Revista Rock Meeting #43

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Editorial

Ao pó estamos todos sujeitos A

morte: está aí algo que a gente poderia deixar para amanhã... Mas não. Ela é inexorável; a única certeza de quem está vivo. Nem Deus, nem o Diabo, tampouco os dois com letras minúsculas podem determinar nada. Não sabemos. E como ser grande? Como ser lembrado? Talvez sendo apenas o que a gente é. Deve ter sido este o epíteto da vida terrena dos roqueiros que se foram neste último mês de março. O baterista, por assim dizer, oficial do Iron Maiden se vai diante de uma agonizante esclerose múltipla. Além dele, o guitarrista original do Yes, Peter Banks – que inclusive montou o logotipo da banda e, por conseguinte, a batizou -, também se foi, mas com a causa mortis não divulgada. Outra perda irreparável no mundo do Rock foi a ida de Alvin Lee para além dos

anos-luz incompreensíveis por todos nós. O guitarrista e fundador do Ten Years After nos deixa com um vazio na alma. Nada menos. E Chorão. Bem, o roqueiro brasileiro e frontman da banda Charlie Brown Jr. era desses encrenqueiros que carregam no curriculum belas histórias e anedotas a serem contadas aos filhos, netos e fãs. O detalhe é que não deu tempo. Ele se enveredou por demais nas drogas e voltou ao pó, literalmente. Para onde foram... Se subiram as escadarias para o céu, não se sabe ao certo. Por que, afinal, temos essa ideia de infinitude? Vida eterna. Vida após a morte. Uma coisa é certa e carimbada: esses quatro têm seus lugares no rol dos roqueiros a serem sempre lembrados por seus feitos – e pelo legado sem tamanho e etéreo que deixaram para as gerações que surgirão assim que nós também virarmos companhia deles.


Table of Contents 07 - Coluna - Doomal 11 - News - World Metal 15 - Matéria - Danny Vaughn 21 - Matéria - Clive Burr 23 - Capa - Nervosa 33 - Matéria - Abril Pro Rock 37 - Matéria - 1 ano do MOA 41 - Review - Kiko Loureiro Trio 45 - Review - Sonata Arctica em SP 49 - Coluna - Review 51 - Coluna - O que estou ouvindo?


Direção Geral

Pei Fon

Revisão Breno Airan Katherine Coutinho Rafael Paolilo Capa

Alcides Burn

Diagramação Pei Fon Conteúdo Breno Airan Daniel Lima João Marcelo Cruz Jonas Sutareli Lucas Marques Colaboradores Mauricio Melo (Espanha) Vicente de A. Maranhão CONTATO Email: contato@rockmeeting.net Facebook: Revista Rock Meeting Twitter: @rockmeeting Veja os nossos outros links: www.meadiciona.com/rockmeeting



Por Vicente de A. Maranhão (Sunset Metal Press)

Sludge Doom Metal – Uma história decadente e agressiva Na Califórnia, no início dos anos 1980, o Punk Hardcore estava no seu auge. Uma das maiores bandas da cena foi Black Flag, que lançou seu primeiro clássico Damaged em 1981, um dos álbuns mais influentes para o gênero hardcore. No entanto, seu próximo, entitulado My War, acabou por ser uma grande decepção para a maioria de fãs. Ele era muito mais lento do que seu antecessor e muito mais influenciado por metal, especialmente pelo Black Sabbath. Enquanto isso, em Washington, uma banda chamada The Melvins é formada em 1983. Ao contrário de muitas outras, nesse período, os membros realmente gostaram do álbum My War e foram totalmente influenciados pelo mesmo nas composições de suas músicas.

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Em 1986, os The Melvins lançaram seu primeiro EP Six Songs e, no ano seguinte, seu primeiro álbum Gluey Porch Treatments. Essas gravações são muitas vezes vistas como o início do Sludge Metal, um gênero que combina Doom Metal e o Punk Hardcore, como contraditório que possa parecer. O termo era no princípio muitas vezes referido como Doomcore, mas desde que este se tornou comum para descrever uma ramificação da música techno, o sludge (ou sludge doom metal) fincou-se como o termo dominante. Por sua vez, o sludge geralmente combina os ritmos lentos e pesados e uma atmosfera dark pessimista do doom com a agressão e andamentos rápidos ocasionais de Punk


Hardcore. O termo sludge (cuja tradução para o português seria algo como “lama”) é usado para indicar uma sonoridade descendente desde o início do Black Sabbath à tardia Black Flag, devido ao andamento lento, a sonoridade suja e a atmosfera decadente das composições. Outra banda muito influente para calcar o estilo foi a britânica Godflesh, formada pelo ex-guitarrista do Napalm Death, Justin Broadrick. Eles estrearam em 1988 com o EP Godflesh e em 1989 lançaram o debut Streetcleaner, ambos de uma sonoridade realmente inovadora. Sendo considerados precursores do Metal Industrial, seu som mesclava fortes características da sonoridade industrial com um andamento claramente sludge. Juntamente com Black Flag e The Melvins, eles são considerados um grupo marcante para o flo-

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rescimento do movimento. Enquanto o estilo foi antecipado pelo The Melvins, de Washington, muitos dos pioneiros do gênero foram do estado de Luisiana. Eyehategod, por exemplo, foi formada em 1988. Eles lançaram duas demos, em 1989 e 1990. E seu primeiro álbum chegou ao mercado em 1992, chamado In the Name of Suffering com uma sonoridade primitiva, crua e fortemente influenciada pelo hardcore, contendo algumas passagens de andamentos lentos. Contudo, é no seu segundo álbum Take as Needed for Pain que eles consolidam o estilo característico do Sludge Doom Metal. O Eyehategod lançou mais dois álbuns de estú-


dio desde então. Outra, a Crowbar, foi formada em 1989 e estreou em 1991, com seu álbum de Obedience Thru Suffering. Considerada por muitos membros da cena como a banda que popularizou o tal gênero Sludge Doom Metal, a banda ainda está ativa e lançou nove plays de estúdio. Eles têm mencionado o grupo de hardcore/crossover Carnivore (com Peter Steele, que mais tarde viria a formar a lendária Type O Negative) juntamente com Black Sabbath como uma de suas principais influências. Outras bandas de sludge consideradas pioneiras incluem Acid Bath (formado em 1991, com seu disco de estreia em 1994), Buzzov•en (criado em 1989, estreou com um EP em 1991 e o debutou em 1993), 16 (entrando em cena nos idos de 1991, a lançar um EP em 1992 e tendo seu ‘primeirão’ em 1993), Grief (formado em 1991, estreou com um EP em 1992 e um full-lenght em 1993) e Fudge Tunnel (nos palcos em 1989, estreando em 1991). Para a metade da década de 1990, temos Iron Monkey (criado em 1994 e debutando dois anos depois) e os japoneses do Corrupted (na cena em 1994, alçando voo em 1997). A herança da podridão

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D a s bandas contemporâneas, a mais conhecida mundialmente pela denominação sludge é o Down (um supergrupo que tem como frontman o ex-vocalista do Pantera, Phil Anselmo, além de membros do Crowbar e Corrosion of Conformity, entre outros). Porém, os membros da banda autodenominam sua sonoridade como Southern Metal em referência clara à influência dos mesmos as bandas de Rock oriundas da região Sul dos Estados Unidos, como Lynyrd Skynyrd e The Allman Brothers Band. Eles, o Down, surgiram em 1991 e lançaram três álbuns de estúdio. O primeiro, NOLA , foi para as prateleiras em 1995. Uma das bandas mais influentes da atualidade para o gênero sludge doom é o Neurosis. O grupo nasceu em 1985 como uma banda de hardcore. Depois de dois álbuns nessa pegada, eles lançaram seu álbum Souls At Zero, em 1992. Este começa sua evolução


para um som com a atmosfera sludge doom metal, algo que seria consolidado em seus lançamentos Enemy Of The Sun (1993) e Through Silver In Blood (1996). Em 1999, a banda Mastodon foi formada, vindo a misturar o sludge com o prog metal. O quarteto estreou em 2002 com seu álbum de Remission e, desde então, pôs na praça mais quatro CDs. Eles são talvez a banda de Metal mais criticamente aclamada dos anos 2000. Todos os seus álbuns tiveram pontuação máxima em charts e reviews da mídia especializada; os mais premiados de toda carreira foram Leviathan de 2004, e Crack The Skye, de 2009. Apadrinhados pelo Mastodon, a banda Kylesa foi formada na Georgia no ano de 2001, interpretando de uma forma menos complexa uma sonoridade semelhante a deles para o gênero sludge doom metal, com os vocais em uma espécie de mezzo gutural da Laura Pleasants. Juntamente com uma bateria dupla, isso criou um som original, percussivo e atmosférico ao Kylesa. Tendo consolidado sua carreira com os álbuns Static Tensions (2009) e Spiral Shadow (2010).

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Stones em alta Escalada para o segundo dia do festival Glastonbury deste ano - que ocorre nos dias 28, 29 e 30 de junho -, a banda Rolling Stones aparenta ter fôlego sobrando. Em seu Twitter, o vocalista Mick Jagger disse que está ansioso por esta apresentação no palco Pirâmide, chegando a relatar que já está arrumando sua tenda para a estadia no evento. Já o guitarrista Keith Richards contou, também em um de seus tweets, que “nós tivemos uma boa estreia no ano passado, e a energia entre a banda é tão boa que não posso esperar para tocar!” Ano passado, os Stones fizeram alguns poucos shows para comemorar os 50 anos de carreira.

Luto no Rock 1 O mês de março veio com tudo. Em se tratando de mortes, então, nem se fala. Peter Banks, guitarrista original do Yes, foi um dos que morreu. Ele faleceu em sua residência em Londres no dia 8, aos 65 anos de idade. A causa de sua morte não foi divulgada para a imprensa.

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Luto no Rock 2 A segunda perda no dia 6 foi a de Alvin Lee, o excelso guitarrista do Ten Years After. O britânico, que era visto sempre com sua Gibson ES335, a “Big Red”, estava com 68 anos de idade e morreu por conta de complicações após uma cirurgia. Ele e sua banda ficaram conhecidos após participarem do lendário festival de Woodstock, em 1969, muito embora Lee tenha repetido em entrevistas que “aquele fora um show mediano. Jimi Hendrix e outros arrasaram, nós não”.


Luto no Rock 3

BCC over

O primeiro membro oficial do Iron Maiden faleceu no dia 13 de março último. O baterista Clive Burr ficou na banda até o terceiro álbum, isto é, o perfeito “The Number of The Beast”, de 1982. Após sair, ele participou diversos outros projetos musicais, mas a esclerose múltipla, doença aleivosa, o pegou de jeito. Burr é também conhecido por figurar no Samson, grupo que contava com Bruce Dickinson nos vocais.

O supergrupo Black Country Communion acabou de acabar. Em meados de março, o guitarrista Joe Bonamassa decretou sua saída, afirmando não estar mais se divertindo nos shows. Cogitou-se até a entrada de Jimmy Page, mestre das seis cordas do Led Zeppelin, mas o vocalista e baixista Glenn Hughes optou por seguir em frente com o restante dos integrantes, mas sem o nome da banda.

Grohl pop O cantor e guitarrista do Foo Fighters, Dave Grohl – também conhecido por seus tempos áureos na bateria do Nirvana –, comentou em recente palestra no South by Southwest, nos EUA, que a música do rapper sul-coreano Psy, “Gangnam Style”, é uma de suas preferidas. “É uma das minhas canções favoritas da última década”, pontuou. O músico de 44 anos entrou neste assunto porque comentou que não acreditava que o Nirvana fosse ter o alcance que teve. De acordo com ele, certa vez, o cantor morto e líder da banda, Kurt Cobain, falou a um executivo da indústria fonográfica: “Queremos ser a maior banda do mundo”. “Eu ri muito disso. Nunca acreditei no nosso sucesso” confessou Grohl. 12


Megadeth por aqui Em entrevista recente ao programa Full Metal Jackie, o frontman do Megadeth, Dave Mustaine, comentou sobre turnês e citou uma provável vinda à América do Sul em outubro. “Bom, tocaremos com o Iron Maiden em maio. A tour começa pela Europa e faremos alguns shows no Reino Unido. Temos um maravilhoso line-up para a Gigantour este ano, não sabemos se vamos continuar a tour sozinhos ou se vamos fazer o festival itinerante novamente. Sei que iremos à América do Sul por volta de outubro”, conta ele para a alegria dos fãs do continente. Ou seja, voltam com a lendária banda inglesa Black Sabbath.

Bio 2

Bon sem Sambora

O power trio canadense mais influente de sua geração merece reconhecimento. Mais ainda: um registro ilustrado desse êxito ao longo das décadas. Para tanto, no próximo dia 15 de maio, via Voyageur Press, sai o livro “Rush: The Unauthorized Illustrated History”. Escrito pelo conceituado Martin Popoff, o trabalho narra a história da banda desde seus primórdios, além de comentários de outros jornalistas e músicos. A obra já está disponível em pré-venda nas lojas especializadas.

É, e a velha história se repete. Mais uma vez, Jon Bon Jovi está sem o guitarrista Richie Sambora. Desta vez, o motivo seria a esposa do cantor, Dorothea. Ela teria implicado com o músico responsável pelas sei cordas do grupo Bon Jovi por conta de seu alcoolismo. Este, por sua vez, não acredito muito nos “passos” da reabilitação. Dessa forma, Dorothea vem criticando-o ao afirmar que toda a banda “pode se contagiar com o clima festeiro dele”.

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19 anos depois

Donzela em Fortaleza?

O líder da banda Nirvana, o vocalista e guitarrista Kurt Cobain, teve um fim escabroso. Ao que consta, tirou sua própria vida no dia 5 de abril de 1994, isto é, há 19 anos. O corpo, no entanto, foi encontrado apenas três dias depois. E o periódico Seattle Post-Intelligencer publicou em seu site recentemente fotos do equipe forense trabalhando na cena que marcou o Rock dos anos 1990. A tragédia particular de Cobain pôde registrada à distância, mas nada de sangue ou fotos mais estarrecedoras. Veja AQUI

Campanha na internet tenta sensibilizar promoteres a levar Iron Maiden para Fortaleza no Ceará. A campanha nasceu após a confirmação do show da Donzela em Curitiba. Você do Nordeste, acesse AQUI e participe da mobilização para levar a Donzela de Ferro e toda sua parafernália para Fortaleza, show inédito na cidade.

Bio É sabido que algo que tem tomado as prateleiras nesta última década é a literatura voltada para o Rock N’ Roll. O mercado editorial viu que existe um público fiel e resolveu investir nisto. Não à toa várias publicações vêm ganhando espaço no Brasil. Acaba de chegar por aqui “O Reino Sangrento do Slayer”, assinado pelo experiente jornalista britânico Joel McIver, pela Edições Ideal, repassando toda a história do quarteto antes de se dissolver – a banda de Thrash Metal hoje passa por problemas, mas, na verdade, não acabou. Outra boa pedida que chega nas livrarias é o “AC/DC – Rock N’ Roll Ao Máximo”, da dupla Murray Engleheart e Arnaud Durieux, pela editora Madras (com efeito, esta é uma republicação). Os dois se aprofundam nos detalhes da vida do grupo australiano que sacudiu o mundo nas décadas de 1970 e 1980. 14


As facetas de uma das vozes esquecidas do Melodic Rock Danny Vaughn sempre teve presença e letras inspiradoras, mas nunca a devida atenção Por Weslei Varjão (@weslei_varjao | weslei.varjao@gmail) Fotos: Divulgação

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ssim como algumas bandas que têm excelentes trabalhos, há músicos com talento suficiente para vencerem, porém, um misto de falta de oportunidade e até mesmo de sorte não os faz ter a merecida atenção do grande público. Mas, apesar disso, continuam a lutar por ‘um lugar ao sol’ e o devido reconhecimento. E um desses nomes, sem sombra de dúvida, é o do estadunidense Danny Vaughn. Dono de um vocal poderoso, começou no Waysted junto com o lendário baixista Pete Way, estabeleceu-se com o Tyketto e ainda tem pérolas escondidas em sua extensa carreira. Contudo, mesmo com tantos trabalhos 15

bons, ele nunca alcançou o estrelato, ainda que possua uma base leal de fãs na Europa e no Japão.

Carreira

Tudo começou com os problemas internos que estavam ocorrendo no Waysted com os outros integrantes do grupo, o que resultou na debandada de todos os integrantes da formação original da trupe. O novo guitarrista, Paul Chapman, indicou um desconhecido vocalista que havia feito audições com ele anteriormente e, como teste, teria de fazer um show para 15.000 pessoas em Israel, em que foi aprovado com louvor.


Porém, após a turnê do disco em que ele estreou, “Save Your Prayers”, os problemas com drogas dos outros membros, fizeram com que Danny se retirasse desse projeto. Afora, ele não perde tempo e, em 1987, funda o Tyketto junto com Brooke St. James. O disco de estreia da banda é lançado apenas quatro anos depois, o excelente “Don’t Come Easy”, que tem uma sonoridade que não deve em nada aos clássicos do hard oitentista. Mas, como sabemos, nessa época o foco já estava no grunge vindo de Seattle, o que fez que seu segundo registro, “Strenght In Numbers”, ficasse na geladeira e saísse apenas em 1994. Após se decepcionar com a falta de reconhecimento junto ao Tyketto e ainda com sua esposa na luta contra a leucemia, ele sai do grupo e se desliga do cenário musical por dois anos, em que só reaparece em 1997 com o supergrupo Flesh and Blood, o qual possuía feras como Al Pittreli e Mark Mangold em sua formação. Daí por diante, Danny Vaughn começa a focar em sua carreira solo, com uma sucessão de trabalhos aclamados pela crítica especializada, em que sempre elogiavam a sua maneira de compor e interpretações inspiradas – sua especialidade. Em 2007, o Tyketto volta e lança “The Last Sunset”, que era um disco de raridades e de despedida do grupo, no entanto, a boa recepção fez com que a banda saísse em turnê novamente, que inclusive passou pelo Brasil. E a ideia de um novo disco começou a crescer, até que em 2012 a banda lança o ótimo “Dig In Deep”. Hoje, Vaughn continua a investir em sua carreira solo, e no momento está em turnê pela Europa promovendo o disco “Reprise”, que é uma coletânea de seus 16


discos solos. Ainda que não tenha alcançado o merecido reconhecimento, vale a pena conhecer as várias facetas de sua carreira, em que apresentaremos adiante um disco de cada uma de suas fases. Discografia comentada – Top 5 Waysted – Save Your Prayers (1986)

A estreia de Vaughn no mundo do Rock já nos dá uma boa amostra do que ele iria apresentar em seguida na sua carreira. Apesar de a banda ser excelente, o vocal poderoso de Vaughn se sobressai de maneira inconfundível, o que causa espanto para um disco de estreia ao lado da lenda Pete Way. Canções como “The Walls Fall Down”, a perfeita “Black & Blue”, “Heroes Die Young” e o hit “Heaven Tonight” afirmam o talento acima da média de Vaughn. Um vozeirão melódico que principalmente nos refrões cativa qualquer amante de um Rock n’ Roll bem executado. 01. The Walls Fall Down 02. Black & Blue 03. Singing to the Night 04. Hell Comes Home 17


05. Heroes Die Young 06. Heaven Tonight 07. How the West Was Won 08. Wild Night 09. Out of Control 10. So Long

lada “Standing Alone” que nos mostra que, além de um grande vocalista, Danny Vaughn também é um compositor de mão cheia. 01. Forever Young 02. Wings 03. Burning Down Inside 04. Seasons 05. Standing Alone 06. Lay Your Body Down 07. Walk On Fire 08. Nothing But Love 09. Strip Me Down 10. Sail Away

Danny Vaughn – vocal Paul Chapman – guitarras Pete Way – baixo John Diteodoro – bateria Tyketto - Don’t Come Easy (1991)

Danny Vaughn - vocal, violão, gaita Brooke St. James - guitarra, violão, cítara, backing vocals Jimi Kennedy - baixo, backing vocals Michael Clayton - bateria, percussão, backing vocals Flesh and Blood - Blues for Daze (1997)

O disco de estreia do Tyketto é um clássico incontestável do Glam Rock oitentista, que só não estourou devido à cena musical da época. Outro fator que fez com que a banda não chegasse ao topo foi a demora para arranjar a gravadora que os apoiasse no projeto, o qual levou cerca de três anos, fazendo com que o debut do grupo fosse lançado apenas em 1991, quando o glam de Los Angeles estava em seu suspiro final. Todas as canções têm potencial para serem hits. “Forever Young”, “Wings” e “Burning Down Inside” arrebatam o coração de qualquer um que goste de Hard Rock. Porém, o grande destaque vai para a emocional ba18

Dois anos após a sua saída do Tyketto, Vaughn ainda não estava preparado para voltar a compor, por conta do cansaço da luta de sua esposa contra a leucemia e a decepção de


o Tyketto não ter feito sucesso que ele julgava merecer. Mas surgiu a oportunidade de participar de um projeto encabeçado por Mark Mangold e Al Pittrelli, em que ele só gravaria os vocais e não teria mais nenhuma obrigação com o grupo. Mesmo fora de sua praia, Vaughn brilha em canções como “Jenny Doesn’t Live Here Any More”, que apresenta vocais carregados de emoção e no blues de raiz “Riverside”, em que Danny impressiona ao cantar como os cantores clássicos do estilo. Uma pepita de primeira categoria! 1. Feel the Power 2. Shake Ya Tail Feather 3. Bed of Roses 4. Boogie Chile 5. Riverside 6. Jenny Doesnt Live Here Anymore 7. I Know Where You Been 8. Voodoo Moon 9. Blues for Daze (Mr. Blue) 10. Man Enough 11. Sweet Sister Rose 12. Judgement Day Danny Vaughn - Vocal Al Pitrelli - Guitarra Mark Mangold - Teclado, backing vocals Chuck Bonfante - Bateria Mitch Destefano - Baixo Vaughn – Fearless (2001) Em sua carreira solo, fica ainda mais latente que além de um vocalista acima da média, ele também é um compositor nato. “Fearless”, que é seu segundo registro solo, é o que possui suas canções mais autobiográficas, a tratar desde a contínua luta para vencer 19

na vida até o entrave de situações que estão fora do nosso controle. A otimista faixa-título abre o registro de maneira incrível e faz com que o ouvinte já se interesse por todo o trabalho adiante. E esse clima se mantém em canções como “Haunted”, “A Million Miles Of Road” e em “Just Like That”. A triste e melancólica “When You Walk Away” também merece atenção, principalmente, pela profundidade de sua letra. 1. Fearless 2. Haunted 3. Fly Away 4. A Million Miles of Road 5. Was There a Moment 6. When You Walk Away 7. Dulcimer Street 8. Just Like That 9. Carry Me Home Danny Vaughn - vocal, guitarra, violão Michael Arbeeny - bateria PJ Zitarosa - guitarra Jaimie Scott - baixo Kyle Cummings - teclado, backing vocals


From The Inside – From The Inside (2004)

A gravadora italiana Frontiers, indubitavelmente, é a que possui mais talentos do Melodic Rock na atualidade em seu cast. E por ter tantos talentos reunidos, vez por outra apresenta projetos reunindo estes. E o “From The Inside” reuniu Vaughn e o produtor e baixista Fabrizio Grossi, que é figura carimbada no estilo. E esse encontro rendeu dois bons discos, dos quais destaco o primeiro. “Nothing

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At All”, “Stop” e “Blessing In Disguise” têm um apelo pop irresistível e grudam como chiclete logo em sua primeira investida, com refrães impecáveis. As baladas “Is Anybody Watching Me?” e “Damn” também ganham o ouvinte logo de cara. 1. Nothing at All 2. Suddenly 3. Fight For Love 4. Losing Game 5. Damn 6. Stop 7. Relentless 8. Blessing in Disguise 9. Is Anybody Watching Me? 10. Always 11. Beautiful Goodbye Danny Vaughn - vocais, violão, guitarra, backing vocals JM Scattolin - guitarra Fabrizio Grossi - baixista Joachin Cannaiuolo - bateria Francis Benítez - backing vocals


Obrigado!

Clive Burr: a trajet贸ria do primeiro integrante oficial do Iron Maiden a falecer 21


Por Igor Miranda (igormiranda93@gmail.com) Fotos: Divulgação

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ouco se mensura a importância de um baterista em uma banda. Por conta disso, não é qualquer fã de Iron Maiden que entende a importância de Clive Burr na construção da sonoridade deles. Nascido no pacato e religioso distrito de EastHam, na Inglaterra, em 8 de março de 1957, Burr estava na ativa no underground londrino desde seus 20 anos de idade. O baterista permaneceu dois anos com o Samson, grupo que contou com o também futuro membro do Iron Maiden, Bruce Dickinson. Por recomendação do até então guitarrista da donzela de ferro, Dennis Stratton, Clive se juntou à trupe comandada pelo baixista Steve Harris. O primeiro registro oficial da banda não contou nem com Burr, nem com Stratton: foi o EP The Soundhouse Tapes, regis-

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trado no último dia do ano de 1978, com Paul Di’Anno nos vocais, Doug Sampson na bateria e apenas Dave Murray na guitarra. O compacto foi um ensaio para o disco de estreia, autointitulado, lançado em abril de 1980 no Reino Unido. Agora, como um quinteto, o Maiden de Di’Anno, Murray, Stratton, Harris e Burr apresentava, musicalmente, um misto entre o Punk Rock e o Heavy Metal. O sucessor, Killers, com Adrian Smith na guitarra em substituição a Dennis Stratton, estreitaria essa relação com o estilo heavy. Um disco mais coeso que seu antecessor, mas ainda em busca de algo a mais. Esse “algo a mais” veio com a entrada de Bruce Dickinson no lugar de Paul Di’Anno. Agora sim, com The Number Of The Beast, de 1982, o Iron Maiden era Heavy Metal. E estava pronto para se tornar um dos maio-


res ícones da música pesada em geral. Categórico Burr foi decisivo nas duas propostas. Não se acha por aí um baterista que toque Heavy Metal e músicas influenciadas por Punk Rock tão bem como ele. Permitiu que os dois primeiros álbuns do Maiden fossem perfeitos laboratórios para que a ideia tomasse forma em The Number Of The Beast – isso não seria possível com o seu sucessor na bateria, Nicko McBrain, que é mais técnico e de uma escola totalmente voltada ao metal. A estadia de Clive Burr no Iron Maiden acabou em dezembro de 1982, quando viu que não aguentaria as extensas turnês – The Beast On The Road, a excursão daquele ano, durou por 10 meses e passou por 18 países em 184 datas. A banda decolou a partir daí e o baterista começou outros projetos. Nenhum longevo, diga-se de passagem. No ano de 1983, Burr esteve no Alcatrazz (aquele mesmo, que teve Yngwi eMalmsteen e posteriormente Steve Vai nas guitarras) por alguns meses, bem como no Trust, grupo que tinha seu próprio substituto no Iron, McBrain, como baterista. No ano seguinte, abandonou essas bandas para começar um projeto solo, chamado Clive Burr’s Escape, posteriormente batizado de Stratus. O grupo gravou um disco, intitulado Throwing Shapes, e se desfez. Posteriormente, um projeto curioso: Clive integrou o Gogmagog, banda composta por seu ex-companheiro de Maiden, o vocalista Paul Di’Anno, e o futuro guitarrista da mesma banda, o carismático Janick Gers, que ocupa o posto na donzela desde 1990. O suposto supergrupo registrou ape23

nas um EP, I Will Be There, em 1985, antes de se separar. Ainda nessa década, o baterista fez parte do Desperado, primeira banda formada pelo vocalista Dee Snider após abandonar o Twisted Sister. O quarteto, completo por Bernie Tormé (guitarrista, ex-Samson, Gillan e Ozzy Osbourne) e Marc Russel (baixista), gravou o disco Bloodied But Unbowed em 1988. Mas a gravadora na época, Elektra Records, não gostou do produto, o engavetando. O álbum só foi lançado em 1996, por um selo independente. Na década de 1990, Burr tocou em duas bandas, mas não as integrou oficialmente. A primeira foi o Elixir, com a qual gravou o disco Lethal Potion, em 1990. A segunda, o Praying Mantis, com seu antigo companheiro de Iron Maiden, Dennis Stratton, registrando o álbum ao vivo Captured Alive In Tokyo City em 1996. Foi seu último projeto enquanto baterista. Durante a passagem dos anos 1990 para 2000, Clive Burr manifestou alterações mais drásticas em seu corpo, causadas pela esclerose múltipla, doença inflamatória que prejudica o sistema nervoso. O Iron Maiden criou, no ano de 2002, o “Clive Burr MS Trust Fund”, uma associação que arrecada fundos através de doações, leilões e shows beneficentes para ajudar a família do baterista e incentivar pesquisas para a cura da doença. Apesar de ter resistido por um bom tempo, Clive sucumbiu à doença enquanto dormia, em 12 de março deste ano. Quatro dias após seu 56° aniversário, aliás. Seu legado, no entanto, permanece eterno no ramo da música pesada.


“Tudo o que tamos foi p pessoas gost nosso tra

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e conquisporque as taram do abalho�

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A banda Nervosa saiu no cenário do metal como uma surpresa e vem se estabelecendo com o tempo. Houveram mudanças, mas não tirou o propósito de continuar com o projeto e seguir com a música. Hoje, as meninas nervosas, rodam o Brasil mostrando o seu som e que mulher curte sim rock n roll. Acompanhe esta entrevista divertida com Prika Amaral, guitarrista da banda, exclusivo para a Rock Meeting.

Por Daniel Lima (@daniellimarm | daniel@rockmeeting.net) Fotos: Site oficial (Divulgação)

Primeiramente, muito obrigado por nos conceder esta entrevista. Para iniciar, apresentem-se e fale um sobre a origem da “NERVOSA”. A Nervosa começou em fevereiro de 2010, quando eu tinha uma banda de Death/ Thrash que era o Innervoices e precisávamos de um baterista. Foi quando um amigo meu me apresentou a Fernanda e decidimos montar uma banda só de mulheres. Logo depois, a Karen foi chamada para tocar com a gente, mas devido à distância, pois ela mora em Curitiba, os ensaios com a banda só tiveram início em agosto de 2011, que foi quando a Fernanda Lira entrou pra banda. Por causa de problemas pessoais e de impossibilidade de logísticas, a Karen deixou a banda em janeiro de 2012. Em novembro do mesmo ano a Fernanda deixou a banda por divergência de idéias e por problemas pessoais, mas nunca paramos e, em fevereiro deste ano, a Pitchu entrou para banda para detonar na bateria. No Brasil já houve/há outras bandas formadas apenas por mulheres (como exemplo Volkana e Vocífera) e de que forma vocês veem esse aumento de mulheres no Rock/Metal? Eu vejo como uma coisa natural, mas é algo 26

que tem muito para se fortalecer e crescer ainda. Torço muito para as mulheres não só terem o mesmo reconhecimento que os homens, mas também terem o mesmo comprometimento, a mesma dedicação, porque as musicistas sabem que a maior dificuldade não é achar uma mulher que toque bem, mas sim achar uma mulher que esteja disposta a levar a sério e de um modo verdadeiro.


Por ainda ser de pensamento tacanho, existe preconceito com vocês por tocarem Thrash Metal no underground? O preconceito vem tanto do homem como da mulher. Algumas pessoas acham que conseguimos as coisas porque somos isso ou aquilo, mas a questão é que ninguém sabe da nossa batalha por trás disso tudo: nunca pagamos pra tocar, nunca conseguimos as coisas por causa do Amilcar (que é namorado da Fer-

grana pra enfiar a gente “goela” abaixo. Tudo foi por mérito e o preconceito vem desse pensamento errôneo que alguns tem. Por ser um universo de predominância masculina, vocês chegam a ser assediadas? Os homens são respeitosos ou chegam a extrapolar limites? 99,8% respeitam e muito a gente, de vez em quando acontecem algumas coisas, mas nada relevante, quem chega com intenção errada a gente já saca de longe e ignora totalmente e se houver insistência, as pessoas que nos acompanham já se encarregam disso. Ano passado vocês lançaram a demo chamada “2012” e, este ano, relançado em vinil de sete polegadas no exterior com o nome “Time of Death”. Fale um pouco sobre este lançamento e qual o motivo de ser lançada uma versão internacional? Bom, na verdade lançamos a demo “2012” de forma independente aqui no Brasil em agosto e um mês depois, em setembro, a nossa gravadora (Napalm Records) lançou o vinil só no exterior. Como as cópias se esgotaram ainda ano passado, eles fizeram uma nova prensagem nesse ano.

nanda), pelo contrário. Existem muitas bandas de mulheres por aí e não é porque somos bonitas que nos destacamos como muitos dizem, porque ainda assim existem muitas bandas de mulheres bonitas. Tudo o que conquistamos foi porque as pessoas gostaram do nosso trabalho, porque as pessoas acreditam na gente e investiram na gente. Nunca houve 27

Apesar das facilidades que existem, ainda é complicado gravar com qualidade e preço acessível. Como foi o processo para gravar as três faixas contidas na demo? Desde sempre já queríamos gravar no Mr. Som, pois o Heros e o Pompeu são os mestres em gravar metal. Juntamos toda a grana que pudemos e gravamos lá. Eles fizeram toda diferença na qualidade e por isso estamos gravando nosso CD lá de novo. Não acho


caro. Se fizer um bom planejamento rola para qualquer um gravar lá, é muito trabalhoso e o preço que eles cobram o justo. No início do ano passado a Karen Ramos (guitarra) saiu da banda e foi decidido que continuariam como Power trio. Sonoramente, como a mudança afetou/contribuiu para esta nova fase da banda? Para se ter duas guitarras em uma banda é preciso que as duas guitarras estejam muito bem casadas e coesas, caso contrário se torna um desastre ao vivo. Para isso precisa haver muito treino, o que era impossível pela distância. Pra mim foi um desafio estar sozinha,e ainda é. Mas pela logística da banda foi bem melhor, sendo um trio as despesas são bem menores. A banda tem funcionado muito bem assim, não sei no futuro, se sentirmos necessidade talvez coloquemos outra guitarra, mas é algo difícil - como eu disse anteriormente - porque não basta achar uma menina que toque bem, isso é fácil. Difícil é achar uma menina que se dedique e que se entregue como nós fazemos. Recentemente estiveram fizeram shows pelo Norte e Nordeste. Há diferença entre os públicos do Norte/Nordeste e Sudeste? O feedback é diferente? Na verdade a diferença são os costumes regionais, o sotaque, etc... Porque de resto são iguais as outras regiões. A diferença é que o público de cidades pequenas geralmente é muito batalhador, porque o acesso a shows sempre é muito difícil. Muitas vezes eles têm que viajar muito pra conseguir assistir o show de uma banda, isso torna o público mais fanático.

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Vocês já fizeram alguma turnê fora do país ou alguma previsão para que isso aconteça? Nós assinamos esse ano com a The FlamingArts, que é uma agenciadora de shows na Europa. A turnê deve acontecer ainda esse ano e após o lançamento do nosso primeiro álbum completo, o que ocorrerá provavelmente depois de agosto. O Roça’n Roll é um grande festival para os amantes do Metal e para vocês chegarem até lá foi necessário vencer a primeira seletiva paulista para o festival. Como foi participar do Roça’n Roll e vencer dezenas de bandas? Foi uma surpresa muito grande, a gente não esperava na verdade, tanto é que assim que terminamos de tocar na seletiva, as meninas foram embora e só eu fiquei lá, porque a gente realmente acreditava que não venceríamos. A participação no evento foi inesquecível! Fomos a última banda a tocar no evento porque tínhamos um show no mesmo dia. Achávamos que íamos tocar para poucas pessoas, mas foi pelo contrário estava lotado na hora que tocamos e foi muito legal, uma energia inexplicável. Se apresentar ao lado de grandes bandas como Exodus, Samael, Exumer é um sonho para que tem banda. Como foi essa experiência e de que maneira isso acrescenta musicalmente? Qual banda vocês gostariam se apresentar e mostrar o trabalho? Tocar com essas bandas foi uma realização de um sonho meu e da Fernanda Lira. Ter a oportunidade de tocar junto com bandas que a gente curtiu a vida inteira foi demais! Temos orgulho em dizer que todos esses shows 29


foram um convite, nunca pagamos pra abrir show e nunca vamos pagar. Eu particularmente gostaria de tocar com o Slayer, acredito que qualquer um que curta Thrash Metal queira isso, mas é algo bem difícil de acontecer. No entanto, uma banda que seria mais possível é a Sodom. “Masked Betrayer” foi o primeiro clipe da banda e chegou a 20 mil visualizações em uma semana. Como vocês encaram essa situação? A princípio foi curiosidade, mas se não fosse pelo menos um pouco interessante as visualizações não continuariam crescendo. Muito do que nós conquistamos foi devido ao clip, um exemplo disso foi o contrato com a gravadora Napalm Records, depois que o Schmier - do Destruction - postou nosso vídeo no perfil dele, veio a proposta da gravadora. A faixa “Urânio Em Nós” é em português e tem uma letra que critica o mal que o homem faz a natureza. Há alguma letra em português que está sendo preparada para projetos futuros? A “Urânio em nós” será a única música em português do nosso CD completo, essa música já existia antes de gravarmos a demo, mas decidimos deixá-la para o CD.Quanto as composições futuras eu não sei ainda se continuaremos a fazer uma música em português por CD, isso vai depender das nossas inspirações para compor. Não obstante do assunto música. Qual o top 5 das bandas que influenciam o som da Nervosa, cite o álbum principal e discorra algumas palavras sobre a escolha. Eu tenho muita influência de Death Metal, 30

mas vou citar apenas bandas de Thrash Metal, pra facilitar a escolha...rs. As cinco bandas seriam basicamente: Slayer, Exodus, Destruction, Sodom e Sepultura. Eu vou escolher o álbum Kill’emall, porque quando eu fui atrás da Fernanda Lira para ela tocar com a gente eu disse que estávamos nos espelhando nesse CD e isso fez com que ela se empolgasse muito em tocar com a gente, pois ela buscava o mesmo, principalmente na guitarra pelas cavalgadas.

No mais, muito obrigado pela entrevista e será que contaremos com outro EP ou, quem sabe, um full-length da banda?Sucesso! Com certeza até agosto esperamos lançar nosso primeiro full-length com músicas inéditas. Eu que agradeço pela oportunidade e parabenizo pelo trabalho de vocês! Nunca desistam! Thrash tilldeath!!!!!!


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A tradição abrindo portas O festival Abril Pro Rock está no calendário de todo roqueiro da região Nordeste e não deixa o estilo e a novidade esmorecerem Por Breno Airan (@brenoairan | breno@rockmeeting.net)

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N

ão é fácil sustentar um festival por mais de duas décadas. Quanto mais numa região como o Nordeste brasileiro – onde, por parte de grande extensão do público, não dá-se o devido valor ao Rock N’ Roll. Entenda: há, sim, uma cultura riquíssima com seus frevo, dança do coco, maracatu, tambor-de-criola, xaxado, forró pé-de-serra, samba de roda e até axé. Diante de tanta fonte de ritmos e melodias, algumas pessoas ainda estranham: “Você é roqueiro? Mas como? Você deveria dar valor ao que é da terra...” Sim, e foi pensando nisso que o festival Abril Pro Rock (APR) investiu tantos anos para quebrar esse paradigma. Neste 2013, o evento chega à sua 21ª edição com quatro atrações internacionais: os estadunidenses Televison, Dead Kennedys e Fang e os alemães do Sodom. De Pernambuco, onde ocorre o APR, haverá apresentações das bandas Siba, Volver, Babi Jaques e Os Sicilianos, Tagore, Devotos, Kriver e Vocífera. Prato cheio. Para o molho, teremos Krisiun, Andre Matos, Marcelo Jeneci e Móveis Coloniais de Acaju. Desse mix, sai o line-up dos dias 19 e 20 deste mês de abril. O APR acontecerá no Chevrolet Hall, em Olinda, com um investimento de R$ 60 (inteira), R$ 40 (social, com 1kg de alimento não perecível) e R$ 30 (meia). Tradição Já está na agenda dos rockers do entorno: todo mês de abril há APR, o que significa

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“bandas relevantes no cenário mundial a um preço acessível”. Cá entre nós: para quem gosta, assistir ao Sodom por, no máximo, R$ 60 é um presente atrasado de Páscoa. Em anos anteriores, Motörhead, Helloween, Gamma Ray, Jon Spencer Blues Explosion, Pato Fu, Skank, O Rappa, Lenine, Raimundos, Mundo Livre S/A, Chico Science e Nação Zumbi, Ratos de Porão, Pitty e Los Hermanos passaram pelo stage, agraciando o público ainda não conhecedor da maioria daqueles grupos. É que o organizador-mor Paulo André Pires, recém-chegado da Califórnia, viu que Pernambuco tinha uma cena relevante, mas os shows realizados eram para pouquíssimas pessoas. Em 1992, a primeira edição contou apenas com um dia e obteve um número até interessante: 1.500 pessoas prestigiaram o que viria a ser um fenômeno anual. “Ninguém botava fé porque não estávamos no eixo Rio-São Paulo”, teria dito ele à imprensa na época; o organizador chegou a fechar sua loja de discos para única e exclusivamente se dedicar ao projeto. De lá para cá, sempre contando com bandas locais e revelando artistas direto do palco para as grandes gravadoras, o APR é referência nacional não só pela dinâmica – a contar com grupos de variados estilos de Rock –, mas pela não inércia. Além da música, pela cidade de Olinda adentro, exposições de pôsteres e artes de jovens artistas e oficinas de fotografia, moda, vídeo e comunicação. O show não pode parar nunca. Pelo menos, não nos meses de abril.

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Um ano de impunidade No ‘aniversário’ de um ano, o Metal Open Air ainda rende dores de cabeça e muita injustiça Texto e fotos: Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net)

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Local onde ocorreram os poucos shows no Metal Open Air em São Luis - Maranhão

365 dias e um sentimento: impunidade. Talvez você leitor já esteja esquecido, porém quem sofreu na pele as mazelas, naquele que poderia ser o início da ascendência do Metal no Brasil, lembra muito bem a vergonha, a humilhação e, principalmente, o desrespeito enquanto indivíduo que milhares fãs de Heavy Metal de todo país e de fora foram submetidos. Até o fechamento desta edição (e provavelmente de muitas outras) nada foi ou será solucionado. Alguns poucos sortudos que enviesaram por outros caminhos conseguiram ser restituídos de seus gastos através de ações junto à Justiça. Muito embora, muitos, muitos mesmo, continuam sem respostas e desacreditados. O sentimento atual já nem é de reaver o investimento feito para ir até São Luiz, no Maranhão, assistir a um (pseudo) festival. Hotel, passagem, transporte, alimentação, ingresso. Gastos absurdos de quem foi acreditando que veria algo inédito no país dedi38

cado ao Metal. Duas produtoras locais (Lamparina Produções e Negri Concerts) e uma internacional (CK Concerts) = milhões de insatisfeitos. Mesmo quem não esteve presente se compadeceu com o absurdo que fora o evento. Após o incidente, um grupo no Facebook foi criado para ajudar quem se sentiu lesado a como proceder frente à Justiça, com ações solicitando o ressarcimento dos valores pagos por cada pessoa que foi ao Metal Open Air. Todos, absolutamente todos, esbarravam numa única situação: não há endereço de nenhuma das produtoras. O Ministério Público de São Luiz até chegou a interceder sobre o assunto, ouviu o responsável pela Lamparina, Natanael Junior, mas não temos ciência do que aconteceu depois. Vamos relembrar Em novembro de 2011, rumores de que aconteceria um festival, ligado a um bem-su-


cedido realizado na Alemanha, poderia acontecer no Brasil, totalmente dedicado ao Metal ecoou pelo país afora. Promessas e incertezas, porém o mesmo sentimento de que algo muito bom estava para acontecer. Os rumores eram de que o festival estava ligado ao Wacken Open Air (W:O:A), que todos os leitores desta revista e outras bem conhecem o megaevento que é. Porém, em meio a tanta dúvida e incertezas, o “Metal Open Air” foi lançado e não mais vinculado ao W:O:A. Foi até preciso que os representantes do evento alemão no Brasil e o próprio da Alemanha soltassem uma nota explicando que não havia qualquer ligação com o que viria a acontecer no Brasil. O sonho ainda continua longe de acontecer. Algo que começou errado não poderia dar muito certo, não é? Era um sinal! Bandas como Scorpions estavam no (pseudo) cast que viria até as terras tupiniquins. Enfim, o “festival” foi “confirmado” nos dias 20, 21 e 22 de abril em São Luiz, no 39

Maranhão. Blind Guardian, Exodus, Legion of the Damned, Anvil, Symphony X, Megadeth, Destruction, Anthrax, Krisiun, Korzus, Torture Squad e tantas outras bandas estavam no cast do que seria o maior evento dedicado ao Metal no Brasil. Seria histórico! Até foi, só que negativamente. Com a confirmação do evento na região Nordeste, começou a proliferar as velhas discussões do Sul/Sudeste contra os nordestinos. Questionamentos bobos que até chegamos a notificar nas edições de 2012 que antecediam o MOA. A aproximação do evento fez com que muitas coisas começassem a aparecer: bandas que não viriam mais ao festival por falta de pagamento, bandas brasileiras sequer tinham recebido suas passagens para São Luiz, falta de estrutura e muita, muita desorganização. Na madrugada do dia 19 de abril, a banda Hangar, do baterista Aquiles Priester,


r

Um dos poucos shows que aconteceram, baixista do Exciter.

soltou uma nota falando da real situação que eles estavam passando. Um desabafo que encorajou a todas as outras bandas nacionais a tomar fôlego e criticar o evento, de modo justo, convenhamos. Venon e Saxon, por exemplo, nem sequer receberam a primeira parte do pagamento de seus cachês nem o visto para a entrada no país. Já deu para lembrar, né? Para os preferiram o acampamento nas dependências do festival, as condições do local era subumano, incapaz de abrigar pessoas: era num estábulo para cavalos. Fora que não havia nada do que fora prometido naquele lugar: banheiros suficientes, um mercado, caixas eletrônicos, restaurante Mad Butcher (piada), praça de alimentação... Nossa, tantas coisas que se fosse listar não acabaria tão

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cedo. Pois bem, o mundo inteiro reagiu contra esta manifestação pífia a que o Metal e o público foram submetidos: desgraça, desonra e valores éticos questionáveis. Um ano após todo este alvoroço nada foi resolvido e os responsáveis continuam por aí sem responder a qualquer processo. A vontade de todos é que estas pessoas sejam julgadas, condenadas e banidas do Metal nacional, para que sirva de exemplo a todos os outros que queiram dar um passo maior que as pernas. Por hora, resta-nos boicotar shows realizados pela Lamparina Produções (se é que ainda realiza) e pela Negri Concerts, que agora usa outros nomes para continuar no mercado do entretenimento.


review

TRIO

Texto e Fotos: Pei Fon

(poifang | peifang@rockmeeting.net)

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“O som da inocência”

Não tão inocente assim, Kiko Loureiro Trio se apresentou em Maceió e a Rock Meeting estava lá conferindo o show do novo álbum do guitarrista

S

eguindo a agenda, o “Sound of Innocence Tour 2013” passou por algumas cidades de brasileiras, e a Rock Meeting pode acompanhar o show em Maceió, a quinta cidade da tour, que seguiu por Recife e João Pessoa. Em pleno feriado da Semana Santa, Kiko Loureiro desembarcou na terrinha do “Paraíso das Águas” para mais um show da tour. O compromisso era ser tão caloroso quanto a cidade de Serrinha na Bahia, cerca de 600 fãs estiveram presentes no show. Conforme foi a empolgação do público, Kiko, Bruno Valverde e Felipe Andreoli comeram poeira, literalmente. Não entrando muito nas questões climáticas, o Nordeste não tem tido chuvas regulares, logo a poeira subiu fácil. 42

Enfim, pouco menos de 160 pagantes (quase lotação máxima, onde só tem 170 lugares) estiveram no Teatro Sesi Pajuçara, num feriado. Dava para ser melhor, poderia ter tido duas sessões, quem sabe, mas feriado é feriado. Muito embora, quem foi ao show viu preciosismo, técnica, feeling e muitos olhos arregalados e estáticos para aquele que é considerado um dos melhores guitarrista do Brasil e do mundo. Houve um breve atraso dos músicos, mas que foi recompensando com bastante música, bis e canções marcantes do Angra como “Rebirth” e uma palhinha de “Carry on”. Olha, o que deixou muitos surpresos foi Kiko Loureiro cantando. Até para esta que vos es-


creve, foi uma surpresa muito agradável. Voz e violão, Kiko cantando, “Rebirth”, público acompanhando. Faltou uma fogueira ali, opa, era um teatro, mas o clima é bem de lual. Fora desta calmaria, foram tocadas músicas mais animadas, digamos assim. Para mim, que não toca nada, aquela velocidade toda nos riffs já era sem tamanho, parece ser tão fácil vendo uma pessoa como Kiko tocar, que dá até vontade de aprender, mas pera, eu já tentei e não deu muito certo. Prefiro continuar só contemplando. Como não guitarrista que sou, pude observar os muitos guitarristas que se fizeram presentes neste show. Alguns até conheço e pude estar bem perto e ouvir os comentários, mesmo que baixinho, de tamanha perplexidade e, talvez, “poxa, o que sei não é nada perto do que Kiko faz”. Claro que havia fãs do Angra presentes. Ter dois representantes de uma das maiores bandas brasileiras, conhecidas mundialmente, não é todo dia e tão perto. Foi um show memorável. Foram tocadas músicas do novo álbum “Sound of Innocence” e algumas músicas do “No Gravity”. Do show destaco algumas situações: Kiko cantando, a música “Conflicted” e Bruno Valverde. “Vamos tocar uma música um pouco mais rápida” foi a descrição para “Conflicted”. Música esta que elevou o grau de complexidade na execução e atenção. Foi muito interessante ver os guitarristas de função e guitarristas das horas vagas vidrados, nem piscavam para não perder um lance. Bruno Valverde é, sem dúvida, uma surpresa muito grata. Tão jovem e tão seguro do que pretende, Valverde mostrou toda sua técnica, carisma e humildade ao falar com o público. É o futuro chegando, minha gente! 43


Como sou admiradora de bateria, houve um momento para o drum solo, todos estáticos e respondendo as investidas de Bruno. Impecável. Pouca idade não diz muita coisa, nota-se pela carinha do rapaz, que tem um talento incrível. Anote esse nome: Bruno Valverde. Arrisco dizer que é o nome desta tour. Não vou alongar muito sobre Felipe Andreoli e suas seis cordas. Além de guitarristas, havia no público os baixistas também, quer maior referência? Não dá para falar muito dele, o cara é sensacional! Em seu bass solo, Andreoli mostrou técnica e simpatia, coisa que dificilmente ele pode fazer no Angra ou Almah, sua antiga banda, por exemplo. Como o público de workshop show é mais próximo, Andreoli convidou a todos a participarem de sua apresentação. Seguindo as notas do baixo com palmas, o público encarou o desafio indo até onde pode. Andreoli é sensacional, eita, já disse isso! Mas é isso, cara! Por fim, surpreendentemente, o público alagoano está de parabéns. Não era muito de entender que havia público para música instrumental. Kiko puxou essa galera, em pleno feriado, para assistir ao seu show. Enfim, voltem!

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review

“Um registro inesquecível” Por Aline Alcântara Fotos: Henrique Pimentel (Portal do Inferno)

A

banda finlandesa, que não passava por terras brasileiras desde 2010, agitou o público paulistano na noite de domingo (10 de março), na Via Marquês, com a turnê do mais recente álbum, “Stones Grow Her Name”, lançado em 2012. Do lado de fora da casa, pouco antes das 20h, ainda havia um volume considerável de fãs que enfrentaram uma forte chuva - o que é de praxe na cidade da garoa - antes de conseguirem entrar no local. De qualquer forma, a chuva não diminuiu a empolgação do público, que contava os minutos para conferir o talento dos finlandeses. Apesar do pequeno atraso e sem banda de abertura, a plateia enlouqueceu assim que as luzes se apagaram e a introdução “Wildfire” começou. A banda exibiu toda a sua energia de palco já na primeira música, “Only the Bro45

ken Hearts (Make You Beautiful)”, do último álbum, e não deixou a galera ficar parada, disparando uma música atrás da outra. Apesar de os finlandeses serem conhecidos como introspectivos, o frontman, Tony Kakko, esbanjou sorrisos e simpatia, mostrando-se super à vontade diante da plateia. Em alguns momentos, até brincou com os fãs fazendo piadas. Já na metade da apresentação, o guitarrista, Elias, obteve maior atenção do público no momento do seu solo, que serviu de tempo para o público tomar fôlego e se preparar para as demais músicas que viriam em seguida. O repertório agradou tanto os fãs mais recentes quanto aqueles que acompanham a Sonata desde o início da carreira. Após o solo de guitarra de Elias, tocaram “Losing My Insanitye”, em seguida, os primeiros acordes


da balada “Tallulah” conseguiu deixar todos emocionados. Não podemos negar que o ponto alto da noite foi a execução de “Fullmoon” e “Replica”, as clássicas que não poderiam ficar de fora do setlist. Com um pouco mais de uma hora e meia de apresentação, o Sonata Arctica fechou a noite tocando “Don’t Say a Word”. Para finalizar, os integrantes agradeceram pela noite e o vocalista, Tony Kakko, expressou sua vontade de retornar ao país o mais breve possível. A qualidade de som, simpatia, a postura de palco e o repertório da banda fizeram daquela noite um registro inesquecível para todos que compareceram ao Via Marquês. O Sonata Arctica provou mais uma vez que sabe fazer música de qualidade e que a Finlândia realmente é uma “máquina” de produzir talento musical. No final da noite, havia sorrisos no rosto de todos os fãs que deixaram o local, já ansiosos pela próxima vinda da banda ao Brasil. Set List: (O set eu copiei daquele site setlist.fm, já que eu não lembrava perfeitamente de todas as músicas que tocaram no show) 1. Only the Broken Hearts (Make You Beautiful) 2. Black Sheep 3. Alone In Heaven 4. Shitload of Money 5. The Gun 6. The Day 7. I Have a Right 8. The Last Amazing Grays 9. Broken

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10. Paid in Full (Preceded by Elias Guitar Solo) 11. Losing My Insanity 12. Tallulah 13. FullMoon (Preceded by Henkka Keyboard Solo) 14. Replica 15. Cinderblox 16. Don’t Say a Word (with Vodka Outro)


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Screams of Hate Por Daniel Lima

Ano passado foram lançados, no Brasil, muitos álbuns de bandas nacionais. Entre elas está o pessoal da banda Screams Of Hate. Eles lançaram o EP chamado “Corrupted”. O quinteto é formado por Clayton Bartalo (Vocais), Alexandre Leme (Guitarras), Thiago Fuzaro (Guitarras), Vicente Moreno (Baixo e vocal) e Marcelo Tosseli (Bateria). O EP contém cinco faixas (Corrupted, Fight, Narkotic, Revanche, e Your Soul Will Pay) que estão em excelente qualidade de áudio, o que é muito bom para quem está ouvindo, porque entenderá o desenvolvimento de cada instrumento. Qualidade é algo que muitas bandas por ai estão deixando a desejar e o pessoal da Screams Of Hate não deixou de lado esse detalhe que é tão importante. Não basta gravar, tem que agradar. A faixa “Revanche” é a única letra em português.

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Outro detalhe observado são os elementos introduzidos nas faixas, cada uma com suas características. O som é Thrash Metal com uma pegada de Death Metal, além disso, nota-se alguns riffs que são característicos de novos elementos que as bandas de Metal estão utilizando na atualidade. Nada que venha sair do estilo, pelo contrário, uma reformulação como acontece de tempos em tempos. É um bom álbum e não é enjoativo, já que há variações nas músicas que torna interessante. A bateria e as guitarras são bem trabalhadas e sem muita firulinha para mostrar que os caras possuem técnicas apuradas como muitas bandas fazem por ai para mostrar o que sabem. Essa é mais uma banda que se pode esperar mais destaque em pouco tempo.


Cangaço Por Breno Airan

É difícil encontrar uma banda tão corajosa

e ao descaso com o povo menos abastados.

quanto a Cangaço. No final de 2009, surgia um

dos power trios mais relevantes do país.

zelas, mesmo que em preto e branco, apenas com

E ele vem de Recife, terra de riqueza cultural sem

um anilado lampião ao chão.

tamanho.

O caminho dos músicos também é de se

convidado Rico Albino em “Atrito”, o play abre

aplaudir. Um ano depois de sua formação, a Can-

de fato com “Cantar às Excelências das Armas

gaço – com três EPs na conta e o ótimo debut

Brancas”. O poema do cangaceiro Pedro da San-

“Rastros”, de 2012 – conseguiu vencer a seleti-

ta Fé ganha novo significado na levada matadora

va para ir ao Wacken Open Air, na seção “Metal

Death Metal.

Battle”.

Para tanto, eles foram selecionados dentre

de “Arcabuzado” com o lirismo de João Cabral de

397 bandas sul-americanas e tocaram no mesmo

Melo Neto; “Bombardeio no Ceará”, que nos re-

evento que SoulFly, Alice Cooper, Iron Maiden e

mete a um universo totalmente nordestino; bem

Slayer – algo a se estampar num curriculum.

como a incrível “Statu Variabilis”, com uma cozi-

nha sem defeitos; e “Corpus Alienum”, que tem

Não ganharam, contudo trouxeram na ba-

A capa de “Rastros” expõe bem essas ma-

Após os flutuantes sopros de flautas do

Na sequência, destaques para as variações

gagem uma motivação a mais. Com esse primeiro

uma linha de baixo que vale o CD inteiro.

álbum, Rafael Cadena (guitarra e vocais), André

Lira (baquetas) e Magno Barbosa Lima (baixo)

e escarrada de cada nordestino que não foi para

colocaram em voga a quebra de paradigma ne-

São Paulo para vencer na vida. O semblante da

cessária, juntando o som do Nordeste com a pe-

vitória diante do derrotismo que bate à porta das

gada Metal.

casas de taipas que fingimos não ouvir.

Os elementos musicais utilizados estão

enraizados no sentir a seca, no assistir à pobreza 49

ção.

O trio é um só, na verdade. A cara cuspida

Som de primeira! Segunda e terceira audi-


SkyHell Por Daniel Lima

A banda SkyHell, de Uberlândia-MG, lançou seu primeiro trabalho autoral, In the Name of Rock, em abril de 2011, após sete anos de existência. A proposta musical do SkyHell é clara e direta: misturar influências “em nome do Rock”, como sugere o título. A abordagem do grupo é autêntica e não soa forçada nem mesmo ao fundir elementos do Hard Rock, Heavy Metal, Rock alternativo e Metal melódico. O ouvinte é levado a apreciar um heavy cadenciado nas primeiras faixas, “Real Faces” e “Openthe Game”, enquanto a terceira, “The Fire Sky”, acelera a batida. “Rock Machine”, que destaca o trabalho de guitarras de Oz, é como um revival do Guns N’ Roses, famigerada banda de Hard Rock que explodiu há mais de duas décadas. A lenta “Ask Me Why” dá sequência de forma afável e abre alas para a música de trabalho do álbum: “Pretty Baby”, que ganhou um videoclipe que pode ser visto no canal da banda na web. A faixa foi carro-chefe da disputa por uma vaga no festival Triângulo Music 2011 e levou a banda à fase final. 50

“Perdemos para votos que ninguém sabe a contagem”, ironiza Michel Platini. Assim como a principal canção, a próxima “Brains Explode” apresenta um hard com uma roupagem atual. A trinca final do disco é distinta e versátil. “Opinion” é alternativa, com lembranças do Rage Against the Machine no instrumental. “Freedom” é a música mais original da banda, trazendo um cruzamento perfeito entre Hard Rock e Heavy Metal que enfatiza os vocais agudos de Michel Platini. “Winter’s Bird”, com oito minutos de duração, fecha o registro com estrutura complexa. Atualmente, a banda é composta por Helder Ribeiro nos teclados e Bruno Rodrigues na bateria – o qual entrou no lugar de Miguel Bonfá, que gravou o play lançado por selo independente –, além de Oz nas guitarras e Rafa Mendes no baixo. O vocalista destaca: “o próximo trabalho, que deve ser lançado em novembro deste ano, soará completamente diferente de ‘In the Name of Rock’ e de tudo que já foi visto na música”. As músicas do disco de estreia da banda estão disponíveis AQUI


Whitesnake Breno Airan (@brenoairan | breno@rockmeeting.net) Ser crítico de música e ser impessoal ou imparcial é, no mínimo, difícil. Às vezes, ponho álbuns aqui por motivos externos. E este é um deles. Antes de mais nada, este CD da vez – que na verdade é de 1997 – é incrivelmente notável e impressionante. “Restless Heart” é nota 10! No mais, estava eu bem tranquilamente olhando para os carros passando no meio da rua, quando um conhecido meu falou do nada: “Whitesnake é uma merda!”. Bem, eu não respondi de imediato, pois ainda tive tempo de pensar: “Eh... você é... reggaeiro”. Mas tudo bem, eu disse: “Na maior, você é reggaeiro, ora! Não entende disso”. Ainda xingou um bocado e falou que o Coverdale era muito chato e só falava de amor. À revelia, me peguei pensando o que, na verdade, o reggae prega. Ou puxa. Tanto faz. Eu até gosto de reggae. Mas não vou perder meu tempo falando desse estilo, afinal, já foram-se embora cinco parágrafos. Dessa forma, o que vos mostro, leitores, é um dos melhores plays da banda. Logo depois do encontro com Jimmy Page, em 1993, o que resultou no ótimo “Coverdale/Page”, o cantor David Coverdale resolveu retomar o curso do Whitesnake de vez. Mas sem todo o virtuosismo calcado nos álbuns anteriores com Steve Vai e companhia. O que se percebe é um Whitesnake mais nostálgico, dos tempos de “Northwinds”, de 1977. Sim, o Blues aqui impera. Destaques, claro, não faltam. 51

O 10º trabalho da banda — o que quase vira um trabalho solo do cantor britânico — foi carimbado pela EMI. Atente para o abre-alas romântico “Don’t fade away”. A faixa seguinte, “All in the name of love”, também é lindíssima. Mais destaques em seguida quando nos “encontramos” com a inefável “Too many tears”. Blues romântico de primeira linha, que inclusive alcançou na 46ª posição nas exigentes paradas inglesas. Numa levada meio Led Zep, “Crying” enche nossos ouvidos de lágrimas generosas. Na sequência, mais uma influência antiga: Janis Joplin. “Stay with me” parece que foi feita por ela e para ela. A voz, então... gritos e mais gritos uivando e implorando pela tal “baby” da música. A cozinha é perfeita. Cheira muito bem e está na medida. “Can’t go on” é uma declaração de amor pra se fazer a qualquer mulher. Digo, à que merecer. “Não há canção sem o seu amor”, reverbera Coverdale por entre suas pregas vocais, ainda potentes. “Take me back again” é mais uma prova de que Jimmy Page é um bom amigo. Nesse ínterim, pode-se dizer que o Whitesnake trata do que nós mais procuramos: o amor. Ninguém precisa ouvir a opinião de nenhum psicanalista pra saber disso. Não vivemos sem. E Coverdale nos mostra que há sentido, sim, no amor. Ou pelo menos no sofrimento. E quem não gosta — da banda —, que vá para o diabo que te careggae!


Van Halen Weslei Varjão (@weslei_varjao | weslei.varjao@gmail.com) Uma coisa comum na maioria das bandas é que elas passem por fases ruins e não atinjam as expectativas dos fãs em seus lançamentos. Porém, existem algumas exceções; grupos dos quais qualquer coisa nova é fora do comum e acertam em cheio os que esperam. AC/DC, Rush, Kiss e o Van Halen são grandes exemplos disso, em que mesmo nos momentos em que tiveram menos sucesso, ainda tinham discos incríveis nas mãos. E o disco que vou recomendar hoje é um belo exemplo disso. O terceiro play do Van Halen, o “Women and Children First”, de 1980, veio à existência com uma pressão enorme sobre si, pois os dois primeiros discos são clássicos da história do Hard Rock e fizeram um sucesso absurdo. Após esse primeiro momento, seria quase impossível fazer um álbum à altura. Mas o guitarrista Eddie Van Halen e sua trupe provaram exatamente o contrário – ainda que as vendas tenham sido menores que seus antecessores e seja, junto com “Fair Warning”, de 1981, um dos discos mais relegados da fase Lee Roth. Toda a fórmula que consagrou o Van Halen está presente com força em “Women...”. Guitarras ensandecidas, cozinha explosiva e um vocalista fora de si mandam bala em canções sacanas e cheias de energia. E agora com o diferencial de ter um pouco mais de 52

peso do que outrora. “And The Cradle Will Rock” abre o registro com um Van Halen mais cheio de groove, porém, ainda matador como sempre. O início de “Everybody Wants Some!!” com sua batida tribal inicial esconde o musicão que vem a seguir, com destaque para os solos incendiários de Eddie e o baixo pesado de Michael Anthony, que duelam entre si a atenção durante a performance. “Romeo Delight” acelera ainda mais o ritmo, assim como na quase heavy “Loss Of Control”, em que a banda parece um caminhão sem freios descendo ladeira abaixo. “Could This Be Magic?” com sua levada country guiada pelos violões é deveras hilária e mostra o bom humor que sempre foi presente no Van Halen de Lee Roth. “In A Simple Rhyme” fecha o disco com uma semibalada cheia de viradas inesperadas e é de longe uma das maiores surpresas do disco, já que consegue ser crua em sua melodia e doce em sua letra, a retratar a descoberta do amor, soando como um adolescente tratando do assunto. Se você até o momento só deu atenção aos maiores sucessos do grupo, corra imediatamente e escute essa pérola, pois estará fazendo um grande favor aos seus ouvidos. E que essa volta de Lee Roth ainda renda mais frutos, além do ótimo “A Different Kind Of Truth”, de 2012.


Richie Kotzen Igor Miranda (igormiranda93@gmail.com)

A discografia do incansável Richie Kotzen é algo louco. Alguns de seus registros anteriores a este álbum “Bi-Polar Blues”, de 1999, como “Something To Say” e “What Is...”, flertavam com o Rock clássico e até o Pop Rock – sem perder a conhecida essência de sua sonoridade. Durante uma pequena pausa nas atividades do Mr. Big, banda a qual havia acabado de entrar, o guitarrista mergulhou de cabeça no Blues. O produto deste mergulho, “Bi-Polar...”, é incrível. Kotzen assumiu todos os instrumentos – guitarra, voz, baixo, bateria e piano – e contou apenas com as singelas participações do baixista Rob Harrington e do baterista Matt Luneau em, respectivamente, duas e cinco faixas. Além de composições autorais, o play apresenta quatro releituras. As canções homenageadas são “Tobac53

co Road” (John D. Loudermilk), “The Thrill Is Gone” (Roy Hawkins) e “They’re Red Hot” e “From Four Till Late” (ambas do pioneiro Robert Johnson). Nas músicas próprias, uma veia bluesy vista apenas por grandes (e velhos) nomes do gênero é devidamente resgatada. Algumas canções, como a abertura “Gone Tomorrow Blues”, a truncada “Broken Man Blues” e a melancólica “A Step Away”, parecem ter nascido clássicas. Nos tributos, a performance original do guitarrista e vocalista cativa até os mais saudosistas. A interpretação de “The Thrill Is Gone” merece grande destaque, pois, sem exageros, se equipara à versão do mestre B.B. King, o responsável por popularizar a canção. Em “Bi-Polar Blues”, Richie Kotzen dá uma grande amostra de talento e versatilidade para o ouvinte. O álbum não saiu da minha playlist desde que conheci.


Bon Jovi Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net) Antes de tecer algumas palavras: eu confesso. Confesso que passei a escutar Bon Jovi após o anúncio no Rock in Rio 2013. (risos) Eu gosto muito de Bon Jovi, mas estava um pouco adormecido. O anúncio me fez relembrar tantas coisas boas do passado, principalmente de infância; assim voltei a escutar. Poderia ressaltar algum álbum clássico, com músicas marcantes, daqueles chicletes, porém, neste embalo de tudo novo, renovação, escolhi o recém- lançado “What about now”, 2013. Não posso dizer que é um álbum fantástico, sensacional, mas há músicas que você se encanta nos primeiros segundos do acorde, assim foi com “I’m with you”. Gostei logo de cara e é uma das músicas de trabalho do novo projeto de Bon Jovi. 54

Como Bon Jovi é conhecido por suas canções melosas, “What about now” não poderia faltar. Toda aquela pitada romântica permeia esse cara que embalou muitos momentos na vida daqueles... apaixonados. Não é o meu caso, no momento (risos). Minha questão aqui é memória. Mas já percebeu que muita coisa out Metal tem sempre uma ligação com o passado? Quem seria eu se não fizesse esta ligação. Porque lembrar é viver (gargalhadas), bordão ridículo, assumo! Do “What about now” destaco: “Because you can”, “I’m with You”, “Picture of You”, “Amen”, “That’s what the water made me”, “Army of one”, “Room at the end of the world”, “With these two hands”, “Not running anymore”, “Old habits die hard” e “Every road leads home to you”. Fica a dica de um álbum mais calmo.


JackDevil Daniel Lima (@daniellimarm | daniel@rockmeeting.net)

A capital maranhense, São Luiz, foi palco de um episódio triste na história do Heavy Metal no Brasil, mas o tormento já passou e as feridas estão cicatrizando após completar um ano. De lá vem uma banda que está se destacando cada vez mais no cenário brasileiro, chamada JackDevil. É formada por André Nadler (voz e guitarra), Ricardo Andrade (guitarra solo), Ricardo Speedwolf (baixo) e Filipe Oliveira (bateria). “Under The Satan Command” foi lançado em 2012 com cinco faixas de puro Thrash Metal. Com as músicas “Thrash Or Die”, “Violent Invasion”, “Under The Satan

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Command”, “Road To Hell” e “The Chaos Never Stops”. O mais difícil de tudo é destacar uma só, já que todas são de puro caos psicológico para quem gosta de Thrash. O que vale ressaltar é que a música “Under The Satan Command” teve como cenário as ruas de São Luiz em seu videoclipe. Pancadaria do começo ao fim que remete ao som dos anos 80. Esse é o som da JackDevil. Sem frescura, o som dos caras é muito bom! Eles merecem todo o reconhecimento que estão tendo na mídia especializada e esse é um trabalho que eu recomendo.



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