Suplemento Diário Económico

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ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO DIÁRIO ECONÓMICO Nº 5359 DE 07 DE FEVEREIRO DE 2012 E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE

Energia

PAINÉIS SOLARES

Ana Brígida

Estação Fotovoltaica da Amareleja, situada no concelho de Moura (Beja)

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Neves António

João Paulo Dias

Foto cedida pela Martifer Solar

Empresas apostam na internacionalização

FILIPE SANTOS

GUSTAVO FERNANDES

FREDERICO ROSA

Administrador da EDP Serviçosh

Administrador da Martifer Solar

Administrador da Sunergetic

A energia é core business para a EDP, logo a presença neste mercado é natural.

Estamos a expandir as áreas de negócio geograficamente, para fazer face à crise.

A internacionalização está sempre no horizonte, apesar de termos investidores que preferem Portugal.


II Diário Económico Terça-feira 7 Fevereiro 2012

UMA EQUIPA de investigadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto foi galardoada, no âmbito dos prémios científicos Solvay & Hovione Innovation Challenge 2011, no domínio da inovação e do empreendedorismo, pelo desenvolvimento de módulos fotovoltaicos, através de uma tecnologia que dará origem a uma unidade de fabrico em massa, com capacidade anual de 2 MW, num investimento de três milhões.

ENERGIA: PAINÉIS SOLARES

Crise e fim dos benefícios fiscais atiram empresários para a internacionalização Aposta na globalização parece ser a opção dos empresários, mas a concorrência é feroz por parte da China, da Alemanhã e de Espanha. ANTÓNIO DE ALBUQUERQUE E RAQUEL CARVALHO antonio.albuquerque@economico.pt

A

maioria das empresas do sector considerou negativo o fim dos benefícios fiscais para os consumidores que pretendiam soluções para economizar energia através da instalação de painéis solares. Uma sentença negativa para o sector numa altura que o Pais se vê a braços com a pior crise económica e financeira que viveu nas últimas décadas. Mas os empresários deram a volta à decisão do Estado português e à crise e adoptaram estratégias de crescimento, através da incorporação de novas tecnologias, da valorização da poupança de energia juntos dos clientes ou ainda via internacionalização. Mas também houve situações de corte nas margens de lucro. Em balanço, o ano transacto até correu de forma positiva, como admitiram os 11 responsáveis de outras tantas empresas. Para este ano, estão expectantes quanto às consequências do aumento do IVA de 13% para 23% (ver texto ao lado). Filipe Santos, administrador da EDP Serviços, enfatiza os “excelentes resultados obtidos” quanto questionado sobre os resultados do ano passado e realça a consolidação da liderança da EDP, com mais de mil clientes no mercado de microgeração. Também a Martifer Solar caracteriza o ano de 2011 como um “ano excelente”, salientou Gustavo Fernandes, administrador da empresa. Crítico relativamente aos designados custos de contexto da economia nacional a que se juntou a instabilidade económica, José Pimentão, director-geral da Sinergiae, assume um crescimento significativo na facturação explicando que “o ano de 2010 ainda foi pior do ponto de vista de estabilidade do que o de 2011”. Aliás, o mesmo responsável, apesar de reconhecer que os fim dos benefícios fiscais teve “um impacto considerável” na facturação da organização, não deixa de reconhecer que os estímulos fiscais “são nefastos”. Sem pretender entrar em polémicas, José Pimentão, prefere verdadeiras políticas de discriminação positiva ambientais e energéticas das energias renováveis”. Internacionalização sim, mas atenção

Crescer nos mercados externos Muitas outras empresas estão apostadas em mercados onde Portugal apresenta vantagens competitivas, como por exemplo o angolano, moçambicano e brasileiro, para os quais praticamente todas elas trabalham.

à China, Alemanha e Espanha Apesar de ser um sector recente a concorrência já é feroz. Chineses, alemães e espanhóis querem também ter uma palavra a dizer no mercado mundial. E a estratégia das empresas está também desenhada a uma escala mundial, como são o caso MCG Solar, da Martifer, Selfenergy ou a EDP. Senão, vejamos. Paulo Neves, director comercial da área de negócios da MCG Solar destaca que o crescimento vai passar “pela exportação para mercados tão diversos como o alemão, francês, nórdico, ibérico e do Magreb”. E o mesmo responsável avança ao Diário Económico que a empresa está a estudar entrar também no mercado norte-americano. Apesar da visão à escala global, muitas outras empresas estão apostadas em mercados onde Portugal apresenta vantagens competitivas, como por exemplo o angolano, moçambicano e brasileiro, para os quais praticamente todas elas trabalham. Mas nem tudo são “favas contadas”, como reconhece Nuno Gonçalves, da Enerwise. Considera que o futuro passa “inevitavelmente pela internacionalização”, mas reconhece que o processo foi moroso e que obrigou a bastante paciência para obter resultados quando deu os primeiros passos nos países africanos de língua portuguesa. Uma dificuldade que tem a ver com as especificidades de cada mercado, mas também porque as empresas portuguesas competem com “chineses que têm a maior produção de módulos solares do mundo, contra alemães que são os maiores produtores europeus de sistema fotovoltaico e contra os espanhóis com a sua indústria solar fortemente competitiva”, refere José Pimentão, director-geral da Sinergiae. A par desta agressiva concorrência, mas que faz parte do jogo internacional, junta-se uma dificuldade alheia às empresas e que se prende com a falta de crédito. “Nunca tivemos um ‘pipeline’ tão forte e tão completo e o grande desafio será a capacidade de o conseguirmos financiar e implementar”, adverte Miguel Matias, administrador da Selfenergy. ■

IVA a 23% As empresas de painéis solares estão preocupadas com o impacto no mercado de consumidores domésticos do aumento de IVA de 13% para 23%, em vigor a partir deste ano. Uma desvantagem que, associada às limitações de crédito, poderá estagnar este segmento de negócio. Com este enquadramento, as empresas prevêem quebras de vendas e viram-se para o mercado empresarial com soluções que permitem vender electricidade à rede eléctrica, aproveitando as linhas de apoios financeiros inscritas no Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN). Sara Ramos, directora-geral da Inenergi, dá conta desta situação ao afirmar que existe um “decréscimo muito significativo no que


Terça-feira 7 Fevereiro 2012 Diário Económico III

A RENAULT tem em marcha até final deste mês, um projecto de energia alternativa que consiste na cobertura do topo de todas as fábricas no mundo com painéis solares. Com isso, espera uma redução nas emissões de CO2 de cerca de 30 mil toneladas, até 2013. As primeiras unidades de produção que receberão estes painéis estão em França e serão cobertas com placas que somam uma área de 450 mil m2.

O GOVERNO espanhol anunciou a semana passada que vai suspender todos os apoios aos novos projectos de energias renováveis. A medida do executivo é “temporária”, segundo a imprensa espanhola e surge como forma de travar o défice tarifário espanhol avaliado em cerca de 24 mil milhões de euros. A medida não terá efeitos retroactivos nos projectos em funcionamento e em fase de instalação.

>> M A I S D E 3 0 0 M I L M 2 D E PA I N É I S

João Paulo Dias

O número de sistemas solares térmicos instalados por ano cresceu entre 2003 e 2010 – de menos de 10 mil m2/ano em 2003, a mais de 180 mil em 2010. A decisão do Governo, via Orçamento do Estado proposto pelo Ministério Finanças (foto do edifício do Terreiro do Paço, em Lisboa) de acabar com os benefícios fiscais levou a um forte abrandamento da procura. Em 2008, foi lançado o projecto Solar Térmico, uma medida de incentivo à utilização de energias renováveis, com o objectivo melhorar a performance energética do País.

trava mercado de particulares respeita aos particulares” e que “não houve decréscimo da procura ao nível empresarial”. O Orçamento do Estado para este ano, definiu a passagem em vários sectores de actividade da taxa intermédia de IVA de 13% para 23%, nomeadamente para o sector das energias renováveis, que passam desta forma a ser também taxados à taxa máxima. Uma situação que causa alguma apreensão aos representantes do sector, pois em causa está um agravamento dos preços no consumidor via aumento de impostos, como explicou Nuno Gonçalves da Enerwise. Ou seja, para este responsável o mercado português já é um mercado de pequena dimensão e “infelizmente, vai-se man-

As empresas viram-se para o mercado empresarial com soluções que permitem vender electricidade à rede eléctrica, aproveitando as linhas de apoios financeiros inscritas no QREN.

ter estagnado durante algum tempo”. Uma situação que obrigou a empresa a “reduzir as margens” para compensar parcialmente as alterações fiscais, como confessou Nuno Gonçalves. Por isso, muitas são as empresas que se viram para projectos desenhados a pensar nos incentivos inscritos no QREN. Contudo, nem aqui as coisas parecem correr de feição para os promotores, as empresas que pretendem adoptar políticas de racionalização de consumo de energia. “Os atrasos nas aprovações de candidaturas de clientes nossos ao QREN”, a par das “grandes dificuldades de implementação do programa de minigeração face às limitações de crédito e o atraso no arranque do

programa EcoAP não permitiram um melhor desempenho” do sector, salienta Filipe Bello Morais, director-geral da Sotecnisol Energia (ler texto da página 10 e 11). Apesar do cenário, Miguel Matias, da Selfenergy, considera que com os elevados custos energéticos com o IVA também a 23%, a “maior parte das soluções de energia solar térmica já são viáveis economicamente sem necessitar de mais benefícios”. Uma opinião partilhada por Filipe Santos, administrador da EDP, que afirma que a empresa “tem vindo a evoluir no sentido de responder e compensar a redução dos incentivos à energia solar e, desta forma, manter a atractividade do investimento junto dos clientes”. ■ A.A . e R.C.


IV Diário Económico Terça-feira 7 Fevereiro 2012

ENERGIA: PAINÉIS SOLARES

Maria João Rodrigues, acredita que no segmento residencial ainda há muita coisa para fazer

E N T R E V I S TA MARIA JOÃO RODRIGUES, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE PAINÉIS SOLARES - APISOLAR

e que o não-residencial pode vir a ser potencializado com o programa COMPETE.

“Esperamos que o sector seja assumido como estratégico” O mercado é dinâmico e mostra resilência. RAQUEL CARVALHO raquel.carvalho@economico.pt

Que perspectivas de crescimento poderá ter o sector em tempos de crise? Há que distinguir entre solar térmico e fotovoltaico. E no caso do solar térmico, há ainda que distinguir entre o sector residencial e o não-residencial. No primeiro, não existem incentivos ao investimento ou benefícios fiscais e assiste-se ao forte abrandamento de nova construção, o que reduz a capacidade instalável por via da regulamentação do desempenho energético de edifícios, o que significa que as empresas vão ter de se focar no edificado existente, onde o potencial de instalação está ainda fracamente realizado. Neste segmento, a atractividade de investimento está relacionada com o aumento dos preços da energia ao consumidor final. Este facto por si só pode, no entanto, não ser suficiente para manter um nível adequado de procura, sendo essencial reforçar fortemente o investimento em educação e sensibilização do consumidor. No sector não residencial, a regulamentação do desempenho energético de edifícios poderá contribuir positivamente para a procura nos edifícios de serviços, em particular em grandes remodelações e na implementação de planos de racionalização de consumos. O mercado solar térmico não-residencial poderá ainda vir a ser dinamizado no âmbito do COMPETE, por via da subvenção directa ao investimento, à semelhança do que se verificou no âmbito do QREN. Estes incentivos serão importantes para a manutenção do mercado dos edifícios do sector terciário e para abrir mercados com pouca expressão até agora, como alguns nichos industriais onde a incorporação de tecnologia solar térmica para fornecer calor de processo pode ser atractiva. No sector solar fotovoltaico, foram aplicados cortes nas quotas da micro e minigeração, que implicam uma contracção de 47%. Nesse sen-

Prioridades do sector para 2012 Para 2012, uma das prioridades da APISOLAR na energia solar fotovoltaica, “é criar um ambiente regulatório estável e sustentado, entendido como uma evolução dos regimes da micro e minigeração, que antecipe a maturidade tecnológica no sentido da paridade de rede”, assume Maria João Rodrigues. No solar térmico, a associação está a participar na revisão dos regulamentos de desempenho energético. Mas são duas as grandes prioridades. “Assegurar a manutenção de um enquadramento adequado para a formação e certificação profissional”. Neste sentido, a APISOLAR está a dialogar com a DGEG, vai falar com a Agência Nacional para a Qualificação, e celebrou um protocolo de colaboração com o CENTERM/APIEF. Outro objectivo é dinamizar o mercado, “no sentido de se assegurarem incentivos adequados no âmbito do COMPETE”, diz a presidente da APISOLAR que revela que outra das apostas para 2012, é “a promoção e comunicação do sector, e de acções de educação e sensibilização”. Para ambos os segmentos, pretende-se ainda “monitorizar de perto a entrada no mercado de grandes players, por forma a que se garanta que são identificados e eliminados eventuais comportamentos anti-concorrenciais”.

Paulo Figueiredo

A

energia solar é estratégica para o País e Maria João Rodrigues, presidente da Associação Portuguesa de Painéis Solares (APISOLAR), disse em entrevista ao Diário Económico ter esperança que o Governo tenha noção da sua importância e que crie enquadramentos que permitam o desenvolvimento sustentado do sector e o aumento progressivo do seu peso na economia nacional.

tido, a APISOLAR pensa ser fundamental que as metas da micro e minigeração sejam entendidas de modo flexível e agregada, devendo existir trânsitos de quota entre regimes de acordo com os perfis de procura. Mas que balanço faz do sector? O sector, como um todo, apresenta elevado dinamismo e tem respondido consequentemente, e com qualidade, às aberturas de mercado e imposições estabelecidas por via das políticas públicas. Mas acima de tudo penso que tem demonstrado uma elevada resiliência, sobrevivendo às instabilidades políticas, suspensão de apoios, alterações de estratégia. Mas preocupa-me a real capacidade de manutenção das portas abertas de muitas empresas. Quais as suas expectativas relativamente à política do Governo para a energia solar? Esperamos que o sector solar seja definitivamente assumido como estratégico para o País, quer no que se refere ao desempenho do sistema energético, quer para o desenvolvimento sócio-económico nacional. Com isto esperase que sejam mantidos e/ou criados enquadramentos que permitam o desenvolvimento sustentado do sector e o aumento progressivo da sua importância para a economia. O aumento dos preços da electricidade causou corrida à energia solar térmica e fotovoltaica? Ainda é cedo para se medirem estes efeitos. A expectativa é que, pelo menos no solar térmi-

co, este seja um sinal positivo que influencie positivamente a decisão de compra. De que forma pode a energia solar tornar-se a melhor solução para a eficiência energética? Se pensarmos em termos estritos de sistemas solares activos, considero que nunca será uma solução ‘per si’ mas sim parte integrante da solução. Mas energia solar não são só sistemas solares térmicos ou fotovoltaicos, que nos permitem gerar localmente, total ou parcialmente, a energia que precisamos para satisfazer os nossos consumos. Se bem utilizados os conceitos passivos na construção, é também sinónimo de conforto térmico com menor recurso a sistemas de climatização; conforto visual, com maior recurso a sistemas de iluminação natural, ambos implicando ganhos de eficiência energética significativos. É preciso entender que a eficiência energética é uma questão que vai muito além da oferta tecnológica. É uma questão fortemente condicionada por aspectos comportamentais, que dependem, sim, da nossa capacidade de pagar e de aspectos de racionalidade económica do investimento; mas também da nossa vontade de pagar. São os comportamentos que determinam fortemente a adopção de tecnologias solares e o modo como estas podem vir a influenciar os perfis de utilização de energia. E é nos comportamentos que temos que investir, se quisermos implementar com sucesso qualquer estratégia consequente de eficiência energética. ■


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VI Diário Económico Terça-feira 7 Fevereiro 2012

ENERGIA: PAINÉIS SOLARES

>> I N AU G U R A D O I P E S

Paulo Alexandre Coelho

Foi inaugurado dia 31 de Janeiro, em Évora, o Instituto Português de Energia Solar, (IPES), que terá como director o professor Manuel Collares Pereira, titular da cátedra de Energias Renováveis da Universidade de Évora, uma das instituições fundadoras do IPES e onde se realizou a escritura pública. O instituto visa desenvolver e promover o sector em Portugal e no exterior, apostar nas tecnologias e ser o agregador das competências dos seus 20 associados. Quer ainda posicionar-se para poder servir de interlocutor ao Governo em aspectos relevantes da política energética na área da energia solar.

Empresários de olhos postos na inovação Portugal está no bom caminho quanto ao investimento em inovação, apostando em novos serviços e produtos. RAQUEL CARVALHO raquel.carvalho@economico.pt

A

inovação marca a diferença em todos os sectores de actividade e a energia solar não é excepção. No que toca aos painéis solares, Maria João Rodrigues, presidente da Associação Portuguesa de Painéis Solares (APISOLAR) garante que Portugal “tem seguido uma trajectória promissora e de excelência internacional. Tem-se assistido a um aumento significativo do número de investigadores afectos ao desenvolvimento de novos materiais, novas aplicações e produtos, novos conceitos de integração arquitectónica e novas arquitecturas de sistema”, diz, frisando a transferência de conhecimentos e as parcerias entre universidades e indústria, nacionais e internacionais. Todas as empresas que actuam no sector assumem que a inovação, investigação e desenvolvimento fazem parte do seu ADN. A EDP é uma delas. Filipe Santos, administrador da EDP Serviços garante que na oferta para a microgeração e minigeração, a estratégia “baseia-se em produtos de elevada eficiência e qualidade, com outros benefícios ao cliente para além da produção de energia”. A título de exemplo, a empresa “oferece um serviço de monitorização da produção, acessível através da Internet ou smarphones, e gerido centralmente pelos nossos serviços que alerta o

INPI recebeu 116 pedidos de patentes Entre 1989 e 2011, o Instituto Português de Propriedade Industrial (INPI), recebeu 116 pedidos de patentes, sendo a área dos colectores solares, aquela que lidera a lista, com um total de 61 pedidos. O Solar térmico requesitou 23 patentes, a área dos dispositivos semicondutores entregou 19 pedidos, e o solar fotovoltaico requereu 13 pedidos de patentes. O INPI revelou que, devido ao facto da temática da energia solar representar um desenvolvimento tecnológico importante a nível mundial, houve necessidade de se separar asdiferentes tecnologias em classificações específicas para as mesmas tanto no sistema internacional de classificação de patentes, como no sistema europeu de classificação.

cliente em caso de anomalia, ou ainda módulos fotovoltaicos de marca própria produzidos em Portugal”, explica, adiantando que este ano, a empresa lançará mais novidades. Já Gustavo Fernandes, administrador da Martifer Solar garante que a empresa aposta na diversificação na área dos serviços “com a implementação de ferramentas dedicadas de monitorização para parques fotovoltaicos”. Em termos de I&D, até à data a Hemera Energy já investiu mais de 2,5 milhões de euros, sobretudo no desenvolvimento do AdvanClim, uma solução integrada de climatização solar. Mas em 2011, a empresa foi responsável pela engenharia, fornecimento e instalação dos dois primeiros sistemas solares térmicos de tecnologia Sunaitec, sistema inovador em Portugal. Já a Sotecnisol investe, por ano, em inovação, 150 mil euros, que são alocados, sobretudo, para o desenvolvimento de novos serviços e produtos”, diz Filipe Bello Morais, directorgeral. No que se refere à MCG Solar, Paulo Neves, director comercial afirma que “o investimento total nesta área ronda habitualmente 1,5% da facturação anual”, sendo sobretudo alocado em processos de fabrico e na sua optimização, sem esquecer, porém, o enfoque no desenvolvimento de produto. A Sinergiae investe 10% da sua facturação a esta área. Já Sara Ramos, directora-geral da Inenergi

adianta que a empresa vai investir em 2012, “cerca de 60% do rendimento na implementação dos projectos desenvolvidos nos anos anteriores e no desenvolvimento de novos serviços e produtos” e informa estarem em fase de apresentação ao mercado três novos serviços de certificação desenvolvidos pela Inenergi e um parceiro alemão. Outra empresa com um investimento significativo em I&D é a Selfenergy, que está, aliás, com projectos QREN IDT em curso com o LNEG, o Instituto Superior de Setúbal e a Universidade Nova, “em áreas pioneiras de aplicação da energia solar”, destaca Miguel Matias, administrador. A empresa participou ainda em projectos europeus como o VerySchool ou o Spor2 com muita projecção internacional, e lançou uma iniciativa inovadora com o MIT Portugal no âmbito da eficiência energética dos Campus Universitários. Enquanto ‘spin off’ do IST, a WS Energia tem na sua génese a investigação e inovação tecnológica. Daniel Martins, director de marketing da empresa diz estar a ser desenvolvido um projecto “que alia a energia solar às redes inteligentes e outro, que permite a colocação de sistemas fotovoltaicos em comunidades isoladas”. De frisar que a WS Energia, o Instituto Superior Técnico e a Fundação para a Ciência e Tecnologia vão criar uma Cátedra Convidada na área da energia solar”. ■


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VIII Diário Económico Terça-feira 7 Fevereiro 2012

ENERGIA: PAINÉIS SOLARES

Governo congela novas licenças O acordo com a ‘troika’previa a análise dos regimes de apoio aos produtores de energia até Janeiro. ANTÓNIO DE ALBUQUERQUE antonio.albuquerque@economico.pt

O

Em 2010, havia mais de 180 mil m2 de sistemas solares térmicos instalados em Portugal.

HENRIQUE GOMES secretário de Estado da Energia.

Na altura, o Executivo explicou que esta decisão “decorre das orientações de política energética previstas no Programa do Governo e que apontam para a necessidade de ponderar e reavaliar o enquadramento legal da produção de eletricidade em regime especial”.

Rick Wilking/Reuters

Executivo decidiu ontem ‘congelar’ a atribuição de novas licenças para a produção de eletricidade em regime especial, afectando principalmente a geração eólica e a cogeração. Segundo o decreto-lei publicado ontem em Diário da República, o Governo suspende, “com efeitos imediatos, a atribuição de potências de injecção na Rede Elétrica de Serviço Público (RESP)”, ainda que ressalvando a possibilidade de poderem vir a ser excecionados casos de “relevante interesse público”. Esta lei decorre de uma resolução do Conselho de Ministros de 5 de Janeiro que pretende reavaliar o enquadramento legal da produção de eletricidade em regime especial. Esta decisão suspende a atribuição de pedidos de informação prévia, a primeira fase do processo para a atribuição de potência para a produção de energia elétrica a partir de energias renováveis ou de resíduos industriais, agrícolas ou urbanos, com exceção da energia hídrica, bem como em instalações de cogeração. Na altura, o Executivo explicou que esta decisão “decorre das orientações de política energética previstas no Programa do Governo e que apontam para a necessidade de ponderar e reavaliar o enquadramento legal da produção de eletricidade em regime especial”. O Governo comprometeu-se na segunda revisão do memorando de entendimento com a ‘troika’ a analisar a eficiência dos regimes de apoio aos produtores de energia em regime especial até ao final de Janeiro, um mês após a data definida em Setembro na primeira revisão do acordo. Na segunda revisão do memorando de entendimento, os prazos para a análise da eficácia dos regimes de apoio à cogeração e possíveis reduções na tarifa, uma redução implícita da subvenção, deveriam ter sido entregues à ‘troika’ até final de Janeiro. No entanto, até ao momento, o Governo ainda não anunciou se entregou ou não. Na altura, Henrique Gomes, secretário do Estado da Energia esclarecia que “estamos a trabalhar nesse sentido”, acrescentando que, no início de Dezembro, o Estado assumiu perante a ‘troika’ “a obrigação de determinar as eventuais rentabilidades excessivas de cada um dos segmentos de produção [de electricidade] e de propor medidas para a sua eliminação”. Henrique Gomes observou ainda que o objectivo “é reduzir os rendimentos excessivos para reduzir o défice”, e adiantou que “tem de existir disponibilidade dos electroprodutores para negociar”. Caso não exista, “o Governo tem de tomar medidas que ainda não sabe quais”. O secretário de Estado colocou de parte a criação de uma taxa aos produtores de eletricidade, “que esteve em cima da mesa”, mas esclareceu que o Governo “vai tentar outras abordagens”. ■

Sector solar português vale 320 milhões de euros Em 2010, o volume de negócios do sector solar Português rondou os 320 milhões de euros, tendo sido responsável por cerca de 50 mil postos de trabalho, dos quais entre 25 a 30% serão licenciados e pós-graduados. Em 2010, havia mais de 180 mil m2 de sistemas solares térmicos instalados em Portugal, sendo que os resultados para 2011 serão apurados durante o primeiro trimestre de 2012, estimando-se que não se deverá ultrapassar a fasquia dos 100 mil m2. A confirmar-se este valor, a capacidade total instalada em Portugal no final de 2011 será cerca de 850 mil m2 (595 MWth). Um dado a reter, é que, embora Portugal esteja no grupo dos países europeus com menor capacidade

instalada anualmente (< 200 000 m2), em contra-partida, em termos de capitação, supera a média europeia: 52 Wth/habitante português contra 47,6 Wth/habitante europeu. No solar fotovoltaico, as estimativas apontam para uma capacidade instalada de 172 MW no final de 2011, dos quais 59 MW foram realizados entre 2008 e 2011 no âmbito da microgeração, que veio sem dúvida, trazer uma dinâmica sem precedentes no solar fotovoltaico. De referir que existem em Portugal, perto de 16 mil microprodutores. Valores que revelam uma elevada eficiência na implementação, 14.25 MW/ano, contra 11.4 MW/ano no âmbito da produção em regime especial (PRE). ■ R.C.


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X Diário Económico Terça-feira 7 Fevereiro 2012

ENERGIA: PAINÉIS SOLARES

QUANTO CUSTA UM SISTEMA DE MICROGERAÇÃO

10 mil

2.500

8 anos

15%

O investimento para a instalação de paneis solares para microgeração poderá oscilar entre os 10 mil euros e os 17 mil euros em função das tecnologias dos mesmos. Valores que contrastam com os praticados, por exemplo em 2008.

As empresas garantem que a receita média anual da venda de electricidade à rede poderá render entre os dois mil euros e os três mil euros. No Algarve, região com mais sol o investidor poderá atingir chegar mesmo aos três mil e quinhentos euros.

O Paybach, retorno do investimento poderá ser alcançado entre 6 e 8 anos. Refira-se que a tarifa mantém-se fixa durante um período de 8 anos após ligação à rede.

Com a venda de energia à rede, um sistema de microgeração tem em média uma taxa interna de rentabilidade entre 10% a 15%. Mas mais uma vez todos os valores dependem da zona do País porque, em Portugal, existe uma variação de aproximadamente 15% na radiação solar entre a região Norte e Sul.

euros

Santiago Ferrero/Reuters

euros

Empresas apostam nas vantagens da mic

As empresas garantem aos clientes elevadas taxas de rentabilidade e o investimento não é muito significativo. A produ ANTÓNIO DE ALBUQUERQUE E RAQUEL CARVALHO deconomico@economico.pt

C

om os aumentos sucessivos do preço da electricidade, tanto para consumidores como para empresas, está a despertar o interesse pela microgeração. O QREN está a dar um empurrão, mas a falta de crédito está, por seu turno, a travar um crescimento superior destas novas tecnologias. A microgeração não é mais do que um sistema que transforma a energia solar em energia eléctrica que é de seguida vendida à rede eléctrica. As empresas garantem aos clientes elevadas taxas de rentabilidade e o investimento não é muito significativo. Tanto particulares como empresas pagam uma das mais elevadas tarifas de electricidade da Europa, mas os preços só têm tendência para subir, como aconteceu por duas vezes no ano passado e no início deste. Uma situação que está a deixar empresas e particulares preocupados com os custos e que os leva a procurar alternativas. E uma delas é precisamente a microgeração. Daniel Martins, da WS Energia, não deixa de considerar a situação em Portugal como peculiar. “Curiosamente, a procura tem crescido

E há quem vá mais longe ao comparar os investimentos em microgeração com as alternativas disponibilizadas por exemplo pela banca, como é o caso de Duarte Sousa, director-geral da Hemera Energy, uma empresa do grupo Quifel.

nos últimos meses, diz o responsável ao Diário Económico. Aliás, o mesmo responsável considera que “devido ao clima de incerteza económica e ao mais que previsível aumento do preço da electricidade nos anos vindouros, empresas e famílias encaram a microgeração como um dos poucos investimentos seguros”. Também Miguel Matias, da Selfenergy, destaca precisamente as vantagens da microgeração quando se olha para o custo da electricidade. “Basta fazer as contas e comprovar a poupança”, salienta o responsável. E Filipe Santos, administrador da EDP, salienta mesmo que “no ano passado, a procura excedeu a potência máxima a atribuir na microgeração”. A electricidade ficou mais cara 4% a partir de 1 de Janeiro e atingiu 4,7 milhões de clientes domésticos. E em relação ao gás, os consumidores só vão saber se haverá novas mexidas na factura em meados de Junho, uma vez que as novas tarifas de gás natural só são alteradas a 1 de Julho de cada ano. A par do aumento no início do ano passado, em Outubro o actual Executivo voltou a subir o preço da electricidade e do gás pela via fiscal ao passar para 23% o IVA respectivo.

José Pimentão, director-geral da Sinergiae, destaca como vantagens da microgeração os benefícios ambientais, de eficiência e ainda o benefício de regime bonificado. Este último reside em vender electricidade a um preço predefinido, que neste momento está em 0,336 euros/kWh durante os oito primeiros anos e 0,185 euros/kWh nos 7 anos subsequentes. “Desde que se implementou o regime da microgeração, em 2008, a procura tem sido cada vez maior”, afirma Nuno Gonçalves da Enerwise, o que não deixa de ser um sinal que o custo deste bem está a obrigar as empresas a repensar toda a sua política energética. Rogério Ponte, administrador Self Energy, a par da tarifa pré-fixa na microgeração, assinala as exigências da implementação de medidas de eficiência energética, como uma medida indirecta, e como medida directa destaca os “apoios via QREN que podem chegar aos 70% no caso de instituições sem fins lucrativos, como IPSS”. Talvez por isso, Sara Ramos, directora-geral da Inenergi, foi mesmo peremptória ao afirmar: “não houve um decréscimo da procura ao nível empresarial”.


Terça-feira 7 Fevereiro 2012 Diário Económico XI

crogeração

ução é toda vendida à rede.

E há quem vá mais longe ao comparar os investimentos em microgeração com as alternativas disponibilizadas por exemplo pela banca, como é o caso de Duarte Sousa, directorgeral da Hemera Energy, uma empresa do grupo Quifel, do qual Miguel Pais do Amaral é o responsável máximo. “As pessoas estão cada vez mais sensibilizadas para a microprodução de energia e, sobretudo, começam a perceber que é um investimento com um retorno e segurança bastante interessantes e uma alternativa aos investimentos feitos na banca”, afirmou o responsável. Argumentos para a empresa de Pais do Amaral, dono também da TVI, que ajudaram a ultrapassar o número “emblemático” dos 400 sistemas de microprodução instalados. Mas nem todos os responsáveis empresariais fazem um balanço tão positivo. Rogério Ponte, administrador e responsável pelo negócio da microgeração da Self Energy, destaca como positivo o “aumento da oferta disponível para 29,6 MW e terem sido “criadas condições favoráveis de registo no portal “Renováveis na hora”, mas foram medidas que não travaram “um decréscimo da procura”. ■

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XII Diário Económico Terça-feira 7 Fevereiro 2012

ENERGIA: PAINÉIS SOLARES

Por RAQUEL CARVALHO raquel.carvalho@economico.pt

Fórum SAIBA COMO ESTÁ A ACTIVIDADE DAS PRINCIPAIS EMPRESAS DO SECTOR E O QUE FAZEM PARA COMBATER A CRISE

1 Qual o balanço que fazem do último ano de actividade? Qual o volume de negócios? Cresceram?

2 Quais as estratégias que a empresa está a desenvolver para fazer face à crise?

Quais as perspectivas de futuro? Acreditam que a internacionalização pode ser uma boa aposta?

FILIPE SANTOS

GUSTAVO FERNANDES

Administrador da EDP Serviços

Administrador da Martifer Solar

1. A EDP iniciou a sua oferta de microgeração há cerca de um ano e o balanço é muito positivo. Para além dos excelentes resultados obtidos, consolidámos a liderança da EDP no mercado, traduzindo-se neste momento em mais de mil clientes de microgeração e na oferta de soluções diferentes que garantem a satisfação dos nossos clientes.

1. Para a Martifer Solar o ano de 2011 foi exce-

2. A estratégia da EDP é a de oferecer soluções inovadoras e adaptadas aos requisitos de cada cliente, dando a garantia do serviço técnico da EDP e o seu acompanhamento ao longo dos mais de 20 anos de vida prevista da instalação, em que o cliente necessita de ter toda a segurança e apoio de um fornecedor estável. Por exemplo, a nível da microgeração, temos um produto para os clientes que também desejam reduzir custos de electricidade e que combina a microgeração com o controlo dos consumos da sua instalação; temos outro produto para quem exige um investimento mais reduzido. A nível da minigeração, temos produtos mais sofisticados, como por exemplo modelos de investimento partilhado. Associado à nossa oferta, temos também um protocolo com a CGD para o financiamento destas soluções com spreads bonificados. 3. A produção de energia é core business para a EDP, logo a presença neste mercado é natural. Para além disso, acreditamos que a energia solar apresenta um enorme potencial em Portugal e a nível mundial, sobretudo se pensarmos que no curto/médio prazo este é um negócio que se vai universalizar. Ou seja, os nossos clientes começarão a decidir se produzem a sua própria energia ou se a compram a um comercializador, já que os dois custos tendem a aproximar-se. Neste cenário, a EDP estará com os seus clientes a oferecer as melhores soluções. Sendo esta uma aposta clara da EDP, a estratégia de crescimento passará pelo desenvolvimento de soluções cada vez mais eficientes e pela presença nos mercados naturais da EDP.

lente. Apesar de todas as adversidades economico-financeiras provocadas pela crise internacional o sector das energias renováveis e em especial o sector solar fotovoltaico voltou a crescer. Em 2011 foram instalados a nivel mundial cerca de 27,7 GW de novas instalações fotovoltaicas o que comparado com os dados de 2010 (16,6 GW) representa um crescimento de cerca de 60%. A Martifer Solar com a sua presença a nivel mundial está em linha com o mercado e a fazer parte deste crescimento mundial do sector.

2. A Martifer Solar está neste momento a expandir as suas áreas de negocio para fazer face à crise que estamos a viver actualmente. A nossa estratégia passa por diversificar geográficamente a nossa área de actuação bem como reforçar em áreas que consideramos estratégicas como por exemplo a área de distribuição de equipamentos para o mercado solar fotovoltaico através da nossa marca Mprime e a área de operação e manutenção de parques solares fotovoltaicos em temos uma enorme sinergia com a área de engenharia e construção. 3. O mercado irá continuar a crescer em 2012, se bem que o crescimento será mais lento que o de 2011. A Martifer Solar está desde o seu inicio vocacionada principalmente para a área internacional por isso mesmo a internacionalização faz parte do nosso ADN enquanto empresa. Hoje estamos presentes em 20 países e em quatro continentes por isso vamos continuar a apostar fortemente no crescimento a nivel internacional.

Michaela Rehle/Reuters

3


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XIV Diário Económico Terça-feira 7 Fevereiro 2012

ENERGIA: PAINÉIS SOLARES

Fábrica da Martifer Solar em Oliveira de Frades.

PAULO NEVES Director Comercial da área de negócios MCG solar

1. A MCG solar é uma das novas áreas de negócio que surgiu da estratégia de diversificação da MCG mind for metal. Identificámos a área das energias renováveis como estratégica e o solar térmico, devido ao seu potencial de crescimento, foi a tecnologia escolhida para o lançamento de um primeiro produto próprio, o colector térmico CPC Power ST1. O arranque da produção ocorreu no início do ano passado, pelo que 2011 foi de preparação e de certificação do colector. No seu portfólio a MCG solar tem, além da produção de colectores, a produção de estruturas metálicas para sistemas solares com especial incidência no solar fotovoltaico. Foram dados passos importantes em 2011, concretizando-se alguns projectos que ajudaram a preparar o terreno para 2012, havendo boas perspectivas. Como ano de arranque, 2011 foi positivo pois tivemos tempo para nos preparar e organizar e conseguimos bons resultados globais, com as quatro áreas de negócio, MCG automotive, MCG solar, MCG laser e MCG tooling, a representarem um ‘turnover’ de 24 milhões de euros.

Hernâni Pereira

2. A MCG enfrenta com algum optimismo a crise actual. A estratégia que está a ser seguida não foi desencadeada na actual crise mas sim na de 2008, altura em que a empresa dependia exclusivamente da indústria automóvel, sector profundamente afectado. Esta foi a razão pela qual a MCG avançou com uma revisão estratégica, renovando a sua imagem e apresentando uma nova estratégia que pretende diversificar e fazer crescer a MCG. Em particular na área de negócio MCG solar, e perante a crise, a MCG identifica a exportação como o primeiro passo para a contornar. Aliás o nosso DNA é esse, cerca de 95% da facturação é para exportação e pretendemos continuar a ser uma empresa exportadora em todas as áreas de negócio. O nosso objectivo é que a MCG Solar seja uma referência como fabricante de colectores solares térmicos e de estruturas metálicas além-fronteiras. A par desta estratégia de exportação, estamos em fase final de industrialização de um colector solar plano, que pretendemos ter no mercado no final do primeiro trimestre de 2012. Iremos ter ao longo deste ano, mais produtos no nosso portfólio. O desenvolvimento de uma área de negócio dedicada à comercialização de produtos próprios de um sector como o Solar Térmico, só será possível com grandes volumes, e esses só estão ao nível de poucas empresas europeias como principal enfâse para algumas indústrias na Áustria e Alemanha. A MCG Solar tem a vantagem de estar inserida na MCG mind for metal onde as sinergias são determinantes para o sucesso. 3. Apesar deste contexto actual de crise não temos receio de encarar um futuro de uma forma optimista, acreditamos nos bons resultados da MCG solar a curto e médio prazo. O nosso crescimento passa pela exportação em mercados tão diversos como Alemão, Francês, Nórdico, Ibérico e do Magreb. Está também em análise o mercado norte-americano. A internacionalização pode ser uma das soluções, é algo que tem de ser analisado de forma profunda e por mercado a mercado. Foram já feitas algumas abordagens nesse sentido mas ainda estão em processo de maturação. Sabemos é que para abordar alguns mercados terá de se garantir uma presença física e a exportação por si só não é a estratégia adequada para esses mercados.


Terça-feira 7 Fevereiro 2012 Diário Económico XV

FREDERICO ROSA Administrador da Sunergetic

1.

2. Nós nascemos em crise, crescemos em crise e vivemos em crise. Desde o início da empresa em 2008, tendo nós um foco muito grande na energia fotovoltaica, já passamos por várias reformas legislativas do enquadramento do sector, já passamos em 2010 por vários meses em que a emissão de licenças para a instalação de sistemas fotovoltaicos esteve fechada, já passamos por depreciações de tarifas, e agora pelo aumento em 10% do IVA. Diria que resiliência é o nome do meio de todas as empresas deste sector em Portugal! Por gerirmos na Sunergetic por ‘Scenario Planning’, sempre tentámos antecipar cenários negativos e tentar encontrar as respostas que a empresa pode dar mediante os modelos e cenários concebidos, tentando manter-nos preparados para responder o mais rápido possível, sendo que o agudizar da crise e a falta de crédito no mercado já nos fez adoptar procedimentos definidos para cenários que há dois anos pareciam quase inconcebíveis de virem a ser utilizados. E hoje são a realidade!

Vista aérea da central de energia solar em Serpa, uma das maiores do mundo e que fornece electricidade a oito mil casas.

boa e de muita qualidade e muita vontade de abrir novas fronteiras e novos mercados. Mas temos igualmente responsabilidades aqui e processos de internacionalização para serem bem sucedidos carecem de capital, não nos podemos internacionalizar à distância, temos que estar presentes nos mercados que elegermos, temos quer ter uma face e um regime de proximidade com os nossos clientes. E tudo isto requer capital numa altura em que ele é escasso, tendo nós que dar um passo de cada vez. Mas com o parceiro certo e de pés bem assentes no chão, esse dia chegará e quando chegar não tenho dúvidas que vamos ser sucedidos nesta aposta!

3.

As perspectivas para o futuro são optimistas. Têm que ser optimistas, não há outra opção. A nossa estratégia de crescimento passa por implementar um dos cenários que tínhamos previsto em caso de crise no crédito e previsibilidade de quebra nas vendas para este factor, que não na procura, pois essa continua a ser alta e a microgeração e minigeração investimentos altamente atractivos, já estando a trabalhar neste modelo desde o último trimestre. A internacionalização está sempre no horizonte, apesar de termos investidores estrangeiros que preferem fazer aqui os seus investimentos. Tínhamos por exemplo um investidor do norte da Europa que queria investir cerca de um milhão de euros no país em sistemas de energias renováveis, mas o facto de a lei ter mudado dois anos depois de ter saído e se ter estado vários meses à espera de legislação nova que enquadrasse o sector, fez com que levasse o seu dinheiro para outras paragens. Porém, temos sido abordados igualmente por várias empresas nacionais e estrangeiras para iniciarmos o processo de internacionalização junto dos PALOP, com Angola e Mocambique è cabeça, uma vez que detemos know-how nesta área. Temos uma cadeia de fornecimento muito

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Antonio Luis Campos/Handout/Reuters

O último ano de actividade voltou a ser positivo, com o volume de negócio a superar a barreira do milhão de euros. A empresa tem apostado, desde o seu nascimento, numa política que coloca um grande ênfase na qualidade superior do produto instalado aliado a know-how interno muito forte, com muita formação e com uma rotação nula de pessoal, o que faz com que o saber tácito e tangível da empresa esteja todos os dias a crescer e a ser partilhado. Diria que a nossa equação para o sucesso é traduzida por qualidade, conhecimento e confiança gerada. O crescimento deste último ano situa-se na ordem dos 30%.

MIGUEL MATIAS Administrador da Selfenergy

1 . 2011 foi um ano bastante bom em termos internacionais, em particular no negócio ESCO/Eficiência Energética, tendo todas as nossas subsidiárias em UK, Espanha e Moçambique terminado o ano com crescimentos importantes e todas com resultados líquidos positivos e volume de negócio em linha com o esperado. Em termos nacionais o negócio ESCO estagnou, devido aos atrasos do programa para a Administração Pública e à falta de capacidade de investimento de empresas e dos próprios agentes financeiros. Por outro lado, no negócio da geração de energias renováveis, as alterações tarifárias em Portugal e Espanha e a dificuldade de financiamento alteraram as regras do jogo, obrigando inclusivamente a revermos o formato

de contabilização de proveitos, por forma a torná-la mais prudente e conservadora. Nesse sentido, os resultados de 2011 desta área serão penalizados, apesar de os projectos manterem TIRs invejáveis e de termos um pipeline excelente e crescente, não só em Portugal e Espanha, mas também em países de Leste ou em UK, entre outros.

2. Fizemos uma reestruturação interna e reduzimos cerca de 7 postos de trabalho em Portugal, tendo criado contudo cerca de 10, entre Moçambique e UK, mantendo assim uma aposta nas pessoas e no crescimento, mas mais perto de onde o negócio actualmente está a crescer. Outra resposta tem sido a de apostar nas parcerias para ser possível obter o financiamento de que necessitamos para continuar a nossa actividade, perdendo por vezes algum volume de negócio global por partilha de projectos com outras empresas, mas mantendo a empresa no mercado e em crescimento, quer em Portugal, quer nas outras geografias. 3. Com os custos actuais de energia, quer em casa , quer nas empresas, os serviços de eficiência energética da Self Energy nunca foram tão necessários, quer na Europa, quer em países em desenvolvimento. Estes países vêm também nas Energias Renováveis a única forma viável de poderem crescer e aceder à energia. Nunca tivemos também um pipeline tão forte e tão completo e o grande desafio deste ano será a capacidade de o conseguirmos financiar e implementar. A estratégia de crescimento passará assim por focar as nossas atenções nos mercados onde já estamos a actuar, com especial incidência para o Reino Unido, onde estamos desde 2008 e também para África onde além de Moçambique, onde já estamos desde 2009, deveremos também iniciar operações em Angola este ano.


XVI Diário Económico Terça-feira 7 Fevereiro 2012

ENERGIA: PAINÉIS SOLARES

Componentes de energia solar térmica

JOSÉ PIMENTÃO

desenvolvidas pela Ausra, na Califórnia.

Director-geral da Sinergiae

1. No segmento de mercado microgeração, o grupo facturou cerca de dois milhões de euros. Contudo, se considerarmos apenas a área da instalação em Energias Renováveis, em detrimento da área de projecto e estudos, ele representa pouco mais de metade desse valor. Mesmo assim, foi um crescimento significativo, isto porque, 2010 ainda foi pior do ponto de vista de estabilidade do que o de 2011. Em 2010 não houve legislação no modelo microgeração, e a minigeração nem sequer existia. Este factor levou a que muitas empresas fechassem portas e as restantes não se solidificassem do ponto de vista financeiro. De facto, o ano de 2010 provocou uma desaceleração no investimento em soluções de microgeração, não a falta de procura, mas de total ausência de uma política energética segura, traduzida em falta de legislação. Além disso, este factor levou a que se criasse uma verdadeira desconfiança desta área de negócio, que apenas retomou folgo em meados de 2011. Precisamente na altura em que a Direcção Geral de Energia e Geologia anunciou o fecho da atribuição de potência e consequente alvará. Desde então, as empresas têm trabalhado para projectos em 2012 e para umapotência que foi reduzida a 1/3 daquela que tinha sido atribuída em 2011. 2. São inúmeras, desde já, a diferenciação tanto ao nível do produto como ao nível do serviço. O Grupo Sinergiae soube, ao longo dos tempos, apetrechar-se de uma equipa de engenheiros e técnicos altamente qualificados que demonstram grande conhecimento a nível de soluções em energias renováveis e eficiência energética. Ao nível do produto, a empresa aposta em marcas próprias de elevada qualidade, exemplo disso, é o nosso módulo fotovoltaico considerado em 2010, um dos 10 melhores da união Europeia. Outro factor que destacaria com mais veemência é o da comunicação e postura no mercado, no qual não queremos apenas instalar centrais fotovoltaicas, mas também participar nelas e fazer parte da estratégia nacional para as energias, uma vez que somos desde 2011 considerados empresa ESE (empresa de Serviço Energético).

Courtesy Ausra/Handout/Reuters

3. Tendo em conta a redução do consumo por parte das famílias, é inevitável que a Sinergiae se vire para o mercado das empresas.A nossa estratégia passa por uma continuação daquilo que foi feito em 2011 e num reforço da nossa estrutura a nível nacional. A internacionalização esteve sempre a par do Grupo desde 2007, ano em que demos as primeiras pisadas em mercados Internacionais como o Angolano, e outros. Mas os mercados internacionais apenas fazem sentido quando as empresas apresentam uma estrutura devidamente estruturada e organizada no seu próprio país. Em Portugal, essa estruturação e organização não tem sido possível devido ao pára-arranca nas estratégias nacionais para as Energias Renováveis (retirando a grande Eólica). Não podemos olhar para a internacionalização como um acto Kamikaze, em que muitas empresas se envolveram. No sector das renováveis, lutamos contra chineses que têm a maior produção de módulos solares do mundo, contra os alemães que são os maiores produtores europeus de sistemas fotovoltaicos e os maiores consumidores, contra os espanhóis que têm a sua indústria do solar criada e fortemente competitiva, tendem a virar-se para a internacionalização também. Se Portugal quisesse criar um cluster forte na Energia Solar, já o deveria ter feito... agora apenas irá atrás dos outros, com o custo de oportunidade que isso representa. O que mais custa a crer é que tínhamos tudo para sermos verdadeiramente líderes nessa área.


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XVIII Diário Económico Terça-feira 7 Fevereiro 2012

ENERGIA: PAINÉIS SOLARES

DANIEL MARTINS

Estação Fotovoltaica da Amareleja,

Director de marketing da WS Energia

situada no concelho de Moura (Beja),

1. O balanço de 2011 é positivo, não obstante os valores de facturação total se tenham situado abaixo dos valores verificados no ano anterior. Crescemos em número de negócios, porém a redução do valor total de facturação resulta da queda abrupta do custo dos componentes. Saliento que esta queda generalizada de preços demonstra a rápida maturação da indústria solar, que se apresenta cada vez mais como solução de produção energética e cuja presença no paradigma energético é cada vez mais sólida e inexorável. 2. A velha máxima de que as oportunidades são criadas em momentos de crise assenta que nem uma luva à nossa empresa. A racionalização de custos é neste momento transversal a todas as áreas de negócio, empresas e famílias. Sendo a factura energética uma das que mais pesa no orçamento mensal, a opção pela produção de energia com recurso à tecnologia fotovoltaica é cada vez mais a opção lógica. Dessa forma, a estratégia da WS Energia passa pela aposta na multiplicação de canais de comunicação com o mercado, nomeadamente através de uma forte aposta na comunicação online. Através da multiplicidade de canais pretendemos divulgar a empresa e a nossa oferta junto de públicos desconhecedores da possibilidade de serem microprodutores e de assim verem os seus crescentes gastos com electricidade serem diminuídos ou mesmo eliminados.

3. Sendo o sector relativamente recente no panorama nacional, a WS Energia orgulha-se de estar presente na vanguarda do mesmo desde o seu forte ressurgimento no país. Não descurando a importância do mercado nacional para a actividade da empresa, desde sempre compreendemos a importância de marcar presença além fronteiras. Assim sendo, marcamos presença em vários mercados, com particular destaque para o mercado italiano. A aposta na internacionalização tem permitido não só a aquisição de know how essencial para os projectos de I&D que desenvolvemos, mas também a escala necessária para o crescimento sustentável da empresa. Num mercado com uma dimensão global como é o mercado fotovoltaico, a internacionalização constitui uma necessidade e não uma opção.

FILIPE BELLO MORAIS Director-geral da Sotecnisol Energia

1. Apesar das dificuldades e indefinições presentes ao longo de todo o ano de 2011, este revelou-se positivo. As apostas em serviços de engenharia mais complexos, nomeadamente na área do gás biológico, revelaram-se muito acertadas e representaram um factor de crescimento extremamente importante. A Sotecnisol Energia terminou 2011 com uma facturação a rondar os 4,2 milhões de euros, um crescimento de 10% em relação ao ano de 2012. Contudo, atrasos nas aprovações de candidaturas de clientes nossos ao QREN, as grandes dificuldades de implementação do programa de minigeração face às limitações de crédito e o atraso no arranque do programa EcoAP não permitiram um melhor desempenho. 2. A aposta em serviços de engenharia de maior complexidade tem-se revelado uma excelente aposta, tendo

em conta necessidades de uma faixa de mercado que não era abrangida pela actual oferta existente. Por outro lado, olhamos agora para o cliente final de uma forma diferente, procurando desenvolver ofertas muito mais integradas, que permitam gerar benefícios cruzados, muitas vezes desconhecidos por parte destes. Nesse sentido, o programa Reabilitação Sustentável que será apresentado ao mercado no próximo mês de Fevereiro traduz exactamente essa nova perspectiva: gerar fluxos cruzados de valor para o cliente final.

3. O mercado interno apresenta-se em contracção no segmento da construção nova, um dos nossos habituais mercados. Contudo, em todos os momentos difíceis se detectam boas oportunidades, visíveis ao nível da reorganização dos modelos de oferta e procura. A Sotecnisol acredita que a forma como se tem consulidado no mercado nacional ao longo dos seus 41 anos de existência, a capacidade de se relacionar com os diversos agentes do mercado, e a inovação sempre presente nos seus modelos e tipos de oferta são um garante de sucesso futuro. Por outro lado, a intensificação do processo de internacionalização é também um objectivo prioritário. Para além do mercado espanhol, onde estamos há alguns anos, a Sotecnisol está desde meados de 2011 em Angola, onde deposita grandes expectativas, estando também a dar os primeiros passos no complexo mercado brasileiro. Outros países revelam-se, por via dos nossos habituais clientes, bastante promissores tais como a Argélia, Roménia, Polónia, entre outros.

Estamos atentos e de uma forma proactiva a analisar todas as oportunidades de crescer no exterior.

DUARTE SOUSA Director-geral da Hemera Energy

1. 2011 foi um ano de consolidação e de algum crescimento, sobretudo em termos de vendas chave na mão, em que ultrapassámos o emblemático número de 400 sistemas de microprodução instalados, só em Portugal. O ano também ficou marcado pelo fornecimento e implementação soluções de eficiência energética em clientes industriais em Espanha. A Hemera Energy teve uma redução da actividade no modelo ESE, que são os projectos em que o investimento é feito pela própria Hemera, provocado pela envolvente contextual do próprio País e dificuldade generalizada de acesso a financiamento. Mesmo assim, a nossa actividade ficou próxima dos quatro milhões de euros, que significou um aumento de 15% face ao ano anterior. Este ano fica também marcado pela descida significativa nos preços da tecnologia fotovoltaica que fez baixar o investimento inicial nestes sistemas de microprodução e obrigou que as empresas tivessem de vender uma quantidade superior de sistemas para, no mínimo, manter o respectivo volume de facturação.


Terça-feira 7 Fevereiro 2012 Diário Económico XIX

2. Reconhecendo-a como uma evidência, não pretendemos, em todo o caso, refugiar o negócio na crise, nem sermos enredados pelo discurso da crise. Temo-nos empenhado em estruturar o negócio de modo sustentável, adaptando-o sem assomos emocionais à estrita medida dos segmentos de mercado em que o inseríamos, tendo sempre presente que a ambição de qualquer empresa não é um factor apriorístico, antes, porém, se constrói. A crise tem duas faces. Serve, ou para pararmos, ou para crescermos. E nesse aspecto em particular, escolhemos sempre a face do trabalho, da inovação e do crescimento. Nessa medida, prosseguimos a internacionalização da Inenergi, iniciando trabalho no mercado brasileiro na área da eficiência e certificação energéticas; em Macau, avançamos, agora, com a consultoria em sustentabilidade; além de continuarmos a desenvolver serviços no sector das energias renováveis, análise de investimentos e mercado de carbono em Espanha. Também em parceria com uma empresa espanhola de referência estamos em fase de produção do estudo técnico-económico para implementação de um projecto próprio de produção de energia fotovoltaica a realizar, muito provavelmente, no distrito de Setúbal. 3. Em face do percurso profissional de qualquer dos elementos da nossa equipa – tendo sido a experiência internacional um critério basilar da sua composição -, o negocio foi desde a primeira hora pensado numa perspectiva de exportação de serviços. Noutra medida, a Inenergi tem desenvolvido intercâmbios estratégicos ao nível da inovação e conhecimento e do desenvolvimento de negócio com parceiros internacionais, essencialmente nos mercados alemão, inglês e brasileiro, o que acrescentando um valor significativo ao nosso produto permite aos nossos clientes quer o acesso a soluções que não encontrariam em Portugal, quer, de igual modo, a promoção do seu negocio internacionalmente.

Ana Brígida

NUNO GONÇALVES

2. A Hemera Energy definiu concentrar em 2012 a sua actuação no desenvolvimento de soluções de microgeração e na eficiência energética para o segmento empresarial, onde ainda há muito a fazer no nosso país e onde existe uma oportunidade real de crescimento. Contudo, a pulverização do mercado residencial e o crescente número de empresas concorrentes que surgiram no último ano obriga a uma actividade comercial com canais e estratégias próprias, o que nos levou a tomar a decisão de concentrar a Hemera Energy neste segmento, onde temos larga experiência e lançar já este ano um novo projecto, com uma oferta fortíssima para o segmento da minigeração e que será anunciado em breve.

3. O futuro da Hemera Energy concentra-se na oportunidade que Portugal tem, face aos restantes países europeus, em aproveitar um recurso privilegiado, o sol. Este recurso permite-nos estar na linha da frente e abre a porta à exportação da energia solar. Por outro lado, queremos consolidar a nossa posição nas soluções de microgeração para o mercado residencial e de eficiência energética nos mercados residencial e empresarial. Quanto à expansão, a Hemera Energy integra o Grupo Quifel, de Miguel Pais do Amaral e, em específico, a sub-holding Quifel Natural Resources, vocacionada para o lançamento e gestão de negócios na área dos recursos naturais, em diferentes geografias. Estamos presente em Espanha, com uma estratégia de desenvolvimento baseada num produto específico, o AdvanClim, um sistema inovador de climatização solar, concebido para o mercado empresarial e temos em perspectiva, a médio prazo, a expansão para outros países com mais

necessidades de arrefecimento dos seus edifícios. A nossa estratégia de crescimento assenta em dois eixos. A concentração e especialização nos segmentos da microprodução e da eficiência energética e o lançamento de uma nova oferta para a miniprodução apoiada e alavancada por uma das empresas mais importantes da Europa no fornecimento e instalação de sistemas solares fotovoltaicos.

SARA RAMOS Directora-geral da Inenergi

1. A Inenergi, apesar de estar no mercado há apenas dois anos, é o reflexo de uma equipa com cerca de uma década de experiência acumulada no sector da energia e da gestão de carbono. 2011 representou o ano de consolidação da primeira fase do negócio, permitindonos fixar as principais áreas de actuação, estreitar o core business e os prime targets de mercado, e consolidar um importante conjunto de parcerias institucionais. Naturalmente, o negócio evoluiu e vem apresentado índices de duplicação de crescimento, o que não estranhamos tratando-se de um negócio de base zero, que apesar de iniciado sem recurso a qualquer tipo de financiamento se alicerça capacidade e envolvimento da equipa e na qualidade do serviço prestado ao cliente, dois dos seus elementos essenciais.

Director-geral da Enerwise

1.

O último ano foi caracterizado pela continuada instabilidade da regulamentação sobre a subsidiação tarifária das energias renováveis que tem provocado avanços e recuos no mercado. Por outro lado, a crise financeira provocou um arrefecimento da procura. As energias renováveis têm tido uma procura crescente, ao longo destes últimos anos, em virtude da maior consciencialização dos consumidores face ao custo crescente da energia. Contudo, os receios da crise económica e a dificuldade de acesso ao financiamento restringem a vontade de alguns clientes adquirir sistemas de energias renováveis. Não obstante as vicissitudes de mercado, tivemos um crescimento considerável face a 2010.

2. Contornar a crise assenta sobretudo em dois eixos fundamentais: o primeiro na criação de serviços e produtos que nos ofereçam uma vantagem competitiva. O segundo eixo na procura de novos mercados. 3. Dentro de breves anos, atingiremos a paridade com a rede, isto é, o custo da unidade de energia produzida a partir de energias renováveis vai ser igual ao custo que temos na rede eléctrica. Quando esse momento chegar, todo o sector vai ter um forte crescimento. O mercado português é um mercado de pequena dimensão e, infelizmente, vai-se manter estagnado durante algum tempo. Neste contexto, o futuro passa inevitavelmente pela internacionalização. Apesar de termos dado os primeiros passos na internacionalização nos países africanos de língua portuguesa, o processo é moroso e obriga a bastante paciência para obter resultados.


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