TRAUMA BoleTEAM SBAIT 3ª edição

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EDITORIAL

O ensino do trauma no Brasil A dor das mães que perdem seus filhos para o trauma, certamente não é menor do que daquelas que os perdem para outras doenças o Brasil, o trauma continua sendo a segunda causa de morte na faixa etária de 0 a 69 anos. Repito zero a 69 anos !!! A dúvida persiste: quais os motivos que levam a atenção ao trauma ser tão negligenciada na nossa sociedade? Em 1966, a “National Academy of Sciences” subscreveu o documento “Accidental Death and Disability: The Neglected Disease of Modern Society”, que é considerado um marco na maneira de abordar o trauma nos Estados Unidos. Além de fazer uma análise profunda e muito crítica da situação da assistência, também detectou a carência de uma boa formação sobre trauma dentre os profissionais da saúde, daquele país. No Brasil, ainda em 2013, a situação não é diferente. O que está errado com o atendimento ao trauma? Já perguntava Donald Trunkey em 1990, para os Estados Unidos. Muitos aspectos podem ser abordados para responder esta questão. Na nossa última edição foram apresentadas alternativas para a prevenção ao trauma, como primeiro passo para a organização de um sistema de trauma. Um segundo passo será a formação adequada dos profissionais de saúde. Mas quantas escolas médicas ou de enfermagem têm inserido no seu currículo o assunto trauma? E ainda os cursos de psicologia, terapia ocupacional, serviço social, entre outros, todos de grande relevância no atendimento ao traumatizado, passam completamente ao largo do assunto. Ao mesmo tempo, doenças de menor importância no quadro epidemiológico atual e de impacto social de muito menor relevância têm suas cadeiras secularmente garantidas na Academia. Há que se considerar a epidemiologia e o impacto do trauma na formação dos médicos, seja na graduação ou na pós-graduação. Pouquíssimas escolas médicas no Brasil têm um eixo de ensino em emergências claramente definido. A maioria sequer possui um hospital pró-

prio que faça este tipo de atendimento, deixando os estágios em emergência e trauma relegados a entidades conveniadas, ou muitas vezes ao interesse optativo do aluno. O aprendizado do atendimento inicial ao traumatizado deveria ser obrigatório para todos os alunos de medicina. Países como os Estados Uni- Sandr o Scar pelini Sandro Scarpelini dos e Canadá, exigem a conclusão e atualização periódica de cursos especializados no assunto, como o “Advanced Trauma Life Support” do Colégio Americano de Cirurgiões, não apenas para aquelas que trabalham nos pronto atendimento hospitalares, como também para todos os médicos do programa de saúde da família e outros que atuem em unidades não hospitalares. Estamos muito longe desta realidade. Por outro lado, a especialização médica na área de emergência e trauma também carece de definições. O Brasil precisa de experts em oncologia e investe no treinamento cirúrgico e clínico desta doença, que apavora o espírito ARQUIVO SBAIT

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de todo o cidadão. Possui centros de referência nacional como o INCA e o ICESP dentre outros, para tratamento e também formação de profissionais. Atitude correta, afinal é a terceira causa de morte na faixa etária de 0 a 69 anos. A postura não se repete para a formação de profissionais para o atendimento ao trauma. Existem poucos hospitais de referência no atendimento ao trauma. A residência médica em Cirurgia do Trauma se restringe a um ano de treinamento, como área de atuação. Mesmo assim, desde o início do programa Pró-Residência do Governo Federal, há 04 anos, um total de 21 hospitais possuem vagas para este tipo de treinamento e permanecem com um aumento da procura por médicos recém formados. Esta edição do TRAUMA BoleTeam procura analisar alguns aspectos do ensino e treinamento no atendimento ao traumatizado, e da sua importância para o Brasil Dr Dr.. Sandro Scarpelini Vice Presidente da SBAIT

“Eixo de ensino em urgências médicas”

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo iniciou, há 6 anos, uma ampla alteração curricular, e dentre as novidades foi criado um Eixo em Medicina de Urgência. O eixo unificou algumas disciplinas isoladas sobre o assunto já existentes e criou novos cursos, associando docentes dos departamentos de Clínica Médica, Cirurgia, Pediatria, Neurologia, Ortopedia e Ginecologia especializados em urgências clínicas e trauma, e foi contemplado com 5 novas vagas docentes pela Uni-

versidade, como reconhecimento pela importância do assunto. O eixo é composto por quatro Disciplinas: Primeiros Socorros e Atendimento Pré-hospitalar, Simulações em Medicina de Urgência, Internato em Emergências I (UPA) e II (Hospital terciário de urgências), inseridas respectivamente no primeiro, quarto, quinto e sexto anos do curso médico. A iniciativa está completando um ciclo, com a formatura da primeira turma no eixo. As avaliações têm sido muito positivas e otimistas, por parte de professores e alunos.

PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL * D A SOCIED ADE BRASILEIRA DE ATENDIMENTO INTEGRADO AO TRA UMA TIZADO DA SOCIEDADE TRAUMA UMATIZADO Presidente: Gustavo Pereira Fraga (SP) 1º Vice-Presidente: Sandro Scarpelini (SP) 2º Vice-Presidente: José Mauro da Silva Rodrigues (SP) Secretário Geral: Antônio T. Onimaru (SP)

EXPEDIENTE

1º Secretário: Tércio De Campos (SP) 2º Secretário: Geraldo Roger Normando Jr. (PA) 1º e 2º T esoureiro: Daniel Souza Lima (CE) Tesoureiro: Comitê Pre-Hospitalar: Rodrigo Caselli Belém (DF) Comitê das Ligas do T rauma: Diego Moreira Arruda (BA) Trauma:

Redação: DotScripta Comunicação e Mídias Digitais Editoração Eletrônica: Scheila Wagner e Karina Brito - Proteção Publicações Ltda Capa: Sala de Trauma, Universidade da Califórnia San Diego

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CBC RIO 2013

Trauma é destaque no Congresso Brasileiro de Cirurgia Rio 2013 ARQUIVO SBAIT

SBAIT organizou curso pré-congresso de Trauma e Mesa Redonda Especial

Mesa redonda “Contr ovér sias em TTrauma” rauma” “Contro vérsias

ntre os dias 18 e 22 de agosto, ocorreu no Riocentro-RJ o XXX Congresso Brasileiro de Cirurgia, com apoio da Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao

Traumatizado (SBAIT), propiciando aos cirurgiões do Trauma uma programação atualizada com as mais recentes discussões e tendências sobre a área. Contando com a presen-

Curso de Trauma Pré-Congresso reuniu 200 inscritos

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curso de Trauma pré-congresso, realizado em 18 de agosto e organizado pela Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado (SBAIT) e Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) recebeu o maior público entre os cinco cursos, com 200 inscritos. A coordenação do curso foi feita pelo TCBC Sizenando Vieira Star-

ling (MG), TCBC Gustavo Pereira Fraga (SP) e ACBC Eduardo Kanaan (RJ), e contou com a presença de dois palestrantes internacionais: Antonio Marttos (EUA) e Sandro Rizoli (Canada). Membros da SBAIT de diferentes estados do país estiveram presentes entre os 25 convidados nacionais. A SBAIT agradece a presença de todos que fizeram o sucesso desse curso.

Auditório es estteve lo tado durant e lotado durante oe o evvent ento

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Mesa Redonda Especial recebeu convidados internacionais e 400 participantes

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proximadamente 400 pessoas acompanharam a mesa redonda especial, organizada pela SBAIT no Congresso. Um dos destaques foi a participação do Prof. David Hoyt, Diretor Executivo do American College of Surgeons (ACS), em sua palestra “Reposição volêmica no trauma e o ATLS”. Na sequência o Dr. Antonio Marttos, da Universidade de Miami, Ryder Trauma Center, apresentou o tema “Indicação de tratamento não operatório no trauma fechado: existe exagero?” . O programa seguiu com o debate sobre a formação de recursos humanos para a área de Cirurgia do Trauma e Emergên-

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ça de convidados nacionais e internacionais de grande referência em Trauma, a programação reuniu centenas de participantes em todas as atividades. Relevantes temas foram abordados e discutidos durante toda a programação científica, desde o Curso Pré-Congresso até a mesa redonda especial realizada no dia 21 de agosto, no encerramento das atividades. Durante o evento, os cirurgiões do Trauma também tiveram a oportunidade de conhecer detalhadamente as aplicações e benefícios da Aplicação da Terapia por Pressão Subatmosférica / Pressão Negativa, que contou com a presença de convidados de grande relevância na área, entre eles, Dr Rao Ivatury ( USA), que compartilhou com os presentes sua experiência no uso da Terapia. A programação seguiu com importantes discussões na mesa-redonda Trauma Abdominal – Situações Complexas , assim como na mesa redonda Controvérsias em Trauma.

Pr of essor Da vid Ho yt durant e a sua Prof ofessor David Hoyt durante erência no Rio de Janeir o conferência Janeiro conf

cia, com a presença do Dr. Jorge Carlos M. Curi (vice presidente da Associação Médica Brasileira – AMB), Dr. Rodrigo Caselli Belém (Brasília, DF), Dr. Ricardo Breigeiron (Porto Alegre, RS) e Dr. Gustavo P. Fraga (Campinas, SP).


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DESTAQUE

Dr. Sandro Rizoli Cirurgião do Trauma brasileiro é destaque no Canadá

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essa edição do TRAUMA BoleTEAM o destaque é o Prof. Dr. Sandro Rizoli, membro honorário da SBAIT desde agosto de 2012. O Prof. Rizoli formou-se em Medicina na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 1984, e fez residência médica de Cirurgia Geral na mesma instituição, onde chegou a trabalhar como médico assistente na Disciplina de Cirurgia do Trauma até 1992. Em seguida fez um fellowship (especialização) em Cirurgia do Trauma, depois outro em Terapia Intensiva no Canadá, além de um PhD em Biologia Molecular. Depois de mais 10 anos de treinamento na Universidade de Toronto, em 2002 ele foi contratado como Professor de Cirurgia e Terapia Intensiva na mesma Universidade. O Dr. Rizoli recebeu o 2006 Royal College Gold Medal in Surgery e em 2008 foi contemDr o Rizoli Dr.. Sandr Sandro plado com o Endowed De Sousa Chair in Clinical Trauma Research. Atuou durante vários anos no Sunnybrook Health Sciences Centre e em 2013 assumiu a chefia do serviço de Trauma and Acute Care do St. Michael’s Hospital, também um hospital escola da Universidade de Toronto. Ele atualmente é Professor Titular de Cirurgia e Medicina Intensiva da Universidade de Toronto, pesquisador do Keenan Research Centre of the Li Ka Shing Knowledge Institute e recentemente ganhou mais um chair, o Endowed Chair in Trauma Care. Tem mais de 170 artigos publicados, incluindo no Journal of Biological Chemistry, Journal of Immunology, CMAJ e Lancet. Atualmente é o chefe da Região XII (Eastern Canada) do Committee on Trauma do American College of Surgeons e atual Presidente da Trauma Association of Canada (TAC).

Qual a sua opinião sobre o desenvolvimento da cirurgia do trauma no Brasil nos últimos anos? É impressionante o quanto que, em poucos anos, o Brasil progrediu com o atendimento pré e intra-hospitalar do traumatizado. Atualmente se fala muito mais sobre a doença trauma do que quando sai do Brasil há 20 anos atrás.Existe o forte movimento dos alunos das Ligas de Trauma e a SBAIT é uma sociedade sólida e reconhecida internacionalmente. Quando me mudei para o Canadá, a SBAIT era uma entidade pequena e atualmente ela se transformou numa sociedade nacional, que congrega profissionais de vários lugares com o objetivo comum de melhorar a qualidade do atendimento ao traumatizado. O World Trauma Congress realizado ano passado no Rio de Janeiro mostrou a força da cirurgia do trauma no Brasil, encantando a todos que lá estiveram presentes, num evento com grande público e altíssima qualidade científica. Uma área que continua bastante carente é a de bancos de dados. Se o país não mede o atendimento que oferece, dificilmente vai poder reconhecer onde estão as áreas onde pode melhorar. Mas sou otimista e acredito que o grande avanço em trauma nos próximos anos vai ser na criação de grandes centros de dados. A reabilitação talvez seja a única área em que não vejo grandes avanços, infelizmente. Acho que o Brasil ainda carece muito no cuidado do paciente depois que ele sai do hospital.

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Existe espaço para uma especialização em cirurgia do trauma e emergência? Eu não tenho nenhuma dúvida de que o Brasil precisa criar a especialidade de Medicina de Emergência e a de Cirurgia do Trauma e Emergência. São especialidades que tratam de grande parte da população brasileira, especialidades tremendamente ativas e o país carece de um profissional que tenha treinamento adequado para cuidar desses pacientes. Infelizmente no Brasil o atendimento de emergência continua (em muitos lugares) relegados aos profissionais com menos experiência e qualificação. A Cirurgia do Trauma é diferente da Cirurgia Geral. O cirurgião geral opera “órgãos” ou estruturas específicas, como uma hérnia, vesícula ou câncer de cólon. O trauma é diferente e requer que o médico tenha uma visão global, muito mais fisiológica do que anatômica. O cirurgião de urgência precisa de um outro tipo de treinamento, atenção diferenciada, pois se trata de um paciente diferente. Se tratando de um doente traumatizado instável, sangrando, por exemplo, um cirurgião de trauma vai logo para a sala de cirurgia e indica o controle de danos. Agora, se um cirurgião geral, que não tem treinamento em trauma for cuidar deste mesmo paciente, é possível que ele queira tratar de órgaos especificos, por exemplo o fígado, como se fosse uma cirurgia eletiva, tratando a anatomia e esquecendo a fisiologia. Isso aumenta muito o risco de o paciente morrer durante o procedimento, ou ter uma evolução muito pior do que se fosse tratado corretamente. Assim, tanto a Medicina de Emergência quanto a Cirurgia do Trauma são especialidades que precisam ser desenvolvidas, estimuladas no Brasil, e vão aumentar a qualidade do atendimento dado para pacientes brasileiros. Não sei como será o mercado de trabalho para o médico que faz essas áreas no Brasil, mas pelo que observo no Canadá, é uma das profissões mais desejadas pelos próprios médicos, pois trabalham algumas horas e depois vão para casa. Ninguém fica ligando no meio da noite para pedir ajuda. O indivíduo que faz Cirurgia do Trauma trabalha no centro de trauma, atende doente traumatizado grave, o que é uma experiência fascinante. Quais dicas você pode dar aos jovens cirurgiões para aumentarem a quantidade e qualidade das publicações? As perspectivas no Brasil são boas, a produção científica cresceu bastante nos últimos anos, mas precisa crescer mais ainda. É importante expor os jovens cirurgiões brasileiros que tem capacidade e o desejo de seguir uma carreira acadêmica (nem todos os médicos nasceram para isto) às grandes instituições de pesquisa do mundo onde pesquisas de primeira linha na área básica (pesquisa experimental) ou clínica são feitas. O alvo é que nessas instituições eles desenvolvam o potencial que tem, se aprimorem, capacitem e retornem ao Brasil produzindo ciência de maior qualidade e treinando outros colegas. O avanço de um pais nesse século acontece às custas de novas tecnologias. O Brasil tem tudo para ser um líder em Trauma no mundo.

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CAPA

EDUCAÇÃO E RESIDÊNCIA Da graduação ao atendimento ao traumatizado - A importância da formação de qualidade -

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esde 1889, quando William Halsted implantou no Hospital Johns Hopkins (EUA) o primeiro programa de treinamento em serviço para os futuros cirurgiões, em um modelo de dedicação exclusiva, onde os médicos residiam no emprego (daí a origem do termo ‘Residência’ Médica), os programas de Residência Médica vem sendo reconhecidos como fundamentais para a formação do médico e dessa forma, implantados mundialmente para diversas especialidades. No Brasil, a implantação deste tipo de programa atingiu seu auge na década de 70, quando vários serviços foram criados pelo país. Para a Cirurgia do Trauma, como toda área complexa do conhecimento médico, a Residência Médica é fundamental, como forma de preparar profissionais para atender com qualidade e eficiência aos pacientes traumatizados, sobretudo nas regiões de grande concentração populacional. A existência de uma equipe bem preparada pode significar, nos primeiros instantes do atendimento de urgência, a melhor chance de vida ou a de uma sobrevida com melhor qualidade e menos sequelas. A Formação adequada na graduação e na Residência Médica é, portanto, pilar fundamental no desenvolvimento desse profissional. A Organização Mundial da Saúde contabilizou 5.8 milhões de mortes por trauma no mundo, em 2004. Destes, 90% ocorreram em países

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Centr o de Simulação do S t. Mic hael's Hospital, em Centro St. Michael's Tor ont o, Canadá oront onto,

com baixa e média renda interna bruta. No Brasil, as estatísticas têm aumentado a cada ano. As causas externas se mantém como a primeira causa de morte, na faixa etária entre 0 a 59 anos, há muitos anos, e a terceira causa de morte quando se acrescenta a população acima de 60 anos. Dessa forma, a adequada preparação dos futuros profissionais precisa acompanhar essa epidemiologia e o impacto social que ela acarreta, introduzindo-se o assunto na formação médica desde a graduação. A inclusão das disciplinas referentes ao atendimento ao traumatizado, seja nos aspectos epidemiológicos e de prevenção, ao atendimento inicial, bem como noções de abordagens da Cirurgia do Trauma e de reabilitação, no currículo mínimo das escolas médicas refletiria diretamente na formação dos futuros médicos e consequentemente na qualidade do atendimento ao paciente traumatizado. Algumas Universidades no Brasil já saíram na frente e possuem em seu currículo um eixo de ensino em emergência e trauma. Com uma formação ampliada em Cirurgia do Trauma, iniciando-se já nos primeiros anos da graduação, o médico, independente da área de atuação ou especialidade a ser definida posteriormente, certamente poderá realizar um atendimento inicial de maior qualidade ao paciente traumatizado, aumentando suas chances de sobrevida.

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A pós-graduação, principalmente na forma de Residência Médica na área, que já existiu durante décadas em alguns Hospitais Universitários, foi recentemente reformulada, com resultados ainda não avaliados adequadamente. Atualmente limita-se apenas a um ano de treinamento em serviço, com pré-requisito da especialização em Cirurgia Geral com 2 anos (R1 e R2). Embora tenha sido um passo na direção de um treinamento especializado, o período determinado pelo Conselho Nacional de Residência Médica (CNRM) nos parece insuficiente para a formação de um profissional, cujo perfil vai além do conhecimento teórico-prático, englobando vivências e experiências que permitirão a ele uma tomada de decisões rápidas e assertivas, tão importantes nos instantes em que um minuto faz toda a diferença. Nesse contexto, outro ponto que devemos destacar refere-se ao aumento do número de serviços de excelência em atendimento ao traumatizado que possam oferecer Residência Médica em Cirurgia do Trauma. O que possibilitará, consequentemente, o aumento de profissionais capacitados para atuar diretamente com o traumatizado em níveis de complexidade cada vez maiores. Várias ações têm estimulado esse aumento, como os editais publicados pelo Ministério da Saúde em junho de 2013, com objetivo de fomentar tanto a ampliação quanto a criação de novos programas de residências em saúde, contribuindo com a formação dos profissionais da área de saúde por meio da expansão de vagas para residência. A ampliação de programas de residências é uma das estratégias do Ministério da Saúde para melhorar o acesso dos profissionais a uma especialização e, consequentemente, a saúde ofertada à população. Nos últimos dois anos, a oferta de bolsas de residência médica em instituições públicas ultrapassou o triplo, passando de 758, em 2011, para 2.881, em 2013. A Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado (SBAIT) apoia desde 2009 o PRÓ-RESIDÊNCIA, (Programa de Apoio à Formação de Especialistas em Áreas Estratégicas), auxiliando a CNRMe o Governo Federal na expansão dos programas, com qualidade. Atu-

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almente existem 21 programas de residência em Cirurgia do Trauma no Brasil, alguns criados antes de 2009. A SBAIT está empenhandose para que o programa de Residência Médica em Cirurgia do Trauma passe a ter dois anos de duração a fim de oferecer uma melhor formação para os residentes e coloca-se à disposição para auxiliar na fiscalização de programas já existentes e no apoio para a implantação de novos programas.

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urante os dias 14 a 17 de agosto, ocorreu a XVª edição do Congresso Brasileiro das Ligas de Trauma (CoLT) e 5ª edição do Encontro Nacional de Enfermagem no Trauma (ENET), na cidade de Ilhéus, Bahia. Com um total de 400 participantes entre inscritos e convidados, durante quatro dias foram discutidos os assuntos mais importantes em relação ao trauma na atualidade, tendo como tema principal a abordagem multidisciplinar ao trauma. O evento contou com quatro palestrantes internacionais (professores Raul Coimbra e Antonio Marttos dos Estados Unidos, e os professores Sandro Rizoli e Barto Nascimento, do Canadá), 35 palestrantes de relevância nacional dentro da temática trauma, tanto da área de medicina quanto de enfermagem, além de seis professores convidados locais. Durante o primeiro dia de evento foram realizados dois cursos, um de “Simulação Médica” sob a coordenação dos professores Paulo André Jesuíno (BA) e André Cunha (BA) e outro da Sociedade Panamericana do Trauma e Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado (SBAIT) sobre “Resposta

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XV Congresso Brasileiro das Ligas de Trauma e V Encontro Nacional de Enfermagem no Trauma é realizado em Ilhéus/BA

Total de 45 pales trant es par ticiparam do e o palestrant trantes participaram evvent ento

Médica Avançada em Desastres”, ministrado pelos professores Adriano Trajano (AL), Antonio Onimaru (SP) e Bruno Pereira (SP). Ao todo, nos dias seguintes foram 20 horas de carga horária de atividades , entre conferências, mesas redondas e sessões de casos clínicos, além de apresentação de 120 trabalhos enviados e selecionados de todo o país, 22 na modalidade de temas livres e 98 na modalidade pôster. O evento contou ainda com a Assembleia Geral do Comitê Brasileiro das Ligas do Trauma (CoBraLT), com presença de representantes de todas as regiões do país, com posse

da diretoria de 2013-2014, sob presidência do acadêmico Ivan Nogueira (ES) e eleição da sede do evento em 2015, que será na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais. Dessa forma, durante esses quatro dias, a cidade de Ilhéus tornou-se a capital nacional sobre trauma, oferecendo aos participantes de todo país a oportunidade ímpar de debater com os ícones do trauma no Brasil e no exterior as atualizações relacionadas com a terapêutica do paciente traumatizado. A próxima edição do evento será na cidade de Manaus, AM, de 23 a 25 de setembro de 2014, junto com XI Congresso da SBAIT.

NOVIDADES

História da SBAIT agora também registrada por imagens

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partir de 25 de setembro de 2013 a história da Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado (SBAIT) passou a ser registrada também por imagens. A Galeria de imagens da SBAIT foi lançada em uma plataforma moderna e interativa – o Flickr, que permitirá aos visitantes, além de rever momentos importantes da Sociedade, também comentar e compartilhar as imagens. O formato de arquivo de imagens, divididos por “álbuns”, facilita a visualização. Basta clicar em um álbum e visualizar todas as fotos, com descrição. A nova galeria de imagens da SBAIT possui acesso fácil pelo ícone do Flickr no menu superior do site. Visite e prestigie nossa história.

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LANÇAMENTO

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Pré-Hospitalar

oi realizado no dia 4 de setembro, na livraria Saraiva do shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo, o lançamento do livro “Pré-Hospitalar”, organizado pelo GRAU, Grupo de Resgate e Atenção às Urgências e Emergências, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, e publicado pela Editora Manole. O livro possui 54 capítulos e três anexos e ARQUIVO SBAIT

Edit ores do livr o e dire eo Editores livro direttores da SBAIT durant durante lançament o em São P aulo lançamento Paulo

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tem como editores: Gustavo Feriani, Jorge Michel Ribera, Maria Cecília de Toledo Damasceno, Pedro J. Rozolen Jr e Ricardo Galesso Cardoso. O GRAU buscou nesse livro reunir temas importantes voltados especificamente para o atendimento pré-hospitalar (APH), desde os fundamentos básicos até temas específicos e pouco abordados, como atendimento médico em grandes eventos, medicina em operações táticas e policiais e resgate aeromédico. Os autores escolhidos são profissionais extremamente capacitados e com grande experiência no assunto, incluindo-se não apenas médicos e enfermeiros, como também bombeiros, pilotos e policiais. Os capítulos foram escritos em linguagem acessível a todos os níveis de profissionais, desde médicos e enfermeiros até socorristas, bombeiros e outros profissionais que atuam na área da saúde. O GRAU tem experiência de mais de 20 anos atuando em APH, trabalhando no Sistema Resgate em conjunto com o Corpo de Bombeiros e o Grupamento de Radiopatrulha Aérea (Águia) da Polícia Militar do Estado de

São Paulo. Além do atendimento às urgências e emergências médicas na capital e interior do estado, esteve presente também em diversos eventos de vulto nos últimos anos, como as enchentes em Santa Catarina em 2008, enchentes em Alagoas em 2010 e deslizamentos na região serrana do Rio de Janeiro em 2011.

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AGENDE-SE

TRA UMA T eleconferência SBAIT TRAUMA Teleconferência Última quarta-feira de cada mês, das 17 às 18h (horário Brasília). Próximas reuniões: 30/10 e 27/11/13. Informações: secretaria@sbait.org.br. Pan American T rauma T ele-Grand Trauma Tele-Grand Rounds - Data: semanalmente, às sextas-feiras. Informações: drojas1@med.miami.edu. X Congresso Latinoamericano de Quemaduras (FELAQ) e VIII Jornada Brasileira de Queimaduras e I Jornada Carioca de Queimaduras – Data:17 a 19 de outubro de 2013. Local: Windsor Atlântica Hotel, no Rio de Janeiro, RJ. Informações: http://jbqueimaduras.com.br. Chicago Lower Extremity Surgical Symposium (CLES S) F ocus: Complex (CLESS) Focus: Trauma and P ost T raumatic ReconsPost Traumatic truction - Local: University of Illinois College of Medicine, Chicago, IL. Data: 23 a 27 de outubro de 2013. Informações: http://www.clesf.org/.

ta Casa de São Paulo. Data: 2 a 10 de novembro de 2013. Informações: http:/ /www.perfectaeventos.com.br/index.php. II Congresso de T rauma do Rio Trauma de Janeiro CB C/SBAIT -RJ - Local: CenCBC/SBAIT C/SBAIT-RJ tro de Convenções do CBC, Rio. Data: 6 a 9 de novembro de 2013. Informações: http://www.jzbrasil.com/congressos/trauma_rio/index.htm. The Anniversary International Scientific Conference “The modern approach to the management of a polytrauma patient” - Local Moscow. Data: 7 a 8 de novembro de 2013. Informações: http://www.traumatic.ru/en.

Reunião Ibero-Afro-Americana de T rauma e Cirurgia de Emergência Trauma Local: Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), Coimbra, Portugal. Data: 10 a 16 de novembro de 2013. Informações: http://altec-lates.pt/ event/reuniao-ibero-afro-americana-detrauma-e-cirurgia-de-emergenciariaatce/. XXVI P anamerican T rauma ConPanamerican Trauma gress - Local: Santiago, Chile. Data: 18 a 22 de novembro de 2013. Informações: http://www.panamtrauma.org. Jornada de Residentes de Cirur Cirur-gia P ediátrica - Local: Salvador-BA. Pediátrica Data: 27 a 29 de novembro de 2013. Informações: http://congressocipe.com.br/salvador2013/. 15th European Congress of T rauma & Emergency Sur Trauma Sur-gery & 2nd W orld T rauma ConWorld Trauma gress - Local Frankfurt, Germany. Data limite para enviar resumo de trabalhos científicos: 6 de novembro de 2013. Data: 24 a 27 de maio de 2014. Informações: http:// www.ectes2014.org/.

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Semana de Atenção ao T rauma Trauma da Santa Casa de São P aulo - Local: Paulo Faculdade de Ciências Médicas da San-

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