitas texturas, cores fortes e fluo invadem as cenografias das vitrines. Fotos: Fábio Costa*, de Nova York

Seja através de grandes cenografias ou da exploração da simplicidade, as ruas de Nova York revelam nuances e reflexos das novas coleções que estão permeando as temporadas internacionais. Pelas estreitas ruas do Soho nova iorquino criatividade é o que não falta. As marcas investem pesado em cenografias simplificadas que remetam a tons futuristas e que abusam dos recursos da iluminação. Destaque também para os displays em metal e para montagens que simulam os contrastes entre os estilos. O elemento erótico também não podia faltar. Destaque da estação passada, os cenários sensuais continuam com tudo, mesmo quando o foco não é vender lingeries e congêneres. O importante é provocar as sensações. *Fábio Costa é diretor criativo do projeto Lébi lebi.com.br

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Adidas Para a nova coleção, a Adidas apostou no uso de elementos fluorescentes para criar a trama optical art que ambienta a vitrine, apresentando os produtos em um contexto que evoca a imaginação

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O animal print volta com tudo nas peças da nova estação. Destaque para a Luis Vuitton que apostou na simplicidade dos adesivos para ilustrar as vitrines

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berlim Pelo mundo

Sabores

e cores

Através do uso das cores das embalagens e de seus sabores, a chocolateria Ritter Sport de Berlim conquista chocólatras de todas as idades com a sua cenografia Por Lise Aebersold, de Berlim

Baseada naquilo que os estudiosos chamam de retailment, ou entretenimento do varejo, a Ritter Sport ganha seus consumidores promovendo essa brincadeira e descontração dentro do PDV. As pilastras do ambiente foram transformadas em grandes pilhas de barras de chocolate que imitam as disponíveis nas prateleiras ao redor, fazendo com que adultos e crianças se sintam dentro de uma grande fábrica. *Lise Aebersold é editora do blog homônimo liseaebersold.blogspot.com

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Pelo mundo paris

Decadence avec elegance

Fotos: stéphanie moisan/le journal des vitrines

Inspirados na nouvelle vague francesa, a Printemps traz para seu interior uma história cheia de mistério com direito a espaços secretos e sensualidade brasileira de Ana Beatriz Barros

Para receber a nova coleção primavera/verão 2011, a loja de departamentos francesa Printemps inaugurou uma exposição em pareceria com Bettina Rheims e Serge Bramly que inclui imagens e vídeos trasladados diretamente para as vitrines do magazine. A brasileira Ana Beatriz Barros, heroína da campanha, encarna uma mulher que cai do céu e pousa diretamente sobre o teto da loja com a missão de roubar a Torre Eiffel. As imagens geradas, todas em preto e branco, traduzem o universo das marcas trabalhadas no interior da Printemps 74

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e sugerem um ar de mistério que pode ser visto nas nove vitrines que foram criadas para receber a campanha. Cada cenografia é inspirada em uma imagem que leva o styling de cada marca associada. Os diversos momentos da história vão sendo evidenciados à medida que o interlocutor vai mergulhando nas vitrines, que acabam por completar a história que se alonga pelo magazine. O resultado final é instigante e rememora os tempos áureos do cinema francês, com cenas que lembram o decadence avec elegance parisiense com pitadas de surrealismo.


Imagem na vitrine Lançando mão de um recurso que vem sendo utilizado em algumas vitrines, a Printemps traz imagens em preto e branco, revelando o glamour quase velado de sua campanha

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Pelo mundo barcelona

Barcelona heat Anunciando o fim do inverno do hemisfério norte, as ruas da capital catalã revelam cores e texturas da próxima estação sob o olhar de Marta Martínez do blog Nuevos Escaparates. Fotos: Marta Martínes*, de Barcelona

Barcelona é a capital da diversidade e também o destino predileto dos turistas europeus durante o verão. Nesta época, quando o inverno vai deixando as ruas, a cidade se ilumina. Das áreas de luxo ao comércio bairrista, tudo fica mais colorido quando chega o calor. Nas vitrines da Chanel do Passeig de Gracia, o vermelho já anuncia o que está por vir: cores quentes em diversas texturas exibindo contrastes clássicos do verão. *Marta Martínes é editora do blog Nuevos Escaparates nuevosescaparates.blogspot.com

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Vinçon Especializada em móveis e objetos para casa, a Vinçon é visita certeira para os VMs de plantão. Sempre com encenações que fogem dos clichês e tendências gerais, a vitrine da nova coleção simula uma instalação de arte vigiada por curiosas câmeras.

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DNA Brasileiro infinitta

Móveis

estilo próprio com

Reaproveitamento, reutilização, foco no meio ambiente e não à mesmerização. Esse é o foco da marca carioca Infinitta Design.

Da Redação

Localizada no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, a Infinitta Design é uma loja que foge completamente dos padrões convencionais. Como o próprio slogan do espaço já diz, decoração com expressão, os produtos vendidos são feitos artesanalmente e de forma única, para dar ao cliente a exclusividade, charme e estilo que ele tanto procura. Seguindo o conceito de trabalhar o descartado de forma nada clichê, a Infinitta abusa do conceito reutilizável. Com muita referência, os designers desenvolvem peças cheias de apelo emocional, pois cada produto carrega consigo humor e personalidade, muito diferente das peças que são produzidas em larga escala e para consumo imediato. Na charmosa loja da marca, é possível encontrar mesas antigas com tampo de carretel, uma mala que virou criado-mudo ou até mesmo uma mesa de centro feita com caixas de bacalhau. Ou seja, ali tudo ganha uma nova forma de utilização. Outro serviço oferecido pela Infinitta é o desenvolvimento de projetos exclusivos, com ambientação e criação de objetos e mobiliários que se diferenciam pela originalidade e uso inusitado de processos, técnicas e materiais. As embalagens da loja também merecem destaque: as sacolas são todas de outras lojas, que passam por um processo de “interferência”, que não precisam necessariamente esconder o nome da marca original. 78

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divulgação

As embalagens levam o conceito sustentĂĄvel e vĂŞm ao encontro do tema proposto pela Infinitta Design: o reaproveitamento. Estampas com motivos florais e arabescos transformam as sacolas reutilizadas em verdadeiras obras de arte 01 | Shop Talk Magazine

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A ideia de reaproveitar as embalagens vem ao encontro da proposta da loja e faz jus ao seu modo de operar, trazendo certa consonância nas ações da marca. O produto, que já é reaproveitado de alguma forma, é transformado e transportado em uma plataforma que também é reutilizada e é esse o entorno e o diferencial da Infinitta. Na casa da Rua das Palmeiras, o ar paradoxal de simplicidade requintada se sente desde o lado de fora, onde a fachada com cara de casa de vó convida os transeuntes a darem a meia volta e retornarem para desfrutar o mar de encantamento que os espera do lado de dentro. Na escadaria que dá acesso ao interior, o barulho de madeira rangendo rememora os ares de infância e estrofes de poesias e pequenas frases fazem a ambientação dos degraus. 80

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Multidisciplinar, a Infinitta também aposta na colaboração com outras marcas, como é o caso das também cariocas Farm e Redley, para quem a empresa desenvolveu displays personalizados para ambientação interna das lojas, levando sua identidade para os clientes destas marcas. O mais legal, porém, é o ar agradável e receptivo da casa, que além de convidar para uma estadia mais prolongada ainda conta com eventos semanais que têm o objetivo de promover a interação entre clientes, produtos e marca, focando no estabelecimento de vínculos diretos com o público principal. Geralmente aos sábados os clientes são recebidos com refrescantes caipirinhas para espantar o calor da cidade e são convidados a desfrutarem do ambiente como se estivessem na casa de amigos.


Foco nos detalhes Com peças que focam o uso de diferentes materiais, a Infinitta Design explora a semântica das cores e o jogo de estampas nas suas criações, sempre buscando elementos que tragam novidade ao design antigo. Detalhes como estampas localizadas são muito utilizadas para compor as poltronas e cadeiras, principalmente.

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Jornal des vitrines/divulgação

Last Shot

Corner da marca francesa Chanel para a multimarcas Colette, em Paris. A vitrine remete a uma garagem rocker, com uma instalação que mescla moda, música e artes plásticas. expediente

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Diretoria • Alvise Lucchese Daniel Fonseca

Paulino, Dolores Nocito, Fábio Costa, Helio

Redação final • Daniel Fonseca

Siqueira, Lisi Aebersold, Marta Martínez,

Revisão • Rafael Moretti

Rogério Wolf e Sylvia Demetresco

Direção de arte • Alvise Lucchese

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821 • Shop Fotografia Talk Magazine | 01 Ano 1 • Nº • Hélio Siqueira e Daniel Fonseca

abril/maio 2011

Participaram desta edição • Adriano

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