Trajetória Política

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A trajet贸ria pol铆tica de Roberto Freire

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O governador José Serra abraça Roberto Freire, por ocasião da outorga da Ordem do Mérito do Ipiranga, a mais alta condecoração do governo paulista.

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Roberto Freire é um dos mais respeitados e influentes políticos brasileiros

O

PRESIDENTE NACIONAL DO

PARTIDO POPULAR SOCIALISTA (PPS)

é um dos que tem conduzido o debate suprapartidário sobre os rumos da esquerda democrática e um novo

projeto socioeconômico e político para o Brasil. Trata-se de um conhecedor profundo dos problemas nacionais e observador crítico e atualizado dos fatos mundiais contemporâneos. Um traço distintivo seu é manter coerência como cidadão e como parlamentar. É um homem público que sempre pautou sua atuação política visando aos interesses maiores da sociedade, sem jamais se ter permitido agir fora dos limites da lei e da sua consciência, quando se trata do patrimônio e bens públicos. Reputado por toda a mídia e pelos especialistas como um político sério e competente, não foi à toa que o respeitável Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), desde que iniciou

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seu levantamento inédito na história política brasileira, o escolheu por 14 anos consecutivos como um dos 100 “cabeças” do Congresso Nacional. E dentro desse restrito grupo, ele sempre foi considerado por seus pares e pela opinião pública como um parlamentar decisivo nas horas decisivas. Roberto Freire chegou a este patamar de reconhecimento público por suas ideias, convicções e atitudes. O seu nome sempre esteve no rol dos políticos efetivamente comprometidos com o avanço da democracia e dos ideais republicanos, sobre ele não pesa uma só denúncia a respeito de sua atuação pública – e este é o seu maior patrimônio após 32 anos ininterruptos na política (um mandato como senador, cinco como deputado federal e um como estadual).

“Roberto Freire caracteriza-se por sua marca de independência e de coragem. Contemporâneo do presente e do futuro, vive em busca de coisas novas e luta como um guerreiro por mais democracia e sobretudo por reformas que façam mudar o corpo e a alma do Brasil”. José Serra, governador de São Paulo, ex-ministro de Estado, ex-senador e ex-deputado federal

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Vivendo uma de suas paixões, o futebol, Freire assiste, no Morumbi, o clássico Corintians versus Palmeiras

Uma relação mais que amistosa É um encontro que estava marcado – licença poética que, com certeza, o famoso cronista Fernando Sabino endossaria – entre São Paulo e Roberto Freire. Nada mais lógico que uma liderança nacional que luta por uma sociedade mais justa e fraterna que assegure a todos os brasileiros a igualdade no acesso às oportunidades viesse se juntar ao esforço também nacional de São Paulo para construir um país mais digno. E num momento decisivo para a história brasileira e paulista: ano de eleição, quando estará em debate e escolha que tipo de presidente da República e que tipo de política de desenvolvimento queremos. Freire, há muito, está vinculado a São Paulo, por razões políticas e até emotivas, não sendo gratuito o partido que preside – o PPS, ter nascido no Teatro Zaccaro, em 1992, e ele ser um entusiasta do cosmopolitismo e do progresso da terra bandeirante. Mais que isso: ele foi figura destacada nos últimos pleitos, seja em 2004, quando fez campanha para José Serra na disputa da Prefeitura de São Paulo; seja

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em 2006, quando foi um dos principais coordenadores da campanha de Geraldo Alckmin à Presidência da República; seja em 2008, quando atuou ativamente ao lado de Soninha Francine. Lembremos que, no Senado (de 1995 a 2002), como líder do PPS, tornou-se referência na luta pela afirmação dos princípios republicanos, pela celebração de um novo pacto federativo e na defesa de políticas sólidas, garantidoras do desenvolvimento, sobretudo das regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Defensor de um desenvolvimento regional equilibrado, nunca caiu na preconceituosa esparrela de acusar São Paulo e o Sul pelos dramas do Brasil. Sempre afirmou que longe de ser problema, São Paulo é parte decisiva da solução. Freire se soma assim, política e eticamente à população de São Paulo, nessa empreitada com a certeza de que há um ideal comum de liberdade e ética, de fraternidade e justiça, de avanço social com a maioria e pela maioria não só dos paulistas, mas de todos os brasileiros.

“Roberto Freire tem uma capacidade singular de acompanhar as mudanças que o mundo e o Brasil sofreram e sofrem. Mais: ele procura nelas se inserir trabalhando alianças na tentativa de viabilizar um projeto democrático e reformista capaz de dar novos rumos ao nosso país”. Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo

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Família, infância e juventude Roberto Freire nasceu no Recife (PE), em 20 de abril de 1942, em uma família de classe média. O pai, João Figueiredo Freire, era funcionário de pequenas empresas privadas dos ramos de comércio e indústria na capital pernambucana, e a mãe, Maria de Lurdes Pereira Freire, cuidava dos trabalhos domésticos. É pai de cinco filhos: Marta, Cláudia, Luciana, Mariana e João, e avô de três netas e três netos. Durante a juventude, praticou várias atividades desportivas no Sport Clube do Recife, time do coração e do qual é sócio benemérito. Chegou q a integrar a seleção pernambucana de basquete e numa ocasião memorável para ele, esteve na quadra com Amaury, Vlamir, entre Rosa Branca, Victor, dentre ete outras glórias do basquete brasileiro, num jogo entree Pernambuco e São Paulo.

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Começou a atuar na política, aos vinte anos, quando aluno da Faculdade de Direito do Recife. Ainda estudante, defendeu trabalhadores rurais dos engenhos de cana da Zona da Mata pernambucana, durante o governo reformista de Miguel Arraes. Ao mesmo tempo, participou, sob a liderança de Gregório Bezerra, conhecido líder comunista, da organização dos sindicatos rurais e se incorporou às equipes do Movimento de Cultura Popular (MCP) de alfabetização de adultos, pelo Método Paulo Freire, ocasião em que estreitou suas relações com o Partido Comunista Brasileiro (PCB).

“Dos combatentes políticos, guardamos lembranças positivas daqueles que mantêm os ideais da época da resistência democrática, tendo como foco o ser humano e as suas necessidades básicas. Que se dedicam à luta pela liberdade, pela melhoria das condições de vida, às temáticas das minorias, à defesa do feminismo e dos direitos da mulher. Nesse grupo se situa Roberto Freire, sempre com postura sólida e coerente”. Yolanda (Danda) Prado – editora, filha de Caio Prado Jr.

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O início positivo da trajetória Roberto Freire enfrentou a ditadura militar desde o primeiro momento, a partir de abril de 1964. Então estudante de Direito se tornou um dos fundadores do Movimento Democrático Brasileiro, o único canal de atuação e participação política permitido. Mas foi através do MDB que se fez a luta política aberta e de massas, a formação de uma ampla frente democrática e, pacificamente, se isolou e se derrotou o regime ditatorial. Daí ter resistido, junto a outros contemporâneos seus, ao grave equívoco da opção da luta armada por parte de algumas organizações e líderes políticos. E quando a derrota destes se consumou num saldo terrível de mortes e desaparecimentos, estendeu a mão, como tantos comunistas, aos derrotados, sem qualquer retaliação ou contrapartida.

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Freire foi também um dos construtores da estratégia política do MDB, a partir de uma crítica dupla, dirigida tanto aos moderados quanto aos “autênticos”, grupo do qual participava junto com outros líderes emergentes, os quais, desesperançados, após a acachapante derrota das oposições em 1970 – período do “milagre econômico” de Delfim Neto e da imensa popularidade do general Médici – propugnavam pela dissolução do partido ante a impossibilidade de superar o arbítrio. Prevaleceu sua visão, compartilhada por Ulisses Guimarães, Tancredo Neves, Franco Montoro, Paulo Brossard, Jarbas Vasconcellos, Alberto Goldman, Marcos Freire, Byron Sarinho e tantos outros.

“Um dos aspectos que mais me impressionam em Roberto Freire como político e sobretudo como dirigente partidário é a sua clareza de que partido é partido, sindicato é sindicato. Isto é, os dois podem manter estreitas relações de parceria, de lutas comuns, mas sem que haja interferência de um sobre o outro”. Francisco de Souza Pereira (Chiquinho), presidente do Sindicato dos Padeiros de São Paulo e dirigente nacional da UGT

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O servidor público Freire ingressou no serviço público no ano de 1967, após ser aprovado em 1º lugar no Curso para Gerente de Cooperativa Integral de Reforma Agrária (Cira), realizado no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (Ibra). Posteriormente, foi aprovado em concurso interno de ascensão funcional para o cargo de procurador autárquico, tudo de acordo com o ordenamento jurídico constitucional da Carta de 1946. Hoje, é procurador aposentado do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), nova denominação dada ao Ibra.

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Acumulando boas experiências Com uma bolsa de estudos concedida por um organismo interamericano de capacitação em reforma agrária, Roberto Freire saiu do Brasil, após o AI-5 e, por quase um ano, morou em Santiago do Chile. Ali sua militância e formação política se aprofundaram. Como bolsista-observador, participou da reforma fundiária realizada pelo governo Eduardo Frei, da Democracia Cristã (DC). Uma revolução pacífica e democrática no campo chileno, ampliada e aprofundada, posteriormente, pelo governo socialista e democrático de Salvador Allende. Nesta sua estada, ocasionada pela impossibilidade de uma atuação política aberta no Brasil à época, compartilhou um sonho comum com outros que lá estavam perseguidos pela ditadura militar brasileira: compreender melhor o mundo e o Brasil e, ao derrotar a ditadura, estabelecer uma democracia justa e fraterna para todos. Nesse míniBrasil no Chile, além de conviver com Antonio Baltar, Jader de Andrade e Ulrich Hoffmann, conhecidos desde Recife, construiu sólidas amizades com alguns brasileiros que se tornariam grandes na conquista da redemocratização: Plínio de Arruda Sampaio, Maria da Conceição Tavares, Paulo Alberto Moretzsonh Monteiro de Barros, que viria a ser um dos mais respeitados intelectuais brasileiros sob o pseudô-

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nimo de Artur da Távola. E o líder da sua geração, José Serra, com quem iniciou uma longa relação de parceria política e pessoal que jamais seria interrompida. E que se traduz numa visão comum da necessidade de uma esquerda reformista e avançada para a crise estrutural da sociedade brasileira que impede o nosso

Roberto Freire com a editora Yolanda (Danda) Prado, Þlha de Caio Prado Jr.

desenvolvimento como país não só democrático, mas justo no acesso a oportunidades para todos. Imbuído dessa verdadeira aula que teve no país andino, Freire lançou-se à disputa eleitoral, pela primeira vez, em 1972. Candidato a prefeito de Olinda (pelo MDB) foi o mais votado, mas perdeu para a soma dos votos das duas sublegendas da Arena. Seu primeiro mandato, o de deputado estadual, foi conquistado em 1974, pelo então MDB. No dia 1º de setembro de 1978, foi o único parlamentar a subir à tribuna para contestar energicamente a eleição de governadores e senadores biônicos. Por sua conduta, foi considerado pelos jornalistas do Comitê de Imprensa da Assembleia Legislativa um dos mais destacados políticos daquela legislatura. A partir da experiência em Pernambuco, e considerado um dos expoentes da esquerda nordestina, começou sua carreira em âmbito nacional.

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Parlamentar nacional Na Câmara dos Deputados, já no primeiro ano de mandato (1979), foi indicado pelo líder do MDB, deputado Freitas Nobre, para integrar a Comissão Mista criada para dar parecer ao projeto de anistia. Era o tema político dominante no Congresso Nacional e na sociedade. Participavam dessa Comissão, o líder símbolo da anistia, senador Teotônio Vilela, e os deputados Marcello Cerqueira (RJ), Del Bosco do Amaral (SP), João Gilberto (RS), Tarcisio Delgado (MG), dentre outros. Roberto Freire visitou presídios, participou de debates e comícios, negociou diretamente a elaboração de artigos e parágrafos que pudessem tirar das masmorras e permitir a volta ao país de centenas de brasileiros perseguidos ou desterrados pelo arbítrio. Defendeu

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a aprovação da Lei da Anistia tal como foi possível e sua tese foi vitoriosa, em contraposição aos que a rejeitavam por não ser ampla, geral e irrestrita, usando o argumento de que seria um erro histórico se votar contra uma lei que permitia o retorno de exilados como Prestes, Brizola, Arraes, Betinho, Gabeira e tantos outros que ajudariam a conquistar a anistia tal como a desejávamos. E esta se tornou uma realidade nos debates e decisões constituintes de 1987/88. Foi ele também o principal organizador da obra Anistia – editada pela gráfica do Senado, em dois grossos volumes –, que registrou em definitivo para a história a luta pela reconciliação entre os brasileiros.

“Roberto Freire sempre se diferenciou dos demais políticos. Contestador por índole, não se conforma apenas em contestar, quer conhecer a fundo os problemas e formular caminhos. E sempre formula com riqueza de argumentos, com propostas, com audácia”. Jarbas Vasconcellos, senador da República, ex-governador de Pernambuco e ex-prefeito do Recife

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Revelador de sua aguda sensibilidade para a política, Freire, no início de 1982, concedeu entrevista ao semanário Voz da Unidade, de São Paulo, na qual alertava as forças oposicionistas para o fato de que a campanha em torno da palavra de ordem de convocação de uma Assembleia Constituinte, que estava em curso, deveria ser momentaneamente substituída por uma outra, de maior apelo popular, em torno da reconquista das eleições diretas para a Presidência da República. A sua proposta se tornou o centro do debate nacional e veio a ser a semente da campanha das Diretas Já, as maiores mobilizações de massas da nossa história. Presença obrigatória nos grandes atos públicos ocorridos nas principais capitais, na condição de vice-líder do PMDB e diante de um milhão de cariocas e fluminenses, Roberto Freire falou aberta e corajosamente no Comício da Candelária em nome do Partido Comunista Brasileiro, ainda na ilegalidade. A história não exige muita ou pouca coragem, mas exige coragem, sem adjetivos. E isso ele sempre demonstrou na sua atuação política. Com a derrota, em abril de 1984, da Emenda Dante de Oliveira, no Congresso Nacional castrado pelo governo militar, Roberto Freire enfrentaria novamente alguns setores da esquerda liderada pelo PT que se recusavam a votar em Tancredo Neves, para derrotar o candidato dos militares, Paulo Maluf. Novamente, como no caso da luta armada e no da anistia, Freire defendeu corajosamente que

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boicotar a votação no Colégio Eleitoral significaria prolongar o regime militar e inviabilizar um governo de transição democrática. Estava, mais uma vez, certo. Como militante do PCB, ainda na clandestinidade, e integrante da grande frente oposicionista, Freire esteve sempre vinculado, como parlamentar e como cidadão, aos grandes movimentos democráticos do nosso povo, desde os anos 1960. Apoiou e participou do processo de reconstrução das entidades estudantis livres e da UNE. Esteve em todos os congressos – Conclats – em que se discutiu a reorganização sindical e a criação de uma Central de Trabalhadores. Assim como atuou nos movimentos grevistas dos operários e trabalhadores, em Pernambuco, no ABC, em São Paulo, e em quase todos os estados.

Roberto Freire e o ex-ministro e ex-governador de São Paulo, Franco Montoro

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Na Assembleia Constituinte Como líder do PCB, que conquistara sua legalidade em 1985, Roberto Freire foi um dos líderes políticos da Assembleia Nacional Constituinte (ANC), instalada em 1987. Seu presidente, Ulisses Guimarães, declarou que a bancada de três parlamentares comunistas (da qual faziam parte Augusto Carvalho e Fernando Sant’Anna), liderada por Freire, tinha tanta influência que valia como se estivesse composta de mais de trinta constituintes. Seu trabalho na ANC virou referência como atuação modelo: era um dos 10 parlamentares mais assíduos no debate das grandes questões e eram suas mais de 500 emendas inseridas na Carta, de forma isolada ou via emendas aglutinativas. Aliás, ressalte-se que o principio da Augusto Carvalho, Fernando Sant’Anna e Roberto Freire – uma bancada que valia por trinta, segundo Ulysses Guimarães

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Freire com o dr. Ulysses e o deputado Paulo Delgado (PT-MG)

emenda aglutinativa – esta saída política e legislativa formulada por Freire para solucionar impasses nas votações em razão da inexistência de emendas específicas – hoje está incorporado em todos os regimentos das casas legislativas do país. Membro titular tanto da Comissão de Sistematização quanto da Comissão de Redação Final da ANC, teve importante papel para a definição da função social da propriedade privada urbana e rural; da liberdade religiosa, de pensamento e de informação; a definição substantiva dos direitos e garantias individuais; avanços históricos nos novos capítulos do meio ambiente e dos povos indígenas; na questão dos direitos da mulher e na moderna visão da família; do acesso à saúde pública, por meio da criação do SUS; na luta pelo fortalecimento da educação básica e das universidades públicas e maior apoio à ciência e à tecnologia.

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Na disputa presidencial Estimulado pelos desafios da construção de um país democrático e socialmente mais justo, Roberto Freire participou da primeira eleição direta para presidente da República, em fins de 1989, para propor novas alternativas, no campo da esquerda, de um projeto transformador para o Brasil. Seus impactantes discursos e palestras, durante a campanha, moldaram o discurso de outros pretendentes ao Planalto: não bastava ser candidato, precisava ter um programa em que o povo se sentisse não só representado, mas beneficiário direto. Seu companheiro nessa jornada histórica foi o saudoso médico sanitarista paulista Sérgio Arouca, seu candidato a vice, lembrado como uma das maiores lideranças que o país já teve na luta por uma saúde pública universal, gratuita e de qualidade. Roberto Freire com Sérgio Arouca, seu vice, e Ruça, presidente da Escola de Samba Vila Isabel – RJ

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Em sua campanha, Roberto Freire foi premonitório, ao anunciar, antes de outros segmentos políticos, que estávamos assistindo ao inicio do fim da sociedade industrial e à emergência de uma nova sociedade do conhecimento, da informação e da vertiginosa aceleração da inovação tecnológica. Entendia a globalização como a face moderna do inelutável processo de integração e socialização que o ser humano vem experimentando na sua aventura na Terra, fruto da luta dos homens e mulheres de boa vontade pela afirmação dos valores da liberdade, da igualdade e da fraternidade, enfim pela afirmação definitiva do humanismo. Roberto teve a coragem, diante dos acontecimentos na Praça da Paz Celestial (Tian Nan Men), em Pequim, na China, de dizer que o nosso socialismo estava do lado dos estudantes e não dos tanques. Enfatizava, com sua histórica posição, que o socialismo poderia ser compatível com a democracia. Um dos temas a que mais se dedicou foi a privatização do Estado brasileiro, em todas as suas instâncias, a partir do governo federal, e a necessidade premente de sua publicização. Denunciou, com veemência, que, em pleno centenário da proclamação da República, a res não era publica, mas res privada (dos que faziam o jogo de interesses e privilégios das elites, das corporações, dos “cartórios”, dos amigos e apaniguados) e defendia uma efetiva República (comum para todos).

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“O melhor, por evitar a demagogia e os insultos, ainda é o jovem deputado Roberto Freire que, ao menos, propõe uma reflexão sobre o Brasil”. Jorge Amado, num trecho do seu livro Navegação de Cabotagem – Apontamentos para um livro de memórias que jamais escreverei, Editora Record, 1992, Rio de Janeiro, p. 10, ao se referir sobre as eleições presidenciais de 1989.

Roberto Freire e o ex-governador paulista Mário Covas, durante um dos debates televisivos da campanha presidencial de 1989

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Palavras e atos Quando se menciona o trabalho de um parlamentar, sabe-se da importância das palavras, porque por elas se faz a defesa de ideias, os debates das grandes questões nacionais, que possibilitam ouvir e conversar com o povo. Mas no trabalho legislativo têm-se também a materialização das conquistas e necessidades populares. E a obra parlamentar de Roberto Freire, tanto na tribuna defendendo as causas populares, como no atendimento das demandas sociais, foi diuturna em todos os seus mandatos. Sua obra tem reconhecimento social e político nacionalmente: • Formulação dos arcabouços legais para materialização da reforma agrária. • Projeto para garantir as eleições diretas para os cargos de reitor e vicereitor de universidades federais e outras instituições de terceiro grau mantidas pela União. • A regularização dos estrangeiros em situação ilegal no país. • Autor do primeiro projeto de lei que trata da inovação tecnológica e do papel da universidade e das instituições de pesquisas e que serviu de plataforma para o que foi enviado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso ao Congresso Nacional.

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Roberto Freire em reunião no Palácio do Planalto como líder do governo Itamar Franco. Na foto também os ex-ministros Antônio Brito, Pedro Simon e Gustavo Krause

• Defendeu, através de um substitutivo, uma política mais avançada do que a proposta pelo governo Lula – ambígua e reticente em especial no que se refere ao papel da CnTBio – no tocante às pesquisas cientificas das células-troncos embrionárias e dos transgênicos. • Projeto de lei que alterava a Lei de Responsabilidade Fiscal, fixando gastos que reduziam substancialmente o número de cargos em comissão, um dos pontos mais destacados na ineficiência do serviço público. • Na condição de líder do governo Itamar Franco, Freire é um dos responsáveis, junto com Sérgio Arouca, este na condição de relator, pelo projeto que implantou o Sistema Universal de Saúde (o SUS), a primeira, exitosa e importante reforma do Estado, mudando para sempre a história da saúde pública no Brasil.

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• Proposta de emenda constitucional pela liberdade de organização partidária, no início dos anos 80, após a criação do Partido dos Trabalhadores, considerando que vários partidos, como o PCB, permaneciam na ilegalidade. • Fim das emendas individuais ao Orçamento da República, ao defender na Constituinte e na tribuna das duas Casas que os recursos financeiros, ao invés de ser retaliados em pequenas obras ou serviços ligados aos interesses dos parlamentares, e quase sempre vinculados à reprodução dos seus mandatos, fossem aglutinados e dirigidos para projetos de interesse estadual ou regional. Como voz quase isolada nessa batalha, anualmente transferia suas emendas pessoais para as universidades e instituições científicas e de pesquisas, especialmente na área da saúde, e/ou ligadas ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia. • Foi o responsável pelo primeiro projeto sobre financiamento público de campanha, com o objetivo de acabar com os “caixas 2” e outras formas corruptas de se obter recursos para a disputa eleitoral. Faz mais de vinte anos que espera ser posto em votação e aprovado. • Projeto que tornava obrigatória a convocação de eleição suplementar a realizar-se nas eleições gerais ou municipais seguintes para o cargo vago de senador, dado que o suplente só poderia desempenhar a titularidade temporariamente e nunca quando houvesse vacância.

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• Reforma eleitoral e da representação política dos estados da Federação. Autor da emenda que reduzia a representação mínima dos estados menos populosos de oito para quatro parlamentares, democratizando a representação mais equilibrada dos estados mais populosos, como São Paulo. Emenda que gerou intensos debates constituintes e teve como um dos seus defensores o então deputado federal José Serra (PSDB/SP), atual governador do Estado. • Projeto que punha fim ao nepotismo no serviço público, na administração direta e indireta, em todas suas instâncias e graus. Aprovado no Senado, em 1996, aguarda ser votado na Câmara.

Roberto Freire com o Deputado Estadual e Presidente Estadual do PPS de São Paulo Davi Zaia

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Por uma esquerda democrática Firme política e ideologicamente, Roberto Freire é um construtor de futuro. Tanto que, paralelamente às atividades parlamentares e institucionais, escreveu o seu nome na história como um homem aberto a ideias novas. Compreendeu criticamente os erros praticados sob a esfera do chamado socialismo real e, com coragem, comandou com outros antigos líderes a travessia da tradição democrática do PCB à tradição renovada do Partido Popular Socialista, criado em janeiro de 1992, um partido vocacionado para ser um dos protagonistas de novos caminhos para a política nacional. Naquele ano, como principal dirigente do PPS, fez com que este fosse um dos primeiros partidos a se integrar à luta pelo impeachment do presidente Fernando Collor, apontado pelo irmão como responsável por uma gigantesca onda de corrupção em seu governo. Cassado o caçador de marajás, por processo institucional, Freire foi convidado pelo presidente Itamar Franco, em dezembro de 1992, para ser líder do seu governo (1993/4) na Câmara Federal. Nesse importante papel, ele ajudou a costurar a montagem de uma base de centro-esquerda para dar sustentação política a essa gestão que deixou uma marca das mais positivas no país, salientando-se sobretudo a implantação do Plano Real, sob o comando do ministro da Fazenda, à época, Fernando Henrique Cardoso.

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Os governos FHC e Lula

Por discordar do implantado modelo macroeconômico e do exagerado espaço dado a setores conservadores, o PPS foi oposição ao governo Fernando Henrique Cardoso. Porém, como também percebia no governo um forte compromisso democrático e uma concepção reformista, Roberto Freire liderou o seu partido para que apoiasse as propostas democráticas e reformistas dele. O PPS aprovou a continuidade do Plano Real (marco histórico de política econômica no país), a Lei de Responsabilidade Fiscal, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização

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dos Profissionais da Educação (Fundeb), a criação das agências reguladoras, a privatização da telefonia, da siderurgia etc. Mostrando sua postura democrática, Freire manifestou-se contra movimento golpista liderado pelo PT e por entidades sindicais a ele vinculados, no inicio de 1999, com a palavra-de-ordem “Fora FHC”, que culminou com uma manifestação liderada por Lula na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Como consequência dessa política de oposição, Freire ajudou a viabilizar uma candidatura do PPS à Presidência da República, em 1998 e 2002. Apesar das derrotas politico-eleitorais, o lider do PPS sempre afirmou que as campanhas ajudaram na divulgação do partido e em seu relativo crescimento. Tendo sido o primeiro partido a apoiar a candidatura Lula, no 2º turno, foi também o primeiro e único da base que, com certa ousadia, discordou do caminho seguido pelo governo. Em agosto de 2004 (vinte meses depois da posse), ele assinou e lançou o documento partidário “Sem mudança não há esperança”, em que defendia correção de rumos na política econômica e alertava para o fato de que as promessas feitas em campanha não estavam sendo cumpridas, sobretudo no tocante a realizar as reformas estruturais tão necessárias para dar novos rumos ao país, além de não haver espaço para o diálogo democrático entre as forças que davam sustentação ao governo.

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Fato inédito na vida política brasileira foi protagonizado por ele e seu partido, quando ao final do segundo ano de governo Lula, em dezembro de 2004 (saliente-se que ainda não era o governo dos escândalos do mensalão, sanguessugas, aloprados etc), Roberto Freire liderou o rompimento do PPS com a gestão petista, àquela altura, também, já em franco e acelerado processo de aparelhamento do Estado, entregando todos os cargos que o partido possuía no governo, inclusive o Ministério da Integração. Convém lembrar que todos os filiados que não aceitaram a decisão foram então excluídos dos quadros do PPS por não respeitarem o posicionamento amplamente majoritário do seu partido. Da mesma forma, Roberto Freire não tem vacilado em afirmar de público que o PT e Lula, lamentavelmente, não têm projeto de Brasil, mas apenas projeto de poder, e que, por isso, dificilmente o seu governo poderia implantar as bases para efetivamente promover as mudanças que o Brasil necessita. Por vários meses, denunciou a aliança de Lula com grupos políticos conservadores e pior, fisiológicos e corruptos no Congresso, e muito insistiu junto ao governo na correção de rumos de desenvolvimento econômico e social, propostas que jamais foram consideradas. Nasce dessa clareza o rompimento de Freire e do PPS com a gestão Lula, que frustrou as esperanças depositadas nas urnas desde 2002.

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“Roberto Freire é um líder político que me impressiona muito. É tão inconformado e desacomodado quanto um garoto que estivesse começando agora. Incrível como ele não tem medo de escolher o caminho mais difícil – rompeu com um governo ao ter certeza de que este rumava no sentido contrário ao prometido, um exemplo mais que memorável. Como luta apaixonadamente, é um homem que não descansa, não sossega, não foge da labuta”. Soninha Francine, ex-vereadora da cidade de São Paulo. Sub-prefeita da Lapa

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Em escala planetária Cidadão do mundo, Roberto Freire cumpriu destacadas missões internacionais de que são exemplo, dentre tantas, a da participação na reunião anual da Organização das Nações Unidas – ONU (1987); membro das comitivas presidenciais de José Sarney na visita oficial à União Soviética, oportunidade em que conheceu o presidente Mikhail Gorbachov (1988); do presidente Itamar Franco à Bolívia quando foram assinados acordos de cooperação econômica na área do petróleo (1993); do presidente Fernando Henrique Cardoso ao Chile para a posse do presidente Ricardo Lagos; missões parlamentares em Cuba, na então URSS, na Alemanha, no México, em Angola, na Argentina, dentre outras. Sem contar que foi membro ativo do Parlamento Latinoamericano tendo participado de vários de seus encontros, destacando-se as Conferências Interparlamentares União Europeia-América Latina, nas cidades de Santiago do Chile, em Lima, no Peru e em Bruxelas, na Bélgica. Inúmeras participações em reuniões do Parlatino aqui nas Américas, destacando-se as realizadas em Havana, Oranjestad-Aruba, Caracas, Montevidéu, México etc. Como senador, foi convidado pela

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Federação das Indústrias de Pernambuco e acompanhou missões comerciais à Bélgica, Holanda, Itália e à República Sul-Africana. Nos planos especificamente político e partidário, foi destaque na V Reunião de Políticas Alternativas para a América Latina, realizada em Buenos Aires, com lideranças políticas da esquerda e da centroesquerda latinoamericana, e participou em congressos partidários na URSS, no Japão, Chile, na França e na Itália, em três congressos históricos que fizeram surgir do Partido Comunista Italiano (PCI) a Esquerda Democrática (SD) e o atual Partido Democrático (PD). No plano intelectual, cabe destacar sua presença como expositor num Seminário sobre Reforma Política, em Vancouver, no Canadá, também como palestrante de um Seminário no St. John’s College, de Oxford, na Inglaterra, e de uma Conferência organizada pelo Centro de Estudos Latinoamericanos da Universidade da Califórnia, em Berkeley, nos Estados Unidos, na qual se faziam presentes a saudosa Ruth Cardoso e dois ilustres brasileiros, hoje candidatos à Presidência da República, Marina Silva e José Serra.

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Uma palavra reconhecida Além de discursos na tribuna parlamentar, de palestras em centros universitários e escolas médias, em entidades da sociedade civil, Roberto Freire concede entrevistas quase diárias em diferentes veículos da mídia nacional, além de publicar artigos nos mais importantes jornais brasileiros. Lançou mais de uma dezena de livros sobre os mais variados temas, de que são exemplo Anistia, em dois volumes (1982), Os grandes debates na Constituinte (1988), A Esquerda Democrática e as Reformas (1995), Repensando o Socialismo, discutindo o Brasil (1996), Esquerda em novo tempo (1996), Contemporâneos do futuro (1997), A construção de uma política (2002) e Coerência e Mudança (2003).

Roberto Freire saúda o ex-presidente Itamar Franco quando de seu ingresso no PPS

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Roberto Freire troca idéias com o cineasta João Batista de Andrade, ex-secretário de Cultura de São Paulo

O reconhecimento de suas qualidades e do seu valor não se revela apenas nas suas vitórias em disputas eleitorais, nas manifestações de alguns dos mais expressivos líderes políticos, de intelectuais e jornalistas, mas também em instituições públicas, que o homenagearam com a Ordem do Rio Branco, no Grau de Grande Oficial, pelo Ministério das Relações Exteriores; com a Ordem do Mérito Naval, pelo Ministério da Marinha; com a Ordem Nacional do Mérito Científico, na Classe da Grã-Cruz, pelo Ministério de Ciência e Tecnologia. Sem falar na Ordem do Mérito do Ipiranga, a mais alta condecoração dada pelo governo estadual de São Paulo; e na Ordem Bernardo O’Higgins, Gran Oficial, pela Presidência da República do Chile.

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Uma dos símbolos da luta democrática Socialista, humanista e libertário por convicção, no decorrer de sua longa carreira pública, Roberto Freire se transformou em um dos símbolos, juntamente com tantos outros brasileiros, na luta pelo fim da ditadura e pela retomada da democracia. E nessa caminhada, sempre defendeu amplas alianças, criticou posturas excludentes, já que acredita que a construção de um novo Brasil é feita sem exclusivismos e passa, obrigatoriamente, pelo exercício pleno da cidadania e pela consolidação e ampliação da democracia. Nesta perspectiva, sempre preconizou também a adoção de práticas de democracia direta – o plebiscito, o referendo e a iniciativa O senador Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE), amigo com quem iniciou carreira política desde muito jovens, em animada conversa ao lado de Freire e do ex-governador paulista Geraldo Alkhmin

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popular de lei, princípios consignados na Constituição e que tiveram a sua participação com entusiasmo e eficácia. Porém sempre entendeu e defendeu que a democracia direta e a democracia política, em todos os níveis da sociedade e do Estado, são elementos inseparáveis de um mesmo processo e não devem ser contrapostos. Entre os traços distintivos de Roberto Freire estão a coerência, a abertura para pensar o novo e a persistência na utopia libertária e igualitária – algo escasso no Brasil de hoje. É reconhecido como um grande político, um grande homem, porque surpreendentemente permanece atual, quando muitos que trilharam caminhos idênticos se enroscaram, perderam o rumo, ou se corromperam.

“Desde que conheci Roberto Freire na campanha presidencial de 1989, assim como muitos, não posso esquecer daquela ousadia que nos tomou o espírito e o corpo, conquistando pessoas de todos os matizes, pessoas inesperadas, ao propor uma superação histórica, viabilizando nossos sonhos de uma proposta democrática para o socialismo no Brasil. Sua campanha deixou saudades e sedimentou esse espanto na memória de muita gente, como venho percebendo agora em São Paulo: uma recepção muito grande, como se o Roberto fosse, agora, um presente para São Paulo”. João Batista de Andrade, cineasta e escritor, ex-secretário de Cultura de São Paulo

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Um otimista da política, apesar de tudo É um homem que, apesar de todo o desvirtuamento que ocorre na política em nosso país, ele ainda a vê como algo mágico, como a arte do encontro dos interesses legítimos dos cidadãos. Por isso aposta nela, vive por ela, vive dela e acredita que é possível mudá-la. Sempre otimista, sabe que a sociedade está perdendo valores, mas não está morta, vivendo um período de letargia e que, há qualquer momento, pode despertar.

Roberto Freire troca ideias com o compositor Paulinho da Viola e o editor Ênio da Silveira

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Roberto Freire separa política de negócio, não acredita na possibilidade de as duas andarem juntas. Daí sempre denunciar os escândalos, romper com esquemas ardilosos, defender o financiamento público das campanhas eleitorais (para retirar o financiamento da política das mãos dos negocistas). É um homem cujo patrimônio, depois de mais de três décadas na política, é modesto, próprio de classe média, compatível com o que ganhou. É isso porque sempre acreditou na política e no papel do homem público, que mira sempre os interesses da sociedade, do país e do mundo, sem nunca agir fora dos limites da lei e da sua consciência.

“Não é fácil se encontrar uma pessoa com a dimensão de Roberto Freire, com a sensibilidade, o poder de argumentação e sua característica maior de ser uma pessoa inquieta à procura de aprofundar seu raciocínio político, aberto a rever conceitos. Trata-se de uma privilegiada cabeça pensante que faz muita falta ao Congresso Nacional”. Alberto Goldman, vice-governador de São Paulo, ex-deputado federal por vários mandatos

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Modelo do verdadeiro político Aberto ao diálogo e avesso a posições sectárias – embora sem vacilar em relação a princípios –, nunca compactuou com políticas à direita nem fez concessões ao esquerdismo infantil. Por não acreditar em atalhos, jamais se empolgou com aventuras e está sempre aberto ao diálogo e à mudança. Nesse sentido, acredita na construção de uma nova formação política no Brasil, capaz de conceber e executar novas estratégias de desenvolvimento e justiça social, tendo o PPS como um desses instrumentos. É atual porque fala em reforma política, e defende teses polêmicas sem medo de perder ou ganhar votos. É novo porque sabe que sem o ingresso da juventude e da mulher na política, e de pessoas sérias e honradas, pouca coisa há que se fazer. Roberto Freire em companhia do dramaturgo Dias Gomes ao lado do ator Stepan Nercessian e outros amigos

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Roberto Freire é o candidato da modernidade capaz de representar bem a cidadania. Porto seguro da ética e orientado por projetos sólidos, que apontam saídas de longo prazo para o país e a sociedade, defende um projeto nacional, e o compreende como um movimento para melhorar a vida das pessoas (desenvolvimento humano), de todas as pessoas (desenvolvimento social), das que estão vivas hoje e das que viverão amanhã (desenvolvimento sustentável). Além do mais, continua um internacionalista convicto, aposta em uma globalização com a afirmação do multilateralismo, defende o interesse nacional mas acredita no sonho de um dia o mundo poder proclamar a ideia do fim do conceito de “estrangeiro”. Carrega a utopia da fraternidade dentro dele. É um político que abre o peito e não se esconde. É o tipo do político que o Brasil gostaria de ter como seu modelo. Roberto Freire visita seu conterrâneo, o grande educador Paulo Freire

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A convite da Federação Israelista do Estado de São Paulo, o então senador Roberto Freire profere conferência sobre a conjuntura brasileira

“Querido e admirado Roberto Freire, por quem tenho um mundo de afeto, apreço e admiração. Fiz boca-de-urna para sua candidatura à Presidência e espero que você venha a ser cada vez mais um líder político criador de novos horizontes para as possibilidades do nosso sonhar e do nosso agir, em nome da humanização libertária da existência”. Poeta Moacyr Félix, em bilhete manuscrito de 20/09/1998

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