Revista Negócios em Transporte | Edição

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As opções do

transportador Empresas racionalizam operações e afinam a oferta de serviços com as necessidades básicas do mercado para manter a rentabilidade

Desburocratização

Logística

Fora-de-estrada

Transportadores começam a se livrar da papelada

Como dobrar de tamanho em meio à recessão

Nova versão do Actros 8x4 já está disponível

Negócios em Transporte l 1 Empresário faz campanha para baixar preço do óleo diesel


2 l Neg贸cios em Transporte


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sumário

6 l Editorial 7 l Notas 34 l Panorama

14 l Conjuntura

19 l Opinião

Bridgestone lança o R155, produto desenvolvido especialmente para caminhões e ônibus que rodam em linhas urbanas e interurbanas

Como as empresas de transporte estão se adequando à nova situação econômica para manter o nível de negócios e os lucros

O diretor Presidente da Coopercarga, Dagnor Schneider, conclama a comunidade de transporte a fazer campanha pela queda do preço do diesel

Fotos: divulgação

13 l Pneus

20 l Desburocratização Conhecimento eletrônico é caminho certo rumo a profissionalização, com a diminuição do desperdício e da perda de tempo

23 l Logística Empresa de cargas expressas multimodal dobra a cada ano com perfeito dimensionamento de seus equipamentos e infraestrutura

26 l Ônibus Os sistemas de ônibus são cada vez mais utilizados em todo mundo como uma alternativa eficiente, de custo razoável e de implantação rápida

29 l Implementos Apesar do momento difícil, a Randon acredita numa reação forte do mercado de carrocerias com a retomada das atividades econômicas

30 l Fora-de-estrada Mercedes-Benz traz para o Brasil o Actros 4448 8x4 e mostra produto numa mineração de carvão do Rio Grande do Sul onde configuração faz sucesso

4 l Negócios em Transporte


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editorial Não falta experiência Em tempo de vacas magras as empresas do segmento de transporte estão se mexendo na busca de novos caminhos que lhes garantam sustentar a rentabilidade ou pelo menos a sobrevivência. Diante da crise financeira são muitos os atalhos possíveis, desde a contenção ou redirecionamento de investimentos mais ousados até acordos ou fusões para aumentar a escala e manter-se apesar das margens menores. Mas não há nenhuma fórmula acabada. E não é uma questão de porte apenas. Pequenas e médias transportadoras tem as mesmas chances de driblar as dificuldades. Todas as atenções devem estar grudadas no mercado e nas suas mais sutis sinalizações. O fato é que não pode haver falta de ação. Estar pronto para reagir rapidamente quase sempre é uma arma eficaz para se livrar da calmaria. Esperam os especialistas que o PIB brasileiro evolua 0,5% este ano. Isso quer dizer que o setor deve crescer 1% este ano. Sobre um 2008 que ultrapassou todas as expectativas, apesar do desastroso último trimestre, o resultado será excepcional. A salvaguarda do setor é um gigantesco mercado interno de milhões de recém-chegados à classe de consumidores. Estes garantem uma infinidade de segmentos industriais, salvo de artigos de luxo, os ligados às exportações etc. Assim, muitos transportadores apostam no crescimento graças à sintonia fina entre a oferta de serviços e o anseio dos mercados fornecedores dessa legião de compradores. Dentro de casa, porém, não há descuido, essas mesmas companhias buscam se posicionar de maneira a suportar uma rentabilidade nada generosa. Contudo, sempre há onde espremer e não se sabe por que esse cuidado não é sempre tomado. O fato é que para muitas empresas este é um momento de oportunidade ímpar para crescer além das expectativas. É o momento de apostar firme em que o humor do mercado pode mudar também rapidamente para melhor. Enfim, fazem parte daquele time de empresas que não dão muita confiança para a crise e aproveitam o momento para azeitar a máquina. Afinal, não há no mundo ninguém como nós, tão craques em gestão de crise.

DIRETOR: Saulo P. Muniz Furtado saulo@tteditora.com.br Redação Editor e Jornalista Responsável Pedro Bartholomeu Neto, MTb 12.920 barto@tteditora.com.br Repórter Solange Hette, MTb 51.482 solange@tteditora.com.br Edição de arte Júlio Kniss julio@tteditora.com.br PROMOÇÕES O. Quatrini (gerente), Rafael Gouveia, Cristiane Mattos promocoes@tteditora.com.br PUBLICIDADE Executivo de contas: Elcio Raffani - elcio@tteditora.com.br DEPARTAMENTO DE DISTRIBUIÇÃO E ASSINATURAS Cláudio Alves de Oliveira (gerente), Rosana Simões Domingues e Janaina Samara da Conceição assinaturas@tteditora.com.br DEPARTAMENTO ADMINISTRATIVO Jorge Moura, Marcos Antonio Battagiotto e Carlos Alberto Pereira Yeda Machado de Melo Wittmann (secretária da presidência) DEPARTAMENTO DE RH Juliana Furtado IMPRESSÃO E ACABAMENTO Prol Editora Gráfica REDAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO Rua Fiandeiras, 687/693 – Vila Olímpia São Paulo-SP, CEP 04545-004 Tel.: (11) 3049-1799 NT - NEGÓCIOS EM TRANSPORTE tem marca registrada junto ao órgão competente, INPI sob nº 826.229.611. É uma publicação mensal da Tudo em Transporte Editora Ltda., CNPJ 07.052.911/0001-01 e Inscr. Estadual 149.430.506.110. As opiniões dos artigos assinados e dos entrevistados são de seus autores e não necessariamente as mesmas de NEGÓCIOS EM TRANSPORTE. A elaboração de matérias redacionais não tem nenhuma vinculação com a venda de espaços publicitários. Não aceitamos matérias redacionais pagas. Informes publicitários são de responsabilidade das empresas que os veiculam, não tendo escolha de fotos, ilustrações ou definição de estilo e de texto submetidos à Redação da revista. Os anúncios são de responsabilidade das empresas anunciantes. Não temos corretores de assinaturas ou representantes em outros estados ou países. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos, ilustrações, mapas sem a autorização por escrito da Redação (Lei de Direitos Autorais, nº 9610/98).

Publicação Mensal - nº 66 Março de 2009 R$ 10,00 Circulação Abril de 2009 Tudo em Transporte Editora Ltda. Tiragem desta edição (13 mil exemplares) auditada pelo IVC (Instituto Verificador de Circulação).

A revista Negócios em Transporte é uma publicação filiada à

6 l Negócios em Transporte


notas

l Até que enfim

l Licitação

Fotos: divulgação

Acaba de ser aprovada a redução da taxa de IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados, também para a linha de implementos rodoviários. A bandeira foi levantada pela Anfir e Simefre desde dezembro do ano passado, ocasião em que as instituições chamaram atenção do ministro Miguel Jorge, do Desenvolvimento Indústria e Comércio.

l Porta arrombada “Na ocasião pleiteávamos a redução da taxa de IPI de 5% para zero, que incide hoje sobre os implementos rodoviários, a exemplo do que foi concedido aos fabricantes de caminhões etc.”, diz o presidente da entidade, Rafael Wolf Campos. A redução deve ajudar o setor que calculou retração de 38,78% nas vendas de equipamentos pesados.

l Dois pesos No episódio da isenção do IPI não se entende porque o governo retirou o imposto de caminhões, mas não de seus complementos. Como a isenção para os veículos entra agora na segunda edição, esperam os implementadores recuperar o tempo perdido.

l Ainda é pouco A informação é do Syndarma: o transporte de cabotagem de carga conteinerizada cresceu 21% em 2008, com base em dados de Datamar/Comissão Portos. Foram movimentados 630 mil TEUs (unidades equivalentes a contêineres de 20 pés), contra 520 mil em 2007. Roberto Galli, vice-presidente do sindicato, prevê nova expansão de 10% a 15% este ano.

O governo quer licitar em julho as linhas de transporte interestadual de passageiros. Segundo o modelo da ANTT vence a disputa pela linha a empresa ou consórcio que oferecer a menor tarifa. São 258 empresas, que faturam R$ 3 bilhões/ano. O pior é a situação de instabilidade que ronda o setor.

l Longo prazo A inauguração da nova fábrica de celulose da Votorantim no município de Tres Lagoas, MS, traz a reboque um contrato de transporte de 20 anos, estimado em R$ 250 milhões, com a ALL Logística. Segundo a VCP, a opção pelo ferroviário foi uma questão de tempo e dinheiro: viabilizou a localização a 60 km da matéria-prima e 900 km do porto de Santos. Nada menos que 100 caminhões deixarão de circular nas rodovias.

l Concorrência Novidade. A Sabesp, estatal paulista até agora responsável pelo saneamento básico de 365 cidades das 645 do estado, mudou seu estatuto e a partir de agora poderá atuar nos serviços de coleta e deposição de lixo urbano. Também fica livre para atuar em outros estados.

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notas

l Última forma A ANTT - Agência Nacional de Transportes Terrestres publicou resolução que estabelece as novas regras para o RNTRC. Os transportadores já cadastrados terão prazo de 180 dias para se ajustar às novas regras e obter a renovação do certificado, com prazo de validade de cinco anos.

l Na África do Sul

O lançamento da fase um do primeiro sistema de transporte massivo da África do Sul, chamado de Rea Vaya (Nós Vamos), contará com 143 ônibus da Marcopolo e Scania. Os modelos Viale escolhidos tem capacidade para 112 passageiros e chassi K310 articulado e para 81 passageiros, com chassi K270. A configuração atende ao conceito Bus Rapid Transit, que consiste em veículos de alta capacidade de passageiros trafegando por corredores exclusivos (330 kms até 2013) das vias urbanas.

l Distorção total A medida até que demorou porque pelos dados equivocados obtidos no primeiro registro as cerca de 30 mil empresas de transporte do Brasil incharam para nada menos de 140 mil. Quem bem definiu o que ocorreu foi Flávio Benatti, presidente da NTC&Log: “Virou uma bagunça, até pasteleiro se inscreveu como transportador”. E ponto final.

l Preço é firme A Petrobras bateu o recorde diário de produção de petróleo no Brasil com 2.012.654 barris, 12.420 barris a mais que o recorde anterior, obtido em 2007. Apesar disso, a notícia chega num momento inglório, pois o preço internacional do barril desabou para menos de US$ 50,00. A única coisa que não desaba é o preço do nosso diesel.

l VW é definitivamente MAN

Fotos: divulgação

O grupo alemão MAN anunciou o final do processo de compra da Volkswagen Caminhões e Ônibus. A empresa chega ao Brasil como uma das líderes de mercado e 56 mil unidades de caminhões e ônibus produzidos no ano passado. "A finalização dessa compra marca um novo capítulo na história de nosso grupo", disse Håkan Samuelsson, CEO da MAN ag. Para ele a experiência da VCO unida à alta tecnologia MAN farão a diferença para os clientes.

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l Firme e forte A Induscar adquiriu definitivamente as instalações da encarroçadora Caio em Botucatu, SP, das quais era locatária desde o ano de 2001. O diretor industrial da Induscar Caio, Maurício L. Cunha, agradeceu a toda comunidade do transporte urbano de passageiros pela confiança depositada nos novos proprietários. Graças ao grupo Induscar o patrimônio da Caio sobreviveu. Herdeira da mais antiga encarroçadora brasileira, a Grassi, a Caio foi fundada em 1946. Em 2008 a fábrica produziu 7.964 unidades através de 3 mil funcionários, o dobro que tinha em 2000 quando teve a falência decretada.


l O gol da Volkswagen

tado pela ALL –América Latina Logística em parceria com a Cosan, um dos principais grupos sucroalcooleiros do país. O negócio exigirá um investimento de R$ 1,2 bilhão, com previsão de início em 2010 e estimativa de alcançar a capacidade de 9 milhões de toneladas transportadas até 2013. Além disso, a expectativa é reduzir pela metade o tempo gasto atualmente em carga, descarga e transporte no corredor, cuja média atual está em 40 horas.

Fotos: divulgação

Depois de buscar um institucional através do time de seu presidente Roberto Cortes, a Volkswagen Caminhões e Ônibus, aposta agora com uma parceria muito mais ampliada com 11 times de futebol de todo o país, nos quais um Volks será o veículo oficial. Os veículos foram montados pela Busscar, Comil, Irizar e Marcopolo sobre chassi 18.320 EOT. As torcidas agradecem.

l Conquista privilegiada Em nota à imprensa, os Correios comemoram o aumento de 13% na receita operacional de 2008, com lucro de R$ 800 milhões. Os resultados são justificados por uma gestão equilibrada, investimentos tecnológicos e em pessoal, além da decantada credibilidade etc etc e etc. Possuir o monopólio postal é irrelevante, claro.

l Funil estreito Privatizadas há pouco mais de 10 anos as ferrovias que operam a malha da extinta RFFSA estão perto do seu limite de transporte de carga. Em 1997, transportavam 253 milhões de t e chegaram agora a 426,5 milhões de t. Os investimentos aumentaram 31% de 2007 para 2008 e o volume de carga menos que 3%. São urgentes novas obras em infraestrutura.

l Usando a chuva A captação de água da chuva para a lavagem de locomotivas e instalações da unidade de Bauru da ALL-América Latina Logística trouxe uma economia de 1,5 mil m³ de água no primeiro trimestre. A iniciativa exigiu um investimento de R$ 9 mil para a instalação de 190 m² de calha, um vagão tanque para armazenar 55 mil m³ e encanamento para as torneiras.

l Otimismo Em momentos de crise, a demanda por soluções que reduzam custos e aumente a eficiência das operações se aquece. Com 26 projetos logísticos desenvolvidos nos primeiros meses do ano, a Atlas aposta em um crescimento de 85% em 2009. Se a estimativa se realizar, a empresa triplicará seu faturamento acumulado em três anos.

l Sem endereço A partir de agosto os CRV - Certificados de Registro de Veículos, não poderão ser emitidos contendo informação do endereço do proprietário. A medida estabelecida pela Deliberação 76 do Contran visa a proteger os proprietários dos veículos de ações de extorsões, caso o documento seja roubado. Os estados de Sergipe e São Paulo já aderiram à nova regra.

l Aliança bilionária A construção de uma plataforma de transporte de açúcar e derivados do interior paulista ao porto de Santos é o projeto apresenNegócios em Transporte l 9


Fotos: divulgação

notas

l Multimodal

l Condomínio logístico

Com investimentos de R$ 20 milhões em infraestrutura a Katoen Natie triplicou sua área de operação em Paulínia, SP e reforça sua capacidade. O CDM – Centro de Distribuição Multimodal, oferece bitola mista e pode receber até duas composições de 65 vagões por vez e em breve terá capacidade para 10 mil TEUs (contêineres de 20 pés) por mês. O CDM dispõe de 720 mil m², capacidade de armazenagem para 40 mil pallets e recursos de última geração para embalagem, carrregamento e descarregamento e até de peneiramento.

Um novo condomínio logístico de galpões para locação surge no km 27 da Rodovia Anhanguera, considerado o principal eixo logístico entre São Paulo e Interior. Projetado para atender as necessidades de armazenagem de transportadores e operadores logísticos, o Distribution Park Cajamar, comerciadlizado pela Jones Lang Lasalle, está estrategicamente localizado a 10 km do Rodoanel Mário Covas e oferece módulos a partir de 4.200 m2, em estrutura pré-fabricada, piso de concreto nivelado a laser, 96 docas – 4 por módulo - e infra-estrutura para instalação de sistema de telefonia e CFTV.

l De volta com força

l Novo desafio

A Recrusul, implementadora tradicional de Sapucaia do Sul, RS, voltou a obter lucro no exercício de 2008, informa o executivo da área Comercial e de Marketing Anselmo Rocha. Foi o primeiro resultado positivo em 8 anos e logo após o controle acionário passar para um novo grupo, que injetou R$ 5 milhões no capital de giro da empresa. Resultado: de 20, a venda de semirreboques cresceu para 180 unidades e vendas de R$ 18,9 milhões. Faturou também com a venda de equipamentos de refrigeração industrial um total de R$ 9,5 milhões.

A Librelato Implementos, de Orleans, SC, adquiriu a Loranda Implementos, de Canoas, RS, e abre um novo mercado, o de tanques. Para estrear com pé direito no segmento, a compra da Loranda significa 120 mil m² na grande Porto Alegre e toda a experiência da gaúcha na área.

l Tamanho é documento A TAM Cargo, braço cargueiro da TAM, faturou R$ 1 bilhão em 2008, 29,9% a mais que em 2007 e uma participação de 9,2% das receitas brutas totais da TAM. Mais da metade das vendas foi para o exterior, num total de R$ 549,6 milhões. Foram embarcadas 186,6 mil toneladas. O resultado internacional de transporte de carga aérea pela TAM Cargo é conseqüência do uso de jatos de grande porte, em especial ao Boeing 777-300R. 10 l Negócios em Transporte


pinas, São Paulo e um terminal no Guarujá. A primeira fase consumirá R$ 1,8 bilhão e o início de sua operação está previsto para a safra de 2011/2012.

l Demanda interna O alcoolduto também servirá para abastecer o norte e nordeste brasileiro na entressafra - até 6 bilhões de litros por ano -, através da navegação de cabotagem. Segundo a Uniduto, atualmente 95% do transporte de etanol para essa região é feita pelo modal rodoviário, cuja infraestrutura precária eleva consideravelmente os custos.

l Crescimento recorde l Na onda eco A Volvo lançou uma série especial do 6x2 VM Eco Experience, com motor de 260 cv, transmissão de 9 marchas, eixo traseiro de simples velocidade, cabine leito e itens de conforto como pára-sol externo. Reinaldo Serafim, gerente da linha Volvo VM, argumenta que a grande justificativa do Eco Experience é o ajuste perfeito de seu trem de força, que permite economia de 3 a 4% de diesel. Para ele, o VM Eco foi “pensado” para isso, apresenta distribuição de peso equilibrada e baixa tara, que também contribuem para diminuir a emissão de CO2.

l Expectativa

l Alcooduto

l Reciclagem recorde A Reciclanip, entidade vinculada à ANIP – Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos, comemora a marca de 200 milhões de pneus inservíveis com destinação ambientalmente adequada. O volume recorde é fruto do Programa Nacional de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis, criado em 1999. Dos pneus inservíveis recolhidos, 80% são utilizados como combustível alternativo na indústria de cimento. O restante vai para a fabricação de asfalto, solado de sapato e dutos fluviais, entre outros.

Fotos: divulgação

Os números do balanço da Marcopolo em 2008 ultrapassaram as metas: 21.811 unidades no período, 22,5% a mais que em 2007 e receita líquida de mais de R$ 2,5 bilhões. Carlos Zignani, diretor de Relações com Investidores da empresa, diz que este ano começou fraco, mas espera uma reação a partir deste mês. “A extensão da isenção do IPI e os financiamentos 100% decerto vão ajudar”, analisa.

A operadora logística McLane do Brasil tem como meta crescer 80% até 2010, graça à aquisição da nova unidade no Rio de Janeiro e da expansão do CD de Canoas, RS. Em 2008 a empresa investiu R$ 52 milhões em expansão. “Conquistamos novas operações, o que já representou 20% de crescimento já em 2008”, diz Ozoni Argenton Jr., diretor de Operações. A subsidiária da americana MacLane iniciou operações no Brasil em 1997 atuando na estratégia e desenho da cadeia de suprimento, armazenagem, transporte, customização, gestão de logística, operação de CDs e logística internacional.

A Uniduto, conglomerado formado por 12 grupos do setor sucroalcooleiro, anunciou para abril de 2010 o início dos primeiros 600 quilômetros de dutos que ligarão as regiões produtoras do nordeste paulista à CamNegócios em Transporte l 11


notas

l Daily automatizada

l Diversificação

A DHL vai reforçar sua frota na Europa com 4.500 novos veículos Iveco Daily Agile equipados com transmissão automatizada ZFeTronic de seis velocidades, desenvolvida para aplicação em veículos de entrega. Para veículos com pbt de até sete toneladas, a transmissão automatizada ZF-eTronic é ideal para furgões e oferece total segurança, pois o motorista pode se concentrar totalmente no tráfego e permanecer comas duas mãos ao volante.

De olho em saídas alternativas para a queda dos negócios no comércio exterior, o governo federal e empresas brasileiras ampliam seus horizontes investindo na diversificação de mercados. No foco países sem tradição comercial com o país e vizinhos como Colômbia e El Salvador.

l Surpresa Enquanto o preço do diesel continua inexplicavelmente em alta , estima-se uma queda de 14% no custo do GNV para as concessionárias, por conta do recuo do custo do barril, a variação do dólar e os leilões de excedente do produto anunciado pela Petrobrás. Se repassado às bombas, o gás chegará de 11 a 12% mais barato ao consumidor.

l Certificação A Portonave - Terminais Portuários de Navegantes, SC, é a primeira empresa certificada pela ISO 9001 2008 como "operação de terminal portuário", processo iniciado em 2007. O terminal também tem o ISPS Code, da Conportos, o primeiro terminal brasileiro a receber o atestado de obediência a todas as medidas de segurança de funcionamento. Os investimentos somaram R$ 5 milhões.

l Efeito dominó

A crise bateu forte no comércio exterior. Segundo dados levantados pela AEB – Associação de Comércio Exterior do Brasil, mais de 2 mil empresas de pequeno e médio portes que operavam com exportação e importação deixaram de atuar nesse mercado. Computando apenas a exportação, o total de empresas foi reduzido de 9.332 em janeiro de 2008 para 8.223, em 2009. Não é a toa que as empresas de transporte que atuam no segmento amargam uma queda de 50% em suas operações.

Positivo

IPI – A renovação do prazo de isenção do IPI dá mais um prazo para os frotistas obterem um desconto na compra de veículos Frotistas – Muitas empresas de transporte decidiram simplesmente não dar bola para a crise e avançam na meta de crescimento

Negativo Associações – A festa patrocinada por entidades do transporte para a ANTT mostra que os princípios éticos são mesmo muito frágeis no Brasil PAC – A efetividade do programa ainda deixa a desejar. Espera-se que com a proximidade das eleições a ação aumente ANTT – O RNTRC foi uma das maiores perolas do setor de todos os tempos, quanto dinheiro jogado fora

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Foto: divulgação

pneus

Para o serviço pesado

Sirolli: grande agilização na configuração

Preparado para o batente pesado de ônibus e caminhões de entrega nas cidades o Bridgestone R155 promete maior durabilidade e segurança

C

Pedro Bartholomeu

omeçaram a rodar os novos pneus R155 desenvolvidos pela Bridgestone do Brasil para elevar a durabilidade dos rodados de caminhões e ônibus de serviços urbanos de cargas e passageiros. Os técnicos da fabricante garantem que os pneus da série chegam a rodar até 35% mais em relação à geração anterior. Eles chegaram ao cálculo em testes de campo em mais de 20 cidades, sob as mais severas condições de carga e rodagem. A linha Bridgestone R155 também surge como a primeira lançada depois da união da empresa com a Bandag, que resultou na BBTS – Bridgetone Bandag Tire Solutions. Ambas as empresas participaram do desenvolvimento do R155 e se dizem satisfeitas com o resultado. O alongamento da vida útil dos pneus da série foi possível graças à diversas soluções adotadas, como a implantação de uma nova banda de rodagem, agora com maior volume de borracha e, consequentemente, com maior superfície de desgaste. Para enfrentar o para e anda das ope-

rações do transporte rodoviário urbano de passageiros e cargas, os técnicos estudaram os compostos de borracha utilizados e o desenho da banda de rodagem, que também tem que suportar as mudanças de direção constantes e as freadas bruscas. Da mesma forma, o aro foi reforçado com o objetivo de adequar a estrutura do pneu às elevadas temperaturas, consequência do regime de operação e a utilização dos freios. Os ombros e laterais também foram reforçados para não sofrer danos decorrentes do roçamento lateral e das flexões fortes causadas por lombadas, valetas e buracos. Eduardo Cassador, gerente Nacional de Vendas de Pneus de Carga da BBTS, esclarece: “O R155 tem maior volume de borracha que nos possibilita a oferta de sulcos de 18,8 mm de profundidade, enquanto isso, a banda de rodagem é mais larga, garantindo desgaste uniforme”, garante ele. Também contribui para o desempenho do R155 os filetes protetores nas laterais e o talão e carcaça reforçados. O bom resultado foi constatado por Walter Ferrari Riva Jr., consultor Técnico da Viação Sambaíba, de São Paulo, para quem a qualidade da

carcaça e o reforço de talão ficaram evidentes na primeira recapagem. “O pneu rodou 35% mais que a versão anterior”. Com a fusão da Bridgestone e Bandag surgiu a BBTS – Bridgestone Bandag Tire Solutions, que oferece um pacote total de serviços para os usuários. A atuação conjunta permite que tanto os novos como os usados incorporem soluções que melhoram a eficiência. “Já consideramos, nos pneus novos, a melhoria das carcaças com vistas à otimização da recapagem”, diz Cassador. “O pós-venda é mais importante que o preço”, reforça Esdra Lima, gerente de Manutenção da Viação Paratodos, de São Paulo, para quem as empresas buscam parceiros que se preocupem em ajudar o pessoal interno com treinamento e acompanhamento. Desenvolvido para suportar o trabalho pesado do transporte urbano o R155 é indicado também a serviços de entrega de gás e bebidas, que sofrem com o para e anda constante das cidades. A série R155 já é comercializada na medida 275/80 R22,5, mas a empresa promete ainda para este ano os 295/80 R22.5. p Negócios em Transporte l 13


conjuntura

Fotos: divulgação

Caminhos

A situação está difícil, mas cada empresa pode, e deve, achar uma alternativa eficaz de blindagem contra a crise. Entretanto, é preciso pesquisar muito. E arriscar

alternativos S Pedro Bartholomeu e Solange Hette

e a unanimidade é burra, o empresariado do segmento de transporte está sendo inteligente no enfrentamento deste difícil momento econômico. A única certeza é a difícil situação dos autônomos não agregados às empresas ou embarcadores. Para os transportadores, e não importa o porte, o momento é de aprimorar os serviços e aumentar a rentabilidade por veículo. Nesta hora de apertar os cintos, manda a cautela incrementar a eficiência e transportar o máximo dentro de cada conjunto e, além disso, utilizar intensamente os equipamentos próprios, para não ter que dividir a margem, já espremida pela situação do mercado. De qualquer maneira, parece que há dois Brasis. Dependendo do segmento de atuação há gente em boa situação e gente 14 l Negócios em Transporte

lutando para sobreviver. Em suma um grande contraste entre otimismo e pessimismo. Mas todos estão buscando saídas para recuperar o nível de negócios. As rotas de fuga da crise são as mais variadas possíveis. Dizem os papas da economia que este é o momento de romper as barreiras e criar soluções para o mercado. Nas empresas mais estruturadas, entretanto, reina o otimismo moderado, mas muito longe das lamúrias de outros tempos. Para boa parte das empresas em meados deste ano a situação estará modificada. E para melhor. Até lá, resta se adequar e buscar nichos que garantam atividade lucrativa ao negócio.

Sintonia fina

Para provar que as dificuldades não se constituem um padrão de mercado,

no Expresso Araçatuba a crise econômica não tem provocado grandes perturbações. A explicação, dada por Oswaldo Dias de Castro Júnior, diretor Geral da empresa, é que a empresa já havia se preparado desde os maus momentos, especialmente da carga fracionada de 2007. “O que fizemos, ainda no final do ano passado, foi revisar nosso crescimento estimado para este ano de 15% para 7,5%”, diz Castro Júnior. Para o dirigente, quem reagiu rápido às asperezas do mercado esperadas neste início de ano se safou de problemas maiores. “Já em outubro havíamos tomado entre 30 e 40 ações defensivas”, calcula. Em lugar de destaque na maioria das iniciativas que foram levadas a cabo estava a que visava a incrementar ainda mais a eficiência operacional. “Fizemos uma sintonia fina, digamos”.


Outra ação importante foi mexer na composição da frota operacional. Os 640 equipamentos que servem a empresa agora estão divididos em 50% próprios e 50% de agregados. A composição anterior incluía 10% de autônomos, que formavam uma composição geral de 60% de terceiros e 40% próprios. Os autônomos não mais estão sendo contratados. “Tomamos a decisão de fazer um pacto com os agregados para não dispensar ninguém”, diz Oswaldinho. Para isso, busca-se maior eficiência, menores custos e investimentos cirúrgicos. “Em 2008 foram realizados investimentos de R$ 15 milhões na compra de 150 caminhões, mas este ano ficaremos apenas na renovação e gastos de R$ 2 milhões.” No pacto firmado, o Araçatuba incluiu também os clientes. “Precisamos todos dividir as dificuldades e as soluções”, ensina. O aumento de eficiência e produtividade requer concentração de viagens, seleção previa e datação de entregas de maneira a obter o máximo aproveitamento da frota e do consumo de combustível. Desta maneira, é possível racionalizar. Condensar três viagens por semana para duas pode ser uma ajuda e tanto. E não requer grande esforço. “Precisamos ajustar a sintonia fina com o mercado e fornecedores, pois a nossa margem é muito curta”, analisa. Desta maneira, é possível suportar a baixa de 10% do volume dos bons tempos do ano passado e manter a rentabilidade do negócio.

Recursos sempre próprios

Um caminho e tanto para se safar dos problemas repentinos é o de estudar previamente o roteiro a ser trilhado. No caso da Transportadora Americana, por exemplo, da cidade homônima no interior paulista, dificuldades anteriores também vieram a calhar. O ano de 2007 não foi muito satisfatório para os resultados da companhia e, por conta disso, 2008 foi um ano dedicado à implementação de um programa de ajustes que contemplou a revisão dos custos operacionais e dos processos. O programa incluiu significativo investimento em tecnologia e adequação de clientes e fretes.

Empresa descobriu um nicho promissor na locação de contêineres para armazenamento de mercadorias

De certa forma, foi uma sorte. “Quando os primeiros sinais da crise mundial começaram a ser observados por aqui, a TA já estava devidamente preparada para um período difícil”, lembra-se Celso Luchiari, diretor da TA. A efetividade das medidas surtiu um efeito e tanto. Já nos dois primeiros meses deste ano a Transportadora Americana registrou um crescimento de 12%, em comparação com o mesmo período de 2008. “O resultado não espelha o mercado de transporte de carga como um todo, mas para nós já se constitui num período melhor que o ano passado”, diz Luchiari. Sem precisar cancelar os investimentos planejados, entre eles a renovação de frota, Celso fornece o ingrediente principal da receita: crescer com recursos próprios, evitando buscar crédito no mercado financeiro. Pode ser mais moroso, mas é muito mais seguro. A ausência de endividamento permite ajustar o negócio de acordo com a demanda a qualquer tempo. “Se o mercado não vai crescer, paro o caminhão, diminuo a atividade”, presume Luchiari, “Sem dívidas, posso não ganhar, mas não perco”. Ou seja, é preciso fugir do endividamento a todo custo, mesmo que seja por um breve período de hibernação. Paulo Hess, diretor da catarinense Hess Express, também dedicada ao transporte de carga fracionada, concorda. Sem sentir os efeitos da crise e não precisando efetuar nenhuma reestruturação, Hess aposta que o brasileiro não será tão afetado como os americanos ou euro-

peus, povos acostumados à estabilidade econômica e crédito fácil a juros baixos. Um conjunto de mordomias perfeito para um forte endividamento. A política econômica brasileira sempre foi caracterizada pela instabilidade e juros elevados, combinação que, em adição aos impostos exagerados, desestimula as empresas a buscarem crédito no sistema financeiro. Ou seja, a economia, como um todo, cresce muito lentamente. “Aqui, a gente sabe que para sobreviver não pode se endividar”, ensina Paulo. Luchiari retoma o assunto observando a causa: “o grau de endividamento do setor de transporte é baixo, pois o transportador nunca pôde contar com a estabilidade de grandes contratos”. Além disso, o empresário tem que conviver com a alta rotatividade do mercado, onde é freqüente a troca de clientes, que substituem seus fornecedores de transporte de uma hora para outra. Ou seja, é salutar tratar muito bem dos contratos. “Essas condições deixaram o transportador mais escolado para o momento atual”, conclui Celso Luchiari. Daí o humor com que encara a enorme repercussão dada à crise mundial, como se o país não houvesse passado por tantas delas nos últimos 20 anos. Ele cita a crise do Cruzado, da hiperinflação, do plano Collor para garantir que o empresário brasileiro é doutorado em crise. Atento aos segmentos em que a TA atua, o empresário aponta uma pequena redução nos setores de eletro-eletrônico e têxtil e nenhuma alteração em farmaNegócios em Transporte l 15


conjuntura

A situação está mais difícil para empresas fornecedoras de serviços para segmentos industriais

cêuticos e cosméticos. Por conta dessa percepção, não houve necessidade de mudar nenhuma estratégia ou redirecionar focos. “Trabalhamos com a premissa de que o país não crescerá 5% e iremos nos adequar a isso”, diz ele. As quedas, acredita, serão localizadas e refletirão os setores que tiveram suas vendas impactadas pela crise, como a celulose e os fabricantes do setor de construção, como a Caterpillar. “O transportador que trabalhava full time para a empresa sentirá muito mais essa crise”. Com estado de espírito comparável ao de Celso quem se mantem é Urubatan Helou, da Braspress. Incontinente, ele revela que a diretoria da empresa fez uma reunião e ficou decidido que a companhia “não participará da crise”. “Não estamos perdendo tempo com isso”, desdenha Urubatan Helou, que emenda que até meados do ano, “no máximo”, inaugurará o mais moderno centro de distribuição da empresa no Rio de Janeiro.

de uma necessidade da LSI Logística, que precisava de um parceiro com veículos rodoviários, veio a idéia de somar a qualificação de cada companhia e oferecer um pacote com um custo-benefício muito interessante para o cliente. Luiz Carlos de Faria Júnior, gestor Comercial do Expresso Mirassol, explica que o entendimento foi muito facilitado porque não existe sobreposição de serviços nem conflito de interesses entre as empresas, com faturamentos coincidentemente próximos dos R$ 80 milhões/ano. Com operações que se encaixam como uma luva, Mirassol e LSI Logística esperam multiplicar suas carteiras com um serviço de excelência. “Apesar das dificuldades econômicas esperadas para este ano estimamos crescer 25% no fatura-

mento anual”, diz Luiz Carlos. Assim, a meta é chegar a R$ 110 milhões/ano. A Mirassol no acordo atua nas pontas de provisionamento da produção, com a transferência de matérias primas, e expedição, enquanto a LSI responsabiliza-se pelo recebimento, conferência, almoxarifado, suprimento da linha, ou seja, todo suprimento necessário à operação da indústria e a comercialização do produto final. O acordo entre as empresas proporcionou um grande diferencial de serviço para ambas. “Pouquíssimos prestadores de serviço oferecem serviços integrados”, diz Faria Júnior. A partir de então cada parceiro oferece o serviço completo para as empresas de sua carteira, produzindo uma grande sinergia de negócios. Também contribui para o sucesso da iniciativa a abrangência nacional de ambas as companhias. O segredo disso tudo é simples. Oferecer mais e cobrar menos. Não, não se trata de nenhuma prática agressiva, o que normalmente ocorre é que as grandes companhias quase sempre terceirizam serviços complementares e cobram sobrepreço sobre eles, elevando os custos. Portanto, é possível cobrar relativamente menos e manter a rentabilidade. No caso da Mirassol e LSI, cada uma continua cuidando de sua parte e cobrando nada além do que já cobravam. “A sinergia não é só comercial, mas profissio-

Uma boa parte dos especialistas em gerenciamento de crise sempre tem como resposta às agruras o uso e abuso da criatividade nesses momentos de difículdades. Foi o que sucedeu com o Expresso Mirassol e a LSI Logística que fizeram um acordo operacional que tem garantido frutos preciosos a ambas as empresas. Em agosto do ano passado ambas as empresas prestavam serviços isoladamente a um cliente, a Mirassol na área de logística externa e a LSI na interna. A partir 16 l Negócios em Transporte

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Mais eficiência e menor preço

Acordo entre o Expresso Mirassol e a LSI Logística possibitou satisfazer desejo do cliente comum


Na Ramos, de Jacinto Jr., a revisão do planejamento estratégico preparou a empresa para o aperto

nal, pois a eficiência dos serviços melhora ainda mais”, observa Luiz Carlos de Faria Júnior. Ou seja, não há subcontratação e burocracia e impostos são menores. Já de olho na evolução, o Mirassol concluirá ainda este ano um centro de excelência logística que terá como base um CD de 12 mil m² em Guarulhos, SP. Mesmo caminho será tomado pela LSI Logística, ao todo as empresas investirão nada menos que R$ 150 milhões nos próximos três anos nas duas empresas em obras de infraestrutura, tecnologia e frota.

Já saímos de momentos piores

Planejar também foi o atalho correto adotado pela Ramos Transportes. Entre novembro e dezembro do ano passado a diretoria da empresa refez seu planejamento estratégico, fazendo previsões mais moderadas para o ano, mas com uma reavaliação já marcada para o meio do ano. “Foi a primeira vez nos últimos três anos que fizemos uma revisão de planejamento”, constatou Jacinto Jr., diretor da Ramos. A expectativa de crescimento do PIB para a companhia caiu dos estimados 3 a 3,5% para no máximo 1%. “De qualquer forma apostamos firme no segundo semestre”, vaticina Jacinto. Para cacifar a aposta, todos os investimentos em expansões estão mantidos e devem chegar a R$ 2 milhões em 2009. Graças a outra aposta vitoriosa, a Ramos já havia investido fortemente em 2008: nada menos que R$ 9 milhões, o que deixa a empresa menos dependente de obrigações. Para buscar uma sintonia fina na eco-

nomia de custos operacionais, o departamento operacional resolveu alongar rotas em todo país. Uma medida e tanto de racionalização. Com maior número de atendimentos a pólos comerciais, os técnicos conseguiram baixar sobremaneira a ociosidade de espaço e peso nos caminhões com a consolidação de cargas de novos endereços. Na Ramos Transportes os agregados representam 70% da frota da empresa, que, apesar disso, conta com nada menos que 1.200 caminhões próprios. “O que nos ajudou muito também foi o realinhamento de preços que promovemos em 2008”, recorda Jacinto. O dirigente também chama atenção para a necessidade de as empresas buscarem reajustar os preços, apesar da situação, pois o dissídio da categoria será em maio. “Isso sem falar no alto preço do diesel que abala a saúde

financeira das empresas”, diz. Para ele, na carga fracionada a diluição do preço do óleo diesel é até possível porque ele representa cerca de 12% dos custos, mas no de carga de lotação pode chegar a até 70% no caso de commodities. (veja artigo a seguir) A primeira sinalização de que as coisas não tardarão a entrar nos eixos foi dada com a observação de uma reação nos negócios FOB com lojistas, que começam a girar mais fortemente em abril. “Em maio teremos o primeiro teste para valer de como andam as coisas no mercado: o dia das Mães”, projeta. Sobre as fichas colocadas no bom desempenho do segundo semestre, Jacinto Jr., recorda-se: “Vivemos uma recessão muito mais complexa entre 2002 e 2003 (incertezas da eleição de Lula) e no fim conseguimos crescer 2% naquele período. Por isso não tenho dúvidas de que este ano será muito melhor”. A Bomi Brasil, de Itupeva, SP, é outra forte referência das perspectivas do mercado e por lá todos torcem para que a crise continue assim. “Registramos um crescimento surpreendente no primeiro bimestre”, afirma Felipe Felistre, diretor Comercial da empresa. Depois de um retumbante 2008, com crescimento de 12% sobre vendas de elevado valor, Felistre prevê nova evolução este ano que deve, segundo suas contas, chegar a 10%. “O segmento de diagnóstico e farmacêuticos vai bem, o que sofre um pouco é o de cosméticos”.

Um dos segmentos que garantirá grande volume de transporte para as empresas é o de alimentos

Negócios em Transporte l 17


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conjuntura

Diretoria do Expresso Araçatuba já havia recorrido a análises e previsões desde o final do ano passado

Pequenas e médias

As dificuldades recrudescem nas pequenas e médias empresas, especialmente naqueles segmentos ligados a culturas sazonais, exportações, carga de lotação e eletroeletrônicos, por exemplo. Na Transremoção, de São Paulo, por exemplo, o movimento caiu 45% neste primeiro bimestre e todos os investimentos foram suspensos. “Nada menos que 99% dos nossos clientes são multinacionais e elas seguem ordens de fora, ordens essas que não levam em conta a situação do nosso mercado”, explica o eng. Silvano Bernard, gerente Comercial, Marketing e Qualidade. O trauma da crise nos maiores mercados do mundo, segundo Bernard, levou ao adiamento ou extinção de muitos projetos industriais. “Só 5 a 10% dos projetos continuam evoluindo”, contabiliza ele. Entre os segmentos que vão contra a maré estão os de alimentos e petróleo, que continuam a pleno vapor. “Depois de um crescimento de 28% em 2008 e vultosos investimentos em guindastes e pórtico de 500 t estamos preparados para um pequeno encolhimento”, diz. A ociosidade varia de 30 a 40%. “Para baixar o impacto procuramos diversificar a carteira”. Na Rodomax, que movimenta 117 caminhões próprios mais 200 agregados, o ano começou bem. A medida é a incorporação de três novos caminhões com capacidade de transportar 1.104 botijões de gás. Ângelo Calderani, diretor da empresa, explica que buscar a máxima eficiência é uma saída para as dificuldades. 18 l Negócios em Transporte

“Temos feito de tudo para disponibilizar para os clientes (as quatro grandes distribuidoras de gás, por exemplo) tudo o que anseiam. Esse é o caminho”, diz. Já na Brasilmaxi, de São Paulo, um novo conceito está ajudando no faturamento: a armazenagem em contêineres. A empresa, que havia seis meses estocava pneus produzidos pela Levorin nos cofres de carga de 40 pés, está oferecendo esse meio de estocagem para outros produtos. “Qualquer coisa que não seja de temperatura controlada pode ser armazenada em contêiner”, diz Paulo Tigevisk, coordenador de Marketing e Vendas da empresa. Instalada no centro de São Paulo, a Brasilmaxi tem a disposição nada menos que 300 contêineres, cada um com capacidade para 22 pallets e 76 m³. Tigevisk assegura que a armazenagem em contêineres oferece grande economia aos usuários. “A baixa nos custos logísticos pode ultrapassar 20%”, ratifica ele. Vantagens: integridade da carga, segurança e acessibilidade e mão de obra menos intensiva.

milhões em 2008 e a divisão logística deu um salto de nada menos de 85% de crescimento que, somados aos dos últimos dois anos, levaram a multiplicar o faturamento da divisão por três. A empresa apostou na tendência de a indústria firmar contratos de longo prazo com transportadoras especializadas em logística, afim de otimizar a gestão da cadeia de suprimento, produção e distribuição e enfim operar com maior eficiência. "A Atlas foi o primeiro operador logístico a possuir um sistema próprio de gestão e operação de supply chain com atuação de forma integrada em todas as etapas da operação. Também fomos pioneiros na utilização de leitor ótico de rádio freqüência com sistema WMS e rastreamento via satélite em toda frota interestadual", complementa André de Almeida Prado, diretor da Divisão Logística da Atlas. Para se ter idéia da movimentação, Prado informa que nos primeiros meses deste ano a empresa já desenvolveu 26 novos projetos de logística integrada. O maior argumento é que os planos são totalmente personalizados. Para cada parceiro comercial um plano exclusivo é elaborado. "Trabalhamos de acordo com as necessidades do cliente.” Como se vê, sempre há um caminho que leva a empresa a prosperar, mesmo remando contra a maré. Mas, para isso, é preciso investir em gente criativa e do ramo. É lógico. p

Especialização

A Atlas Transportes & Logística é outra empresa que mostra números excepcionais, graças ao aprimoramento dos serviços. Faturou R$ 390

Setores que dependem das exportações estão na corda bamba


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opinião

Diesel: na contramão

O

Dagnor Roberto Schneider

setor do transporte rodoviário vive um momento crítico. Não bastassem os altos custos operacionais, o elevado preço do diesel, tachado de mais caro do planeta, ameaça a atividade. É uma ironia: um país em desenvolvimento, com uma das maiores companhias petrolíferas do mundo, bater recorde de preço de diesel. O TRC, um setor que emprega 8 milhões de trabalhadores, transporta 68% da economia nacional e abastece os mais distantes recantos do país é ameaçado pelo preço deste insumo, que hoje alcança de 48% a 52% dos custos de operação. De um frete de R$ 1 mil, de R$ 480,00 a R$ 520,00 são consumidos em diesel e ainda restam os custos com pneus, manutenção, pedágios, financiamentos, seguro, gerenciamento de risco, salário dos motoristas, treinamento e outros. Como pode o autônomo ou o pequeno frotista sobreviver a este cenário? Não há exagero quando falamos que esta política de preços dos combustíveis está inviabilizando a atividade do transporte rodoviário. E não há exagero quando falamos que a Petrobras pode, e deve, reduzir o preço do diesel brasileiro – antes que ele seja responsável pela falência não apenas do TRC, mas de tantas outras atividades que também dependem dele. Ao mesmo tempo em que vemos a decadência de setores fundamentais para a economia brasileira, enxergamos já alguns meses um cenário de possibilidades com a drástica redução do preço do barril do petróleo no mundo. Foi este o fato motivador para que a Coopercarga realizasse um estudo analisando os

fatores: preço do barril de petróleo x preço do dólar x preço do óleo diesel. O que se comprovou foi uma discrepância dos valores praticados. O preço do óleo diesel, entre 2003/2009, está 80% mais caro que a média histórica. Estes documentos estão à disposição de quem quiser verificar. A situação é insuportável. Enquanto a estatal justifica os valores por perdas anteriores constatamos seu lucro recorde de R$ 33 bilhões em 2008, nada menos que 53% além do anterior. Nos jornais a constatação é de que o petróleo barato injeta US$ 1,7 trilhão na economia mundial, graças à redução de gastos dos consumidores de todo mundo com combustíveis. E no Brasil? Não é possível um valor mais justo? Enquanto não nos enquadramos nessa realidade vemos o declínio do rodoviário de cargas e a manutenção da política de preços equivocada da Petrobras. Autônomos e pequenos transportadores já não conseguem reverter sua situação econômica vexatória. Precisamos mudar essa realidade. Conclamamos a Petrobras para que reveja sua política de preços, de modo possamos usufruir de uma inversão imediata deste cenário e que milhares de empresas e autônomos possam se reabilitar. É um apelo que faço em nome do sistema cooperativo do TRC, que hoje não mais vive, apenas sobrevive com muitas dificuldades. Contamos com todos nesta luta: a desoneração dos combustíveis. Um ajuste à realidade global. p Dagnor Roberto Schneider Diretor-Presidente da Coopercarga dagnor@coopercarga.com.br Negócios em Transporte l 19


Adeus à papelada

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desburocratização

Nova sistemática de emissão eletrônica de conhecimento de transporte promove integração entre governo e empresas e promete resolver entraves

Solange Hette

A

comodem-se em suas cadeiras, apertem os cintos e sejam bem-vindos ao dinâmico mundo da tecnologia digital. Com a emissão do primeiro CT-e - Conhecimento de Transporte Eletrônico, o setor de transporte dá o primeiro passo rumo a um futuro livre de toneladas de papel, filas de caminhões parados e custos desnecessários. Sim, a engrenagem que move a implantação dos documentos fiscais eletrônicos caminha em ritmo acelerado. O CT-e é apenas um dos componentes de um projeto maior, tendo como

20 l Negócios em Transporte

carro-chefe o SPED - Sistema Público de Escrituração Digital, assim como a Nota Fiscal Eletrônica, cuja implantação compulsória está sendo gradativamente estendida a todos os setores produtivos. Para o setor de transporte, não há nenhuma previsão de obrigatoriedade. Mas, atenção, o processo, iniciado em março no Estado do Rio Grande do Sul é irreversível. Com ou sem obrigatoriedade, as transportadoras serão pressionadas por seus tomadores de frete a aderirem a era digital. E quem sair na frente terá um importante diferencial competitivo. Entre as empresas pioneiras do ser-

viço está a Transportadora Americana, participante do projeto desde 2006 e que, por muito pouco, não conquistou a primazia na emissão do primeiro CT-e. Coube à TNT-Mercúrio, que disparou na frente com a incrível diferença de quatro décimos de segundo. A Saratoga Transportes, especializada em transporte de lotação para o setor moveleiro, terceira no ranking, dá de ombros, “Só não fomos os primeiros, porque nesse dia não tivemos operação em nossa filial no Sul”, defende Adair Vieira, responsável pela implantação do CT-e na empresa. A competição, claro, não passa de uma


brincadeira entre iguais. As três empresas sabem que o desempenho individual permitido pelo sistema eletrônico é apenas um detalhe a mais para comemorar. A maior conquista está em tornar o transporte de carga menos burocrático, elevar a eficiência logística e, consequentemente, reduzir os custos que tanto oneram os produtos brasileiros. Tudo ao ritmo de décimos de segundo.

Um longo caminho

Iniciado em 2006, o projeto do CT-e é resultado de um trabalho conjunto realizado sob supervisão do ENCAT – Encontro Nacional de Coordenadores e Administradores Tributário e envolveu representantes das Secretarias da Fazenda Estaduais, Receita Federal, Agências Reguladoras do Transporte Aéreo (Anac), Aquaviário (Antac), Terrestre (ANTT) e entidades representantivas do setor. Para que as arestas fossem aparadas antes de tudo, nove empresas dos cinco modais de transporte - aéreo, aquaviário, dutoviário, ferroviário e rodoviário - foram convidadas a contribuir. Shirley Rosseto, gerente de TI da Transportadora Americana, especializada no transporte de carga fracionada, conta que a principal dificuldade foi mostrar ao governo a complexidade inerente às operações de transporte. “Na cabeça deles, o transporte resumia-se a pegar uma carga na indústria e levá-la para o consumidor final ou um centro de distribuição”, recorda. “Não tinham a menor noção do que era uma carga fracionada, ordem de coleta, redespacho, multimodalidade etc.” Durante meses as empresas tutoriaram os agentes do fisco sobre segredos e mazelas das operações de transporte. A compreensão dos detalhes foi imprescindível para a aprovação do modelo de documento único sugerido pelo grupo, o DACTE – Documento Auxiliar do Conhecimento de Transporte Eletrônico. Esse novo documento foi resultado da unificação de dados comuns e conciliação das diferenças e substitui não apenas o atual CTRC – Conhecimento de Transporte Rodoviário de Carga, como os conhecimentos dos demais modais. Para se ter idéia das vantagens do

Na Saratoga agilidade e eficiência do CT-E são diferenciais competitivos

novo modelo, basta lembrar que o CTRC, que é o documento de transporte com maior volume de emissão do país, é impresso em cinco vias, utilizando formulário contínuo pré-impresso carbonado. Somente as operações de imprimir, manusear, distribuir e arquivar já constituia um considerável gargalo para a operação. Sem contar a quantidade de metros quadros em espaço para a armazenagem dos documentos por cinco anos, conforme exige a legislação.

Via única

Em contrapartida, o DACTE será impresso em uma única via em papel ofício comum, em qualquer lugar com acesso ao sistema de CT-e e que tenha uma impressora a laser ou jato de tinta. Rosseto contabiliza que o custo total da emissão do CTRC gira em torno de R$ 0,40 centavos por documento. Com o CT-e a executiva estima que haverá uma redução de R$ 0,20 por conhecimento. Considerando uma empresa de carga fracionada como a TA, com uma média de emissão de 100 mil conhecimentos por mês, essa vantagem se traduz em significativo ganho econômico. Ricardo Fernandes, coordenador da Comissão Permanente de Tecnologia da Informação (CPTI) e representante da NTC&Logística no projeto ressalta que o CT-e foi idealizado para maximizar a

eficiência das operações de transporte da mercadoria e da informação dessa mercadoria “O CT-e traz agilidade tanto na emissão quanto ao fluxo desse documento ao longo de toda a cadeia logística”, explica. Para alcançar esse objetivo o CT-e precisou separar o que até então era inseparável: a carga e o conhecimento. Com lugar cativo na boléia do caminhão, o CTRC deve estar disponível a qualquer momento para efeitos de fiscalização, que pode acontecer aleatoriamente, na maioria das vezes. Mas, em alguns postos, especialmente no Nordeste, a validação é feita um a um, com a digitação de cada conhecimento. Nesses casos, se um caminhão tiver uma carga com cem conhecimentos, com certeza ficará muitas horas parado. Com o CT-e, a empresa gera um arquivo digital contendo as informações fiscais sobre a operação de transporte. Através de uma webservice, ferramenta que permite integrar sistemas e transmitir informações em formato XML, o arquivo é enviado para a Secretaria da Fazenda Estadual de origem do emitente. Após o Sefaz realizar a pré-validação, retornará Autorização de Uso necessária para a impressão do DACTE. A partir daí, é só seguir viagem. “Com o conhecimento eletrônico o que tem valor não é mais o papel e sim o arquivo digital”, sintetiza Fernandes. Vale lembrar que a segurança de todo Negócios em Transporte l 21


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desburocratização

Transportadora Americana constatou as vantagens de tempo e espaço de armazenagem de documentos

o processo é garantida pela certificação digital, que preserva a integridade dos dados e a autoria do emissor. Dessa forma, o arquivo gerado pelo Fisco é disponibilizado para todos os órgãos intervenientes, incluindo a Sefaz de destino. Quando o caminhão chega em um posto fiscal, a informação já está disponível e poderá ser acessada pela leitura do código de barras contido no DACTE. “Com a massificação do CT-e a tendência é que o tempo de parada nos postos diminuirá sensivelmente”, acredita Fernandes. “Basta antecipar a informação para todos os agentes envolvidos entre a origem e o destino da carga”.

Maior confiabilidade

Na verdade, toda a revolução digital que o CT-e trará para as operações de transporte passará meio que imperceptível no mercado, garante Fernandes, porque o CT-e caminha em simbiose com a Nota Fiscal Eletrônica. Com a disseminação da NF-e, naturalmente haverá uma cobrança por fornecedores com um nível tão ou mais elevado de tecnologia. A Saratoga, por exemplo, já capitaliza essa tendência entre clientes em potencial. “Quando apresentamos o projeto, percebemos que o grau de confiabilidade em nossa empresa aumenta sensívelmente”, testemunha Vieira, “O fato de haver a validação da operação antes mesmo do início da 22 l Negócios em Transporte

viagem funciona como uma espécie de certificado de garantia de que o embarcador pode confiar na idoneidade e na eficiência de nossa empresa” Por enquanto, apenas as quarenta e uma empresas inscritas no projeto piloto poderão emitir o documento com validade jurídica e apenas para operações originadas no Rio Grande do Sul. Nessa fase, a empresa opta pelo sistema que for mais conveniente para cada operação, podendo, inclusive, emitir o CTRC e o CT- e em paralelo. Após essa etapa de aperfeiçoamento, necessária para se detectar problemas e saná-los, o ENCAT comunicará a reabertura do credenciamento para que outras empresas possam aderir voluntariamente. Até lá, as empresas interessadas podem começar a se preparar acessando o material disponível no site da Sefaz (www.cte.fazenda.gov.br). As informações contidas no Manual de Integração do Contribuinte trazem os padrões técnicos para a integração ou desenvolvimento de aplicativos próprios da empresa necessários à emissão de conhecimento. Sem esquecer do empresário de pequeno porte, podendo fazer o download do software gratuito desenvolvido pela Secretaria da Fazenda. “Houve a preocupação em tornar o sistema acessível a todos os transportadores, independente do porte” afirma Fernandes. p

Como aderir ao CT-e:

requisitos básicos

l Estar credenciada para emitir CT-e junto à Secretaria da Fazenda do Estado em que está estabelecida. O credenciamento em uma Unidade da Federação não credencia a empresa perante as demais Unidades, ou seja, a empresa deve solicitar credenciamento em todos os Estados em que possuir estabelecimentos e nos quais deseja emitir CT-e; l Possuir certificado digital (emitido por Autoridade Certificadora credenciado ao ICP-BR) contendo o CNPJ da empresa; l Possuir acesso à internet; l Adaptar o seu sistema de faturamento para emitir o CT-e ou utilizar o “Emissor de CT-e”, para os casos de empresa de pequeno porte (modais rodoviários e aquaviários); l Testar seus sistemas em ambiente de homologação em todas as Secretarias da Fazenda em que desejar emitir CT-e; l Obter a autorização da Secretaria da Fazenda para emissão de CT-e em ambiente de produção (CT-e com validade jurídica).


Pulverizar para multiplicar

Sirolli: grande agilização na configuração

Mesmo em tempo de vacas magras, empresa de transporte expresso tem meta de quase dobrar de tamanho, graças à expansão de linhas e franquias

Pedro Bartholomeu

A

Jadlog, operadora de carga expressa de São Paulo, experimenta há muito tempo um nível de crescimento surpreendente, mesmo em momentos aparentemente desfavoráveis como os atuais. Com uma frota de 26 aviões, 200 caminhões e 800 utilitários, a companhia vem fazendo bonito neste seleto grupo, nascida já multimodal com o rodoaéreo. O segredo desse crescimento é credita-

do à utilização de um grande número de meios de envio e um dimensionamento compatível com a demanda em cada frente. Com abrangência nacional, a Jadlog é a maior cliente de porão da TAM e uma das maiores da Gol, além de utilizar sua frota própria de aeronaves exclusivas para carga. Com um time formado em grande parte por oriundos do sistema Vaspex, da antiga Vasp, e capitaneado pelo mesmo Ronan Hudson, diretor da compa-

nhia, o grande diferencial da Jadlog é dispor de uma rede de transferências rápida, de grande capacidade e capaz de atingir todos os municípios brasileiros. “Na época do Vaspex só podíamos contar com os aviões da Vasp, que eram de grande porte, mas com pequenos porões”, lembra Hudson. Os cargueiros puros então eram poucos, apenas dois e não permitiam nem pequenas nem médias viagens em carregamento. Portanto, o problema era de falta Negócios em Transporte l 23

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logística


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logística

Utilização de aeronave como as Caravan possibilitam à empresa atender municípios pequenos e médios

de flexibilidade. Eram duas as dificuldades: primeira o tamanho das aeronaves, que permitia pousos apenas em grandes aeroportos e a falta de capacidade, pois os porões dos Boeing 737 eram pequenos. Hoje, com mais de duas dezenas de aviões de pequenos porte sendo incorporadas à frota, a JadLog tem certeza que acertou na fórmula. Com uma maioria de aeronaves pequenas, as pernadas são freqüentes. Os Cessna Gran Caravan, famosos por sua robustez e segurança, permitem à empresa por exemplo fazer escalas em cidades pequenas e médias, e viabilizar rotas até então impossíveis. E graças à capacidade de cada aeronave desse tipo, cerca de 1.500 quilos, é possível viabilizar viagens diretas de cidades pequenas e médias diretamente aos centros de consumo. Pode ligar, por exemplo, Chapecó, em Santa Catarina, direto com os atacadistas da cidade de São Paulo. “É grande a agilidade e o ganho de tempo conseguido para os embarcadores”, assegura Hudson.

Flexibilidade

A rede montada pela Jadlog viabiliza que uma carga saia de Salvador à 1h30, chegue a Porto Alegre às 4h30 24 l Negócios em Transporte

e às 6h00 já esteja desembarcando em Uruguaiana, no extremo oeste do Rio Grande do Sul, na fronteira com a Argentina. “Hoje temos capacidade de atender até os pólos regionais brasileiros com boa disponibilidade”. É uma diferença e tanto. Mais ainda num momento em que o espaço de tempo entre uma decisão estratégica e sua execução deve ser mínimo. Por isso, um dos nichos bem explorados pela Jadlog é o de ações de marketing, responsável por transformar a Imbev – fabricante de bebidas – num surpreendente cliente da empresa. Não que a empresa de transporte expresso movimente engradados de cervejas e refrigerantes Brasil afora, mas adequadamente peças publicitárias e fouders das campanhas que tem que ser lançadas praticamente no mesmo instante em diversas partes do país para acompanhar a velocidade da televisão. Um Caravan tem capacidade para 1,5 tonelada de carga, uma quantidade tida como ideal para o volume de transferência para cidades médias. A Jadlog, além dos 26 que tem na frota já reservou investimentos de US$ 4,4 milhões para outras aeronaves. A grande novidade será a incorporação de um ATR 42, avião

capaz de transportar 5 toneladas de carga. “A compra do ATR demandou US$ 3,5 milhões de investimentos”, anuncia Ronan. Assim vai a Jadlog tecendo a sua rede. A filosofia é a de combinar disponibilidade de espaço e fartura de horários para se adequar às necessidades de seus clientes. “Precisamos nos preparar para atender um cliente que dispensa estoque, mas não dispensa serviço”, diz o dirigente. Desta forma, é de se prever que o pacotinho vai prevalecer ainda mais. O giro das mercadorias deve ser cada vez maior e o tamanho dos pedidos do atacado cada vez menor e mais frequente. Por isso, a capilaridade dos atendimentos é mandatária nesse tipo de prestação de serviço.

Sem crise

Com esse pique, os técnicos da JadLog esperam concretizar um crescimento programado de 80% no faturamento deste ano, apesar de as receitas do ano passado, que somaram R$ 60 milhões, terem representado uma evolução de nada menos de 120% sobre o ano anterior. Para conseguir a proeza, a empresa investirá R$ 5 milhões em 2009,

Ronan: "Flexibilidade é a alma do nosso negócio"


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apenas na frota rodoviária – 40% para a aquisição de 10 caminhões e os restantes 60% (R$ 3 milhões) serão destinados à compra de 100 vans ou utilitários. Noutro capítulo, o das aeronaves, dois Gran Caravan recémcomprados exigiram US$ 4,4 milhões, além dos US$ 3,5 milhões dispensados para a aquisição do ATR. Apesar de já contar com a segunda maior rede de franquias segundo a ABF – Associação Brasileira de Franchising, são 310 representantes instalados nos principais pólos comerciais, cidades e capitais do país, Ronan aposta que até o final do ano mais 100 unidades estarão a postos, somando ao todo então 410 pontos de captação e de transferência. “Seguramente já atendemos mais de 80% do PIB brasileiro”, diz Ronan. São Paulo ainda é a origem de 70% desse tipo de carga, formada em 35% de carga expressa, 20% de fracionada, 30% das chamadas pontocom e 15% de aéreas comuns. A base é formada pela matriz em São Paulo mais nove filiais, instaladas estategicamente em Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, Rio de Janeiro, Brasília, Goiânia, Manaus e Belém. A carteira da JadLog hoje alcança 15 mil clientes, o maior deles representando 4% dos negócios. O progresso tem sido invejável: de 2006 para 2007 o crescimento chegou a 208%, em 2008 o salto foi de 120% e este ano deve alcançar 80%. p

Capacidade Aeronave ---- 1,5 a 3,0t ---- Menor que 1,5t ---- Maior que 3,0t

Negócios em Transporte l 25


ônibus/tendências

Fora do comum

Novos veículos e sistemas são desenvolvidos como solução particular de uma cidade na busca da máxima eficiência e de rapidez de implantação

Pedro Bartholomeu

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lexibilidade, rapidez de implantação e preço sempre foram os argumentos básicos para a decisão de utilizar sistemas de ônibus nas cidades, especialmente os BRT, comboios rápidos em vias segregadas. Esta vem sendo a solução adotada por metrópoles dos países em desenvolvimento em substituição aos considerados caros sistemas de metrôs. Depois de São Paulo, Goiânia e

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Curitiba, os sistemas de ônibus em corredores exclusivos ganharam o mundo e os países em desenvolvimento. Chegaram a Bogotá, Santiago, Cali, Cidade do México e do Cabo. Com a crise financeira mundial, certamente muitos outros virão. Em resposta ao sucesso dessa alternativa, que em consórcio com coletivos de alta capacidade contribui para a mitigação da emissão de poluentes, a indústria de veículos

comerciais desenvolve modelos cada vez mais aperfeiçoados para a tarefa. No caso do Phileas, da holandesa VDL, leia-se APTS – Advanced Public Transport System, o objetivo é servir o sistema de transporte público de Istambul, na Turquia. Como a composição demonstra, nem sequer a pequena capacidade dos equipamentos do transporte rodoviário de passageiros já é valida como contraargumento dos metroviaristas.


Fotos: divulgação

O Phileas é parte de um projeto desenvolvido em três versões modulares, de 18,5 metros, 24,5 m e 26 m, que transforma o biarticulado realmente num trem sem trilhos. Em seus três salões podem ser acomodados até 185 passageiros, a partir da menor versão do veículo, para 103 pessoas. A motorização não fica atrás em modernidade. É híbrida, num sistema que combina o sistema Allison Hybrid System Ep 50, motores Cummins ISLe 340 ou ISBe 250,

com versão elétrica Vossloh-Kiepe ou Célula combustível NedStack. Para garantir o baixo peso próprio, os módulos laterais são feitos de composite polyester e piso e teto manufaturados em composite de alumínio. Com esses materiais nobres tamanho é documento. Na versão híbrida Allison, ele pesa apenas 16.650 kg na versão de 18 m, 21.600 kg na de 24 m ou 22.490 kg, no modelo de 26 metros. Carlos Augusto Roma, gerente de Vendas Brasil da Allison Transmission,

informa que a composição tem como uma de suas curiosidades a flexibilidade do nome. “O nome pode mudar de acordo com o pedido do cliente”, diz ele. A tração híbrida GM-Allison system está homologada para utilizar motores Cummins das linhas ISL e ISB e motores Catterpillar com potência de 330 hp. O sistema da capital turca tem 35 quilômetros interligados por modelos biarticulados de 26 metros, 39 poltronas e espaço para 161 pessoas em pé. Um sistema guia especial será instalado para permitir que os veículos possam ser conduzidos automaticamente, sem necessidade de motorista. Totalmente seguro, o sistema monitorado possibilita manter a velocidade cruzeiro ideal, sem as oscilações de aceleração que ocorrem normalmente quando o comando é humano. Além disso, em cada uma das 15 paradas do tronco o biarticulado fica a exatos 5 centímetros da calçada, proporcionando um embarque e desembarque seguro. Em Istambul vivem 15 milhões de pessoas e o trânsito é um dos grandes problemas da metrópole turca. Com o projeto Metrobus, a cidade espera, não só reduzir os congestionamentos, como também melhorar a imagem do transporte público. O novo sistema está programado para transportar 8.000 passageiros por hora. O valor investido para a aquisição dos veículos e da adequação da infra-estrutura será de 63 milhões de Euros. A cidade turca de Istambul já usufrui de uma linha dessa nova geração que interliga o centro da cidade até o aeroporto internacional de Ataturk, localizado a 35 quilômetros de distância.

O Iveco Hynovis não renega o nome, três eixos direcionais em rodados diferentes para possibilitar maior conforto e total equilibrio ao veículo

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Foto: divulgação

ônibus/tendências

Inovação de fato Ao mesmo tempo, em Paris, é a Iveco que lança o seu conceito, o Hynovis, apresentado na edição do ano passado da IAA, na Alemanha. Em parceria com a RATP, empresa de transporte urbano de Paris, a montadora construiu um coletivo de 12 metros que integra várias inovações para incrementar a eficácia do veículo. O grande diferencial do Hynovis é a motorização, que utiliza um engenho de cilindrada reduzida, mas permite aumentar a capacidade de carga em 8%. Graças a engenhosa solução nove passageiros a mais podem viajar com o mesmo consumo de um coletivo comum de 12 metros. Isto foi possível porque o Hynovis usa uma tração híbrida diesel hidráulica em paralelo – novidade absoluta – que permite também reduzir as emissões de CO2 em 30% e à metade as de NOx. O veículo integra dois sistemas hidráulicos, um chamado de Stop&Start e o segundo para a recuperação de energia durante as constantes frenagens. Assim, o sistema automaticamente desliga o motor quando o ônibus es28 l Negócios em Transporte

tá parado e consegue reacioná-lo em 0,3 segundos antes da partida. Durante este tempo de parada ele desvia, com sistemas auxiliares, a energia para um acumulador misto de baterias e supercondensadores. A recuperação da energia de frenagem ocorre através de motobombas hidráulicas, que garantem elevado nível de eficiência. Outra novidade do coletivo da Iveco foi a instalação de três eixos independentes que possibilitam uma excepcional dirigibilidade, graças a um raio de giro mínimo. Os dois eixos dianteiros direcionais de mais baixo perfil permitem facilitar o acesso dos passageiros e elevar a velocidade de transbordo e consequentemente os tempos de parada. O resultado é uma velocidade média de operação maior, handicap hoje fundamental para incrementar a eficiência de qualquer sistema de transporte de massa. Já o eixo traseiro de rodas simples foi posicionado debaixo da última fileira de bancos dos passageiros, para eliminar o inconveniente degrau exigido pelas caixas de rodas dos ônibus convencionais e a famosa frase “piso baixo central” um,

digamos, jeitinho brasileiro para utilizar chassis não inteiramente desenvolvidos para as novas exigências do mercado. Para cumprir com o objetivo ecológico de seu desenvolvimento, o Hynovis também integra a tecnologia “Michelin Durable Technology Infini Coil”, que possibilita redução de até 8% da resistência ao rolamento dos pneus. A proposta da Iveco vai além: protege especialmente as pessoas, tanto o motorista como os passageiros. A redução das massas e amortecedores independentes permitiram baixar consideravelmente as vibrações e a repercussão dos impactos dentro do veículo. O conforto também cresceu graças ao isolamento acústico, especialmente pelo desenho da seção traseira sobre o motor, que também contribui com sua baixa cilindrada de 6 litros, que possibilita reduzir o nível de ruído em 6 decibéis. Para completar, o sistema de climatização é do tipo inercial com refrigerante líquido, um desenvolvimento exclusivo para o Hynovis: o peso do líquido refrigerante cai à metade e o consumo de energia em um quarto (25%). p


Em compasso de espera Sirolli: grande agilização na configuração

Randon aposta na inversão de tendências e numa reação rápida do mercado com a entrada das safras e a retomada econômica

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Solange Hette

velocidade de reação é, na maioria das vezes, o segredo para escapar de complicações maiores. A maior implementadora brasileira, por exemplo, resolveu já no início do ano apertar os cintos: “Reduzimos em 20% a jornada de trabalho, a princípio, até abril”, diz Astor Milton Schmidt, diretor Corporativo do Grupo Randon, de Caxias do Sul, RS. A medida foi tomada para evitar o pior. “O que fizemos foi para preservar os empregos”, explica. Isso efetivamente ocorreu graças a economia de 8,3% nos custos com pessoal. “Temos que saber fazer a empresa crescer e também saber como diminuí-la quando necessário, para não prejudicar os funcionários”, analisa Schmidt. De qualquer forma, a gigante Randon também sentiu os efeitos da crise em praticamente todos os seg-

mentos de atuação. O cancelamento de pedidos de implementos e queda no fornecimento para as montadoras a obrigaram a tomar essas decisões. Para afastar qualquer possibilidade de contaminação da história da empresa nos últimos anos por um momento difícil, Astor não esquece de chamar atenção para o crescimento médio de 17,8% registrado no período de 2004 a 2008. “Uma taxa dessa magnitude é bastante satisfatória”, comemora o dirigente. Ele também aposta no equilíbrio das empresas Randon para vencer momentos pontuais e obter resultados crescentes na mesma proporção que as receitas, “essencial não só para o desenvolvimento como para a perpetuação dos negócios”. Para 2009, o Grupo se prepara para voltar aos patamares de 2007, tomando como base o cenário apresentado pelas montadoras no que se refere aos veículos comer-

ciais – entre 18 e 23% abaixo do registrado em 2008, mas não baixa a guarda. O executivo aposta na aceleração do setor primário e no de bionergia. “As coisas começam a acontecer a partir de março/abril com a movimentação da safra de grãos e cana de açúcar”. Segundo ele, os investimentos do setor público não vão parar, assim como os do setor de bens não duráveis, que continuam a ser consumidos e não dependem da oferta de crédito. “A economia arrefeceu, mas não parou”, afirma Schmidt. Mesmo porque, apesar da desaceleração do último trimestre de 2008, a receita bruta total de R$ 4,6 bilhões foi 26,6% maior que em 2007. A empresa está em stand by, mas preparada. No ano passado investiu 42,8% (R$ 280,7 milhões) mais que em 2007 em novas instalações de pintura, fundição da Carstertech e num grande campo de provas. p Negócios em Transporte l 29

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implementos


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Foto: Bartô

fora-de-estrada

O come

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Mineração de carvão em Portão, RS, mostra as vantagens dos 8x4 no dia-a-dia e serve de palco para apresentação do novo Mercedes Actros 4448

Pedro Bartholomeu

e uma maneira ou outra todo segmento econômico produtivo depende do transporte para operar. No topo dessa cadeia, porém, está a mineração, que costuma utilizar equipamentos de última geração, chegando até os caminhões articulados de 350 toneladas. Na mina de carvão Butiá, da Copelmi, operada pela Fagundes Construção e Mineração, em Portão, RS, trabalha

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uma frota de 81 caminhões Actros 4144 8x4, capazes de deslocar 20 m³ de estéril ou minério por viagem. Com estradas bem cuidadas e bota-fora a reduzida distância, entre 900 a 1.200 metros, a eficiência da operadora da mina é elevada e o custo pequeno se comparado às explorações subterrâneas, comuns nesse tipo de minério. A partir de agora, quando já se chegou ao minério naquele sítio, os caminhões Actros 8x4 farão a transferência

do mesmo para ser britado e lavado em uma beneficiadora a 10 quilômetros de distância da mina. Essa ocorrência, da formação Rio Bonito, de 280 milhões de anos, terá vida útil de 17 anos. Na mina de Butiá o trabalho é duro. Para chegar à lavra de carvão mineral, uma camada de 8 a 12 metros de espessura, é preciso retirar uma superficial de solo vegetal (fértil) de um metro de profundidade e entre 40 a 60 metros de estéril, que varia de calcário a siltito. Na mina


Foto: divulgação

A lavra de carvâo na mina de Butiá exige frota de caminhôes 8x4 no transporte e 6x4 no apoio às operaçôes

Nova versão

O que primeiro chama atenção do novo Actros 4448 8x4, aliás ganhador do premio Caminhão do Ano na Alemanha, é o seu aspecto. Seu parassol tripartido dá uma ideia literal de bravura, já que parecem grandes sobrancelhas negras. De ouvidos atentos às necessidades dos clientes, a engenharia Mercedes tratou de instalar grades protetoras para os faróis, protetor inferior do radiador e espelhos retrovisores com carcaça de plástico de alta resistência para agüentar as bordoadas dos acidentados caminhos, que incluem galhos, pedras e muito mais. Também convenientes para as usuais operações 24 horas do segmento de mineração, os Actros incorporam fa-

Foto: Bartô

deve ocorrer a relação de 7 ou 8 m³ de estéril por tonelada de carvão mineral. Segundo o diretor Comercial, José Fernando Fagundes, a utilização de equipamentos mais pesados não se justifica pela baixa densidade dos materiais estéreis ocorrentes. O minério está sendo explorado pelo sistema de tiras, no qual há a retirada de material de um campo para depositá-lo em outro e assim por diante, até que o último deles configure um grande vazio, transformado em lago. Um lago na propriedade é responsável pelo abastecimento de vasta região do Rio Grande do Sul. Além dos 81 Actros 4144, a empresa deve incorporar os novos Actros 4844, ou seja 48 toneladas de pbt para os mesmos 435 cv de potência. A frota total da empresa conta com 460 caminhões de vários modelos 6x4 e 8x4 com basculantes, carros pipa e de apoio. “Os caminhões tem rodado 20 horas por dia. Isso garante a produtividade das atividades e, consequentemente, a rentabilidade do negócio”, explica Diogo, para quem a tecnologia embarcada faz diferença, desde os sistemas de auxilio a frenagem e tração ABS, retarder e ASR, até o câmbio. “Estamos impressionados com o câmbio semiautomatizado. Quem faz a troca de marchas é o caminhão e isso traz maior conforto e facilidade para o motorista, poupando-o de desgastes que podem ser evitados, o que também ajuda a aumentar a produtividade”, diz Diogo Fagundes, diretor Operacional.

róis de neblina para facilitar a vida dos motoristas em minas serranas. O Actros 4844 8x4 é equipado com o potente motor eletrônico OM 501 LA, de 435 cv de potência a 1.800 rpm e de 214 mkgf de torque a 1.080 rpm. Esse motor propicia ótimo desempenho com economia no consumo de combustível e reduzido índice de emissões. Além disso, atende com folga às demandas da mineração e da construção civil, que necessitam principalmente de velocidades operacionais mais elevadas e maior capacidade de subida. O Actros 4844 8x4 tem capacidade para 48.000 kg de peso bruto total – PBT e 123 t de CMT, com capacidade de carga líquida de 37 t, em média, dependendo do peso do implemento, e será comercializado por R$ 500 mil. Nas caçambas meia cana produzidas pela Rossetti, a capacidade de báscula é de 20 m³. Para Eustáquio Sirolli, gerente de Marketing Caminhões da MercedesBenz, serão importados lotes de 35 a 40 unidades do novo Actros 8x4, que tem incorporados um tacógrafo nacional por obrigação legal. “Conseguimos entregar o pedido quatro meses depois da assinatura do contrato.” O conjunto de suspensão para apresentar a máxima robustez, integra molas dianteiras de 9.000 kg em cada eixo e molas reforçadas na traseira, com capacidade de 18.000 kg por eixo. Resultado, um conjunto de 54 toneladas, superdimensionado para a aplicação. Uma folga

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fora-de-estrada

O sítio de carvâo foi cenário de apresentaçâo dos novos Actros 4448 8x4, que começam a ser comercializados no país por R$ 500 mil

A utilização do retarder Voith é outro item de conforto para o motorista, pois o equipamento pode evitar o uso do freio de serviço em aproximadamente 85% das operações. Outra “mão na roda” é o exclusivo sistema de compensação de carga automático para os eixos dianteiros, que permite melhor distribuição do peso, melhor tração e maior estabilidade em solos acidentados. Todos esses fatores de facilitação de operação culminam no handicap

que há de promover um alongamento da vida útil. A suspensão ainda inclui molas parabólicas na dianteira e traseira, amortecedores telescópicos de dupla ação e barras estabilizadoras. Para permitir maior desenvoltura nos trajetos, o Actros 4448 8x4 tem redução nos cubos e bloqueios transversal e longitudinal dos diferenciais traseiros. Isso permite tração mais uniforme em todas as rodas traseiras, mesmo em condições desfavoráveis à tração. O sistema de transmissão é um dos grandes destaques. Vem com a caixa de câmbio Mercedes-Benz G 240, de 16 marchas, mas com o sistema semiautomatizado de troca de marchas Telligent. Para suavizar ainda mais as coisas, a manopla foi instalada no console rebatível integrado ao banco do motorista. Ou seja, o condutor tem o menor esforço possível. A mordomia aumenta com um sistema de direção com assistência hidráulica de duplo circuito, que garante um dirigir suave e seguro. Seguro porque o segundo circuito garante a operação em caso de eventual falha. Para que a redundância seja reconstituída, um alarme trata de avisar o motorista da ocorrência. 32 l Negócios em Transporte

Fotos: divulgação

Operação otimizada

proporcionado pelo computador de bordo, que traz ene informações e inclui ainda o Eco Meter, uma função que orienta o motorista a conduzir economicamente. E fechando o ciclo de tecnologia colaborativa e amigável com o usuário, o 4844 dispõe do sistema de manutenção flexível, uma espécie de preditiva mecânica, que se possível estica a vida útil dos elementos de manutenção e substituição periódica como filtros, fluidos e lubrificantes. p


BUSINESS

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Panorama

l Bombonas empilháveis

l Promoção

A Ford está com uma promoção especial de venda para a Transit van e furgão em condições excepcionais. A Van é disponível com taxa 0% com 50% de entrada e saldo em 24 meses e a Transit Furgão com taxa de 0,77% em diferentes opções de financiamento. Para completar a montadora oferece as duas primeiras trocas de óleo e filtros grátis em qualquer modelo. “Ficou ainda mais atraente investir na Transit, pois além da promoção o transportador tem o veículo com a tecnologia mais avançada do mercado”, diz Pedro de Aquino, gerente de Marketing da Ford Caminhões.

A Unipac acaba de apresentar uma nova família de embalagens para o armazenamento e transporte de substâncias químicas e agroquímicas com bases aquosas ou solventes, além daquelas que exigem barreira contra gases. As bombonas Unipac são conformes com a norma UN (produtos perigosos) e permitem empilhamento perfeito. O formato permite ganhos de logística, pois possibilitam melhor aproveitamento de espaço no palete, podendo ser acondicionadas 15 embalagens por nível, em cada um deles, chegando facilmente ao empilhamento de três fileiras - diferencial proporcionado por embalagens como a de 20 litros auto-empilhável. Para isso as tampas são protegidas contra violação, abertura involuntária ou vazamentos, não apresentam nenhuma deficiência no fechamento e garantem facilidade de abertura.

l Nova graxa longa vida Especialmente desenvolvida para equipamentos de mineração, frotas de ônibus e caminhões (articulações, chassis e cubos de roda), plantadeiras e colheitadeiras, a Castrol Pyroplex Protection ES2 é uma graxa que protege contra a ferrugem, oxidação e corrosão, reduzindo o desgaste e prolongando a vida dos equipamentos. É ideal para sistemas de lubrificação automática de veículos pesados, pois tem fina consistência, o que permite sua circulação tanto a temperaturas muito elevadas ou muito baixas. Os técnicos da Castrol tem como maior benefício da ES2 a sensível redução do tempo de parada dos veículos para a aplicação, pois a maior durabilidade do derivado e a extensão da troca eleva a disponibilidade dos veículos. Além disso, lembram eles, diminui também a necessidade de grande número de funcionários na oficina. 34 l Negócios em Transporte

l Troca a jato A Henkel acaba de lançar o Terostat 9097 PL, um adesivo poliuretano estrutural para reposição de parabrisa que dispensa o uso de primer e ativador, diminuindo assim o tempo de reparação dos veículos. Com o Terostat são necessárias apenas duas etapas, a limpeza e a colagem do parabrisa. Segundo a Henkel, em apenas uma hora o caminhão ou ônibus pode voltar à operação, aumentando o índice de disponibilidade do veículo.


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