Quando dizer “o Adeus” é necessário…

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Quando dizer “o Adeus” é necessário… Seguir em frente

Todos nós, em algum momento, fomos ou seremos confrontados com perdas que provocam alterações e mudanças na nossa vida.

A morte de um ente querido constitui uma das forma mais severa de perda…mas outros tipos de perdas também nos podem afectar profundamente como: o rompimento de uma relação amorosa/ amizade, a perda de um trabalho e/ou da casa, doença ou até a mesmo a morte de um animal de estimação.

Luto = processo natural de ajustamento à perda


Luto….um percurso difícil Forçados a fazer um longo percurso que não queremos, ansiamos que tudo acabe rapidamente e que volte à normalidade. Podemos até em determinados momentos, chegar a pensar que estamos a enlouquecer ou a perder o controlo, tamanho o turbilhão de emoções em que se vive. No entanto, estas são reacções normais em resposta à perda.

Que sentimentos e/ou reacções são esperadas/comuns? Choque. Sentirmo-nos atordoados, atónitos ou perdidos é comum nos primeiros dias que se seguem à perda. Negação. “Não é verdade ”,“Não pode estar a acontecer”, comportando-nos como se nada tivesse acontecido. Estes comportamentos protegem-nos, ainda que temporariamente, da realidade da perda. Raiva. “Porque ninguém fez mais?”, “como todos me puderam abandonar?”, “Porquê a mim?”… são questões que surgem com maior frequência à medida que nos apercebemos que a perda é real. Sentimentos de raiva podem ser dirigidos ao próprio ou aos outros. Culpa. Pensamentos de “se tivesse”; “deveria ter…”, invadem a mente com alguma frequência e intensidade, provocando algum desconforto. Tristeza. Pensamentos sistemáticos sobre a perda bem como desinteresse pelas actividades, sentimentos de solidão, desesperança e choro são sentidos com maior intensidade quando não encontramos o que tanto procuramos / desejamos e nos deparamos com a dura realidade.

CADA UM DE NÓS EXPERIENCIA O LUTO DE FORMA ÚNICA Adiar fazer este “percurso”, poderá ocasionar problemas a longo prazo, que põem em risco a nossa saúde mental e bem-estar psicológico.

Seguindo em frente… Com o passar do tempo, a dor associada à perda torna-se mais tolerável, permitindo que a pessoa siga em frente e integre a perda.


Como lidar com uma perda ? •

Autorize-se a sentir triste, com raiva e até chorar. Vezes há, em que poderá se sentir ultrapassado pela intensidade das suas emoções, mas tal é comum nesta fase. Aceite que está a viver um turbilhão de emoções.

Fale com os seus amigos/familiares sobre as suas emoções e a dor que sente. Isto poderá ajudá-lo a se sentir melhor.

Peça ajuda, mencionando aquilo que necessita, desde a ajuda nas lides domésticas até à simples companhia da pessoa. Muitas vezes, as pessoas desejam ajudá-lo mas não sabem como fazê-lo, precisando de orientações.

Cuide de si. Alimente-se e durma bem. Evite consumir álcool ou outros tipos de droga. Envolva-se em actividades que lhe façam sentir bem e que o relaxem, nomeadamente, fazer caminhadas, nadar, correr, ler, dedicarse à jardinagem, ajudar os outros, conviver com as pessoas, ouvir música, entre outros.

Partilhe as suas memórias com alguém da sua confiança.

Seja paciente consigo e com a sua dor. Demora algum tempo até que seja capaz de aceitar a perda e seguir em frente. Não se sinta culpado quando começar a ultrapassar a perda e a retomar a sua vida. Tal não significa que esqueceu o passado, mas que a dor da perda é mais tolerável.

Prepare-se para as datas importantes como o Natal, a Páscoa e os aniversários. Nestas ocasiões, é normal que se sinta mais em baixo e que a falta da outra pessoa seja sentida com maior intensidade.

Participe em grupos de entreajuda específicos para o efeito. Estes poderão constituir boas fontes de suporte.

Procure ajuda especializada quando estiver com dificuldades em lidar com a perda. O psicólogo poderá ajudá-lo a lidar melhor com a sua dor, a seguir em frente e a encontrar um novo significado para a vida.


Como ajudar alguém que está a passar por uma perda dolorosa? •

Escute o outro com atenção. Não o interrompa e evite oferecer soluções. Sentir-se escutado, muitas vezes, é o que o outro necessita.

Fale com a pessoa abertamente sobre a perda e pergunte o que está a sentir.

Deixe a pessoa expressar as suas emoções, até as negativas, como a raiva e a tristeza. Não impeça a pessoa de chorar, se assim tiver vontade, pois constitui uma forma de expressar e aliviar a dor, mesmo que tal seja desconfortável para si.

Seja paciente e não force a pessoa a se sentir melhor. Respeite o ritmo da pessoa. Leva algum tempo até que esta seja capaz de aceitar a perda e seguir em frente.

Pergunte como pode ajudar a outra pessoa. Pequenas ajudas como engomar, limpar a casa, cozinhar, levar recados podem tornar o dia-a-dia desta mais fácil.

Partilhe com a pessoa memórias e lembranças sobre a pessoa que perdeu.

Disponibilize sempre ajuda, mesmo até quando a pessoa inicialmente a rejeita ou diga que não precisa. Nem sempre os efeitos da perda são sentidos de forma imediata, podendo levar algum tempo até surgirem. Nestes momentos, é importante que a pessoa sinta que tem alguém a quem possa pedir apoio.

Encoraje a pessoa a procurar ajuda especializada, caso considere que esta se encontra com dificuldades em lidar com a perda de forma saudável e/ou, apresente comportamentos de risco.

Informações adicionais sobre o luto: • •

Associação A nossa Âncora – Apoio a pais em luto: http://www.anossaancora.pt/ Associação de Apoio à Pessoa em Luto (APELO): http://www.apelo.web.pt/

Leitura adicional sugerida: Rebelo, J. (2007). Desatar o nó do luto. Casa das Letras Adaptado de University Counselling service (n.d.). Coping with loss & bereavement. University of Nottingham.


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