Roteiro 273

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Ano XVII • nº 273 Fevereiro de 2018

R$ 5,90

Salve mestre

João Gilberto

Clube do Choro homenageia o criador da Bossa Nova no momento mais dramático de sua vida



EMPOUCASPALAVRAS Bento Viana

Foi na baiana Juazeiro que nasceu, em 10 de junho de 1931, João Gilberto do Prado Pereira de Oliveira, ou simplesmente João Gilberto. Aos 14 anos ele ganhou o primeiro violão e esse instrumento se tornou sua mais cara obsessão até consolidar brilhante carreira musical, reconhecida no país e no exterior. Com sua batida de violão inconfundível e seu cantar manso, ele é um dos ícones da Bossa Nova, razão mais do que suficiente para ser o homenageado deste ano do Clube do Choro de Brasília (página 22). Todas homenagens, também, a Paul Bocuse, chef francês que morreu no dia 20 de janeiro, aos 91 anos. Ele deixou órfãos os amantes de sua nouvelle cuisine, expressão criada em 1969 por Henri Gault e Christian Millau para compará-la à nouvelle vague, movimento dos jovens cineastas franceses François Truffaut e Jean-Luc Godard. Quem provou de suas delícias não esquece jamais, como é o caso de Luiz Recena, que frequentou L’Auberge, a casa colorida de Bocuse em Lyon (página 4) Na gastronomia candanga as novidades são muitas, a começar pelas saborosas rupturas propostas pelo jovem chef Thiago Paraíso em seu novo restaurante, o Ouriço, especializado em frutos do mar, mas adepto de ousadas misturas de proteínas tão diferentes quanto bife de chorizo e camarão (página 6). Os já consagrados festivais Restaurant Week e Panelas da Casa estão de volta a Brasília naquele formato completinho de entrada, prato principal e sobremesa a preços fixos (páginas 10 e 11). Para derreter as gorduras adquiridas com os excessos do fim de ano e do Carnaval, nada melhor do que dançar e ser feliz. Essa é a proposta de alguns dos mais tradicionais bailes da cidade. Em alguns deles é até possível aprender alguns passos meia hora antes de a festa começar. Além de queimar calorias e combater o estresse, alguns dos frequentadores dessas serestas acabam encontrando sua alma gêmea ao ritmo do dois pra lá dois pra cá (página 18). Numa cidade em que tantos espaços anteriormente dedicados à arte encontram-se fechados há anos, é sempre bom comemorar a abertura de uma nova galeria. Trata-se da Bento Viana Galeria, localizada na QI 17 do Lago Sul, do ousado, criativo e inquieto cineasta e fotógrafo autor de mais de 500 mil fotografias, entre elas belos registros da monumentalidade de Brasília. Seu sonho acalentado por muitos anos se concretiza em forma de nova opção no circuito de arte, design e decoração (página 26). Boa leitura e até março!

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galeriadearte

A Catedral vista do céu é uma das 500 mil fotos do acervo da recém-inaugurada Bento Viana Galeria.

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Maria Teresa Fernandes Editora

ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora Roteiro Ltda. | Endereço SHIN QI 14, Conjunto 2, Casa 7, Lago Norte – Brasília-DF – CEP 71.530-020 Endereço eletrônico revistaroteirobrasilia@gmail.com | Tel: 3203.3025 | Diretor Executivo Adriano Lopes de Oliveira | Editora Maria Teresa Fernandes Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Capa Carlos Roberto Ferreira, sobre foto de Jack Vartoogian/Getty Images | Colaboradores Alessandra Braz, Akemi Nitahara, Alexandre Marino, Alexandre Franco, Ana Vilela, Cláudio Ferreira, Conceição Freitas, Elaina Daher, Heitor Menezes, Laís di Giorno, Lúcia Leão, Luiz Recena, Mariza de Macedo-Soares, Pedro Brandt, Ronaldo Morado, Sérgio Moriconi, Silvestre Gorgulho, Súsan Faria, Teresa Mello, Vicente Sá, Victor Cruzeiro, Vilany Kehrle | Fotografia Rodrigo Ribeiro, Gadelha Neto | Para anunciar 98275.0990 | Impressão Editora Gráfica Ipiranga Tiragem: 20.000 exemplares.

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ÁGUANABOCA

Paul Bocuse (1926-2018) posa em frente ao L'Auberge, seu icônico restaurante detentor de três estrelas do Guia Michelin.

O herói da casa

colorida de Lyon

POR LUIZ RECENA

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os sábados ele comia dúzias de ostras e bebia garrafas de champanhe na feira livre da vilazinha colada a Lyon. Começo do dia. Todos contavam. Um petit déjeneur, café da manhã. Ninguém tinha visto ou participado do acontecimento, mas contava. Assim: verdade e versão sobre o fato, imaginação e narrativa. Paul Bocuse provocava tudo isso. Entrei no quadrante etário em que datas podem se confundir. Então: meu “primeiro” Bocuse tem uns 20 anos. Talvez pouquinho mais. Mas o primeiro almoço na casa pintada de alegria a gente nunca esquece. Sorte, no meu destino, é quase sempre um fator feminino. Foi assim mesmo que aconteceu. Ela sabia o endereço. Ela sabia tudo. Ou quase. Pre-

cisão de TGV. Controle do cerimonial, como fazer as coisas. Todas. A dama que tudo sabia, ou quase, facilitou meu primeiro encontro com Monsieur. Eterna gratidão. Não pedimos “menus”. Fomos ao cardápio com a garantia da conversão favorável do dólar. Adorava escargots. E tinha do jeitinho que gostava, o clássico, com manteiga e o verdinho, persil. Daí em diante um verdadeiro massacre: peixe, carne, avoantes, doces e guloseimas. Vinhos branco, tinto, café, licor, eau de vie ou conhaque. E o Mestre visitando mesa por mesa. “Ici les brésiliens! J’aime votre pays!”. Estivera no Rio. Merci, Monsieur. Merci, Madame, de novo. Inesquecível. Quis meu destino, esse parceiro pândego, mequetrefe, generoso e avaro, tudo ao mesmo tempo, que vosso faminto e sedento redator voltasse à colorida

Maison de Auberges du Pont de Collonges mais meia dúzia de vezes. Só na última ele não estava. Doente, pouco aparecia. Meu lado francês kardecista, no entanto, viu seu espírito em cada detalhe, vãos de corredor, pedaços de mesa, porta-guardanapos. Tempos antes, em Moscou, o embaixador S. avisara: o cerimonial veio só para ajudar. Minhas voltas ao paraíso viraram um mix de menus e cardápios normais. Sem o ouro de Moscou ficou difícil a vida dos anciens moscovites. Médio! Outras fontes auríferas ainda pagavam velho e bom repórter com moedas capazes de chegar até Lyon e depois até ao colorido paraíso dos prazeres da gula. Viva a gula! É pecado capital, do capital e dos sem capital: comer bem é comer comida boa e farta. No caso dessa casa, sempre encontrei as duas.


Arquivo pessoal

Arquivo pessoal

Divulgação

O repórter fez questão de ser fotografado no mesmo local, em 6 de outubro de 2007, antes de entregar-se aos prazeres da mesa de Monsieur Bocuse.

A longa marcha

Cada grande história tem outra, menor, chamada casca de banana. A moeda ainda era o franco e o dólar estava em alta. Não existe patrão generoso. Nesses meses, o meu estava. Exigiu um sacrifício e pagou com mordomia. E lá fui com sobra de grana para a casinha colorida. Sobra curta: dois “menus”. O resto em trago. Muito e do bom. O maitre não se chamava “Severran”, mas tinha amigo em Paris. O filósofo goulois-cearrance, docteur Karrlon, resumiu: “A Bastilha caiu em Lyon”. O sobrinho gremista sempre lembra essa história para dizer que sou tricolor: “Tio, só a pé nós iremos, não é porre colorado. Era porre mesmo”. Foram muitos passos até a primeira praça. Parecia frevo. Viva o mestre Paul Bocuse!

Divulgação

Gostava de avoantes. Comi vários tipos. Gostava de foie gras de pato. Comi. Sopas? Idem, inclusive a elegante de trufas VGE, iniciais de Valéry Giscard D’Estaing, presidente da República que deu a maior ordem nacional ao cozinheiro, Herói da Resistência, com ferimento e medalha de combate, que não gostava dos que lhe torciam o nariz. Porque a esses perguntava direto: você foi colaboracionista? Homem de verdade. Arriscou sua vida e dedicou sua arte a viver pela França. E ao morrer, entre ostras, receitas de nova cozinha e champanhes em feiras, teve tempo de atender, dar prazer e deixar três mulheres. Craquê!

Il padrino La dernière fois

Última, para autor, não existe. Morre com a ilusão de que alguém, amigos ou conhecidos, dedicarão a ele essa refeição. Dez anos avisam que paguei dívida não inscrita no imaginário amoroso. Não tinha cobrança, boleto ou promissória. Dívida e imaginário. O ouro era nacional; o trem, um TGV cheio de doidos atrás de uma bola oval, o rugby. Bem chegamos e melhor saímos. O novo foi de menu. O antigo de cardápio original. Nova e boa velha química.

Graça e Milton Seligman são mais do que meus. Pois a “telha” de aranha da nossa história nem cócegas fez aos patos e aos tintos com que celebramos um encontro gaulês na casa colorida. Paixão é fome e vice versa. Não saímos tortos porque, por trabalho, havia três trens desagradáveis (pontuais!) para viajar. Éramos três em torno à mesa: músico, pintor e poeta; éramos três. Quis a ironia, igual ao poema, que vagões nos levassem a três destinos. Só que cada locomotiva tinha o mesmo padrinho: Paul Bocuse.

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Agradáveis (e saborosas)

rupturas

POR TERESA MELLO

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s três mesas perto da cozinha são as mais disputadas no Ouriço, restaurante especializado em frutos do mar inaugurado em novembro na comercial da QI 21, no Lago Sul. A modernidade trazida pelo Grupo Saveur rompe com costumes antigos: na nova casa, sentar-se para acompanhar o movimento no fogão é um deles. Outra ruptura bem-vinda está no salão, onde o mobiliário quebra a monotonia em formatos e tamanhos diferentes. Mas é na criação do cardápio que o chef Thiago Paraíso, de 26 anos, mostra o talento burilado na Culinary Arts Academy, na Suíça, depois da graduação em Gastronomia em Brasília. A mistura de duas carnes chega com ares de novidade. Está no prato Surf & Turf, no qual o bife de chorizo é servido com camarões

grelhados; no risoto de camarões com linguiça calabresa em cubos; e nas vieiras grelhadas sobre polenta frita com laranja e chips de linguiça. “O uso de duas proteínas é comum na Ásia, onde a carne de porco é misturada com frutos do mar”, explica. “É um contraste que favorece o sabor do prato.” O que favorece também é o produto fresco, como as ostras e os mexilhões vindos de Santa Catarina: “Chegam em 24 horas”, informa o primo Lucas Flores, de 24 anos, um dos sócios ao lado de Thiago e do irmão Marcelo Paraíso e do amigo de infância Rodrigo Yani. “O nosso atum vem do Rio Grande do Norte e faz escala em Brasília antes de ir para São Paulo”, completa. Seis ostras in natura, empanadas ou gratinadas, saem por R$ 38. Outras opções de entrada são o tartare de atum e a bruschetta de camarões, por exemplo.

“Eu sempre fui apaixonado por frutos do mar”, diz o chef. “Brasília é mais fraca nesse setor, e eu aproveitei esse leque


zinha é separada por um balcão de mármore translúcido. Com a iluminação à noite, torna-se um palco principal, daí a preferência dos clientes pelas três mesas com vista privilegiada. Já o balcão interno, ancorado pelo mesmo material, ganhou tons de salmão. “Esse mármore reflete a iluminação interna e a cor da parede”, explica a designer de interiores Lena Vieira, responsável pelo projeto do ambiente, que comporta 46 pessoas em cadeiras e poltronas revestidas de cinza e de off white, ao redor de mesas quadradas, redondas, pequenas e grandes, para “quebrar a monotonia,

não ficar pesado”. Lâmpadas de filamento de tungstênio produzem iluminação morna, dão ideia de aconchego e ainda destacam um imenso sofá azul: “Imaginei o céu de Brasília, de um azul profundo”, conta a mineira de Uberaba. Mas a beleza do restaurante está lá no teto, rebaixado e trabalhado em ondulações brancas que escorrem pela parede azul: “É como se as ondas do mar fossem morrendo na praia”, traduz Lena. Ouriço

SHIS, QI 21, Bloco D (99558.0179) De 3ª a sábado, das 12 às 15h e das 19 às 23h30; domingo, das 12 às 16h.

Fotos: Raimundo Sampaio

aberto.” Entre os pratos principais, a moqueca com arroz ao alho e salsa e farofa de banana custa R$ 134 e serve duas pessoas, assim como o parmegiana de camarões sobre linguine. O menu individual oferece atum semicru com farofa de cebola e shimeji, lagosta grelhada sobre lâminas de abobrinha e tomates assados e até mesmo um bife de chorizo com risoto de queijo alpino. Para acompanhar, há uma adega com 60 rótulos e drinques como o Noronha (gin tônica, maracujá, cardamomo, alecrim) e o Jeri (cachaça, limão-taiti, laranja, gengibre e mel). De sobremesa, cocada cremosa com sorbet de chocolate amargo, brownie e pudim, por exemplo. O menu completo você encontra em www.ouricorestaurante.com. Batizado de Menu à Deriva, porque varia a cada semana, o almoço executivo estreou em 6 de fevereiro com três opções de entrada, três de pratos principais e duas de doces, por R$ 69. Dividido entre o Saveur Bistrôt, na QI 19, e o Ouriço, na QI 21, Thiago Paraíso contratou, em janeiro, Gustavo Sasaki, de 30 anos, como sous-chef da nova casa. “Os pratos mais pedidos aqui são a lagosta, porque é mais difícil de achar, o Surf & Turf, com as duas proteínas, do mar e da terra, e os camarões ao creme”, informa Sasaki. A movimentação na co-

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Botecão incrementado POR VICTOR CRUZEIRO FOTOS RODRIGO RIBEIRO

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ntre 1650 e 1730, nenhuma outra atividade foi mais proveitosa nos mares do mundo do que a pirataria. É desse período a origem de nomes famosos como Henry Morgan (que em 1670 conquistou a cidade do Panamá), Charles Vane (um dos mais violentos corsários de que se tem notícia), Amaro Pargo (que acredita-se tenha saqueado todos os navios dos inimigos da Espanha) e Edward Teach (o mítico Barba Negra). São várias as histórias que giram em torno dessas figuras, e se havia uma coisa que elas tinham em comum era o irrefreável desejo de conquistar. Muito longe da época de ouro da pirataria, nos últimos meses de 2017 atracou no Sudoeste o Piratas Bar. Uma mega estrutura, onde antes funcionava um salão de eventos, que impressiona pelos 500 lugares e por uma série de pequenos trunfos, como sete tipos de chope e torneiras em mesas para grupos, canecas resfriadas a –20ºC e variedade musical, que dão uma ideia do poderio dessa embarcação. Como todo bom navio pirata, é bom

dizer, a casa mantém um olho no tesouro e outro nos inimigos, estando estrategicamente próxima ao Primeiro Bar, até então o dono daquelas águas. Um dos responsáveis pela empreitada é Arthur Weiler (foto à direita), que levou o Piratas para ali após uma incursão sem final feliz em Águas Claras. Em tempo: o Piratas é um bar de cerveja gelada e petiscos bem servidos nos moldes de inúmeros outros em Brasília. Apesar de preços mais em conta, como os da feijoada servida aos sábados (R$ 34,90), da porção de batatas fritas com queijo e bacon (R$ 34,90) e da carne de sol com queijo e mandioca (R$ 59,90, para duas pessoas), o cardápio da casa não se afasta do manual desse nicho. O diferencial, no entanto, está naquele por trás do seu leme, a alma que dá a todo navio uma história: o capitão. O chef Gustavo Pereira iniciou sua trajetória profissional no La Via Vecchia, restaurante de Eduardo Camargo (o falecido pai do chef Dudu Camargo), um dos pioneiros da nova gastronomia na capital. Ao lado de um dos maiores chefs e restaurateurs da cidade, Gustavo introduziu-se no mundo da haut cuisine, formando-se academicamente em Bento Gonçalves

(RS) e depois na Espanha, na Escola Hofmann, onde teve contato com ninguém menos que Ferran Adrià, um dos mais renomados cozinheiros do Ocidente. À frente do novo Piratas, Gustavo ga-


rante cuidar de tudo, desde a apresentação de seus pratos pelos garçons (“Todos devem saber tudo que se serve!”) até o tempo de preparo de cada um (“Não deve passar de 15 minutos!”). Seu lema é “querer ver cada um dos clientes bem”, refletido nos momentos em que desce para o salão para ver como está a aceitação dos pratos, bem como no episódio em que se propôs a cozinhar para um grupo de veganos que lhe propuseram um desafio. Gustavo promete algumas reformulações no cardápio que tragam a sofisticação da sua formação em alta gastronomia, com a agregação de elementos brasileiros, o que contribuirá para o diferencial do cardápio da casa. Uma dessas tentativas, que já consta no cardápio, é a Pururucachaça, barriga de porco curtida na cachaça e feita à pururuca, acompanhada de geleia de menta e polenta frita (R$ 38,90, para duas pessoas). Ainda que a ideia não seja promover no restaurante uma série de renovações dos clássicos de boteco com ingredientes brasileiros – o fusion não é uma bandeira ali –, a inten-

A feijoada é servida aos sábados, sob o olhar atento do chef Gustavo Pereira e do gerente Orlando do Vale.

ção é oferecer um conforto e uma familiaridade que tem tudo a contribuir para a experiência de boteco – e de preço.

Piratas Bar

SIG, Quadra 6 (99919.0742). De 2ª a 5ª feira, das 16 às 24h; 6ª, das 16 às 2h; sábado, das 12 às 2h; domingo, das12 às 24h)

9 Promoção válida até 28/02/2018


Telmo Ximenes

PICADINHO

A quatro mãos

Bruno Aguiar

Cada menu vai levar a assinatura de dois chefs. O do Veloce, por exemplo, será elaborado em parceria com o Cantucci; o do Cantucci, com o Carpe Diem; o do Carpe Diem, com o Bhumi, e assim por diante. Esse será o original formato da sexta edição do festival Panelas da Casa, de 21 de fevereiro a 15 de março, em 11 restaurantes brasilienses. Os menus – com entrada, prato principal e sobremesa – vão custar R$ 49 tanto no almoço quanto no jantar. “Como somos uma confraria cujo objetivo é a interação, a troca de experiências e conhecimentos, realizamos uma dinâmica em que o chef de uma casa ajuda o de outra a criar seu menu”, explica David Lechtig, do El Paso, que também participa do festival, junto com o Belini Café, Belini Pães e Gastronomia, Café Savana, Genghis Khan, C’est La Vie e Nossa Cozinha Bistrô. Como nas edições anteriores, os pratos serão harmonizados com rótulos da cervejaria Colombina (qualquer um por R$ 19,90).

Vixi Mainha

Victor Rocha

Seguindo o exemplo do Restaurante Week, o Manzuá (Pontão do Lago Sul, tel. 3364.0580) lançou um menu executivo ao preço de R$ 58 mais R$ 1 que será doado à ONG No Extinction, dedicada à preservação e defesa de felídeos ameaçados de extinção. O menu é composto de salada, mini isca de peixe ou palitos de muçarela empanados com geleia de pimenta, seguido de linguado grelhado com risoto cítrico (foto acima) moquequinha de peixe com arroz, pirão e farofa, moquequinha vegetariana com farofa de banana da terra ou picadinho à brasileira com arroz branco, banana à milanesa, ovo pochê e farofa. De sobremesa, frutas da estação, creme de papaya ou pudim de leite.

Ação beneficente (2)

Sob nova direção (1)

No Paris 6 (Shopping ID, tel. 3037.3437) são duas as ações de cunho social: na compra do novo petit-gâteau de Ovomaltine e sorvete de alfajor de doce de leite (foto), 50% do valor

A chef Leslie Bertoni assumiu o comando da cozinha do La Boulangerie Bistrot (CasaPark, tel. 3526.1787) determinada a renovar o cardápio da casa nos próximos meses. Com 15 anos de profissão, Leslie já passou por cozinhas renomadas como a do Aquavit e a do Jambu. Após uma temporada em Londres, ela não resistiu ao convite do chef boulanger Guillaume Petitgas, de quem foi aprendiz. “Começamos 2018 com essa parceria que promete ser um sucesso. Estamos ansiosos para implementar o novo cardápio”, comemora Guillaume Petitgas.

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arrecadado serão destinados ao Instituto Neymar Jr; e a cada venda do “almoço parisiense”, prato executivo do restaurante servido de segunda a sexta-feira, da 1 às 19h, uma pequena doação, de R$ 1, será feita ao Fundo Social Dadivar, de apoio a organizações sem fins lucrativos que atuam em áreas sociais e/ou ambientais. No início deste mês o cardápio do Paris 6 ganhou mais nove pratos, entre entradas e principais, e 25 sobremesas. Algumas novidades: salmão grelhado com purê de batatas, legumes e molho de camarões à “Boca Rosa” e confit de coix de coco brûlée à “Paula Fernandes” (cocada de forno, picolé de cocada queimada, ganache de chocolate meio amargo, como ralado, nozes granuladas e leite condensado).

Na 201 Norte (Bloco B, tel. 3542.1072) acaba de vir à luz mais um restaurante de comida nordestina. Mas, sem deixar de lado pratos tradicionais como a carne de sol (com os acompanhamentos de praxe), os empresários Waltinho Ferrari Júnior e Sandres Almeida querem oferecer à clientela do Vixi Mainha outras experiências gastronômicas, no intuito de atingir um público mais amplo. Uma delas é esse bife ancho (R$ 46, 250g) preparado na parrilla e servido com três acompanhamentos, ao gosto do freguês. Outros cortes oferecidos são o bife de chorizo (R$ 38,90, 200g) e a picanha maturada (R$ 46,90, 200g). A carne de sol é servida em três versões: executiva (R$ 32), dupla (R$ 59,90) e completa (R$ 108,90, para três pessoas).

Ação beneficente (1)

Restaurant Week

Com a participação de cerca de 70 restaurantes, a 18ª edição do Restaurant Week incentiva a gastronomia internacional com ênfase na culinária dos 32 países selecionados para a Copa do Mundo da Rússia. Até 11 de março, estão disponíveis dois tipos de cardápio: o tradicional, oferecido em 40 estabelecimentos, com almoço a R$ 43,90 e jantar a R$ 54,90; e o Restaurant Week Plus, em 30 restaurantes nos quais os valores são R$ 55 (almoço) e R$ 68 (jantar). Todos incluem entrada, prato principal e sobremesa. Um exemplo é o almoço do Villa Tevere (115 Sul, Bloco A, tel. 3345.5513) na versão Plus: de entrada, Insalata Pomodoro (à base de alface-americana), seguida pelo Ravioli Ferrari da foto acima, recheado com figo

e shitake, Medaglione alla Toscana (filé mignon com risoto de brie) ou Risotto Thai (com abacaxi e camarões). De sobremesa, sorvete de coco com manga ou rocambole de laranja com merengue maçaricado. “Na última edição, tivemos um público de 130 mil pessoas em Brasília”, comemora o organizador-geral do evento, Fernando Reis Jr. Em cada conta o cliente é convidado a doar R$ 1 para a ONG Amigos da Vida, que beneficia pessoas com HIV e construiu, com as doações, quatro brinquedotecas em hospitais do DF. Mais informações em www.restaurantweek.com.br.


Gilberto Evangelista

Spengler, a cafeicultora Brígida Salgado, da Chapada Diamantina, e a jornalista Kelly Stein, na mediação dos debates. A Rota da Cafeína tem como outro objetivo fomentar e arejar o setor com novas ideias, e ainda por cima celebrar a paixão por bons cafés, chás e boas histórias.

tel. 3245.8235) vai muito além dos sushis, sashimis e temakis que deram fama mundial à gastronomia japonesa. Um exemplo são os carpaccios como esse aí da foto, de haddok temperado com alho tostado, cítrico de limão e azeite extra virgem salpicado com ovas de massagô (R$ 44). Com 12 fatias bem fininhas, os carpaccios podem ser também de salmão (R$ 39), atum (R$ 40), polvo mediterrâneo (R$ 41) e peixe da estação (R$ 37). Para experimentar mais de um sabor é só pedir o Trio Oma Especial, com sete fatias de atum, sete de salmão e sete de polvo (R$ 79).

Taças “sujas”

Sob nova direção (2)

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O chef baiano Kenis Henon, de 31 anos, voltou animado depois de uma temporada em Nova York: foi convidado para assumir a cozinha do La Tambouille (Espaço Gourmet do ParkShopping, tel. 3047.5925) e ganhou carta branca para renovar 50% do cardápio. Henon já havia trabalhado na matriz paulistana, fundada pelo empresário Giancarlo Bolla, e não demorou para criar os destaques do menu, como a salada com quinoa e ricota e o polvo com húmus e frutas cítricas, como entrada. Entre os principais, uma das novidades é o recheio do agnolotti, um mix de vitelo, lombo suíno magro e carne bovina, enquanto a pescada com abóbora e aspargos laminados ao Dry Martini representa a trajetória do chef: “É um pouco de tudo da minha vida”, resume ele, informando que, em Nova York, é comum usar Martini no molho. Os doces carregam influência italiana. É o caso do Cannoli Siciliano, que leva creme de ricota com amendoim e mousse de chocolate com castanha

Rafael Lobo - Zoltar Design

Brasília vai receber em março a primeira das quatro franquias que a rede de cafeterias catarinense Petite Amie pretende abrir aqui até o final do ano. De sua fábrica de Brusque saem diariamente mais de 70 produtos oferecidos em suas lojas – salgados, tortas, bolos e doces, entre eles os brigadeiros gourmet que fizeram a fama da Petite Amie em Santa Catarina. Fazem muito sucesso, também, as tortas e doces servidos em tamanho unitário, com preços a partir de R$ 14, e as taças “sujas” de chocolate (foto). Este ano, a jovem empresária Bárbara Pavesi Alvaides, de 27 anos, que criou a marca há apenas dois anos e meio, pretende incluir no cardápio inspirações que foi buscar em Paris, além de lançar linhas de produtos fitness, sem glúten e sem lactose. Tudo isso, obviamente, estará presente nas franquias brasilienses.

Pratos compartilhados

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Entre 23 de fevereiro e 11 de março, o Ernesto Cafés Especiais (115 Sul, Bloco C, tel. 3345.4182) promove a segunda edição da Rota da Cafeína, um encontro que vai muito além da promoção e degustação de cafés, mas inclui também rodas de conversa sobre o chá, bebida que vem ganhando cada dia mais amantes entre os brasileiros. Na programação estão ainda experiências diversas como sessões de cerimônia tradicional do chá e tatuagens temáticas. Entre as presenças confirmadas estão a chef Ana

Presentão Para comemorar a abertura de sua terceira unidade no Distrito Federal, localizada no recém-inaugurado Plaza Norte Shopping (Entrequadra 110/111 Norte), a Croasonho não deixou por menos: presenteou com seis meses de croissants grátis os 50 primeiros clientes. Especializada em croissants recheados, doces e salgados, além de sobremesas e milkshakes, a rede fundada em 1997 no Rio Grande do Sul tem agora com 74 lojas em 17 Estados e planeja abrir outras 25 até dezembro próximo, aumentando seu faturamento anual para R$ 130 milhões. As outras unidades brasilienses ficam na 405 Sul, Bloco A, tel. 3244.8444, e na Avenida das Araucárias, 885, Sul, Águas Claras, tel. 3011.2227.

Fabricio Rodrigues

Café, chá e histórias

Ao preço único de R$ 108, o Bier Fass Lago (Pontão do Lago Sul, tel. 3364.0580) está servindo aos domingos e feriados, no almoço, uma grande variedade de pratos que podem ser compartilhados por duas ou até três pessoas. Vamos a eles: moqueca de pescada amarela ao molho, com arroz branco e pirão (foto); arroz de bacalhau em lascas, com arroz, tomate, cebola e salsinha; filé à parmegiana, gratinado com queijo e servido com arroz branco e batatas fritas; escalopinho ao molho Madeira com arroz branco e batatas fritas; e filé à Paillard com talharim ao molho branco, gratinado com queijo parmesão; e peito, coxa e sobrecoxa de frango grelhados, com arroz de brócolis e mix de salada (esse é o que serve três pessoas).

Carpaccios Estampada no próprio nome, a criatividade do Oma Japanese Experience (411 Sul, Bloco D,

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GARFADAS&GOLES

LUIZ RECENA

lrecena@hotmail.com

Sobre combinações

possíveis (ou não...)

Meia-meia é o número da Besta. Dois seis, 66, esse o número. Certo? Errado! O número bíblico da Besta do Apocalipse, aquela que viria para assinar o balancete final do mundo, com caixas um, dois, três até o infinito, tem no seu registro formal mais um dígito, portanto: 666. Os números parecem ser o tema escolhido pelo destino do colunista para o novo ano. Com números comecei a coluna de janeiro, com números abro também a de fevereiro. A brincadeira da numerologia está ligada ao mês de fevereiro, que começa no dia primeiro, claro, mas que só se afirma no segundo dia: o dia dois, de Iemanjá, a rainha das águas e de nossa senhora dos Navegantes, a católica padroeira de Porto Alegre, a capital dos gaúchos. E para completar, é o aniversário do colunista, que neste 2018 completou 66 anos de muita vida e estrada e 46 de atividade jornalística. Aqui e alhures. “E bota alhures nisso”, sentenciou um dos meus biógrafos ainda não autorizados, com o veneno capaz de revelar sua pouca paciência com minha tendência cigana. É a saudade, dizem, para justificar as alfinetadas com que brindam este pobre escriba. Não faz mal, os deuses perdoam. As garfadas e os goles também. Por isso, agradeço as mensagens carinhosas recebidas. Ano que vem tem mais: seis com sete, treze. Bom número!

EM FEVEREIRO, TEM CARNAVAL? Este ano teve sim senhor. Bem cedinho. E o que se come? Bom, vamos com calma, muita calma nessas horas... come-se bem, em casas de amigas e amigos. Feijoadinhas aqui, paellinhas acolá, um peixinho grelhado, saladinhas. É o verão que cá não temos. Mas, sem ele, com fazermos? Então imitamos! Algumas coisas nós fazemos bem (feijoadas, cozidos, rabadas); outras nem tanto (saladas, ora, alfaces com minhocas... não!). Nessas erramos. Para mim, é esse equilíbrio entre os que d’além Tejo vieram e outros, tantos, que aqui chegaram, que mantém o nosso Carnaval. E O QUE BEBEMOS? Bem: tudo! Os que mais não podem, falando em quantidade, não o fazem. Os que a Parca já admoestou com cartões de outras cores fecham o bico, o pico, as gargantas em geral. E menos bebem, ou quase nada, ou nada mesmo. É possível! Tirante as mazelas proibitivas (há quem pense que a vida deveria ser proibida... ah!), bebe-se ouro em cerveja, água em cerveja. O nível das capitalistas artesanais atin-

ge orgasmos estratosféricos, dizem, com sua devida companhia nos preços. E em escala ascendente, vos garantem gozos candentes no lúpulo das cantinas... Cerveja-cerveja-cerveja!!! Mais um tempo que deixei passar. Mais um Carnaval sem cervejas, sem elas, sem elas, elas... O ENGARRAFADO CÃO latiu. Ainda tenho uísques que bebem amigos. Pensei o contrário, só que mantive o que escrevi, em prantos e risos. Porque não errei! Só lembrei de história da velha Fronteira Oeste. No leito de morte, quase ao último suspiro, depois de décadas obrigada a jogar buraco e pif-paf, ela chamou a comadre querida e disse: “Te voy a revelar um secreto: a mi, SIEMPRE me gustó más jugar al póker”. E morreu. Todos e todas, cervejas, vinhos, uísques, pôqueres, comadres, vida, o Carnaval foi feliz. Brincou-se com e sem moderação, protegeu-se (ou não) a saúde. Não há, não houve combinar simples. Aliás, acho que isso não existe. Sei não...

AS DELÍCIAS DE MINAS PERTINHO DE VOCÊ 12

Queijos, doces, biscoitos, castanhas, pão de queijo, pimentas, farinhas, polvilho caipira, massa para tapioca, mel, manteiga, cachaças, linguiça, frango e ovos caipira.

Av. Castanheiras, Ed. Ônix Bl. A - Loja 2 - Águas Claras



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DIA&NOITE

kievdevolta A turnê de 2017 foi tão bem sucedida que os bailarinos do Ballet da Ópera Nacional da Ucrânia estarão de volta a Brasília, dias 24 e 25, para se apresentarem no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Os ingressos custam R$ 20 e são vendidos somente na bilheteria do Teatro da Caixa Cultural. Denominado Grand Gala, o espetáculo é constituído por dez solistas da companhia Kiev Ballet, considerada uma das cinco melhores do mundo e com uma tradição de 150 anos. Obras como A dama das camélias, Dom Quixote e O quebra nozes estarão no programa, que contará com bailarinos que estiveram na turnê passada, como Stanislav Olshanskyi, Anastasiia Shevchenko, Tatiana Golyakova, Maxim Kamishev, Ekateryna Kruk e Andrei Gavryshkiv, bem como dos também consagrados Konstantin Pozharnytskyy, Christina Shishpor, Margarita Alyanov e Tatiana Lozova. Da nova geração de bailarinos virão Maxim Khamishev, Andrey Gavryshkiv e Alyanov Margarita.

retalhosdemim Divulgação

umrelespotter Amor, transição para a vida adulta, preconceitos, relacionamentos e perdas são temas constantes no musical que ocupará o palco da Sala Plínio Marcos, da Funarte, dias 23, às 20h, 24 e 25, às 15 e às 19h. Com direção de Ricardo Taveira, que também integra o elenco, Um reles Potter dá vida ao bruxinho mais famoso do mundo, Harry Potter, da série best-seller da autora britânica J. K. Rowling. No ano passado, cerca de 1.500 pessoas assistiram ao musical brasiliense no palco do Teatro dos Bancários. Coreografias, cenários móveis, banda ao vivo. Em dois atos, o grupo brasiliense de 15 cantores percorre a trajetória da vida do órfão bruxinho dos 11 aos 17 anos. A peça promove uma verdadeira viagem para Hogwarts, a escola de magia onde Harry e seus amigos vivem inúmeras aventuras. “O cenário será modificado no decorrer da peça para dar a sensação de que a plateia, de fato, está dentro do mundo de Potter. Temos lápides, cemitério e coreografias simbólicas. Um sapateado coletivo dará a sensação do trem que caminha para Hogwarts. E, para a nova temporada, voltaremos ainda com mais gás!”, destaca o diretor, animado. Ingressos a R$ 60 e R$ 30, à venda em Tai CrossFit (910 Norte). Mais informações: 3322.2032.

umpalhaçonosparques A partir deste domingo, 18, e durante 15 domingos, a criançada já tem diversão garantida e gratuita: Peteleco nos parques, que apresenta o palhaço Peteleco com seu repertório de mágicas, perna de pau, malabarismo, palhaçaria, música e, de quebra, um pouco de futebol. O espetáculo circense Palhaço Peteleco – A mala veia novinha começa às 16h no Parque Ecológico Águas Claras e nas semanas seguintes segue para os parques Saburo Onoyama (Taguatinga), Três Meninas (Samambaia) e Olhos D’Água (Asa Norte), voltando a apresentar-se nos mesmos locais nas semanas seguintes. Leonardo Siqueira, mais conhecido como Palhaço Peteleco, nasceu no Gama e tentou ser jogador de futebol. Chegou a jogar no campeonato candango, mas várias contusões o levaram a pendurar precocemente as chuteiras. Explica, entretanto, que o amor pelo futebol continua sempre com ele. “Por isso, levarei algumas bolas para as apresentações, para poder brincar com pais, mães e crianças. Será show de bola!”, antecipa o Palhaço Peteleco. Informações: 98484.4962.

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A herança cultural de nossos ancestrais refletida em hábitos como costurar, fazer partos, cuidar do gado e dos cavalos, comemorar festas religiosas. Assim foi concebido o espetáculo Retalhos de mim... tecidos de nós, que será apresentado dia 2 de março, às 20h, no CTJ Hall (606 Norte). Dirigido por Renata Lima e Ludmilla Lima, apresenta trechos e retalhos das vidas, unidos e totalmente diferentes, mas que de alguma forma se complementam, tornando-se uma só colcha. Com coordenação geral de Wolney Unes, tem música interpretada e composta por Diego Amaral Damacena e Gleyson Andrade. As coreografias são de autoria dos dançarinos intérpretes. Entrada franca.


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jotaquestvemaí Músicas para cantar junto é o título do show que comemora 20 anos de carreira dos mineiros do Jota Quest e estará no Centro de Convenções Ulysses Guimarães dia 4 de maio, às 22h. O novo espetáculo traz os hits que todo mundo conhece, mas de forma surpreendente. Na voz de Rogério Flausino, as canções ganham versões acústicas inéditas. Entre elas estão Fácil, Só hoje, Amor maior e Dias melhores. Além dos clássicos, a banda apresenta as músicas Entre elas, Morrer de amor — em parceria com Alexandre Carlo, do Natiruts — e Pra quando você se lembrar de mim, feita em parceria com Wilson Sideral. O show também passará por 17 cidades brasileiras. Os ingressos custam entre R$ 60 e R$ 160 e podem ser adquiridos no Brasília Shopping ou na FNAC do Parkshopping e no site www.eventim.com.br.

sextasmusicais O show Encontros e despedidas abre a série Sextas musicais de 2018, dia 9 de março, às 20h, no CTJ HALL (706/906 Sul). No palco, a cantora Sandra Duailibe (foto) e o cantor e compositor Antenor Bogéa interpretam repertórios de Milton Nascimento, Fernando Brant, Demétrio Bogéa, Cristóvão Bastos, Aldir Blanc e Clara Paixão, entre outros, acompanhados pelo piano de Marcinho Silva. Sandra Duailibe estudou música dos cinco aos 15 anos de idade no Conservatório Carlos Gomes e em 2005 começou a se dedicar exclusivamente ao canto e à música. Gravou CDs e um DVD, além de participar de diversos discos de outros artistas. Antenor Bogéa é ligado à música desde a infância, mas exerceu diferentes atividades profissionais antes de se dedicar integralmente ao canto e à composição. Apresenta-se em festivais, teatros e clubes de jazz e já gravou seis CDs. Já dividiu o palco com Nina Simone, Baden Powell, Pierre Barouh, Miúcha e Sivuca, entre outros. Entrada franca.

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Peças de Lindembergue Cardoso, Guerra-Peixe, Bruno Maderna, Villa-Lobos e Wellington Gomes estão no programa do recital de flauta solo e em duo de Max Gutbrod com o clarinetista Ricardo Dourado Freire (foto). Eles se apresentam dia 7 de março, às 20h, no CTJ Hall (706/906 Sul). Gutbrod estudou no Conservatório Carlos Gomes, no Rio de Janeiro, aperfeiçoou-se na Alemanha e atualmente reside e trabalha em Moscou. Ricardo Dourado Freire é mestre e doutor pela Michigan State University, professor e chefe do Instituto de Artes da UnB. Criou o programa Música para crianças e rege a Orquestra Juvenil, ambos da UnB. Entrada franca.

Anna Ramalho

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flautaeclarineta

óperapop Música, desenho e literatura estão presentes no espetáculo multimídia Mundo nada particular, que a compositora e intérprete brasileira de raízes uruguaias Gabriela Doti apresenta no dia 27, às 20h, no Teatro Sesc Garagem (913 Sul). Nesse show, Gabriela lança um blog de crônicas escrito e ilustrado por ela, bem como faz o pré-lançamento de músicas inéditas, junto a uma exposição digital das obras. O projeto teve início em meados de 2016 com a despretensiosa escrita de crônicas, evoluindo para as ilustrações de cada capitulo. Foi aí que Gabriela se decidiu por converter essa experiência em blog música, onde cada capítulo tem uma playlist sugerida de canções cuidadosamente escolhidas. Numa linguagem moderna e alternativa, o eletrônico e o acústico se misturam com Gabriela, na voz, violão e guitarra, acompanhada por Daniel Baker (teclado, efeitos, synths e arranjos), Oswaldo Amorim (baixo) e Misael Barros (bateria). O show terá a participação especial de Haroldinho Mattos na guitarra. Ingressos a R$ 20 e R$ 10, à venda em https://www.sympla.com.br/ gabriela-doti--mundo-nada-particularopera-pop__240140 ou no dia do show, na bilheteria do teatro, a partir das 18h. 15


ahistóriadeummaestro Com 12 anos ele já era o menino-prodígio que fez seu primeiro recital de violino e foi aclamado pela imprensa amazonense. Entre inúmeras dificuldades – as financeiras, constantes – o maestro Cláudio Santoro viveu intensamente seus 69 anos, numa relação visceral com a música. É sobre ele o documentário Santoro – O homem e sua música, que estará em cartaz nos cinemas de oito cidades brasileiras a partir de 8 de março. A proposta do diretor, John Howard Szeerman, é narrar o rico universo do maestro de maneira a revelar o homem e a obra, numa linguagem que consiga equilibrar o artista genial e o ser humano em seu cotidiano. Premiado no 48º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro em 2015, o filme de 88 minutos fala da história desse autor de mais de 600 peças musicais, indo de simples prelúdios para piano a 14 sinfonias para grandes orquestras e uma ópera, da música dodecafônica ao nacionalismo e à música eletroacústica. Santoro passou por diversas fases, sendo comparado a Igor Stravinsky na totalidade de vertentes musicais que experimentou ao longo de sua vida.

farolsantander Divulgação

lobobonzinho

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Esse é o novo nome do icônico Edifício Altino Arantes, mais conhecido como Banespão. Depois de passar por ampla reforma, a construção de 162 metros de altura e 35 andares foi reinaugurada no último dia 25 de janeiro, no aniversário da cidade de São Paulo. As visitas começam pelo hall do andar térreo, um dos pisos tombados pelo Patrimônio Histórico de São Paulo, assim como o segundo, o terceiro, o quinto e o sexto, além do mirante do 26º andar, onde foi instalado um café com inspiração art déco. No Espaço de Arte Imersiva, concebido para mostrar o que há de vanguarda no âmbito da produção multimídia, multissensorial e artística, os visitantes podem ver, até 4 de maio, a exposição Belo, transitório, intangível e finito, com obras inéditas do coletivo russo Tundra e da artista Laura Vinci. “Queremos que o Espaço de Arte Imersiva converse com o momento atual, de empreendedorismo e soluções criativas. Os coletivos de arte autônomos são perfeitos representantes desses movimentos”, afirma a curadora Tatiana Wlasek. De terça-feira a domingo, das 9 às 20h. Vendas e agendamento de visita em www.ingressorapido.com.br.

espaçoaberto Até o dia 21 o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios aceita inscrições para o processo seletivo de exposições e mostras temporárias a ocuparem o Espaço Desembargadora Lila Pimentel Duarte em 2018. No ano passado, 2.032 pessoas visitaram o memorial, onde ocorreram três lançamentos de livros e 12 exposições artísticas temporárias. Foram realizadas ainda 18 visitas guiadas de grupos que as agendaram previamente, entre eles alunos de faculdades ou escolas locais, estudantes de Pernambuco, Espírito Santo e agentes do Programa Justiça Comunitária de Ceilândia. Informações no e-mail memoria@tjdft.jus.br ou no telefone 3103.5894.

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Uma vovó modernosa que faz crossfit e um lobo bom são algumas das maluquices que vão divertir as crianças na nova montagem da companhia Mundo Fantástico. Até o dia 25 estará em cartaz, no palco da Casa dos Quatro (708 Norte, Rua das Oficinas), a peça Chapeuzinho e o lobo bonzinho. Com texto inteligente e bem humorado, a adaptação do conto infantil promete arrancar as melhores risadas do público, sem contudo perder o sentido original da história, que é a transmissão de bons e reais valores. “Todo o espetáculo tem como base a interação com a plateia, fazendo com que as crianças façam parte da história”, explica o diretor Leonardo Gomes. Proposta, aliás, que a Companhia Mundo Fantástico adota desde o último espetáculo, João e Maria, outro clássico repaginado e que esteve em cartaz no mesmo espaço. No elenco Bianca de Lavour, Débora Fortes, Fernando Oliveira e Kayla Cristina. Ingressos a R$ 40 e R$ 20. Sábados e domingos, sempre às 16h. Informações: 99822.3344.

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DIA&NOITE


Fotos: Diego Bresani

QUEESPETÁCULO

Humor negro à espanhola POR JOSÉ MAURÍCIO FILHO

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m espetáculo brasiliense vai apresentar pela primeira vez no Brasil o teatro da dramaturga e encenadora espanhola Laila Ripoll, um nome de prestígio da cena teatral espanhola. Atra bilis, com direção do brasiliense-uruguaio Hugo Rodas e elenco formado por experientes e premiados atores de Brasília, fará temporada de cinco finais de semana, de 1º de março a 1º de abril, no Teatro Sesc Garagem da 913 Sul, sempre de sexta a domingo, às 20h. Uma vila esquecida no interior da Espanha. Madrugada. Três irmãs idosas e uma criada velam o corpo do único homem da Casa Grande. Essa é a situação criada pela autora para falar de velhice, solidão, esquecimento, tradição. Mas que ninguém pense que estamos falando sério: Atra Bilis é comédia de humor negro, em tom de realismo fantástico e com um certo clima patético. Ao longo de uma noite de forte tempestade, essas velhinhas vão confessar segredos nunca imaginados, revelar rancores, amores,

medos, mas, sobretudo, encarar a vida e a morte. Tudo regado a uma acidez de fazer corar a estátua do El Cid, em Burgos. Nas mãos do inventivo Hugo Rodas, o velório ganhou ainda outras nuances. Para começar, o encenador decidiu dividir a montagem entre dois elencos – um masculino e um feminino. Aos atores, cabe a tarefa de apresentar a encenação como teatro farsesco, com a caracterização de cada personagem, gestual, fala, figurinos etc. Já as atrizes irão revelar ao público como se dá um processo de leitura de texto, de descoberta de tons e ênfases, daquela filigrana essencial para o texto ser levado à cena. É claro que, em se tratando de Hugo Rodas, nada fica estanque e as duas propostas dialogam entre si, se entremeiam, se complementam. O título Atra bilis descende de atrabilis, substantivo que designa humor negro, melancolia, irritação. O texto faz parte da Coleção Dramaturgia Espanhola, de 2016, realizada pela Acción Cultural Española, em parceria com os festivais Cena Contemporânea (Brasília) e Tempo Festival (Rio de Janeiro). Dez tex-

tos de autores contemporâneos espanhóis foram traduzidos por dez encenadores brasileiros, publicados pela editora Cobogó e levados à cena em forma de leitura dramática. Hugo Rodas trabalhou em Atra bilis e se apaixonou pelo texto. Desde então, alimenta o sonho de levá-lo para a cena. O espetáculo reúne um time de primeira do teatro de Brasília. Bidô Galvão, Carmem Moretzsohn, Chico Sant’Anna, Sérgio Fidalgo, William Ferreira, Abaetê Queiróz, Camila Guerra e Solange Cianni vão se revezar na interpretação das personagens Nazária, Dária, Aurorinha e Ulpiana. A proposta do encenador oferece ao público a oportunidade de conhecer linhas diferentes de vocabulário cênico e de interpretação. Prepare-se para um encontro com o melhor e o pior de nossa pobre espécie humana. Atra bilis De 1/3 a 1/4, de 6ª a domingo, às 20h, no Teatro Sesc Garagem (913 Sul). Ingressos: R$ 40 e R$ 20. Classificação indicativa: 12 anos. Mais informações: 3445.4415.

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CAIANA GANDAIA Phi Nayade

Forró Ispilicute

Dançar e ser feliz POR SÚSAN FARIA

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ma boa música cubana, boleros, sambas, forró, baião, pagode... os casais vão deslizando no salão, com passos firmes e alinhados, abraçados, corpos leves, seguindo variados ritmos, alheios aos problemas, às dificuldades. Quem gosta e sabe dançar esquece quase tudo e deixa o corpo ser levado pelas batidas musicais e pela emoção, como se flutuasse. Não existe idade para dançar. Se o corpo obedece e a cabeça e o coração pedem, é se deixar levar. Lugar para dançar é o que não falta na cidade, para jovens, adultos e idosos. As serestas, principalmente, têm espaços especiais em Brasília, com dançarinos e dançarinas cativos que há décadas lotam os salões. “Dançar é deixar a alma te levar, sem se preocupar com o que está em volta. A dança eleva a autoestima, queima calorias, diminui o estresse, combate o mau humor, atrai amigos”, sentencia César Cipriano da Silva, 57 anos, carioca, um dos dançarinos mais conhecidos da cidade, professor e dono de academia de dança e que desde 2011 realiza o Baile

do Cipriano, no Hotel Nacional. Discípulo de Jaime Arôxa, considerado um dos maiores profissionais de dança do Brasil, Cipriano faz sucesso com sua seresta quinzenal, aos sábados, com música de Márcia Ayalla, Banda Duo Infinity, DDR Music, Lindberg Saito ou Adail Moreira. Quatro dançarinos são contratados para dançar com as damas. Cerca de 200 pessoas – geralmente acima dos 40 anos – vão a cada seresta, que começa às 21h, com meia hora de aula de dança de salão, grátis. O sucesso da seresta? Cipriano atribui à organização, à sua experiência de trabalhar e frequentar lugares como a antiga Estudantina e o Chão de Estrelas, no Rio, e à “vontade de fazer”. Claro, o espaço, a fidelidade do público e a qualidade da música ajudam. Quando se fala em seresta em Brasília, impossível não mencionar os bailes do Clube dos Previdenciários, o Previ, onde nos últimos 43 anos muita gente se conheceu e alguns casais se formaram para toda a vida. É umas das serestas mais tradicionais da cidade, que lota o enorme salão do clube, às vezes até com algum dançarino em cadeira de rodas. To-

das as sextas-feiras, sem falta, a Seresta do Previ alegra a vida de vários brasilienses. O traje esporte fino não é uma exigência, mas muitos aderem a esse estilo, o que torna o ambiente elegante, nostálgico e agradável, lembrando um clima dos anos 50 nas roupas, nos volteios... Foi ali que o casal Elizabeth Santos e Jonas Francisco dos Santos se conheceu, há 15 anos. Ela estava se sentindo só. “Fui uma vez, levei chá de cadeira. quase ninguém me tirou para dançar. Fui mais uma, a mesma coisa. Dei-me a terceira chance e conheci meu marido”, conta Elizabeth, viúva, 60 anos, três filhos e quatro netos. Inicialmente ela não botou fé no encontro, teve receio de que Jonas fosse casado, porque ele disse não querer compromisso, apenas dançar. Aos poucos, Jonas não queria outra dama. “Há 15 anos, dançamos toda sexta-feira. É sagrado, distrai, é bom para a alma. Fizemos amigos e uma parceria de vida”. Há 12 anos o gerente da Seresta do Previ, Jorge Trindade, supervisiona o baile, onde só faltou quatro vezes, sempre de olho na organização: “Aqui não se entra com bermuda, regata, tênis e boné.


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Happy hour do Sesc

Seresta do Previ

não é garantia de dançar muito, a não ser que já levem os parceiros ou já se tornaram conhecidas por dançar bem. Contudo, além de dançar, ouve-se uma boa música e algumas vezes rola o clima de romance, de conhecer pessoas diferentes. Márcia Ayalla é uma das atrações das serestas brasilienses. Filha de mãe goiana e pai italiano, a brasiliense de 53 anos trabalha há 32 anos na noite da capital e é seu costume, nos pequenos intervalos, ir às mesas cumprimentar os fãs. “Música é tudo pra mim. É alegria, também lembra tristeza... é sentimento e alma. Muitas pessoas me acompanham – crianças, professores de dança, idosos. É uma turma tranquila, um pessoal que gosta de se divertir”, observa a cantora, que possui três CDs gravados. Divulgação

ço a mais do Sesc, com preço acessível”, explica o assistente de gerência Thiago José Pacheco. Para garantir mesa e bom lugar, damas e dançarinos chegam cedo, muito antes dos cantores. Este ano, a seresta do Sesc recomeçou no último dia 7 com Leo Miranda e a programação prossegue com Jânio Silva, dia 21, e Serjão e seu teclado, dia 28. Em março, as atrações são Lindyberg Saito, Márcia Ayalla, Adail Moreira e Luizinho dos Teclados, nos dias 7, 14, 21 e 28, respectivamente. No mesmo salão, pessoas acima de 60 anos, após atividades do grupo e bingo, lotam a pista de dança à tarde, às terças-feiras, ao som de música mecânica. É certo que na maioria desses encontros o número de mulheres é maior do que o de homens. Ir aos bailes, portanto, Dani Lobo

Quem trabalha não dança nem bebe. A música começa e termina na hora. A bilheteria é para 600 pessoas. Quando lota, só vendemos ingresso na medida em que outros saem”. Só não tem seresta na sexta-feira da Paixão ou quando o Natal e o Ano Novo caem numa sexta. O ambiente é familiar, sem alterações ou brigas, e muita gente comemora ali o aniversário, trazendo parentes e amigos. O projeto !Bailame! Sr. Gonzales Serenata Orquestra, cuja primeira edição foi em 2015, volta ao salão principal do Previ, sempre no primeiro domingo do mês. Sucesso mais do que garantido são os bailes do Sesc da 913 Sul, às quartas-feiras, das 19 às 23h, com música ao vivo e lotação máxima – 200 pessoas. “É um ponto de encontro das pessoas, um servi-

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As noites em Brasília não se restringem às serestas. Tem happy hour – com MPB e músicas dos anos 70, no Clube da Vizinhança, na 108 Sul; forró pé-de-serra no Ispilicute, desde 2006, agora no Minas Brasília Tênis Clube; e muito samba no Outro Calaf, no Setor Bancário Sul, e na Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro (Aruc), no Cruzeiro Velho. Aos sábados, tem o baile do Roberto Baez no Centro de Atividades Sociais do Sindilegis (Ascade), na 610 Sul. Às quintas-feiras, um excelente forró ao ar livre na Torre de TV. Já são 12 anos ininterruptos de Ispilicute e há uma aula gratuita de forró antes do baile, o que propicia a integração entre os frequentadores. “O perfil do público é variado. Amantes da dança, apreciadores do forró e da cultura nordestina, pessoas de todas as idades se encontram às sextas-feiras no melhor clima for all”, explica Cristiane Gomes Dias, produtora do evento. Segundo ela, artistas nacionais e locais se revezam no palco, além do DJ LÊU-forró. Há um show diferente a cada edição do forró, e na primeira e segunda sexta-feira do mês, em um segundo ambiente, o Beco do Zouk,

o s o i c i l e D

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CAIANA GANDAIA

Happy hour do Sesc

para dançar o melhor do zouk, da kizomba, da bachata e do reggaeton, os ritmos quentes do momento. Ispilicute é a palavra cearense para “she’s pretty cute”, expressão em inglês que significa engraçadinha, bonitinha. No início, era apenas um encontro quinzenal para um grupo de amigos da dança confraternizar ao som do melhor do forró pé-de-serra, no Cota Mil, mas o Ispilicute solidificou-se e transformou-se em um evento de sucesso, em ambiente tranquilo e convidativo, coberto e arejado, com serviço de alimentos e bebidas, chapelaria e estacionamento interno. E onde a motivação maior é dançar e ser feliz.

Seresta do Previ Sextas-feiras, a partir das 21h. Ingressos a R$ 20 e R$ 40.

Happy Hour do Vizinhança Sextas-feiras, das 18 às 23h. Entrada franca, com cobrança de couvert artístico.

Bailinho do Sesc Quartas-feiras, das 19 às 23h, com música ao vivo, no salão do Sesc na 913 Sul. Ingressos a R$ 10 (para associados do Sesc).

Forró do Ispilicute Sextas-feiras, no Minas Brasília Tênis Clube (Setor de Clubes Norte), com ingresso a R$ 25 até as 23h e R$ 35 após.

Baile do Cipriano Sábados, das 21 às 2h30h, de 15 em 15 dias, no Hotel Nacional (o próximo será no dia 24, com a banda Infinity). Ingressos a R$ 35.


Anderson Andrade

GRAVES&AGUDOS

Etnologia

musical

POR HEITOR MENEZES

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e não fosse a internet, mais difícil seria. Pois algo precisa ser feito para que os músicos, artistas de Brasília e do Distrito Federal, que produzem aquele biscoito fino, sejam mais ouvidos e consumidos neste quadrilátero. Músicos como o guitarrista, compositor e produtor multi-instrumentista, nascido em Taguatinga, Dillo Daraújo. Em breve, o autor de Mamãe, mamãe (grande hit brasiliense de 2016) deve lançar Guitarrafrika, disco instrumental, ao que parece uma tentativa interessante de buscar nossas raízes, com a guitarra elétrica fazendo a ponte Brasil-África. O Guitarrafrika, aliás, já teve uma prévia no Clube do Choro, ano passado, que serviu de laboratório para o atual projeto. É o que explica Dillo em conversa com a Roteiro. “Um artista dificilmente produz um conteúdo e lança esse conteúdo integral, como vai ser para sempre. No meu caso, que sou um experimentalista, comecei esse disco tocando ao vivo, para ver como as pessoas reagiriam”. A depreender do que foi feito no Clube do Choro, a expectativa é de ouvir, quem sabe, uma boa lição de etnologia musical, com o som ajustando a con-

versa entre o Brasil e o continente africano, via guitarra elétrica. Dillo esteve recentemente na África do Sul, interagiu com músicos locais e gravou vozes de cantoras sul-africanas, já incorporadas em faixas do novo trabalho. O interesse por essa ponte, segundo o taguatinguense, vem do próprio trabalho de busca universal que desenvolve. Dillo tem um som que ora parece blues, ora tem um quê de música pop, rock’n’roll, guitarrada, carimbó, lambada, tendo experimentado bastante coisa em quatro discos autorais e outras tantas participações em projetos afins. Só para lembrar, Dillo é um dos autores da música de O último Cine Drive-In (2015), grande sucesso do cinema candango. “Não fiz sozinho, foi a muitas mãos: eu, Sascha Kratzer (alemão que vive em Brasília), Bruno Berê, do Pé de Cerrado, e Zé Pedro Gollo. Tem muita guitarra nesse filme; aquela guitarra sou eu”. Em 2016, lançou Dillo, disco recheado de canções autorais, com letras instigantes, de tons existencialistas, nada de discurso fácil, como às vezes a música deve ser. Nesse, o grande sucesso talvez seja Mamãe, mamãe, canção de letra premiada em festival da Rádio Nacional (defendida com grande emoção na final por

André Gonzales, dos Móveis Coloniais de Acaju). O videoclipe da canção, dirigido em retribuição pelo Sr. Gonzales, totalmente feito em Brasília, também levou prêmio em festival de curtas. Mas Dillo avisa: trocaria os prêmios por dinheiro, porque, apesar do reconhecimento, não é fácil a vida de quem quer viver de música e de cultura no Distrito Federal. É óbvio que as coisas vão melhorar. Mas, voltando ao início do texto, se não fosse o Clube do Choro, os bons músicos da cidade ficariam órfãos de tudo na capital. Dillo lembra que os principais palcos fecharam e às vezes restam eventos em lugares como o CCBB, para salvar a pátria. Por isso, por enquanto, nada de shows no horizonte da capital. A saída é a internet, claro. A música de Dillo pode ser encontrada em plataformas como Deezer, Spotify, YouTube e Soundcloud, e a qualquer momento, ao vivo, perto de você. O que acha de ser encontrado assim, de graça, no mundo virtual? “Tenho medo é de desaparecer, do anonimato, não de ser copiado, pirateado, compartilhado. Temo é a indigência”. Resistência? Não, resiliência! Dillo Daraújo

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GRAVES&AGUDOS

Salve mestre

João Gilberto!

O Clube do Choro homenageia o criador da Bossa Nova no momento mais difícil de sua vida, interditado judicialmente pela filha Bebel, com a saúde debilitada e ameaçado de despejo. POR SÚSAN FARIA

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odos os anos, o Clube do Choro escolhe um artista para apresentar sua obra e lhe render homenagens. Desta vez, a reverência é para o mestre e inventor da batida da Bossa Nova, o cantor, compositor e violonista João Gilberto. Ele será lembrado, ao longo de todo o ano, com a execução de músicas de sua autoria pelos artistas que vão subir ao palco do Clube do Choro. “João Gilberto sempre honrou as cores do Brasil. Fez música a vida inteira com muito zelo. Hoje, ele está interditado, com aluguel atrasado e ninguém diz nada, ninThe Cult guém lhe estende a mão”, lamenta o pre-

sidente do Clube do Choro, Henrique Lima Santos Filho, o Reco do Bandolim. Aos 86 anos, o baiano de Juazeiro que ganhou o Rio de Janeiro e o mundo a partir dos anos 50 com sua original sonoridade está hoje no centro de uma disputa judicial entre seus filhos. Lenda viva da música popular brasileira, deu início à Bossa Nova ao lançar, em 1958, um disco compacto com as canções Chega de saudade e Bim bom. Nascido numa família de músicos, ainda adolescente formou o grupo musical Enamorados do Ritmo. No final dos anos 60 residiu no México durante dois anos. Em 1986 apresentou-se no Festival

de Montreux, na Suíça, e a partir daí levou a Música Popular Brasileira para a Europa, os Estados Unidos e o Japão. Divulgação

Moraes Moreira


Marília Fraga

Divulgação

Leny Andrade

Clube do Choro

Setor de Divulgação Cultural, Bloco G (3224.0599). Ingressos: R$ 40 e R$ 20. Informações: www.clubedochoro.com.br.

Maestro Fabiano Medeiros

Noites pernambucanas Frevo, maracatu, coco, baião e manguebeat... tudo isso vai rolar nos dias 24, às 21h, e 25, às 20h, no Clube do Choro. O projeto Noites pernambucanas chega a sua 12ª edição promovendo um encontro de maestros pernambucanos com artistas da capital. O maestro Fabiano Medeiros, regente da Orquestra Popular Marafreboi, compartilhará a regência com os maestros Forró, Ademir Araújo (conhecido como Maestro Formiga), Edson Rodrigues, considerado um dos maiores compositores de frevo, e Spok, embaixador do frevo, que se apresenta apenas no dia 25. O Coral Edgard Moraes, formado pelas filhas e netas do compositor Edgard Moraes, e o cantor Ed Carlos participarão das apresentações. O Noites pernambucanas oferecerá ainda a Roda dos Saberes, uma troca de experiências entre maestros, alunos e quem mais se interessar pela cultura popular brasileira. “A intenção é promover um intercâmbio com o que Pernambuco carrega de mais precioso na cultura”, explica o maestro Fabiano

Medeiros. A Roda dos Saberes acontecerá na Faculdade de Arte Dulcina de Moraes, no Conic, dia 24, das 9 às 12h.

Arquivo pessoal

Durante todo o ano, os convidados do Clube do Choro terão a obrigação de fazer uma abordagem da obra do cantor. Reco fez contato com Miúcha, ex-mulher de João Gilberto, para comunicar a escolha. Ela ficou feliz e lhe sugeriu que escrevesse uma carta ao cantor, o que já foi feito. João Donato, Chiquinha Gonzaga, Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Baden Powell, Chico Buarque e Dorival Caymmi foram alguns dos homenageados em anos anteriores. A partir de agora o Clube do Choro terá programação praticamente diária, começando pelo cubano Félix Saboy, do Buena Vista Social Club, neste sábado, 17, e prosseguindo com Moraes Moreira, dias 19 e 20, e com a 12ª edição do projeto Noites pernambucanas, dias 24, às 21h, e 25, às 20h. O maestro Fabiano Medeiros, da Orquestra Popular Marafreboi, vai compartilhar a regência com outros maestros pernambucanos (leia mais no quadro ao lado). Em março, nos dias 9 e 10, a atração será o grupo Choro Livre, liderado pelo próprio Reco do Bandolim, que no dia 20 embarca para a Europa, para se apresentar no 14º Festival de Choro em Paris, de 23 a 26, e no Museu do Fado, em Lisboa, dia 30. Antes disso, em Brasília, quem sobe ao palco do Clube do Choro é Leny Andrade, nos dias 12 e 13. No decorrer do ano, grandes instrumentistas participarão das homenagens a João Gilberto, entre eles Léo Gandelman, Marcos Pereira e Yamandú Costa.

Maestro Formiga

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BRASILIENSEDECORAÇÃO

Rênio Quintas POR VICENTE SÁ FOTOS GADELHA NETO

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os dois primeiros dias deste mês, o Clube do Choro recebeu o Rênio Quintas Trio, uma justa homenagem a um dos maiores e mais completos músicos da cidade. O entusiasmo do público durante as duas noites coroou a importância do trabalho desse artista que dedicou sua vida à cidade e batalhou, sempre, por condições dignas de trabalho para a classe artística. Na ditadura, lutou por liberdade, depois por políticas públicas de financiamento para os projetos culturais. Mas a paixão por Brasília não veio do nada. Foi muito bem cultivada, regada e cuidada. Começou quando os dois eram meninos, Rênio e a cidade.

Em 1960, aos cinco anos, o pequeno e irrequieto Rênio deixou o Rio de Janeiro e veio soltar sua alma na imensidão de uma cidade que ainda se construía e, mesmo assim, já o encantava. “O meu irmão mais velho queria voltar para o Rio. Não entendia que Brasília estava em construção. Achava que era uma cidade em ruínas. Mas eu adorava tudo aqui, sempre achei ela linda”, lembra Rênio. Terceiro dos oito filhos do casal Expedito Quintas e Regina Estela – ele, jornalista e poeta; ela, professora e escritora que gostava de tocar piano –, Rênio foi, aos seis anos, estudar com ninguém menos que a pianista Neusa França, amiga da mãe. Mas o menino ainda era mais forte do que o músico e a inquietude o fez abandonar os estudos musicais. Se as notas e as partituras ainda não o atraíam,

a cidade o chamava e ele correu e passeou em seu carrinho de rolimã por todas as dobras do corpo daquela Brasília menina. Encheu-se dela de tal forma que até hoje consegue revê-la só fechando os olhos. Ao final da adolescência encontrouse com o violão e recomeçou a trilhar os caminhos da música. Depois, sentindo que em todas as bandas sobravam violões e guitarras e faltavam teclados, voltou ao piano e se encantou com o universo musical que ele abriu à sua frente. Nasceu aí uma parceria que dura até hoje. Como boa parte de sua geração, Rênio estudou na Escola de Música de Brasília e depois, firmada sua convicção de que seria mesmo músico, entrou para a UnB, de onde saiu maestro. Ainda durante o regime militar, nos anos 70, jun-


to com Maria Duarte, Ézio Pires, Vladimir Carvalho, Maria do Rosário Caetano e J. Pingo, entre outros, participou da criação do Cuca, movimento que buscava criar condições para que a cultura local florescesse. “Naquele tempo, os artistas não conseguiam dinheiro da Fundação Cultural para alugar um equipamento de som ou fazer um cartaz sequer, e todo o dinheiro ía para a Orquestra Sinfônica de Brasília. O que que nós fizemos? Interrompemos uma apresentação da orquestra no Teatro Nacional com cartazes e faixas pedindo dinheiro para a cultura. Foi um estrago,” conta Rênio. Pouco tempo depois, Brasília deu um respiro, com alguns intelectuais assumindo postos-chaves na cultura e possibilitando que a criação de Brasília aflorasse. Alguns nomes como TT Catalão, Luís Humberto e Ary Para-Raios até hoje são lembrados pelo músico. Por essa época, Rênio estava a mil e organizou o primeiro Encontro de Artistas e Gravadoras Independentes, abriu sua empresa de arte e criou, junto com Eder Braga, o Cafofo, um bar-teatro-estúdio-de-ensaio por onde passaram vários grupos de teatro e bandas de rock, como Aborto Elétrico, de Renato Russo, Banda Porão, Escola de Escândalos e Capital Inicial. “Muitos jovens músicos ensaiavam na UnB, à noite, mas aí o então reitor, José Carlos Azevedo, fechou os locais de ensaio alegando que os artistas faziam baderna. Nós então abrimos o porão do Cafofo para todos ensaiarem. Era uma farra”. Ainda naqueles tempos, Rênio criou, com o guitarrista Toninho Maia, a banda Artimanha, dando início a um período riquíssimo da música instrumental de Brasília. Passou também a compor para teatro e cinema, produzindo trilhas sonoras para No e Araguaia, a conspiração do silêncio, ambos dirigidos por Ronaldo Duque, A TV que virou estrela de cinema, de Márcio Curi, e O guarda-linhas, de Liloye Boubli. A convite, Rênio viajou para Nova York, onde se apresentou, conheceu músicos e se apaixonou pela cidade. Quase ficou por lá. Mas seu coração é mesmo brasiliense e ele voltou para criar, com Fernando Corbal, o grupo Naipe, fazendo sucesso dentro e fora do Distrito Federal. Conheceu e se encantou com a cantora Célia Porto, com quem começou a trabalhar e se casou depois de algum tempo. Então, passou a fazer os arranjos e a direção de seus shows, mas sem deixar de lado o trabalho individual. Mesmo com tantos afazeres, o maestro conseguiu tempo e organizou, durante 11 anos, o Festival de Música Instrumental e Arte Popular de Cavalcanti, cidade goiana da Chapada dos Veadeiros. O projeto conseguiu mobilizar grande parte da comunidade, resultando na criação de vários grupos musicais e de danças populares na cidade, sendo assistido por mais de 40 mil pessoas nas suas 11 edições. Hoje, aos 62 anos, o maestro está tocando, e cada vez melhor, no Rênio Quintas Trio, dirigindo Célia Porto, curtindo os filhos e continuando sua antiga luta por melhores condições de trabalho para os artistas do Distrito Federal. No final do ano passado, ele e um aguerrido grupo de artistas locais conseguiram que os recursos do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) se tornassem intocáveis. Agora, nenhum governador do DF poderá desviar, como vinha sendo feito, o dinheiro da arte para outras áreas. Planos para o futuro? Sim, continuar tocando a vida como toca seu piano: com arte.

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GALERIADEARTE

Mais um voo de Bento Viana POR VILANY KEHRLE

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aquele dia de 1979, quando segurou uma câmera pela primeira vez, apontou a objetiva para os famosos vitrais da Igreja Dom Bosco e viu sombras, reflexos e luzes, Bento Viana sabia que, mesmo inconscientemente, tinha encontrado seu caminho. A máquina era emprestada pelo respeitado fotógrafo Carlos Terrana; Bento tinha oito anos de idade e havia acabado de pôr os pés no cerrado, vindo do Rio de Janeiro. Ousado, destemido, criativo e inquieto, Bento não para de inventar. Doze anos depois da experiência na Dom Bosco, começou a trabalhar com cinema e, a partir daí, tudo fluiu naturalmente. Fez curso superior de Geografia, envolveu-se com publicidade e documentários, mas foi na fotografia que se realizou plenamente. Comprou sua primeira câmera em 1994, mas começou a trabalhar exclusivamente com a imagem fixa e silenciosa em 2002. Nos mais de 25 anos de experiência, realizou projetos relevantes para organizações públicas e não governamentais, embarcou em expedições a lugares como

Amazônia, África e Antártida, estudou Educação Ambiental nos Estados Unidos, produziu cerca de 40 exposições individuais e coletivas e publicou cinco livros. No início deste mês surpreendeu o mercado de arte da cidade com mais uma invenção: a Bento Viana Galeria. “Sou um cara de muitas realizações, pois

gosto de ir buscar as coisas. Quero ter um espaço sempre, estar sempre produzindo”, avisa. Com endereço na comercial da QI 17 do Lago Sul, a galeria, uma nova opção no circuito de arte, design e decoração brasiliense, abriga as mais de 500 mil imagens capturadas pelas lentes do fotó-


Fotos: Bento Viana

grafo nos espaços da capital ou em suas andanças pelo Brasil e pelo mundo. Para marcar a abertura, ele convidou o curador de fotografia Diógenes Moura para assinar a exposição Voz do olhar, que faz a primeira leitura de seu acervo. “Muitos signos estão ‘guardados’ dentro de uma fotografia, por isso existe uma imensa distância entre ver e enxergar”, reflete Diógenes, no catálogo que anuncia a mostra. A monumentalidade de Brasília, os cobogós e a arte de Athos Bulcão, a fauna e a flora do cerrado, as plumas da arara azul, paisagens cariocas, o couro da onça e a beleza da etnia Waurá são algumas das imagens selecionadas pelo curador que estão em cartaz na galeria até 30 de março. Enquanto isso, Bento planeja outros eventos que farão parte do cronograma do espaço, como oficinas de fotografia, com viés mais prático que teórico, ministradas por ele e por profissionais convidados, como Bob Wolfenson e Luiz Braga, com início previsto para abril, e projetos voltados para crianças e adolescentes. A galeria foi um sonho acalentado durante anos, e concretizá-la foi um grande desafio para Bento, pois tanto no Brasil como na América Latina não é comum esse tipo de espaço: uma galeria voltada para comercializar apenas trabalhos de um determinado profissional da fotografia. Nela, você pode adquirir uma imagem que custa R$ 1 mil ou outra que

pode chegar a valer R$ 25 mil. Encarando a fotografia de uma forma ampla e como um desafio diário, Bento, que não gosta de registrar desastres e violência (“Gosto de provocar sentimentos de encantamento”), acha que o melhor caminho é sempre estar aprendendo, já que as coisas nunca estão verdadeiramente concluídas. Sonha em ver seu trabalho reconhecido não apenas em Brasília, mas também no Brasil e no exterior. “Descobri que minha arte é referência na UnB e em outras faculdades do Distrito Federal. É uma conquista legal”, afirma, contente. Em abril de 2014 ele lançou a exposição e o livro Do céu, Brasília. A publica-

ção foi reconhecida como uma das principais já produzidas sobre a capital federal. Agora, se prepara para lançar mais um livro: Rio. Do céu, Cidade Maravilhosa, com fotos coletadas nos últimos três anos. Também já estão encaminhados Pernambuco visto do céu e Bahia vista do céu. Encarando a galeria como um passo para um próximo negócio, o insaciável Bento diz, de forma metafórica: “Já cheguei no monte Kilimanjaro (onde esteve nos tempos da expedição á África), também quero chegar no Aconcágua, e, mais tarde, no Himalaia”. Aguardemos! Bento Viana Galeria

SHIS – QI 17, Bloco G (3248.1589) De 2ª a 6ª feira, das 12 às 22h.

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Divulgação

DIÁRIODEVIAGEM

Côte D’Azur baiana POR MÔNICA SIQUEIRA

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ais de 500 anos após a chegada de Cabral ao Brasil, poderíamos ter esgotado nossas descobertas no litoral sul da Bahia. Só que por lá a natureza insiste em surpreender e algumas modernidades só chegam lentamente, para deleite de quem procura paraísos pouco explorados. A Costa do Descobrimento, extensão de Porto Seguro até Caraíva, possui um trecho de 150 km de praia. É uma espécie de “Côte D’Azur” tupiniquim, que atrai tanto por sua geografia como pelo mar quentinho e manso. Nos anos 90, o siciliano Nicola D’Ipollito velejava na costa quando descobriu o terreno onde hoje está construído o condomínio Outeiro das Brisas (ou simplesmente Outeiro), imediatamente acima da Praia do Espelho. Ali foram in-

vestidos cerca de R$ 7 milhões/ano nos primeiros dez anos, e é um dos primeiros empreendimentos de luxo da região, como conta Michelle D’Ippolito, sócio de Nicola. Inaugurado em 1992, o Outeiro parece uma miniatura de Trancoso. Tem até uma réplica da Praça São João, o famoso “Quadrado”, no alto da falésia. Na verdade, de igual só mesmo essa praça. São mais de 5 milhões de metros quadrados, com trilhas internas que dão acesso a três praias – do Espelho, dos Amores e do Outeiro –, onde foi construído um clube exclusivo para os hóspedes. As praias são banhadas por um mar azul turquesa, cheias de piscinas naturais onde se alugam equipamentos para esportes como mergulho, stand up paddle e caiaque. O centrinho de casas de cores fortes, construídas com matéria-prima local, dá

graça e luz ao lugar. E o melhor: lá os carros não entram. As ruas e campinhos são tomados, nos fins de tarde, pelo burburinho de crianças jogando bola, brincando

O futebol society é um dos esportes mais praticados pelos


Bia Froes

de polícia e ladrão e andando de bicicleta. A conta na vendinha (única) entra no acordo entre pais e filhos para garantir independência, balinha e picolé. Isso pode não ser luxo para todos, mas é para pessoas que, como eu, têm memórias da infância de pés descalços e liberdade. Se sua procura for por badalação, esse não é o lugar. Depois do entardecer, com poucas luzes, só os vagalumes concorrem

hóspedes mais jovens.

Mônica Siqueira

de Porto Seguro, pela BR-367, entre Trancoso e Caraíva. O acesso pode ser de carro, táxi ou van. A estrada é pavimentada de Porto Seguro até Trancoso. O condomínio possui uma pista de pouso maior do que a do Aeroporto Santos Dumont, onde são permitidos pousos de aeronaves do tipo turbo-hélice, helicópteros ou aviões que não necessitam de pista pavimentada.

Mônica Siqueira

com a noite estrelada, que parece inspirada em Van Gogh, e o melhor dos programas é sempre um luau. Com um crescimento de pelo menos dez novas casas por ano, o Outeiro, bem como outros empreendimentos da região, consolida esse litoral como uma das maiores opções de negócios turísticos do Brasil, sem perder suas características naturais e bucólicas. O Outeiro fica a 88 km do aeroporto

Alguns, como Rafael e Beatriz Raposo, se arriscam também no stand up paddle.

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DIÁRIODEVIAGEM

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Caminhadas – O condomínio não é “pé na areia”, mas nem por isso é difícil chegar às praias, que são próximas. Há diversas trilhas irresistíveis: as que vão em direção às praias por uma escadaria, por uma matinha com córregos ou pela pista de areia. Há também caminhos que margeiam o campo de golfe e a lagoa. É uma ótima chance de liberar a culpa dos excessos das férias – falo isso com consciência (e corpo) pesados por nunca ter chegado até o Rio Frades, 14 km pela praia, mas este é meu projeto futuro. Parque infantil – Localizado no centro do “Quadrado”, o parquinho está equipado com jogos de totó, xadrez gigante, um carrinho de rolimã e ótimos brinquedos. Fica em frente à vendinha, local preferido dos pequenos e dos grandes que querem tomar um cafezinho. Clube de praia – Fica na Praia do Outeiro e o restaurante é uma boa opção para drinks, petiscos e almoço (à noite servem pizza). É o local mais próximo para curtir a praia à noite. Vôlei e futebol – Os campos localizados perto da falésia dão um colorido aos jogos de fins de tarde. E é para quem quiser jogar, para quem chegar. Cavalgada – Uma empresa especializada promove passeios de uma semana na região, com valores entre R$ 4 a R$ 5 mil por pessoa, com hospedagem e alimentação. O objetivo é visitar fazendas, praias e vilarejos. Também é possível alugar cavalos para pequenos passeios. Golfe e polo – A prática do golfe é feita em um campo de nove buracos. Já o

campo de polo, no alto da falésia, proporciona aos visitantes uma visão do ponto mais elevado do empreendimento. QUANDO IR

No início do ano há chuvas esporádicas, mas o sol e o calor são garantidos. Pode chover nos meses de março a maio. Entre julho e setembro chove menos. ONDE FICAR

Há duas pousadas no Outeiro: a Brisas do Espelho e a do Outeiro. Ambas não são “pé na areia”, mas isso não é um problema. A diária média para um casal na baixa temporada custa R$ 570 e na alta R$ 850 (fora Réveillon e Carnaval). Grupos maiores podem alugar casas oferecidas em sites. Os valores variam de

acordo com as comodidades. ONDE COMER

As opções são poucas, mas de qualidade. A Pousada do Outeiro tem um restaurante que serve desde massas e sanduíches a frutos do mar. A Brisas do Espelho tem opções contemporâneas, como sushis e pizzas. Há mais duas pizzarias na vila e um bistrô que serve hambúrgueres e risotos deliciosos. Mas prepare o bolso: uma pizza individual custa em média R$ 68 e um hambúrguer R$ 70. No restaurante do clube, uma porção de mandioca frita custa R$ 45. E não há opções de comida caseira com preços mais populares. Mas, como diz Caymmi, “tudo, tudo na Bahia faz a gente querer bem; a Bahia tem um jeito que nenhuma terra tem!”.

Fotos: Mônica Siqueira

O QUE FAZER


Divulgação

LUZCÂMERAAÇÃO

Min börda (The burden)

Três dias de animação Festival na Caixa Cultural apresenta produções autorais e contemporâneas POR PEDRO BRANDT

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público amante da animação tem, entre 2 e 4 de março, a oportunidade de acompanhar um recorte bastante diverso desse tipo de produção durante a primeira edição do InterAnima – Festival Internacional de Animação e Interatividade. Com foco em obras autorais e contemporâneas, a programação gratuita apresenta 50 animações de 26 países, entre longas e curtas-metragens. Quem visitar a Caixa Cultural, que abriga o evento, também poderá vivenciar experiências de realidade virtual e acompanhar debates com profissionais das áreas de animação, cinema VR e videogames. O InterAnima surgiu não apenas pelo gosto dos envolvidos em animação, mas pela percepção do grande número de pessoas que buscam participar do festival. “Além de recebermos muitos filmes com esse tipo de linguagem, sabemos que as janelas de exibição para a animação são muito restritas, especialmente em Brasília”, explica a produtora Thay Limeira, da Sétima Cinema. Cineasta e animadora, Nara Norman-

de foi convidada para fazer a curadoria do primeiro InterAnima. “São produções que apostam na potência de suas imagens para deslocar o espectador, seja através de filmes que extrapolam fronteiras e inovam as linguagens audiovisuais, seja por meio de temas latentes, com destaque para a forte representação feminina”, comenta. Relações sociais, políticas, familiares e amorosas, existencialismo e ainda o abstrato e o poético aparecem como temas das animações, 23 delas realizadas por mulheres. Nascida na Letônia e radicada nos Estados Unidos, Signe Baumane é a homenageada do evento e conta com uma mostra com nove de seus curtas, além da exibição, na sessão de abertura do festival, de seu primeiro longa-metragem, Rocks in my pockets. “Prazer feminino, dramas familiares e uma boa dose de erotismo é o que vemos nos filmes da Signe”, detalha Nara. A curadora chama a atenção para animações premiadas internacionalmente, como o stop motion musical sueco Min börda (The burden), premiado em Annecy, e o francês Negative space, recentemente indicado ao Oscar. Outros destaques são o americano Everything, que rompe fron-

teiras entre cinema, game e realidade virtual; Maacher jhol (The fish curry), que aborda a questão da homossexualidade na Índia; o ganense Black Barbie, sobre preconceitos raciais; e o brasileiro Quando os dias eram eternos, que conta de forma poética a trajetória da doença da mãe do realizador. E ainda que o público alvo do InterAnima sejam os adultos, duas mostras foram pensadas especialmente para jovens e crianças, com animações que fogem do convencional comumente visto na televisão e no cinema. No encerramento do festival será exibido o consagrado longa-metragem Persépolis, adaptação da história em quadrinhos autobiográfica de Marjane Satrapi, dirigido pela própria em parceria com Vincent Paronnaud, filme que completa uma década de sua estreia nos cinemas do Brasil. A sessão será precedida pelo premiado curta-metragem brasileiro Torre, de Nadia Mangolini. InterAnima – Festival Internacional de Animação e Interatividade

De 2 a 4/3 na Caixa Cultural (Setor Bancário Sul, Quadra 4). Programação gratuita. Os ingressos podem ser retirados a partir de uma hora antes do horário de cada sessão. Mais informações: 3206.6456 (bilheteria) e www.caixacultural.com.br.

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LUZCÂMERAAÇÃO

Uma radiografia do fracasso Drama biográfico sobre fatos ocorridos há mais de duas décadas com patinadora da equipe olímpica norte-americana joga também uma luz sobre a América contemporânea POR SÉRGIO MORICONI

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e você viu o trailer, esqueça. Eu, Tonya pode ser um filme muito mais interessante do que seu pequeno excerto de divulgação sugere. A pergunta que podemos fazer ao ver o filme do diretor Craig Gillespie é o que devemos observar (ou talvez entrever) nesse drama sobre a prodigiosa e controvertida patinadora artística Tonya Harding. Sua ascensão à glória e posterior descida aos infernos, como consequência de uma desastrada interferência do marido, poderia nos remeter a uma imponderável reflexão a respeito dos mecanismos de contro-

le psicológicos e sociais sobre os indivíduos, especialmente os atletas de alto desempenho. A história de Tonya é real. O filme tenta explicar os fatos que estariam por trás do escândalo que viria a ocorrer em 1994 envolvendo a protagonista. Gillespie tem no seu currículo filmes de entretenimento feitos para a grande indústria. A hora do espanto e Horas decisivas são dois exemplos. O material de divulgação sugere também uma obra anódina de mercado, enfatizando o fato de que Eu, Tonya pode ser um dos fortes candidatos ao Oscar de 2019. Mas a estética do filme confunde. Uma primeira impressão faz acreditar

que a estratégia do diretor é conseguir a adesão de um público médio, injetando aqui e ali elementos críticos. Ou será que o filme se apropria de uma estética “pseudo” culta que no fim das contas não deixa de ser vulgar? Como assim? Em primeiro luga, as cenas de fake documentário: os personagens se dirigem diretamente à Câmara revelando acontecimentos que não estão no filme. Também fazem comentários sobre aquilo que vimos e que não vimos. Muitos deles sucedem os acontecimentos encenados. Outros tantos não estão no filme de nenhuma forma ou apenas insinuados em suas cenas finais. Vejamos o que não está no filme: de-


quase se afogar dizendo que aquilo era uma lição para que ele aprendesse a não confiar em ninguém, nem em seu próprio pai. Não há amor nem compaixão entre Tonya e sua mãe. Como já mencionado, o diretor se utiliza da linguagem de um falso documentário onde os personagens fazem comentários sobre os fatos vividos no passado e no presente. O resultado é ambíguo. O filme balança entre a autoironia – na trilha sonora ouvimos canções românticas e melosas –, uma certa vulgaridade das grandes produções sobre a redenção de indivíduos fracassados e, curiosamente, também nos deixa a impressão de uma sincera investigação sobre a América profunda. Estaria Gillespie fazendo algum tipo de analogia com a era Trump? Num determinado momento, vemos de relance um pôster de Ronald Reagan. Muitos dos personagens de Eu, Tonya são estúpidos, boçais ou esquizofrênicos. Eles são os perdedores, os desiludidos, o lado sombrio do sonho americano. Eu, Tonya

EUA/2018, drama biográfico, 120min. Roteiro: Steven Rogers. Direção: Craig Gillespie. Com Margot Robbie, Allison Janney, Sebastian Stan, Julianne Nicholson, Mckenna Grace, Bojana Novakovic, Joshua Mikel e Bobby Cannavale.

Fotos: Divulgação

pois de todos os acontecimentos narrados na tela, Tanya se torna uma “celebridade” ao ter um vídeo erótico com o marido clandestinamente divulgado e publicado pela célebre revista masculina Penthouse. Depois disso, Harding passa a aparecer com grande sucesso no show de wrestling “Los Gringos Locos”. Imaginem um telecatch. Vocês se lembram de Ted Boy Marino? Provavelmente não. Ted Boy era um bonitão louro, rei das chamadas “lutas livres”, o telecatch, veiculadas primeiramente pela TV Excelsior, depois pela TV Globo, na segunda metade dos anos 60. Nos Estados Unidos essas lutas, similares às atuais UFC, eram combatidas em equipe (os Tag Teams) e se chamavam wrestling. Os lutadores podiam se bater uns contra os outros ou dois contra um, dependendo da situação. Hipoteticamente, esse seria um final melancólico para a trajetória de Tonya, o que nos faz lembrar imediatamente da nossa Rebecca Gusmão, a nadadora banida do esporte por dopping e que depois experimentaria uma série de fracassos no futebol feminino, no boxe etc, finalmente dando entrada num hospital

em estado de depressão profunda. Nada disso, lembramos, está no filme. Eu, Tonya se ocupa de tudo aquilo que antecede os desdobramentos finais da vida dessa controvertida patinadora artística sobre o gelo dos Estados Unidos. Tonya jamais se adequou ao modelo sonhado pelos juízes das competições. Eles buscavam uma garota refinada que pudesse representar condignamente o país internacionalmente. Eles queriam a idealizada menina da família americana por excelência. Tonya era o oposto disso. Vinha de uma família disfuncional, apanhava do marido, era uma caipira cuja “cafonice” se expressava no linguajar e nos trajes que ela própria confeccionava para participar das competições. Sua mãe, terrivelmente dominadora e opressora – brilhantemente interpretada por Allison Janney –, merece considerações à parte. Ela protesta autoritariamente quando Tonya, ainda criança, elogia uma de suas colegas. “Não faça isso. Ela é uma adversária sua.” Entre os muitos aspectos abordados no filme estão o puritanismo e a sociedade excessivamente competitiva. Na literatura o tema já havia sido brilhantemente abordado em Confie em mim, de John Updike. No conto que dá título ao livro um pai ensina o filho a nadar e deixa-o

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CRÔNICADACONCEIÇÃO

Crônica da

Conceição

CONCEIÇÃO FREITAS

A Brasília de Milton Hatoum U

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m remo corta uma canoa de uma borda a outra e fere as águas de um rio que se imagina amazônico. O desenho de Guilherme Ginane na capa de A noite da espera pode ser também o sinal da cruz de Lucio Costa, dois eixos que se cortam na perpendicular. Lido o livro, a capa será ainda mais brasiliense que amazônica. Qual será a Brasília de Milton Hatoum? Não tem começo nem fim, como uma Amazônia de floresta de concreto e rios de asfalto. “Saí do hotel à procura do centro da capital, mas não o encontrei: o centro era toda a cidade. Quando me perdia nas superquadras da Asa Sul, ou me entediava por não ver alma viva no gramado ao redor dos edifícios, andava até um setor comercial e a avenida W3 Sul, onde havia poucas pessoas, ônibus, carros”, diz Martim, o narrador. A Brasília dele é a do fim da década de 60, começo da de 70. (Nessa época, vagavam pelo Plano Piloto 236 mil almas; quase 50 anos depois, 220 mil pessoas habitam a maquete de Lucio Costa. Explica-se: o Lago Sul e o Lago Norte faziam parte do Plano Piloto no censo de 1970. Soma-se a isso o fato de que a área tombada não cresce, os moradores das asas estão envelhecendo e seus filhos indo embora.) Martim, o adolescente que vem com o pai para Brasília, perde-se na cidade sem norte, embora cartesianamente demarcada. “Os bairros e avenidas têm siglas com letras e números, parecia que estava no mesmo lugar, olhando os mesmos edifícios. São bonitos, cercados por um gra-

mado que cresce no barro; essa beleza repetida também me confundiu. Tudo confunde, nada lembra lugar algum”. Martim quer água: “Se a gente tivesse um bote de borracha ou uma canoa...” O pai cumpre o desejo do filho. De longe, do lago, “Brasília dava uma impressão de cidade vazia, abandonada às pressas.” Na Brasília de Martim, parece que a dor se expande no excesso de vazio. Encantado por uma colega da nova escola e atordoado de desejo e medo, Martim se refugia sobre a água. “Eu queria sair dali, pegar o bote de borracha e remar no lago, mas ir da Asa Sul à Norte era como viajar para outra cidade, não há ruas nem becos sinuosos por onde fugir, os imensos espaços livres de Brasília são uma armadilha”. Na cartografia boêmia do narrador surgem o Beirute, o Kazebre 13,o Mocambo, o New York (que até hoje existe na 107 Sul), o Elite. O ativismo político,

as leituras, o amor e as descobertas sexuais salvam Martim da sequidão paralisante da capital. Nem a mudez soberana dos vazios o tranquilizam: “Este silêncio precário de Brasília”. Nem as noites cosmogônicas da Brasília inaugural – “o céu do anoitecer parece uma cúpula de aço”. Amigo de Martim, Nortista mostra os subterrâneos da Brasília de sempre. Quando precisa descontar um cheque, recorre a um doleiro num apartamento da Asa Sul. O cara cobra 30% pela troca. Abre um cofre. “Parecia cofre de banco, entupido de notas novinhas.” A Brasília nos primeiros anos pós-golpe de 64 é fantasmagórica, miserável, violenta, fria, seca e desigual. Daí o impacto que A noite da espera causa em quem acompanha o autor desde Relato de um certo oriente. A Brasília de Martim era mais que um deserto. Era um deserto petrificado, desenhado à perfeição para não aplacar as danações de cada um de nós.

Divulgação

conceicaofreitas50@gmail.com


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BRB Câmbio. Para cada necessidade, uma solução. Se você vai viajar para o exterior, dê antes uma passada em um dos pontos de atendimento do BRB que oferecem o serviço de câmbio. Assim, você pode comprar e vender moeda em espécie - dólar americano, euro, libra esterlina*. E você ainda conta com a facilidade do cartão pré-pago de viagens disponível nas moedas: dólar americano, canadense, australiano e neozelandês, euro e libra esterlina*.

Agora, se você precisa de câmbio para exportação e importação, ou ainda realizar transferências financeiras do e para o exterior, a nossa Agência JK possui um setor de atendimento exclusivo de câmbio para suas necessidades.

Acesse www.brb.com.br ou ligue para o BRB Telebanco (3322.1515) e descubra qual é a agência de câmbio mais próxima.

*Sujeito a disponibilidade da moeda. *Operações sujeitas a análise documental e de cadastro, nos termos da Circular nº 3.691/13, assim como a apresentação de comprovante de viagem, nos casos de turismo.


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