Velô #4

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EDIÇÃO #4 | DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

ENTRE AMIGOS Os grupos de pedal que são fonte de incentivo e de amizades DOBRÁVEIS Para combinar com outros meios de transporte e guardar em qualquer lugar TRANSITE Projeto fotográfico está retratando as pessoas que pedalam pelo Brasil

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INDIVIDUAL E COLETIVA Nada se compara ao poder da bicicleta quando o assunto é reunir e unir pessoas. Não é à toa que ouvimos histórias de amizades que surgiram através da bike, de pessoas que se aproximaram pela afinidade em pedalar ou de pessoas que passaram a olhar os ciclistas com outros olhos depois de conhecer essa perspectiva mais humana de viver e conviver em sociedade. A bicicleta nos faz entender que somos pessoas, independentemente de nosso meio de transporte. Coloca os seres humanos à frente de qualquer veículo, seja movido a motor ou a arroz e feijão. Por isso, talvez, por colocar todos de igual para igual, ela seja um meio de aproximar pessoas. Nesta edição, contamos histórias de união e de amizades criadas e fortalecidas no pedal. Também entrevistamos um dos criadores da Transporte Ativo, uma organização civil que atua no Rio de Janeiro desde 2003 e contamos a história do fotógrafo que está percorrendo o Brasil para registrar as histórias por trás de cada bicicleta. A conexão desta edição #4 é com a capital irlandesa, que está entre as 20 melhores cidades do mundo para andar de bicicleta. Boa leitura! da redação

CAPA ©iStock.com/ halbergman

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CONTATO redacao@revistavelo.com.br

JORNALISTAS RESPONSÁVEIS Lina Colnaghi MTB: 15204 Sabrina Silveira MTB: 13629

DISTRIBUIÇÃO Gratuita

PROJETO GRÁFICO Sabrina Silveira

PERIODICIDADE Bimestral

IMPRESSÃO Impressos Portão

Edição #4 Porto Alegre | 2014

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Todos os artigos assinados e as fotografias são de responsabilidade única de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.


“Quando pego minha bike pedalo para outro mundo. Um lugar sem o estresse do trânsito ou a correria do dia a dia. Sou só eu, minha Soul e a liberdade que ela me dá.” Hans Peder Behling

Professor universitário, corredor, ciclista, paraglider e embaixador Soul. fb.com/hans.behling

Liberte sua Alma. Pedale uma Soul.

www.soulcycles.com.br facebook.com/soulcycles 5


NESTA VELÔ

08 bike dobrável

16 pedal em grupo

38 conexão: Dublin

12 projeto transite

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30 primeira massa


colaboradores

CAROL CORSO Jornalista e fotógrafa. Adora pedalar e cantar. Sua felicidade está em uma vida simples, com energia e muito amor.

ODIR ZÜGE JUNIOR Professor, ciclista, viajante e sonhador.

DANIEL SENGER Educador físico, atua como personal trainer. Pratica ciclismo por prazer e tem interesse na ciência que o esporte envolve.

DEB DORNELES Você a encontra fotografando enquanto pedala pelas ruas da capital gaúcha. Assina o querido Porto Alegre Cycle Chic.

BÁRBARA MOREIRA Jornalista, mora em Porto Alegre. Acredita na mudança significativa de uma cidade através de uma visão sustentável que dê mais valor à bicicleta.

LÍVIA ARAÚJO Jornalista e paulista, mora em Porto Alegre há oito anos, cinco dos quais pedalando diariamente. A bicicleta é o seu Lado B que está virando Lado A.

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dobrável

Estica e pedala Por Bárbara Moreira

Práticas para guardar e carregar, as bicicletas dobráveis estão caindo no gosto de quem pedala na cidade ou viaja bastante.

Divulgação: Soul Cycles

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Nem todo mundo consegue se deslocar pela cidade utilizando apenas um meio de transporte. E tem quem não pode ter uma bike por falta de espaço para guardá-la. Para esses casos, uma solução: uma magrela compacta que possa ser facilmente dobrada ao meio. A bicicleta dobrável, ou flexbike, quando flexionada, cabe em qualquer ambiente, também podendo ser facilmente combinada com outros meios de transporte - pode ser levada no ônibus, no trem, no metrô ou no carro. Essa característica faz com que ela seja ideal para o meio urbano. Andar de bicicleta fazia parte da rotina do analista de sistemas Francisco Pinto, mas o hábito precisou mudar quando foi morar em um apartamento pequeno. Com pouco espaço para guardar uma bicicleta, ele teve que abandonar o hábito. Com o tempo, descobriu as dobráveis. “A maior vantagem, evidentemente, é o fato de seu volume poder ser muito reduzido quando dobrada, facilitando muito sua entrada e armazenamento em qualquer lugar”, conta. “Uso a dobrável quando meu trajeto envolve entrar em algum prédio que não tenha bicicletário ou quando tem paradas intermediárias”. Com a jornalista Márcia Schuler não foi diferente. A falta de espaço físico no aparta-

mento novo impossibilitava o armazenamento da bicicleta. “O prédio tem um bicicletário de acesso difícil, então decidi comprar uma que eu pudesse acomodar facilmente dentro de casa, deixando o bicicletário para a bike maior, que eu uso eventualmente”, explica. Além disso, Márcia também optou por uma dobrável por acreditar que se encaixava bem em suas atividades diárias. “Uma das principais vantagens é a sensação de liberdade que ela dá, pois não preciso me preocupar tanto se onde eu vou vai ter um lugar seguro para prender a bike”, conta. A bicicleta dobrável é ideal para percorrer pequenas distâncias (faz em média 8 a 10 km confortavelmente), sem desenvolver grandes velocidades (chega a mais ou menos 20 km/h). Everson Ribas, mecânico e proprietário de uma loja de bicicletas em Porto Alegre, afirma que geralmente o cliente já vem com a ideia da flexbike na cabeça pela facilidade que ela proporciona. Por sua estrutura e articulações, há quem pense que a dobrável é mais frágil que uma bicicleta comum. Everson assegura que o modelo é tão forte quanto qualquer outro e geralmente costuma servir para pessoas de diferentes pesos e tamanhos. Em contraponto, demanda mais manutenção e precisa ser 9


“Sempre uso a dobrável quando meu trajeto envolve entrar em algum prédio que não tenha bicicletário ou quando tem paradas intermediárias”.

Chinnian, Creative Commons

Francisco Pinto

calibrada com maior frequência, devido ao tamanho e espessura do pneu. Outro aspecto negativo é o peso da bike - em torno de 13 kg. “Para mim é bem pesadinha de carregar dobrada”, conta Márcia. Uma característica que também chama a atenção é o tamanho dos aros. Enquanto as comuns têm aro 26”, as flexbikes em geral apresentam tamanho 16” ou 20”. Quanto menor a roda, mais se perde a estabilidade. “Por ser pequena, ela é super ágil para andar no trânsito, mas é preciso atenção redobrada com os buracos”, explica Márcia. Outra diferença importante é o tamanho que ela fica quando flexionada: quanto menor for o aro, mais fácil de carregar e armazenar. Mas, afinal, quanto custa uma dobrável? 10

O preço de uma bicicleta intermediária, por exemplo, gira em torno de R$ 900 a R$ 3 mil. A verdade é que bicicletas mais caras tendem a ser mais resistentes, além de apresentarem alguns recursos fundamentais, como paralamas, refletores próprios, buzina, bagageiro e protetor de correia. A principal questão na hora de adquirir uma magrela deste tipo é avaliar a rotina e os percursos mais frequentes. E é sempre bom lembrar que a bicicleta é um dos mais baratos e sustentáveis meios de transporte que existe. Francisco acrescenta: “Não tenho intenção de levantar bandeiras, mas hoje, em qualquer centro urbano denso, mesmo sem querer, andar de bicicleta é quase um ato político”.


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RETRATOS DO BRASIL Onde estão e com quem estão as 70 milhões de bicicletas que o Brasil diz circular pelo território nacional? Essa foi a pergunta que instigou o fotógrafo Felipe Baenninger, de 25 anos, a viajar pelo país de bicicleta registrando estes rostos e as suas histórias. O projeto Transite é totalmente colaborativo. Além das centenas de colaboradores espalhados em todos os estados, já arrecadou via crowdfunding um total de R$20 mil. O resultado dessa jornada será um foto-livro, que está disponível em pré-venda no site do projeto. Até julho, mais de 300 cliclistas já haviam sido clicados em sete estados diferentes. A previsão de término do projeto é segundo semestre de 2015. Confira aqui alguns dos cliques do fotógrafo. Mais informações no site www.projetotransite.com.br.

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Entre amigos Por Lina Colnaghi

A bicicleta é o veículo individual mais coletivo que existe. A maioria das pessoas que começa a pedalar conta com incentivo de amigos e dos grupos de treinos e passeios ciclistícos. 16


Para quem busca lazer, diversão, incentivo durante treinos ou uma maneira de ganhar mais confiança na bike, os grupos de pedal são ideais. Existem diversos espalhados pelo país - alguns bem informais, que surgem da vontade de reunir amigos, outros mais organizados. Mas o que existe em comum entre todos eles é a capacidade de unir pessoas em torno de uma afinidade, fortalecendo e criando vínculos de amizade, parceria e solidariedade. A história de Marcus Pinto de Brum com a bicicleta é praticamente a história de vida dele. “Tenho a lembrança de descer a avenida Santo Antônio (em Porto Alegre) de triciclo rumo ao Parque da Redenção com cinco anos de idade”, conta. Para o engenheiro eletricista, bicicletista, endurista e motociclista, a bike significa liberdade e mobilidade. “Quem pedala leva a vida mais leve. Bicicleta significa um monte de ideias sobre viagens, sobre outra maneira de ver o mundo. Uma maneira que ficou no passado, em algum lugar do mundo, que está sendo revivida”, explica. Marcus fez muitos, e ótimos, amigos por causa da bike. Segundo ele, basta sair de bicicleta e ir a um parque para encontrar pessoas amigáveis e simpáticas. “Com a bicicleta, as pessoas não têm a armadura da carroceria do carro”, diz. Pedalando em grupo, percebeu que a necessidade de um ajudar o outro cria um tipo de amizade mais sincera. “Sair para viajar de bike é um sacrifício e este é o

tempero especial das grandes amizades. No esforço da subida, na dificuldade da trilha ou da chegada, depois de um dia inteiro pedalando, é que mostramos nossas melhores qualidades. O companheirismo, a amizade, a solidariedade. Isso é pra sempre”, define. A família não poderia ficar de fora. Tudo começou com o desafio de conhecer o seu próprio corpo, os limites e saber ultrapassá-los. Como o principal hobby de Marcus é o enduro de motocicleta, e não conseguiria compartilhar este esporte com a esposa e as duas filhas, descobriu que pedalar seria a solução. Assim, ele conseguiu replicar este ambiente nos passeios de bike. No meio do mato, no campo, com distâncias grandes e com dificuldades enormes. “A disciplina, o controle, o planejamento, a criatividade, a memória, a resistência, a persistência e a autoconfiança são sentimentos frequentes nos passeios e na vida cotidiana. Esse é o segredo”, diz ele. Mas não é só esta a família de Marcus. Ao grupo de bike-amigos - são 17 ao todo - deuse o nome de “Família Ado”. “Quando chegamos em algum lugar, todo mundo está suado, cansado, arranhado, castigado e muitos outros ‘ados”, explica com humor. PEDALAR SIGNIFICA GRUPO Emerson Fuga começou a pedalar há cinco anos. Apesar de ter uma bike em casa desde 1997, o administrador de empresas 17


Fotos Arquivo Pessoal

admite que ela estava lá “pegando pó”. Até o dia em que um amigo o convidou para para fazer parte de um grupo de pedal. Hoje ele participa de três - um de estrada, um de mountain bike e outro em que os participantes fazem triatlhon - e eles se encontram toda semana. “Cada grupo tem cerca de 20 a 25 pessoas e saímos todos os finais de semana. Durante a semana nos encontramos também, principalmente os que treinam para competições. Com esses dias de inverno aproveitamos o horário das 11h30 às 13h30 para pedalar”, conta Emerson. Segundo ele, a bike ampliou sua rede de amigos. “É legal porque você cria uma rede de conhecidos e amigos e acaba fazendo atividades além da bicicleta. Organizamos jantares e viagens, por exemplo. A última que fizemos foi para a cidade de Lauro Müller e subimos a Serra do Rio do Rastro”, conta. “Os grupos são bons para quem busca gan18

har confiança, que foi o meu caso. Mas depende do nível do ciclista. Se for muito iniciante, a menos que exista alguém no grupo com muita disposição em ajudar e ensinar, o ideal é procurar passeios ciclísticos, como os organizados por lojas de bike, por exemplo”. Para o professor, arquiteto e urbanista Julian Grub a parte mais contagiante, e o que o fez efetivamente se apaixonar pelo ciclismo, é a força que a bicicleta tem de atrair sujeitos de todos os tipos e idades. “A relação com o outro é direta e a convivência, a amizade, o cuidado e o respeito fazem parte das suas regras básicas”, argumenta. Ele faz parte de uma rede de amigos e conhecidos da cidade de Novo Hamburgo (RS), onde pedalam uma vez por semana, aos sábados à tarde, com um grupo que pode variar de 10 a 20 pessoas. “Nesse grupo encontro dos veteranos aos iniciantes. É uma ótima oportunidade para trocar de experiên-


cias e fazer novas amizades”, afirma. Julian acredita que o ciclismo necessariamente tem um caráter e vocação de grupo, de coletividade. “É nestes momentos que o pedal proporciona as maiores trocas. Um exemplo é a grande quantidade de ciclistas e a familiaridade que temos através da bicicleta, muitas vezes parece que nos conhecemos há tempo. Através da bicicleta criei um ciclo de bons amigos e colegas, é uma rede que não pára de crescer a partir de um único objeto, a bike”. Há cinco anos o policial militar Juarez Pereira se mudou de Santana do Livramento para Porto Alegre. Depois de ter seu carro furtado, resolveu comprar uma bike para ir ao trabalho. Nessa mudança, acabou perdendo 12 quilos. Começou a participar de alguns passeios ciclísticos na cidade, mas tinha dificuldades de acompanhar o ritmo e acabava ficando para trás. “Pensei: vou criar

um passeio em que as pessoas cuidem das pessoas”, conta. Assim surgiu o PedaAlegre, que completa três anos no dia 23 de dezembro. “Criei um site, uma página no Facebook e comecei a divulgar. Nos encontrávamos e eu determinava os itinerários e escolhia as lideranças - que me ajudavam com a tarefa, já que não conhecia tão bem Porto Alegre ainda”, explica. Segundo Juarez um dos diferenciais está na segurança: “Temos sempre um líder à frente e um na retaguarda, usamos bastões luminosos e coletes com refletivos, nos passeios ao final do dia e também usamos rádios para que os líderes se comuniquem”, explica. Atualmente, os passeios acontecem toda semana, saindo da Usina do Gasômetro com roteiros diferentes - nas terças e quintas para iniciantes, quartas e sextas com itinerário mais avançado e aos sábados e domingos os passeios são para lugares mais distantes. 19


entrevista

Foto Divulgação

MOBILIDADE HUMANA Zé Lobo (à direita na foto) é um dos criadores da Transporte Ativo, que atua desde 2003 no Rio de Janeiro na promoção dos meios de transporte à propulsão humana. A organização colabora com pesquisas e informações e serve como mediadora entre a população e poder público quando o assunto é mobilidade urbana voltada para as pessoas. 20

Velô: Como surgiu e o que motivou a criação da Transporte Ativo? Zé Lobo: Desde o final dos anos 80, quando o Rio começava a implantar sua malha cicloviária, algumas pessoas já vinham, individualmente, cada um a sua maneira, promovendo o uso de bicicletas. Em 2003, com o crescimento da malha cicloviária da cidade e a falta de campanhas de conscientização e educação, resolvemos nos unir em uma organização representativa para tentar um diálogo mais próximo com a Prefeitura, um elo entre o usuário e o administrador, para preencher esta lacuna no planejamento cicloviário, na educação e na conscientização.


Velô: Como a Transporte Ativo atua hoje? ZL: Hoje funcionamos como um centro de informações para o poder público, a imprensa e os cidadãos. Fornecemos informações sobre o uso de bicicletas na cidade, levantamos dados, fazemos pesquisas, temos uma rede de comunicação com atores no mundo inteiro. Sempre enviamos todos os dados levantados para ao poder público e à mídia. Sendo a iniciativa de sucesso, fazemos também um tutorial para que qualquer um possa replicar aquela atividade em sua cidade ou bairro. Atuamos também como uma espécie de hub para projetos e iniciativas ligadas à bicicleta, sempre colocando interesses comuns em contato. Velô: Como vocês enxergam os resultados dos esforços da Transporte Ativo, desde o início até hoje? ZL: A cidade mudou muito nesses dez anos, uma evolução muito grande no “entender” a bicicleta, tanto por parte da população quanto por parte do poder público. Se você começar a pedalar hoje pelo Rio, vai se sentir

inseguro, afinal o trânsito é de cidade grande. Mas para quem já circula por aqui há muito tempo, o aumento do respeito ao ciclista é visível e notável. Acredito que um dos principais motivos da mudança é a quantidade de ciclistas nas ruas. Em qualquer esquina que você vá, você vai encontrar alguém de bicicleta. Para o motorista, encontrar um ciclista não é mais uma surpresa, mas uma coisa comum. Acostumado à sua presença, a via se torna mais segura. Nossa participação nesse processo é imensurável, mas acredito que tenhamos influenciado um pouco todas as partes envolvidas e isso nos deixa orgulhosos.

Velô: Que projetos e ações a Transporte Ativo desenvolve hoje, contribuindo para a melhoria das condições para pedalar nas cidades? ZL: Seguimos divulgando os benefícios que a bicicleta traz para todos em palestras, seminários, no blog e em todas as oportunidades. Estamos trabalhando continuamente também no mapa cicloviário do Rio, que este 21


mês atingiu mil pontos mapeados (www. ta.org.br/ciclorio). O acesso ao banco de dados é livre, ou seja, qualquer um pode usar os dados em um aplicativo, para mapeamento, pesquisa, o que for. E a estrutura do mapa está disponível também para quem quiser replicar um em sua cidade, com o suporte da TA se necessário (www.ta.org.br/mapas). Estamos finalizando o manual Frotas de Bicicleta, que é uma sequência dos manuais lançados anteriormente: De bicicleta para o trabalho e Bicicleta na Empresa.

“Há alguns anos fui a Copenhague ver a “mágica” da infraestrutura de lá que leva metade da população a circular de bicicleta. Ao chegarx lá, percebi que a magia não estava na infraestrutura, mas na educação das pessoas, no respeito ao próximo.”

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Velô: Você acredita que mais iniciativas organizadas da sociedade civil podem impulsionar melhorias em todo o país? Como as pessoas podem agir? ZL: Acredito que da sociedade civil que virão as mudanças. O poder público tem o poder a curto prazo, a sociedade a longo prazo. Nós decidimos ao que eles vão ter de se adaptar no futuro. Então é começar já, buscando melhorias em casa, no bairro, na cidade, em todo o Brasil. A Transporte Ativo nasceu exatamente para não ficar esperando que outros fizessem, isso serve pra qualquer ideal. Acredite, vá em frente!

Velô: Qual o papel da educação na construção de cidades melhores em termos de mobilidade? ZL: Vou citar uma situação que aconteceu comigo que resume bem isso. Há alguns anos fui a Copenhague ver a “mágica” da infraestrutura de lá que leva metade da população a circular de bicicleta. Ao chegar lá, percebi que a magia não estava na infraestrutura, mas na educação das pessoas, no respeito ao próximo. As ruas lá são um espaço de compartilhamento, convivência, e não disputa,


como em diversos lugares. Velô: Como promover uma mudança de hábito para incentivar cada vez mais o uso das bicicletas como transporte? ZL: Acho que deve começar dentro de cada um, a partir de atitudes e decisões pessoais que servirão de exemplo para familiares, vizinhos, colegas de trabalho. Passo a passo,

“O poder público tem o poder a curto prazo, a sociedade a longo prazo. Nós decidimos ao que eles vão ter de se adaptar no futuro”.

ou pedalada a pedalada, externando da forma que for mais conveniente, aos poucos apresentamos às pessoas uma nova realidade, o século XXI. É importante compreender as mudanças como um todo e as bicicletas virão naturalmente como uma ferramenta para essa mudança.

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Foto Divulgação

Casa dos ciclistas Por Lívia Araújo A Cidade da Bicicleta, uma oficina comunitária e ponto de encontro dos ciclistas de Porto Alegre vai ganhar uma nova casa. Ponto de encontro de apaixonados pela bicicleta, de troca de conhecimentos práticos e teóricos sobre mecânica e de ativismo ciclístico por cerca de dois anos, a Cidade da Bicicleta pode reabrir suas portas aos portoalegrenses. No início de julho, a Prefeitura de Porto Alegre cedeu à população o uso de parte do vão sob o viaduto dos Açorianos, no Centro da capital gaúcha, próximo ao largo Zumbi dos Palmares, local tradicional de 24

concentração da massa crítica. De 2011 a 2013, a Cidade da Bicicleta (CB) funcionou como um espaço multiuso voltado ao desenvolvimento da cultura da bicicleta: além de possuir uma oficina comunitária (baseada no princípio do “faça você mesmo”), que funcionava duas vezes por semana, o local também abrigava discussões de grupos e associações voltados à questão da mobilidade urbana, festas e mobilizações diversas, e totalmente gratuita e aberta ao público. Os próprios usuários faziam contribuições espontâneas para custear a manutenção do local, abrigado por uma uma casa particular cedida aos usuários da CB. Como o proprietário reclamou de volta o terreno, desde julho passado a Cidade da Bicicleta estava com suas atividades suspensas. A partir de então, ciclistas e ativistas se mobilizaram pela volta do espaço, fazendo um levantamento de possíveis apoiadores, para a cessão de um novo local, e também solicitando a ajuda das esferas estadual e


municipal para o uso de imóveis públicos. Nesse ínterim, o processo foi encampado pela Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta (Mobicidade), que se encarregou das responsabilidades legais para a obtenção de um espaço. Com o direito de uso cedido pela Administração Municipal, Mobicidade e cidadãos partem para uma nova discussão: como e com que recursos construir a estrutura da Cidade da Bicicleta sob o viaduto, já que o local não conta com imóveis ou uma demarcação física?

SOLUÇÕES EM PAUTA De acordo com o integrante da Mobicidade, Cadu Carvalho, a associação está discutindo com associados e usuários antigos da Cidade da Bicicleta as possibilidades de obtenção de recursos para a construção da nova oficina e de sua gestão, avaliando possibilidades como a realização de um financiamento coletivo, além de eventos e doações em nível financeiro ou material. “Outra possibilidade discutida é a doação e reaproveitamento de material de construção e demolições, por exemplo”, pontua Ana Accorsi, também membro da Mobicidade. A decisão sobre o futuro e a gestão da Cidade da Bicicleta, ainda que abrigada em um local cedido pelo governo municipal, está na ação direta da sociedade civil, a exemplo de iniciativas em curso em cidades como Curitiba e São Paulo. No Paraná, a associação CicloIguaçu também liderou a mobilização para a construção da Praça de Bolso do Ciclista, em uma área histórica do centro da cidade: a área, materiais e equipamentos foram fornecidos pela Prefeitura, mas a elaboração do projeto e até a mão-de-obra têm a mente e os braços de cidadãos curitibanos. Em São Paulo, a também oficina comunitária Mão na Roda,

que já conta com um espaço particular na Vila Madalena, inaugurou em julho uma nova unidade no Centro Cultural São Paulo, na região central da cidade, onde a estruturação do local, com ferramentas e bancadas de trabalho, veio de um financiamento coletivo que arrecadou cerca de R$ 5 mil.

HISTÓRICO A Cidade da Bicicleta abriu suas portas no início de 2011, logo após um incidente trágico que marcou os ciclistas de Porto Alegre: o atropelamento intencional dos participantes da massa crítica, em 25 de fevereiro. Destinada a receber uma festa de inauguração naquele dia, a casa acabou abrindo suas portas à organização de um grande protesto contra a violência no trânsito, que ocorreu quatro dias após o crime. A partir daquelas circunstâncias, o local rapidamente se tornou um espaço de convergência de ideias e pessoas, onde se podia, através da prática da oficina colaborativa e do aprendizado da mecânica básica, ganhar confiança e apoio para empreender outras iniciativas. Foi lá que surgiu, por exemplo, a ideia do Fórum Mundial da Bicicleta, e onde o evento começou a ser organizado. Do mesmo modo que outras oficinas coletivas ao redor do mundo, como a Bike Kitchen, de São Francisco, ou a Mão na Roda, de São Paulo, era possível fazer reparos na bicicleta, sozinho ou com a ajuda de voluntários, montar uma bicicleta do zero com peças doadas e trocar conhecimentos sobre mecânica, de maneira gratuita ou com o pagamento espontâneo, tanto em dinheiro, o que garantia o pagamento de despesas regulares como luz, água e reparos na casa antiga, ou com o voluntariado na oficina e doação de peças e ferramentas. 25


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fotos Deb Dorneles www.portoalegrecyclechic.com

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eu pedalo

Uma vida na bike *Por Daniel Senger

Foto Deb Dorneles

Minha vida na magrela começou bem cedo, estimulado pelo meu pai. Aprendi a pedalar sem rodinhas antes de completar cinco anos. Sobre a bike era onde eu passava maior parte do meu tempo e era com ela que tinha sonhos e imaginava desafios. Ainda pequeno, me aventurei em uma pedalada do centro de Santa Maria (RS), onde nasci, até o campus da UFSM - cerca de oito quilômetros. Planejei, secretamente, uma viagem com colegas da quinta série do ensino fundamental até uma cidade vizinha. Infelizmente o plano foi descoberto e boicotado pelos meus pais e pelos dos outros desbravadores. Em outro momento, cheguei a planejar nos mínimos detalhes, com o porteiro do prédio onde 28

morava, uma viagem ao Chile - eu só precisava subir os Andes e chegar até o Pacífico! Em 1994, retornando de um almoço em Vale Vêneto, vi da janela do carro um grupo de ciclistas pedalando suas mountain bikes, com capacetes e luvas. Eu, com dez anos à época, fiquei obcecado. Naquele final de semana comprei a extinta Bici Sport, depois de muitas brigas com minha mãe que não gostava da ideia de ter seu filho andando de bicicleta nas estradas. Nas férias de verão de 1997 meu pai lançou o desafio de pedalar, com uma Caloi Ceci de quatro marchas e uma Caloi 10, de Novo Hamburgo até a Hidrelétrica Herval, no município de Santa Maria do Herval - uma distância de 35 km só de


subida — na tentativa de me fazer desistir da bike. Saímos bem cedo, chegamos exaustos e famintos no inicio da tarde, mas o desafio só aumentou minha vontade. O primeiro passeio com um grupo de mountain bike foi em 1999. Não consegui dormir na noite seguinte tamanha foi a excitação. Nessa época, fiz diversos amigos. Aos domingos saía para pedalar às 8 horas da manhã, almoçava em algum restaurante colonial, pedalava o resto da tarde e após 90 km de trilhas, estradas de chão e banhos de rio eu chegava em casa. Em 2000 participei da primeira corrida de MTB e fiquei em segundo ou terceiro lugar, não lembro bem. Sem muita consistência, participei afobada-

mente de várias corridas, largava em um ritmo que eu não sustentava e soltava os freios além do meu limite nas descidas. O resultado: tombos e desistências. Em 2002 fiz a maior quilometragem anual da minha vida e pedalei em torno de 12 mil km, só de mountain bike. Nas poucas competições de que participei tive resultados singelos, mas que me marcaram muito. Corri um regional no município de Santiago, com aproximadamente 100 inscritos, e terminei em terceiro na categoria e quinto na geral. Meses depois, obtive o quarto lugar em uma prova do Campeonato Gaúcho em Sapiranga, na categoria júnior. Para fechar o ano, em 27 de dezembro saí de Santa Maria à meianoite rumo a Novo Hamburgo, onde cheguei às três da tarde, com um total de 289 km. Passar a madrugada pedalando numa noite de verão, sem movimento de carros na desabitada região central do estado, com um céu estrelado foi uma das minhas melhores experiências. De 2004 e 2005 participei de algumas corridas. Parei de pedalar como esporte de 2006 a 2009 e comecei a utilizar a bike para transporte. Meu retorno para o esporte foi em 2011. Em 2012, fiz amizades e comecei a participar de diversos passeios na região e de algumas competições, mas só de brincadeira. Procuro subir na magrela três vezes por semana, nem que seja para ir ao trabalho. Gosto de metas esportivas, acho que são uma maneira importante de me manter motivado. Além disso, pela minha profissão, acho importante o contato com o esporte. Por outro lado, gosto de usar a bike para relaxar, conhecer novos lugares, comer bergamota pelo interior, me divertir com amigos e sentir a adrenalina em alguma trilha.

* Educador físico, atua como personal trainer. Pratica ciclismo por prazer e tem interesse na ciência que o esporte envolve. 29


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Elsapucai\Creative Commons

Um dos precursores da Massa CrĂ­tica no Brasil descreve as origens do movimento e mostra como ele ĂŠ conhecido e disseminado em vĂĄrias cidades brasileiras


mobilidade

A primeira massa crítica Por Odir Züge Junior A primeira Massa Crítica de ciclistas surgiu em 1994, em San Francisco, nos Estados Unidos, a partir das observações de Chris Carlsson sobre ciclistas chineses. No trânsito caótico de Pequim, eles forçavam passagem entre os carros pelo número: amontoavamse em dezenas ou centenas de bicicletas e conseguiam ocupar espaço nas ruas tomadas por carros, caminhões e motocicletas. No Brasil não foi bem assim. Dependendo do ponto de vista, foi melhor ou pior o início da primeira massa crítica em São Paulo, logo seguida por outras cidades. O período que vai de 18 de junho de 1999, passando por 30 de novembro do mesmo ano, quando aconteceu a “batalha de Seattle”, conhecida como N30, até a invasão do Iraque pelo Governo de George W. Bush após o 11 de setembro, é marcado por um forte movimento que se opunha ao processo vigente de globalização econômica. O Brasil, pressionado pelos EUA para aderir à Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), não deixou de ser um dos palcos das manifestações. Em 20 de abril de 2001 aconteceu a primeira, em São Paulo, enquanto no Québec, Canadá, se negociava a ALCA. Outras se seguiram, inclusive uma

bicicletada contra o G8, no dia 20 de julho do mesmo ano, que reuniu 5 mil pessoas, entre pedestres, ciclistas e skatistas, na mesma Avenida Paulista, onde outras manifestações posteriores ocorreram. Nessa época já se usava o termo “bicicletada” como sinônimo de manifestação de bicicleta e pelo uso da bicicleta, ressaltando o viés anti-indústria do petróleo, que se acentuaria depois da invasão do Iraque. Ciclistas urbanos que se orgulhavam de não ter nas costas o peso pelas mortes decorrentes das guerras do petróleo, e lutando por mais espaço para as bicicletas nas ruas. Já no final de 2001 começa-se a discutir a Massa Crítica no então Instituto de Cultura e Ação Libertária (ICAL). Havia desde reuniões acerca das manifestações até cursos gratuitos de esperanto, passando pela discussão das bicicletas. Foi nesse período que o então pós-graduando, hoje professor da Universidade de São Paulo (USP) Pablo Ortellado começa a descrever para o grupo as massas críticas americanas e europeias. Àquela época, pedalar na Avenida Paulista era algo bem arriscado, não apenas pelo trânsito, mas em razão da constante fiscalização 31


policial. As manifestações surgiam de forma muito espontânea e aparentemente caótica. Um exemplo era o dos Confeiteiros Sem Fronteiras, sempre dispostos a meter uma torta na cara de algum político ou banqueiro. Se apenas uma pessoa com uma torta na mão era um perigoso subversivo em potencial, o que dirá um ciclista na Avenida Paulista? Passou-se mais de seis meses antes que houvesse a primeira Massa Crítica convocada para este fim. Na época, o cenário ciclístico brasileiro na internet tinha como principal sítio de discussão uma lista hospedada no Yahoo: Bikeonelist. Todo mundo que estava de alguma forma ligado à bicicleta, e tivesse acesso a à Internet, estava nessa lista. E ali eu lancei o e-mail de convocação da primeira Massa, em 27 de junho de 2002, marcando para dia 29 de junho, um sábado. No e-mail falei que não iria, mas fui. Eram nossas estratégias de comunicação para confundir quem fiscalizava essas manifestações. E de fato tanto havia fiscalização que, naquela primeira bicicletada, numa manhã de sábado, apareceram uns 12 ciclistas, um carro da PM, um carro da Companhia de Engenharia de Tráfego e um carro da Rede Globo. Despistamos todo mundo dizendo que era só um passeio. Eles foram embora e 32

então saímos pedalando e panfletando. Por um tempo ela continuou aos últimos sábados do mês, pela manhã, para logo se transferir para coincidir com todas as massas críticas ao redor do mundo: últimas sextas-feiras do mês. Outras cidades brasileiras seguiram o exemplo e, graças à disseminação do acesso à Internet, diversas redes de comunicação permitiram a articulação de diversos movimentos, criação de coletivos e de associações. O fato, nem sempre reconhecido, é que muito da atual cultura da bicicleta desenvolvida no Brasil, nas últimas décadas, tem como atores diversos participantes e exparticipantes das Massas Críticas. Foi neste grupo que essa cultura encontrou uma forma de disseminação, mesclando-se a outras temáticas, mas mantendo o espírito de contestação a uma ordem econômica que privilegia os carros, congestionando as ruas, polui o ar e gera incontáveis guerras pela posse dos campos de produção de petróleo. A bicicleta deixou, assim, de ser apenas um veículo para alguns vindo a tornar-se, antes de tudo, um símbolo da liberdade e do sonho por um mundo onde as ruas sejam tomadas por seres humanos, e não apenas máquinas. Pedalemos, pois!


pedal seguro O sistema de freios é parte essencial de uma bicicleta, estando presente em quase todos os modelos. É composto das alavancas (manetes), cabos e conduítes (hidráulicos ou de aço) e os freios. Dentre os modelos mais comuns estão os de aro e os freios a disco. Confira as diferenças e algumas dicas:

FREIOS DE ARO Existem dois tipos deste freio, o V Brake (geralmente usado em mountain bikes e bikes urbanas) e o side pull (mais comum em estradeiras). Cuidados: - As sapatas de freios não devem estar encostando no aro, apenas quando acionadas. Se isto estiver acontecendo é preciso alinhar o aro. - Cheque se os cabos apresentam alguma quebra. Em caso positivo, melhor trocá-lo. - Cabos sujos diminuem o poder de frenagem. Basta desconectar os conduítes dos batentes do quadro (quando a passagem dos conduítes for externa), passar um pano limpo e lubrificar com óleo. - Limpe a área de contato entre os aros e as sapatas com água e sabão e o lado abrasivo da esponja. Se as sapatas estiverem com resíduos de alumínio dos aros, é recomendável lixá-las.

Dicas

- Em uma frenagem, utilize sempre os freios traseiro e dianteiro. O freio da traseira é o que direciona a bike e garante a tração para que o dianteiro segure. - Não pedale segurando os freios em uma descida, isso desgasta o freio. É mais eficiente pressionar várias vezes, aos poucos. - Quando fizer uma freada brusca, deslize o quadril para a parte de trás do assento para manter a

FREIOS A DISCO: Os freios a disco são mais precisos mesmo sob barro intenso ou com as rodas desalinhadas. Podem ser hidráulicos ou mecânicos. Cuidados: - Verifique as condições de cabos e conduítes, iguais aos V Brakes. - Confira sempre o desgaste da pastilha para poder regular a distância entre ela e o disco. A regulagem pode ser feita girando um parafuso de ajuste, que se encontra ao lado da pinça que se movimenta. Cuidados com os hidráulicos: - Como as pinças movimentam as duas pastilhas em direção ao disco, apenas confira as condições para trocar por tempo de uso. - Verifique sempre o manual da bicicleta para trocar o fluido do freio, que pode ser DOT (a cada seis meses) ou Mineral (a cada um).

Fonte: Eduardo Macedo

traseira da bicicleta no chão. - É preciso uma boa tração entre solo e pneu para garantir uma boa freada, portanto, frear na reta é o ideal. - É melhor ter um v-brake de boa qualidade do que um disco de qualidade duvidosa. Experimente os diferentes tipos para ver na prática as vantagens de cada um.

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Monkeywing, Creative Commons

TOUR DE FRANCE Está chegando ao fim a edição 2014 da maior competição de ciclismo do mundo. A largada do Tour de France, ou Volta da França, em português, foi dada no dia 05 de julho em North Yorkshire, na Inglaterra, com previsão de tér-

mino no dia 27, em Paris, na França. A 101ª Tour de France é composta de 21 etapas e cobre uma distância total de 3.664 quilômetros. A competição foi organizada pela primeira vez em 1903.

FÓRUM DE BICICLETAS PORTO ALEGRE 65% das 2 mil viagens realizadas diariamente no sistema de aluguel de bicicletas da capital gaúcha têm como função o deslocamento. A conclusão é feita com base nos horários de retirada e devolução das bikes: das 7h às 10h e das 17h às 20h, de segunda à sextafeira. Além disso, o tempo médio das viagens é de meia hora.

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Dos dias 07 a 10 de agosto ocorre o III Fórum de Bicicletas de Manaus, realizado pelo Pedala Manaus, com o apoio da Comissão de Transportes, Trânsito e Mobilidade da Assembleia Legislativa do Estado. Desde 2010, o movimento Pedala Manaus estimula o uso da bicicleta em na cidade. O tema deste ano é “A cidade que temos, a cidade que queremos”. Entre os palestrantes estarão o fundador e presidente da Associação Transporte Ativo, Zé Lobo, e a cicloativista e ciclorepórter Renata Falzoni. Informações: www.pedalamanaus.org/3FBM


Já pensou se a sua bike sinalizasse o caminho para você e ainda se preocupasse com a sua segurança? Feita com fibra de carbono, a Valour é uma bike conectada, que utiliza modernos sensores e interage com um aplicativo para smartphone. Luzes no guidão indicam as curvas e, se ele vibrar, cuidado: há algum veículo ou objeto no seu ponto cego. O aplicativo ainda fornece distância percorrida, tempo, calorias queimadas, velocidade e a localização exata da bike, caso seja roubada. A magrela ainda está em processo de fabricação. Para saber mais do projeto: vanhawks.myshopify.com

Fotos Divulgação

Bike inteligente

EXEMPLO FRANCÊS

Fotos Divulgação

O governo do país lançou no dia 02 de junho um projeto experimental para estimular o uso da bicicleta como meio de transporte. Por seis meses, 10 mil funcionários de 20 empresas participantes receberão uma recompensa pelo deslocamento para o trabalho feito em bicicleta: € 0,25 para cada quilômetro rodado. Serão investidos 20 milhões de euros com a medida, mas, em contrapartida, estima-se poupar 5,6 bilhões de euros na área da saúde. Outro bom exemplo vindo dos franceses foi o lançamento do P’tit Vélib’, uma versão infantil do sistema de aluguel de bicicletas que funciona na cidade. Quatro tamanhos de bicicletas estão disponíveis. A proposta é estimular o uso de transportes verdes desde a infância.

SÓ TRANSPORTE PÚBLICO A capital finlandesa, Helsinque, quer eliminar os automóveis das ruas da cidade até 2025. A saída para alcançar este objetivo é tornar o transporte público tão eficiente, que os moradores não tenham vontade de tirar seus automóveis particulares da garagem. Alexander Kolosov, Creative Commons

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BIKE SHOP

Para elas Para evitar o estrago de ter um pedaço vestido ou saia longa enrolando na roda traseira enquanto a bike estiver em movimento. O protetor para roupa é confeccionado em couro ecológico e é compatível com a maioria das bicicletas. Compre em: www.olebikes.com

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CLIP Fly Pedal é o nome deste adaptador universal de pedal clip em pedal plataforma. Feito em alumínio, com um simples encaixe você pode usar a sua bike, depois de um treino de mountain bike ou speed clipado, com qualquer tipo de calçado. Mais informações em flypedals.com

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NA PAREDE Pôsteres com reproduções de obras do cartunista americano Andy Singer podem fazer parte da decoração da sua casa. Impresso digitalmente em papel couché fosco 150g, em formato 29,7 x 42 cm (A3). À venda em www.bikeforever.com.br


MICRO CÂMERA… AÇÃO!

MÃO NA MASSA

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Para quem curte fazer a manutenção da bike, o livro Bicicletas – Manual de Manutenção e Reparo, do escritor e jornalista Chris Sidwells, oferece um manual completo. O livro fala de bikes de montanha e estrada, híbridas e de lazer. À venda nas principais livrarias do Brasil.

Para captuar e compartilhar as experiências no pedal, a micro câmara modelo HERO3+, da Go Pro, é leve, versátil e com o suporte certo você pode acoplá-la ao capacete ou ao guidão. Consulte informações em: www.gopro.com

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Básica Para carregar itens como câmara, espátulas e outros objetos pessoais, a bolsa se selim é fixada com dois enlaces de velcro, sendo o primeiro no canote e o segundo na estrutura do selim. Uma etiqueta refletiva garante visibilidade traseira. O zíper de entorno possibilita acesso fácil. Consulte informações em: www.deuter.com.br Divulgação

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CONEXÃO FAÇA CHUVA OU... CHUVA Por Carol Corso

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Um dos ditados irlandeses mais famosos diz: se você não gosta do clima, espere cinco minutos. Essa frase tem um sentido bastante forte, especialmente para quem se desloca a pé ou de bicicleta na capital irlandesa. Em Dublin, é sempre conveniente estar preparado. Sol, chuva, vento e tempestade se misturam e marcam presença em poucas horas de um dia e em uma ve-

locidade inexplicável. Desta forma, calça e jaqueta impermeáveis são acessórios bem atrativos para quem pedala e quer se manter seco. Depois disso, é seguir pelas ciclovias e ficar atento aos vidros espalhados pelas ruas. Dublin é uma mina de cacos, especialmente na área central. Por isso, furar um pneu fica bem fácil por aqui, principalmente para os mais distraídos. E quem não sabe como fazer um remendo ou trocar a câmara terá que arcar com um conserto que custa cerca de 12 euros. Em Dublin, faça chuva ou faça chuva, é costume também ventar bastante, especialmente no outono e no inverno. Então, quem está na rua se molhando, precisa ser bastante


Fotos: Carol Corso

firme no equilíbrio e nas pernas. Ciclista veterano sabe o quão chato pode ser pedalar contra o vento. Mas na primavera e no verão, finalmente, o clima pega mais leve. Fora as metamorfoses climáticas, Dublin, como muitas outras cidades, também sofre com uma parcela que desconsidera a boa conduta no trânsito. É muito fácil, por exemplo, encontrar vários carros parados em cima das ciclovias quando não há onde estacionar, principalmente na região central. Desta forma, pedalar pelas ruas principais, especialmente em horários de pico, é mais complicado do que o usual. Taxistas “tirando um fino” de quem pedala também se fazem presentes por aqui. Mas a maioria mostra

bastante respeito e conscientização sobre o trânsito de bikes e procura andar devagar e distante quando vê um ciclista por perto. Por outro lado, Dublin detém a vantagem e orgulho de estar em nono lugar entre as 20 melhores cidades do mundo para andar de bicicleta no ranking da Copenhagenize. A capital apresenta benefícios que fazem esquecer qualquer mau tempo e caquinhos de vidro. A cidade é super plana e é bem difícil de se deparar com grandes morros no caminho. Além disso, Dublin disponibiliza ciclovias em quase todas as ruas. De acordo com dados do Dublin City Cycling, Unidade de Ciclismo, Estradas e Departamento de Trânsito da cidade, a Câmara Municipal de 39


CONEXÃO 40

Dublin começou a instalação de ciclovias em meados dos anos 1990. Hoje elas somam quase 200 quilômetros. Há também diversos incentivos, como o Dublin Bikes, sistema de aluguel de bicicletas, pela barganha de 20 euros anuais. Outro projeto é o Bike to Work, destinado a quem deseja pedalar até o local de trabalho. O profissional pode pedir auxílio à empresa para adquirir sua bicicleta e equipamentos de segurança no valor de até mil euros. O empresário ajuda custeando a magrela e acessórios, isento de impostos. Também há aplicativos su-

per bacanas e gratuitos que auxiliam em rotas para ciclismo mais convenientes, como o Dublin Cycle Planner, um app que indica a distância, se as ruas do trajeto serão muito movimentadas e até uma média das calorias que irá precisar para chegar ao destino. Apesar de todas as estruturas e incentivos que Dublin oferece, o melhor de tudo é a sensação de liberdade e a possibilidade de escolha. Ter a chance de eleger a bicicleta como opção e sair livre pedalando. Poder chegar mais rápido ao destino e não depender da espera. Contribuir para uma cidade mais humana, com menos poluição e barulho de motor. Essa sim é a melhor vantagem de todas, quando uma cidade proporciona livre-arbítrio e um sistema de locomoção digno para todos.


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