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Distribuição Gratuita | Publicação Trimestral | Nº33

Janeiro Fevereiro Março 2011

www.scmsines.org

RENASCER boletim informativo SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SINES

A MISERICÓRDIA DE SINES COMPLETOU 495 ANOS Para além dos familiares de Provedores e convidados estiveram presentes o Governador Civil de Setúbal, representantes da União das Misericórdias Portuguesas e dos Municípios de Sines e Santiago do Cacém. Os Órgãos Sociais da Instituição também marcaram presença, assim como familiares e amigos dos Provedores, representantes de outras Misericórdias, entidades, organizações e beneméritos que têm ajudado a Santa Casa da Misericórdia de Sines.

Manuel de Lemos e Luís Venturinha a inaugurar a Galeria de Provedores

Com o objectivo de preservar e divulgar a história da Misericórdia de Sines, os 495 anos da Instituição foram comemorados com a inauguração da Galeria de Provedores, no passado dia 22 de Fevereiro. A Galeria funciona na sede da Misericórdia, junto à Provedoria, e expõe a informação que se conhece sobre os Provedores que passaram pela

Misericórdia de Sines, datando de 1747 a referência mais antiga. A pesquisa efectuada para dar forma à Galeria de Provedores possibilitou a descoberta de 22 Provedores, embora nem todos com registos fotográficos. Assim, compõem a Galeria 16 fotografias de Provedores que exerceram funções desde 1920.

Inicialmente a inauguração consistiu numa revelação simbólica das fotografias dos antigos Provedores da Santa Casa da Misericórdia de Sines, à qual se seguiu a entrega de Medalhas de Mérito aos Provedores homenageados ou seus familiares. (Continua na página 3)

DESTAQUES Mais de 25 Anos a trabalhar na Misericórdia

Entrevista com o Provedor Luis Venturinha Página 5

No dia 22 de Fevereiro, seis funcionárias foram homenageadas por mais de 25 anos de trabalho na Misericórdia de Sines.

À Conversa com… António Rodrigues

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EDITORIAL

A SCMS comemora 495 anos, uma idade centenária, encontrando-se no limiar de se tornar quinhentista. Esta longevidade testemunha, assim, a capacidade e tenacidade de dirigentes e colaboradores em sobreviver a todas as dificuldades, sempre com o objectivo de minimizar o sofrimento da população mais débil e carenciada. Nesta caminhada constante, será justo realçar o papel dos muitos Provedores, que por esta e outras Misericórdias passaram, empenhados na mesma missão: Luís Maria Venturinha de Vilhena Provedor da Misericórdia de Sines

ajudar o próximo e contribuir para a continuação do Compromisso das 14 obras da Irmandade das Misericórdias.

Por isso mesmo, decidiu a Mesa Administrativa da Santa Casa reabilitar a parte da história a que conseguiu ter acesso até à presente data, e dar a conhecer os rostos de todos aqueles que nos foi possível encontrar, através da Galeria de Provedores. Fazemo-lo, não por uma questão de exibicionismo, mas sim para realçar as suas virtudes e fazer deles um exemplo a seguir. Para que os seus feitos se tornem num motivo de orgulho para os seus sucessores, e despertem, naqueles que agora têm oportunidade de os conhecer, a vontade de seguir estes exemplos e abraçar as mais nobres causas humanistas e solidárias.  Um grande Bem-haja para todos.

Ficha Técnica

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Propriedade e Edição SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SINES

Informações Úteis SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SINES Avenida 25 de Abril, n.º 2 – Apartado 333 7520-107 SINES Site: www.scmsines.org E-mail: scmsines@mail.telepac.pt

Periodicidade Trimestral Número 33

Secretaria

Director Luís Maria Venturinha de Vilhena

Tel. 269630460 | Fax. 269630469 E-mail: secretaria.scmsines@mail.telepac.pt Horário de Atendimento: 09h00-13h00 | 14h00-16h00

Coordenação Carla Fidalgo

Acção Social (Lares, Centro de Dia, Apoio Domiciliário)

Redacção Rita Camacho

Tel. 269630460 | Fax. 269630469 E-mail: social.scmsines@mail.telepac.pt Horário de Atendimento: 9h00-13h00 | 14h00-17h00

Edição Janeiro | Fevereiro | Março 2011

Revisão de Texto José Mouro Fotografia Fotosines, Miguel Santos, Ricardo Batista, Rita Camacho, Sofia Fernandes Grafismo | Montagem | Paginação Ricardo Batista, Rita Camacho Impressão Santa Casa da Misericórdia de Sines Tiragem 100 exemplares Depósito legal 325965/11 Distribuição Gratuita 2

Infantário “Capuchinho Vermelho” Tel. 269630466 | Telm. 967825287 E-mail: infantario.scmsines@mail.telepac.pt Horário de Funcionamento: 09h00-19h00

Agência Funerária Tel. 269635800 | Fax. 269862293 | Telm. 965420782 / 968575761 E-mail: funeraria.scmsines@mail.telepac.pt Horário de Funcionamento: 09h00-13h00 | 14h00-18h00


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A MISERICÓRDIA DE SINES COMPLETOU 495 ANOS (continuação) Durante a tarde, as comemorações prosseguiram com uma festa em que participaram todas as valências da Instituição: Lares, Centro de Dia, Infantário “Capuchinho Vermelho”, Lar de Rapazes “A Âncora”, Centros de Apoio “Porto d’Abrigo” e “Mãe Sol”. Utentes,

familiares e amigos da Instituição, assistiram a momentos musicais, dança, teatro e a declamações de poesia. Assistiram também a uma actuação do Coro da Santa Casa da Misericórdia de Sines e uma homenagem a seis funcionárias por mais de 25 anos de trabalho na Instituição.

funcionários,

Actuação do Grupo Coral da SCMS

Homenagem orgulha familiares e amigos Francisco Pacheco, filho de Vicente Maria do Ó, provedor da SCMS entre 1976 e 1991, esteve presente na inauguração da Galeria de Provedores e demonstrou um enorme orgulho em ter um familiar ligado à Misericórdia de Sines. «Do ponto de vista pessoal sinto-me muito orgulhoso com esta homenagem, porque se trata do meu pai. Enquanto esteve entre nós, ele foi um homem muito dedicado à vida comunitária. Tinha um enorme coração, portanto, desse ponto de vista, sinto uma enorme gratidão enquanto filho, e acho que é justo e louvável que a SCMS faça este tipo de homenagens. Por outro lado, defendo que a história nos ensina a agir no presente em função do futuro e a história que a Santa Casa vive, revive

e mostra a toda a gente, também é a nossa história. A realidade desta instituição determina que ela hoje em dia tenha um papel muito importante em Sines. O que hoje foi aqui falado fez-me ter a noção que as pessoas estão cada vez mais isoladas, cada vez há mais

será maior e haverá necessidade de responder a mais desafios. O passado da nossa Santa Casa, a sua história, o seu trabalho presente e os desafios fazem com que eu, enquanto sineense, sinta orgulho, satisfação e confiança na Instituição e no trabalho que ela certa-

mónia em representação do seu pai, Luís Pidwell, provedor da SCMS entre 1955 e 1958, e da sua mãe, Maria Amélia Bravo da Costa, provedora entre 1959 e 1963. «Sinto-me muito orgulhoso com esta homenagem. Só tenho pena que os meus pais não a tenham presenciado. É uma homenagem muito justa, não só a eles, como a todos os outros que viveram apaixonadamente a função. Eu era muito jovem na época em que os meus pais foram provedores, mas lembro-me bem da ocupação que o desempenho do cargo D. Bia e Francisco Pacheco, esposa e filho do antigo Provedor lhes dava. Eram muito Vicente do Ó dedicados, envolviam-se idosos e haverá maior mente desenvolverá no pessoalmente e nesse dependência sobre todos futuro.» tempo a dimensão da Insos pontos de vista. No Luís Pidwell também tituição era outra. As ajufuturo a importância de marcou presença na ceri- das oficiais eram míniInstituições como esta 3


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mas e tudo se fazia com base nas dádivas pessoais e no empenhamento das pessoas em encontrarem ideias que pudessem gerar alguns rendimentos, como, por exemplo, os cortejos de oferendas. Nesse tempo tudo era fruto de um enorme esforço. E, apesar do pouco que conheço, acho que a SCMS tem desenvolvido nestes últimos anos um trabalho notável. Obviamente que hoje os recur-

sos são outros, mas considero que mesmo assim não devem ser os suficientes. Portanto, tudo o que tem sido feito, é prova da competência e da dedicação das pessoas que estão à frente da SCMS. As pessoas não mudaram. Quem se disponibilizou há 40 ou 50 anos atrás, a fazer o que Luís Pidwell na Inauguração da Galeria de Provedores fez, é acompanhado por aqueles que na actualida- É muito louvável que esta actividade.»  de fazem o mesmo e dediquem ou tenham todos estão de parabéns. dedicado as suas vidas a

WORKSHOPS “ANOMALIA ZERO” As diversas valências da Santa Casa da Misericórdia de Sines funcionam como resposta a diferentes problemas sociais, distintos uns dos outros. Faz parte do trabalho da Instituição, entre outros, o apoio à Terceira Idade, a crianças (Infantário), a jovens mães solteiras, a crianças em risco, e a mulheres vítimas de violência doméstica. Para que esse apoio seja possível, estão em funcionamento diário serviços de psicologia, animação sociocultural, sociologia, acção social, reabilitação e saúde. Em virtude desta diversidade de áreas e actividades, a actual Mesa Administrativa da Misericórdia de Sines pôs em prática, desde Março de 2010, uma medida que implica a realização de um Workshop por mês, onde cada uma das valências

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apresenta a sua realidade às restantes. O objectivo é proporcionar, dentro da Instituição, um espaço de esclarecimento e de debate que fomente a cooperação e interacção entre todos os colaboradores. Só assim se conseguirá chegar à fase de “anomalia zero” na Misericórdia de Sines. Em 2011 realizaram-se, até ao momento, quatro workshops. Dia 20 de Janeiro a Mesa Administrativa apresentou o Relatório de Contas de 2010 e fez o balanço de um ano de actividade. Dia 10 de Fevereiro foi a vez do Salão Social, sendo que esteve em análise a história, a caracterização e as actividades deste espaço, assim como as causas e as soluções dos problemas registados no dia-a-dia. Dia 24

de Fevereiro foi abordada a área da reabilitação. Foi apresentada informação sobre o trabalho que é feito pelas técnicas de reabilitação psico-motora e sobre os métodos utilizados. Realizou-se no dia 24 de Março o workshop sobre o Infantário “Capuchinho Vermelho”, em que foram abordados temas relacionados com a missão, estratégia e objectivos desta valência. Além disso, os presentes tiveram oportunidade de participar em algumas actividades que habitualmente são feitas com as crianças do Infantário. A 28 de Abril, pelas 16:00 horas, caberá ao Departamento Financeiro a organização do workshop. Dia 26 de Maio, à mesma hora será a vez da Animação Sociocultural. 


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ENTREVISTA COM O PROVEDOR LUÍS VENTURINHA Luís Venturinha de Vilhena nasceu em Sines há 67 anos. Gestor de profissão, está ligado à Misericórdia de Sines desde 1997, tendo assumido a função de Provedor em 6 de Janeiro de 2010. Um ano depois, Luís Venturinha faz-nos um balanço da actividade desenvolvida na Instituição e explica-nos como é ser Provedor da Misericórdia. Renascer - Que balanço faz deste primeiro ano como Provedor da SCMS? Luís Venturinha - O balanço que faço fica aquém daquilo que desejaria. O dia-a-dia exigia que se tivesse feito mais coisas, embora as condicionantes com que vivemos também não ajudem. Foram feitas coisas positivas, nomeadamente ao nível do melhoramento de infraestruturas e serviços. Criámos um novo espaço para a lavandaria, contratámos uma empresa externa, que cumpre todos os requisitos em termos de HCCP, para confecção da alimentação, alterámos o tipo de fraldas usadas pelos utentes, contribuindo para o seu maior conforto, e, ao nível da saúde, reforçámos o corpo técnico, sem esquecer as áreas da psicologia e da fisioterapia. A nossa preocupação principal são as pessoas, que merecem que tenhamos atenção com elas e que consigamos diminuir o seu mal-estar.

Tudo o que fizermos para isso não tem preço, mas há sempre uma parte complicada, os custos, aos quais não podemos fugir.

R - Quem circula pela Misericórdia de Sines apercebe-se de algumas obras que estão a decorrer presentemente. Fale-nos um pouco dessas obras.

mos, junto à nova lavandaria, um muro que existia e que dificultava a entrada no pátio da Santa Casa. Se houvesse um sinistro era muito difícil um carro de R - E quais foram as maiores dificuldades sentidas? LV – Gostaria de começar grandes dimensões aceder ao edifício através do LV - Não considero que por referir uma obra que, pátio. Retirámos também tenham sido propriamente apesar de estar terminada, algumas árvores para facilidificuldades, mas em ter- foi feita há relativamente tar a circulação e está em mos dos colaboradores da pouco tempo: a mudança fase de projecto a definiInstituição, quando iniciá- da lavandaria para outro ção de estacionamento e mos funções, notou-se, espaço. Adaptámos uma de circulação única. Outra sobretudo da parte de garagem para que passasse obra que está em fase de quem cá está há mais a funcionar lá o serviço de conclusão está relacionada com as saídas de emergência. Como a maior parte dos nossos utentes são pessoas com dificuldades de movimentação é fundamental a criação do máximo de portas de emergência. As obras de ampliação da cozinha principal da Instituição também já estão em andamento. Por isso, fizeram-se algumas alterações na cozinha do Lar Anexo I uma vez que, enquanto a cozinha princiLuís Venturinha, é Provedor da SCMS desde 06 de Janeiro de 2010 pal estiver em obras é neste espaço que serão conanos, alguma estranheza lavandaria e rouparia. feccionadas as refeições. face às alterações que Anteriormente a lavandaDepois, a cozinha do Anexo implantámos. São pessoas ria funcionava num rés-doI servirá como copa para os com hábitos de muitos chão e depois os 450 a 500 pequenos-almoços e lananos e com alguns vícios, kg de roupa lavada diariaches e já cumprirá, por que mostraram alguma mente eram transferidos exemplo, os requisitos em reserva em alterar as roti- para um sótão, o que não termos do não cruzamento nas e em acreditar que as era muito prático. Resolentre louça suja e limpa. mudanças seriam benéfi- veu-se essa situação e cas. Mas paralelamente a actualmente também já R - Como é que se sente essa estranheza inicial, não há cruzamento entre a no papel de Provedor da senti também que havia roupa suja e a roupa lava- SCMS? muita vontade e expectati- da, cumprindo-se assim as LV – O que mais estranho é va em melhorar o que regras de higiene. Aprovei- o facto de me chamarem tando esta obra, eliminá- Provedor pois sempre estiestava menos bem. 5


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ve habituado a que me chamassem Venturinha. Ao início pensava que não era comigo quando ouvia alguém chamar “Provedor”. O cargo de chefia em si não é muito diferente do que desempenhei ao longo de 40 anos na minha vida profissional. Deixei de estar no comando de uma empresa que trabalha com ferro, e passei a estar à frente de uma Instituição que lida com pessoas. Em termos práticos sinto-me normal no papel de Provedor, mas, é claro que sinto o peso da responsabilidade porque trabalhamos diariamente com pessoas carenciadas. É uma situação que me sensibiliza e gostaria de fazer o máximo por elas. Se eu conseguir transformar um esgar de dor num sorriso, para mim já é uma grande vitória. R – Quanto tomou posse como Provedor tinha consciência da dificuldade que é gerir uma Instituição desta natureza? LV — Tinha, sabia que não ia ser fácil. Quando cheguei à Misericórdia, esta família já estava constituída e eu fui o “intruso”. Evidentemente que se trata de um grande desafio e se assim não fosse também não me dava estimulo e eu não estaria aqui. Estou a ver o que posso fazer para o bem das pessoas. Não 6

sei se vou conseguir, há dias com mais ânimo e outros com menos, mas acredito nas minhas capacidades. R - Que projectos tem a Misericórdia previstos para o futuro? LV – Temos um projecto que é a construção de um novo lar. Candidatámo-nos a um financiamento que para já não foi aprovado, mas não vamos desistir desse projecto. Esse novo lar vinha substituir os edifícios em fim de vida que temos. É um projecto que não se colocará de lado porque já está a pensar no futuro e não no presente. Obviamente representará um endividamento grande. É uma situação que me constrange porque não gostaria de deixar uma dívida aos meus sucessores, mas também não há outra forma de fazer as coisas. Paralelamente a esse equipamento gostaríamos de construir um equipamento de cuidados continuados. Este projecto vem do meu antecessor, já foi inclusivamente solicitado um terreno à Câmara para podermos mandar fazer o projecto, embora ainda nada esteja definido. Outra situação seria também a construção de um novo Infantário uma vez que o “Capuchinho Vermelho”, em comparação com outros infantários, se encontra numa situação de desvantagem. Tem um espaço ao ar livre muito

bom, mas também é um edifício em fim de vida. R – Tendo em conta o tipo de trabalho feito pela Misericórdia e uma vez que se trata de uma Instituição única em Sines, que mensagem gostaria de deixar aos utentes e colaboradores da Misericórdia e aos Sineenses em geral? LV – Os desejos são muitos e por vezes é difícil expressá-los. O que posso dizer aos utentes é que enquanto aqui estiver vou apostar no seu conforto, no seu

do trabalho da SCMS. Não devemos pensar que só os outros é que vão usufruir dos serviços da Misericórdia, qualquer um de nós pode necessitar deles. Gostaria que tivéssemos mais associados porque a Misericórdia em si é deficitária, ou seja, temos mais despesas do que receitas. Se não fossem os beneméritos que vão fazendo com que consigamos ultrapassar as falhas orçamentais, teríamos de restringir muito as nossas actividades. Gostaria que as pessoas e

A lavandaria no novo espaço

menor sofrimento, numa melhor alimentação e em mais saúde. Em relação aos colaboradores gostaria de lhes agradecer o trabalho que fazem, porque sem eles seria difícil fazer este trabalho social. Embora estejam aqui algumas pessoas pelo emprego, sei que muitas estão também porque é isto que gostam de fazer. Relativamente à população em geral, acho que deveria existir por parte de todos uma maior compreensão e valorização

as empresas de Sines percebessem que hoje em dia os idosos são cada vez mais, vive-se até mais tarde, com carências de toda a ordem, e seria óptimo que pudéssemos sentir um apoio diferente, para podermos fazer um trabalho melhor. 


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BREVES

V OLUNTARI ADO

D IA DE S ÃO V ALENTI M

Está em desenvolvimento na SCMS um projecto na área do voluntariado. O objectivo é angariar o máximo de pessoas interessadas em realizar voluntariado que possam contribuir para uma melhoria da qualidade dos serviços prestados pela Instituição. Todos os interessados em desenvolver um trabalho de voluntariado na SCMS, devem dirigir-se à Secretaria da Instituição e preencher uma ficha de inscrição disponível para o efeito. 

No dia 14 de Fevereiro, Dia dos Namorados, alguns casais que vivem nos lares da SCMS comemoraram a data com um lanche convívio realizado fora da Instituição. 

G RUPO C O RAL O Grupo Coral da SCMS, fundado em 1992, voltou à actividade regular no final de 2010. Sob orientação de Eva Zambujo, actual psicóloga estagiária da Misericórdia, o Grupo já fez três actuações: Festa de Natal, Aniversário da Misericórdia e Dia Internacional da Mulher. Os cerca de 20

elementos que compõem o Grupo Coral da SCMS ensaiam semanalmente às sextas-feiras, pelas 16 horas, no Lar Prats. Os ensaios são abertos a todos os utentes que queiram assistir. Os colaboradores da Instituição que gostem de cantar serão bem-vindos caso se queiram juntar ao nosso Grupo Coral. 

P ARCERI A COM O CENTRO DE F ORM AÇÃO DE S AN TIAGO Desde Novembro de 2010 que a SCMS efectua uma troca de serviços com o Centro de Formação Profissional de Santiago do Cacém. Esta parceria ocorre no âmbito de um curso de Cabeleireiro para Senhoras e o objectivo é que as utentes da SCMS se desloquem quinzenalmente

a Vila Nova de Santo André e sirvam de modelo para os formandos. Ao mesmo tempo beneficiam de cortes de cabelo e outros penteados de forma gratuita, renovam o seu visual e aumentam a sua auto-estima. 

C OM A MÃO N A M ASS A No dia 12 de Janeiro último, os alunos da sala dos Vasquinhos, do Infantário “Capuchinho Vermelho”, realizaram uma aula de culinária na qual tiveram oportunidade de confeccionar um

bolo de papo-seco. Com a ajuda das educadoras e com a participação das famílias, que contribuíram com alguns ingredientes, as crianças passaram uma tarde divertida e no final saborearam um lanche diferente.  7


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F OTO - REPORTAGEM 495º A N IVERSÁRIO DA M ISERICÓR DIA DE S INES

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À CONVERSA COM… António Rodrigues

Decorria o ano de 1924, quando António Rodrigues nasceu no “Monte Marianes” em São Bartolomeu da Serra, concelho de Santiago do Cacém. No seio de uma humilde família de agricultores, António era o filho mais novo já que antes de si tinham nascido duas raparigas. «Lembro-me de os meus pais contarem que fui um filho desejado. Já tinham duas filhas e faltava o rapaz, por isso quando eu nasci ficaram por ali.» As recordações de infância já não estão frescas na memória de António Rodrigues, ainda assim, diz-nos que foi criado com muito carinho e explica como logo em criança lhe arranjaram uma alcunha. «O meu pai era conhecido como “Manuel Passas”, porque nasceu no “Monte 10

Água das Passas” em Santa Margarida da Serra, concelho de Grândola. Quando nasci começaram a chamar-me “Passinhas” e lá onde morava quase ninguém me conhecia por António Rodrigues, só por “Passinhas”.» Frequentou a Escola Primária em São Bartolomeu da Serra e aos 12 anos terminou a 4ª classe. «Gostei de andar na escola. Não me lembro ao certo quantos alunos éramos, mas éramos muitos. A professora era muito disciplinada, e tinha de ser, porque havia colegas muito reguilas. Eu também era, mas acho que não era dos piores.», afirma com alguma nostalgia. António Rodrigues gostava de ter prosseguido os estudos, mas houve necessidade de ajudar a família e, assim que deixou a escola, come-

çou a trabalhar na agricultura e a guardar gado. «Ceifei trigo, ceifei cevada, cavei milho, mas também fazia outros trabalhos quando era preciso. Lembro-me que uma vez a minha mãe não pôde amassar o pão que se fazia lá para casa, e tive de ser eu e as minhas irmãs a fazer esse trabalho. E o pão ficou bem feito, todos comemos e gostámos.» Aos 18 anos António Rodrigues entrou numa fase diferente da sua vida. Fez a Inspecção Militar em Santiago do Cacém, ficou aprovado, e em Fevereiro de 1945 ingressou no Regimento Militar de Estremoz. Esteve lá 18 meses, em plena II Guerra Mundial, aprendeu muito e tornou-se uma pessoa diferente. «A minha especialidade lá no Regimento era a de Radiotelefonista.


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Quando estava de serviço eu é que homem namoradeiro, esteve casa- um filho, decidi abrir uma taberna. ficava nas transmissões e tinha de do durante 60 anos. Começou a Trabalhava lá com a minha esposa garantir a cobertura radiofónica no namorar com aquela que viria a ser e este foi o nosso meio de subsisposto de curta distância, dentro do sua esposa antes de ir para a tropa, tência durante 4 anos. Ao fim desse regimento, e no posto de longa dis- e durante o tempo em que lá este- tempo, já tínhamos também uma tância, entre todos os regimentos ve, as cartas e as poucas visitas que filha, voltámos a dedicar-nos à do país e fora do quartel. Era eu fazia a casa e à família, eram a úni- agricultura e à criação de gado. que estabelecia as ligações quando ca forma de manter esta paixão. Além disso, eu trabalhava, durante os outros militares e os comandan- «Naquele tempo os transportes o Verão, nos restaurantes da Praia tes me pediam.» António Rodri- eram tão poucos, que num fim-de- de Sines.» No tempo em que trabagues reconhece que este trabalho semana não conseguia chegar a lhou na Praia de Sines, António, não era fácil e a responsabilidade casa. Só podia vir a São Bartolo- além de aprender um novo ofício, era muita. «Demorei algum tempo meu quando me davam licença.» conheceu muita gente. «Naquele a aprender a tempo existiam grafia que eles 3 restaurantes utilizavam e a na Praia de escrever com a Sines e vinha cá chave morse. Os gente de todo o telegramas lado e até peseram codificasoas importandos e só os tes. Lembro-me comandos os de servir o sabiam interpreMinistro das tar. Eu podia Obras Públicas estar a receber da altura, que a minha sentenvinha passar ça de morte que férias aqui nesta nem fazia ideia. zona. Uma vez No tempo que lá ofereci-lhe um António Rodrigues com a esposa e outra participante num concurso de dança estive apercebipão caseiro feito me de algumas ameaças e ultima- Entretanto, finalizado o período em na minha casa e orégãos para ele tos feitos a Portugal pelos Alemães que esteve na tropa, voltou para levar para os Açores.» Ao fim de 6 e Ingleses.» Apesar disso, diz que São Bartolomeu da Serra, casou, anos, António Rodrigues voltou a nunca sentiu medo. «Houve situa- mudou-se para o monte “Casinha mudar de profissão, passando a ções em que, durante a noite, os Nova” e passou a trabalhar nos dedicar-se à construção civil. carros de combate ficavam escon- caminhos-de-ferro como auxiliar «Trabalhei como pedreiro para a didos em olivais fora do quartel de assentador. «Fazia pequenos empresa Teixeira Duarte e para para, em caso de ataque, não trabalhos de manutenção nas vias particulares durante 15 anos. Estiserem destruídos, e nessas alturas dos caminhos-de-ferro. Fiz esse tra- ve nas obras da Refinaria de Sines, eu tinha que ficar no regimento balho durante 9 anos, só que entre- na Metalsines e noutros locais, que para garantir as comunicações. tanto, como não me faziam um já não recordo bem quais foram. Mas nunca tive medo e Portugal contrato efectivo decidi mudar de Este trabalho era muito duro e por também não se envolveu muito na profissão.» Assim, em meados da causa dele tive problemas de saúGuerra. O que eu sentia era o peso década de 50, António Rodrigues de.» Esta foi a última actividade da responsabilidade.» montou um negócio em Santiago profissional de António Rodrigues, António Rodrigues, que se diz um do Cacém. «Nessa altura, já tinha que se reformou há já alguns anos. 11


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Presentemente António Rodrigues vive no Lar Prats da Santa Casa da Misericórdia de Sines. Esta é a sua casa desde 17 de Maio de 2007 e é aqui que ocupa o tempo de diferentes maneiras. «Gosto de conversar com utentes e funcionários que não me façam sentir o peso dos anos, gosto de escrever versos e histórias que tenho na minha memória e também gosto de ver televisão, contemplar o mar e dar a minha voltinha por aí. Outro prazer que tenho é ir almoçar fora com a minha família, quando é possível, e comer uma bela espetada de porco preto.» Quando há baile na Misericórdia, António Rodrigues também gosta de dar o seu pezinho de dança. «Há três coisas que sempre adorei na vida: raparigas, bicicletas e dançar. Quando há aqui um baile, faz-me lembrar os tempos de juventude em que não falhava um baile. Também fiz parte de um grupo de idosos de São Bartolomeu que dançava a valsa mandada, o corridinho e outras danças. Uma vez, eu e a minha esposa até participámos num concurso em Santa Cruz e ficámos em 3º lugar.» Quando chegou à Santa Casa da Misericórdia de Sines, há quase 4 anos atrás, António Rodrigues

António Rodrigues com o seu amigo António Guerreiro, também utente do Lar Prats

movia-se numa cadeira de rodas. «Estava nessa situação, mas como sou daquelas pessoas que não desiste, fui insistindo e voltei a andar.» Hoje é um idoso completamente autónomo capaz de cumprir todas as tarefas que fazem parte da sua rotina diária. Mais ou menos de 15 em 15 dias, essa mesma rotina é quebrada pela visita dos familiares. «Os meus netos, o meu filho (a minha filha infelizmente já faleceu) e a minha irmã mais velha vêm visitar-me algumas vezes. É muito bom matar sauda-

des da família. Ainda não tenho bisnetos, mas gostava muito de poder brincar com eles um dia.» Aos 86 anos, perfeitamente consciente de que a juventude já passou, António Rodrigues assume que existe em si uma «sensação de missão cumprida». Diz sem hesitações que aproveitou a vida, e actualmente a sua principal preocupação é ser correcto com quem se cruza diariamente e aproveitar da melhor forma possível aquilo que a vida tem para lhe oferecer.

Espaço Informativo da Santa Casa da Misericórdia de Sines na Rádio Sines QUINTAS-FEIRAS ÀS 10:40 | SEXTAS-FEIRAS ÀS 16:35 12


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MAIS DE 25 ANOS A TRABALHAR NA MISERICÓRDIA Ludovina Ferreira, Maria de Fátima Pereira, Anabela Rosado, Odete Ramos, Maria da Encarnação Lourenço e Maria Assis Lopes têm mais de 25 anos de trabalho na SCMS, e por isso, foram homenageadas no dia 22 de Fevereiro, no âmbito das Comemorações do 495º Aniversário da Misericórdia. Ludovina Ferreira trabalha no Infantário “Capuchinho Vermelho” desde Março de 1976, ainda este funcionava nas actuais instalações do Lar “Anexo II”. Começou por ser funcionária da limpeza, mas o carinho pelas crianças falou mais alto quando, anos depois, surgiu a possibilidade de auxiliar uma educadora

Maria de Fátima , homenageada por 32 anos de serviço na SCMS

começaram a dar almoços, eram necessárias mais funcionárias para cuidar das crianças e ajudar as educadoras, e aí, já que havia essa possibilidade, eu pedi para mudar de funções.» Ao longo de

Ludovina Ferreira no Infantário

numa das salas do infantário. «Quando entrei, o infantário tinha cerca de 20 crianças e só duas educadoras. Depois começaram a ter mais meninos,

35 anos como colaboradora da Misericórdia de Sines, Ludovina Ferreira já perdeu a conta aos meninos e meninas de quem cuidou. O que sabe dizer,

sem hesitações, é que gosta muito do trabalho que faz e cuidar dos bebés (dos 4 até aos 18 meses) é o que mais satisfação lhe dá. «Já trabalhei com crianças de outras idades, mas há mais ou menos 11 anos que estou na sala dos bebés e gosto muito, é como se eles fossem todos da minha família. Precisam de mais atenção do que as crianças mais velhas, mas gosto de cuidar deles e principalmente das gracinhas que fazem.» As suas tarefas diárias passam por darlhes comida, mudar as fraldas, brincar com eles e, claro, dar-lhes “colinho”. Enquanto puder, e apesar de às vezes a saúde já não ser

de ferro, Ludovina quer ficar mais uns anos no “Capuchinho Vermelho”, porque afinal este foi o único local de trabalho que conheceu em toda a sua vida. Maria de Fátima Pereira foi admitida como funcionária da Misericórdia de Sines no dia 01 de Junho de 1979. Recorda-se perfeitamente desse primeiro dia e afirma, de forma divertida, que foi uma “seca”. «O Senhor com quem eu fiquei de me encontrar estava atrasado e eu esperei toda a manhã por ele. Depois, quando ele chegou, falámos sobre as minhas funções. Comecei por ser cobradora de quotas.» Mas, em quase 32 anos 13


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como colaboradora da Misericórdia, outras funções se seguiram. Maria de Fátima passou também pela secretaria, pela costura e quando era necessário passava a ferro, foi ajudante de lar e trabalhou nas limpezas. Actualmente acumula as funções de encarregadageral do Lar “Anexo I”, é responsável por duas das cozinhas da Misericórdia e ainda trabalha na Agência Funerária da Instituição. Para Maria de Fátima, trabalhar na SCMS tem aspectos positivos e negativos como qualquer outro trabalho. «Gosto de trabalhar na Santa Casa. Não são só coisas positivas, há também as negativas, mas temos de as saber encarar. Quanto mais não seja as coisas negativas quebram a monotonia porque senão isto era tudo muito calmo.» Odete Ramos começou a trabalhar na SCMS decorria o ano de 1982. «Entrei para cá porque tinha experiência como cozinheira. Comecei por trabalhar na cozinha do Infantário. Era muito engraçado e diferente de tudo o que já tinha feito, porque a comida para as crianças exigia uma preparação diferente: arranjar o peixe, passar a sopa, 14

cozer a fruta e cortá-la em pequenos pedaços.» Cerca de três anos depois, Odete Ramos passou para a despensa e mais tarde para a cozinha do Lar Prats, onde ainda se encontra presentemente, apesar de estar em situação de baixa

Actualmente confeccionamos cerca de 370 refeições para o lar e para o apoio domiciliário.» Em quase 30 anos como funcionária da Misericórdia, Odete Ramos reconhece que fez boas amizades. «As coisas hoje em dia estão diferentes, mas

Odete Ramos (terceira a contar da esquerda) com as suas colegas da cozinha.

médica há três meses. «Quando comecei a trabalhar no refeitório do Lar Prats fazíamos só um tacho de comida para os utentes e um outro mais pequeno para os funcionários. Estive na costura, passei pelo sector dos medicamentos, pela cozinha e quando era necessário acompanhava os doentes ao médico. Depois as coisas evoluíram, o Lar foi arranjado, os utentes passaram a ter mais regalias e melhores condições e começou-se com o Centro de Dia.

quando comecei a trabalhar cá éramos praticamente uma família. Éramos poucos funcionários e poucos utentes, tínhamos tempo, por exemplo, para ir às camaratas conversar com os idosos. Sabíamos o nome deles e tínhamos mais tempo para lhes dar atenção. Mas, posso dizer que gosto muito de cá trabalhar. Além disso, trabalha cá a minha filha, a minha irmã já cá trabalhou e a minha mãe, até falecer, foi utente desta Misericórdia. É como se esta fosse a

minha segunda casa.» Anabela Rosado completa 31 anos como funcionária da Misericórdia de Sines no próximo dia 2 de Maio. Foi contratada em 1980 para trabalhar na secretaria, quando esta ainda funcionava no antigo hospital (actual Centro Cultural Emmerico Nunes). O primeiro dia ficou-lhe na memória: «Primeiro falei com o Provedor da altura, o Senhor Vicente Maria do Ó, dirigi -me ao local de trabalho e esperei pelo Senhor João, que eu pensava ser uma pessoa com alguma idade. Depois de esperar algum tempo e de já ter visto a pessoa em questão passar, é que percebi que se tratava de alguém da minha idade (com cerca de 23 anos). Ele apresentou-se, era o único que trabalhava na secretaria, e pelo monte de papéis percebi que havia muito a fazer.» Nos primeiros anos Anabela trabalhou praticamente sozinha. Toda a documentação em papel da SCMS passava por ela e à medida que o tempo passou e que a Misericórdia foi alargando o número de serviços e utentes, foram necessários mais recursos. «Entretanto a secretaria passou para o primeiro andar do edifício


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do Lar Prats e mais tarde para um edifício contíguo que era da Docapesca. Passámos a ser mais funcionárias e o trabalho também aumentou substancialmente.» Actualmente trabalham 7 pessoas na secretaria da SCMS e Anabela Rosado desempenha as funções de Chefe da Secretaria. Três décadas de serviço são, obrigatoriamente, sinónimo de muita dedicação. «São muitos anos a trabalhar no mesmo sítio, com muita gente, com diferentes direcções e diferentes formas de pensar e de agir. Há momentos bons e menos bons, mas a minha principal preocupação tem sido fazer tudo com profissionalismo e dedicação, ensinando o que sei a quem chega de novo. Acho isso importante porque muitas vezes é necessário que uns colegas substituam outros.» Já não faz parte dos seus planos uma mudança em termos profissionais, embora confesse que gostava de ter seguido outro caminho. «Quis ser enfermeira. Ainda estudei para isso e tinha vocação, mas não me adaptei a alguns aspectos da profissão. Além de trabalhar na Misericórdia de Sines, trabalhei também na Misericórdia de Serpa e na

Anabela Rosado a ser homenageada pelos 31 anos de serviço na SCMS

Câmara Municipal de Ser- se fazia era muito parecipa.» do com o trabalho doméstico, com a diferenMaria da Encarnação ça que tínhamos de tratar Lourenço começou a tra- de pessoas idosas, e algubalhar na SCMS em Maio mas delas doentes. Do de 1984, como ajudante nosso trabalho diário de lar, e descreve que fazia parte levantar e vesnessa altura encontrou na tir os idosos, dar-lhes as Instituição um ambiente refeições, fazer as camas, familiar. «Eram poucos assim como todas as lim-

nossa casa, só que com mais pessoas para cuidar.» Maria da Encarnação também passou por outras funções. «Durante muito tempo acompanhei um doente que tinha de fazer hemodiálise.» Presentemente Maria da Encarnação é empregada da limpeza no Lar “Anexo I”, um trabalho duro, dificultado por alguns problemas de saúde. Ainda assim, os momentos difíceis não apagam as boas recordações. «É um trabalho muito desgastante, mas também temos muitas histórias alegres e muitas recordações boas dos utentes. Por vezes custa muito quando eles partem, mas temos de ser Maria da Encarnação homenageada por 27 anos de positivos e pensar que o serviço na SCMS dia de amanhã será funcionários e poucos pezas necessárias. Era melhor.» utentes. O trabalho que como fazer as tarefas em 15


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Maria Assis Lopes entrou para a Misericórdia de Sines em 06 de Setembro de 1976 e reformou-se no final de 2010, tendo trabalhado sempre na lavandaria. Apesar de no primeiro dia ter sentido vontade de desistir, trabalhou na Instituição durante 34 anos. «A empregada da lavandaria tinha-se despedido e eu, quando cheguei cá, vi tanta roupa para lavar à mão que pensei em ir-me embora. Mas como vinha de Angola, tinha três filhos para criar e não tinha outro trabalho, teve de ser.» Nos primeiros anos,

Maria Assis afirma que o trabalho era muito duro. «Só ao fim de 2 anos de cá trabalhar é que com-

tiam. Eram só 19 idosos, mas era muita roupa para lavar. Depois passámos a ter mais utentes e as fun-

a ser 10 empregadas.» Maria Assis gostava do trabalho que fazia e agora, que ainda se está a habituar à condição de reformada, confessa que sente algumas saudades. «Agora que estou reformada há pouco tempo, sinto falta de ter uma ocupação diária. E gostei muito dos anos em que trabalhei na SCMS. Gostava do trabalho que fazia, dava-me bem com os idosos e com todas as coleMaria Assis Lopes na Lavandaria gas, por isso, posso dizer praram a primeira máqui- cionárias também foram que só tenho boas recorQuando dações.»  na de lavar. Antes lavava- aumentando. se tudo à mão em dois juntaram a lavandaria tanques grandes que exis- com a rouparia chegámos

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CEMETRA Centro de Medicina do Trabalho da Área de Sines Rua Júlio Gomes da Silva, n.º 15  7520-219 SINES Tel.: 269633014  Fax: 269633015 E-mail: cemetra@netvisao.pt Somos a mais antiga Associação sem fins lucrativos a prestar serviços de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho, em Portugal. Desde 2003, prestamos à SCMS, na modalidade de serviços externos, os serviços de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho, e mais recentemente os serviços de Higiene e Segurança Alimentar. Congratulamo-nos por dar o nosso contributo em prol dos objectivos da SCMS, na política de melhoria contínua dos seus compromissos sociais.

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