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à sombra do flamboyant

TAKEO SAWADA

à sombra do flamboyant TAKEO SAWADA

curadoria

CARMO MALACRIDA

VALÉRIA PRATES GOBATO

VALQUÍRIA PRATES

flamboyant como metáfora

As intersecções entre arte e educação poderiam adotar o flamboyant como metáfora fértil. Árvore cujo emaranhado dos galhos, folhas e flores forma uma das sombras mais frescas de que se pode desfrutar e, ao mesmo tempo, um dos coloridos mais exuberantes que se possa fruir, ela oferece sugestões promissoras para pensar a articulação de processos artísticos e educacionais. À distância, em volta e debaixo de um flamboiã, as pessoas descobrem circunstâncias próprias à contemplação, à desaceleração, à permanência, ao bem-estar e ao encontro, podendo fazer da experiência estética uma oportunidade educativa – e vice-versa.

Considerada nesses termos, a figura do flamboyant empresta suas alusões ao legado de Takeo Sawada (1917-2004), artista e educador nipo-brasileiro atuante na região onde se situa a cidade de Presidente Prudente (SP). Múltiplo em suas criações pictóricas e poéticas, obstinado em suas iniciativas pedagógicas, esse imigrante japonês de histórico agrícola – para quem “Na infindável viagem, floresce vermelho o Flamboyant”, como versa seu haicai mais citado – foi amante das paisagens e cultor das palavras, além de educador e incentivador das novas gerações. Assim como se dedicava à aquarela, à poesia e aos seus diários, Sawada colaborou com a implantação de uma escola rural, lecionou japonês e ministrou por décadas um curso de artes plásticas, fundado por ele, voltado ao público infantil.

Nutrindo intercâmbios com o Japão e facilitando a exibição de trabalhos de seus alunos nesse país, o agente intercultural personificado por esse ex-lavrador protagoniza o projeto “Infindável Viagem: Takeo Sawada”, uma realização do Sesc. Como indutor de conexões entre matrizes e práticas culturais diversas, trata-se da oportunidade de desdobrar situações artísticopedagógicas de uma herança abrigada na sombra de um flamboiã.

DANILO SANTOS DE MIRANDA, DIRETOR DO SESC SÃO PAULO

MARÇO/2023

à sombra do flamboyant

Na infindável viagem floresce vermelho o flamboyant

TAKEO SAWADA

TEXTO ESCRITO A PARTIR DA PESQUISA

REALIZADA POR CARMO MALACRIDA

E ADRIANA PEDRASSA PRATES SOB

ENCOMENDA DO SESC THERMAS DE

PRESIDENTE PRUDENTE.

Infindável viagem que começa em 10 de julho de 1917 – um dia quente de verão, com muitos insetos barulhentos, conforme relato da tia do menino que, nesse dia, nasce em Yuki-shi, cidade próxima a Tóquio.

Menino que, aos dez anos, perde a mãe e encontra conforto no futon feito com o quimono dela pela avó e no estojo de pintura, dado pelo pai.

O menino já não é mais criança e, aos 17 anos, desgostoso com o segundo matrimônio do genitor, segue sua viagem. Sob o lamento das cigarras e o grasnar das gaivotas, embarca em Kobe no “África Maru”, partindo para uma terra de sonho, o Brasil, onde aporta cinquenta e sete dias depois.

Do navio para o trem, de Santos a Rancharia: é lá, na cidade em que residem os familiares que haviam imigrado anteriormente, que Takeo avista pela primeira vez a rubra flor do flamboyant. Em terra

firme, a terra de sonho é solo a ser cultivado, yama. Takeo trabalha na lavoura do café e do algodão, torna-se arrendatário e, depois, proprietário rural. Nesse ínterim, do Japão, chega a jovem Tiyo com uma carta: seu irmão pede ao amigo Takeo que cuide dela. O amigo morre na guerra; Takeo, aos 22 anos, atende ao pedido e casa-se com Tiyo, com quem tem seis filhos.

Para as crianças, as suas e as de outras famílias, Takeo constrói uma escola, leciona japonês e pintura – atividade que volta a exercer em meados da década de 1950. Se outrora Takeo era o discípulo do Mestre Kenji Tamura, o menino que recebeu o Prêmio Imperial na Exposição Nacional de Pintura Infantil, agora é um artista de inspiração impressionista; é o Sensei que, ao longo de três décadas, ensina a mais de quatro mil crianças o valor de se expressar livremente por meio da arte.

“Minha vida, as montanhas e os rios que atravessei, foram sempre inusitados”, declarou Sawada. Mesmo posta a travessia da existência física, em 18 de maio de 2004 – quando morre em um acidente de automóvel, a caminho de um concurso de desenhos em que seria jurado – Sawada recebe láureas, como a Honra ao Mérito Kasato Maru, conferida a apenas 130 japoneses, já falecidos, quando do centenário da Imigração ao Brasil (2008).

Infindável viagem. O flamboyant, que empresta seu nome a um livro de poemas da autoria de Sawada, publicado no ano de 1990, continua a florescer.

À sombra do flamboyant nos reunimos nesse momento para aprender com Takeo Sawada –artista, educador – a olhar de forma sensível para a beleza que há no outro e no mundo.

“Eu estava embriagado com a impressão daquela flor vermelha e pensei: Finalmente cheguei ao Brasil, tão distante!

Gritei de emoção.”

TAKEO SAWADA

TAKEO SAWADA

coração grande

A segunda onda de imigração do Japão para o Brasil (1932-1936) teve impacto na disseminação da cultura japonesa em diferentes locais do país, especialmente em regiões rurais. A organização de comunidades, assim como a fundação de escolas e clubes contribuíram para o fomento às tradições japonesas, por meio dos esportes e das festividades.

Neste sentido, Takeo Sawada foi um dos grandes colaboradores, a começar pela construção de uma comunidade escolar no Bairro Guarujá, em Presidente Prudente (SP), e mais tarde pela divulgação e circulação dos trabalhos de seus alunos em exposições de arte infantil.

A dedicação à terra, às artes visuais e ao ensino da língua e da cultura japonesas foi um exercício constante de partilha, com reverberações locais e no contexto de uma rede de comunidades nipônicas no Brasil que estabeleceu trocas com o Japão.

Suas vivências e modos de interação com a natureza e a arte sintetizaram as influências de um ideário que misturou traços budistas e impressionistas de contemplação, com o “coração grande”. Takeo Sawada dedicou-se à pintura e à escrita de poesias durante toda a vida como uma forma de expressar e tornar públicos traços de sua sensibilidade por meio da criação com palavras e imagens.

TAKEO SAWADA EM SUA RESIDÊNCIA NO BAIRRO DO GUARUJÁ, EM PRESIDENTE PRUDENTE (SP) Década de 1950

1956
ÁLBUM DO SÍTIO DO GUARUJÁ

ESCOLA E CENTRO CULTURAL DA COMUNIDADE JAPONESA DO BAIRRO RURAL DO GUARUJÁ

Década de 1950

COM MEEIROS EM SEU SÍTIO NO BAIRRO RURAL DO GUARUJÁ 1951

EM SEU SÍTIO NO BAIRRO RURAL DO GUARUJÁ

Década de 1950

BAIRRO DO GUARUJÁ

DÉCADA DE 1950

Takeo Sawada

SÍTIO DO GUARUJÁ

Takeo Sawada

CARTOGRAFIA DO DESLOCAMENTO DO JAPÃO ATÉ O BRASIL Takeo Sawada
CARTOGRAFIA DAS VIAGENS DE TAKEO SAWADA AO JAPÃO 1933, 1976 E 1992
SEM TÍTULO
AQUARELA SOBRE TELA 1963
Takeo Sawada

Takeo Sawada

MEU SÍTIO AQUARELA SOBRE TELA
1967 - 1969

vontade você

Para Takeo Sawada, a criança é protagonista e autônoma nos processos de aprendizagem e criação. Em suas práticas, respeitava as vontades e processos individuais, oferecendo orientação. A coleção de arte infantil e as imagens de ateliês ao ar livre demonstram seu cuidado com o fazer artístico e com uma espécie de educação do coração e da sensibilidade, que se faz presente em um conjunto de princípios pedagógicos por ele defendidos. Conforme trechos de escritos do artistaeducador Sawada Sensei.

TAKEO SAWADA COM AS FILHAS DO SR. OSEKI, NA VILA MARCONDES, EM PRESIDENTE PRUDENTE (SP), EM 1973

Ibaragi Oseki

DESENHANDO AO AR LIVRE COM SEUS ALUNOS DA LUMBINI GAKUEN, EM PRESIDENTE PRUDENTE (SP)

TAKEO SAWADA

EM SUA SALA DE AULA

“O que eu faço é apenas mostrar aos meus alunos uma direção, a direção da arte, onde eles podem expressar, com sensibilidade e liberdade, as coisas boas que eles têm dentro de si.”

“Deixo as crianças à vontade, um é diferente do outro. Não fazem cópias, tudo igual não é arte. Eles têm toda a liberdade de realizar o que gostam.”

“A pintura das crianças tem sensibilidade, imaginação boa e muita originalidade. Elas demonstram o coração, a alma da criança do Brasil.”

“Não interfiro nas composições das crianças, sempre falo para elas pintarem o que elas gostam, o que está no coração.”

DESENHOS DE ALUNOS DE TAKEO SAWADA

“Deixo as crianças livres para criar, forneço apenas pequenas orientações e a grande obra de arte surge.”

“É difícil explicar para as crianças na sala de aula sobre o que elas não conhecem, fiquei emocionado com a possibilidade da educação prática.”

“Não pode copiar nada e não pode virar bagunça, mas aos poucos vou ensinando sem interferir no processo de criação.”

“O importante é a criatividade, a imaginação natural; não ensino copiar. Cópia não é arte, se não fica toda a vida imitando.”

DESENHANDO AO

AR LIVRE COM SEUS

ALUNOS, NA PRAÇA

9 DE JULHO, EM

PRESIDENTE

PRUDENTE (SP), EM 1982

TAKEO SAWADA

EM SUA SALA

Paulo Miguel

PASTA COM

FOTOS DE SUAS

AULAS EM

PRESIDENTE PRUDENTE, ÁLVARES

MACHADO (SP),

NAS BUNKYOS DE LONDRINA (PR)

E DOURADOS (MS)

Acervo Pessoal/ Takeo Sawada

bom, né?

Na segunda metade do século XX, a participação dos estudantes em concursos e exposições de artes era uma prática pedagógica consagrada em todo o mundo, conquistando muitas escolas de comunidades nipo-brasileiras dentro da perspectiva da construção da paz mundial pelo contato com as artes e o convívio entre as nações, nutrindo ainda um mesmo tipo de interesse que as vanguardas modernas tiveram na arte infantil como fonte de inspiração.

No Brasil, as pesquisas de Mário de Andrade e Herbert Head fomentaram o desejo de participação em exposições e concursos infantis locais, nacionais e internacionais, criando redes e circuitos que contavam com deslocamentos e viagens para a participação em encontros, bem como a realização de eventos

com programação de incentivo às práticas artísticas, exposições de arte feita por crianças, publicações, troca de correspondências e textos.

Sawada Sensei entendia estes concursos como uma oportunidade para os estudantes mostrarem publicamente seus trabalhos e terem contato com a produção de outras crianças, além de conversarem sobre arte e perceberem socialmente o valor do empenho como membros de um grupo de criação, ampliando o repertório cultural durante os processos de preparação de obras, seleção, inscrição e participação nas cerimônias de premiação que culminavam no reconhecimento individual e coletivo de cada grupo.

O minucioso trabalho de registro da participação de seus alunos em exposições pode ser estudado

4ª EXPOSIÇÃO DE ARTE INFANTIL DE PRESIDENTE PRUDENTE, NA ACAE, EM 1976

no arquivo que reúne a produção de Sawada. Em um universo de oitenta pastas, o professor juntou e diagramou fotos, textos, recortes de jornais e catálogos,

premiações e anotações que revelam posicionamentos, valores e visões de um mundo em constante transformação, percebido e elaborado pela arte das crianças.

TAKEO SAWADA E SEUS ALUNOS DE PITNURA E DE LÍNGUA JAPONESA, DESENHANDO DURANTE A 3ª

EXPOSIÇÃO DE PINTURA INFANTIL

DA ALTA SOROCABANA, EM PRESIDENTE PRUDENTE (SP), NO PALÁCIO DA CULTURA

DR. PEDRO FURQUIM, EM 1982

PREMIAÇÃO DA 10ª

EXPOSIÇÃO DE ARTE E PINTURA INFANTIL INTERNACIONAL DO JAPÃO, DURANTE A 4ª

EXPOSIÇÃO DE PINTURA

INFANTIL DA ALTA SOROCABANA, EM 1984

artista plástico impressionista

A produção de Takeo Sawada se manteve fiel à formação inicial de teor impressionista, buscando construir diálogos entre seu trabalho e o de artistas nipo-brasileiros no século XX.

Aliada a uma visão de mundo permeada pela contemplação budista, sua formação em artes passou pela orientação recebida do artista impressionista Kenji Tamura, ainda no Japão, durante sua adolescência.

Entre as referências herdadas do mestre, estão artistas impressionistas, pósimpressionistas e expressionistas, como Vincent Van Gogh (1853-1890), Claude Monet (1840-1926), Paul Gauguin (1848-1903), Auguste Renoir (1841-1919) e Amedeo Modigliani (1884-1920).

A produção artística de Sawada foi figurativa e impressionista durante toda a vida, abrangendo diferentes gêneros da pintura, com destaque para as paisagens, mas também com naturezas-mortas e autorretratos.

Em seus trabalhos, utilizou diferentes técnicas de pintura e desenho, explorando materiais como aquarela, tinta a óleo, grafite, pincel atômico, guache e pastel oleoso. Costumava fazer desenhos ao ar livre ou a partir de fotografias, posteriormente transformando-os em pintura em seu ateliê.

Entre as décadas de 1970 e 1990, Takeo Sawada participou de diversas exposições coletivas e salões de arte nacionais e internacionais, conquistando prêmios e reconhecimento de seu trabalho, bem como fortalecendo vínculos com outros artistas.

TAKEO SAWADA FOTOGRAFANDO NO RIO PARANÁ, EM 1979

LIVRO DO ARTISTA 1990

Takeo sawada

SEM TÍTULO

PINCEL ATÔMICO S/ PAPEL 1990

Takeo Sawada

LIVRO DO ARTISTA 1992 Takeo Sawada
1979
VISTA DE ÁLVARES MACHADO MISTA S/ PAPEL
AQUARELA
1981
PANORAMA DA ESTAÇÃO DE PRESIDENTE PRUDENTE E VIADUTO
SOBRE PAPEL
TAKEO SAWADA DESENHANDO EM FOZ DO IGUAÇU (PR), EM 1982

DESENHO

Takeo Sawada

DE FOZ DO IGUAÇU (PR) 1982
CROQUIS DE FOZ DO IGUAÇU AQUARELA SOBRE PAPEL 1982
CARAGUATATUBA AQUARELA SOBRE PAPEL 1986
PARANÁ GUACHE SOBRE PAPEL 1986
NORTE
MASSAGUAÇU GUACHE SOBRE PAPEL 1986
PRAIA
SEM TÍTULO GUACHE SOBRE PAPEL 1995
PANTANAL AQUARELA SOBRE PAPEL 1998
SEU ATELIÊ 2003
TAKEO SAWADA EM
Paulo Miguel

Nas artes não há fim, assim como na vida do homem. Portanto, a vida do homem seria uma arte, pois percorre no ermo da infindável viagem.

TAKEO SAWADA

SESC - SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO

Administração Regional no Estado de São Paulo

PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL

Abram Szajman

DIRETOR DO DEPARTAMENTO REGIONAL

Luiz Deoclécio Massaro Galina

SUPERINTENDENTES

Técnico-Social

Rosana Paulo da Cunha

Comunicação Social

Aurea Leszcynski Vieira Gonçalves Administração

Jackson Andrade de Matos

Assessoria Técnica e de Planejamento

Marta Raquel Colabone

GERENTES

Artes Visuais e Tecnologia Juliana Braga de Mattos Estudos e Desenvolvimento

João Paulo Guadanucci Artes Gráficas

Rogério Ianelli Difusão e promoção

Ligia Moreli Sesc Digital Fernando Amodeo Tuacek Assessoria de Relações

Internacionais Heloisa Pisani Sesc

Thermas de Presidente Prudente Fabíola

Gaspar das Dores

EQUIPE SESC

Ana Paula Ambrósio, Eduardo Gigante, Eliana Nunes Siqueira, João Roberto Vicentini, Juliana Okuda, Lirian dos Santos

Luiz, Luciano Carrasco, Nilva Luz, Regina Salete Gambini, Roberto Cristiano de Santana Santos, Roberta Santos Assef, Sidnei de Souza Cordeiro, Suellen de Sousa Barbosa, Thiago Zuniga Ferri

À SOMBRA DO FLAMBOIÃ

- TAKEO SAWADA

Pesquisa Adriana Prates Curadoria Carmo

Malacrida, Valéria Prates Gobato e Valquíria Prates Projeto gráfico Rafael Simões Fotografias e tratamento de imagem

Paulo Miguel e Estúdio Guarnieri Apoio Fundação Japão, Secretaria Municipal de Cultura e Secretaria Municipal de Educação de Presidente Prudente, TV Fronteira Traduções japonês – português Amanda Freitas, Carmo Malacrida, Emi Sawada Miyamoto, Helena Shimazaki, Jose Yamamoto, Mário Miyamoto, Masako Nagata, Takeo Sawada, Tiyo Sawada, Toshio Koketsu, Yoko Kashimoto

AGRADECIMENTOS

ACAE, Amanda Freitas, Ex-alunos de Takeo Sawada, Familia Laerte Bueno, Família Oseki, Família Sawada, Ken Kaneko, Maitê Perrone, Mariangela Marcondes, Neusa Mariko Koyama Yoshioka, Paulo Langeani, Reverendo Benjamin Watanabe, SPART cultural, Vinicius Panes Nakandakare, Viviane Rabelo

Em atenção à lei 9.610/1998, todos os esforços foram feitos para contactar as pessoas que aparecem nas fotografias aqui expostas, mas nem sempre com sucesso. Em caso de reconhecer-se nas fotos, pedimos por gentileza que entrem em contato com o Sesc Thermas de Presidente Prudente para regularizarmos o uso de direto de imagem.

Sesc Thermas de Presidente Prudente /sescthermas

sescsp.org.br/prudente

realização apoio

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