Sapoie

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© Felipe Costa Marques, 2012 Idealização e Realização Felipe Costa Marques Programação Visual Thiago de Barros Apresentação Henrique Pimenta Foto Carlota Philippsen Todos os direitos desta obra reservados a Felipe Costa Marques.

Marques, Felipe Costa [1980] Felipe Costa Marques:

Sapoie Campo Grande, Mato Grosso do Sul – Brasil – 2012



ação

Apresent

Os poemas de Felipe Costa Marques diferem da ortodoxia, mas dialogam com sinais de fumaça com a tradição. Há um gosto pela concisão, poucos versos, estreita métrica, e isso contribui para que uma certa liberdade viceje no desenvolvimento de temas e conteúdos, num processo de negação do fim. Há um despudor estético de jovem que vagueia por sobre os parâmetros das “altas literaturas” e divaga com assertivas decantadas a kohan e haiku. Há versinhos, há quadras, há sonetos, e mesmo que não existam, porque insistem em não existir, persistem no haver. Desse artista pode-se afirmar, é um cara meio doidinho das ideias e talvez por isso mesmo tenha a coragem de poucos ao se aventurar por ambientes selvático-cibernéticos como se fosse ali no bolicho tomar uma cervejinha e palpitar acerca do Inusitado. Ah, suspeito que seja leitura para valer a pena e levar ao voo... Leitura que recomendo apenas para quem tenha estômago forte e não tema, se necessário, um prazeroso harakiri estilístico-BDSM. Henrique Pimenta



Deserto de Sol

De certo o solitário literário morreu só no infinito a grande invenção ou uma impostura para enganar a cura de amar o que nunca foi dito


KaiHus Injustica suprema A politica amigo E nao votar no cinema


Espaço e Tempo

Desestruturo a linguagem. Narro o impossível. Cinematográfico leitor e o fotógrafo escritor. Um duo infinito.


Saporífero A rã, plocotof, pulou na folha Para sapear a sapiência e coaxa: - Música para os olhos.


Mantra Aqui se goza tudo o que não se

goza.

No profundo lago subterrâneo... O invisível condiciona a paisagem No

visível.

profundo lago subterrâneo... Um momento

de

inércia.

No profundo lago subterrâneo... Netuno não é Posêidon. No profundo lago subterrâneo... Falar mesmo que não dizer nada. No profundo lago subterrâneo... Vazio de olhos e ouvidos. No profundo lago subterrâneo... Chegar à morte sem viver. No profundo lago subterrâneo...



Para as noites que não virão faço poemas descartados e da nostalgia esqueço.


Rodapé

Um carro de boi leva o motoboy ao hospício estadual.


Queria poder voar em sua única perna.

Num microsomos indivisível átomo do ar.

OW

Uma caverna na árvore envenenada pelo egoísmo humano.


WL

Pouso soturno das leves asas.

A realidade não é amor não é verdade, minha coruja dor.


Flor Uma tatuada e acorrentada entre a rua do futuro e o logradouro da saudade.



- O que é Saudade?

- Um número imensurável

com palavras sem significado.


Engraxate do Choro Não quero alma muito menos vida: -Desapegar do sossego niilista cético epicurista. Ausente de passado, Presente e tampouco futuro! Busco tragar o nada reciclado de lixo. A ilusão de Oiticica, dança na ilha da multidão. Solitário como a fotografia em exatidão mudança. -Engraxate do choro.


Alguns Pássaros São Monogâmicos Um ao no do

canto faro sabor, relé labor manto:

A similar tentação do coração a falar. Nos desapegos de apaixonar -voar o momentoEsquecimento sempre aproximar o casal de pregos.


Conversa Amoral Eu, vocĂŞ e rosa. Congelar o tempo de amar. Toda poesia nenhuma prosa.


C

a

n

h

o

t

o

A solidão como companheira Amizade entre pedra e gente Saudade de coisa inexistente Caminhar plantando bananeira Dolorido de tomar remédio Alimentação à base de vento Parado mesmo em movimento Felicíssimo no maior tédio Bêbado de não tomar cerveja Triste sem causa com a vida Ficar toda nua estando vestida Comer o bolo e não a cereja Nada é tudo o que parece ser Tudo é nada comparado a viver


As Convicções

separação cortes partidas.

Desencontros saídas nas apagadas fotografi as, o branco descolorido.

Nunca

é um palavrão.


movimentos estalados.

Quinto Inverno Nos

sos

cor

pos

cob

ert

os

pelas folhas secas,



WieR Sem alguma novidade O namorado desalmado Espera nenhuma amizade, Muito menos ser amado. Duvida da eternidade Não acredita no dado Não sabe ser engraçado, O bom é a enfermidade. Dessoneto a relação Em coisa estranha. Ausente de reação? Beijo na ariranha!... Você, uma opção. Eu, outra piranha.




Grafite e Diamante Gostar-me-á do nada. Pensar-me-á no fulerenos, Cura danada De todos os venenos. Química dos eternos. Física hibridizada À amada. Menos do menos. Buscar-me-á imortalidade Finita Da saudade. Mostrar-me-á realidade Infinita. Vã carbonidade.





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