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s o e m ê g s O e d o d i r o l o O mundo c “Grafite não tem máscara.

Ou faz parte da rua, ou está na galeria, figurando no cenário da arte contemporânea”, diz o paulistano Gustavo Pandolfo, em Nova York, sentado no chão, com a roupa inteira manchada de tinta, uma furadeira na mão e muitas idéias na cabeça. Ao lado de seu gêmeo idêntico, Otávio, ele compõe a dupla artística Osgêmeos. Simples assim. Inseparáveis desde que se conheceram no útero materno, há 35 anos, os meninos - caçulas de quatro filhos iniciaram a carreira pintando a parede da sala dos pais, na calada da noite. Expandiram a arte pelos telhados das vizinhas, tomaram os muros de São 02

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Paulo, e hoje pintam desde castelos, como fizeram na Escócia, até museus, como a Tate Modern, de Londres. Tudo sempre a quatro mãos. No ano passado a Deitch Gallery, no SoHo, em Nova York galeria famosa por abrir seu espaço para artistas do gênero – convidou a dupla para expor. Eles passaram um mês em Nova York, trabalhando 12 horas por dia na galeria preparando a mostra Too Far Too Close (Muito Longe, Muito Perto). Tudo isso graças ao curador Jeffrey Deitch, dono do bom olho que descobriu a dupla há anos, e lhes concedeu um espaço em Nova York, antes mesmo de qualquer galerista brasileiro reconhecer o


talento dos dois. “O Brasil é um país colorido. E isto está embutido em nosso trabalho”, diz ele, lembrando que sua arte habita hoje espaços de renomados colecionadores brasileiros e internacionais. Certa vez, ao pintar um muro em Coney Island, no Brooklyn, um passante ofereceu 2 mil dólares pelo casaco que Gustavo vestia, todo respingado de tinta. “Recusei. É o meu casaco predileto”, conta o artista, sem um pingo de arrependimento. Na exposição de Nova York, duas paredes, uma pintada de rosa bebê, outra de verde claro, foram fundos para quadros feitos durante o mês de preparação e outros trazidos de mostras internacionais. Ainda havia esculturas, como uma cabeça gigante, feita em madeira, e caixas de som, pintadas com olho, nariz e boca. Já a parede central foi transformada pela dupla num mural de fundo amarelo ouro, que leva a marca registrada dos gêmeos: muito improviso, cenas do nordeste brasileiro, cores fortes e alegres, estampas criadas por eles, e traços que remetem a sonhos, fantasias, alegrias, e um mundo infantil. Uma das pinturas mostra um enorme peixe, que ilustra as pescarias dos gêmeos com o avô, ainda na infância. Duro imaginar que ao fim da exposição, o próximo artista pintou algo por cima. A área de trabalho dos gêmeos é uma grande escolinha de arte de gente grande; latex, acrílico, óleo, spray, lixas de madeira, furadeiras, martelos, colagem, luzes e som – tudo espalhado pelo chão, uma grande improvisação. “Este é um reflexo da cultura popular brasileira: se virar com o que se tem”, revela Gustavo. Antes de começar um trabalho, a dupla troca idéias – neste caso, por exemplo, eles passaram dois meses preparando a vinda para Nova York, e ainda trouxeram três assistentes técnicos brasileiros, especializados em mecânica e eletricidade. São eles que dão interatividade, como luz, movimento e som, à parte do trabalho. “Os estrangeiros são atraídos pela nossa arte da mesma forma que são atraídos pelo Brasil – pelo calor humano, pela beleza feminina, e pelo fato de ficar feliz com o pouco que se tem”, acrescenta. Em São Paulo, a dupla divide um ateliê e afirma que, apesar de serem irmãos, e passarem tantas horas juntos, não brigam. Nem um pouquinho. Desde pequenos já desenhavam no

mesmo papel. “Não importa quem fez o quê. Nunca houve competição entre nós, isto é impensável. O importante é o resultado final, ” diz ele, pregando no quadro um cavalo de madeira de cem anos, que ganhou de uma amiga. Gustavo diz que a pintura foi sua a porta de saída de São Paulo. “Mesmo pintando um muro no meio do trânsito, começamos a viajar”. Os Gêmeos colocaram o pé na estrada pela primeira vez em 1994, ao pintar no Chile e na Argentina. Mas foi a partir de 1999 que eles decolaram. Já deram pinceladas no Japão, na Austrália, na China, em Cuba, e na Europa quase inteira. Este ano, trabalharam na Lituânia, cidade do avô da dupla, e ainda pintaram, por dentro e por fora, a casa do palhaço russo Slava Polunin, considerado “o melhor do mundo”. Ao circular pelo mundo, a dupla prefere ruas a museus – para eles, há mais referências nas calçadas e metrôs do que em galerias. Contudo, não dispensam visitas ao Metropolitan Museum of Art de Nova York, que segundo Gustavo é um mundo de informação. Tania Menai, de Nova York

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A bela visão negra Os negros dos Estados Unidos estão em estado de graça. Depois de tantos anos de escravidão e luta por igualdade racial, eles testemunharam a posse do primeiro presidente negro. Mas o fotógrafo Chester Higgins Jr., 61 anos, já testemunhou muito mais. Seu último trabalho foi num vilarejo tribal da Etiópia, onde ele acampou por 15 dias. Além de fazer parte da equipe do jornal The New York Times, ele sai pelo mundo fotogrando a diáspora negra. Suas lentes também mostram que saber envelhecer é uma nobreza. Em 2001, ele publicou o livro “Elder Grace: The Nobility of Aging”. Nele, oitenta idosos foram fotografados, todos da raça negra. Todos dizem sim à idade, com entusiasmo e elegância. Nascido no Alabama, região marcada pela segregação racial, Higgins é hoje um nova-iorquino do Brooklyn. Antes de ingressar no seleto time de fotógrafos do New York Times, em 1975, ele passava pelo menos 3 meses por ano imerso em pequenos vilarejos nas esquinas mais remotas do planeta. O emprego limitou o tempo de seus projetos para um mês por ano, mas não podou sua paixão pela história e herança de seu povo. Seu primeiro livro, “Feeling the Spirit”, cuja exposição rodou o país, reúne fotos como a da Porta do Sem-Volta na Ilha de Goré, no Senegal, por onde passaram milhares de almas negras rumo à escravidão e à morte. Suas lentes ainda captaram um rabino negro no Harlem, os olhos de uma menina muçulmana do Brooklyn, o último show de Bob Marley e rituais de Candomblé, na Bahia. “A foto nunca mente sobre o fotógrafo”, diz Higgins. A afirmação ficou clara quando nos encontramos numa gelada tarde de domingo na redação do New York Times. Ele já chega de braços e sorriso escancarados para um caloroso abraço, envolto em coloridas vestes africanas que destoam dos modelitos preto-inverno que desbotam Nova York. O papo continuou num restaurante etíope, onde talheres são dispensáveis e o pedido foi feito por ele no idioma “local”. Só me restou confiar. Tania Menai – Qual é a nobreza de envelhecer? Chester Higgins Jr. – Olho para as pessoas de cabeças brancas, com mais de 70 anos e com as mentes ainda intactas. Então procuro a graça e dignidade, elementos que podem vir com a nobreza de envelhecer. Alguns têm cabelo grisalho, outros branco ou cor de prata. Fotografei pessoas muito especiais, como uma senhora de 94 anos que tinha passado por uma cirurgia Newsletter I - 2009 04

de ponte de safena meses antes. T. M. – Como o senhor viabiliza os seus projetos pelo mundo? C. H. Jr. – Durante o ano, faço a minha pesquisa por meio de livros e reportagens, sobre o tema ou o lugar que pretendo ir. Procuro aprender o máximo sobre a cultura e a história das pessoas. Mas também procuro me familiarizar com o calendário local; tiro as minhas férias de acordo com as tradições e festividades religiosas. Chego uma semana antes das celebrações e acabo ficando mais três. Desenvolvi um conceito que chamo de “pescaria” – minhas pesquisas me levam às pessoas chaves que vão me indicando as trilhas que devo seguir. Ainda converso com antropólogos que estiveram nos lugares pelos quais estou interessado, para saber o que esperar. Ao chegar, contrato o que chamo de um facilitador/intérprete. Depois de achar um lugar para ficar, alugo um carro e listo as prioridades. Não há como fotografar com intimidade sem ficar menos de um mês no lugar.

T. M. – E quem patrocina estes projetos? C. H. Jr. – Para sustentar todo este trabalho, conto com a “Fundação Chester Higgins Jr.” – ou seja dinheiro do meu próprio bolso. Assumo as responsabilidades pelos meus sentimentos e desejos. Além do custo da viagem, tenho o custo dos equipamentos e da revelação. Então, para viajar, fotografo até casamentos. Contudo não poderia tirar o ano todo para fazer isso – tenho filhos para criar.


Entrevista com Chester Higgins Jr.

T. M. – O que o senhor busca na fotografia? C. H. Jr. – Gosto de ser a “testemunha do momento” – não pretendo interferir na cena, mudá-la ou afetá-la. Quando pessoas estão passando por momentos muito íntimos, não há como participar – apenas testemunhálos. Não posso julgá-los nem ter nenhuma atitude perante a eles. Tento estabelecer uma relação como se eu fosse um amigo que, por acaso, tem uma câmera na mão. Na teoria, procuro me ver como um surfista num mar de emoções, deslizando de uma forma que me permite observar e documentar o que está acontecendo. T. M. – Como a raça negra se diferencia nas diversas culturas? C. H. Jr. – Adoro observar como a humanidade se comporta da mesma maneira que uma orquestra. Cada cultura tem um mentalidade e minhas viagens me fizeram descobrir que as fronteiras delimitam os modos de pensar. As mulheres negras mais sensuais são as senegalesas, há um certo mistério nelas. O que me chama atenção no Brasil é a “cultura da pele” – assim como na Califórnia, tudo gira em torno da sugestão ao sexo. É a cultura nacional. As pessoas têm uma ansiedade que as levam a demonstrações mais “desesperadas”. É muito intenso. T. M. – Qual sua opinião sobre o trabalho de Sebastião Salgado? C. H. Jr. – Bastante poderoso e intenso. Ele deve ser católico, não? T. M. – Por quê? C. H. Jr. – Suas fotos tem um quê de piedade, um aspecto bem católico. T. M. – O que te fascina na fotografia?

C. H. Jr. – A vida cotidiana é um milagre. Sou muito feliz por poder testemunhar tudo isso e fazer com que as coisas que passam diante dos meus olhos se revelem tão multidimensionais quanto a vida pode ser. Vim para Nova York para me aprimorar. Minhas imagens têm de ser competitivas, reveladoras, fazer parte de diálogos. A mídia visual tem um consumidor muito sofisticado. Tive de me armar com o melhor desempenho possível para fazer com que estas imagens criassem debates, expondo as minhas idéias. T. M. – Como Nova York te recebeu? C. H. Jr. – Ao chegar, fui para bancas de jornais, abri as revistas e procurei os editores de fotografia. Ligava para eles e dizia: “Não quero um emprego. Cheguei do Alabama e apenas gostaria de saber a sua opinião sobre o meu trabalho, para ver como posso melhorar”. Eu os colocava na posição de professores. Até que um deles, da revista Look, me mostrou os elementos que estavam sobrando na minha fotografia. Esta foi a minha primeira lição: como alcançar a simplicidade e mostrar o essencial. Adorei o editor, ele me ensinou tanto que me comprometi a fotografar mais e mais e ir mostrando a ele o meu trabalho. Isso durou um verão inteiro. Ele chegou a me mandar para o Metropolitan Museum e para o MoMA para observar certos quadros e dizer quais elementos eu gostava ou não naquelas pinturas – luz, composição, equilíbrio. Ele se tornou meu mentor, pois sentiu qual era a minha missão ao usar a câmera.

T. M. – E esta missão é... C. H. Jr. – Fazer da pele e da cultura negra uma influência positiva. Não falo do apelo sexual, mas uma cultura não ameaçadora, acolhedora, igual a todas as outras. Não tenho o ego inflado. Sou apenas um mensageiro. Para mim, o que vale é a minha mensagem. Tania Menai, de Nova York Newsletter I - 2009 05



Ele vive de idéias Ele vive de idéias Ele vive de idéias O Museu

de Arte Moderna do Rio de Janeiro foi premiado com a maior exposição já feita sobre o trabalho do fotógrafo paulistano Vik Muniz. Fica em cartaz até o dia 8 de março. Vik gosta de dizer que “ele levou 17 anos para fazer sucesso da noite para o dia.” Iniciou sua carreira nos anos 70, mudouse para Nova York em 1983, mas foi em 1995 que ganhou seu primeiro grande reconhecimento. Naquele ano, Vik conseguiu emplacar seu trabalho em duas galerias pequenas – ainda assim, numa delas, suas obras estavam tão escondidas, que quase tocavam o chão. Tratava-se da série “Crianças de Açúcar”, onde imagens de crianças eram formadas por açúcar e depois fotografadas por Vik. Seu talento, no entanto, não escapou dos olhos de Charles Haggan, um crítico de artes do New York Times, que flanava pela galeria sem deixar escapar nenhum detalhe. Sua belíssima resenha no jornal mais poderoso do mundo foi o passaporte para aquisições das obras de Vik pelos museus nova-iorquinos Metropolitan Museum of Art e Guggenheim. Já o Museu de Arte Moderna (MoMA) logo lhe escalou para a exposição New Photography, uma grande porta para o mundo nova-iorquino da fotografia. Mas o segundo sucesso de Vik foi justamente manter o primeiro. Treze anos e inúmeras obras e exposições mais tarde, ele é considerado um dos artistas mais produtivos e valorizados de sua geração. O prestígio é tal que em dezembro de 2008 assinou a curadoria da nona versão exposição Artist’s Choice, ou Escolha do Artista, um projeto que o MoMA criou em 1989 onde artistas exercem, individualmente, o papel de curador, garimpando o acervo com liberdade total para expor obras alheias - uma oportunidade dada pela primeira vez a um brasileiro.

A arte de Vik diverte e instiga. Ao transformar açúcar, chocolate, brinquedos, sucata, diamantes, macarrão e revista picada em portraits ou imagens como cenas mitológicas – para depois fotografáas - ele brinca com conceitos e metáforas. Casar diversas mídias tornou sua marca registrada. “Vik é um artista internacional, e seu trabalho é generoso – ele oferece algo tanto para alguém que vê uma obra pela primeira vez, quanto para um colecionador de arte”, diz Meg Malloy, uma das sócias da galeria Sikkema Jenkings & Co., que representa Vik em Nova York. “Suas obras levantam questões como a representação e o ato de olhar”, acrescenta ela, revelando que o preço das obras de Vik começam em nove mil dólares. Hoje, as fotografias feitas por Vik Muniz fazem parte de acervo particulares e de galerias em San Francisco, Madri, Paris, Moscou, Tóquio, e, claro, na capital paulista, onde é representado pela Fortes Villaça. A lista de museus incluem o Tate Modern e o Victoria and Albert Museum, em Londres, o Getty Institute em Los Angeles, e o MAM em São Paulo. Sua relação com os museus é tão boa, que em 2008 ele criou a mostra VERSO, na qual reproduziu minuciosamente a parte de trás de obras como Noite Estrelada, de Van Gogh, La Grande Jatte de Georges Seurat e “Mulher Passando Roupa”, de Pablo Picasso. Para isso, ele passou dias nos acervos do MoMA, do Art Institute of Chicago e do Guggenheim de Nova York.” Bem relacionado com colecionadores, ele diz que a atual crise financeira vai afetar muito o mercado das artes. Mas acrescenta que nem tudo está perdido: “enquanto está todo mundo chorando, tem alguém que vende lenço”. Tania Menai, de Nova York Newsletter I - 2009 07


Perambular por museus de Nova York pode ser mais arriscado do que encarar um leão num safári africano. Por isso, há quem prefira flanar pelas galerias durante a noite. Sim, museus novaiorquinos têm versão noturna, o horário predileto daqueles que precisam de um ambiente zen para apreciar as obras e dos turistas que não querem trocar as ruas e a luz do dia por lugares fechados. Além disso, essa é a hora em que os museus viram um grande agito social. Todas as noites de sextas e sábados, o mezanino do Metropolitan Museum of Art transforma-se num terraço com mesas espalhadas, onde pode-se jantar ou simplesmente saborear um bom vinho ao 08

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som de música clássica ao vivo. Freqüentado por locais e amantes da arte, a partir de maio, o museu ainda abre o seu roof garden, ou cobertura, para a happy hour com exposições de esculturas e vista para o Central Park. Para uma noite de sexta ainda mais romântica, vale visitar a Frick Collection, que a partir das 18h30 serve vinho em seu belíssimo jardim interno. Já os badalos do Museu de História Natural acontecem em seu anexo, o planetário Rose Center for Earth and Space. No Brooklyn Museum of Art os dias de festa são os primeiros sábados de cada mês. A partir de 18 horas, a entrada é grátis e o First Saturdays reserva uma intensa programação que inclui música clássica, leituras,


filmes e até DJs que deixam o som rolar até as 23 horas. Um dos grandes atrativos dos passeios noturnos aos museus é o preço do ingresso. Em vários museus o visitante paga quanto quer a partir de determinada hora. É o que eles chamam de pay what you wish – uma grande economia, considerando que o valor dos ingressos pode chegar a US$ 12 por pessoa durante o dia. Três museus de arte moderna oferecem essa promoção nas noites de sexta. No Whitney Museum of American Art todas as galerias estão sempre abertas. No Guggenheim Museum as bandas se apresentam no centro da famosa rotunda, no térreo do museu. Além das galerias, ficam abertos o café, cuja parede é toda revestida de fotos em preto-e-branco, e a loja. Já o Museu de Arte Moderna (MoMA) leva crédito por oferecer grandes embalos de sexta à noite – a música ocorre na cafeteria e, também pelo preço que quiser, se vê de

Van Gogh a Vik Muniz nas diversas galerias. Vale a pena se programar e aproveitar que Picasso, Monet e Andy Warhol, quando estão em Nova York, nem sempre vão para cama cedo. Tania Menai, de Nova York

Noites em que os museus ficam abertos * Quintas ? Jewish Museum Tel. 212. 423-3200 - www.jewishmuseum.org Quinta Avenida esquina com rua 92 11am- 8pm. Depois das 5, pague quanto quiser. * Sextas ? American Museum of Natural History Tel. 212. 769-5100 - www.amnh.org Central Park West e rua 81 10.30am – 8.45 pm. ? Cooper Hewitt, National Design Museum http://ndm.si.edu/ Quinta Avenida esquina com rua 91. 10am -9pm ? Frick Collection Tel.212. 288-0700 - www.frick.org Quinta Avenida esquina com rua 70. 10am - 9pm. A partir das 6.30pm, vinho é servido no jardim interno. ? Museum of Modern Art Rua 53 entre Quinta e Sexta Avenidas. www.moma.org 10 am – 7.45pm Depois das 6pm, pague quanto quiser

? Solomon G. Guggenheim Quinta Avenida esquina com rua 88. www.guggenheim.org 10am – 8pm. Depois das 6, pague quanto quiser ? Whitney Museum of American Art – Avenida Madison esquina com rua 75. www.whitney.org 1pm -9pm. Depois das 6pm, pague quanto quiser. ? Metropolitam Museum of Art Quinta Avenida com rua 82. www.metmuseum.org 9.30am – 9pm. Musica clássica entre 5 e 8pm. ´ *Sábados ? Brooklyn Museum of Art 200 Eastern Parkway, Brooklyn www.brooklynmuseum.org Primeiro sabado de cada mês, de 11am – 11pm. ? Metropolitan Museum of Art Quinta Avenida com rua 82 www.metmuseum.org 9.30am – 9pm. Música clássica entre 5 e 8pm.

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Os ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos geraram milhares de manifestações artísticas. Eram murais de desenhos infantis, letras de músicas, fotos gigantes, monumentos feitos de escombros das duas torres e capas de revistas especialmente trabalhadas. O mesmo aconteceu – de uma forma positiva, no entanto – com a eleição de Obama para presidente. Mas ninguém traduziria melhor as angústias, a ansiedade, o medo e o patriotismo dos americanos do que o ilustrador Norman Rockwell (1894-1978). Numa única gravura, ele poderia contar toda a história com objetividade, ironia, humor e profundidade. Foi isso que fez durante sua vida, deixando mais de 4 mil imagens entre telas, 800 capas de revistas e campanhas publicitárias para mais de 150 marcas. Adorado pelos americanos, Rockwell viveu numa época em que Jackson Pollock espirrava tinta na tela e Picasso pincelava mulheres com três olhos. Ao contrário de seus contemporâneos, e apesar de admirálos, Rockwell foi um mestre da comunicação de massa, um Daumier (1808-1879) da América. Assim como o cartunista, escultor e pintor francês, ele retratava o povo, o cotidiano, a vida familiar, o barbeiro, a sorveteria, os escoteiros, cenas de Natal, a babysitter se descabelando com o choro da criança, o jantar de Thanksgiving. O público o entendia. “Lugares comuns nunca se tornam cansativos”, dizia ele. “Somos nós que nos cansamos deles quando deixamos de ser curiosos e apreciativos”. Toda esta relação de carinho e admiração já ganhou uma mostra no Guggenheim Museum de Nova York. Intitulada “Norman Rockwell: Pictures of the American People”, ela reunia 70 quadros a óleo e 322 capas da revista The Saturday Evening Post, onde ele trabalhou 47 dos 60 anos de sua carreira. A mostra foi a maior de suas obras, desde sua morte. A exposição girou o país, com montagem em Atlanta, Washington, Chicago, Phoenix, San Diego, além do próprio museu do artista, na pequena cidade de Stockbridge, em Massachusetts. Nova-iorquino, de família simples, Rockwell cresceu numa brownstone da rua 103 esquina com a Avenida Amsterdam. Seu pai trabalhava no escritório de uma firma de tecidos. Sua mãe dizia-se ‘inválida’. A relação com o lápis-de-cor começou já na infância. Ainda jovem, e sempre magrinho, frequentou a Chase School of Fine and Applied Arts. Em 1910, foi aceito pela Art Students League. Seu primeiro trabalho como ilustrador, em 1913, foi na revista Boy’s Life, da Boys Scouts of America, a associação de escoteiros do país. Em 1925, Rockwell ilustrou o primeiro calendário para escoteiros,coisa que acabou fazendo por mais 50 anos. Calcula-se que estes calendários eram consultados

1 bilhão e seiscentas vezes por dia. Fãs de carteirinha incluem Steven Spielberg e Ross Perrot. Apesar de apedrejado por alguns críticos, a caixa postal de Rockwell vivia abarrotada de cartas de fãs. Ele viveu numa época em que ilustradores tinham o prestígio e o glamour que hoje pertecem às estrelas de cinema. Thomas Hoving, ex-diretor do Metropolitan Museum of Art, diz que Rockwell foi um dos mais bem-sucedidos comunicadores visuais do século – sua arte cobria o abismo entre a ‘high art’ e a ‘low art’. Além disso, ele retratou os anos da Grande Depressão americana e a vida nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. Hoving acrescenta que, ao contrário dos ilustradores que atuaram entre 1930 e os anos 60, o trabalho de Rockwell nunca murchou – suas crônicas continuam vivas e atemporais. Casado duas vezes, pai de três filhos do segundo casamento, o episódio que talvez tenha mais marcado a carreira de Norman Rockwell foi “The Four Freedoms”. Em 1941, o presidente americano Franklin Roosevelt criou quatro atos de direitos humanos básicos que dizem respeito à liberdade - de expressão, de culto, de querer e de temor - que “deveriam ser garantidos a qualquer pessoa do mundo”. Esta foi uma maneira de identificar os objetivos da guerra e revelar sua esperança no período pós-guerra. Para divulgar estes atos para o grande público, o governo comissionou arte em forma de pôsteres, fotos, pinturas e murais. Mas nada adiantou. Uma pesquisa feita pela Agência de Informação de Guerra no verão de 1942, revelou que apenas um terço dos americanos tinha algum conhecimento das “Quatro Liberdades” e não mais do que 2% deles era capaz de identificá-las corretamente. Foi quando Rockwell teve um estalo às 3 da manhã e durante três dias pintou freneticamente seus vizinhos em cenas que representavam as quatro liberdades. Foi a Washington e apresentou-as aos encarregados da Agência de Informação de Guerra. Levou um não redondo e a alegação de que “nas guerras anteriores, o governo usou ilustradores – nesta, iriam usar artistas de verdade’”. O herói da história acabou sendo Ben Hibbs, editor da The Saturday Evening Post. A revista publicou as quatro gravuras que se tornaram, de certa forma, símbolo da carreira de Rockwell. Não é à toa que ele vive na memória de qualquer americano, hoje, cinquentão. E também não é a toa que nestes últimos meses ele tem feito mais falta. Como será que ele ilustraria uma imagem de Barack Obama? Tania Menai, de Nova York Newsletter I - 2009 11


para todos os bolsos A International Artexpo New York é a maior feira de arte do mundo. Este ano – em sua 31ª edição - ela acontece entre os dias 26 de fevereiro e 2 de março no Jacobs Javits Center, o pavilhão de eventos da cidade. A diferença entre esta e as demais feiras são as galerias e seus artistas: esta é a feira das grande descobertas. Quem tem bom olho, navega pela Artexpo a fim de pescar talentos pouco conhecidos. Este ano, o evento reunirá mais de 500 artistas, editores e galerias internacionais, incluindo a Sciacco Studio de São Paulo. As obras incluem desenhos, pinturas, esculturas, cerâmicas, litografias, fotografias e posters, cujos preços

variam de 100 a 100 mil dólares. Os organizadores esperam mais de 25 mil compradores, entre eles galeristas, colecionadores, marchants, designers, arquitetos e, claro, entusiastas. “Estamos animados em realizar o evento em Nova York. Na realidade econômica de hoje, a Artexpo tornou-se um grande lugar para comprar arte por um bom preço”, diz Eric Smith, vice-presidente do The Art Group of Summit Business Media. Este é o único evento de arte em Nova York onde pode-se comprar obras por preço de atacado. Nos dois primeiros dias, o espaço é dedicado apenas para o público especializado. Nos três dias restantes, ele é


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aberto para o público em geral, que têm a vantagem de comprar as peças sem intermediários. Tanto os profissionais de arte quanto o público em geral saem ganhando. Este ano, o evento ainda traz a iniciativa “The Global Green Artist Challenge”, valorizando artistas que lidam com o tema de meio-ambiente e que usam materiais de uma forma consciente, respeitando a natureza. Paralelamente, a mostra “Solo”, que já foi uma tradição da Artexpo, trará 250 artistas independentes na esperança de serem descobertos por algum visionário de peso. E vale a pena sonhar: alguns nomes que já passaram pelo

Solo no passado foram Andy Warhol, Robert Rauschenberg e Leroy Neiman. Além disso, uma parte da mostra será dedicada ao design. Visitantes poderão recerber consultorias de profissionais de design de interiores para saber como incorporar suas novas aquisições em casa ou no escritório. Em tempo: a consultoria é grátis. Tania Menai, de Nova York International Artexpo 2009 Jacob K. Javits Center – 655 West 34th Street Site - http://www.artexpos.com


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