Raimunda 6

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jun 2016

6 s o i r ĂŠ migsotzosos


apresentação A Raimunda é uma revista anárquica, o que significa que ela não visa abrir espaço para opressão e que ela tende a publicar obras não-opressivas. Contudo, determinar um limiar entre o opressivo e o não-opressivo é um mistério: não cabe a opressor algum dizer se o outro está ou não oprimido. Sendo assim, como editar/integrar uma publicação e ter a certeza de que o material nela veiculado não oprime algum leitor? Impossível ter certeza. Por isso reconhecer que se trata de uma tentativa e considerar a publicação de materiais não-opressivos como uma t e n d ê n c i a d a r e v i s t a : s e r í a m o s o p r e s s ivo s s e defendêssemos que a Raimunda é absolutamente anárquica, que ela é totalmente não-opressiva. Não nos cabe tal feito, mas nos cabe a tentativa de fazer uma revista não-opressiva. Essa tentativa envolve, através da arte, expor e lutar contra o que oprime. Esse é o objetivo e a motivação da revista Raimunda. A principal característica desta revista não é a sua cara, tampouco a sua bunda ou o seu vasto mundo, Raimundo, Raimunda, pouco importa. Interessa mais a sua abertura, o espaço livre-anárquico que ela oferece à pessoa artista, qualquer esta seja e o que quer que isto seja. Ela não tem dona nem é dona. A revista quer obra, quem faz obra, quem torna experiência obra. A Raimunda é uma qualquer, ela não tem norma não conversável, não é fixa, é elástica, cambiável, aberta às selvagerias da vida. Recebe sem julgar, circula, divulga, sai berrando tudo o que cabe dentro dela. Se tem um limite é o seu espaço cada vez mais largo. A revista Raimunda é toda dada. A Raimunda prioriza a produção artística, destacando a obra e o obrar artístico. Com periodicidade semestral, ela objetiva compartilhar e divulgar material feito pelas pessoas integ rantes, bem como ag reg ar novas companheiras para produções e prosas afins. Editores: Bruno Nepomuceno Clayton Marinho Diego Guimarães

ano 4 | número 6 | 2016 ISSN 2358-7342 [virtual] ISSN 2358-7350 [impressa]


sumário do tempo fecundo da beleza jéssica barbosa

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estamira me fere clayton marinho

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ouse perguntar francisco barbosa

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pôesia não! weynna dória

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extrato bruno nepomuceno

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beleza pensamentos soltos ezequiel j. g. veloso

7 8

hurt vazio anne c. g. veloso

9 10

lamparina sarah fernandes

11

encontros para que? que venha o novo, meu presente isaú ferreira

13 14 15

a carne do meio da costela anderson barbosa

16

delicadeza representações ana karênina t. de araújo

17 18

dossiê: escatologia morte do intelectual diego guimarães

20

o juízo final lady

21

julgamento mal clayton marinho

23 24

bem me quer em flores e sangue francislene da silva

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alice anderson barbosa

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jéssica barbosa do tempo fecundo da beleza Jamais poderão impor-me identidades Pois das ruas que me fiz da cachaça que embriaga meu corpo e o suor que dele me escorre vocês os desconhecem inclusive meu próprio nome, o meu nome próprio são incapazes de aprender Querias me roubá-lo? Ainda o tenho, meu corpo Querias me ver esse verme rastejante? Mas eu sempre soube da minha vocação; a apreendi desde cedo * Para conhecer da minha beleza Você deve descer fundo Ou melhor, pairar na superfície Olhe por onde escapo de você Olhe por onde fujo Em todas elas: – essa sou eu. * Mulheres precisam de tempo just take your time Não há sanidade para as mulheres nesse mundo Por isso Darling, Just take your time Escolha o que lhe convém Construa o seu nicho Faça a sua cabeça, de modo que a mantenha sempre em riste Let's take our time Alone É melhor que a solidão que vos espera Sim, encontrarás gente em quem confiar Não espere as horas passar, como quem espera o demônio chegar Que tipo de raça pode ser essa que, em êxtase, espera o tempo passar? Just take your time Não existirá outro mundo desde então Apenas esse tempo fecundo 1


clayton marinho estamira me fere Imundas mãos atiçaram seu corpo Feito carvão em brasa, arrancando-lhe fogo; queimando-a, consumida. Atirada ao inferno, sem a moeda gasta [da fé - morreu para deus, deus para ela morreu. Perdeu-a, feito quem perde o que nem tem - como posso eu apiedar-me? Perdeu pela força e pelos demônios de braços brutos [mais brutos que sua vida, desvida, devida, com os [juros dos juros. Tomaram-lhe e torceram-na noutra - coitada, não [sabia separar corpo de alma; quebraram-se todas. Louca, desgraçada, consumida - não como vela que se [consome em sua intensidade, mas como lixo deteriorando-se. Flor sem odor, fruta sem sabor líquido incolor sobre as pernas - sorte ser velha. Carne trêmula, três, quatro vezes... Escorreu o juízo Derramou-se lá no lixo - cidadã de Leônia. Piedosa somente pelos nadas, ao rés do chão, cheios [de mucos, pústulas, sangue coagulado, sabor agridoce. Meras vidas servidas, apátridas; irmãos dos cães, escorpiões, moluscos e moscas e urubus. Fogo-fátuo de um presente de homem e de mulher e de cidadão e de humano [esquecidos Geme, rança, xinga - sua carne fede, roça e suja Já nem dança, pouco se alegra Quando a loucura tempo dedica-lhe Corre seus dedos, recebe-a mão amiga Moiras, chafurda no futuro Montes, montanhas e ruínas Tem a verdade velada na barriga - ela se contorce, [emenda-se no intestino e dizem sair com leite. Entrada e saída de um bueiro que não existe - lá onde foi posta. Encontrada e perdida em cada sacola remexida, fruta podre bosta seca, brinquedo rebentado - os que não querem, nada querem. ...

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francisco barbosa ouse perguntar Misael abriu os olhos quando sentiu que a umidade do orvalho já havia penetrado em sua roupa e atingido sua pele. Os raios do sol daquela manhã de inverno atingiam o gramado úmido da colina formando um extenso carpete prateado. Misael respirou fundo e se levantou. Ficara deitado por poucos segundos. Na sua imaginação, deitar-se ali o ajudaria a refletir. Não funcionou e ele ficou decepcionado. Sacudiu o casaco e voltou para a fogueira apagada aos pés da colina onde Eleanor, com um graveto, se esforçava para encontrar brasas acesas entre as cinzas. Da boca dela ainda escorria sangue. Misael se aproximou tirando do bolso do casaco alguns dentes e os jogou nas cinzas que a mulher revolvia. "Não vou mais fazer o colar’’. Misael caminhava com passos lentos. Dessa vez, ele deveria pensar numa outra punição. Para ele, já não havia mais nada que ela pudesse lhe oferecer. Pegou a bolsa de pano que estava pendurada num galho fino e, antes de chegar à charrete, decidiu voltar à Eleanor, que permanecia agachada diante do monte de cinzas. Empurrou-a e arrancou-lhe os sapatos e as meias. Subiu na charrete e desapareceu na curva assim que passou pela gameleira. Eleanor sabia que era a hora de voltar para casa. O cascalho da estrada cortou seus pés descalços ao longo da caminhada. Seu vestido estava rasgado e seus braços descobertos. O sol estava a pino. Foi direto para a talha matar a sede, mas antes que pudesse pegar a água, encontrou Misael afiando uma navalha. "Precisamos livrar você desses piolhos". Eleanor soltou a cuia com a qual pegaria água na talha, tentou se afastar, mas Misael já havia se levantado e caminhava em sua direção. Ela tentou correr, mas os pés machucados a traíram e fizeram com que caísse, mais uma vez vulnerável. Misael segurou-a pelos cabelos e a arrastou para o degrau que dava para o jardim. Eleanor tentou se soltar. Chegou a arranhar com suas unhas mal lixadas os braços de Misael, mas não o deteve. Ele a prendeu entre suas pernas e o grito dela não pode sair. Começou a cortar mechas espessas da mulher que, quando conseguiu mexer-se bruscamente, fez com que Misael cortasse a própria mão. Com a dor, ele a empurrou com os pés fazendo com que ela caísse no canteiro dos crisântemos multicoloridos. Eleanor se agarrou às flores que alcançava para aliviar sua dor ao mesmo tempo em que queria que aquele fosse seu sepulcro. Misael surgiu carregando a talha cheia e a atirou na direção de Eleanor que quase foi atingida. O vasilhame se despedaçou e a água fria atingiu o rosto dela misturando-se a suas lágrimas. Misael 3


francisco barbosa chupava o sangue que escorria do corte em sua mão. "Mate logo sua sede e volte para dentro". Eleanor ainda ficou deitada no canteiro de crisântemos multicoloridos por vários minutos. Sujouse com o húmus que alimentava as flores e se lembrou de como havia sido bela. Não se reconheceu ao olhar para as mãos estouradas, ao sentir a boca inchada e ao enterrar os pés machucados na lama formada pela água da talha. Ao se levantar, trêmula e fraca, tentou arrancar o vestido rasgando-o pelos buracos que já existiam nele. Gritou com a última força que lhe restava. Um grito de dor, de desespero, de tristeza e, acima de tudo, um grito de arrependimento. Estava nua. Suja. Misael se aproximou montado no cavalo que puxara a charrete. Mordeu o tomate que segurava fazendo com que o caldo escorresse até seu cotovelo. Jogou o resto no chão, ao lado de Eleanor. Ainda montado, pegou-a e forçou que ela se sentasse na garupa. Ela não teve escolha senão segurar em sua cintura. Cavalgaram até a praça da igreja onde Misael derrubou Eleanor. Àquela hora, o sol forte já havia transformado o orvalho do chão numa poeira que se espalhou quando Eleanor caiu desacordada sobre ela. As beatas que saiam do templo fizeram o Sinal da Cruz ao ver a mulher caída. Os bêbados na praça riam e as crianças na rua pararam sua brincadeira e observavam curiosas. Misael pegou Eleanor pelo braço e a arrastou até a porta da igreja. Agachou-se e segurou-a pelos poucos feixes de cabelo que ainda restavam na nuca fazendo com que seu rosto se voltasse para a direção do altar. "Está na hora de confessar seu pecado" Misael acabara de pronunciar seu ultimato a Eleanor ao que ouviu os passos apresados e um pouco contidos pela batina de Benício atravessando a nave da capela. Sem dizer palavra alguma e sem sequer olhar para o homem diante de si, Benício tomou Eleanor em seus braços e a colocou apoiada em seu ombro. Impávido como as esculturas góticas que o observavam em ato aparentemente tão heroico, ele levou a mulher para um dos bancos de madeira maciça onde cuidaria de seus ferimentos e a alimentaria. Porém, ao recobrar um pouco da consciência e se deparar com a expressão piedosa do sacerdote diante de si, Eleanor sentiu a adrenalina do medo percorrer seu corpo mais uma vez. Tentou se soltar das mãos fortes de Benício que a forçou ir até a pia batismal. "Vou te purificar de seu pecado"... Tendo assistido a toda cena, paralisado, como se não pudesse adentrar no ambiente sagrado, Misael apenas cuspiu seu asco à porta e desapareceu para sempre em seu cavalo. 4


weynna dória pôesia não! Não ligo se aquele velho safado estava certo em dizer que "nos inventamos" e por isso não damos mais certo. Ou porque não estávamos distraídos o suficiente. Não ligo de dançar abraçada com a camisa suada do trabalho que você esqueceu jogada na minha mesa de estudos. Não me importo de ler seus poemas falando dos olhos verdes, da pele riscada, das pernas longas... Não ligo mais de admitir pra minha mãe que mesmo com todas as pessoas que passaram pela minha vida, meu coração corta o cabelo no barbeiro por 10 contos. Não importa os olhos marejados e orgulhosos dela admirando minha coragem de tentar não te amar mais, mesmo sendo a melhor coisa que eu faço depois de colecionar cabelos. Não importa, pois você não sabe arrotar e eu não sei cuspir. Botamos tudo pra dentro, num goto seco, engolimos tudo. Não me importa que fume seu cigarro de filtro amarelo dentro de casa, porque as piúbas abandonadas no meu cinzeiro deixam o ar de aconchego na sala. Não ligo que não sonhe em comprar casa, nem em ter filhos cagões, eu também nunca os tive com você, mas imagino o tamanho do nariz da criança que gestaria em segredo por pura sorte. Quero mesmo é perceber na nossa "selfie de pé", o volume da sua calça crescido enquanto me carrega no cangote pra que eu sinta melhor aquela "eco felicidade" que tanto debocha. Não ligo pras promessas que você esqueceu ou pra grana que te emprestei dois anos atrás pra quitar a conta atrasada do cartão que pagou o motel onde eu não dormi. Não ligo pras suas mensagens de boas festas [quero que as enfie no cu]. Nem ligo pra distância das nossas curvas, e isso é mentira, mas não retiro a frase porque soa bonito. Eu ligo sim, com o carinho que não sentiu nos seus cabelos enquanto assitia o verdadeiro ultimo episódio do Ultimo Programa do Mundo. Importo sim, com meu jeito de não saber o que dizer no chat dos sem face e com a tranquilidade de ficar em silêncio do seu lado, mesmo não conseguindo parar de falar um segundo. Interessa a menstruação da sua cachorra, as recaídas do seu pai, os cuidados da sua mãe, se nossa fruta preferida apodrece na geladeira. Se não consigo, não posso e não tento te fazer sorrir, se fica medindo as palavras para falar comigo feito um pseudo poeta da cidade, quando eu te vi escrevendo seu primeiro verso sobre o amor. Mesmo ligando com o fato de não ficarmos juntos pra sempre, porque morrerei de envenenamento em 16 de março de 2054, não admito esquecer um dia sequer seu cheiro misturado ao perfume francês "original" que roubou da sua mãe. Mesmo não ligando, o tempo passando, depois de ter te perdido no ultimo voo saindo de Viracopos, continuo ensaiando todos os nossos diálogos intermináveis sobre blues e s itcoms falidas. Eu ligo pra história das marcas novas na sua mão que reparo enquanto assisti os lances da NBA, pra coloração dos seus sinais, pra sua dor de dente, pra sua pele queimada pelo sol, pras notas erradas da sua guitarra. Talvez não note o quanto deveria ou não fale o quanto notei cada detalhe das cores no seu olhar, mas é que odeio palavras. Por isso as mando no email para mim mesma com título: "pôesia não". 5


bruno nepomuceno extrato Acorrento-me lentamente em meus devaneios Escuto, calmo os sussurros do passado Escrevo em linhas tênues em que memórias me devo arriscar E corro! Do castelo que construí, nada me resta intacto Muitos cacos Muito calmos Sem as cores de antes. Silencio a aparência distante que grita Sucateio os instintos mais fracos Picho em dores as letras do acaso E morro! Sem dizer de mim, armo um sorriso traçado Em lentes ótimas de ocultos braços E no momento do beijo certo Do aperto inglório Da distância em curva Escorre o sim em gota Cada passo oposto Em direção se prostra Todo olhar diverso Toda a gente em fossa Rasgo em pele rota Nada mais importa

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ezequiel j. g. veloso beleza Sobrevivendo como uma resistência contra o todo que a circunda, coexiste escondida sob formas diversas, exibidas à altura dos olhos e visíveis para aqueles que a observam por um ângulo alternativo. Num mundo que a espera sem carícias, Lhe entrega seus melhores sorrisos. Enquanto só pensam em vender jornais, Mostra que atos de beleza e felicidade são tidos como uma afronta à realidade Perdida em meio à busca Crê no perfeito e simples pouco que sacia....e transborda....

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ezequiel j. g. veloso pensamentos soltos Talvez como um teste à escrita, me permito refletir. Pensando e me perdendo entre o futuro que busco, este não sei se conflitante com para qual caminho, me pergunto o que quero. Ainda procuro por sorrisos soltos, mas não sei se conheço o caminho de tijolos dourados. Esses me são dados de presente pelo acaso.... e entregues de forma amorfa. Ainda me são desconhecidos. Alguns vem de dentro.... outros de fora. Aceito a todos de braços abertos.

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anne c. g. veloso hurt Close, so close You can see me Through You can touch me Inside You can hurt me Deeply I am scared!

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anne c. g. veloso vazio Silêncios mudos. Incômodos, demorados. Obtusos Conversas rasas. Monólogo e plateia. Tangenciais. Sorrisos de enfeite. É vazio. Carinho sem cor. Sem afeto. Automático. Abraço? Um abrir de braços. É vazio. Há peças que não completam. Simplesmente não servem. Insistir? É vazio.

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sarah fernandes.

lamparina. pintura (acrĂ­lica). dimensĂŁo: 20x30cm


isaú ferreira encontros Casos desalinhados compõe a cronologia linear da vida, são sensações, encontros, sabores, desafetos... Casos particulares que, por uma junção de fatos, nos fazem crer que existimos. Somos seres pensantes em uníssono com o eu. Mas é um complexo de coisas que formam o eu, somos um ou vários? Somos experiência ou crença? Crença na experiência motivada pelo hábito da repetição de fatos? Ou quiçá esquecemos que não somos, mas estamos sendo E, portanto, não podemos nos definir como “sou”! Mas sou eu que critico, que alegro, que reclamo, que creio.... Sim, sou eu! Seja eu particular ou não, universal ou não, sou eu! E nada mais sou, só soul!

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isaú ferreira para que? Lixo se espalha logo me apresenta o horizonte, são homens ou ratos ali adiante? O clima ameno e calmo convive com a busca, a luta por alimento! que bicho é aquele ali? Em volta tudo é novo, tudo é belo, aos meus olhos já tão acostumados a essa paisagem. Vai ter samba? A frente um grande dia, um reencontro, que tantas vezes vivido parece apenas mais um. Será verdade desta vez? Agora me pergunto: - Pra que tudo isso? Não é a grana, não é a fama, nada disso satisfaz! Há de ser a busca. Esta que tenho feito desde que me lembro perdido, mas que agora volta a estaca zero. Não tenho referência de onde ou quem sou. Nem para que... para onde... com quem... só indo...indo...indo....

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isaú ferreira que venha o novo, meu presente. É o novo com pitadas de antigo, é o amor que voltou mas já se foi. Perdido em meio à multidão estamos, quando demos o adeus-cada um pro seu ladojá havíamos ido! Para onde não sei, mais foi, fomos, se foi, foi-se... adeus amor. Que venha o novo, que brote o belo, que nasça um novo eu. Porque de passado já não vivo, o futuro garante/i, o presente hei, a muito esperado, ser!

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anderson barbosa a carne do meio da costela Massa de carne branca, de leite coalhado, da nata amarela, num rouxinol de algodão, que vagarosamente se arrastava, mas numa malícia desconcertante. Esticou-se para os lados, em pleno ar, na penumbra em que faltava a luz artificial, e do inferior o toque do tom girassol esvoaçante lhe conferia o ar de liberdade. Olhos pretos na pele de nata amarelada apertaram-se, e dentes surgiram em meios a convenções ensinadas, de um jeito tido por carinhoso. O estender-se cerrou-se numa outra massa de carne branca, talvez mais branca ainda, que ansiava por isso, mas bastou, aí se perdeu o concreto e alimentou expectativas, talvez dê certo, talvez, está quase lá mon ami. E barulhos, luz vermelha, para e vai, vai e para, cuidados com o odor, perfume que descortina a intenção alheia, mas para além deles, o silêncio de outro que, prostrado e cheio de interesse, significava uma impotência voluntária. Lembrava-se do abraço na presença de Hermes Trimegistos, que proporcionava risadas quase incontroláveis, num desencadeamento que a política ainda permitia. Laranjas obscurecidas cobriam como concreto toda uma prosa, massas de um lado, massas de outro, e massas um pouco distante riam-se de Trimegistos que, através de melodias ensurdecedoras, andava enquanto gelatina de carne com cabelos em partes. De algo concedido inspiravam a fumaça que dilatou a temporalidade em poucos minutos, pés que lã e de algodão, massas distantes que riam sem parar, encaravamse por olhos negros avermelhados e miúdos, abismos. Rastejando-se para um canto, massas com pés de algodão se mesclaram, quase sem jeito, meio trôpegos, a ferros em forma de cadeira, e, em meio ao odor da inocência que incendeia, lhe foram oferecidas a carne do meio da costela. A malícia deturpou a boa vontade, massas quiseram negar as outras massas. De olhos miúdos a fronte ficou quente, porquê não ir embora? Ir, simplesmente ir, rastejar para fora. Mas barulhos significantes envolvia o ar, melodias e barulhos que diziam, que falavam.

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ana karênina t. de araújo delicadeza Eu sou a amante do artista a moça anônima que observa a paisagem na janela do ônibus a mulher que cozinha a que faz drinks a amiga a conselheira a filosofa encrenqueira a desejada a herdeira Eu sou a menina que dança nua na lua cheia a garota perdida a rainha guerreira eu sou a extensão da espreguiçadeira a que chora de rir por besteira a namoradeira Não me julgues por não ser como tu desejas teu desejo não faz de mim algo que não quero ser e de qualquer maneira sou o que sou com delicadeza a alegria que vira meu coração é muito mais forte do que qualquer coisa que tu aches que eu devo.

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ana karênina t. de araújo representações Os modelos não passam de espaços vazios assim como os manequins nas vitrines não há nada mais sem realidade do que esses bonecos o espaço deles nunca deveria ter alcançado o nosso O nosso mundo é o humano, animado, cheio de subjetividades Não se deixe enganar pelo fascismo encarnado nesses modelos sejam eles de beleza, amor, felicidade... o seu mundo deve ter a sua cara deve expressar os seus desejos e nada que esteja fora de você pode representar o seu papel no mundo da vida sua vida não deve ser guiada por modelos sociais, representativos do impossível em você encontra-se o mundo possível pense, vista, deseje, coma e ame apenas aquilo que você quer seja real, mesmo que seja anacrônico, poético, brega, vulgar, marginal, indiscreto, subversivo... tais julgamentos são o retrato avesso dos modelos das vitrines e esses não podem amar como você.

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dossiê:

es.ca.to.lo.gia O termo escatologia deriva de duas palavras gregas: éskhatos (último) e skatós (excremento). Assim, tal estudo possui dois significados, até incerto ponto, distintos: a) um é acerca do fim do mundo, do juízo final, do que vem antes e depois de tal ruptura, e de um messianismo a tal apocalipse vinculado; b) o outro é acerca dos excrementos do corpo, que é todo orifício e secreção, insaciável descarga fisiológica: pelos, cabelos, unhas, odores, gases, mucos, suor, lágrimas, urina, fezes. Jogar com os dois sentidos do termo escatologia, numa continência ambígua, é a proposta da sessão temática da Raimunda #6: significa pensar tanto os dois sentidos acima descritos, como também as relações entre ambos, a exemplo de considerar o fim do mundo como um excremento último do corpo. É pensar, por exemplo, o juízo final lado a lado com uma bela de uma cagada.


diego guimarães morte do intelectual* [aos condenados por serem poetas]

afeito a catálogos, o intelectual - o do título e de títulos defende totalidade e consenso. sem vento no rosto de cera, ele caminha numa esteira, seguro com o seu script: só se sai do caminho mecânico através do caminho mecânico. o intelectual não caga. não caga e tampouco é suscetível a uma revolucionária diarréia: nele nada há de visceral. máquina estripadora e sem vísceras, é o título ao qual ele melhor faz jus.

contra o intelectual, o pensador.

[frente às portas fechadas, abrir janelas]

o pensador busca mais dissenso do que consenso; ele não se contenta com conversar entre iguais, ao invés, persegue conversar entre não-iguais: visa o diálogo ao invés do monólogo. o pensador caga e anda, caminha sem caminho, com vento na face e possibilidade de remela nos olhos. se uma máquina, o pensador é uma máquina de vísceras: torna tudo visceral. clandestino, sem rosto e sem status, é visceralmente que ele pode desferir um golpe de misericórdia no intelectual. [sou palco de pelejas: intelectual e pensador digladiam em mim. a máquina estripadora precisará ser lembrada para quedar bem enterrada. que permaneça a sete palmos, praga] * este poema foi previamente publicado no livro enfrentamento.

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lady.

‘o juízo final’. foto manipulação.


clayton marinho julgamento O homem sobe ao tablado, com sua espingarda em riste. Veste todas as recomendas e medalhas, botas envernizadas e indumentária sem vincos. A luz se lhe assenta ao corpo inteiro. Tem em mãos o quepe, vermelho, negro e cinza, com um pelicano em voo ao centro. A roupa está suada e repleta de fuligem. Ele está cansado e respira com rispidez. Os olhos vermelhos e fundos de quem não se encontra com os sonhos. Os dedos tremem, as mãos estão esfoliadas. O cheiro de sangue é agridoce; escorre sobre as flores jogadas ao chão. Seus dentes amarelos desenham um sorriso, sobre um queixo torcido pelo gemido. A espingarda cai como corpo morto; o som é abafado pelas pétalas. Está enferrujado e manchado por muitos sangues incontáveis. A mão que segurava está rasgada. Cai líquido viscoso esverdeado; o seu odor torna o lugar nauseabundo. Os dedos pouco se movem; estão podres; as unhas estão em vias de descolarem-se. A espera dos vermos que se aglomeram junto aos pés, carcomidos dentro das botas. Faltam alguns dedos. Os ossos são esponjosos; ele mal se aguenta. Encosta-se na bandeira rasgada, com o mastro infestado de cupins. Já se partiu algumas vezes. Sustenta-se por uma florzinha lá entranhada Unindo com suas fracas raízes. As medalhas, enferrujadas, rasgam as carnes do peito. Estão presas por ali. O sangue jorra e lava aquele corpo, de olhos já cinzas, ainda resistindo em pé sob aquela luz, mais eterna que este corpo eterno. A boca está rasgada. Já não sorri. Continua sorrindo. Funda. Funda-se um rosto fundo cheio de fome, sem vontade de comer. Apodrece.

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clayton marinho mal I - O dia extenuante inscreve-se em seu cotidiano Exaspera-se. Contraem-se os músculos. O tédio arrepia seus ossos. Assim escuta o esmag ar de pedra triturada acompanhada do odor de sangue fervido no calor [do asfalto. Mesmo a brisa é asfixiante. O esfarelo das carnes que respinga em seu rosto com o vibrar de Suas armas. Os vincos da farda, as dobraduras em perfeição milimétrica, engomadas por um ferro [vaporizante, nauseabunda das tantas fardas já passadas nesse tempo infindável. Ao roçarem-se e roçar em seu corpo Evocam dentes rangendo uns contra os outros. Os metais de suas medalhas ressoam balas, ricocheteando ou atravessando muros, objetos, [corpos, crânios, olhos, abdomens, joelhos, tendões. Carnes negras, invisíveis e insondáveis, imperscrutáveis esquecíveis. Emerge um sorriso, do rasgo de um projétil na cara [jamais face] de um jovem: [vagabundo, meliante, eternamente perdido (pois nunca buscado), efeito colateral, [inimigo, outro. Ou de um ativista, um jovem que protesta, gritando por “paz”. II - Dispõe sobre a mesa os papeis da construção de uma hidrelétrica. Sabe que as liberações ambientais faltam. A torrente dos milhões, nada representa, ainda quando afogam populações indígenas e [ribeirinhas. É um dever fazê-lo assinar. Isso a preocupa. Um papel em letras miúdas impressas e uma caneta Feita sob encomenda, com arabescos em ouro contornando-a até despontar numa ponta de [titânio 0.5, incluindo as iniciais do nome do dono: usada em momentos especiais. Descansa em paralelo, milimetricamente harmonizado. [Toda a mesa é um primor em organização. Ao alcance da mão está tudo de que precisa: computador, calculadora financeira HP, tabelas e gráficos de expectativas de retorno do investimento, tabela de taxas de juros descontados de longo prazo concedidas pelo BNDES para as faixas de empréstimos, um portarretrato em mogno envernizado com a família sorridente em algum jardim, uma xícara 24 recém abastecida de café, fumegando


clayton marinho (um vapor que sobe em piruetas, carregada pelo vento da janela semicerrada), canetas de diversos formatos e cores em paralelo] Assim ele gosta. Método. De outro jeito não tolera. “As crianças já foram encaminhadas à escola?”, pergunta afetuosamente. Sorri. Põe-se em seu lugar. Consulta a agenda do dia. No contrato a frente: Marcações em verde indicam os locais de assinatura. Imprescindíveis; Marcações em vermelho indicam atenção às faltas para a concretização do negócio. Urgente; Marcações em azul indicam os montantes estabelecidos. Absoluto. O café não foi tocado. Em dois minutos, tudo assinado. Há uma reunião para outro empreendimento irrevogável. O tempo não espera. [Nanossegundos. O contrato é protocolado. De setor a setor, de departamento a departamento, transitando por [carimbos. Guilhotinas miúdas e invisíveis. As máquinas esperam a sua consumação. Rangem ao saber de cada batida. [dois meses depois. Nesse dia, uma reunião, celebra o firmamento do contrato: letras impressas, ganhos destacados] III - Passa ao largo de uma grande avenida: um mendigo. Desvia. Aproxima-se a polícia. Não desvia. Um desce, o outro vem a cavalo. Seu pé amassa a mão do mendigo. Ao ver, continua seu caminho. Nada diz. O homem, apenas mendigo, vê-se refletido No capacete. Imagina Se o outro ri-se. Não imagina mais. Os outros gargalham, escarnecem “Vagabundo, imundo, asqueroso, logo, ladrão” Para, olha e se choca. Continua em silêncio. O corpo treme, mas ainda teme. Pede o fim da zombaria, pela tranquilidade do desconhecido. Agora, seu igual na dor. Aproxima-se vagarosamente. Um policial vem ao seu encontro e grita “o que você tem com isso?” Silencia, balançando a cabeça em afirmação. Murmura, mas não se escuta. As palavras abismam o vácuo. “Ele não fez nada”, responde enfim. “Estava aí, somente”, prossegue. “Esse vagabundo não é ninguém”, o outro repele [ gritando. 25


clayton marinho “É o suficiente para revelá-los”, pensa. “O que não lhes dá o direito de maltratá-lo”, assevera, vencendo-se finalmente. Chegam-se os demais. Fazem cerco. “Quem é você?”, exigem conhecer. Balançam os cassetetes. “Um qualquer que demanda respeito por este homem”, diz no auge da coragem. “Não brinque conosco”, ameaçam. Silencia. O mendigo levanta-se E afasta-se, fugindo. IV Retirados de algumas matérias de jornais diários de economia e finanças: 1. “[...] O projeto visa estabelecer parcerias entre os indivíduos e seus empregadores, almejando uma maior capacidade de empreendedorismo, na mesma medida em que facilitamos as trocas econômicas”; 2. “Garantimos aos nossos parceiros o alcance de um maior nível de mobilidade dos entraves ao desenvolvimento. [...] darão maior dinâmica, na medida em que fomenta o trabalho adequado às exigências do bloco em formação. [...] Isso significa um aumento de 25,6% nas transações entre o bloco, a partir da homogeneização das exigências sanitárias e das necessidades demandadas pela sociedade. [...] O que estiver dirimindo essa possibilidade, não será tolerado. Para tanto, temos um exército de técnicos nos auxiliando na conversão dos principais bastiões dos nossos investidores. Todo velho carvalho curvar-se-á aos ventos do progresso. [...] Logo, teremos de alçar céus sobre céus para nos lembrarmos onde estamos, quando estaremos em qualquer e todo lugar. Um milagre digno dos escritos bíblicos! Poderiam ter os profetas escrito sobre qualquer um de nós [...]”; 3. “O que há hoje é o efeito colateral das forças que tentam restituir a ordem aos organismos que insistem em desviar-se dos percursos estabelecidos. É preciso pragmatismo, e um pouco de fé na nossa solução! [...] Os macacos são mais pragmáticos e mais confiáveis”; p.s.: de uma grande altura, até um gato morto quica. V ...

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francislene da silva.

bem me quer em flores e sangue.


anderson barbosa alice Com barulhos ridículos, Alice esforçava-se para tragar cada cigarro como se fosse o último. A vontade perene da autodestruição parecia inabalável, andava de cá para lá, sua camisola preta insinuava as curvas do corpo, rosto molhado, mistura de suor e lágrimas, expressava a decadência de quem havia mergulhado de cabeça no fundo do poço e fazia questão de lá permanecer. Convidava todos a bailarem sem seriedade a dança fúnebre e autêntica de sua situação, mas que não era só sua. E sentados ali, em meio aos cigarros no chão, o cheiro forte e sufocante das piúbas sujas, todos prestavam atenção. Alguns desconfortáveis, outros se identificando a cada palavra, cada fonema, parecia poesia, parecia canto, parecia lamento, choro, grito, espanto. Distintos universos, cada mundo que pertencia só a si, à solidão conjunta reverberava o ambiente insólito e barulhento. E cada vez mais Alice gritava, chorava, jogava estrume nas faces atentas e olhos esbugalhados, e suas verdades, compartilhadas por um instante de comunhão emocional, vinham com excitação inexplicável. Um cigarro após o outro, os tragos numa intensidade forte faziam a brasa engrandecer, inalar fortemente tais cigarros gerava barulhos, barulhos de morte, de perda, de dor. Olhou então para um na plateia dispersa, bem vestido, aparência que só na aparência trazia segurança. Foi indagado por Alice, “você me acha fudida?”, e nada de resposta, “você me acha fudida? Fala!”, e mais uma vez silêncio. A excitação sumiu, como um gole de água, sem o som da traqueia, e a pele levemente corando sentiu Alice aproximar sua boca fétida do rosto impecavelmente bonito, que num reflexo desviou, inclusive o olhar, para o nada. “Você é decadente!”, falou alguém na ponta, um rapaz sem camisa, incomodado com o cheiro da fumaça acumulada. Alice riu, adorou aquela resposta, e sensualizando retirou a camisola preta, que caiu de arroubo no chão, sendo desapossada por pés sujos. Vestiu um vestido justo e colocou uma meia arrastão preta. Cuspiu no chão, tomou um copo com água em seguida, o deboche estava no ar. Uma linda menina, que também fumava, sentiu nojo, coçava-se, balançava as pernas pálidas, porém bem torneadas. Em sintomas de um mundo desfalecido, sucumbindo a cada tragada, o riso que angustiava e tirava o fôlego do peito, fazia sentir a caixa torácica. Levantou de sobressalto e saiu, sendo percebida, mas não sentida. “Isso é a roda, a roda fudida, que vivemos, a cada dia, cada segundo, aqui, essa roda fudida!”, gritava Alice em meio ao barulho das aberturas do obturador sem luz de flash. O rapaz que desviou do beijo de Alice olhava para o nada, constantemente, e ela lhe perguntou, 28 “Me dê algo”, disso em meio às lagrimas, “me


anderson barbosa dê algo que me esvazie, que possa me curar, para de sentir dor, afagar minha ferida!”, mas só restava o silêncio. O suor e as lágrimas borravam a maquiagem, não havia cura, não havia nada que pudesse afagar aquele sofrimento, a chaga aberta que só latejava incessantemente, como as veias de um membro viril. “Nada?”, perguntou Alice calçando as sandálias com um cigarro no canto da boca, “Nada, moço?”, e o moço olhava para o vazio, sem fala, paralisado, esperando a hora de sair dali o mais rápido possível. “Nada, seu almofadinha?”, e pegando seu xale, em meio à alguma risadinha abafada, saiu em disparada, porta afora, encontrar um minuto ou um segundo de esquecimento, de si e dos outros, esquecimento da consciência de estar na roda, de ser roda, de tocar no limite da vida, no limiar da disjunção e da desordem.

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artistas (?) ana karênina trindade de araújo. Eu nasci em Mossoró RN e minha mãe achou que Ana Karênina seria um bom nome para mim. Até hoje procuro não saber do peso que esse nome poderia exercer sobre mim. Me graduei em filosofia pela UFRN e estou mestranda em Estética e Filosofia da Arte na UFOP. Amo as pessoas e suas diversidades e estou por ai entre um ônibus e outro procurando o Ser no mundo. anderson barbosa. Ex-gordo, estudante de filosofia pelas UFs, como músico é autodidata, mas não trabalha com isso, é músico amador vagabundo, na realidade é aventureiro amador vagabundo em muitas coisas, inclusive na escrita. Email: andersoncamilo96@gmail.com anne c. g. veloso, Graduada em Engenharia Química, mestre em química analítica pela UFV, atualmente aluna de doutorado na UFV. Vivendo entre o empirismo concreto das reações químicas, as emoções do teatro, as notas transcendentais da música e as delícias dos livros, tudo em perfeita harmonia. bruno nepomuceno. Licenciado em Artes Cênicas, bacharel em Filosofia e mestrando em Estética e Filosofia da Arte (UFOP). Dramaturgo e diretor do Coletivo artístico comTRASTES e aspirante a poeta. Vai brincando de ser artista enquanto encontrar quem acredita nas farsas que cria. E-mail: brunoanepo@hotmail.com clayton marinho. Vai passando, ando a nado, nada. Email: claytonrfmarinho@gmail.com diego guimarães. segue pelas sombras. é o autor (?) de enfrentamento, livro de poemas publicado de maneira independente, artesanal de impressão sob demanda. email: diegoguimafil@gmail.com ezequiel j. g. veloso. Graduado em música pela Unimontes. Encontro-me em todo canto até me perder na próxima aventura. Embalado pelos acordes e perdido em meio às belezas surreais do todo, me encanto com uma nova poesia e agora, como uma nova estrada, compartilho com o mundo em Raimunda. francisco barbosa pacheco de souza. Graduado em Cinema e Audiovisual pela UNA-BH, apaixonado por séries, aspirante a roteirista tentando cumprir a promessa de aprender a dançar frevo. E-mail: fbpsouza@gmail.com


artistas (?) francislene da silva: Graduada em Designer Gráfico pela UEMG Escola de Designer. Atua como Designer na criação de Identidade Visual, Editoração e Ilustração. Especialista em Filosofia pela UFMG. Estudante ferrenha do pensamento de Vilém Flusser. Pesquisadora e amante da linguá e da cultura Italiana. Endereços eletrônicos: m m e. a l b a t r o z @ h o t m a i l . c o m e http://mmealbatroz.blogspot.com.br isaú ferreira V. filho. Graduado e pós-graduado em filosofia, atualmente é mestrando em Estética e Filosofia da Arte (UFOP). Tem trabalhos publicados em diversos eventos de filosofia, com ênfase no filósofo René Descartes; aventura-se pela primeira vez na poesia. zaubob@yahoo.com.br jéssica cássia barbosa. Mestre em Filosofia e bacharel em Ciências Sociais pela UFRN. Também dança mas nu n c a g a n h o u u m c o n c u r s o n a á r e a . E m a i l : jessicabarbosa8@yahoo.com.br lady é uma Artista Visual potiguar que nasceu no 4 de setembro de 1987. Formada pela UFRN, a artista trabalha com materiais diversos em suas produções artísticas, tais como; manipulação de fotos utilizando o software Photoshop, ilustrações com lápis de cor e Pintura Digital. Também trabalha com design gráfico e publicidade sendo uma profissional da área de marketing. Ela é um artista versátil: também cria bonecas de feltro personalizadas como experimento para suas produções artísticas. sarah fernandes é potiguar, estudante de Filosofia, artista plástica autodidata, gosta de cozinhar e acredita em contos de fadas. Por tfólio: https://www.behance.net/sarahfernandes weynna e. barbosa, conhecida por Weynna Dória é mestre em Divulgação Cientifica e Cultural pela Unicamp, produtora executiva do projeto Câmara Clara Cartografia do afeto.


chamada para material artístico Abrangência | A Revista Raimunda oferece um espaço para a divulgação de trabalhos de artistas, o que quer que estes sejam e quaisquer sejam os seus campos, concedendo-lhes total liberdade sobre a obra a ser publicada. Extensão | Não há limite de páginas para as obras, desde que a extensão de uma obra não comprometa a edição da revista. Ocupe o quanto quiser da Raimunda. Sugestão temática | Cada edição conta com uma sugestão temática, que tem a intenção apenas de agrupar tematicamente algumas das obras publicadas na edição em questão, sem, no entanto, limitar as demais; ou seja, permanece a total liberdade do artista na escolha do tema do material a ser enviado. Aquele que estiver seguindo a sugestão de determinado número precisa apenas indicá-lo junto ao envio do material, com vista à organização da revista. A sugestão temática da 7ima edição é FEMINISMO. O prazo de envio para a Raimunda 7 termina no fictício 7 de SETEMBRO, o de 2016. Os interessados devem entrar em contato através do e-mail: revistaraimunda@gmail.com. ----------------------------------------


chamada para material artístico Encarte Raimunda Manifesta O encarte, que vem a acompanhar algumas das edições da revista, nasceu para suprir uma demanda de artistas (o que quer que estes sejam) interessados em publicar obras mais extensas na Raimunda, que vem se caracterizando por circular trabalhos mais breves. Portanto, o encarte se destina a trabalhos artísticos que destoam da extensão dos até então divulgados pela revista, por precisarem, pelo menos a princípio, de um percurso mais longo de leitura/observação. Ele visa a atender a tal demanda, e, apenas quando esta se fizer presente, haverá um encarte acompanhando determinada edição. Também aqui, o autor é o responsável pelo conteúdo e pela correção de sua obra. Interessados em participar de tal maneira em alguma edição devem entrar em contato dentro do prazo de envio da mesma. Observação - Apesar de contar com edição impressa, o principal meio de circulação da revista é o virtual. Os editores não se comprometem a enviar cópias impressas para os colaboradores por correio, pois dependem da disponibilidade de recurso para tanto (mesmo assim, sugerem que sempre que haja o interesse em ter as edições impressas, o leitor/artista entre em contato para saber se no momento há a disponibilidade de envio). Já nas cidades sede, as edições impressas estarão sempre disponíveis enquanto houver estoque. A Revista Raimunda é gratuita e sem fins lucrativos.


expediente Revista RAIMUNDA - Esta publicação é independente. Editores Bruno Nepomuceno Clayton Marinho Diego Guimarães

Realizadores da quinta edição Br uno Nepomuceno, Clayton Marinho, Dieg o Guimarães, George Abner Diagramação e arte Clayton Marinho Capa Clayton Marinho Tiragem 100 exemplares Impressão Gráfica da UFOP Sedes Ouro Preto – Minas Gerais Natal - Rio Grande do Norte João Pessoa - Paraíba Site revistaraimunda.wix.com/revistaraimunda Contato revistaraimunda@gmail.com cada autor foi responsável pelo conteúdo e correção de seu próprio texto. ano 4 | número 6 | 2016



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