Revista Maratona Digital da Longevidade 2020

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EDITORIAL

Coordenação e edição Valeria Bursztein (MTB 39.287) Redação Coletivo da Comunicação Fotos Divulgação Revisão Tatiana Aude (MTB 43.703) Editoração e diagramação Flávia de Oliveira Longevidade Magazine é uma publicação da Longevidade Feiras e Congressos, empresa do Grupo Couromoda. Grupo Couromoda Presidente Francisco Santos Vice-Presidente Waleska Santos Diretor-Superintendente Jorge Alves de Souza Diretor do evento Jeferson Santos Gerente do evento Antônio de Carvalho Júnior R. Padre João Manuel, 923 - 6. andar, São Paulo CEP 01411-001 Tel: (11) 3897-6100/ 3199-6100 comercial@longevidade.com.br www.longevidade.com.br @longevidade

Se a primeira edição conceito da Longevidade Expo+Fórum, realizada em 2019, deflagrou o processo de ressignificação do longevo na sociedade atual, a Maratona Digital que aconteceu em 2020 foi ainda mais impactante, pois jogou ‘por terra’ algumas premissas que se mostraram completamente equivocadas. Ao longo dos três dias de evento, ficou claro que os longevos estão conectados ao mundo digital, consumindo e produzindo conteúdo e serviços. Seja com maior ou menor habilidade, esta parcela da população soube reinventar-se para manter-se ativa e, hoje, expressa em alto e bom som o desejo de enriquecer a própria experiência de vida. Obviamente, a Maratona Digital da Longevidade Expo+Fórum é apenas uma iniciativa em um contexto de grandes demandas estruturais: desigualdade social, assistências de toda ordem, políticas públicas, combate ao preconceito, incentivo à intergeracionalidade, inclusão no mercado de trabalho... as necessidades são inúmeras e todas elas calcadas na urgência. Entretanto, o evento e seus brilhantes palestrantes nos provocaram a pensar e a olhar para esses desafios em outra perspectiva, focando em soluções possíveis para tornar a vida não apenas mais longa, mas plena, rica e feliz.

Boa leitura!

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EDUCAÇÃO E APRENDIZADO

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BEM-ESTAR

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II CONGRESSO BRASILEIRO DA LONGEVIDADE SEGUROS UNIMED

Profissionais debatem a relação entre tempo, aprendizagem e amadurecimento

Empresário Abilio Diniz dá o testemunho sobre como amadurecer bem

Prevenção, Disciplina e Socialização: ferramentas essenciais para a longevidade

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BEM-ESTAR

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IDADISMO

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PODER PÚBLICO

Pandemia, o novo presente e o futuro que virá

Universidade Aberta à Terceira Idade da USP e convidados promovem rico debate

Ações do poder público sobre longevidade marcam encerramento do evento


EXPO + FÓRUM 2ª MARATONA DIGITAL

2021

1 - 4 de Outubro + 36 horas online PALESTRAS, WORKSHOPS E ATIVIDADES

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MARATONA DIGITAL DA LONGEVIDADE EXPO+FÓRUM: a hora e a vez da geração prateada

Com quase 30 horas e 65 palestrantes, evento foi um sucesso de público, com cerca de 9 mil inscritos no site da Longevidade Expo+Fórum e 38 mil acessos no Youtube

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aúde, trabalho, intergeracionalidade, conhecimento, diversidade, empoderamento, direitos, felicidade, finitude, sexualidade, afeto... a temática da Maratona Digital da Longevidade Expo+Fórum 2020 foi tão rica e diversa quanto são os indivíduos que experimentam essa fase da vida. Foram três dias dedicados à troca de informações e experiências, que representaram quase 30 horas de debates e a participação de 65 especialistas das mais diversas áreas para discutir o futuro da maturidade. Durante os três dias, foram muitos os convidados que deram depoimentos sobre a longevidade saudável e produtiva, como os empresários Abilio Diniz e Caito Maia, a jornalista Glória Maria, o sociólogo Domenico de Masi, o diretor do Instituto do Coração de São Paulo, David Uip, o músico Antônio Nóbrega, o coreógrafo Ivaldo Bertazzo, além de atores, cantores e apresentadores, como Zezé Motta, Ronnie Von, Mi-

Francisco Santos - empreendedor e idealizador da Longevidade Expo+Fórum

guel Falabella, Ary Fontoura, Odilon Wagner e Lima Duarte, entre tantos especialistas e profissionais dedicados a estudar a longevidade. E o saldo da iniciativa pioneira de Waleska e Francisco Santos, empreendedores e idealizadores da Longevidade Expo+Fórum, foi mais do que positivo: foram quase 9 mil inscritos no site do evento. Durante os dias de realização, o evento teve mais de 15 mil visualizações no Youtube, com intensa interação da audiência. Nos dias que sucederam a Maratona, outras 23 mil pessoas acessaram os vídeos do evento. Nas redes sociais, as visualizações ultrapassaram a marca de 1,5 milhão e o engajamento também foi sólido. O que mais chama a atenção é a interação do público. Dos comentários recebidos, 95% foram positivos, com elogios ao conteúdo e aos palestrantes.

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Abertura “Nosso objetivo de manter unida e ativa a comunidade da Longevidade Expo+Fórum foi plenamente atingido com a Maratona Digital. E ficamos extremamente satisfeitos em constatar que o evento provocou a participação de uma audiência de várias localidades do país e composta por várias gerações, o que permitiu um debate ainda mais rico”, comentou. Segundo Francisco, a missão foi cumprida com louvor. “Quanto mais provocarmos a discussão em torno da realidade do público longevo, melhor será a construção da realidade e das relações que essas pessoas poderão construir com a sociedade e com o mercado. O evento mostrou que estamos conectados, atentos e muito conscientes do potencial da nossa participação como consumidores, profissionais e cidadãos. A Maratona Digital foi uma oportunidade única de aprender, de se conscientizar e de estreitar o relacionamento entre os longevos, os mais jovens, as empresas e as instituições públicas”, disse Francisco Santos. O empreendedor confessa não ter duvidado do êxito da Maratona Digital 2020, que sucedeu a edição conceito da Longevidade Expo+Fórum em 2019, quando reuniu mais de 10 mil pessoas e uma centena de empresas, expondo no Expo Center Norte, em São Paulo. “O evento conseguiu transformar-se e adaptar-se à nova realidade que vivemos. Nós, longevos, também somos digitais e nada mais certo que viabilizar esta experiência respeitando todos os protocolos de segurança, sem comprometer a qualidade da vivência”. Francisco fez questão de agradecer a colaboração de todos os patrocinadores, parceiros e apoiadores do evento: a Silver Week 2021, patrocinadora Master, Banco Safra e Seguros Unimed, patrocinadores Dia-

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mond, Trasmontano e Vitasay 50+, patrocinadores Platinum, e Unitron, Fortifit, Apsen, Tena e Bothanica Mineral, como patrocinadores Gold. “Imprescindível também foi o apoio incondicional de todos os nossos parceiros de conteúdo: SESC, Unibes Cultural, PRCEU-USP, Sebrae SP, Lab 60+ e Labora, SeniorLab, Raízes,Etc., Aging 2.0, Portal do Envelhecimento, Núcleo 60+ e Observatório da Longevidade e Governo do Estado de São Paulo, via secretaria de Desenvolvimento Social e respectivos programas de apoio aos idosos e longevos de todo o estado”, disse.

LONGEVIDADE E SILVER WEEK 2021 Para este ano, Francisco adianta que a programação será ainda mais intensa, com a realização de eventos de conteúdo e negócios ao longo do ano e a realização da 2ª edição da Maratona Digital da Longevidade Expo+Fórum, de 1 a 4 de outubro, coincidindo com o Dia Internacional do Idoso e com a Silver Week, uma semana exclusivamente dedicada ao público prateado, com diversas atividades e promoções no comércio em geral. A Silver Week acontece em sintonia com ações do Projeto Longevidade, iniciativa do Governo do Estado de São Paulo, com foco nas ações preparatórias e preventivas ao longo do ciclo de vida. “Continuaremos em 2021 a incentivar o encontro do público 50+ com as empresas, com o mercado de trabalho, com o poder público e também com outras gerações, porque a interação entre pessoas de diferentes idades é fundamental para a nossa evolução como sociedade. Seremos todos mais ricos, como indivíduos e como cidadãos, se aprendermos a usufruir da diversidade”, finalizou Francisco.


1 a 10 de Outubro

2021 Semana de PROMOÇÕES e DESCONTOS para a Geração Prateada WWW. S I LV E RW E E K .CO M

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Evento

VIVER MAIS, VIVER MELHOR Maratona Digital da Longevidade Expo+Fórum 2020 abre espaço para a reflexão sobre a realidade dos longevos na sociedade de hoje

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Evento

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rocar experiências e conhecimento, provocar a reflexão sobre o papel do longevo na sociedade de hoje e de amanhã e, fundamentalmente, incentivar uma nova apreciação sobre o envelhecimento, mais positiva e edificante. Estas foram as diretrizes que nortearam a Maratona Digital da Longevidade Expo+Fórum 2020. Em meio à pandemia do Covid-19, o encontro virtual propôs a discussão de assuntos estruturais como saúde, comportamento, trabalho e consumo e uniu a comunidade de longevos em todo o país, que deu provas de estar conectada à internet e interagindo ativamente no ambiente online. A abertura oficial no formato talkshow foi liderada pelo apresentador, ator e cantor, Ronnie Von e o empreendedor, idealizador e presidente da Longevida-

de Expo + Fórum, Francisco Santos, e contou com a participação dos dirigentes de algumas das instituições parceiras. “Gostaria de agradecer a participação e colaboração preciosa de alguns dos nossos parceiros de conteúdo e manifestar a nossa alegria de poder oferecer a todos uma experiência tão única, tão inédita como a Maratona Digital, que vem reforçar a importância da inclusão digital dos longevos em todas as vertentes de atuação. Sejam todos muito bem-vindos!”, disse Francisco Santos. O diretor executivo da Unibes Cultural (União Brasileira Israelita do Bem Estar Social e Cultural), Bruno Assami, apontou que o preconceito contra o envelhecimento é o grande desafio do século 21. “A Longevidade Expo+Fórum, já na edição de 2019, conseguiu simbolizar uma nova etapa e uma perspectiva sobre essa questão. A discussão sobre o

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“Gostaria de manifestar a nossa alegria de poder oferecer a todos uma experiência tão única, tão inédita como a Maratona Digital, que vem reforçar a importância da inclusão digital dos longevos em todas as vertentes de atuação. Sejam todos muito bem-vindos!”

Evento preconceito com o envelhecimento na sociedade brasileira é um dos grandes desafios que temos e todos os matizes que o tema tem devem ser discutidos, para aumentar o campo emancipado das pessoas. Quando partimos do fato que viveremos mais, devemos pensar sobre quem somos nós, o que queremos desta sociedade e o que queremos deixar de legado para as gerações futuras”. Já o presidente da Seguros Unimed, Dr. Helton Freitas, comentou que a longevidade só tem sentido quando acompanhada de qualidade de vida, e que não é possível imaginar uma vida longeva sem a completa inclusão digital que deve ser acompanhada de ferramentas mais intuitivas e pensadas para o público sênior. “É uma grande honra poder, pelo segundo ano consecutivo, participar da Longevidade Expo+Fórum, com o nosso Congresso Brasileiro da Longevidade Seguros Unimed. Estamos em um grande momento, com novos desafios, para explorar cada vez mais o potencial criativo, produti-

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Francisco Santos - idealizador e presidente da Longevidade Expo + Fórum

“É uma grande honra poder, pelo segundo ano consecutivo, participar da Longevidade Expo+Fórum, com o nosso II Congresso da Longevidade Seguros Unimed. Estamos em um grande momento, com novos desafios, para explorar cada vez mais o potencial criativo, produtivo e de consumo dos indivíduos com mais de 50” Dr. Helton Freitas - presidente da Seguros Unimed

“Existem várias longevidades: da mulher, do homem, da pessoa negra, branca, a inserção no mercado de trabalho e essa diversidade deve ser discutida. Esta é a oportunidade para fazê-lo” Sergio Serapião - co-fundador e CEO da Labora

“O etarismo ou idadismo é o preconceito mais pernicioso, porque todos nós envelheceremos” Egídio Dórea - médico e professor da Universidade de São Paulo (USP)


“A discussão sobre o preconceito sobre o envelhecimento na sociedade brasileira é um dos grandes desafios que temos para aumentar o campo emancipado das pessoas. Quanto partimos do fato que viveremos mais, devemos pensar sobre quem somos nós, o que queremos desta sociedade e o que queremos deixar de legado para as gerações futuras” Bruno Assami - diretor executivo da Unibes Cultural

“Longevidade é um momento de reflexão de uma riqueza emocional única. Depois dos 50 comecei a sentir que a vida é um prêmio. Já sabemos onde estão as pedras e conseguimos desviar com mais cuidado. Se a esfera digital é a nossa nova realidade precisamos incorporá-la. Temos que usar todas as ferramentas que estão disponíveis, porque elas nos rejuvenescem” Ronnie Von - apresentador, cantor e ator

“Precisamos ser protagonistas deste processo, ao invés de estarmos sempre em papéis passivos. A Maratona Digital, que em sua realização inclui muitos longevos, é uma prova inquestionável do potencial da demanda deste público. É um evento no qual os 60+ estão escrevendo a história, da qual somos todos protagonistas” Eva Bettine - presidente da Associação Brasileira de Gerontologia

“A informação qualificada sobre envelhecimento é a defesa mais eficaz para prevenir o preconceito contra esta etapa da vida”

Evento vo e de consumo dos indivíduos com mais de 50”. Indagado sobre a importância da inclusão digital, Ronnie Von atestou: Longevidade é um momento de reflexão de uma riqueza emocional única. Depois dos 50 comecei a sentir que a vida é um prêmio. Já sabemos onde estão as pedras e conseguimos desviar com mais cuidado. E como dizia a minha avó: renovar ou morrer. Eu prefiro renovar. Se a esfera digital é a nossa nova realidade, precisamos incorporá-la. Temos que usar todas as ferramentas que estão disponíveis, porque elas nos rejuvenescem. Meu pai foi um dos primeiros a ter um computador pessoal. E morreu menino, aos 99 anos. Presente também à palestra de abertura da Maratona Digital, o co-fundador e CEO da Labora, Sergio Serapião, comentou sobre o divisor de águas que foi a criação da Longevidade Expo+Fórum, que aborda a temática de forma multidisciplinar, convidando o público a refletir e a opinar sobre como construir uma vida muito mais significativa. “Existem várias longevidades:

Beltrina Côrte - CEO Portal do Envelhecimento

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Evento da mulher, do homem, da pessoa negra, branca, ou seja, essa diversidade, que é transversal na longevidade, vamos abordar durante esta maratona. Falaremos, também, sobre o mercado de trabalho e os longevos, com a atuação da Labora, startup dedicada à inclusão de pessoas 50+ no mercado de trabalho”. Participou da conversa também Eva Bettine, presidente da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG), entidade formada por especialistas que estudam o processo de envelhecimento. Ela salientou a importância do público sênior escrever a história da qual é protagonista e que as 27 horas de conteúdo da maratona vão demonstrar como fazer isso. “Precisamos ser

“O preconceito vem do desconhecimento, por isso eventos como este são tão importantes” Sergio Duque Estrada - embaixador do Aging 2.0 para América Latina e CEO da ATÍVEN

“Parabenizo os organizadores pela persistência e resiliência. Em 2019, o evento foi impressionante pela magnitude que tomou e hoje nos surpreende pela capacidade e adaptação a este novo momento. Sempre enfatizamos que a capacidade de aprender é constante e a longevidade é uma grande oportunidade da vida” Cristina Madi - gerente de Programas Sociais do SESC-SP

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protagonistas deste processo, ao invés de estarmos sempre em papéis passivos. A Maratona Digital, que, em sua realização, inclui muitos longevos, é uma prova inquestionável do potencial da demanda deste público. É um evento no qual os 60+ estão escrevendo a história da qual somos todos protagonistas”. O médico e professor da Universidade de São Paulo (USP), Dr. Egídio Dórea, alertou sobre o tema do idadismo que é o preconceito pela idade e/ou aparência do idoso, ao qual 90% das pessoas 60+ já foram expostas. “O etarismo ou idadismo é o preconceito mais pernicioso, porque todos nós envelheceremos”, disse. Também na conversa, a CEO do Portal do Envelhecimento, Beltrina Côrte, ressaltou que a informação qualificada sobre envelhecimento é a defesa mais eficaz para prevenir o preconceito contra esta etapa da vida.


Evento Ainda no talkshow, o embaixador do Aging 2.0 para América Latina e CEO da ATÍVEN, Sérgio Duque Estrada, comentou sobre as startups voltadas para o atendimento das necessidades e desejos dos 50+. “O preconceito vem do desconhecimento, por isso eventos como este são tão importantes”. Diretora da Raízes Etc., Gabriela Michelin também falou sobre o potencial do mercado sênior e disse que, em breve, o Brasil será o 6º país do mundo com maior número de pessoas idosas, o que está contribuindo para que as empresas olhem cada vez mais para essa população que está ativa e ávida pela vida. Já o CEO do Observatório da Longevidade, Fábio Nogueira, destacou a iniciativa do Observatório de criar o centro de inovação industrial para incentivar o desenvolvimento de produtos específicos para o

uso pessoal e residencial do público sênior. Para finalizar o bate-papo, a gerente de Programas Sociais do SESC-SP, Cristina Madi, lembrou que são muitas as possibilidades de reinventar-se em qualquer momento da vida e revelou que divulgará, em primeira mão, durante a programação da Maratona Digital, os resultados de uma pesquisa sobre os idosos no Brasil, concluída em março de 2020. “Há mais de 50 anos o SESC-SP trabalha com os longevos. Parabenizo os organizadores pela persistência e resiliência. Em 2019, o evento foi impressionante pela magnitude que tomou e hoje nos surpreende pela capacidade e adaptação a este novo momento. Sempre enfatizamos que a capacidade de aprender é constante, estar no mundo e no presente é o que importa e legitima os indivíduos. A longevidade é a grande oportunidade da vida”.

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EXPO + FÓRUM EDIÇÃO DIGITAL

2021

1 a 4 de Outubro

Muitos negócios a poucos cliques WWW. LO N G E V I DA D E .CO M . B R


APOIO

APOIO INSTITUCIONAL

PARCEIROS DE CONTEÚDO

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GESTÃO E REALIZAÇÃO

EMPRESAS DO GRUPO COUROMODA

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CAPTAÇÃO DE IMAGENS E GESTÃO DE STREAMING

FEIRAS E CONGRESSOS

EM COOPERAÇÃO COM


Educação e Aprendizado

ENVELHECENDO BEM, VIVENDO MELHOR Profissionais, mulheres e longevas, a jornalista e professora, Beltrina Côrte, a economista, cineasta e rabina, Elca Rubinstein, e a pedagoga e doutora em Ciências Sociais, editora da revista Longeviver e coordenadora pedagógica do Espaço Longeviver, Vera Brandão debatem a relação entre tempo, aprendizagem e amadurecimento

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Maratona Digital da Longevidade Expo+Fórum 2020 abriu espaço para a discussão do tema da formação e aprendizagem ao longo da vida, com curadoria do Portal do Envelhecimento. Na ocasião, analisou-se a evolução do saber-saber ao saber-ser. A mediação foi de Beltrina Côrte, jornalista, docente da PUC-SP e CEO do Portal do Envelhecimento e Espaço Longeviver e as convidadas para este debate foram a PHD em Economia, cineasta, rabina e criadora do Death Café Sampa, Elca Rubinstein, e a pedagoga e doutora em Ciências Sociais pela PUC-SP, editora da revista Longeviver e coordenadora pedagógica do Espaço Longeviver, Vera Brandão. Beltrina abriu os trabalhos falando que a aprendizagem ao longo da vida é um dos pilares do envelhecer ativo, além da saúde, participação e segurança. Hoje, o processo contínuo do aprender tem sido encarado como a aquisição de novas habilidades para manter o indivíduo ativo e produtivo no mercado de trabalho, buscando a competitividade. A pergunta que fez às convidadas foi: pensar desta forma poderia significar reduzir

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o significado de aprendizagem? Vera ponderou que, no mundo em transformação, sim, o aprendizado é visto dessa forma por necessidade, seja para os mais novos ou mais velhos. “Porém, a vida é mais do que o trabalho, e as aprendizagens vão se modificando conforme o momento que estamos vivendo. A vida é mais do que isso e na vida cabe muita coisa. É preciso estar disposto a aprender outras formas de ser”, afirmou.

“A vida é mais do que o trabalho, e as aprendizagens vão se modificando conforme o momento que estamos vivendo. A vida é mais do que isso e na vida cabe muita coisa. É preciso estar disposto a aprender outras formas de ser” Vera Brandão - pedagoga e doutora em Ciências Sociais pela PUC-SP, editora da revista Longeviver e coordenadora pedagógica do Espaço Longeviver


Educação e Aprendizado

com grande sabedoria acadêmica e prática, mas sem a maturidade que o saber-saber ensina e que viabiliza o diálogo e a convivência. E é a conjunção desses saberes que nos permitirá, inclusive, aprender também com a morte, que é a última experiência que teremos”. “A perspectiva de vida aumentou, então precisamos nos preparar para ter condição de viver essa longevidade plenamente. Precisamos refletir que tipo de longevidade queremos ter. Exerça a opção de envelhecer bem” Elca Rubinstein - PHD em Economia, cineasta, rabina e criadora do Death Café Sampa

Sobre isso, Elca ponderou que, quem chega à terceira idade, muitas vezes não quer continuar fazendo o que sempre fez e quer buscar outras formas de satisfação. “Querem outras coisas, outros ritmos, outras formas de satisfação. Além do aprendizado, é preciso entender e estar disposto a aprender a viver esse novo momento. É preciso um certo desapego sobre o que se era, o que se fazia, para aprender a ser de uma nova forma”, disse. Como rabina, também falou sobre a necessidade de ser além do fazer, ou seja, de perceber o momento em que não se está produzindo como um tempo de preparo para voltar a produzir. Beltrina questionou, então, sobre o saber-saber, saber-fazer e saber-ser. Vera explicou essas fases: o saber-saber como a formação técnica ou acadêmica; o saber-fazer sendo complementar, ou seja, representando o realizar aquilo que se aprende; por fim, o saber-ser, significa a concretização da experiência de vida de cada um, independente da educação formal. “Um grande problema do mercado de trabalho hoje é ter pessoas

Elca provocou, então, afirmando que longevidade é uma faca de dois gumes. “O Brasil não aposenta bem seus idosos, o sistema de saúde não atende adequadamente e, para ter boa assistência, precisa-se de dinheiro. As pessoas não têm espaço em suas casas para acolher o idoso, assim como as pessoas não têm tempo para cuidar desses longevos. Ao mesmo tempo, a perspectiva de vida aumentou, então precisamos nos preparar para ter condição de viver essa longevidade plenamente. Precisamos refletir que tipo de longevidade queremos ter. Exerça a opção de envelhecer bem”, afirmou.

“Um grande problema do mercado de trabalho hoje é ter pessoas com grande sabedoria acadêmica e prática, mas sem a maturidade que o saber-saber ensina e que viabiliza o diálogo e a convivência. E é a conjunção desses saberes que nos permitirá, inclusive, aprender também com a morte, que é a última experiência que teremos” Beltrina Côrte - jornalista, docente da PUC-SP e CEO do 17Portal do Envelhecimento e Espaço Longeviver


Bem-estar

A ESCOLHA DE AMADURECER BEM Em um dos painéis mais aguardados da Maratona Digital da Longevidade Expo+Fórum, o empresário Abilio Diniz deu o seu testemunho sobre como envelhecer bem física e mentalmente e manter-se ativo profissionalmente

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nvelhecer bem é uma escolha. Foi para apresentar esta filosofia de vida, que o empresário Abilio Diniz, que está às vésperas de completar 84 anos de idade, participou da Maratona Digital da Longevidade Expo + Fórum 2020. Ele analisou como chegou à longevidade de forma saudável e produtiva e foi taxativo ao enfatizar que: “para ser velho é preciso ter idade, mas para ser jovem, qualquer idade serve, então me considero muito jovem”. O empresário deu início à palestra dizendo que ‘longevidade’ deve ser sempre associada a qualidade de vida, porque o envelhecimento é uma certeza, mas a forma como experimentar esse processo é uma escolha. “Comecei a fazer 80 anos quando cheguei aos 29 e recebi orientações médicas. A partir dali passei a cuidar do meu corpo, com exercícios e alimentação, e da mente com sessões de terapia que me ajudaram a entender quem eu sou. Qualquer momento é hora de se preocupar em envelhecer com qualidade, porém quanto mais cedo essa consciência chegar, melhor. Temos que cuidar da alimentação, fazer exercícios e ter uma atitude positiva com a vida”, refletiu Diniz. O empresário acrescentou: “No mundo existem mais de sete bilhões de pessoas, mas cada um de

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nós é único. Devemos ter a consciência de que somos insubstituíveis e buscar sempre controlar as variáveis da vida para não sermos levados pelo acaso. Meus objetivos são sempre ser feliz, cuidar da minha alimentação, exercitar-me, ter minha crença e meus relacionamentos, continuar aprendendo e compartilhar o meu conhecimento”. O painel contou também com três convidadas, líderes em suas áreas de atuação: a secretária de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo, Célia Parnes, a médica e fundadora-presidente da Hospitalar Feira+Fórum e vice-presidente do Grupo Couromoda, Waleska Santos e a médica e professora titular de Fisiatria - Medicina Física e Reabilitação - da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Linamara Battistella. Linamara Battistella levantou a questão do direito ao envelhecer, com qualidade, e respeitando a diversidade da população brasileira como ferramenta para o desenvolvimento como sociedade plural e democrática. “Nada define melhor a qualidade de vida do que a funcionalidade. Neste momento tão particular que estamos todos vivendo, estamos fazendo, como sociedade, uma travessia para sermos melhores”.


“Devemos ter a consciência de que somos insubstituíveis e buscar sempre controlar as variáveis da vida para não sermos levados pelo acaso. Meus objetivos são sempre ser feliz, cuidar da minha alimentação, exercitar-me, ter minha crença e meus relacionamentos, continuar aprendendo e compartilhar o meu conhecimento” Abilio Diniz - empresário

Waleska Santos expressou sua admiração pelo empresário e quis saber de Diniz sobre como lidava o empresário com o fato de ser novamente pai aos 70 anos. “Tive várias reinvenções ao longo da minha vida, uma delas foi ser pai novamente. Hoje tenho um filho, o mais novo, com 11 anos e outra filha, a primogênita, com 59 anos. Isso é sensacional; é uma oportunidade tão rica, tão única, que agradeço todos os dias por essa chance. Hoje vivo com meus filhos pequenos o que não vivi com meus filhos adultos. Por outro lado, estou vivendo com os meus filhos mais velhos aquilo que não vou viver com os pequenos. E conversamos sempre sobre isso. É a realidade da vida”.

“Nada define melhor a qualidade de vida do que a funcionalidade. Neste momento tão particular que estamos todos vivendo, estamos fazendo, como sociedade, uma travessia para sermos melhores” Linamara Battistella - médica e professora titular de Fisiatria Medicina Física e Reabilitação - da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP)

A secretária Célia Parnes contribuiu com o painel elogiando Diniz pela sua persistência e resiliência. Abilio agradeceu: “Eu nunca desisto. Posso mudar de opinião, mas desistir, não. Saibam administrar as dificuldades que vão aparecendo. Meu pai me deixou uma herança muito valiosa: a ética e honestidade e a vida me ensinou a humildade e necessidade da disciplina, da determinação e o equilíbrio emocional. E outra coisa da maior importância: nunca deixem de namorar. Nunca deixe de colocar o amor e carinho nos seus relacionamentos”, sugeriu o empresário.

“O que mais me chama a atenção quando se trata do Abilio Diniz é a sua fé e disposição para enfrentar qualquer adversidade que a vida lhe apresente” Célia Parnes - secretária de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo

“A trajetória de Abilio Diniz é emblemática e serve de exemplo para todos nós” Waleska Santos - médica e fundadora-presidente da Hospitalar Feira+Fórum e vice-presidente do Grupo Couromoda

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II Congresso Brasileiro da Longevidade Seguros Unimed

PREVENÇÃO, DISCIPLINA E SOCIALIZAÇÃO: ferramentas essenciais para a longevidade

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arceiro estrutural da Maratona Digital da Longevidade Expo+Fórum, a Seguros Unimed realizou durante o evento o II Congresso Brasileiro da Longevidade. Com mediação do ator, autor e diretor de teatro Odilon Wagner, o congresso trouxe à tona o debate sobre temas atuais e relevantes para o público longevo e para todo o universo à sua volta e contou com a participação de personalidades do mundo das artes e especialistas de diversos segmentos. A participação internacional ficou por conta do professor, escritor e sociólogo italiano Domenico De Masi, que falou sobre os desafios do mercado de trabalho no futuro, em uma sociedade cada vez mais conectada e digitalizada.

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Seguros Unimed trouxe especialistas em diversas áreas e personalidades do cenário artístico para compartilhar suas experiências e conhecimentos durante a Maratona Digital

“Estima-se que em alguns anos, em 2030, o mundo será habitado por mais de 8 bilhões de pessoas, cada vez mais escolarizadas, conectadas e interligadas. Consequentemente, teremos também mais idosos, com cerca de 910 milhões de pessoas com mais de 60 anos, em comparação com os atuais 400 milhões que possuímos atualmente. Tudo isso, acompanhado de uma época que ganha cada vez mais recursos de digitalização e de inteligência artificial, que deve modificar o panorama do mercado de trabalho como conhecemos, substituindo processos analógicos por digitais. Sendo assim, logo devemos ver cada vez mais pessoas desenvolvendo trabalhos em caráter intelectual e criativo e muito menos em funções administrativas e manuais, que passarão a ser realizadas por máquinas autônomas, diminuindo a oferta de emprego”, disse. Claro que a adesão de novas tecnologias pelas empresas traz vantagens ao mercado, como um modelo pautado por jornadas de trabalho menores e com menos estresse aos profissionais, além de garantir mais produtividade aos mesmos e menos custos às companhias, mas, por outro lado, afirmou o sociólogo e escritor, há a questão da adaptação do público mais velho a esta nova realidade que se desenha.


O sociólogo prevê problemas de grande complexidade, uma vez que a sociedade atual é pautada pelo trabalho, atribuindo a partir dele a identidade das pessoas. “Em todas as revoluções pelas quais nossa sociedade passou, os indivíduos se adaptaram. O conceito de trabalho deverá mudar radicalmente, com foco mais na produtividade e excelência do trabalho intelectual e criativo, graças a automação dos processos, do que na burocratização da dinâmica laboral. “Naturalmente, o público mais idoso, por sua vez, tem mais dificuldade para acompanhar as inovações, então é preciso encontrar ou mesmo criar oportunidades de interação que facilitem a apropriação da tecnologia e de seus benefícios”, acrescentou.

“Em todas as revoluções pelas quais nossa sociedade passou, os indivíduos se adaptaram. O conceito de trabalho deverá mudar radicalmente, com foco mais na produtividade e excelência do trabalho intelectual e criativo, graças a automação dos processos, do que na burocratização da dinâmica laboral” Domenico De Masi - professor, escritor e sociólogo italiano

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II Congresso Brasileiro da Longevidade Seguros Unimed

Prevenção é o melhor caminho

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importância da prevenção para se garantir uma maior qualidade de vida e um futuro com menos preocupações foi outro dos temas abordados no II Congresso Brasileiro da Longevidade Seguros Unimed. Três grandes personalidades foram convocadas para analisar o assunto: o diretor do Instituto do Coração de São Paulo e do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, David Uip, a médica pediatra intensivista e presidente do Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais e de Matriz Africana, Regina Nogueira, e o ator, diretor, escritor e poeta Ary Fontoura. Uip, que também foi secretário de saúde do Estado de São Paulo, reconhece a relevância da prevenção para se obter uma vida mais saudável e rechaça o paradigma de muitas pessoas de que para se adotar um estilo de vida preventivo é necessário ter plano de saúde particular. “Não é preciso ter obrigatoriamente um plano de saúde para se precaver, a prevenção pode e deve ser feita também pelo sistema de saúde pública. Quando estive à frente da secretaria de saúde do estado, criamos programas assistencial e preventivo como o AME do Idoso, o que deu muito certo, pois realizamos diversos diagnósticos precoces que ajudaram, inclusive, a antecipar tratamentos. Informação e prevenção é a palavra-chave para a longevidade, a sexualidade, a saúde em geral”, afirmou.

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“Não é preciso ter obrigatoriamente um plano de saúde para se precaver, a prevenção pode e deve ser feita também pelo sistema de saúde pública. Informação e prevenção é a palavra-chave para a longevidade, a sexualidade, a saúde em geral” David Uip - diretor do Instituto do Coração de São Paulo e do Instituto de Infectologia Emílio Ribas

Quem também se mostrou adepto à prevenção foi o ator Ary Fontoura. “Estou ligado a tudo o que me acontece, às reações e sintomas do meu organismo e acredito que todos deveriam fazer o mesmo. O brasileiro tem mania de transformar o assunto saúde pessoal em piada, quando, na verdade, é um tema que exige maior seriedade. Um povo educado e saudável faz um grande país”, disse o autor. A médica Regina Nogueira, por sua vez, trouxe ao debate a perspectiva da população negra e a longevidade. “Nos dias atuais é difícil falar de longevidade para a população negra no Brasil. A expectativa de vida para um negro hoje no Brasil é de 67 anos, enquanto para um branco é de 73. Pesquisas mostram que mais da metade dos jovens assassinados no Brasil são negros. A mesma coisa quando o assunto é violência contra mulheres. Cerca de 67% das mulheres assassinadas no país são negras. Infelizmente, na corrida da longevidade os negros estão sempre atrás”, lamentou.


II Congresso Brasileiro da Longevidade Seguros Unimed

“Nos dias atuais é difícil falar de longevidade para a população negra no Brasil. A expectativa de vida para um negro hoje no Brasil é de 67 anos, enquanto para um branco é de 73. Infelizmente, na corrida da longevidade os negros estão sempre atrás” Regina Nogueira - médica pediatra intensivista e presidente do Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais e de Matriz Africana

Relação médico-paciente: Carinho, confiança e empatia são fundamentais

“Estou ligado a tudo o que me acontece, às reações e sintomas do meu organismo e acredito que todos deveriam fazer o mesmo. O brasileiro tem mania de transformar o assunto saúde pessoal em piada, quando, na verdade, é um tema que exige maior seriedade. Um povo educado e saudável faz um grande país” Ary Fontoura - ator, diretor, escritor e poeta

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II Congresso Brasileiro da Longevidade Seguros Unimed também propôs a discussão sobre a relação de confiança e empatia entre médico e paciente, com a participação do médico, professor e membro do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG), João Gabriel Marques Fonseca, e da jornalista e apresentadora de televisão, Glória Maria. A jornalista começou seu relato trazendo sua experiência pessoal, ao ser submetida à uma cirurgia para a retirada de um tumor no cérebro. “Pouco depois que saí da sala de cirurgia, logo estava lúcida e tenho certeza de que a minha recuperação só aconteceu pelo apoio e confiança que recebi de toda a equipe médica que me tratou. Sem eles, certamente, eu não estaria aqui”. O dr. Fonseca reforçou o quanto essa boa relação é crucial no trato com um paciente e o quanto a palavra médica tem poder. “Muitos médicos não perce-

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bem, mas o atendimento tem poder terapêutico e faz toda a diferença. ‘A palavra na boca de um médico é semelhante à faca na mão de um louco’, já dizia o conhecido gastroenterologista José Fernandes Pontes. Ou seja, a fala de um médico pode tanto machucar quanto fortalecer um paciente. Tudo depende da forma que se diz. Afinal, tornar-se médico e acumular conhecimentos, hoje em dia, é muito fácil. Agora, humanizar esse conhecimento, demonstrando acolhimento e carinho ao paciente é mais complexo. É o efeito terapêutico do médico”, acrescentou. “Estamos vivendo um momento de uma certa regressão da tendência ao superespecialista. O filósofo inglês Bertrand Arthur William Russell tem uma definição sobre o especialista que é aquele que sabe cada vez mais sobre cada vez menos”, acrescentou o dr. Fonseca, argumentando a importância da intersubjetividade no relacionamento com os pacientes. Glória Maria complementou. “Se não houver a subjetividade, a relação médico-paciente não é completa. Por mais conhecimento que o profissional tenha, de nada adianta se não existir o carinho, a empatia, o sentimento e a emoção no trato com o paciente. A especialização e o estudo são importantes tecnicamente, mas não são primordiais humanamente”, concluiu.

“Se não houver a subjetividade, a relação médicopaciente não é completa. Por mais conhecimento que o profissional tenha, de nada adianta se não existir o carinho, a empatia, o sentimento e a emoção no trato com o paciente. A especialização e o estudo são importantes tecnicamente, mas não são primordiais humanamente” Glória Maria - jornalista e apresentadora de televisão

“A palavra na boca de um médico é semelhante à faca na mão de um louco, já dizia o conhecido gastroenterologista José Fernandes Pontes. Tornar-se médico e acumular conhecimentos, hoje em dia, é fácil. Agora, humanizar esse conhecimento, demonstrando acolhimento e carinho ao paciente é mais complexo. É o efeito terapêutico do médico” João Gabriel Marques Fonseca - médico, professor e membro do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG)

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Saúde emocional

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ens sana in corpore sano já dizia a citação latina e a saúde emocional também foi tema de análise no II Congresso Brasileiro da Longevidade Seguros Unimed, em painel que contou com a presença de três convidados especiais: o ator, diretor de telenovelas, radialista, dublador e apresentador de televisão Lima Duarte; o comunicador e também apresentador de televisão Ronnie Von; e o psicólogo Diego Salzgeber Santos.

Consenso entre os palestrantes, atenção à saúde emocional é estratégica na busca pela longevidade. E para o psicólogo Diego Salzgeber Santos, viver com otimismo e positividade é um dos caminhos. “As pessoas que têm paixão de viver, que ficam felizes por simplesmente existirem e encaram tudo de uma maneira mais otimista tendem a ultrapassar as barreiras diárias de uma forma muito melhor. A mesma coisa quando se possui objetivos e sonhos, que são essenciais para trazer sentido e propósito ao nosso dia a dia. Quando se tem esses ingredientes, a tendência é que a vida dure muito mais e melhor, porque longevidade não é apenas viver mais tempo, mas também viver com qualidade”, afirmou. Quem trouxe um exemplo de longevidade com bem estar foi o ator Lima Duarte. “Uma coisa com que as pessoas da minha idade, cerca de 90 anos, cos-

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“As pessoas que têm paixão de viver, que ficam felizes por simplesmente existirem e encaram tudo de uma maneira mais otimista tendem a ultrapassar as barreiras diárias de uma forma muito melhor. Quando se tem esses ingredientes, a tendência é que a vida dure muito mais e melhor, porque longevidade não é apenas viver mais tempo, mas também viver com qualidade” Diego Salzgeber Santos - psicólogo

“Uma coisa com que as pessoas da minha idade, cerca de 90 anos, costumam se preocupar é com a lembrança da finitude humana, mas isto é algo que não me aflige. Os mais jovens se surpreendem com a minha energia à esta altura da vida e brincam, dizendo que provavelmente não chegarão nem à metade. Então, digo para elas o seguinte: ‘Claro que chegam, com toda a certeza, é só gostar de viver e achar uma razão para chegar até o fim” Lima Duarte - ator, diretor de telenovelas, radialista, dublador e apresentador de televisão Lima Duarte

“Aprendi algumas lições importantes ao longo de minha vida. A primeira foi com a minha avó, que me dizia que é crucial se renovar ou morrer; eu escolhi sempre a primeira opção. Outro grande ensinamento que tive veio do meu pai, que me falou que o essencial não era fugir da adversidade, mas sim tirar proveito dela. É claro que você se machuca em várias situações, mas é seu dever dar a volta por cima” Ronnie Von - comunicador e também apresentador de televisão

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II Congresso Brasileiro da Longevidade Seguros Unimed tumam se preocupar é com a lembrança da finitude humana, mas isto é algo que não me aflige. Os mais jovens se surpreendem com a minha energia à esta altura da vida e brincam, dizendo que provavelmente não chegarão nem à metade. Então, digo para elas o seguinte: ‘Claro que chegam, com toda a certeza, é só gostar de viver e achar uma razão para chegar até o fim”, disse. Isso não quer dizer que não haverá decepções e nem dificuldades pelo caminho, mas o segredo é encará-las de frente, aprender com elas e, então, superá-las. É a filosofia de Ronnie Von: “Aprendi algumas lições importantes ao longo de minha vida. A primeira foi com a minha avó, que me dizia que é crucial se renovar ou morrer, eu escolhi sempre a primeira opção. Outro grande ensinamento que tive veio do meu pai, que, certa vez, me falou que o essencial não era fugir da adversidade, mas sim tirar proveito dela. Sempre me lembrei desses conselhos e me tornei uma pessoa muito mais forte emocionalmente. É claro que você se machuca em várias situações, mas é seu dever dar a volta por cima”, acrescentou. Santos concordou e deu ainda mais uma sugestão. “Além de tudo o que já foi dito, o melhor caminho conhecido para se atingir a longevidade, seja ela física ou emocional, é a prevenção. Na prevenção física, por exemplo, seu corpo certamente viverá mais com a prática de exercícios e com a alimentação adequada. Na saúde emocional é a mesma coisa e a melhor forma de realizar a prevenção neste sentido é viver mais para o próximo, para a sua família, e menos para você. Se você leva uma vida egoísta, provavelmente, se lamentará no futuro. Agora, se você viver em comunidade e de forma acolhedora, com objetivos e propósitos, como havíamos mencionado, nunca se arrependerá do que viveu”, completou.

Disciplina, foco e convicção sobre o que se deseja

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echando o II Congresso Brasileiro da Longevidade Seguros Unimed, um painel em formato de talk show reuniu o ator, comunicador e escritor, Miguel Falabella, o ator, poeta, escritor e diretor, Ary Fontoura e o superintendente do Hospital Sírio Libanês e professor assistente da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), Dr. Gonzalo Vecina, com a condução do ator Odylon Wagner. Abrindo a conversa, o ator Miguel Falabella pontuou dois fatores que considera primordiais para se alcançar a longevidade de maneira plena, tanto no âmbito pessoal quanto no profissional: disciplina e gestão de tempo. “Como seres humanos, temos que melhorar sempre. Afinal, a única constância do universo é a mudança; se você não se aprimora acaba morrendo na praia. Venho tentando aprimorar alguns pontos que considero básicos. Um dos principais, na minha opinião, é o gestão do tempo. Organizar o seu tempo de forma disciplinada e dividir a sua energia ao longo do dia a dia é crucial para levar a cabo as coisas que ainda se deseja fazer. Outro ponto que aprendi ao longo da vida: não há sucessos ou fracassos, mas acontecimentos e sempre podemos aprender. A palavra para os nossos tempos de hoje é adaptabilidade”, ponderou.

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“Organizar o seu tempo de forma disciplinada e dividir a sua energia ao longo do dia a dia é crucial para levar a cabo as coisas que ainda se deseja fazer. Outro ponto que aprendi ao longo da vida: não há sucessos ou fracassos, mas acontecimentos e sempre podemos aprender. A palavra para os nossos tempos de hoje é adaptabilidade” Miguel Falabella - ator, comunicador e escritor

“Podemos ganhar muito anos de vida se tivermos uma atitude mais positiva com o nosso viver, mas precisamos usar a nossa autonomia para exercer essa escolha. Somos responsáveis por definir e exercer a importância que temos” Dr. Gonzalo Vecina - professor assistente da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP)

“O importante é você descobrir o que realmente quer para a sua vida, somente assim atingirá a plena felicidade e satisfação, pessoal e profissional. Quando descobre o que deseja, de fato, a pessoa se torna dona do mundo. Temos que viver o hoje, espremer o relógio para fazer mais de cada segundo” Ary Fontoura - o ator, poeta, escritor e diretor

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II Congresso Brasileiro da Longevidade Seguros Unimed Ary Fontoura destacou que outro grande desafio, no seu modo de ver, é identificar o que realmente te faz feliz. “O importante é você descobrir o que realmente quer para a sua vida, somente assim atingirá a plena felicidade e satisfação, pessoal e profissional. Eu, por exemplo, sempre quis ser ator, desde criança. Então fui indo aos poucos, com muito amor e carinho, e assim continuo até hoje. Acredito que quando se descobre o que se deseja, de fato, a pessoa se torna a dona do mundo. Temos que viver o hoje, espremer o relógio para fazer mais de cada segundo”, disse. O Dr. Gonzalo Vecina concordou com ambos e complementou. “A disciplina é sim um componente fundamental em nossa vida. Mas há outros que são tão importantes quanto, como a autonomia. Sem autonomia não conseguiremos definir os caminhos que

queremos seguir. E as redes sociais são uma ferramenta fundamental porque permitem que nos apossemos do conhecimento que ainda não temos. Fundamental, portanto, é saber o que queremos para sermos mais felizes, tranquilos, termos mais saúde e nos realizarmos, mas, para isso, precisamos de autonomia para saber o que fazer”, analisou. Vecina também chamou a atenção para a importância da prevenção. “Envelhecer, viver tanto é muito recente para a humanidade. Morria-se muito jovem há bem pouco tempo, portanto, cuidar-se preventivamente é uma ação nova para nós. Podemos ganhar muito anos de vida se tivermos uma atitude mais positiva com o nosso viver, mas precisamos usar a nossa autonomia para exercer essa escolha. Somos responsáveis por definir e exercer a importância que temos”.

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Saúde financeira

PREVIDÊNCIA E OS DIFERENCIAIS PARA OS LONGEVOS Executivo do Banco Safra apresenta as soluções da instituição para o público 50+

“O mercado é bastante maduro. Estamos falando de quase R$ 1 trilhão em reservas vinculadas dos clientes, de forma individual. É uma cifra significativa, que vem crescendo ano a ano, mas que ainda carece de informação, porque as pessoas precisam entender que contar com reservas vai fazer muita diferença na longevidade. A previdência tem essa qualidade de melhorar a reserva financeira lá no futuro” Alexander Gerboni - superintendente de distribuição de Previdência do Banco Safra

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longevidade exige planejamento e antecipação, especialmente dos recursos financeiros, para que eles também permitam ao longevo usufruir das benesses do tempo. Com o objetivo de dar informações sobre o assunto, a Maratona Digital da Longevidade Expo + Fórum 2020 voltou-se para o planejamento financeiro da previdência. O superintendente de distribuição de Previdência do Banco Safra, Alexander Gerboni, falou sobre como o fundo previdenciário é um investimento com benefícios que se estendem para todas as faixas etárias, não só para aqueles que começam o planejamento ainda na juventude. O banco Safra, que é o 4º maior banco privado do país, faz a gestão de cerca de R$ 100 bilhões, sendo

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que R$ 20 bilhões são referentes a fundos previdenciários. “O mercado é bastante maduro. Estamos falando de quase R$ 1 trilhão em reservas vinculadas dos clientes, de forma individual. É uma cifra significativa, que vem crescendo ano a ano, mas que ainda carece de informação, porque as pessoas precisam entender que contar com reservas vai fazer muita diferença na longevidade. A previdência tem essa qualidade: de melhorar a reserva financeira lá no futuro”, diz Gerboni. De acordo com o executivo, nunca é tarde para começar a se preocupar com o planejamento financeiro. O maior benefício do investimento da previdência é a flexibilidade, permitindo que cada investidor defina como vai dispor desses recursos no futuro. É um produto que pode ser readequado a qualquer momento, com a troca do perfil de investimento ou a montagem de uma carteira mais ampla, definindo o investimento para cada perfil. Isso sem nenhuma penalidade no banco Safra”, disse.


Saúde

“Devemos nos informar, mas não podemos nos ‘afogar’ pelas notícias e incertezas. Lembrem-se: o que é dúvida hoje é certeza amanhã. Precisamos nutrir nossos corpos, nossas mentes e almas, evitando a obsessão” Linamara Battistella - professora Titular de Fisiatria - Medicina Física e Reabilitação - da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e presidente do Conselho Diretor do Instituto de Medicina Física e Reabilitação do HCFMUSP e do Instituto de Reabilitação Lucy Montoro

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Dra. Linamara Battistella participou de um painel que explorou o processo de reabilitação na recuperação da Covid-19 e a importância de cuidar da saúde de forma integral durante o cenário atual de pandemia. Além de professora titular de Fisiatria - Medicina Física e Reabilitação - da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Linamara é presi-

PAPEL DA REABILITAÇÃO NA ATUAÇÃO CONTRA O CORONAVÍRUS Professora Titular de Fisiatria - Medicina Física e Reabilitação - da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Linamara Battistella deu detalhes sobre a importância da medicina integrada no combate à Covid-19

dente do Conselho Diretor do Instituto de Medicina Física e Reabilitação do HCFMUSP e do Instituto de Reabilitação Lucy Montoro. “A briga entre o vírus e a vida humana não é nova; vem pautando a história humana. O que nos surpreendeu foi o poder de transmissão que esta nova versão do coronavírus tem. Os idosos foram surpreendidos pelo coronavírus. Hoje, devido à rápida pro-

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Saúde gressão da ciência, estamos em vias de ter mecanismos para prevenir, controlar e minimizar os danos causados pela doença. Mas, o alerta continua, isso não é motivo para descuidar. Saúde é um valor”, comentou e enfatizou que, além dos cuidados com o corpo, é fundamental pensar nos cuidados da saúde de forma integral, o que inclui a necessidade de manter uma mente sã. “Devemos nos informar, mas não podemos nos ‘afogar’ pelas notícias e incertezas. Lembrem-se: o que é dúvida hoje é certeza amanhã. Precisamos nutrir nossos corpos, nossas mentes e almas, evitando a obsessão”, sugeriu a médica. Linamara usou a experiência da recuperação do médico cirurgião Valdir Zamboni, para exemplificar a

prática da medicina integrada. Ele apresentou um grave quadro da Covid-19. Após um período de internação, Zamboni foi direcionado para o Instituto de Reabilitação Lucy Montoro, onde se recuperou completamente graças ao histórico de exercícios e cuidados preventivos e ao tratamento ministrado, que envolveu cuidadosa reabilitação física. “A especialidade de Fisiatria tem sido essencial para cuidar dos pacientes que passam muito tempo na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e, portanto, apresentam quadros de perda de massa óssea, dificuldades de movimentação e de engolir alimentos e até alguns problemas cognitivos, como foi o caso do Dr. Valdir. Ele já está recuperado e de volta à ativa como cirurgião. É um exemplo longevo de luta e perseverança”.

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Saúde e Moradia

P CASAS INTELIGENTES A SERVIÇO DO TEMPO Evolução tecnológica, associada à arquitetura, cria ambientes favoráveis à segurança e autonomia dos longevos

ara falar sobre os avanços da tecnologia e da arquitetura voltados às soluções para os longevos, a Maratona Digital da Longevidade Expo + Fórum 2020 convidou Chao Lung Wen que, além de médico, é professor e chefe da disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da USP, líder do grupo de pesquisa na USP em Telemedicina, Tecnologias Educacionais e Health (envolvendo telehomecare e casas inteligentes) no CNPQ/ MCTI. O painel contou também com a participação da arquiteta, urbanista e especialista em Gerontologia pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Israelita Albert Einstein, Flávia Ranieri, que também é professora nos cursos de pós-graduação em Gerontologia do Sírio-Libanês e Albert Einstein e desenvolve projetos em arquitetura na MYS Senior Design e design de móveis e artigos para a casa na Tuai.

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Saúde e Moradia Dr. Chao Lung Wen falou sobre os lares seguros, inteligentes e conectados. Ele enalteceu a convergência entre a saúde e a moradia, adaptada para servir ao longevo. “Estamos na década da evolução e aceleração digital e da hiperconectividade. Essa hiperpresença chegará à atividade médica e ao atendimento. A superinteligência também determina o tom desta década, ou seja, é a inteligência artificial a serviço da saúde e do bem-estar. Tudo isso vai extrapolar os serviços à longevidade, formando a sociedade 5.0, totalmente integrada e muito mais voltada à promoção da saúde (emocional, física, social, espiritual, profissional e mental) que à cura de doenças. Nesse ponto, a arquitetura humanizada é parte desse contexto de bem-estar e prevenção às doenças, oferecendo uma estrutura tecnológica de inteligência de segurança customizada para os diferentes perfis de indivíduos ao longo do processo de envelhecimento”, disse. Em complemento à explanação do Dr. Chao, a arqui-

teta Flávia Ranieri convidou os participantes a passear virtualmente por uma casa adaptada, que contemplou o dimensionamento dos espaços necessários para a movimentação dos longevos. A casa aglutinou tecnologias e soluções dos mais variados custos e complexidades, para que as pessoas pudessem entender que cada necessidade tem uma opção de adaptação. Desde suportes, móveis com alturas redimensionadas, sistemas de monitoramento mais flexíveis e menos invasivos, até pisos inteligentes que detectam queda ou aspiradores de pó que percebem se a pessoa vai tropeçar nele e se move para evitar acidentes. “Gosto da ideia da casa que envelhece com seu proprietário, ou seja, as adaptações podem ser feitas no decorrer da vida, como a iluminação, que pode ser alterada sem a necessidade de reforma, por exemplo”, contou Flávia.

“Estamos na década da evolução e aceleração digital e da hiperconectividade. Essa hiperpresença chegará à atividade médica e ao atendimento. A superinteligência também determina o tom dessa década, ou seja, é a inteligência artificial a serviço da saúde e do bem-estar” Chao Lung Wen - médico, professor e chefe da disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da USP

“Gosto da ideia da casa que envelhece com seu proprietário, ou seja, as adaptações podem ser feitas no decorrer da vida, como a iluminação, que pode ser alterada sem a necessidade de reforma, por exemplo” Flávia Ranieri - arquiteta, urbanista e especialista em Gerontologia pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Israelita Albert Einstein

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3º CONGRESSO BRASILEIRO DA LONGEVIDADE 2021

2 e 3 de outubro + 8 horas online

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Saúde

ATENDIMENTO MÉDICO-HOSPITALAR E O PÚBLICO LONGEVO Profissionais da saúde analisam como melhorar o relacionamento com esta parcela da população, personalizando as abordagens, fortalecendo vínculos e aprimorando a utilização da tecnologia e outras vertentes de tratamentos

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utro assunto que ganhou destaque na Maratona Digital da Longevidade Expo + Fórum 2020 foi o atendimento médico ao público longevo. Para abordar o tema, cuja curadoria foi feita pelo Hospital Sírio-Libanês, foram convidados os médicos da especialidade de geriatria, Dr. Venceslau Coelho, Dra. Maísa Kairalla, Dr. Luiz Antônio Gil e Dra. Kellen Negreiros. Dra. Maísa, que é presidente da Comissão de Imunização da SBGG e membro efetivo do Fórum Permanente de Discussão de Vacinação do Adulto e Idoso (SMIBM), falou sobre o envelhecimento sustentável, que engloba, entre os principais pilares, a imunização por meio de vacinas. “Encontros como a Longevidade Expo+Fórum são fundamentais, porque estamos de frente a uma revolução no envelhecimento. No mundo, hoje, já existem mais pessoas com 65 anos do que crianças com menos de cinco anos de idade. Assim sendo, é prioritário informar para melhorar a qualidade de vida

desta população, reforçando sempre a independência, a autonomia, a prevenção e a imunização”, destacou, acrescentando: “é preciso compreender que 30% do envelhecimento é genética e os outros 70% são consequências das nossas atitudes e do meio externo”.

“Encontros como a Longevidade Expo+Fórum são fundamentais, porque estamos de frente a uma revolução no envelhecimento. É prioritário informar para melhorar a qualidade de vida dessa população, reforçando sempre a independência, a autonomia, a prevenção e a imunização” Dra. Maísa Kairalla - geriatra


Saúde A médica apontou as três vacinas, inseridas no calendário oficial, que são imprescindíveis para o público sênior: pneumonia, influenza e herpes-zoster. “Cerca de 80% das mortes causadas pela pneumonia são com pacientes idosos. E a vacinação contra a Influenza pode reduzir o risco de infarto do miocárdio em pacientes com coronariopatias”, salientou. Sobre a vacinação contra herpes-zoster, uma infecção viral pouco conhecida, a Dra. Maísa revelou que a incidência e o nível de gravidade da doença aumentam com a idade.

UNIDADES DE EMERGÊNCIA E O ATENDIMENTO GERIÁTRICO O geriatra do Hospital Sírio-Libanês, Dr. Luiz Antônio Gil, participou da Maratona Digital apresentando um panorama do atendimento geriátrico em emergências. Ele ressaltou que a expectativa de vida além dos 60 anos e até os 80 será, nas próximas décadas, uma regra e não excepcionalidade. Por isso, a importância de os hospitais, postos de saúde e clínicas estarem preparados para atender este público. “Os idosos são responsáveis por cerca de 16% de todas as visitas recebidas em pronto-socorros no Brasil”, afirmou o médico. Ele apontou que, entre as mudanças para alcançar um atendimento geriátrico de qualidade, o aspecto prioritário é um olhar diferenciado para cada idoso, considerando a heterogeneidade. Além disso, são fundamentais a educação e o treinamento das equipes de médicos, enfermeiros e todo o pessoal que trabalha nestes lugares, além de protocolos de avaliação para pontos específicos. Já a Dra. Kellen Negreiros, também do hospital Sírio-Libanês, falou sobre como o atendimento geriátrico personalizado é a chave para a prevenção de quedas

em idosos. Segundo ela, os malefícios que as quedas podem trazer às pessoas longevas podem ser desde lesões e fraturas à restrição de atividades, à síndrome de ansiedade pós-queda (o medo de cair novamente) e, eventualmente, à hospitalização e ao óbito. A médica explicou que a prevenção de quedas é possível com uma intervenção multidimensional, que leva em conta as circunstâncias da queda, o inventário de medicamentos utilizados, o histórico de doenças prévias e a avaliação de acuidade visual. “A população idosa tem fragilidades individuais e muitas vezes não recebe o tratamento potencialmente adequado. Por isso, é importante a personalização do atendimento preventivo, com uma avaliação precisa dos riscos de cada indivíduo”, afirmou. Para finalizar, o painel do Dr. Venceslau Coelho abordou a importância da inclusão digital para melhorar os cuidados com a saúde. “A pandemia revelou uma problemática do nosso país: mais de 4 milhões de idosos moram sozinhos, mas apenas 61% usam os smartphones e 53% têm computador em casa. O restante não tem acesso às ferramentas digitais”, disse. “A inclusão digital é apenas um galho em uma árvore frondosa. Existe uma gama multifatorial de assuntos que precisamos debater para dar respostas à demanda por políticas educacionais que façam a alfabetização digital desses indivíduos, respeitando a sua singularidade”, afirmou. Ele destacou que o acesso a dispositivos tecnológicos e à internet não são suficientes para incluir digitalmente o idoso. O mais importante é a capacidade crítica das pessoas para usar estas tecnologias, permitindo o engajamento em práticas sociais significativas e cuidados com a saúde. “Muitos idosos não percebem os benefícios da digitalização e, ainda

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“Entre as mudanças para alcançar um atendimento geriátrico de qualidade, o aspecto prioritário é um olhar diferenciado para cada idoso, considerando a sua heterogeneidade. Além disso, são fundamentais a educação e o treinamento das equipes de médicos, enfermeiros e todo o pessoal que trabalha nesses lugares, além de protocolos de avaliação para pontos específicos” Dr. Luiz Antônio Gil - geriatra

pior, sentem-se incapazes de entender e lidar com os aparelhos e dispositivos tecnológicos. Muito do processo de inclusão da tecnologia na vida do idoso está relacionado à influência do outro, seja um ente familiar ou amigos próximos, que podem facilitar ou dificultar a adaptação e a conscientização dos benefícios e dos riscos envolvidos”. Ao falar de telemedicina, Coelho mencionou a importância de se ter uma etiqueta para o comportamento digital por parte do médico e do paciente. “A ausência de contato físico precisa ser compensada por habilidades de empatia e comunicação online. O profissional de saúde precisa estar capacitado a escutar bem, demonstrar atenção e zelar pela clareza verbal, expressões faciais, entonação coerente para que o teor da mensagem a se comunicar seja preservado”, concluiu.

“A população idosa tem fragilidades individuais e muitas vezes não recebe o tratamento potencialmente adequado. Por isso, é importante a personalização do atendimento preventivo, com uma avaliação precisa dos riscos de cada indivíduo” Dra. Kellen Negreiros - geriatra

PODER TRANSFORMADOR DO MINDFULL EATING A Maratona Digital da Longevidade Expo+Fórum 2020 recebeu o professor e médico especialista em Nutrologia, Andrea Bottoni, para falar sobre o conceito de mindfull eating, que é a prática de alimentação consciente que demanda a atenção plena à comida no momento das refeições. A curadoria do painel foi da Trasmontano Saúde.

“O que se busca é uma alimentação consciente para respeitar o próprio corpo, para se respeitar e conectar-se com os alimentos e com a nutrição. Muitas vezes nem percebemos o que estamos comendo, não desfrutamos dos alimentos, muito menos da experiência de nos alimentarmos. Tentar se alimentar de uma forma mais consciente pode ser um importante aliado para uma vida mais plena, longa e saudável”

38Bottoni - professor e médico Andrea especialista em Nutrologia

“Muitos idosos não percebem os benefícios da digitalização e, ainda pior, sentem-se incapazes de entender e lidar com os aparelhos e dispositivos tecnológicos. Muito do processo de inclusão da tecnologia na vida do idoso está relacionado à influência do outro, seja um ente familiar ou um amigo, que pode facilitar ou dificultar a adaptação e a conscientização dos benefícios e dos riscos envolvidos” Dr. Venceslau Coelho - geriatra


Saúde O médico chamou a atenção para o conceito de mindfullness – do qual derivou o mindfull eating que permite uma vida fora do piloto automático, o que favorece o contato com a sabedoria interna e a possibilidade de construir uma vida mais plena. “Em aproximadamente 50% do nosso tempo, estamos pensando em outra coisa que não o que estamos fazendo naquele momento, o que pode gerar uma percepção de menor felicidade, mais estresse e frustração. O mindfullness foi criado nos anos 70, unindo determinados ensinamentos típicos do mundo oriental para promover a atenção plena e a consciência na experiência presente, no momento presente, sem julgamentos, permitindo-nos sair do piloto automático e entrar em contato com a nossa sabedoria interna”, apontou. O Dr. Bottoni explicou que os alicerces desta aborda-

gem são a autocompaixão e a compaixão, a presença e a consciência. Já o mindfull eating, proposto na década de 90 pela psicóloga e pesquisadora norte-americana Jean Kristeller, envolve a experiência de beber e comer, com toda a atenção necessária para sentir os efeitos sobre o corpo, a atenção para os aromas, cores, sabores, texturas e temperatura do alimento. “A perda de peso pode ser uma consequência da prática, mas não é o objetivo. O que se busca é uma alimentação consciente para respeitar o próprio corpo, para se respeitar e conectar-se com os alimentos e com a nutrição. Muitas vezes nem percebemos o que estamos comendo, não desfrutamos dos alimentos, muito menos da experiência de nos alimentarmos. Tentar se alimentar de uma forma mais consciente pode ser um importante aliado para uma vida mais plena, longa e saudável”, finalizou.

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Saúde e tecnologia

CONECTADOS E ATIVOS Com temas como a gerontecnologia, a segunda edição da pesquisa “Idosos no Brasil: saúde, lazer e atuação na longevidade” e a importância da arte e da atividade física, o SESC-SP marcou presença na versão digital da Longevidade Expo+Fórum

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SESC-SP abrilhantou os debates durante a Maratona Digital da Longevidade Expo+Fórum 2020, trazendo o tema gerontecnologia e suas contribuições para a longevidade. Alessandra Nascimento, assistente de Gerência de Estudos e Programas Sociais do SESC-SP, entrevistou a presidente do Conselho Municipal do Idoso de Ribeirão Preto (CMI), Carla da Silva Santana Castro, especialista sobre o tema. De acordo com Carla, trata-se da tecnologia aplicada ao envelhecimento e envolve o desenvolvimento e a utilização de pesquisas, procedimentos, serviços, produtos, atendimentos, entre outros. “O envelhecimento é um processo e, como tal, demanda adaptações de toda ordem, por parte de quem envelhece e também do mercado, que deve adaptar seus produtos e soluções para este público. A pandemia está chamando a atenção para as demandas dos longevos. É verdade que, no isolamento, muitos idosos

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enfrentaram dificuldades para lidar com as tecnologias e serviços digitais, mas eles souberam também abrir-se para o novo. Este processo, o da adoção das tecnologias, já está em curso ”, comentou. Ela alertou, entretanto, que tecnologia precisa ser para todos. Com o mundo passando por uma transformação tecnológica tão impactante (bancos, celulares, computadores, entre outros), as pessoas precisam ser incluídas, do ponto de vista da capacitação, para usar a tecnologia e obter acesso aos novos serviços. “A transformação digital evidencia as desigualdades. Se o mundo está abraçando esta transformação, precisa também abraçar a inclusão, do ponto de vista de capacitação e de financiamento desse acesso”, afirma. “Essa falta de acesso à tecnologia significa perda de cidadania”, completa. Alessandra acrescentou que a tecnologia permeia todas as relações. “A tecnologia está em tudo e viabiliza a interação dos longevos com a dinâmica social. O SESC-SP tem programas específicos para o público 60+ desde 1963 e, durante a pandemia, não paramos. O meio virtual contribui muito para a manutenção do relacionamento entre a instituição e todo esse público. Todas as unidades do SESC-SP, por meio dos técnicos que são referências no trabalho social junto a esse segmento, continuaram fazendo esse trabalho. Por exemplo, temos uma ação chamada Ponto de Encontro, na qual os técnicos e os longevos encontram-se virtualmente para conversar sobre diversos assuntos, aprender sobre plataformas digitais, entre outras atividades”.

PESQUISA REVELA HÁBITOS E SENTIMENTOS DOS IDOSOS NO BRASIL


Saúde e tecnologia Aproveitando a audiência da Maratona Digital da Longevidade Expo+Fórum 2020, o SESC-SP apresentou, com exclusividade, uma análise dos resultados da segunda edição da pesquisa “Idosos no Brasil: saúde, lazer e atuação na longevidade”. Segundo Gabriel Alarcon e Rosângela Barbalacco, ambos representantes da Gerência de Estudos e Programas Sociais do SESC-SP, a pesquisa foi finalizada em março de 2020, em parceria com a Fundação Perseu Abramo (a primeira versão foi feita em 2006). A coleta de informações foi realizada com uma amostra nacional de quatro mil pessoas, entre jovens e idosos. Alarcon explicou que a pesquisa investigou componentes do processo de envelhecimento do brasileiro, dados sociodemográficos e temáticas, como o uso de internet, práticas culturais, autoimagem, direitos sociais (educação, saúde e trabalho), violência, moradia, laços afetivos e sexualidade. De acordo com Rosângela, um diferencial da edição 2020 foi a adição de questões que ganharam evidência na vida do público sênior nos últimos anos, como a sexualidade, moradia, projetos futuros e o sentimento de solidão. “O que podemos perceber é que não existe uma velhice, mas múltiplas velhices, com desafios distintos para cada um destes indivíduos”, disse Alarcon. Rosângela disse que outro destaque da pesquisa são as opções de lazer. Foi revelado que a maioria dos idosos tem, no ouvir rádio e assistir à televisão, as principais formas de entretenimento. “Muitas destas opções de lazer podem ser explicadas devido à escolaridade média deste público: 14% dos idosos entrevistados não foram à escola, 24% têm no máximo o Ensino Fundamental”. No contexto sociodemográfico, a pesquisa traz outros recortes: 17% dos idosos moram sozinhos e 33%

moram com apenas mais uma pessoa; 50% são chefes de família que cuidam financeiramente de parentes e 60% gostariam de viajar, mas não o fazem por falta de renda ou de companhia. “Isso mostra o quanto o entorno da pessoa é um fator que pode ser determinante na qualidade de vida. Outra questão que ficou evidente pela pesquisa é a necessidade de autonomia e poder de decisão”. Um traço comum entre os idosos identificados pela pesquisa é o sentimento de solidão, especialmente entre as mulheres. “Os idosos trazem consigo este sentimento de solidão e isolamento. A pandemia, de alguma maneira, tornou essa sensação ainda mais presente. Por outro lado, este momento que vivemos evidenciou também a resiliência desses indivíduos, que souberam adotar a tecnologia e aproveitar da digitalização da comunicação”, disse Rosângela. O painel contou ainda com uma convidada especial: a atriz e cantora, Zezé Motta, que falou sobre a experiência enriquecedora para o ator de vivenciar várias etapas da vida pela arte cênica, além da importância da cultura. “Acho que já me apresentei em todas as unidades do SESC no eixo Rio-São Paulo e fico muito feliz em participar de projetos que democratizam a cultura para todos, com a opção de apresentações a preços acessíveis. Isso oferece uma oportunidade para que o público sênior de baixa renda possa também participar”. A artista aproveitou para passar um recado para toda a comunidade prateada. “A limitação que a idade nos impõe está muito na nossa cabeça. Se acreditarmos que não podemos, poderemos ainda menos. Digo, por experiência própria, porque já tenho 76 anos e levo uma vida muito ativa. É muito importante cuidar da saúde física, mental e emocional. Inclusive, entre os meus planos, está a possibilidade de encontrar um novo compa-

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“A transformação digital evidencia as desigualdades. Se o mundo está abraçando essa transformação, precisa também abraçar a inclusão, do ponto de vista da capacitação e de financiamento deste acesso” Carla da Silva Santana Castro presidente do Conselho Municipal do Idoso de Ribeirão Preto (CMI)

“O meio virtual contribui muito para a manutenção do relacionamento entre a instituição e todo esse público. Todas as unidades do SESC-SP, por meio dos técnicos que são referências no trabalho social com esse segmento da sociedade, continuaram a fazer esse trabalho”

“A pesquisa investigou componentes do processo de envelhecimento do brasileiro, dados sociodemográficos e temáticas, como o uso de internet, práticas culturais, autoimagem, direitos sociais (educação, saúde e trabalho), violência, moradia, laços afetivos e sexualidade”

Alessandra Nascimento - Gerência de Estudos e Programas Sociais do SESC-SP

Gabriel Alarcon - Gerência de Estudos e Programas Sociais do SESC-SP

“Os idosos trazem consigo esse sentimento de solidão e isolamento. A pandemia, de alguma maneira, tornou essa sensação ainda mais presente. Por outro lado, este momento que vivemos evidenciou também a resiliência desses indivíduos, que souberam adotar a tecnologia e aproveitar da digitalização da comunicação” Rosângela Barbalacco - Gerência de Estudos e Programas Sociais do SESC-SP

“A população longeva tem muito interesse em participar e usufruir da cultura e da arte em todas as suas formas. Quando trazemos a questão da arte e da cultura voltada para os longevos procuramos promover a aproximação e interação, com shows e apresentações, cursos, oficinas, dando voz à produção artística de cada um desses indivíduos” Gustavo 42 Nogueira - Gerência de Estudos e Programas Sociais do SESC-SP

“A limitação que a idade nos impõe está muito na nossa cabeça. Se acreditarmos que não podemos, poderemos ainda menos. Digo, por experiência própria, porque já tenho 76 anos e levo uma vida muito ativa. Eventos como este são importantes para nós, longevos, mas também para os jovens, para que se familiarizem com uma realidade que será a deles no futuro” Zezé Motta - atriz e cantora


Saúde e tecnologia

nheiro para não envelhecer sozinha. Eventos como este são importantes para nós, longevos, mas também para os jovens, para que se familiarizem com uma realidade que será a deles no futuro”, afirmou Zezé.

MOVIMENTO E MÚSICA A Maratona Digital da Longevidade Expo+Fórum 2020 abriu espaço também para o movimento e a música. Há quase seis décadas, o SESC-SP desenvolve uma série de programas voltados para o público longevo e para pessoas interessadas na temática. Estruturada em eixos temáticos, como arte e expressão (com foco na fruição, criação e participação das pessoas 60+ em todos os tipos de atividade artística), sociedade e cidadania (com olhos para temáticas relevantes para os longevos, como gerontecnologia) e corpo e movimento (que trata de questões ligadas à saúde, ao corpo, à longevidade e ao envelhecimento). Alessandra Nascimento e Gustavo Nogueira, da Gerência de Estudos e Programas Sociais do SESC-SP tiveram o prazer de apresentar os eventos programados. Para treinar a percepção do equilíbrio e do movimento, o evento contou com a presença do educador, coreógrafo e terapeuta de movimentos, Ivaldo Bertazzo, convidado do SESC-SP, para uma atividade prática voltada ao despertar do corpo. Foram quase 60 minutos de exercícios para treinar o corpo e a mente para estarem alertas ao movimento.

“Longevidade não é só pensar como vou ficar no futuro. Longevidade é hoje e a atenção com a psicomotricidade deve ser levada em consideração sempre. Ou seja, estar consciente sobre como nos movimentamos, como percebemos cada gesto que fazemos, como sentimos o presente” Ivaldo Bertazzo - educador, coreógrafo e terapeuta de movimentos

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Saúde e tecnologia

O músico, ator, cantor e compositor, Antônio Nóbrega em apresentação exclusiva na Maratona Digital da Longevidade Expo+Fórum

“Longevidade não é só pensar como vou ficar no futuro. Longevidade é hoje e a atenção com a psicomotricidade deve ser levada em consideração sempre. Ou seja, estar consciente sobre como nos movimentamos, como percebemos cada gesto que fazemos, como sentimos o presente”, ensinou Bertazzo. A atração que encantou a audiência foi o show do músico, ator, cantor e compositor, nascido no Recife (PE), Antônio Nóbrega, que fez uma compilação dos trechos mais marcantes de algumas das suas apresentações, encerrando o segundo dia de Maratona Digital. “Que privilégio estar aqui, neste evento incrível. E nada mais emblemático que encerrar o se-

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gundo dia de evento com a participação, mais que especial, do Antônio Nóbrega, ele próprio um longevo que leva o protagonismo e a criatividade por onde passa”, comentou Alessandra Nascimento. Nogueira acrescentou: “A participação de Ivaldo Bertazzo e de Antonio Nóbrega fazem parte dos eixos arte e expressão, de programação que temos no SESC SP com a população idosa, que tem muito interesse em participar e usufruir da cultura e da arte em todas as formas. Quando trazemos a questão da arte e da cultura voltada para os longevos procuramos promover a aproximação e interação, com shows e apresentações, cursos, oficinas, dando voz à produção artística de cada um destes indivíduos”.


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Seniortechs

EMPREENDEDORISMO PARA O PÚBLICO 50+ Dispostos a uma nova vivência laboral, cada vez mais seniores com as mais diversas especializações trilham a seara da renovação profissional, tendo como aliada a inovação tecnológica

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empreendedorismo e as seniortechs no mercado atual ganharam a vez no palco da Maratona Digital da Longevidade Expo+Fórum. Na discussão, especialistas do calibre do empresário e fundador da marca Chilli Beans e mentor do Shark Tank para startups, Caito Maia; do presidente da Nilo Saúde, Victor Marcondes de Oliveira; e do presidente da Forest Holding & CEO da Ô Insurance Group, José Macedo. A mediação do debate ficou por conta de Sergio Duque Estrada, embaixador do Aging 2.0 para a América Latina, instituição voltada para a identificação de necessidades do público longevo e para a tentativa de resolvê-los por meio de tecnologias digitais, e CEO da ATIVEN Envelhecimento Ativo, que oferece consultoria em inovação para empresas e startups voltadas para o mercado sênior. Duque Estrada também participa do Núcleo 60+, que é a conjunção das consultorias SeniorLab e da Raízes.etc, com foco no universo 60+.

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“Nosso objetivo com este painel foi reunir alguns dos maiores símbolos do empreendedorismo da atualidade, que nos trazem um pouco de suas experiências de sucesso, suas visões e ideias empreendedoras utilizando a digitalização”, comentou. Quem abriu o painel contando parte de sua história foi Caito Maia, fundador da Chilli Beans. “Tenho uma história curiosa: comecei a trazer óculos escuros dos Estados Unidos em uma mala para revender no Brasil. Iniciei com cerca de 200 unidades e, de repente, o negócio cresceu. Hoje, somos a maior marca de óculos escuros da América Latina e temos, entre os nossos colaboradores, vários profissionais 50+. Participo também do Shark Tank, que é uma experiência muito interessante. Como empreendedores, devemos exercitar a diversidade e a positividade”, disse.

“Nosso objetivo com este painel foi reunir alguns dos maiores símbolos do empreendedorismo da atualidade, que nos trazem um pouco de suas experiências de sucesso, suas visões e ideias empreendedoras utilizando a digitalização” Sergio Duque Estrada - embaixador do Aging 2.0 para a América Latina, CEO da ATÍVEN Envelhecimento Ativo e integrante do Núcleo 60+

Já José Macedo, criador e CEO da Ô Insurance Group, startup voltada ao mercado de seguros, conta como surgiu a ideia de, aos 60 anos de idade, fundar a própria companhia. “Tenho muito orgulho de fazer parte do chamado grey power! Um grupo cujo poder de compra está na casa dos 42% da renda nacional! E, além do poder de compra, este grupo tem uma energia empreendedora muito intensa”, analisa. Macedo atua no mercado de seguros há 40 anos e sempre se questionou por que no Brasil esse segmento representa apenas 4% do PIB nacional, sendo que, em outros países, o percentual é bem maior, como nos Estados Unidos, onde representa 15% e na China, 20%. Além disso, apenas 10% da população brasileira têm alguma cobertura de seguro. “O meu sonho é que os brasileiros comecem a olhar os seguros como os norte-americanos olham, como uma forma de proteger cada vez mais seus bens e conquistas: seu carro, sua casa, sua saúde, sua vida. Partindo

“Hoje, somos a maior marca de óculos escuros da América Latina e temos, entre os nossos colaboradores,vários profissionais 50+. Como empreendedores, devemos exercitar a diversidade e a positividade” Caito Maia - fundador da Chilli Beans e mentor do Shark Tank para startups

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Seniortechs desse princípio, minha missão passou a ser lutar por mais acessibilidade para todos, ofertando seguros a preços que realmente possam pagar”, ressaltou.

“Somos uma ensure tech, criando seguros para todos, provocando o open ensurance, ou seja, facilitando o acesso aos seguros de saúde, odontologia e de vida para pessoas de até 70 anos” José Macedo - presidente da Forest Holding & CEO da Ô Insurance Group

O executivo criou uma startup com a ideia de provocar uma disruptura no mercado de seguros via transformação digital e a possibilidade da customização. “Somos uma ensure tech, criando seguros para todos, provocando o open ensurance, ou seja, facilitando o acesso aos seguros de saúde, odontologia e de vida para pessoas de até 70 anos. Na pandemia, as pessoas passaram a se interessar mais por este mercado e conseguimos, com criatividade, dar ofertas mais acessíveis a toda a população”, acrescentou. E não foi apenas a Ô Insurance Group que surgiu em meio à pandemia, a Nilo Saúde também. Quem contou mais sobre a empresa foi o próprio presidente, Victor Marcondes de Oliveira. “Quando optei por empreender em meio à pandemia, junto a outros dois sócios, decidimos que queríamos inovar na área da saúde para o público longevo. Chegamos à conclusão de que existia a demanda por um tipo de serviço diferente do que havia no mercado e foi então que surgiu a Nilo Saúde, uma clínica multidisciplinar especializada no público 50+, porém, no modelo digital, com os recursos da telemedicina”, explicou. A clínica conta com médicos, psicólogos, educadores físicos, nutricionistas e mais uma gama de outros profissionais, para dar o suporte necessário para as pessoas mais maduras. “Nascemos na pandemia e tivemos que aprender rápido a opção da telemedicina, que hoje representa mais de 90% dos nossos atendimentos”, finalizou.

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“Nascemos na pandemia e tivemos que aprender rápido a opção da telemedicina, que hoje representa mais de 90% dos nossos atendimentos da clínica” Victor Marcondes de Oliveira presidente da Nilo Saúde


Mercado de Trabalho

MÃOS À OBRA Os avanços e as inovações tecnológicas impõem desafios aos profissionais 50+, que buscam na atualização e no aprendizado constantes marcar presença no mercado de trabalho, que começa a se desfazer de preconceitos, dando lugar ao potencial econômico dos longevos

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iscussões em torno das oportunidades e as contribuições dos longevos no mercado de trabalho, o impacto do chamado “idadismo” - que faz referência aos preconceitos e estereótipos sobre o envelhecer - e os avanços da tecnologia em torno da longevidade ganharam espaço na Maratona Digital da Longevidade Expo + Fórum. Uma série de painéis, com curadoria da startup Labora, dedicada à inclusão de pessoas 50+ no mercado, tratou da temática do trabalho na longevidade. O primeiro deles abordou “As profissões do futuro: seniores digitais”. O co-fundador e head de talentos na Labora e educador no Instituto Reciclar, Ricardo Seara, e a líder de Diversidade e Inclusão para América Latina na Oracle, Daniele Botaro, compartilharam os resultados do programa de preparação de profissionais 50+ para novas carreiras em tecnologia, desenhado para o desenvolvimento de competências seniores.

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Mercado de Trabalho Ricardo Seara comentou que existe, atualmente, um gap de 20 mil postos de trabalho no mercado de tecnologia e que os seniores têm perfil para agregar valor a essas funções. “Nos dias atuais, a tecnologia fica obsoleta muito rapidamente e é preciso atualizar-se o tempo todo. O que o longevo é capaz de fazer. Além disso, a vivência garante a ele habilidades extras para prestar atendimento de excelência, um diferencial competitivo para as empresas”, afirmou Seara. De acordo com Daniele, os longevos estão atentos a esta tendência de inovação constante. Prova disso é que a procura desse público por qualificação tecnológica tem sido “Nos dias atuais, a tecnologia fica obsoleta muito rapidamente e é preciso atualizar-se o tempo todo. O que o longevo é capaz de fazer. Além disso, a vivência garante a ele habilidades extras para prestar atendimento de excelência, diferencial competitivo para as empresas” Ricardo Seara - co-fundador e head de talentos na Labora e educador no Instituto Reciclar

“O longevo não tem tempo a perder, então procura aplicar o conhecimento adquirido imediatamente. Entretanto, estamos longe de termos empresas preparadas para absorver essa mão-de-obra mais velha. A movimentação neste sentido tem pouca expressividade, mas percebe-se que o tema já começa a ser discutido” Daniele Botaro - líder de Diversidade e Inclusão para América Latina na Oracle

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acima do esperado. “O longevo não tem tempo a perder, então procura aplicar o conhecimento adquirido imediatamente”, conta Daniele. E completa: “Entretanto, estamos longe ainda de termos empresas preparadas para absorver essa mão-de-obra mais velha. A movimentação neste sentido ainda tem pouca expressividade, mas percebe-se que o tema já começa a ser discutido”.

GOLDEN AGE 2018 Os painéis incluíram também o debate sobre a pesquisa Golden Age 2018, apresentada pelo gerente de Diversidade, Inclusão e Impacto social da PwC Brasil, Renato Souza, no painel liderado pelo co-fundador e CEO da Labora, empreendedor


Mercado de Trabalho social, fellow Ashoka (Organização internacional sem fins lucrativos, com foco em empreendedorismo social), e fundador do Movimento Lab60+ e membro do conselho do Sistema B, Sérgio Serapião. A segunda edição da pesquisa, realizada em 2018, detalha o impacto e os desafios do trabalho sênior em 37 países da Organização para a Cooperação e

“O sênior é olhado como um consumidor, mas não como parte da produção ativa. A diversidade geracional no universo do trabalho não se trata apenas de justiça social, mas também de inteligência econômica de empresas e de países” Renato Souza - gerente de Diversidade, Inclusão e Impacto social da PwC Brasil

“A tecnologia não pertence a uma geração; faz parte do momento atual. Para evitar o risco do afastamento é fundamental mergulhar no conhecimento e adotar as ferramentas tecnológicas. Deixar de perceber os ganhos na inclusão do sênior na economia é uma miopia muito grande por parte dessa cultura jovem-cêntrica, e isso precisa mudar” Sérgio Serapião - co-fundador e CEO da Labora e fundador do Movimento Lab60+

Desenvolvimento Econômico (OCDE), com pessoas entre 55 e 64 anos, enfatizando o potencial econômico que a inclusão de profissionais seniores tem nas economias desses países. O estudo aponta que o país que mais se destaca como referência na participação do sênior na economia é a Nova Zelândia (79%), seguida da Suécia.

“A discriminação já acontece no recrutamento, mas acredito que as empresas aprenderão a conviver com a diversidade geracional com o próprio processo de envelhecimento dos profissionais que já são parte das empresas. Em breve teremos várias gerações trabalhando juntas e precisaremos saber lidar com essa realidade intergeracional” Lina Nakata - co-presidente da PWN São Paulo – Professional Women Network e diretora de Marketing da Angrad

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Mercado de Trabalho A média dos outros países fica em torno dos 50%. Segundo Souza, se o restante dos integrantes da OCDE replicasse o mesmo percentual de inclusão produtiva dos países que se destacaram, o incremento no PIB seria de aproximadamente USD 3,5 bilhões. “O sênior é olhado como um consumidor, mas não como parte da produção ativa. A diversidade geracional no universo do trabalho não se trata apenas de justiça social, mas também de inteligência econômica de empresas e de países”, afirma. A pesquisa também identificou desafios a serem enfrentados, como a questão da automação, que vem reduzindo, ano a

“A idade é um fator transversal a todos – brancos, negros, pardos, gays, homens, mulheres, seja quem for, todos somos ‘envelhecentes’ - e é preciso libertar essas pessoas de preconceitos e paradigmas que taxam quem é velho, quem é novo, quem pode usar um tipo de roupa ou ter um tipo de comportamento” Marcia Monteiro - jornalista, pesquisadora da longevidade e fundadora da consultoria Geração Ilimitada

“Acredito que falte empenho das lideranças das empresas para incentivar práticas de contratação que sejam mais inclusivas. Com a retomada do crescimento da economia, essa mão de obra mais qualificada dos longevos será extremamente necessária às empresas” Maria José Tonelli - psicóloga, com mestrado e doutorado em Psicologia Social, e professora titular na Fundação Getúlio Vargas

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ano, os postos de trabalho. “Nos Estados Unidos, por exemplo, 27% das vagas ocupadas por pessoas de 55 a 67 anos correm o risco de desaparecer já na próxima década em função da automação. Outro recorte da pesquisa indicou que, em 10 anos, das vagas que serão perdidas para automação, 50% são de cargos administrativos, que geralmente são ocupados por mulheres. Temos que estar atentos a essa realidade que se avizinha”, conta Souza. Serapião comentou que, neste ponto, também é fundamental avaliar qual a posição dos seniores na evolução digital mundial. “A tecnologia não pertence a uma geração; faz parte do cenário atual e, para evitar o risco do afastamento, é fundamental mergulhar no conhecimento e adotar as ferramentas tecnológicas. Deixar de perceber os ganhos na inclusão do sê-


Mercado de Trabalho nior na economia é uma miopia muito grande por parte dessa cultura jovem-cêntrica, e isso precisa mudar”, disse.

DIVERSIDADE GERACIONAL Serapião também comandou o painel sobre diversidade geracional nas empresas, que teve as participações da cientista de Dados do Great Place to Work, co-presidente da PWN São Paulo – Professional Women Network e diretora de Marketing da Angrad, Lina Nakata, e da psicóloga, com mestrado e doutorado em Psicologia Social, e professora titular na Fundação Getúlio Vargas, Maria José Tonelli. “É necessário modificar a nomenclatura para contemplar essa realidade atual. Como qualificar as pessoas com mais de 50 anos: sênior, idoso, maduro? Essa definição é importante, porque essa nomenclatura normalmente vem carregada de preconceito” Mauro Wainstock - organizador do International Space Apps Challenge/ NASA e CEO do Hub40+

“A indústria da comunicação tem muita responsabilidade na construção dessas nomenclaturas e estereótipos, e é por isso que as discussões precisam envolver todos. Manter a diversidade geracional é fundamental para esta discussão” Rennê Nunes - CEO da UP Lab, embaixador do Lab60+, advisor da Rhizom Blockchain e facilitador criativo pelo Art of Hosting

Segundo Lina Nakata, as empresas começam timidamente a definir metas, políticas de contratação e planejamento que envolvem os profissionais seniores. “A discriminação já acontece no recrutamento, mas acredito que as empresas aprenderão a conviver com a diversidade geracional dentro do próprio processo de envelhecimento dos profissionais que já são parte das empresas. Em breve teremos várias gerações trabalhando juntas e precisaremos saber lidar com essa realidade intergeracional”, atenta Lina. Maria José, que em 2013 já conduzia pesquisas nesse sentido, disse que, de lá até aqui, houve mudanças, mas que não se traduzem em ações concretas ainda. “Acredito que falte empenho das lideranças das empresas – que geralmente são compostas de longevos – para incentivar práticas de contratação

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Mercado de Trabalho que sejam mais inclusivas”, diz Maria José e completa: “com a retomada do crescimento da economia, essa mão de obra mais qualificada dos longevos será extremamente necessária às empresas”.

gerações convivem juntas por mais tempo e isso pode trazer benefícios a todos se a comunicação de um modo geral deixar de pautar as pessoas pela idade e sim por seus hábitos de consumo.

Serapião completou a discussão, ressaltando que a questão é de grande seriedade e urgência. “O problema do idadismo ou etarismo, o preconceito com a idade, é uma realidade na maioria das empresas. Quanto mais longevos estiverem ativos no mercado de trabalho, mais fácil será a inclusão e a diversidade”, concluiu.

Mauro Wainstock complementou o raciocínio afirmando que, mesmo vivendo mais tempo, as pessoas são taxadas de velhas aos 50 anos. “É necessário modificar a nomenclatura para contemplar essa realidade atual. Como qualificar as pessoas com mais de 50 anos: sênior, idoso, maduro? Essa definição é importante, porque essa nomenclatura normalmente vem carregada de preconceito”.

EM PAUTA: O IDADISMO E A GERONTECNOLOGIA A Maratona Digital da Longevidade Expo+Fórum 2020 trouxe também a discussão sobre o idadismo: como a comunicação pode reforçar preconceitos ou quebrar paradigmas em uma sociedade regida pela cultura jovem-cêntrica. O evento contou com a mediação da head da Comunidade Labora e co-fundadora da plataforma Women Creating de Diversidade de Gênero, Fernanda Zemel, e com as participações da jornalista, pesquisadora da longevidade e fundadora da consultoria Geração Ilimitada, Marcia Monteiro, Mauro Wainstock, que atua com projetos de longevidade, inclusão, diversidade e biografias, organizador do International Space Apps Challenge/NASA, o maior hackathon do mundo e CEO do Hub40+, além de Rennê Nunes, CEO da UP Lab, embaixador do Lab60+, advisor da Rhizom Blockchain e facilitador criativo pelo Art of Hosting. Marcia Monteiro iniciou os trabalhos ponderando que atualmente, com maior expectativa de vida, as

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Já para Rennê Nunes, a discussão sobre a longevidade e o trabalho deve ser intergeracional, uma vez que essa pauta é de todos e não apenas dos longevos. “A indústria da comunicação tem muita responsabilidade na construção dessas nomenclaturas e estereótipos, e é por isso que as discussões precisam envolver todos. Manter a diversidade geracional é fundamental para esta discussão”, afirma. “A idade é um fator transversal a todos – brancos, negros, pardos, gays, homens, mulheres, seja quem for, todos somos ‘envelhecentes’ - e é preciso libertar estas pessoas de preconceitos e paradigmas que taxam quem é velho, quem é novo, quem pode usar um tipo de roupa ou ter um tipo de comportamento”, avaliou Marcia. Wainstock concordou, acrescentando que a representatividade começa a permear a comunicação e as propagandas, dissolvendo esses estereótipos. Ao que Rennê completou, dizendo que a diversidade foi uma pauta fortíssima em 2020 e o longevo faz parte dela, sendo necessário que se discutam os caminhos da comunicação não-preconceituosa para esse público também.


Bem-estar

PANDEMIA, O NOVO PRESENTE E O FUTURO QUE VIRÁ Unibes Cultural promove debate sobre o impacto da crise sanitária provocada pelo Coronavírus e os reflexos no cotidiano da população madura

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ue a pandemia mudou radicalmente nossa percepção sobre a normalidade e a frágil existência dela não há quem discorde. Mas, a crise que nos abateu também expôs desigualdades sociais dramáticas, especialmente quando se trata dos longevos. Políticas públicas ineficientes e erráticas na sua condução dificultam ainda mais a prática do planejamento de como queremos experimentar e desfrutar a idade madura. Para discutir este assunto, a UNIBES Cultural (União Brasileira Israelita do Bem Estar Social) propôs um debate que reuniu a antropóloga e escritora brasileira, Mirian Goldenberg, o autor e fundador do Makers - plataforma de educação e inovação - Ricardo Cavallini e o arquiteto e professor de Planejamento Urbano da Universidade de São Paulo (USP), Nabil Bonduki, para, junto ao diretor executivo da Unibes Cultural, Bruno Assami, analisar como manter o equilíbrio do bem-estar pessoal dos longevos com os

fatores que foram adicionados neste ‘novo normal’ do mundo pandêmico. “Resiliência, participação ativa, uma rede social e afetiva, atividade física, uma vida financeira planejada e tantas outras questões. Como vamos nos preparar para todas estas questões, considerando o crescimento da população longeva? Setores vitais como o educacional, cultural, o de negócios e de serviços públicos estão prontos para esse desafio?”, provocou Assami, logo de saída. Para Mirian,“a pandemia de Coronavírus jogou luz na ‘velhofobia’ e tirou da invisibilidade os idosos. É preciso lutar contra esse preconceito 24 horas por dia e não só em nossas casas, mas em nós mesmos. Temos que entender que o público sênior pode tudo, até o último dia das suas vidas”, declarou. Miriam está ativamente em contato com grupo de super idosos 90+ que são fontes da sua nova pesquisa. Ela aproveitou esse conhecimento diário para elencar cinco pontos que observou como essenciais para estes idosos no que diz respeito ao viver o agora e o futuro. O primeiro é a valorização da liberdade de ir e vir, de escolha e da gestão do próprio tempo, o maior capital que esses indivíduos têm nessa fase da vida. Em seguida, o amor, afeto, a confiança e o apoio das pessoas próximas, mesmo que à distância. O terceiro é aprender coisas novas todos os dias. Já o quarto é viver uma vida com significado, com propósito, com a convicção de serem úteis, ativos e produtivos. Por último, a vontade de viver, com alegria, acima de tudo. “A partir dessa experiência diária de convívio com essas pessoas posso entender que os velhos deixaram de ser invisíveis. Tenho muita esperança.

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Bem-estar e a mobilidade digital, com o acesso à internet - algo que ganhou ainda mais importância no cenário atual. Outras questões centrais apontadas pelo arquiteto são o desenvolvimento de políticas públicas que incluam programas habitacionais, de mobilidade física e digital, e a integração de espaços de entretenimento, cultura, lazer e esportes em um único ambiente. Bonduki também lembrou da importância de políticas públicas voltadas à saúde preventiva, que extrapolem a questão do simples atendimento médico, mas que possam contemplar outros fatores, como qualidade de vida, alimentação saudável, saneamento básico e a disponibilidade de espaços verdes com ar puro. “O ideal é colocar em pauta a questão da idade e aprovei“Resiliência, participação ativa, uma rede social e afetiva, atividade física, uma vida financeira planejada e tantas outras questões. Como vamos nos preparar para todas estas questões, considerando o crescimento da população longeva? Setores vitais como o educacional, cultural, de negócios e de serviços públicos estão prontos para esse desafio?” Bruno Assami - diretor executivo da Unibes Cultural

Os idosos serão os protagonistas de uma transformação da sociedade, mais amorosa, digna e compreensiva. São eles que estão me ensinando a viver a velhice com mais beleza, amor e alegria ”, afirmou Miriam. Na sua intervenção, o arquiteto Bonduki enfatizou que as políticas públicas devem garantir os direitos dos idosos de diferentes classes sociais, uma vez que vivemos em uma sociedade desigual. Ele explicou alguns pontos fundamentais para que as cidades estejam preparadas para os longevos, entre eles, a mobilidade física para a circulação sem dificuldades nas ruas

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“A pandemia do Coronavírus jogou luz na ‘velhofobia’ e tirou da invisibilidade os idosos. É preciso lutar contra esse preconceito 24 horas por dia e não só em nossas casas, mas em nós mesmos. Temos que entender que o público sênior pode tudo, até o último dia das suas vidas” Mirian Goldenberg - antropóloga e escritora brasileira


Bem-estar tarmos a oportunidade para achar novos caminhos mais interessantes para o longevo. Mesmo com a instituição do Estatuto do Idoso (Decreto nº 6.214, de 2007), ainda temos pouca valorização deste momento da vida sob o ponto de vista das políticas públicas, especialmente no que diz respeito à habitação e à saúde preventiva para o idoso de baixa renda, que é uma temática central para poder garantir a autonomia para estes indivíduos. A cidade precisa contemplar todas as variáveis que fazem com que as pessoas vivam bem em todas as idades”. Já Cavallini abordou outra reflexão: o turbilhão disruptivo em praticamente todos os setores econômicos e na forma como as “O ideal é colocar em pauta a questão da idade e aproveitarmos a oportunidade para achar novos caminhos mais interessantes para o longevo. A cidade precisa contemplar todas as variáveis que fazem com que as pessoas vivam bem em todas as idades” Nabil Bonduki - arquiteto e professor de Planejamento Urbano da Universidade de São Paulo (USP)

pessoas interagem provocado pela rapidez com que as transformações tecnológicas passaram a acontecer. Telemedicina, o e-commerce, home office são apenas exemplos destas mudanças que já existiam em pequena escala, mas que hoje são consideradas uma realidade que vai seguir no pós-pandemia.

“Este momento, em que estamos mais abertos às mudanças, pode nos servir também para entender que longevidade também faz parte da diversidade” Ricardo Cavallini - autor e fundador do Makers

“Esta nova realidade precipitou mudanças comportamentais e mercadológicas que estavam demorando a acontecer, seja lá por quais razões. O motor das transformações pode até ser a tecnologia, mas o maior impacto no ambiente de negócios é cultural. Estamos vivendo cinco anos em cinco meses”, disse ele, que ainda acrescentou: “este momento, em que estamos mais abertos às mudanças, pode nos servir também para entender que longevidade também faz parte da diversidade”, considerou.

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Idadismo

COMBATE AO ESTEREÓTIPO Ultrapassado e tóxico, o etarismo (ou idadismo) ainda influencia o tom da relação do mercado com os longevos, discriminando-os e relegando-os, muitas vezes, à invisibilidade. Universidade Aberta à Terceira Idade da USP e seus convidados promoveram rico debate sobre o tema durante a Maratona Digital da Longevidade Expo+Fórum

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Maratona Digital da Longevidade Expo+Fórum 2020 trouxe, com especial destaque, a discussão em torno do idadismo ou etarismo, dessa vez observando os impactos na saúde, vida social e financeira. A mediação do painel foi de Egídio Dórea, médico e coordenador do programa da Universidade Aberta à Terceira Idade da USP, com as participações do presidente do ILC Brazil, o Dr. Alexandre Kalache, da coordenadora da Política para Pessoa Idosa da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, Sandra Regina Gomes, e do CEO da SeniorLab Mercado e Consumo 60+, Martin Henkel, que atua como diretor do Aging2.0, professor da Fundação Getúlio Vargas e parceiro do Núcleo 60+. “O idadismo está estruturado em nossa sociedade, nas empresas, na família e nos indivíduos, e fragiliza mais de 90% da população. É talvez o mais cruel dos preconceitos e o mais transversal de todos eles, porque independente da cor e do gênero do indivíduo, impacta profunda e estruturalmente a quem é submetido. É, também, considerado o mais prejudicial, porque é contra o nosso ‘eu’ no futuro e, mesmo assim, continua a ser um dos menos discutidos. Sabemos hoje que o impacto físico e psíquico desse tipo de discriminação pode reduzir a expectativa de vida de uma pessoa em até sete anos”, disse Dórea.

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Kalache abriu os trabalhos de forma veemente, dizendo-se desconsolado com as mortes pela Covid-19 no Brasil, a desigualdade do país, o negacionismo, o pouco caso com as pessoas em geral, mas ainda mais com os longevos. E atribuiu este descaso a alguns governantes e à parcela da sociedade que ignora a pandemia. “Não há nada errado no envelhecimento, mas em nossa postura frente a ele, já dizia o filósofo Cícero”, afirmou. De acordo com ele, o idadismo e outras reações discriminatórias são as atitudes e práticas que estereotipam a longevidade, minando a autoestima, autoconfiança e a capacidade produtiva e de socialização das pessoas, perpetuando uma percepção negativa do envelhecer e da pessoa que envelhece. “É preciso que sejamos anti-idadistas e isso demanda estudo, preparo, autoanálise, empatia e uma mudança de postura para assegurarmos os direitos dos longevos de serem plenamente o que são. Se estes direitos não forem assegurados, não se consolidarão nunca”, disse.

“O idadismo está estruturado em nossa sociedade, nas empresas, na família e nos indivíduos, e fragiliza mais de 90% da população. É talvez o mais cruel dos preconceitos e o mais transversal de todos eles, porque independente da cor e do gênero do indivíduo, impacta profunda e estruturalmente a quem é submetido” Egídio Dórea - médico e coordenador do programa da Universidade Aberta à Terceira Idade da USP

Dr. Egídio Dórea lamentou estarmos desperdiçando a oportunidade de aprendermos a ser mais empáticos e solidários com o próximo. O médico marcou também que o conhecimento, o diálogo e as políticas de inclusão podem combater o medo de envelhecer. “Sem isso, compromete-se a experiência de vivenciar a plenitude desse envelhecimento de forma saudável, produtiva e inclusiva”. Sandra Regina também se disse entristecida com o cenário no Brasil, considerando o flagrante exercício dos preconceitos e da intolerância. Ela lembrou que durante a pandemia, a violência contra o idoso aumentou em 60% no país. “No atual cenário é preciso enaltecer o ‘cuidado’. Ao longo da vida, chegamos aonde chegamos porque recebemos algum tipo de atenção e é cuidando uns dos outros que iremos mais longe. É o cuidado que incentiva a aproximação e a intergeracionalidade”, disse. Segundo ela, aproximar as gerações, respeitando as particularidades, por meio da coletividade, é a chave para uma mudança. “Esta transformação também está sustentada pela educação e a informação, porque os idosos querem saber sobre os serviços que os acolhem,

“Não há nada errado no envelhecimento, mas em nossa postura frente a ele, já dizia o filósofo Cícero. É preciso que sejamos anti-idadistas e isso demanda estudo, preparo, autoanálise, empatia e uma mudança de postura para assegurarmos os direitos dos longevos de serem plenamente o que são. Se estes direitos não forem assegurados, não se consolidarão nunca” Alexandre Kalache - médico 59 geriatra e presidente do ILC Brazil


Idadismo sobre seus direitos em geral. Temos o compromisso de fomentar cada vez mais as comunidades, a sociedade. Vamos viver mais e melhor e queremos autonomia e independência. Queremos ser ouvidos e respeitados. Leis não nos faltam; falta colocar tudo isso em prática. E isso exige uma mudança em toda a sociedade”, afirmou. Martin Henkel, da SeniorLab, complementou o debate apresentando um estudo sobre a população longeva no Brasil, responsável por 23% do consumo de bens e serviços, atualmente. Em 2019, 13% do PIB brasileiro foi gerado por essa população. Em 25% dos lares do país, um longevo é o único responsável pela renda familiar, percentual que aumentou muito na pandemia. “Os longevos são uma população grandiosa, que chega a mais de 54 milhões de pessoas, com mais de 50 anos no Brasil, que registraram renda superior a R$ 960 bilhões e responsáveis por 13% do PIB gerado em 2019. Estes indivíduos não querem mais ser rotulados, mas serem compreendidos em seus anseios e necessidades, em toda a sua complexidade, das questões mais simples, como a altura de uma prateleira do supermercado, os melhores horários de atendimento, até às questões mais complexas, como a saúde e a moradia. Esses consumidores precisam ter a certeza de que não estão sendo mais ignorados”, disse. E completou: “na comunicação, temos a responsabilidade de romper com o idadismo, construindo essa mudança”.

“Temos o compromisso de fomentar cada vez mais as comunidades, a sociedade. Vamos viver mais e melhor e queremos autonomia e independência. Queremos ser ouvidos e respeitados. Leis não nos faltam; falta colocar tudo isso em prática e isso exige uma mudança em toda a sociedade” Sandra Regina Gomes - coordenadora da Política para Pessoa Idosa da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo

#SOUMAIS60 O manifesto #SOUMAIS60, contra o idadismo na cidade de São Paulo, foi apresentado em primeira mão na Maratona Digital da Longevidade Expo+Fórum. Como explicou Dórea: “O objetivo é fomentar a conscientização e educar a população sobre o envelhecimento para combater o etarismo, incentivando o respeito e evitando o embate geracional. Queremos reforçar a seguinte ideia: se o tempo nunca valeu tanto, imagine quanto vale uma pessoa que viveu tanto? Para concluir, fica uma reflexão: eu, Egídio, sou muito mais que uma idade, que um número. Meus 64 anos não me representam; sou o resultado de uma imensa variedade de experiências, sou todos os meus propósitos e desejos. Vocês também!”.

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“Os longevos são uma população grandiosa, que chega a mais de 54 milhões de pessoas com mais de 50 anos no Brasil, que registraram renda superior a R$ 960 bilhões e responsáveis por 13% do PIB gerado em 2019. Estes indivíduos não querem mais ser rotulados, mas serem compreendidos em seus anseios e necessidades, em toda a sua complexidade” Martin Henkel - CEO da SeniorLab Mercado e Consumo 60+, diretor do Aging2.0, professor da Fundação Getúlio Vargas e parceiro do Núcleo 60+


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Personalidade

EMBAIXADOR DA LONGEVIDADE Ronnie Von é sinônimo de vida longa, plena e ativa e comandou a Maratona Digital em 2020

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le se sentiu em casa. Acostumado ao assédio do público, ídolo há mais de 5 gerações, esbanjou jovialidade e dominou a cena nos painéis que comandou na Maratona da Longevidade. Ele é Ronnie Von. Ídolo de muitos, o apresentador, comunicador e hoje artista multimídia é sinônimo de talento e simpatia em todo o Brasil. E foi com essa simplicidade cativante que Ronnie comandou, ao lado da apresentadora Mafe Luvisotto, a Maratona Digital da Longevidade 2020. Com maestria e contribuições bem humoradas, sinceras e reflexivas, Ronnie foi costurando, painel a painel, a Maratona, de forma a deixar participantes e audiência com a sensação de estarem construindo em conjunto o futuro que se avizinha. “O Ronnie Von tem essa habilidade de exercer a empatia como ninguém. Além disso, sua disposição frente à vida é exatamente a filosofia de todas as iniciativas mostradas durante a Ma-

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ratona Digital: de dar mais representatividade ao público prateado. Ele é nosso embaixador, aquele que fala aos longevos de todas as idades”, disse o empreendedor e idealizador da Longevidade Expo+Fórum, Francisco Santos, acrescentando: “Ronnie é um jovem longevo, que transpira felicidade e esperança e que, nos seus programas, nos convida a sermos protagonistas de uma vida mais rica e plena”.


Personalidade “Participar do evento foi um grande prazer”, avaliou Ronnie. “Representou a possibilidade de falarmos ao mundo sobre uma comunidade que cresce e crescerá mais ainda nos próximos anos, da qual eu faço parte, os 50+, 60+, 70+, 80+ e 90+. Somos muitos e precisávamos de um espaço como este, que nos mostra possibilidades, novidades e formas de continuarmos a realizar muitas atividades na melhor idade. Eu, por exemplo, aos 76 anos, aprendo coisas novas a cada dia e aos poucos estou deixando de ser um ‘dinossauro’ da tecnologia”. O comunicador cativou também lideranças na esfera pública: “O querido Ronnie Von é referência para a geração prateada, que deseja desfrutar da ‘melhor idade’ de forma saudável, ativa e longeva”, comenta Célia Parnes, Secretária de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo. A secretaria comandada por Célia é uma das referências quando se fala em políticas públicas para a população longeva. “Considerando o aumento ex-

ponencial do número de idosos, que até 2060 vai representar 25% da população, o governo do Estado mantém um olhar cuidadoso para este público. O Projeto Longevidade visa a inclusão produtiva e digital da população 50+ de baixa renda e foi uma das políticas públicas apresentadas na Longevidade Expo+Fórum 2020, promovendo a autonomia desta população”, informa a secretária estadual. Para a presidente da feira Hospitalar e vice-presidente da Longevidade, Waleska Santos, “Ronnie Von continua a despertar admiração por sua jovialidade e simpatia , além de muito respeito pelo desempenho como comunicador’. Ele é uma inspiração para jovens e longevos”. Ronnie deixou um recado para todos os fãs: “Faço o convite para que todos estejam conosco em 2021, para a 3° Longevidade Expo+Fórum e para a 2° Maratona Digital da Longevidade, de 1 a 4 de Outubro. Estaremos lá, felizes pelo espaço que agora temos para falar sobre a nossa geração prateada”.

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Longevidade e o poder público

O DIREITO À VISIBILIDADE E À DIGNIDADE Ações do poder público sobre longevidade marcam encerramento da Maratona Digital da Longevidade Expo + Fórum 2020

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Maratona Digital da Longevidade Expo + Fórum 2020 foi encerrada abrindo espaço para um detalhamento das políticas públicas em curso no Estado de São Paulo. Transmitido diretamente do Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, o evento pode ser acompanhado pela plataforma do evento, via YouTube, Facebook e nas redes sociais dos parceiros de conteúdo: SESC-SP, Unibes Cultural, USP PRCEU, SEBRAE-SP, Labora, Portal do Envelhecimento e Observatório da Longevidade.

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Para falar sobre as ações da atual gestão estadual direcionadas à população longeva, a Maratona Digital da Longevidade Expo+Fórum 2020 recebeu a secretária de Estado de Desenvolvimento Social, Célia Parnes, a secretária de Estado de Desenvolvimento Econômico, Patricia Ellen, o secretário de Estado da Saúde, Jean Gorinchteyn, a secretária de Estado da Pessoa com Deficiência, Célia Leão, o secretário de Estado de Justiça e Cidadania, Fernando José da Costa, o secretário de Estado de Esportes, Aildo Ro-


Longevidade e o poder público drigues Ferreira, o coordenador do Programa Vida Longa, da Secretaria de Estado da Habitação, Elcio Sigolo, além do presidente da Seguros Unimed, o Dr. Helton Freitas, da primeira-dama de São Paulo e presidente do Fundo Social do Estado, Bia Doria, do empreendedor e presidente da Longevidade Expo+Fórum, Francisco Santos e da médica, presidente da Hospitalar Feira+Fórum e também empreendedora da Longevidade Expo+Fórum, Waleska Santos.

MARATONA DIGITAL

“Apesar de já pensarmos em um evento híbrido em 2021, a Maratona Digital deverá se manter no calendário pelo sucesso do alcance e interação de quem assiste” Francisco Santos - idealizador e organizador da Longevidade Expo+Fórum

Francisco Santos abriu a apresentação falando sobre as 27 horas dessa maratona sobre a longevidade, com grande audiência online. “A Maratona Digital deverá se manter no calendário pelo sucesso do alcance e interação de quem assiste. Apesar de já pensarmos em um evento híbrido em 2021, podemos dizer que esse modelo da Maratona Digital veio para ficar”, disse. Célia Parnes, da Secretaria de Desenvolvimento Social, iniciou sua participação com a pergunta sobre como o governo do Estado de São Paulo vê a longevidade. Disse que o governo do Estado, desde 2012, conta com o Programa Amigo do Idoso, mostrando-se pioneiro na abordagem do assunto. “O Programa olha a questão geracional e parte da compreensão que, além da proteção social, é preciso observar questões de sustentabilidade, emancipação, mobilidade social e autonomia”, afirma. Elcio Sigolo, da Secretaria da Habitação, apresentou o Programa Vida Longa, que foi reformulado em 2019 e integra ações da Secretaria e áreas habitacionais, áreas de convivência coletivas e serviços sociais, visando atendimento ao idoso com vínculo familiar fragilizado e pessoas de baixa renda.

“O Programa Amigo do Idoso olha a questão geracional e parte da compreensão que, além da proteção social, é preciso observar questões de sustentabilidade, emancipação, mobilidade social e autonomia” Célia Parnes - secretária de Estado de Desenvolvimento Social

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Longevidade e o poder público Aildo Rodrigues, da Secretaria de Esportes, falou sobre dois programas que atendem aos longevos: o Vida Ativa, de subsídio aos longevos que tenham permissão médica de praticar atividade física em academias conveniadas do Estado; e os Jogos da Melhor Idade, uma competição com 14 modalidades esportivas para os longevos, que envolve cerca de 14 mil atletas todos os anos. Já Patrícia Ellen, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, agradeceu a oportunidade de poder mostrar o trabalho voltado à longevidade que o Estado tem realizado, integran-

“Em 2050, em cada 10, 2 serão 50+. Precisamos cuidar desse público para que não perca a qualidade de vida ao envelhecer” Jean Gorinchteyn - secretário de Estado da Saúde

do mais de 12 secretarias, num trabalho de inclusão produtiva e tecnológica desse público, visando desenvolver um modelo sustentável de crescimento socioeconômico.

“O Estado de São Paulo tem hoje mais de 3 milhões de pessoas com deficiência de algum tipo. Quase 44% dessas pessoas são idosos 60+, o que faz esse Fórum ter ainda mais importância para nós” Célia Leão - secretária de Estado Direitos da Pessoa com Deficiência

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Célia Leão, da Secretaria de Estado Direitos da Pessoa com Deficiência, falou sobre a caminhada longa que visa a atenção a requisitos imprescindíveis, como a saúde, a justiça social, a oportunidade, a qualidade de vida, os direitos básicos como o da moradia, a prática do esporte, a educação, o desenvolvimento econômico, enfim, tudo o que possa garantir uma longevidade digna. “O Estado de São Paulo tem hoje mais de 3 milhões de pessoas com deficiência de algum tipo. Quase 44% dessas pessoas são idosos 60+, o que faz esse Fórum ter ainda mais importância para nós”, disse.


Longevidade e o poder público

“Fico feliz de ver a iniciativa privada juntando-se às ações do governo para prover bem estar físico e mental de nossos idosos” Bia Doria - primeira-dama do estado de São Paulo

Fernando José da Costa, secretário de Estado de Justiça e Cidadania, falou sobre o Orientador de Boas Práticas ao Atendimento de Serviços Públicos para o cidadão de baixa renda e 50+, criado pela Secretaria. Já Jean Gorinchteyn, secretário de Estado da Saúde, falou sobre a importância das políticas de saúde, moradia e bem-estar para essa população crescente. Em 2050, em cada 10, 2 serão 50+. “Precisamos cuidar desse público para que não perca a qualidade de vida ao envelhecer”, disse Gorinchteyn.

O ENVOLVIMENTO DA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL NO TEMA LONGEVIDADE Célia Parnes retomou a palavra para detalhar o Selo São Paulo Amigo do Idoso para os municípios que melhor acolhem o envelhecimento. Também apresentou o Projeto Longevidade, inserido no programa São Paulo Amigo do Idoso, com vistas ao envelhecimento ativo.

“Neste ano, de grandes desafios para o setor de eventos, vale ressaltar o sucesso da segunda edição desse evento, de sua curadoria e da altíssima qualidade do conteúdo”, disse. E completa: “a longevidade é uma das maiores conquistas sociais do século e como médico tenho plena convicção que o envelhecimento ativo é a solução para se viver mais e bem. Esses dois dias de evento evidenciaram o impacto das mudanças que estamos vivenciando nesse segmento e, os desafios que teremos pela frente, no campo público e privado” Helton Freitas - presidente da Seguros Unimed

O Projeto Longevidade contempla ações preparatórias e preventivas no ciclo de vida, visando o amadurecimento com boas perspectivas; a disseminação do conhecimento para a população, visando romper preconceitos e valorizar o idoso; reavaliar políticas públicas; trazer transparência e participação do cidadão ao tema; qualificar os servidores públicos e fomentar soluções inovadoras para a longevidade, por meio de Parcerias Público-Privadas (PPPs). Os pilares do programa são a mobilidade social, inclusão produtiva, educação continuada, tecnologia, saúde e bem-estar. “E para expor o tema e gerar debate e visibilidade, o governo do Estado fixou a Semana Platinum, em outubro, para trazer conteúdo e exposição ao tema em todo o Estado”, contou Célia.

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Longevidade e o poder público Também presente ao encontro, a primeira-dama do estado de São Paulo, Bia Doria falou sobre a importância da valorização da experiência do idoso, aliada à qualidade de vida que esse público precisa alcançar. “Fico feliz de ver a iniciativa privada juntando-se às ações do governo para prover bem-estar físico e mental de nossos idosos”, disse.

OLHAR PARA AS OPORTUNIDADES E OS DESAFIOS DA LONGEVIDADE O presidente da Seguros Unimed, Helton Freitas, arrematou os trabalhos da cerimônia de encerramento da Maratona Digital da Longevidade Expo + Fórum 2020 cumprimentando os secretários e a primeira-dama, além da organização do evento. “Neste ano, de grandes desafios para o setor de eventos, vale ressaltar o sucesso da segunda edição desse evento, de sua curadoria e da altíssima qualidade do conteúdo”, disse. E completa: “a longevidade é uma das maiores conquistas sociais do século e como médico tenho plena convicção de que o envelhecimento ativo é a solução para se viver mais e bem. Esses dois dias de evento evidenciaram o impacto das mudanças que estamos vivenciando nesse segmento e, os desafios que teremos pela frente, no campo público e privado”. Freitas falou sobre o legado da pandemia: a noção sobre as necessidades de buscarmos um futuro com saúde, proteção financeira, aprendizado contínuo, com participação ativa na comunidade, junto a uma rede de proteção e de afeto e relações sociais. “O evento evidenciou o imenso potencial da chamada ‘economia prateada’, sua força econômica, cultura, criativa e inovadora da população madura. Porém, não é só celebrar e sim nos preparar para que as desigualdades de nosso país sejam superadas para buscarmos

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“Temos uma percepção de que se não corrermos no sentido de estruturar políticas públicas eficientes e abrangentes não teremos um contingente de longevos preparados para uma vida plena no futuro. Mas nossa missão vai mais além: precisamos preparar as novas gerações para o seu futuro longevo desde hoje” Waleska Santos - presidente da Hospitalar Feira+Fórum e empreendedora da Longevidade Expo+Fórum

sustentabilidade na garantia de coesão social, e muito disso se dará por meio da educação”, afirmou. A médica, presidente da Hospitalar Feira+Fórum e empreendedora da Longevidade Expo+Fórum, Waleska Santos, finalizou a Maratona Digital destacando o desafio da realização de um evento online e sobre o cenário em que este evento foi realizado. “Temos uma percepção de que se não corrermos no sentido de estruturar políticas públicas eficientes e abrangentes não teremos um contingente de longevos preparados para uma vida plena no futuro. Mas nossa missão vai mais além: precisamos preparar as novas gerações para o seu futuro longevo desde hoje”, afirmou a Dra. Waleska. Ela encerrou a Maratona Digital da Longevidade Expo+Fórum 2020 convidando a todos para a edição híbrida que será realizada em outubro de 2021.




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