Sentidos 1, Maio 2013

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Maio 2013 Director Micael Rodrigues Editores Andreia Trindade Catarina Babo Colaboradores Permanentes Amelia P. Andreína Melo Miguel Ângelo D. P. Rui Costa Design Gráfico Ana Miguel Reis Copyright © 2013 • Sentidos • All Rights Reserved

Somos jovens num país para velhos, mas vivemos mergulhados em vontades alimentadas por sonhos que inundam o íntimo de cada um. Ora, como dizia o poeta, o sonho comanda a vida e por isso decidimos juntar-nos e criar este projecto. Sentidos é uma revista online de acesso gratuito que se debruça sobre os mais variados assuntos ligados às artes e à literatura, na tentativa de atingir dois grandes objectivos. O primeiro, mais de carácter pessoal, consiste na criação de um projecto que nos permita, de uma forma continuada e dinâmica, desenvolver capacidades que um trabalho deste género proporciona e requer. O segundo apoia-se na vontade de criar mais uma ferramenta que possibilite a divulgação de trabalhos feitos por novos artistas e novos escritores. Para a inauguração da Sentidos e respectivo lançamento do primeiro número, decidimos desenhar uma revista pequena, como que em forma de experiência, visto que é exactamente disto que se trata. Neste sentido, trazemos a esta edição as pinturas do pintor italiano, Roberto Caló e um texto da autoria de Marta Eusébio Barbosa, ambos integrados numa secção que denominámos de Novos Criadores. À divulgação destes talentos segue-se um conjunto de artigos sobre arte e literatura, um sobre as características da escrita do escritor norueguês Kjell Askildsen e outros dois sobre a relação das artes em geral e do cinema em particular com o seu público. Para finalizar trazemos uma secção mantida pela publicação de uma crónica que mistura um pouco de ciência com humor e um cenário apocalíptico. Mas a revista Sentidos não é apenas uma revista mantida por um conjunto de pessoas pré-denominadas para tal efeito. Pretendemos ser uma plataforma que permita a participação dos nossos leitores no desenrolar deste projecto. Desde o início da planificação da Sentidos que sempre pretendemos que esta fosse um espaço no qual todos pudessem contribuir com a apresentação de textos que se enquadrem na filosofia do projecto e com a sugestão de trabalhos, tanto artísticos como literários, a divulgar a edições posteriores. Assim sendo, fica aqui desde já o convite a todos para contribuírem connosco e que nos ajudem a alimentar o sucesso desta revista. O Director


Índice Página: 4

Novos Criadores: Roberto Calò por Catarina Babo

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Marta Eusébio Barbosa

com Tragédia de Amor em Três Pedacinhos de Acto

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Kjell Askildsen e o Desasossego dos Cães de Tessalónica por Micael Rodrigues

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É a Arte Elitismo Cultural? por Catarina Babo

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O Público Português e o Cinema como Força Transformadora por Miguel Ângelo D. P.

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Crónica: A Era das Baratas por Amelia P.

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Agenda

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novos criadores

Roberto Calò

Lux VI 2011 óleo sobre tela 60 cm x 80 cm

Figura grottesca 2012 óleo sobre tela 30 cm x 40 cm

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oberto Calò, pintor, nasceu a 9 de Novembro de 1985 em Palermo, Itália. Desde cedo soube que a sua formação profissional enveredaria pelo meio artístico, acabando por frequentar o Liceo Artistico Damiani Almeyda, na sua cidade natal e, no ensino superior, a Accademia di Belle Arte di Palermo, onde se licenciou em Pintura. Mais tarde, segue para a Accademia di Belle Arte di Carrara, onde adquire o grau de mestre em Pintura, em 2012. No ano de 2011, no âmbito do programa Erasmus, vai para Lisboa, onde procura aprofundar o estudo da anatomia e da representação da luz – questões muito presentes no seu trabalho. De uma técnica invejável, Roberto é frequentemente caracterizado como um pintor académico e tradicional. No entanto, apesar das grandes influências de Rembrandt, Rubens ou mesmo Caravaggio, Roberto Calò faz da tradição técnica um meio importante para a contemporaneidade do seu trabalho. Sendo um amante da luz, joga com o etéreo e o físico onde o limite entre entre corpo e energia se torna frágil. As suas figuras intemporais transportam-nos a um mundo místico onde não funcionam bússolas ou relógios e cada um segue o caminho que o seu imaginário lhe traça. O pintor consegue, através da luz, representar a vitalidade espiritual humana, criando, através da materialidade das suas telas, energia. É nesta energia que encontramos a arte de Roberto Calò. É esta a energia que faz dessa arte contemporânea pois, apesar da excelente destreza técnica tradicional, a obra do autor não termina aí. Termina apenas no momento em que a energia construída em cada pedaço de tela é sentida por cada um dos observadores. A sua obra torna-se, assim, espectral mais do que física. É esta a característica que confere à pintura de Calò tanta interactividade como a encontrada num nonsite de Smithson ou numa instalação de Tillmans, grandes nomes da contemporaneidade. Apesar de ainda escondido, este é um nome que promete muito ao mundo da arte e que, para quem se interessa ou estuda pintura, vale a pena conhecer.


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Senza Titolo 2012 Oleo sobre Tela 60 cm x 80 cm


Lux 2012 Ă“leo sobre tela 70 cm x 50 cm

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Tragédia de amor em três pedacinhos de Pedacinho de Acto I - Histórias

A luz apagou-se. Não sabemos mais onde podemos pisar sem rebentar uma mina anti-pessoal. O pano caiu para que a vida se desenrole na penumbra do palco onde os viandantes se multiplicam na vagabundagem de quem frustradamente procura um destino. Não sei se a rua está mesmo deserta, ou se já somos capazes de passar pelos outros sem os vermos. Vivemos sós na multidão que dá pão à solidão. Quando ando na rua e o meu ombro toca no ombro de quem passa ao meu lado, sinto o frio do granito que se alastrou do coração. O planeta aquece, as almas arrefecem. As duas pedras tocam-se e o fogo que nasce é fátuo... Não há luz na cidade. Os olhos habituaram-se à cegueira nocturna e, morcegos, passamos e andamos sem saber quem passou a andar por nós e nos tocou no ombro frio do granito. Gárgulas sem vida com hora definida. Porque se gárgulas clássicas, seríamos capazes de cortar o céu e de pedir à Lua que voltasse a iluminar e nos deixasse de mostrar essa face que, durante vidas, foi oculta. Tanta vontade de conhecer esse ilustre desconhecido, trouxe uma treva maior. Por vezes, a sabedoria está na atitude

de quem sabe ser feliz na ignorância. E os ignorantes que apagaram a luz da cidade, onde pertence esta rua, onde pertence este jardim, onde pertence este banco, julgam-se muito sábios neste progresso demolidor, de onde só nos podemos salvar em redomas de alma e de luzes pequeninas que temos que manter guardadas do vento e da chuva. A luz apagou-se em toda a cidade que, deserta, assombra a alma dos que não conseguem ver que há mais pessoas nas quais chocam, mesmo que esse choque lhes dê somente a impressão do vento que empurra o corpo para o passo atrás. As pessoas recuam, então, sem notar que o fazem. A cegueira e a força do vento fazem com que pensem que é para a frente que caminham. Mas não. Será que ninguém se apercebe que apagaram a luz na cidade? Será que não percebem que o vento os faz recuar? Será que não notam que chocam em ombros que também recuam sem saber que o fazem? Ninguém caminha para a frente, nesta cidade. A luz apagou-se. Não se sabe quando amanhecerá.


acto Pedacinho de Acto II - Amatorius

E, então, alguém me senta na varanda dos sonhos
 para que vislumbre, com a intensidade da aurora do amor, as pessoas que voam de um lado para o outro,
 na indizível pressa dos que não olham, ou até, na imperceptível dor quem não sabe olhar dentro
 das almas e não percebe que o amor é, também, calma. Se me debruçar, vejo-lhes os olhos, vejo-lhes as mãos, vejo-lhes a cor do crepúsculo. Desta varanda do onírico tudo é possível, tal como aos fantasmas que se sentam nela a ver o mundo do que já foram.
 Aproximo-me mais do peitoril rendilhado de sonhos cobardes e contemplo, com verdadeira minúcia de quem sabe como foi, aquelas almas que tendo tanto
 não o vêem. Para onde fugiu o Amor?
 Para onde fugiram as noites de vigia, para onde foram os abraços que gravam “a canivete, na casca do tempo,” as juras eternas do efémero; para onde correram
 os ventos de uma tempestade que a vida não sabe
 aplacar? Para onde? Para onde fugiste tu que eras noite, abraço, marca do efémero, vento e tempestade? Estás, quem sabe, no meio destes que também não sabem para onde fugiu o Amor. Mas não o procuram. Ou então procuram, mas não o vêem porque não sabem ver a alma, e os fantasmas já nada podem fazer a não ser contemplar o mundo desta varanda rendilhada de sonhos cobardes.

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Vês, além, ao pé da ponte, aqueles amantes que se despedem? Ele deixa-a para sempre,
 mesmo sabendo que quando lhe deu mão, na derradeira hora, foi o sangue dela que correu na sua mão e o
 seu sangue que ficou eternamente, naquele instante, a bombear o coração dela. Vês como ela chora ao sentir o coração puxado pelo fio que também ele segura? Porque foge o Amor de quem ama?
 E vês, naquela casa, do lado de lá do vidro,
 dois olhos negros que imploram ao tempo que passe
 e à rua que traga alguém?
 Espera em vão... porque o Amor fugiu
 e os olhos negros que brilham a cada sombra 
que passa na rua, são olhos que brilham no
 fulgor dos cristais das lágrimas da desilusão.
 Tu levaste o Amor, não foi? Levaste-o para onde
 só agora posso ver e para onde não posso ir. Encurralaste aqueles dois que estão no mesmo
 espaço, respiram o mesmo ar, mas não se vêem.
 As masmorras da alma separam o tempo de cada um
 e separam um do outro, sem pedir permissão
 às leis não constituídas do Amor que roubaste
 e levaste para longe daqui.
 Levaste para dentro de ti, sugaste o mundo e as
 cores da primavera e as pétalas das flores e o aroma do mar que me lavava a alma e as
 lágrimas.
 E foste tu quem me sentou aqui fantasma, nesta varanda onde a balaustrada são os meus sonhos,
 com os sonhos dos amantes e dos olhos negros. Sonhos cobardes que assim ficarão gravados nas pedras dos epitáfios das almas dissecadas até ao coração.
 Para onde levaste tu o Amor que não vem agora em auxílio dos penitentes que sobem a rua da
 tristeza e do vazio?
 Contemplá-los daqui é ver que tudo gira em torno
 do que agora não existe. Porque haverá sempre
 duas almas atadas, dois corações a bater
 numa só pulsação, duas almas que vendaste para que os seus olhos não se fixem
 e não seja o Amor a fugir de ti, desta vez.


Pedacinho de Acto III - Pietas

Não sei se a noite fechou as portas, nem se os lobos se barricaram nas luras da negrura deste mundo. Os rios correm, gentil cavaleiro, como sempre, como sempre correram. Apiedam-se as pedras do caminho, do viajante encapuçado
 que passa à vossa porta. Não há volta no caminho. Para a frente!
 Gritam as memórias. Sempre para a frente. O capuz que passou à vossa porta, gentil cavalheiro,
 já não tem pés que levem o corpo para a frente, no imperativo da memória. Quem sabe, nobre cavaleiro, a noite tenha fechado as portas e os lobos se tenham barricado. Nem eles quiseram ver a miséria da alma.

Marta Eusébio Barbosa

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Kjell Askildsen e o desassossego dos C茫es de Tessal贸nica


s Encontrei Kjell Askildsen durante um dos meus passeios semanais a uma livraria em Viseu. Naquela tarde decidi dedicar um pouco mais de tempo à secção de literatura traduzida e ao passar os olhos nos títulos e nos autores que ali se encontravam, o meu olhar fixou-se num nome em particular, num nome de origem germânica que se destacava de um enorme conjunto de nomes anglófonos e latino- americanos. Achei o nome curioso e decidi pegar numa das duas obras do autor que ali se encontravam. Era um livro pequeno e na capa apresentava uma fotografia de um conjunto de ciprestes, de tons escuros, com um céu cinzento como fundo. Em primeiro plano, o título: Os cães de Tessalónica. Comecei por folhear as páginas com o intuito de perceber melhor o que tinha ali entre as minhas mãos até chegar à pequena biografia do autor. «Norueguês!» exclamei para mim próprio. Nunca tinha lido nada que fosse escrito na Escandinávia e a minha curiosidade ficou ainda mais aguçada. Decidi, então, adquiri-lo. Kjell Askildsen nasceu a 30 de Setembro de 1929 numa pequena cidade costeira do sul da Noruega chamada Mandal. Considerado um dos mais importantes escritores escandinavos, Askildsen é um mestre contemporâneo do que

se denomina de narrativa breve, ou por outras palavras, do conto, e tem sido distinguido com vários prémios literários, dos quais se destaca o Swedish Academy’s Nordic Prize em 2009. Publicou a sua primeira obra no ano de 1953 intitulada de Heretter følger jeg deg helt hjem (não publicado em Portugal), que foi censurada na sua própria cidade natal devido ao seu forte conteúdo sexual, chegando ao ponto de o seu próprio pai queimar um exemplar no Parlamento Norueguês, do qual era deputado. Não se pode dizer que Askildsen seja um escritor muito produtivo visto que até hoje escreveu pouco mais de uma dezena de obras, mas estas têm sido traduzidas aos poucos em várias línguas. Em Portugal, apesar de um enorme esforço por parte da editora AHAB que publica os seus livros, apenas estão publicados três títulos, sendo que o último (Os Cães de Tessalónica), publicado nos finais de 2012, beneficiou do apoio financeiro do NORLA1. Para além desta, as outras duas obras publicadas em Portugal são Um Repentino Pensamento Libertador (2010) e Uma Vasta e Deserta Paisagem (2011). Os Cães de Tessalónica, publicado originalmente no ano de 1996, é constituído por sete contos, sendo que um deles dá o nome à colectânea. Ao longo destas pequenas narrativas

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o autor vai expondo o quotidiano de diversas personagens através de uma escrita bastante simples mas incómoda e de difícil digestão. Não temos descrições dos aspectos físicos que estas caracterizam. Apenas nos é transmitido o que lhes vai na alma e por vezes de uma forma bastante subtil. Esta inexistência de características físicas das personagens encarnadas por uma cuidadosa escolha de palavras por parte do autor é o principal ponto que distingue a sua escrita, denominada por muitos de minimalista – termo que ele rejeita prontamente por considerar que minimalista é aquela literatura que pouco ou nada diz. E de facto, é esta consciência de que a sua escrita tem muito a dizer sem poluir a nossa imaginação que mais atrai, pois permite-nos, a nós leitores, recriar os intervenientes a nosso belo prazer sem imposições, criando aquele mundo que de dentro de nós é expelido a cada instante. Utilizador de um estilo em que a economia de palavras é regra, com um tom seco e por vezes rude, Askildsen é capaz de cumprir com o seu grande objectivo como escritor: desassossegar. O desassossego que Askildsen pretende expressa-se através dos sentimentos escondidos

que todas as personagens dos vários contos vão alimentando em silêncio, quer no seio de complicadas relações familiares como de amizade. Elementos como o álcool e o tabaco surgem aqui como que uma ilustração da passividade aparente deste silêncio, mas ao mesmo tempo traduzem a forte inquietação dos fantasmas que assombram o interior de cada personagem. Conversas e atitudes que à primeira vista nos parecem absurdas, e mentiras, traições e desejos maquiavélicos escondidos são o culminar de toda a inquietação que reveste a solidão e a melancolia retratadas. Refira-se, por exemplo, o caso de uma das personagens do primeiro conto que deseja a morte da sua esposa só porque lhe apetece; ou como acontece noutra narrativa: dizer à companheira que vai visitar um familiar quando na verdade apenas sai de casa para passear e beber uma cerveja, como se a sua companhia lhe fosse incómoda. A estas situações acrescentase, ainda, o forte desejo de traição, e por vezes com tendências pedófilas, que se apodera do íntimo das personagens que comem com os olhos quem as rodeiam. É com uma aplicação de uma valente dose de humor negro e de situações dramáticas que


Magnus Stivi

Kjell Askildsen aborda a melancolia da vida, de uma forma rude, seca e crua e que decalca com determinação os podres de cada um de nós e a fraqueza da condição humana ao atirar o anzol e deixar o leitor a estrebuchar como um peixe fora de água.

Micael Rodrigues

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Norwegian Literature Abroad – organização sem fins lucrativos sob a tutela do Ministério da Cultura da Noruega que se dedica à divulgação internacional da produção literária norueguesa.

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É a Arte

Elitismo Cultur Como estudante de arte, surgem-me frequentes dúvidas sobre o que realmente é a arte e como ela se comporta socialmente. Neste texto reflicto um pouco sobre uma dessas questões – será a arte elitismo cultural? Todos os dias, nos processos de criação, ouço que não devo ser demasiado óbvia nas obras que crio, que é necessário muito estudo e uma boa base teórica. Aliás, tenho vindo a tornar-me tão teórica que já sinto que estudo letras em vez de belas – artes. Tendo isto em conta, é fácil pensar que a arte se torna restrita a um pequeno grupo social constituído por estudantes de arte, críticos, eruditos ou os próprios artistas. Se é tão intelectualmente complexo o processo de criação de arte, então como poderá um público sem formação específica compreender as obras? Este tem vindo a ser, para mim, um grande problema que me coloca num estado de dúvida até no que sei ou gosto. Quantos de nós já viram determinada obra e pensamos: o que é isto? Quantos são os que se sentem perdidos numa galeria ou num museu como se aquele fosse um outro mundo onde não pudessem entrar?


ral ? Será realmente necessário conhecer história, filosofia, ciência ou política para que se possa compreender a arte? Talvez sim. Talvez seja preciso o estudo de largos anos para que se possa compreender até as coisas mais simples na arte, como na vida. Tenho percebido que preciso de crescer para chegar ao essencial. Preciso da viagem para voltar ao ponto de partida e preciso do complexo para perceber o simples. Talvez seja assim com a arte. Talvez tenha de estudar muito para chegar à essência que só a pureza da infância consegue alcançar. Mas, a meu ver, - e sublinho que este texto é uma reflexão pelo que não tenho a certeza de nada do que afirmo – toda esta necessidade de beber de muitas fontes é necessária apenas no acto da criação, por parte do artista e não na recepção da obra. É certo que, se o público leu o que o artista leu, se viveu onde o artista viveu e conheceu ainda as mesmas pessoas, se aproximará mais do raciocínio do criador presente na obra. Mas não nos esqueçamos que a magia da arte se prende com a liberdade que esta dá a cada observador. Não nos esqueçamos que, cada sensação ou sentimento que determinada obra provoca depende de todas

as experiências vividas pelo público e são essas as experiências que determinam a interpretação de cada objecto artístico. Assim, erudito ou analfabeto, cada indivíduo tem em si todas as ferramentas que necessita para fazer parte do círculo da arte. Cada pessoa é válida nas avaliações, interpretações e sensações a que cada obra a leva. Tentando responder à questão fulcral deste pensamento, parece-me que a arte afinal nada tem de elitista. Pelo contrário, é aberta a todas as identidades culturais e pessoais, conferindo total liberdade a qualquer um que lhe dê a mínima atenção. Quanto ao estudo que ela exige ao artista, quanto à complexidade que lhe apresenta e quanto aos mil problemas que lhe coloca, penso apenas que cada trabalho exige diferentes necessidades. A filosofia, a história ou a ciência poderão ser necessárias ao trabalho de um artista da mesma maneira que a anatomia ou a química poderão ser ao de um médico. Se a arte é elitista? Tem dias em que mo parece. Mas hoje, pensando bem, talvez não o seja.

Catarina Babo

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O Público Português e o Cinema como Forç Como estudante de Cinema, depareime com um fenómeno por um lado interessante, por outro deprimente, que é o fenómeno da moldagem/habituação do comportamento do público (neste caso, do Português, que é o que, nesta fase, me interessa). O que acontece quando uma espécie animal se vê obrigada a alterar (por motivos que transcendem o meu conhecimento científico) os seus hábitos, a sua dieta? Ou se extingue, nos casos mais extremos, ou se adapta a outras condições, condições essas que, a longo prazo, vão ter influência directa na sua biologia e alterar o seu comportamento, os seus instintos. Isto tem acontecido desde sempre com o Homem, mas quero debruçar-me sobre um ponto específico. O consumo de informação, o entretenimento e a “arte”. Vivemos na era da informação, na era da globalização, e é mais que evidente que o público português (na sua grande maioria) é um público extremamente marcado e influenciado por estas forças. O público português habituou-se ao “consumo importado”, ou mais especificamente, á “cultura Importada”.

Com a chegada dos produtos estrangeiros e a sua publicidade, da televisão e os seus standards de feitura e dos próprios valores que estes reivindicam, o público português, deliciado com tal abundância de formas novas e tentadoras, entregou-se e deixou-se educar passivamente por estas forças, deslumbrado e sem ter escolha que igualasse a “grandiosidade” desta força. Desde então, não mais o público português acompanhou a evolução cultural genuinamente portuguesa, que, por consequência, se tornou cada vez mais débil. Não quero ser nacionalista extremista, afinal de contas, nesta era mais que nas passadas, as influências culturais, cientificas, políticas, etc., provêm de todo o mundo, não são exclusivamente made in Portugal (e ainda bem, creio eu). Mas custa-me aceitar que nos entreguemos passivamente a esta globalização e adoptemos todos os sistemas de significação impostos por aqueles que dominam o universo da comunicação e entretenimento. Temos também uma identidade, portanto vamos também apresentar os nossos sistemas de significação, a nossa forma de estar no mundo, de comunicar, apenas assim a


ça Transformadora globalização se afigura como uma coisa boa, pois todas as culturas, ao se conhecerem e aceitarem, se poderão, então, fundir. Retomo o ponto anterior, nomeadamente o da chegada da televisão e da publicidade e a avidez com que o público português as consumia. Os profissionais portugueses que, então, emergiam nas respectivas áreas tinham esta necessidade de consumo a alimentar saltando, então, a fase de experimentação e desenvolvimento de uma linguagem para a directa aplicação de uma linguagem importada que funciona do outro lado do mundo (países mais “desenvolvidos”) e, pelos vistos, parece funcionar cá também. Ofereçam a um macaco um “veneno bem disfarçado” (de algo que o encante, que nunca na vida havia visto) e este imediatamente o aceitará, mesmo que mais tarde se aperceba (ou nem sequer chegue a aperceber) de como isso o alterou, de como isso o desviou da sua autonomia, de como isso o educou inconscientemente, de como isso lhe “roubou” as sua liberdade. Ofereçam-lhe agora (voltando ao público) um produto diferente desse que ele consome avidamente nos cinemas como filmes “pipo-

queiros”, nas televisões como reality shows mesquinhos, nas revistas com modelos de beleza e soluções estéticas (vestuário, corpo, atitude, etc.) fantásticas. O que é que ele faz? Recusa-o por completo. Ora, o que faço eu (e todas as pessoas no meu lugar, que ainda devem ser bastantes), jovem a quem deram meios para alimentar os seus gostos e ideologias, a quem deram meios para dedicar as suas forças a conhecer e compreender uma certa arte, e que, fruto dessa dedicação, percebe como uma determinada linguagem televisiva, cinematográfica, etc. influencia positiva e negativamente um público, dominando-o e sendo, por ele, preferida a todas as outras que eu preferiria? Aprendo coisas fantásticas, formas e linguagens deliciosas e de nobres intenções, para, mais tarde, reparar que tudo isso não passa de uma configuração utópica, inaplicável, e que, para sobreviver financeiramente na área, tenho que me adaptar à linguagem reinante e ainda assim ter dificuldades em acompanhar. Claro que estou a ser negativista, mas o que me interessa aqui, sublinho novamente, é o público português.

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O que posso fazer eu para que o meu produto seja aceite e admirado (ou pelo menos, tido em conta!) pelo público português? Agora passo de mim para o Cinema Português. João Salaviza, Miguel Gomes, João Botelho, Marco Martins, João César Monteiro, entre outros. Cineastas cuja obra foi reconhecida internacionalmente. Se assim não fosse, provavelmente nunca teriam tido a reputação e atenção merecida. E que ainda assim deve ser pouquíssima! Mas pior que isso! Mesmo depois de termos provas que existe um público interessado nos nossos filmes, que o nosso cinema é importante e marcante, o público português e o próprio sistema não os reconhecem, não os admiram nem lutam a seu lado! Como se (re)educa o gosto de um povo no sentido de o fazer evoluir intelectual e autonomamente reivindicando a sua própria cultura? Cultura essa que se baseia na própria existência! (Como é que isto não é digno de ser reivindicado e difundido ao máximo???) Voltando à questão: o que pode o cinema português fazer para (re)conquistar o seu público?

Alterar politicas televisivas obrigando os canais a passar mais horas de filmes portugueses? É uma ajuda. Aumentar o financiamento para a produção cinematográfica? É uma ajuda. Existe uma série de medidas que ajudam mas mesmo assim, não “educam”, não transformam. Bem, eu acho que a resposta é esta:
Não é possível alterar o gosto do público. Claro que não é.
MAS! Nem tudo está perdido! Há que ver a coisa de um outro ângulo! Não é possivel alterar o gosto do público mas é possível moldá-lo! Essa moldagem já acontece! Recordo cineastas como Terrence Malick, Steve McQueen e muitos outros, que gradualmente ensinam novas linguagens ao público, novas configurações do ponto de vista semiótico! E como o fazem? Disfarçam-se. Assemelham-se aos filmes “pipoqueiros” nos aspectos mais formais de forma a dar visibilidade/voz suficiente à obra para ganhar lugar nas salas de cinema e publicidade e desassemelham-se nos outros aspectos para fazer a linguagem evoluir naturalmente. Para perceber melhor as diversas realidades que nos rodeiam, é necessário termos


passado por uma série de experiências, experiências essas que podemos não ter oportunidade de viver, por estarmos também inseridos numa determinada realidade social. Passar fome, viver na rua e da rua, ser perseguido, etc., etc., etc. O cinema pode-nos dar essas experiências. O cinema pode educar o nosso pensamento e atitude, pode ensinar-nos outras formas de perceber o mundo. “A Árvore da Vida” de Terrence Malick. Tem actores conhecidos, uma qualidade técnica de invejar os outros filmes “pipoqueiros”. Mas por outro lado tem uma narrativa peculiar, muito estranha ao espectador que não está habituado, mas que desta vez quer percebe-la, ou pelo menos ver. “Fome” ou “Shame” de Steve McQueen. Não tem actores muito mediáticos, mas tem uma semelhante qualidade técnica e uma narrativa linear simples sobre assuntos que facilmente suscitam o interesse comum. Por outro lado tem o lado “moldador”, um tratamento diferente do tempo, dos motivos chave da narrativa (recordo as longas cenas de Bobby Sands preso numa cela, a olhar para para a janela, a sentir a brisa com a

ponta dos dedos, a tentar tocar uma mosca, ou um empregado da prisão a lavar lentamente uma parede “pintada” com dejectos dos prisioneiros), o que dá ao espectador uma experiência que nunca antes sentira no seu cinema “pipoqueiro”. A conquista do público acontecerá assim, gradualmente, com filmes inteligentes e algumas políticas mais defensivas na cultura. Ser um cineasta português e querer ter não só sucesso artístico/pessoal, mas também económico e reconhecimento nacional é tarefa difícil. Creio que é necessário abdicar de algumas utopias e vontades, e saber equilibrar a balança da aceitação e da transformação, o que parece ser um desafio ainda mais interessante. É por isto que continuo a estudar cinema. Temos que respeitar o nosso público, por muito que ele nos desagrade nas suas escolhas. Temos que o perceber, e depois, temos que o moldar. A Arte sempre será a grande (mas subtil) transformadora social.

Miguel Ângelo D. P.

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crónica

A Era das Baratas No princípio eram vulcões e lavas e coisas que eu não sei. Depois vieram as formas de vida mais simples. Milhares de milhões de anos depois, estamos na era dos dinossauros. O apogeu dos répteis. Dominavam o planeta num equilíbrio fabuloso. Durante milhões de anos, os dinossauros adaptaram-se ao nosso planeta em constante mudança, evoluiram, sobreviveram. Caminharam neste planeta durante milhões de anos. E depois, bang! Desapareceram e não restou nem uma espécie para exposição no jardim zoológico local. Há quem diga que foi um metorito, há quem seja adepto das teorias catastrofistas: vulcões, terramotos, maremotos, tempestades, chuvas ácidas e por aí fora. E há quem fale em pandemias. Se me perguntarem, eu gosto mais desta última hipótese. Nós quando chegámos ao Brasil não levámos a sífilis e mais uma série de doenças que mataram muita gente? Os nossos continentes estão em constante mutação. Durante os milhões de anos em que os dinossauros viveram, houve a Pangeia e mais uma série de massas continentais. Não é de estranhar que a determinada altura,

estes colossos tenham migrado e se tenham deparado com ambientes e ecossistemas muito diferentes. E tudo o que era preciso era um mosquito ou uma mosca portadora de uma qualquer doença estranha aos lagartos. Picava uns, infectava- os e morriam. Eram então comidos por necrógagos, que por sua vez ficavam infectados. E assim sucessivamente até à extinção. E depois, muito lentamente, começou a era dos mamíferos, era que ainda vai no princípio e que não tem como ser comparada à era dos dinossauros. E neste momento em que escrevo isto, vivemos o apogeu desta era. Nós, o Homem somos e seremos quem domina o planeta. A diferença é que os milhões de anos de evolução e adaptção nos deram ferramentas, ferramentas muito fortes, que nos permitem interagir, alterar, destruir e moldar a Terra. Já não somos meros peões no jogo da Vida na Terra, andamos armados em deuses, ambicionamos criar e destruir. E ao criarmos destruímos e ao destruir criamos. Mudamos cada vez mais o ambiente do planeta. De forma bastante egoísta, tornamos este mundo naquilo que achamos ser o lugar


perfeito para nós, e não nos preocupamos com as outras espécies, animais e vegetais. E se umas se vão extinguindo, outras vão ganhando anticorpos e tal como nós um dia o fizemos, vão sobrevivendo. Vão rastejando por aí, crescendo e tornando-se mais fortes neste ambiente radioactivo e tóxico que o Homem está a criar. Um dia, daqui a muitos milhares de milhões de anos, essas criaturas assistirão à nossa extinção. E depois, num ambiente danificado e alterado, vão surgir por entre as sombras e passados outros milhões de anos, são estas criaturas resistentes a tudo que vão dominar o planeta. Criaturas como as baratas e outros insectos que proliferam nos ambientes sujos e degradados que nós criamos. Os antepassados destes bichos sobreviveram ao que quer que seja que matou os dinossauros. E claramente vão sobreviver e até beneficiar de toda a poluição e asneiras que nós estamos agora a fazer. E nesse dia, o Universo assistirá à era das baratas, bandos nojentos e gigantes de baratas, moscas, mosquitos e companhia, alimentando-se dos restos venenosos que

deixámos para trás. Um apogeu que se calhar não está assim tão longe. Será a era do homem a mais pequena era que a Terra irá testemunhar? A resposta está nas nossas mãos.

Amelia P.

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agenda

Teatro Cantigas de uma noite de verão (uma peça de amores e desencontros)

Local: Teatro Nacional São

Info: http://www.teatro-dmaria. pt/pt/calendario/timao-deatenas/

João – Porto Data: 1 e 2 de Junho (Sáb às 21h30 | Dom às 16h00)

De 8€ a 45€ (Condições especiais e descontos – De 1€ a 10€)

Local: Teatro da Politécnica Lisboa Data: De 29 de Maio a 29 de Junho (3of e 4af às 19h00 | 5af e 6af às 21h | Sáb às 16h00 e às 21h00)

Baseado em Zoo ou Cartas Não Sobre o Amor de Viktor Shklovski por Sutil Companhia de Teatro (Curitiba)

De David Greig e Gordon Mclntyre Info: http://www.artistasunidos. pt/component/content/ article/38/449-cantigas-de- umanoite-de-verao-uma-peca-deamores-e-desencontros-dedavid-greig-e- gordon-mcintyre Normal - 10 Euros Descontos | – 25 , + 65, Grupos >10 - 7 Euros Dia do espectador, Terças e quartas - 5 Euros Profissionais do Espectáculo - 2 Euros (limite diário de bilhetes)

Não Sobre o Amor

Info: http://www.tnsj.pt/home/ espetaculo.php?intShowID=548 De 7,5€ a 16€ Descontos | Grupos (10 a 20 pessoas), Cartão Estudante, + 65, Profissionais do Espectáculo - 30% Grupos >20 - 40% Cartão Jovem - 50%

Timão de Atenas Local: Teatro Nacional D. Maria II – Lisboa Data: De 20 a 30 de Junho De William Shakespeare, produção de TNDM II e Companhia de Teatro de Almada


Exposições Exposição World Press Cartoon 2013

Info: http://www.gulbenkian.pt/ index.php?object=483&article_ id=4117langId=1

Local: Antigo Casino de Sintra Data: De Abril a Junho de 2013

3€; Domingo – Entrada Livre

O World Press Cartoon Sintra 2013 é a mais prestigiada exposição internacional de desenho de humor na Imprensa. Cartoon e caricaturas de autores de todos os continentes proporcionam uma retrospectiva sorridente dos acontecimentos ao longo do ano, vista pelo “olhar mordaz” dos cartoonistas. Info: http://www. worldpresscartoon.com/#/ homepage

Produção Fundação Serralves

Nádia Duvall - As sombras da minha pele Local: Comer@cultura – Lisboa Data: Até ao fim do Mês de Maio - 2as a 4as das 12h às 00h | 5a a sábado das 12h às 02h Info: http://arte-factos. net/2013/03/14/comer-at-culturaapresenta-exposicao-de- nadiaduvall/

Local: Museu Fundação Calouste Gulbenkian - Lisboa Data: 5 de Abril a 23 de Junho| 3a a domingo: 10h00-18h00 Curadoria de Júlia Peregrino e Ferreira Gullar

Info: http://www.serralves.pt/ pt/actividades/alberto-carneiroarte-vida-vida-arte- revelacoesde-energias-e-movimentos-damateria/ Normal – 7€ Descontos | Cartão Jovem, + 65 – 50% Cartão FNAC – 10% -18, Amigos de Serralves, Estudantes (Licenciatura e Mestrado), Domingos (10h00 – 13H00), Clientes BPI – Entrada livre

Entrada livre

Entrada Livre

Clarice Lispector – A Hora da Estrela

Sáb, Dom e Feriados: 10h00-20h00

Alberto Carneiro Arte Vida /Vida Arte – Revelações de Energias e Movimentos da Matéria Local: Fundação Serralves Porto Data: De 19 de Abril a 24 de Junho | 3a a 6a 10h00-17h00 |

Macau. Memórias a tinta-da-china Local: Museu do Oriente Lisboa Data: Até 30 de Junho (10h00 18h00 | 6as 10h00 - 22h | Encerra à 2a feira) Produção Museu do Oriente

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Música Info: http://www. museudooriente.pt/1612/macaumemorias-a-tinta-da-china.htm Entrada livre

Do vasto e belo Porto de Lisboa – Exposição fotográfica Local: Museu do Oriente Lisboa Data: até 27 de Maio | 10h-18h | 6as das 10h-22h | Encerra à 2a feira Produção Museu do Oriente Info:http://www. museudooriente.pt/1626/ do-vasto-e-belo-portode-lisboa.htm Entrada Livre

Mostra de Fotografias «Luzes» Local: Biblioteca Municipal de Mangualde, Dr. Alexandre Alves – Mangualde Data: De 4 a 31 de Maio (2as das 14h00 às 19h00 | de 3as a 6as das 9h30 às 19h00 | Sábados

das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00) Info: http://www.cmmangualde. pt/index.php?option=com_ content&view=article&id=28 86:mostra-de-fotografialluzesr-&catid=49:noticias2013&Itemid=2 Entrada livre

Ilídio Salteiro - O Centro do Mundo Local: Museu Militar – Lisboa Data: De 17 de Maio a 30 de Setembro Info: http://www. centrodomundo.arte.com.pt/ index1.htm Normal - 2€ Descontos | 10 – 18 anos, + 65 - 1€ Grupos escolares (25 pessoas) - 5€

Festival Out Jazz 2013 Local: Lisboa Data: De Maio a Setembro Produção NCS e Câmara Municipal de Lisboa Info: http://www.ncs.pt/ outjazz-programa.php Entrada Livre

Optimus Primavera Sound Local: Parque da Cidade do Porto Data: 30 de Maio e 1 de Junho Produção Picnic Info: http://www. optimusprimaverasound.com/ índex De 55€ a 125€

GNR “Afectivamente” Local: Auditório de Espinho – Academia


Dança Data: 13 de Junho Info: http://musica-espinho. com/auditorio/2013/03/07/ gnrafectivamente/

La Valse / A Sagração da Primavera (1913/2013)

Espectáculo - 30% Grupos >20 40% Cartão Jovem - 50%

Zoo

15€ | Amigos do AdE – 12€

Local: Teatro Camões - Lisboa Data: 23,24,25 e 29 de Maio (celebração do centenário) (21h00) | 26 de Maio (16h00)

Maria Rita Redescobrir Elis Regina

Companhia Nacional de Bailado

De Victor Hugo Pontes

Info: http://www.cnb.pt/ gca/?id=1069

Info: http://www. teatromariamatos.pt/pt/prog/ danca/2012-2013/zoo

Locais: Pavilhão Rosa Mota – Porto | Pavilhão Atlântico – Lisboa Data: 28 e 29 de Junho Info: http://www. pavilhaoatlantico.pt/vPT/ Agenda/Agenda/Pages/evento. aspx?eventoI d=1591

De 5€ a 25€

Salto

http://www.audioveloso.pt/ news/maria-rita.html

Local: Teatro Nacional São João – Porto Data: De 27 a 29 de Junho (21h30)

De 25€ a 60€

Coreografia de André Mesquita

Local: Teatro Municipal Maria Matos – Lisboa Data: 27 e 28 de Junho

12€ Descontos | - 30, Estudantes, + 65, Portadores de deficiência + acompanhante, Desempregados, Profissionais do espectáculo, Funcionários da CML/Empresas municipais + acompanhante – 50% Grupos >10 – 30%

Info: http://www.tnsj.pt/home/ espetaculo.php?intShowID=497 De 7,5€ a 16€ Descontos | Grupos (10 a 20 pessoas), Cartão Estudante, + 65, Profissionais do

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