Revista Neuroze #2

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Coletanea Revista Neuroze

bullying: A brincadeira que perdeu a graça.

DVD CnBoys: 11 anos na estrada

HIP HOP VERSUS CRACK

Semana Do hip Hop: A semana da cultura gaúcha de rua

01_Capa 1

CRACK: A praga do século 08/11/10 15:04


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Editorial SUMÁRIO

05. Semana do Hip Hop 06. BFN

07. Hantaru

Editorial Sejam bem vindos a segunda edição da Revista Neuroze. Agora colorida e totalmente reformulada. Mais uma

08. RP3

vitória, mais uma conquista da cultura gaúcha.

09. CN Boys

Artistas das mais diversas áreas culturais do RS poderão

10. W negro

divulgar seus trabalhos e expor idéias aos nossos leitores.

11. Dependentes

Sem preconceitos musicais ou culturais, a Revista Neuroze,

12. Nitro-Di

que se iniciou apenas com o intuito de divulgar o hip hop

13. Social 14. Nego Prego 15. Prof. Almeida

gaúcho, cresce e amplia horizontes, pois a informação deve ser ampla e alcançar o maior número de pessoas, o maior número de lares, sejam eles nas ruas descalças da periferia ou nas mais belas calçadas das zonas nobres.

17. Sustentabilidade

Não nos importa se você leitor usa terno e gravata ou

18. Crack

chinelo de dedo e uma bermuda, se você mora em um barra-

19. Bullying

co em alguma vila ou em uma cobertura do mais alto prédio.

20. Responsabilidade social

O que importa é sua visão perante a cultura e a informação

21. O Cinema Brasileiro

e o que você faz com elas.

22. Pichação

Nosso país é rico em vários aspectos, natural e econômico. Porém a informação ainda é privilégio de poucos. Quantos talentos são perdidos todos os dias, para as drogas ou para

Créditos Revista Neuroze

as armas, sempre por falta de informação. Por falta de uma

chance ou uma oportunidade de se integrar a algo saudável

Direção:

como é a cultura.

Fabiano Campos (Hantaru)

Você não se importa? Não? Então já passou da hora de pen-

Giordana Mello

sar sobre essa posição. A cultura e a informação resgatam,

Ricardo Lejes

assim como resgatou vários artistas que estão nessa revis-

Produção Executiva:

ta... Por isso estamos aqui unidos mais uma vez... Pois, se em

Ricardo Lejes

cada edição conseguirmos resgatar alguém, nossa missão

Designer e Diagramação:

esta cumprida.

Rodrigo Nascimento

Agradecimentos a todos os colunistas, obrigado

Obrigado.

www.revistaneuroze.com.br Colabore com a Revista NEUROZE. Este Espaço é seu, mande seu material.

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ado, a op no est da Hip H o m a d er Sanrcado elo Rapp ia no me e 2004 p d o Referênc n a o empreriada n ração de vela foi c ito de ge tu in Ponto Fa o el, já ’cs), com is acessív BOYS M bem ma o ç re p drão (CN m al. upas a u a arte fin vender ro costura gos e re desde a , a eri e p d ró N , ép ovaments bricação como: N que a fa s o p io1 d ru ó g is rios , Ep apóia vá ção Rhk RP3, Fun A marca , o tt e e v h e ntos oG diversos e Preto d e apoiar r e Naldinho v o m s Talende pro ap Novo tros, além ival de R st e entre ou “F o lentos p, como novos ta o Hip Ho velando re s o n ligados a a os e todos acontec tos” que e . o d a dimento est ade, aten o Sul do da regiã ela qualid p ra e c iv a d st de com Favela se trabalha A Ponto também rcado e e o: M dez, m m o o c d as aixo importad e preço ab is a n L, Ma nacio duta , XX s marcas ua , Con R e sas outra d ra a New r , Cultu bonés d ap Powe s Preto , o d a Blunt , R ilh d ítio , Pica ht Ball , S nos , Eig ... uito mais Era, e m édito rtões de cr aa todos os ca e segund s o am it ás 19:00 d Ace : das 9:00 to en im d e aten ados. Horário d 0 nos sáb 00 ás 18:0 9: as d e sexta 61 1) 301303 ontato: (5 Fone de C la.com.br o Alegre .pontofave tro de Port Site www loja 93 Cen ar d an 2º o Fábrica Local: Hip

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No mês de agosto em Porto Alegre, ocorreram varias atividades em toda a cidade que fizeram parte da Semana Municipal de Hip Hop. Foram oficinas, festas e shows distribuídos por todos os lados e que enfatizaram a produção artística cultural de todos os bairros de Porto Alegre. E que, pela primeira vez, nesses anos, teve uma atração nacional para encerrar a maior festa da arte de rua da cidade. A Revista Neuroze abre espaço para a Semana. E nessa edição, coloca algumas das atrações que participaram desta grande conquista para a área sócio-cultural de nossa cidade, em nossas páginas. O final desta maratona de atividades ocorreu no bar Opinião e contou com os principais nomes do Hip Hop gaúcho e com o grupo paulista Rzo, que é um dos expoentes do Rap nacional, e que praticamente fundou o estilo no Brasil tendo a maior satisfação em participar deste grande evento. Todos os grupos tiveram sua importância e colaboraram para tornar este um momento único, com destaque para Jesse, do Grupo Bfn, que fincou o pé no palco para apre-

sentação de todas as atividades da noite e dos Dj’s Nezzo, Abu e Only que animaram a festa durante as apresentações. O evento foi marcado também por uma série de atrasos no andamento dos shows, porém nada que estragasse algo, mas com certeza foi um teste de resistência para as pessoas que quiseram ficar até o fim. O show de encerramento com o grupo Rzo ocorreu tranquilamente e não faltaram seus principais clássicos, o que levou o público presente a curtirem do inicio ao fim. A semana de Hip hop de Porto Alegre 2010, foi um grande salto para a cultura de rua municipal, e como todas as boas idéias, estão se espalhando para outras cidades do RS com o mesmo modelo. Provando que esta parceria governamental ainda pode ser bem aproveitada e que apesar de algumas coisas a arrumar, o Hip Hop gaúcho esta no caminho certo e ainda tem muito a fazer.

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RN: E ai Tiri como se formou o BFN? TIRI: O grupo foi criado no ano de1999 e é composto por Alemão, Jessé, Luci, Tiri e Dj Only Jay. A primeira iniciativa de organizar um grupo foi do Alemão, que desafiou o Tiri a escrever uma letra, o Jessé sempre teve envolvimento com a música desde o Reggae ao Samba, pois, é Multi Instrumentista e na época o nosso Dj era o Pesado que tocava direto nas festas, casamentos, etc...e os ensaios aconteciam na casa dele que ficava numa das áreas mais pobres da região e a molecada ficava lá assistindo e já sabiam cantar as nossas letras. Foi então que percebemos a responsabilidade que tínhamos com a nossa comunidade, começamos a organizar eventos, oficinas e a promover festas, para que outras pessoas pudessem acreditar que assim como nós o Rap poderia lhes oferecer outra alternativa de vida. RN: E porque o nome Sítio 12? TIRI: Lugar que se planta para colher...por isso Sitio, e o 12 vem do núcleo 12 que é o lugar onde o Alemão mora e onde a rapaziada se reúne até hoje. RN: Você acredita que o Hip Hop resgata outros jovens assim como resgatou o BFN? TIRI: O nosso grupo sempre manteve uma postura firme e de caráter indissolúvel e fortificando sempre a coletividade, acreditamos firmemente que o Hip Hop é capaz de resgatar sim as pessoas. O BFN é hoje um dos grupos que mais se envolve em questões sociais do estado e a prova disso é o evento “COAHB É SÓ RAP”, que já é um sucesso na capital e todos os anos além das atrações locais, sempre vem um grande nome da cultura Hip Hop se apresentar no evento. Já passaram pelo palco do COHAB: Nitro Di, Nego Prego, CN Boys, Juice, Hantaru, Polemica, RZO, Funçao RHK, DBS e esse ano a atração é o Trilha Sonora do Gueto, o evento ocorrerá no dia 7 de novembro e terá a cobertura da Revista Neuroze. O grupo também é o responsável pela marca de roupas Sitio 12, premiada no “Lança de Ouro 2009” como melhor marca independente, nas ruas e bailes da capital podemos ver os Rappers e simpatizantes vestindo a Sitio12.

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Tendo em seu currículo mais de 10 prêmios musicais, Hantaru trouxe para o Rap Gaúcho há mais de 15 anos o conceito de independência e sustentabilidade no mercado da moda e fonográfico, ao lançar a marca Neuroze. Musicalmente inovou ao misturar suas influências musicais criando um novo estilo para o rap gaucho, no ano de 2000 Hantaru forma a Organização Neuroze - Grife de roupas e um selo musical - simultaneamente o grupo Attack Frontal, acompanhado de um estilo sonoro original, acabou por conquistar a admiração do público e respeito de toda a classe artística do RS. No ano de 2001 o grupo lança o disco de vinil pelo selo Neuroze Discos “Os Gaúchos Terroristas”, e se torna um dos discos mais executado nas rádios FMS do Brasil e após o grupo participar de todas as edições do Fórum Social Mundial o LP é distribuído através de intercâmbio com outros artistas em países como o Japão, EUA, Dinamarca, França... Em 2002, o Attack Frontal lança seu último trabalho autoral inédito, “A Nova Liga da Justiça”, um kit multimídia que incluía CD + Revista+ Pôster, que consagrou o grupo no mercado do Rap Nacional. O grupo Attack Frontal e o estilo de seus shows e performances quebraram barreiras, o que levou o grupo a se apresentar nos melhores e maiores palcos do Brasil. Em apresentações memoráveis, o Attack Frontal dividiu palco com ícones da música nacional, como Da Guedes, Ultramen, MV Bill, Racionais Mc’s, Sabotagem, Thaíde e Marcelo D2. Estas parcerias renderam visibilidade e muita experiência. No ano de 2008 com seu trabalho solo Hantaru ganha o premio lança de ouro como melhor Ep de rap. Seus sucessos mais recentes “Os magos” e “Sem massagem”, gravada em parceria com o Rapper Sandrão C.N.B., esta sendo executada em diversas rádios da capital gaúcha. No mês de Setembro, Hantaru disponibilizou algumas músicas para download, e teve o maior numero de acessos no site Bandas de Garagem, ficando em primeiro lugar no ranking. Com 15 anos de carreira dedicada ao Rap e seu desenvolvimento, Hantaru não para e promete lançar no próximo ano seu novo CD e um vídeo. Com esta estrada no Rap Gaúcho, Hantaru é um dos pioneiros e sua história se confunde com o Hip Hop do RS.

Contatos: www.myspace.com/akhantaru Shows: Ricardo 51 9109-8380 Redes Sociais:HANTARU – ORKUT, FACEBOOK, TWITTER Músicas para download: HANTARU – 4shared, Bandas de Garagem

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brancomv@ig.com.br http://www.palcomp3.com.br/brancorp3 www.myspace.com/rp3rs

R.N: E o Rap Gaúcho em si, como você vê a cena atual do movimento aqui no Estado? BRANCO: Vejo vários quesitos evoluindo, mesmo que devagar tem gente correndo pelo certo, por exemplo, essa é a segunda edição da revista Neuroze uma vitória para o Rap do RS e assim prossegue com grupos lançando trabalhos independentes, rádios comunitárias e FMS dando um valor maior aos grupos daqui, sendo mais receptivos ao Rap de raiz, marcas de roupas inovando a cena, manos procurando aprender a produzir bases, enfim, temos programa de Hip Hop na TV, pessoas procurando fazer eventos e organizar um pouco a cena nem que seja em suas quebradas...tá fluindo bem mais do que anos atrás, quando esteve praticamente esquecido o cenário Gaúcho. Para todos aqueles amantes do Gangsta Rap Nacional, a Revista Neuroze trás em primeira mão, para vocês o Grupo R.P.3 do Bairro Mathias Velho em Canoas, o grupo continua firme e forte trabalhando em projetos novos para o próximo ano, sempre com suas características marcantes, o R.P.3 segue a produção de seu próximo Cd ainda não intitulado e de um vídeo clipe onde pretende mostrar tudo aquilo que os cercam no seu dia a dia, na sua comunidade onde atuam no cenário do Hip Hop desde 1996. A Revista Neuroze News esteve com o Rapper Branco para saber o que o R.P.3 prepara para o seu público. R.N: O que o público pode esperar do R.P.3 para o futuro e quais são os propósitos do Grupo? BRANCO: Primeiramente satisfação em estar aqui novamente com vocês nessa revista que é a cara do Verdadeiro Rap Gaúcho. O público amante do Rap Nacional pode ficar tranqüilo que estamos cada vez mais focados em evoluir no quesito instrumental e musical, mas jamais mudando nosso contexto de rimar e escrever, defendendo sempre é claro o Rap Realístico que vêm do berço com a gente e que nos identifica onde quer que a gente vá, a cara do R.P.3 é essa e jamais irá mudar por motivo algum, pois o Gangsta Rap não é fazer apologia ao crime nem pagar nota falsa de “bandidão” é apenas escrever letras e fazer Rap sem viver de ilusão... POIS AQUI O NOSSO TIME É A QUADRILHA DA REALIDADE.

R.N: O que esta faltando na sua visão para o Rap Gaúcho conquistar o público em geral de todas as regiões do país? BRANCO: Vou falar o papo reto aqui para vocês, na minha opinião, temos que nos valorizar mais como grupo, B.boy, Dj, e/ou Grafiteiro, saber lidar com a mídia, termos uma visão comercial do Rap mais evoluída, exigirmos o que é nosso (do Hip Hop) por direito de uma forma política, pois para muitos o Rap é apenas um divertimento, mas para outros é a vida. O Sul é pequeno no meu ver pra tantos talentos que temos por aqui...por isso seria bom todos os manos que estão pela correria, procurar se adequar a evolução do Hip Hop e ajudar no progresso dele em nosso estado de uma vez por todas, se não vai ficar sempre essa modinha temporária regional e sem progresso que não passa nem perto do aeroporto, os de fora vindo aqui e lucrando enquanto nós ficamos de meros coadjuvantes do cenário nacional. Quem tiver pelo certo para somar que se junte ao propósito de uma vez por todas, quem tiver só pelas minas, pela modinha ou pelo seu próprio nariz, é melhor deixarem de atrasar a função para que não sejam cobrados depois. Pois eu acredito no Rap Gaúcho e deposito confiança nele. Um grande abraço para todos os corredores do Rap Gaúcho e em especial a Revista Neuroze tamu junto até depois do fim! Salveeeeee Favela....

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, Rapper e empresário Sandrão Cnb A Revista Neuroze esteve com o e entr s ado lanç Cds BOYS, com diversos integrante e líder do grupo C.N rsos dive ndo laca emp esta S, O C.N. BOY coletâneas, Eps e um Cd duplo. os. rádi nas sucessos mio or prêmio da musica Rap o “Prê O grupo que já foi indicado ao mai . ada estr de s conta os 11 ano Hutuz”, lança o seu 1º DVD que capital Bairro Campo Novo Zona Sul da O grupo C.N BOYS, foi criado no s comseu nte lme atua , per Sandrão Cnb Gaúcha no ano de 1999, pelo Rap . hos quin Mar e Jean d, Dj Tan ponentes são: Sandrão Cnb, Aj 04, rama C.N BOYS saiu na coletânea do Prog A primeira música de trabalho do eiro prim seu a lanç S BOY C.N o sucesso Hip Hop Sul no ano de 2003, com ano de 2004; no ic Mus ve Age ra ado grav CD pela s icipa de duas coletâneas lançada part po gru Durante o ano de 2005, o as roup de e Grif sua de ão lgaç alha na divu simultaneamente, e o Rapper trab tasen dar início na sua carreira como apre a marca “Ponto Favela”, além de onde Rádio Comunitária RCB 87.9 FM, pela dor do Programa “Atitude Sul” pos gru aos aço esp l tota Nacional, dando Sandrão tocava somente o Rap Gaúchos; com 2º disco dessa vez independente, No ano de 2006 o grupo lança o prio pró pelo ido duz o Madruga”, pro o título de “Deus Ajuda Quem Ced la a, onde a musica e o vídeo “A Fave brad Dke io Stud no ado Sandrão, grav cena Gaúcha; Chora”, teve grande execução na locais “Atitude Sul”, com diversos grupos a tâne 2007 - Sandrão lança a cole o izad real é que nto eve , Novos Talentos além de promover o Festival de . cha Gaú ic Mus k Blac anualmente e divulga talentos da o sucesso seu 1º EP em carreira solo, com No ano de 2008, Sandrão lança ceu a Flor” Nas or, Am o e o Ódi lo “ Entre o do disco lança em 2009 o CD dup ional: de renome no cenário do Rap Nac com a participação de 15 artistas rício Mau , tal) Fron drilha , Hantaru (Attack Função Rhk, Nitro Di , Dbs e a Qua Roots (Roots Rap), Novaments... po realDVD além dos shows que o gru O grupo acaba de lançar o seu 1º tando con io ntár ume , conta com um doc izou em diversos locais e cidades os víde os os tod de além po, alho do Gru a trajetória desses 11 anos de trab clipes. rigo es: Mauricio Roots , Dj Nezzo , Rod O DVD tem diversas participaçõ ... nts ame Nov , ebrada , M.Beats Moreno , Maicon Dj , Edinho Dek DVD, que trabalho do grupo adquirindo o o hor mel er hec con em Os fãs pod to esta a venda na loja Pon conta toda a história do Cnb e já 0128

8161 130361 ou [51] shows [51] 30 Contato para cs .com/cnboysm www.myspace r .b om .c la ve www.pontofa

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Nascido na periferia da Zona Norte de Porto Alegre, teve gosto pela música através das rodas de samba do seu bairro, escutando chorinho aprendeu e desenvolveu técnicas do cavaquinho e bandolim, um autodidata que começou a ter gosto pelo Rap em 1998, quando se juntou aos amigos para formar o grupo de Rap Fusão de Mente, participando de festivais e lançando 2 Ep’s. Em 2004, resolveu seguir carreira solo, e produz o disco “Manifesto”, como resultado, no mesmo ano ganha o “Prêmio Lança de Ouro” e torna-se um dos Rappers mais conhecidos do estado. Influenciado pela música brasileira e o Hip Hop aproveita toda sua musicalidade para expor suas idéias de transformação social, igualdade e paz. Mas existe quem não acredite no Rap como música, para isso ele prova mais uma vez que sabe o que está fazendo, “Porto dos Casais” (veja videoclipe) e seu novo single “Minha Girl”, com participação da Produto Nacional, serve bem para quebrar este paradigma. Em dezembro de 2006 consagrou-se campeão do Prêmio Lança de ouro como melhor álbum do ano, reconhecimento merecido pelo trabalho feito com qualidade. Em 2007 realizou um importante show nos Arcos da Lapa no Rio de Janeiro para mais de 5 mil pessoas no Festival Hútuz e em 2008 em São Paulo para mais de 6 mil pessoas e shows no aniversário de Porto Alegre, 1ª Semana do Hip Hop de Porto Alegre, para o festival “Melhores do Ano Nick TV” junto com Fresno no Pepsi On Stage e outros tantos shows pela cidade e região metropolitana.

RN - Fale um pouco do projeto Portal dos Anjos? O projeto Portal dos Anjos é a minha concretização musical, é um marco divisório de águas na minha carreira, é um cd verdadeiramente profissional, onde inúmeros artistas, músicos, fotógrafo, designers, técnicos e engenheiros musicais estão nesse disco sólido e concreto. Com financiamento do Fumproarte e Alvo Associação Cultural não é só um cd de Rap é um conjunto de musicalidade onde agrega a MPB em geral. Como a grande parceria de Ymbiá Guarani, a ilustre participação do professor Luis Machado, Daniel do Cavaco, Rapper Nitro Di, Robert Ross, Koyadê, André Prado, Andressa Fernandes, Dj maloka, João Costa do Produto Nacional, Isnar Prates baixista do Produtos Nacional, Peralta, Guilherme 7 Cordas, DMC, Vide Brasa, Rafael Vox, ferrão do bandolim, Xaropinho na percussão, Marcelo “Nego Lindo”, J. Fidélix, Baixista Júnior e Baby Boy. Com produção geral de Marcus Fucs Ojeda (Mascote) da EB produtora, Edinho Dekebrada e Jorge Squad da Nukleo Produções com distribuição regional da Alvo Associação Cultural e Nacional em parceria com a Tratore RN - Seu disco teve a mão da YB Music, um dos principais estúdios e gravadoras do Brasil, como foi esse processo? O disco foi masterizado em São Paulo pelo engenheiro Carlos Lima que teve a sensibilidade de deixar o disco com a qualidade necessária para os ouvidos mais exigentes.

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O grupo Dependentes se prepara para representar o estado na final do RDB no Rio de Janeiro ,o sul não poderia estar melhor representado com voces soldado Spawn!!! RN – Quais são os projetos do grupo para 2009? Bem, a gente vem trabalhando a algum tempo em cima do disco , desdas produções das bases e a escolha do beat perfeito para a letra certa e o refrão certo para a melodia perfeita.

se apagar, mas se nós sustentarmos essa brasa viva, ela pode se transformar numa chama eterna, mas para isso é preciso uma grande mudança, nós temos que resgatar velhos hábitos que no meu tempo funcionava, hoje eu não vejo mais os festivais de Rap, as rodas de break no centro, baladas com shows de Rap, é algo que não acontece mais e quando acontece é com artistas de fora, com a abertura de um grupinho local

RN – Quem está produzindo o disco? Eu posso dizer de boca cheia, sem medo de errar que eu trabalho com o melhor time de produção de beats do RS e se pá do Brasil: M Beats, Dima, Ljay, DJ Martins, DJ Madruga...é mole ou quer mais...

RN – Na sua opinião, o que é preciso pro Hip Hop Gaúcho ser reconhecido profissionalmente? É pra falar?! Eu falo mesmo, ah meu os caras tão muito atrasados, tu não pode, usar um correntão da hora que nego comenta que tu ta ostentando, tu não pode usar um Cap foda dar um capricho no visual que vagabundo sai falando que tu é americano, que é metido a gringa, o teu som tocou em uma “Cidade” ou em uma “Eldorado”, vagabundo fala que tu é Pop, o teu grupo se apresentou em algumas casas noturnas de classe média tu é vendido, sendo que o mesmo gostaria de estar no teu lugar, tu faz uma letra falando de amor ou sobre entretenimento e comportamento que foge da mesmice nego fala que tu não é verdadeiro, “ a final de contas a música não é universal”

RN – Como o grupo se organiza para compor e quais são as influências? A gente costuma se reunir uma vez por semana para compor e jogar conversa fora e sobre as influências, eu particularmente sou um grande colecionador de discos, viajo des do Underground ao mais Pop, não tenho nenhum tipo de preconceito de estilo musical desde que você seja bom naquilo que você faz, você vai ter o meu respeito. RN – Como você ve o Rap Gaúcho no atual momento ? E o que falta para ele acontecer de verdade? Meu, eu acho que o Rap vive, assim como uma brasa viva no interior de um tronco de Jequitibá, que leva meses até anos para

RN – Deixe uma mensagem para os leitores? A revolução é uma mudança pra melhor, portanto mude tudo e todos a sua volta o mais rápido possível, mas nunca esquecendo que o motivo da mudança é mais importante que a velocidade.

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NITRO

CONTATOS: www.adversus.com.br www.myspace.com/nitrodi www.atlantida.com.br/mixtape mixtape@atlantida.com.br

-DI

Primeiramente gostaria de cumprimentar os manos pela iniciativa. Cada material impresso com informações nossas se tornam registro pra história. Estamos escrevendo nossa saga! O site Adversus.com.br está completando sete anos em 2010, e mesmo com as dificuldades aparentes estamos resistindo, permanecendo como uma referencia do Hip Hop gaúcho para o resto do país e o mundo. Estamos passando por um período de reformulação, tanto na equipe de trabalho, quanto na estrutura do site. A promessa de ser um portal que compartilha espaços para divulgação de artistas da região sul está de pé e nossa vontade de criar ferramentas que facilitem isso continua sendo nosso objetivo principal. Dentre as novidades estão a Rádio e Tv Adversus, mais um canal de divulgação pra rapa do sul, que contará com programas exclusivos feitos por personalidades de destaque aqui do sul. Nitro Di, esta focado em outros projetos que fortalecerão ainda mais a cena gaúcha, fazendo um intercâmbio com o interior do Estado e o Brasil. Tenho lançado musicas novas no MySpace de 2 em e meses, é só conferir. A última chama-se “Vem cá” com vocais de Adriano Vox (Novament’s) e co-produção do

meu guerreiro Guga Minhoz. Este ano vou reunir estas e outras musicas em um CD, que provavelmente estará disponível no Adversus. Hoje em dia estou trabalhando com uma nova paixão, os toca-discos, realizando festas do programa MIX TAPE. Tem que ver pra crer. Sigo com o espaço chamado MIX TAPE aos domingos das 20 às 22 horas na radio Atlântida, indo para o terceiro ano no ar. Apresentado para todo o RS e SC, me comprometo em manter uma sintonia com o padrão da programação da radio, apresentando novidades e clássicos dos gringos para que sirvam de fonte de informação e inspiração para os grupos, artistas e simpatizantes que nos escutam. O rap nacional está presente, apesar de, infelizmente, não ser possível tocar tudo que cai na minha mão. Minha bandeira sempre vai ser esta, do Rap nacional, mas deve prevalecer o bom senso de estar em uma radio Pop, certo!?. Agradeço a compreensão de todos e rezo pelos que ainda não entenderam nossa função como comunicador e multiplicador. Valeu a audiência!!! No mais, sigo minha caminhada ao lado dos manos que preferem o trabalho ao invés da inveja. Boa sorte ao projeto da revista e a todos que fazem do Hip Hop do Sul uma força nacional. Parabéns!

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Social

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NEGO PREGO

O Rapper desabafa sobre a atual situação do mercado musical. Na estrada desde 1998 vem agregando em sua carreira força e prestigio, em 2008 seu primeiro trabalho intitulado “A Máfia dos Meninos”, onde expressou o que já viveu e pensa, o qual também lhe rendeu merecidamente em 2009 o ‘Prêmio Açorianos de Música’. Com isso obteve notoriedade na mídia local e outros meios de comunicação e artístico. Já se tem informações que o próximo disco está em processo de criação.

RN - Então Nego Prego, na tua opinião o que mudou na cena do Rap? Bom em primeiro lugar, sem palavras pelo espaço. Na minha opinião, mudou mas não sei se muito, pela a evolução dos grupos, das músicas e até mesmo da forma dos caras do Rap pensar, por que talvez ontem pensavam que queriam mudar o mundo, e tenho certeza que hoje não pensam mais assim e se tu ver os “muleke” que estão chegando hoje, já estão com outras metas, outra geração, naquela época em que dei a entrevista para a revista, tinha um monte de coisa acontecendo, Açorianos , vários shows , entrevistas, jornais, etc... RN - E qual a tua opinião desta nova escola que ta chegando ai? Tanto no Sul como a nível Nacional? Eu vejo meio que a distância esta fita, mas sempre aprecio os bons, muitos com boas músicas, boas performances de palco, mas vejo com um pouco de preocupação, pelas referências que buscam hoje. Na minha opinião, estão pensando muito em fazer sucesso e estão esquecendo que as músicas, vão muito além disso, imagina uma rádio que é primeiro lugar no ibope. RN - E sobre as rádios? Tu achas que elas estão contribuindo pro Rap? Não vejo contribuição em nada, e se em algum momento ajudaram, mas eles não criam produtos...então mesmo que toquem meu som hoje, o teu amanhã e o de outro depois, não estão acrescentando em nada, e na real eles nem querem.

Orkut / MSN / Email Perfil Novo: prego.rs@hotmail.com Contato para Shows Fone: (51) 85079509

RN –As marcas locais, elas oferecem apoio aos eventos de Hip Hop como é em outros Estados? Patrocínio, isso não existe, em outros estados como em São Paulo, além de ter muito mais marcas e empresas, os caras trabalham em cima de alguns grupos, isso faz que criem produtos com credibilidade. E as marcas do Rap agora to falando daqui de Porto Alegre, estão crescendo ainda mesmo que algumas já sejam bem conhecidas como: Sítio, Ponto Favela, Neuroze, Picadilha dos Pretos, Dekebrada, estas fazem o que podem. RN - E a política o que influência pro movimento ainda mais que é ano de eleição? Em primeiro lugar que movimento? E na questão política influencia sim, porque isso abrange a nível de Brasil, a propaganda invade todos os dias milhões de casas, tem vários caras do Rap envolvidos nas eleições e com política em si. Deixo um salve pra toda a Rapa da Bom Jesus, pros caras do Rap e olha povo não podemos desistir, temos problemas sim, mas vamos trabalhar eles e ficar ligado aí por que ‘Hienas nos Observam’..

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PAULO ALMEIDA

Prof. Dono de discursos contundentes, o jornalista, professor e futuro sociólogo Paulo Almeida recebeu a equipe da RN, entre uma aula e outra, para uma conversa com a cara do “Professor Paulo Almeida”, cheia de opiniões, além de ter sido mais uma aula. N: Quem é o professor? Tenho 49 anos de idade, filho de operário e de uma faxineira, meus pais eram analfabetos funcionais. Meu pai era um operário de radiodifusão o que inspirou o inicio de minha carreira profissional. Criei-me dentro de um estúdio de radiodifusão limpando disco, operando mesa de áudio. Fiz curso da Feplam de operador de áudio junto com seu ensino médio. E trabalhando com jornalistas e produtores, percebi que eles falavam coisas que eu não entendia e isto me levou ao estudo superior no curso de Jornalismo e como já trabalhava na área foi mais fácil de me encaixar profissionalmente. No inicio comecei a trabalhar com produção de esportes e logo fui para coordenação de programação da Rádio Itapema, ficando oito anos no grupo RBS. N: Como começou tua caminhada na disciplina de História? No inicio dos anos 80, período de transição da ditadura militar à abertura política sendo militante de alguns sindicatos como o Sindicato dos Radialistas e Sindicato dos Jornalistas. E ali, dentro do sindicato, foi onde me despertou o interesse pela História. Neste processo acabei aprendendo muito sobre o movimento sindical no Brasil desde o seu início e como minha carga horária de trabalho permitia, voltei à faculdade, agora

no curso de História na FAPA, não com a intenção de dar aula, mas sim para aumentar o meu conhecimento em História. E durante o estágio esta idéia apenas se confirmou. Ali percebi que em sala da aula poderia fazer muito mais pelo social do que como jornalista. Então comecei a lecionar em um curso pré-vestibular voltado para pessoas carentes que se chamava Zumbi dos Palmares. A idéia deu tão certo que dentre os oitenta alunos, sessenta foram aprovados na UFRGS, o que foi muito gratificante. Passado esta fase, certa vez, quando trabalhava em um supletivo onde também tinha um curso prévestibular, o professor do “pré” faltou e o dono do curso me ligou pedindo que eu fizesse a substituição. Entrei na aula com medo, pois tinham mais de 150 alunos e eu estava acostumado com turmas menores, mas fui lá e dei minha aula. Após, os alunos foram até a diretoria do curso e pediram que, por terem gostado das aulas, queriam que eu continuasse como professor, então larguei o jornalismo e estou aí a mais de vinte anos. N: E os estudos continuam? PA: Claro, voltei a estudar, estou fazendo uma pós-graduação em Sociologia. Minha intenção é ter mais mercado de trabalho. E, além disto, a Sociologia é anterior a História, além de ser uma disciplina muito complexa, pois englobam vários setores do pensamento como a Filosofia e a Psicologia. N: Suas aulas são cheias de opiniões e, muitas vezes, são até criticadas por tais discursos. Como você vê este estilo de ensino?

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PA: A neutralidade é uma falácia. Ninguém é neutro. Aquele que se diz neutro na verdade está apoiando o sistema. È impossível dar uma aula de História neutra, pois o professor sempre coloca suas experiências e sua bagagem cultural nas aulas. Grandes comunicadores pregam o jornalismo neutro e isto é mentira. O senso comum faz com que o professor que se posiciona seja mal visto, pois as pessoas não querem ouvir o que não estão ideologizados a escutar e a ouvir. “Portugal esta a além mar, não houve conflito”, e de lá para cá, nada mudou, podem dizer que houve a abolição da escravatura, porém os negros continuam escravos, a exclusão continua. N: Tratando desta questão de exclusão. Vivemos uma época em que a droga está atingindo boa parte da sociedade. O que tu achas desta “exclusão”? PA: A droga é produto do sistema capitalista. Três coisas que mais dão dinheiro no sistema capitalista: tráfico de armas, de drogas e de pessoas para prostituição. Isto é o sistema capitalista. O próprio filme “Tropa de Elite” ressalta que quem financia o narcotráfico é a classe média, pois é ela que tem dinheiro para gastar. Algumas campanhas contra o crack apareceram na mídia para evitar que ele se alastre no meio da classe média, enquanto estava na periferia, ok... Mas atingiu a classe média, daí não pode. N: Tu achas que a descriminização das drogas ajudaria no combate ao tráfico? PA: Não, nem a legalização. Se tu tiver a droga legalizada, o governo colocará imposto em cima e sempre haverá um para vendê-la no mercado negro. Eu tenho claro que a sociedade é hipócrita e continuará hipócrita. Muitas pessoas me perguntam se eu sou contra a marcha pela maconha, eu digo que não, mas digo que sou a favor da marcha pelo trabalho, pela carteira assinada, nós precisamos de emprego para o povo. Tem que ter campanha para ter mais hospital, mais saúde pública com profissionais descentes. É necessário inverter o

jogo na questão social, pois no Brasil ainda vemos tudo de cima para baixo. Temos que mexer na base dos problemas. A falta do estado na sociedade esta gerando tudo isto que está aí, o que alguns chamam de capitalismo selvagem. E eu digo que todo o capitalismo é selvagem. O que temos neste capitalismo é o indivíduo atirado à própria sorte, mas o que a sociedade oferece? R$ 510 para trabalhar e segunda à segunda no shopping. No tráfico, é uma vida curta, mas com um ganho que ele não teria fora dali. Mesmo assim não compensa, porém não é uma questão de escolha. N: Qual a mensagem que tu deixas para o pessoal do Hip Hop e aos seus alunos? PA: Estudar, estudar. Trabalhar, trabalhar. Eu sempre digo, dentro deste sistema que vivemos, a única forma que nós podemos ter ascensão é estudando. Eu tive ascensão estudando e trabalhando, se eu não tivesse tido isto eu estava “ferrado” (risos). N: Planos futuros? PA: Devo me aposentar em oito anos e quero ver se vou me “aburguesar”. Vou trabalhar para mim em outras atividades. Já dei muito sangue pela educação (risos). N: E valeu a pena? PA: Não sei... (risos) Claro vale pelo reconhecimento do meu trabalho, pois sempre que encontro com meus ex-alunos sou bem visto e lembrado por eles, pelo trabalho que deixei em cada um. Ali vejo que valeu mesmo. N: Se estivesse no poder, qual a primeira coisa que faria? PA: Estatizaria todas as universidades e escolas (risos) e trabalharia bastante na geração de renda. Trabalho. Paulo Almeida é utópico mesmo (risos). Site: www.informaacao.info Agradecimentos: Curso Pré-vestibular Meta.

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Luara Fernandez de Candido Email: luaradecandido@hotmail.com www.olharsocioambiental.wordpress.com

MAS AFINAL, O QUE TEMOS A VER COM ISSO?

Rotina agitada. Você acorda cedo, trabalha, estuda, tem

suas preocupações em relação ao seu futuro e em como conquistar seus sonhos. No final do dia você resolve ligar a televisão, quando escuta mais uma notícia que fala sobre a necessidade de preservar o meio ambiente. Você ouve, mas logo troca de canal. Afinal, o que você tem a ver com as catástrofes ambientais e suas consequencias no mundo ? Muitas vezes, ao pensarmos nos problemas ambientais e sociais, não valorizamos o potencial que temos para fazer parte da mudança da história, deixando de lado a nossa capacidade de construir uma realidade melhor para todos. Somos parte de um sistema maior.Tudo o que fazemos tem o poder de transformar, de forma positiva ou negativa, não só as nossas vidas, mas a vida de muitas pessoas. Com o meio ambiente não é diferente. Nossa forma de agir e nosso estilo de vida geram impactos na natureza que serão sentidos não somente por nós, mas por um grande número de pessoas. A sustentabilidade é uma nova forma de enxergar o mundo. Observando a vida por esse ângulo, passamos a nos preocupar de forma equilibrada com o meio ambiente, as questões sociais e questões econômicas. Muitas organizações já estão aderindo a este novo modelo de desenvolvimento , se preocupando não somente com os lucros, mas com a qualidade de vida de seus funcionários, da comunidade da qual fazem parte e com os impactos ao meio ambiente que seus produtos e serviços podem gerar. E nós, o que podemos fazer? Coisas simples, como separar o lixo,consumir produtos com

menos embalagens e evitar o desperdício de água e de luz,são atitudes que já fazem a diferença. Saindo da nossa casa, podemos prestar atenção se as ruas estão limpas, se existe coleta seletiva e se há formas de melhorar o ambiente em que vivemos. Buscar soluções coletivas que beneficiem o maior número de pessoas sem causar danos ambientais também faz parte do “jeito sustentável” de agir. E mais: iniciativas em conjunto podem se tornar grandes negócios. Que tal organizar junto a associação do bairro uma cooperativa de geração de renda que beneficie a preservação do meio ambiente? Muitos materiais que costumam ser jogados fora como “ lixo” podem ser reutilizados e transformados em outros produtos. O óleo de cozinha usado, por exemplo, pode ser matéria prima para confecção de sabão. Pneus usados podem se transformar em confortáveis puffs. Garrafas pets e caixas de leite podem virar placas de geração de energia solar para aquecer água. Ou então, que tal organizar grupos na escola para debater o tema e criar campanhas internas, levando informação e estimulando atitudes sustentáveis? São inúmeras possibilidades que podem tornar o espaço onde moramos, trabalhamos ou estudamos um lugar com o jeito de quem faz a diferença no mundo. Causar um efeito positivo no ambiente em que vivemos é deixar a nossa marca para quem está do nosso lado e para as gerações que ainda virão. Fica a pergunta :como queremos ser lembrados?

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O Crack é uma mistura de cloridrato de cocaína (cocaína em pó), bicarbonato de sódio ou amônia e água destilada, que resulta em pequeninos grãos, fumados em cachimbos. É mais barato que a cocaína, mas como seu efeito dura muito pouco, acaba sendo usado em maiores quantidades, o que torna o vício muito caro, pois seu consumo passa a ser maior. Estimulante seis vezes mais potente que a cocaína, o Crack provoca dependência física e leva à morte por sua ação fulminante sobre o sistema nervoso central e cardíaco. O Crack leva 15 segundos para chegar ao cérebro e já começa a produzir seus efeitos: forte aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial, dilatação das pupilas, suor intenso, tremor muscular e excitação acentuada, sensações de aparente bem-estar, aumento da capaci-

dade física e mental, indiferença à dor e ao cansaço. Mas, se os prazeres físicos e psíquicos chegam rápido com uma pedra de Crack, os sintomas da síndrome de abstinência também não demoram a chegar. Em 15 minutos, surge de novo a necessidade de inalar a fumaça de outra pedra, caso contrário, chegarão inevitavelmente o desgaste físico, a frustração e a depressão profunda. As pessoas que o experimentam sentem um desejo incontrolável de usá-lo de novo, estabelecendo rapidamente uma dependência física, pois querem manter o organismo em ritmo acelerado. Os usuários, em sua maioria, têm entre 15 e 25 anos de idade e vêm tanto de bairros pobres da periferia como de ricas mansões de bairros nobres. Como o Crack é uma das drogas de mais altos poderes viciantes, a pessoa, só de experimentar, pode tornar-se um viciado. Ele não é, porém, das primeiras drogas que alguém experimenta. De um modo geral, o seu usuário já usa outras, principalmente cocaína, e passa a utilizar o Crack por curiosidade, para sentir efeitos mais fortes, ou ainda por falta de dinheiro, já que ele é bem mais barato por grama do que a cocaína. Todavia, como o efeito do Crack passa muito depressa, e o sofrimento por sua ausência no corpo vem em 15 minutos, o usuário usa-o em maior quantidade, fazendo gastos ainda maiores do que já vinha fazendo. Para conseguir, então, sustentar esse vício, as pessoas começam a usar qualquer método para comprá-lo. Já não dispõem de tempo para ganhar dinheiro honestamente, partem, portanto, para a ilegalidade: tráfico de drogas, aliciamento de novas pessoas para a droga, roubos, assaltos, etc. O começo do vício é sempre parecido. Primeiro é o consumo de maconha, depois vem a cocaína. O Crack é o próximo passo. Ele não escolhe cor, gênero, classe social ou religião. Com poder avassalador, invadiu a sociedade, quebrou regras, transpôs limites e escravizou milhares de pessoas. Escravizou! O que mais podemos falar para que ninguém mais entre nessa caminhada errada?

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Bullying é um termo da língua inglesa (bully = “valentão”) que se refere a todas as formas de atitudes agressivas, verbais ou físicas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente e são exercidas por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa sem ter a possibilidade ou capacidade de se defender, sendo realizadas dentro de uma relação desigual de forças ou poder. O bullying se divide em duas categorias: a) bullying direto, que é a forma mais comum entre os agressores masculinos e b) bullying indireto, sendo essa a forma mais comum entre mulheres e crianças, tendo como característica o isolamento social da vítima. Em geral, a vítima teme o (a) agressor (a) em razão das ameaças ou mesmo a concretização da violência, física ou sexual, ou a perda dos meios de subsistência. O bullying é um problema mundial, podendo ocorrer em praticamente qualquer contexto no qual as pessoas interajam, tais como escola, faculdade/universidade, família, mas pode ocorrer também no local de trabalho e entre vizinhos. Há uma tendência de as escolas não admitirem a ocorrência do bullying entre seus alunos; ou desconhecem o problema ou se negam a enfrentálo. Esse tipo de agressão geralmente ocorre em áreas onde a presença ou supervisão de pessoas adultas é mínima ou inexistente. Estão inclusos no bullying os apelidos pejorativos criados para humilhar os colegas.

As pessoas que testemunham o bullying, na grande maioria, alunos, convivem com a violência e se silenciam em razão de temerem se tornar as “próximas vítimas” do agressor. No espaço escolar, quando não ocorre uma efetiva intervenção contra o bullying, o ambiente fica contaminado e os alunos, sem exceção, são afetados negativamente, experimentando sentimentos de medo e ansiedade. As crianças ou adolescentes que sofrem bullying podem se tornar adultos com sentimentos negativos e baixa autoestima. Tendem a adquirir sérios problemas de relacionamento, podendo, inclusive, contrair comportamento agressivo. Em casos extremos, a vítima poderá tentar ou cometer suicídio. Os atos de bullying ferem princípios constitucionais – respeito à dignidade da pessoa humana – e ferem o Código Civil, que determina que todo ato ilícito que cause dano a outrem gera o dever de indenizar. O responsável pelo ato de bullying pode também ser enquadrado no Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista que as escolas prestam serviço aos consumidores e são responsáveis por atos de bullying que ocorram dentro do estabelecimento de ensino/ trabalho. O bullying é um problema que ocorre há muitos anos e não seria demais comentar que isso sempre ocorreu. No ensino, devemos tomar cuidado, pois isso não é o único fator causador da forma precária que se tornou as escolas. O problema vai bem alem e deve ter uma solução eficaz e rápida. Isso é o que esperamos.

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Pensando na tal Responsabilidade Social Não consigo pensar em Responsabilidade Social sem associar a algumas palavras como: oportunidade, igualdade, dignidade, solidariedade, cidadania, ética, sustentabilidade... E por aí vai. Na verdade estas associações são bem coerentes e elementos imprescindíveis para que possamos tratar deste tema tão em voga. Na realidade, talvez as palavras que venham a cabeça das pessoas quando falamos de RS não sejam exatamente as mesmas, afinal por muito tempo este tema foi associado a fazer caridade, esta era uma perspectiva assistencialista, que via o individuo em situação de vulnerabilidade social, como um coitado que necessitava de uma esmola e faziam ou fazem acreditando que estão fazendo sua parte. Cômodo não? Hoje já temos muitas iniciativas de RS em projetos focados no resgate da Cidadania, oferecendo oportunidade, estimulando o pensamento crítico, promovendo espaços de convivência e

aprendizado que oportunizam uma transformação na realidade, despertando novas perspectivas de vida, estimulando e desenvolvendo competências e habilidades, tornando assim estes atores sociais, que conquistam seu lugar na sociedade. Quando vejo iniciativas sérias se tornarem projetos bem sucedidos, transformando vidas, contribuindo para a comunidade, me sinto feliz, mas também vejo muita frustração e gasto de energia e de recursos em esforços equivocados (por falta de Gestão) vejo o quanto ainda falta de informação e capacitação. Existem muitas organizações bem intencionadas, muitas pessoas que precisam de uma oportunidade, mas que esbarram na falta de recurso, de capacitação e na burocracia. Responsabilidade Social é coisa séria e urgente, mas precisa mais do que boa vontade, precisa de Metodologia, processo, monitoramento, avaliação, prestação de contas... E isto tudo se aprende.

Márcia Oliveira

Pedagoga Especialista em Gestão Consultora na área de Desenvolvimento de Projetos e Captação de Recursos

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De longa data o cinema brasileiro estabelece parâmetros da vida social nas telas. Porém sempre o faz de forma parcial. Em outubro de 2007 estreava nos cinemas de todo país o filme, Tropa de Elite, dirigido pelo cineasta José Padilha, e que teve grande sucesso nas bilheterias, sendo um dos maiores sucessos do nosso cinema, mas a que isso se deve? José Padilha é um bom diretor, e tem sua carreira mais ligada a documentários (alguns bem premiados inclusive), portanto não irei questioná-lo quanto a qualidade de seu filme, até porque, o considero um bom filme, que utiliza recursos cinematográficos por vezes a frente do cinema nacional, o que o faz transgredir da categoria “cinema brasileiro”. Mas por trás de todo filme, há uma idéia, e a idéia que o filme trás é questionável e contraditória. Questionável porque eu não acredito que matar suspeitos seja o melhor caminho, até porque o filme mostra policiais que matam sujeitos que nós, expectadores, sabemos que são culpados, mas na vida real, não há como ter a certeza de que estes sejam realmente culpados, e mesmo se forem culpados, existe uma legislação a ser cumprida, e nela, todos tem direito a vida. O filme trás também uma questão sobre os usuários de drogas, os culpando pela maior parte da violência urbana, já que o dinheiro que ele emprega as drogas, acaba sendo usado para a compra de armas por parte dos traficantes. Pensando sobre isso, eu me sinto culpado, mas não pela violência no Brasil, pois eu não sou usuário de drogas, mas sim pela guerra no Iraque e no Afeganistão, já que eu pago impostos, e parte desses impostos são usados para pagar dívidas, e parte dessa quantia vai parar nos cofres americanos, e provavelmente uma parte disso é usada para

aquisição de armas que ele usa nesses conflitos. Portanto seria sensato culpar o contribuinte de impostos brasileiro pela guerra nesses países?Tão sensato quanto culpar os usuários de drogas pela violência urbana brasileira. Sensatez nenhuma, beiraria o absurdo, pois se o cidadão tem culpa no problema da violência, essa culpa se deve por não pressionar o governo, a fim de que este invista em melhor educação, para que nossas crianças possam crescer com uma vida digna, e que se invista em políticas sociais aos mais necessitados,assim como que prepare melhor a polícia para que esta saiba cumprir a lei ,ao invés de matar inocentes antes de saber se são ou não culpados. E a contradição do filme vem do fato de o diretor deste ter se posicionado publicamente contra a política empregada pela polícia carioca contra o tráfico, política essa que é ressaltada como eficiente e coerente durante o filme, mesmo que o filme seja uma obra de ficção, não tem como evitar a comparação. E por que levantar essa questão três anos depois do lançamento do filme? Porque desta vez espero sinceramente que José Padilha mostre suas idéias de forma mais clara, considerando que ele próprio admite que o filme anterior causou aclamação popular pelos motivos errados. Posso esperar, e espero que agora ele possa corrigir a impressão errônea que o primeiro filme provocou. Tem de se tomar muito cuidado com as teorias não experimentadas que viram senso popular, e tornam-se verdades absolutas, pois as verdades de hoje, são as mentiras de amanhã. Alexandre Burgos - Estudante de Cinema Dedico este artigo a memória do querido amigo André Santos. Meus contatos: http://alburgos.blogspot.com

jedi.burgos@gmail.com

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o d n a m r i f a Re o A s u l a exc

Inseridos em uma sociedade formada pela miscigenação de diversas etnias, o brasileiro possui uma cultura extremamente rica e variada. A mistura entre povo europeu, indígena e africano, a mistura de suas religiões, danças e folclore é que nos abastece de imensa criatividade, manifestada na literatura, na música, na arte em geral. Embora todos nós façamos parte da cultura brasileira, a produção artística ainda é, na maior parte, advinda das classes sócio-econômicas mais altas. Esta produção vem sendo destruída através da depredação de obras de arte, de estátuas, da pichação de prédios históricos. Não somente o setor artístico é atingido, mas para toda a parte que olharmos, sejam muros, casas, edifícios, pontes: tudo está pichado. Tal causa pode e deve ter origem na exclusão social. Há algum tempo atrás, lendo um artigo antropológico, era sugerido que o comportamento humano seria resultante do meio em que o indivíduo se desenvolve e vive. O chamado “vândalo” está à margem da sociedade – que significa estar ao redor, do lado de fora. Ele não tem acesso a ensino de qualidade que permita compreender, admirar e produzir arte. As classes média e alta ignoram os pobres, marginalizando-os. A forma encontrada para manifestação, para muitos, foi a pichação. A destruição do patrimônio público e privado, por meio de atos de vandalismo, pode ser a resposta que um tipo de gente que muitos não querem por perto, exceto para nos servir em restaurantes, limpar escritórios ou abrir a porta do prédio onde moramos. A escrita decodificada, suja, de traçado firme e pontiagudo, a qual não se entende, agride a

visão. Aqueles de quem tiramos o direito de fazer parte da sociedade dita “civilizada”, que não conseguem se identificar com uma arte que não é produzida por eles, se farão enxergar da única forma que conseguirem: infringindo a lei. Não façamos, aqui, apologia à pichação, nem defendamos quem o faz, justificando a pobreza e a miséria como origem deste problema. A manifestação escrita em paredes e muros, que destrói e causa prejuízo, é crime previsto na Constituição Federal, portanto, jamais terá apoio popular. O Brasil necessita de atitudes que melhorem a condição de vida de seu povo subjugado, porém, esta não é a forma ideal. É lamentável que eles também não saibam disso.

Rose Fernandes, 29 anos, é cantora, compositora, atua na área de segurança do trabalho e é estudante de Ciências Sociais na UFRGS. E-mail: rosegessle@yahoo.com.br

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o Relançament

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