Revista Geração Bookaholic Edição #6

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CONTEÚDO 06

ESTANTES

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CONTRACAPA

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PÁGINAS AO VENTO

13

LETRAS FANTÁSTICAS

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REDESCOBRINDO O BRASIL

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LOUCOS POR QUOTES Judie Castilho (O Beijo da Morte)

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RESENHAS

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MANUSCRITOS

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CAPÍTULO BÔNUS

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A MAGIA DA BELA E A FERA

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INSPIRAÇÃO LITERÁRIA

32

ÚLTIMA PRATELEIRA

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LIVROS DE CABECEIRA

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CLASSIC BOOKS

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ESTANTE NERD

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SALÃO COSPLAY

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LEITURA EM SÉRIE

CARTA DO EDITOR MULHERES NA LITERATURA O empoderamento feminino está aí. É uma realidade. Não podemos deixar de falar sobre o assunto, nem que queiramos, pois está em voga nas mídias sociais, na TV, no jornal, nas revistas, na internet. A representatividade feminina está em alta, e a revista Geração Bookaholic, feita também, em sua maioria, por editoras, redatoras, jornalistas, escritoras e blogueiras mulheres dedicadas, não poderia ficar de fora dessa discussão. Trouxemos para vocês a representatividade da mulher através de nossa matéria de capa, com “O Livro Delas”, publicado pela Editora Rocco (Selo Fábrica231) e organizado por nossa querida colunista e super talentosa Renata Frade, que além de jornalista, é sócio-fundadora da Punch! Comunicação e Punch! For Writers. O livro traz nove contos, escritos por nove talentosas escritoras nacionais, mostrando a diversidade de talentos através de tantos gê_

GERAÇÃO BOOKAHOLIC Edição #6

Crônicas Vampirescas (Anne Rice)

42

CAFÉ LITERÁRIO 42

Quartas Dramáticas

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Lançamento Lorena Zago

42

Abril Pro Livro 2017

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Museu do Videogame Sh. Recife

43

CCXP Tour Recife 2017

43

XII Bienal do Livro do Ceará

43

Flipoços 2017

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BIANCA CARVALHO

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LETRAS IMORTAIS Charles Bukowski

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BOOKAHOLIKIDS

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HORA DA POESIA JackMichel Ramos

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HORA DO CONTO

Geração Bookaholic – Sua Revista Literária

neros literários. Mas você, leitor, vai encontrar muita representatividade feminina em várias de nossas seções especiais, entrevistas e reportagens. Não deixe de conferir! Tem muitas novidades em nossa revista, que já está em seu segundo ano e sua sexta edição. Confira e curta, com muito orgulho, nossa revista, que fizemos com muito carinho. ■ Débora Falcão

Abril-Maio-Junho/2017

EDITORES Débora Falcão... deboratriz@gmail.com

Ano 02

COLABORADORES Ane Karoline, Daniel Martins Maria Lygia

DIRETORIA ADMINISTRATIVA Débora Falcão REDATOR-CHEFE (Redação) Débora Falcão... redacaobookaholic@gmail.com

REDATORES Claudia Marini Leonardi, Renata Vasconcelos, Roberta Costa Renata Frade, Suelane Passavante Helena Souza

COLABORARAM NESTA EDIÇÃO JackMichel Ramos (Autora 2 em 1) Flora DeAbaco (Autora) Leilah Accioly (poeta e jornalista)

DIAGRAMAÇÃO E ARTE Debora Falcão... redacaobookaholic@gmail.com

FOTOS/CAPA Autoras: Divulgação Fundo: Google.com PUBLICIDADE Depto Comercial: comercialbookaholic@gmail.com GERAÇÃO BOOKAHOLIC é uma publicação independente de Débora Falcão, escritora e viciada em livros. Email: redacaobookaholic@gmail.com Blog: www.geracaobookaholic.blogspot.com ISSN Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização expressa dos editores. Todos os artigos aqui publicados são de responsabilidade dos autores, não representando necessariamente a opinião da revista.



PAULA OZ: DO SILÊNCIO E DA PELE Por Suelane Passavante

ESTANTES

Uma amante das palavras, Paula Oz ama poesia e a poesia a ama. Ama escrever, desde a infância já escrevia textos, mas foi por volta dos doze anos que começou a sentir uma enorme paixão pela escrita. O primeiro “livro” que escreveu foi um conto de fantasia para crianças. “Talvez devido à memória que eu tinha de minha mocidade e dos meus amigos; parte deles era triste e vivia na pobreza, e eu, com minha maneira de ser, alegre, extrovertida e sempre a tentar animar tudo e todos, decidi já a essa altura animar as palavras e nasceu esse livro; era uma grande alegria para mim, e eu gostava de ver um sorriso nos olhos de cada um deles”, afirma a autora, que tinha catorze anos na época em que escreveu o referido livro. Agora, com exclusividade, Paula Oz conversou conosco sobre “Do Silêncio e Da Pele”, que você passa a conhecer agora.

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Quem é Paula Oz? Paula Oz: Sou muito dedicada em tudo o que faço, entrego-me de corpo e alma, amo o que faço e gosto de partilhar, aprecio uma boa leitura, um bom poema, uma boa história, gosto de pintura e fotografia, teatro e tudo o que a cultura envolve. Há uma frase que eu uso bastante, fui eu que lhe dei o nascimento, é verdadeira, e é mesmo o que sinto e que diz: “A Cultura tem VOZ”. Repouso quando as palavras forem um só oceano Paula OZ Você sempre quis ser escritora? Teve alguma influência? PO: Sempre! Já desde pequenina, a escrita, as palavras, o amor que tenho dentro de mim é aquele que me faz sentir viva e realizada. Não há nada maior e mais belo do que se fazer aquilo que se ama. É um beijo na alma. Eu não vivo sem a escrita, sem a poesia, e eu só me sinto completa e feliz quando escrevo, porque ao mesmo tempo desabafo... posso chorar, sorrir, posso gritar, posso recordar-me... As palavras sempre me ouvem. O que a alma sente, o coração consente. A poesia sempre ouve a voz do sentimento. Influências, não o diria, mas lia e leio muito, e tenho alguns escritores que aprecio e me tocam profundamente, mas é de mim e por mim que a poesia nasce e, após isso, partilho-a com o mundo, para quem desesejar sentir e ouvir as minhas emoções, __

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devaneios, paixões e amores. Como surgiu a ideia de escrever o livro “Do Silêncio e Da Pele”? PO: Este livro é parte de um segredo, por isso ter duas fases de edição. Cabe ao leitor ir decifrando nas entrelinhas o que sinto e desejo transmitir. O silêncio é a alma e a pele são os sentidos (porque tudo tem uma sequência e um segredo para por desvendar). Desnudo-me aos poucos, falo com a alma, o corpo e a mente, o prazer dos sentidos num êxtase sem fim, o amor sem limites de um amor desejado. A viagem dá num voo em cumplicidade com a sensualidade, o amor, o sofrimento do amor, a alegria do amor, a saudade, a pele dos sentidos. O silêncio... Esse é o mistério que oculta mais um segredo, e o leitor terá de sentir e ouvir as palavras que vou deixando em cada página, para ouvirem mais um segredo... Que está lá, a poesia revela sempre algo de mim. Mas para a saberem revelar, terão de sentir, e vou deixando ao longo dos capítulos várias pistas... Sou o teu segredo obscuro. Sou sonho e fantasia. Quem sou eu? O teu silêncio e a tua pele. Paula Oz Dentro das poesias escritas nele tem alguma que você acha mais especial? Por quê? PO: Todos os meus poemas ou prosas poéticas são especiais, porque todas elas possuem a memória de um momento, de um amor, de uma paixão, de uma lágrima, de um sorriso. Posso, sim, deixar um pequeno poema que me identifica bastante, que é: Entre o que sou e faço vive sempre um poema onde o ódio não respira. Paula Oz Vi que será lançado o livro “Do Silêncio e Da Pele II”. Fora ele, já está pensando numa nova obra literária? Se sim, pode nos contar um pouco? PO: Este livro é precisamente a continuação ou o complemento do volume I. “Do Silêncio e Da Pele é, assim, e ao mesmo tempo, um registro e um convite ao amor, ao ‘fazer amor’ de uma forma por vezes selvagem e delirante, mas sempre utilizando o prazer e a ternura como panos de fundo, como seda de lençóis onde os corpos possam se abraçar, penetrar, delirando, ‘numa viagem sem retorno e em __

êxtase’, um ‘amor sem medida’. (Joaquim Pessoa). “Alma Viajante” – Poesia É a minha alma errante, enamorada, a alma que não sabe onde quer ficar e repousar; é uma alma viajante, uma alma menina mulher, procurando o seu destino e divagando entre o ser e o estar, o querer e o desejar, é o começo da minha viagem, o encontro entre o EU e o MUNDO. A poeta navega pelo seu mundo onde descobre a magia de sonhar para amar. Neste livro eu revelo nas palavras a sensualidade que vivo, o amor que guardo e sinto e a minha ligação para e com o mundo. “Na Lua” – Poesia A mulher que foi crescendo, a mulher que fala com a lua e a lua é sua ouvinte, a noite o seu mistério. Há cumplicidade entre a lua e a poeta; ambas se identificam... Há um mistério por revelar. “Na Lua II” – Poesia A continuidade numa edição compacta e limitada. “O Beijo das Palavras” – Poesia Neste livro eu beijo todas as palavras; transmito e partilho todo o meu amor e paixão; abro algumas portas dos meus segredos. Nesta obra há sensualidade e erotismo, muito sentimento, alma e a procura da chave do meu coração. Deixo aos leitores essa procura, esse decifrar nas entrelinhas. Em dezembro irei publicar uma autobiografia: “SegredOZ – O Outro Lado da Vida”. História da minha vida, segredos que serão revelados, o outro lado de mim que ainda não conhecem. Uma história marcante e sofrida, mas, também com momentos de felicidade. Há um 2º capítulo neste livro, também real, onde eu escrevo o meu olhar sobre outras pessoas. Fugirei um pouco a poesia e seguir uma estrada diferente, a prosa. É igualmente um revelar de mim mesma. Há também um lado espiritual e esotérico que será bastante abordado. Porque a vida é uma passagem... Há muitos que precisam saber para ter coragem de seguir em frente. Uma “luz” para todos aqueles que pensam estar sós com dilemas e conflitos da vida e... Não posso divulgar mais. Mistério e surpresa, para muitos uma grande novidade! Será uma Oz completamente nua e sem limites! ■


MAURÍCIO LIMEIRA: SOBRENATURAL E MUITOS INGREDIENTES Por Roberta Costa Maurício Limeira é carioca, funcionário público formado em História. Escreve desde a adolescência contos, poemas, peças para teatro, romances e roteiros, publicando parte desse material na internet, parte tentando concursos literários, parte bancando a publicação. Teve um artigo publicado no livro História e Imagem, organizado por Francisco Carlos Teixeira da Silva, e dois contos publicados na revista Cult. Participou do grupo Filmantes, com quem realizou vídeos de humor disponibilizados na internet. Publicou por conta própria o romance de terror “O Adversário” e a novela de humor “Taras, Fobias & Contas a Pagar”, além da monografia “Nas Horas Mortas: A Vida Noturna no Centro do Rio de Janeiro (1920-1929)”. Foi premiado em concursos literários promovidos pela Fundação CEPERJ (conto “O Filho da Bela Mãe”) e pela Fundação Cultural do Pará (romance “O Terraço e A Caverna”). O autor concedeu à Geração Bookaholic uma entrevista exclusiva, que você confere agora! A escrita e a literatura entraram em sua vida muito cedo. Você poderia nos contar como isso se deu? Maurício Limeira: Quando garoto, tive a sorte de ganhar de uma vizinha a coleção de Monteiro Lobato, que lia maravilhado junto aos quadrinhos do xará Maurício de Sousa, de super-heróis, dos europeus Tintim e Asterix, da revista Mad. Depois passei a ler Agatha Christie, Carlos Drummond de Andrade. Como todo mundo, fui passando por fases. Uma coisa foi levada a outra, um autor a outro, e de repente me vi escrevendo poemas. Depois, histórias em quadrinhos. Depois contos. Fui descobrindo um universo do qual não queria sair. E não parei mais. O Universo Sobrenatural parece lhe agradar bastante. Você acredita mesmo nesse outro mundo? ML: Não, mas me fascinam as possibilidades que este gênero, junto com a ficção científica e a fantasia, levanta. Deve estar relacionado com a insatisfação com as coisas, com o mundo, com as pessoas, e com a necessidade

de querer experimentar mais. Insatisfação é um ótimo estímulo à criatividade. Quanto ao sobrenatural particularmente, o gosto veio mais do cinema. Comecei cedo a ver e gostar dos filmes de Drácula com Christopher Lee, e até hoje “O Exorcista” e “O Iluminado” estão entre os meus filmes favoritos. Ambas são obras que extrapolam os limites do gênero, são psicologicamente ricas e permanecem na cabeça depois dos créditos finais. Como surgiu “O Adversário”? Já pela sinopse podemos perceber uma história bem intrigante! ML: É uma das maravilhas de escrever, não ter o total controle sobre a obra em _

construção e testemunhar o nascimento de cenas que não sabemos de onde vieram. Em que parte de nosso inconsciente aquele material estava escondido. Não sei exatamente como surgiu a ideia de “O Aversário”, eu era bem novo e tudo o que tinha na cabeça é que queria contar uma história de terror que não envolvesse o susto fácil. Algo que prendesse a atenção e desse vontade de acompanhar o desenrolar da história até o final. Que tivesse um vilão forte, dramaticamente forte, que provocasse o medo e que tivesse ainda um pouco da estranheza dos sonhos. Ou seja, queria escrever aquilo que eu queria ler. Algumas pessoas que leram, mesmo sem gostar do gênero terror, disseram que não conseguiram parar de ler o livro. Que a narrativa era bastante cinematográfica, com imagens fortes. Trata-se de um jovem jornalista que, após ter a namorada assassinada, procura por um assassino profissional em busca de vingança. Acaba encontrando Casemiro, verdadeira lenda no meio policial, criatura sombria que poucos viram e menos ainda acreditam que realmente exista. Pois Zeca, o tal jornalista, acaba sendo contatado por ele e, tarde demais, vai se arrepender e perceber que se meteu numa trama envolvendo morte e o oculto. Na verdade, o assassino que ele procurava já o estava esperando com propósitos mais profundos e aterradores. Como foi a experiência ao participar do grupo Filmantes? Como o grupo _

surgiu? ML: Meus dois melhores amigos são Cláudio Beserra e Marcos de Sá. Conheci os dois enquanto cursava História na UFRJ e, gostos parecidos, vivíamos nos prometendo que ainda realizaríamos um filme. Um dia resolvi sair da promessa e fundei o grupo com eles. Compramos uma filmadora e realizamos alguns curtas de humor com vários participantes. Foi uma experiência divertida, e os vídeos podem ser vistos em Filmantes.com. “Taras, Fobias & Contas a Pagar” segue uma linha bem diferente de “O Adversário”. Pode nos contar um pouco dessa obra? ML: Acho que foi em 2000 que editei __

ma do que da literatura. Mas gosto de muita gente, de Carlos Drummond de Andrade a Clive Barker, de Charles Bukowski a Umberto Eco, Rubens Fonseca, Millôr Fernandes, Ray Bradbury. E continuo sendo profundamente pelos quadrinhos, principalmente os feitos na Europa: Moebius, Enki Bilal e Schuitten/Peeters. Mas tem muita coisa que ainda preci-so conhecer – ainda bem!

um site de opinião, cultura e humor chamado “O Cisco Tonitruante”. Era um projeto ambicioso, chegou a contar com uns cinquenta colaboradores num tempo que não havia rede social. Tive a honra de contar com trabalhos de Laerte, André Dahmer e Fabrício Carpinejar, que autorizaram a publicação de suas obras. Este último, inclusive, lamentou o fim do site dizendo que “o Cisco no olho era como uma nova paisagem”. Pois foi nesse site que escrevi em capítulos a história de “Taras, Fobias & Contas a Pagar”. É uma brincadeira doida sobre um sujeito que se mete num pesadelo burocrático para reaver a própria casa, em companhia de um velho militar, do filho do advogado deste, de uma velhinha muda e de um rotweiller. Enquanto isso, a esposa do sujeito, que ficou sozinha em casa, está sendo perseguida por um espírito com segundas e terceiras intenções. Quando resolvi reunir os capítulos em um livro, acrescentei alguns extras: um conto continuando a história, outro conto mostrando como os personagens se conheceram e uma entrevista fake com o autor. É algo despretencioso com o único intuito de fazer rir.

Maurício, gostaríamos de agradecer por aceitar nosso convite para esta entrevista. Você poderia deixar um recado para aqueles que têm vontade de se aventurar no mundo da literatura como escritores? E como os leitores poderão acompanhar o seu trabalho? ML: Eu que agradeço imensamente a generosidade e a gentileza da Geração Bookaholic. Vejo com certo desânimo o nosso mercado literário, e qualquer iniciativa como a de vocês deve ser recebida com fogos de artifício. Publicar um livro hoje é fácil. O problema é divulgá-lo, fazer com que ele atravesse portais econômicos e midiáticos e chegue até o leitor. E pra quem tem realmente vontade de se tornar escritor, o que eu posso dizer é: desafie-se. Até agora, tem funcionado comigo. Quanto aos que querem acompanhar o meu trabalho literário, uma parte dele pode ser encontrado no blog de “O Adversário”. Além de divulgar o romance e eventos dos quais participei e vou participar, também publico por lá alguns minicontos de temática sobrenatural e novidades sobre o que tenho feito na área literária. Para acessar, o endereço é oadversario.blogspot.com.br.

Sabemos que todo autor é, também, um leitor compulsivo. Sente-se inspirado por algum autor? Tem um livro preferido? ML: Um só não dá. Como vejo mais filmes do que leio livros, meu texto acaba recebendo mais influência do cine__

Atualmente, como está sua produção literária? Alguma novidade que possa nos adiantar? ML: Sim. Meu terceiro romance, “O Terraço e A Caverna”, foi premiado em 2015 num concurso literário e deve ganhar as ruas ainda este ano, espero. Trata-se de uma fantasia, quase fábula, envolvendo uma menina autista rica e um menino paraplégico pobre. Duas crianças. Os dois nunca se viram, mas vão se conhecer pela internet, que é o único contato que a menina mantém com as pessoas. A história se passa quase que inteiramente dentro da cabeça dessa menina, e é uma variação sombria de “Alice no País das Maravilhas”. E atualmente estou fazendo a revisão de meu quinto romance, que é o primeiro volume de uma trilogia chamada “As Fronteiras”. Trata-se de uma saga envolvendo vampiros, demônios e outros seres fantásticos, universos paralelos e sociedades secretas.

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ESTANTES QUATRO LIVROS PARA LER ANTES DE VER OS FILMES EM 2017!

Separamos 4 livros que você tem que ler antes de ver suas adaptações para o cinema este ano. Preparado? Confira! Extraordinário R. J. Palacio

August Pullman, Auggie, nasceu com uma síndrome genética cuja sequela é uma severa deformidade facial com diversas cirurgias e complicações. Por isso, ele nunca frequentou uma escola de verdade... até agora. No elenco, Julia Roberts e Jacob Tremblay. A Cabana William P. Young

O livro conta a história de um pai que passa por um terrível trauma e vai para uma cabana, onde o incidente aconteceu, para tentar curar-se. A Casa Torta Agatha Christie

Um dos títulos favoritos da própria autora, conta a história de um idoso muito rico que morre em sua própria casa – torta. O assassino pode ser qualquer membro de sua família.

DANKA MAIA: DANÇA E SENSUALIDADE Por Helena Souza Danka Maia, escritora de Cabo Frio, concedeu uma entrevista onde fala um pouco sobre seu livro “Blanka – O Destino a Marcou pelo Sangue”, história de uma cigana que sonha em ser bailarina profissional e, claro, falou a respeito de seu sonho: escrever mais histórias! Em poucas palavras, quem é Danka Maia? Danka Maia: Quem sou eu? Uma rainha no meu mundo, uma mendiga no planeta. Uma definição? Eu sou intensa por natureza. Alguém que conjuga o verbo escrever no lugar do existir. Filha, mãe, professora, amiga. Quase cinéfila. O quanto de Danka tem em Blanka? DM: Blanka foi uma das minhas primeiras personagens. Foi no começo da minha escrita. Ela tem muito de mim sim. Ela não se intimida facilmente. Ela encara o sofrimento com nobreza. Ela não se faz de coitada. Mas, ao mesmo tempo, ela é tão diferente de mim (risos). É engraçado até explicar isso, porém o personagem tem, sim, essa disparidade conosco. É uma pessoa a par e ao mesmo tempo tanto de nós. Como se sentiu quando finalizou o processo de pesquisa para o livro “Blanka – O Destino a Marcou pelo Sangue”? DM: Até hoje colho os frutos dessa pesquisa. Vez por outra um leitor vem me perguntar: “Você tem origem cigana?”, “Você é cigana?”. Nesse momento eu sei que toda pesquisa envolvida em Blanka valeu muito à pena. Tenho a sensação de dever cumprido. Blanka foi o livro que até hoje mais envolveu pesquisas. Quase um ano e meio para que eu pudesse estudar a cultura Romani, que é muito rica, mas muito sigilosa, e daí poder acoplar à minha trama da melhor maneira possível. Eu sinto que cumpri meu dever com Blanka. Houve alguma influência significativa na hora de escrever a história de Blanka? DM: Não. Eu tenho muitas ideias. Blanka foi uma das que amadureci para elaborar o enredo. Nasceu então a história da cigana que tinha como maior sonho ser uma bailarina clássica, mas sem

Deixe a Neve Cair J. Green, L. Myracle e M. Johnson

Na noite de natal, uma tempestade transforma uma pequena cidade num inusitado refúgio para encontros românticos. Três hilários e encantadores contos de amor, com direito a surpreendentes armadilhas do destino. O amor verdadeiro pode acontecer onde menos se espera! ■

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saber que o Destino havia escrito para si algo muito maior. Mas Blanka trouxe algo a mais para mim; por causa dela, chamo meus leitores de minhas ciganas e ciganos. Ela me trouxe esse rico presente. Qual de seus livros marcou mais ao ser escrito? DM: Difícil escolher um, sabe. Cada livro é um processo, é uma gravidez, mesmo. Com cada um eu tenho uma história, algo marcante, seja durante a escrita ou lançamento. Mas, se tenho que citar um, citarei dois. O mais recente, “O Rei – Sedutor, Insaciável e Único”, e “Ikanaton”, que ainda estou escrevendo com lançamento previsto para este semestre. Ambos foram desafiadores para mim. E o desafio é algo que marca muito. “O Rei” porque considero o meu primeiro livro com temática hot, e “Ikanaton – O Príncipe Perverso do Deserto” porque é um romance que se passa em 2042. Erotismo e irreverência na escrita que ainda não posso contar qual é. Em sua opinião, qual é a fórmula para um bom personagem? DM: Eu sigo a premissa da poética de Aristóteles, que é ainda nos dias de hoje a grande bússola para os escritores e roteiristas. Um personagem precisa ter três quesitos básicos: Empatia, simpatia e antipatia. Se essas três ca__

racterísticas não estiverem nele ou no que ele se propõe, não irá funcionar. Porque fazê-lo humano, ou seja, o mais realista possível, é um grande desafio e a certeza de que você está num bom caminho perante os seus leitores. Qual gênero prefere escrever e ler? DM: Escrever eu prefiro romance e suspense. E ler, eu prefiro suspense e biografia. Existe algum desafio a ser cumprido na escrita? DM: Muitos. Ser escritor é galgar um passinho de cada vez. Eu quero ir para uma grande editora, criar uma solidificação no meu nome como escritora nacional, escrever roteiros, e um dia eu trarei o Oscar de melhor roteiro para o Brasil. Quando? Não faço a menor ideia. Só sei que hoje estou mais perto de cada uma dessas metas do que ontem, e amanhã certamente estarei mais perto do que hoje. Mensagem para os novos leitores? DM: Permitam-se! As melhores surpresas da vida nascem quando nos permitimos. Eu me sinto lisonjeada em ter o carinho das leituras de vocês. Agradeço de todo meu coração pela rica oportunidade em ter sido recebida aqui e poder falar de minha cigana Blanka e do meu trabalho. Deus abençoe a todos! Fui! ■


TC MORSELLI: FICÇÃO E MISTICISMO NUMA SÓ PESSOA Por Maria Lygia

pela forma com que o mundo e as pessoas se desenrolam. Talvez tudo seja uma influência sobre a nossa escrita, afinal de contas, em cada texto acabamos deixando marcas muito pessoais, quase autobiográficas.

Professora, escritora e taróloga. Uma escritora com talento, que veio para ficar na literatura nacional. Conheça um pouco do trabalho de Morselli, principalmente do livro “Espelho”, e você confere agora nesta entrevista ex- Conte-nos mais sobre “Espelho – clusiva que a autora deu para nossa Um Conto Funerário”. TCM: “Espelho” foi escrito depois de revista! Confira! uma transição tremenda que passei – Conte-nos: Quem é TC Morselli e o eu sempre digo que sou uma pessoa que a levou a escolher este pseudô- que aprende por crises. Ele é uma conversa entre a ex-esposa e a ex-animo? TC Morselli: T.C. Morselli é meu nome. amante de um sujeito que morreu. De Tathy Carolina Morselli. Como é um no- ____

te mundo místico? TCM: Ele é antes de tudo uma brincadeira com um conto de fadas bem conhecido das crianças. Nesse texto, a minha experiência como taróloga teve um papel grande, porque tantas vezes pessoas buscam por esse auxílio, esse trabalho, e têm medo do que podem ouvir. Muitas vezes, o que temos é uma confirmação de pensamentos, o que talvez tenha acontecido com essa personagem. Claro que ainda há muita mística em volta das cartomantes e do seu trabalho, mas, no geral, o cerne é buscar os melhores conselhos e cami_

me um tanto incomum, resolvi abreviar para ser mais fácil de pesquisar ou de “guardar”. Eu sou professora, escritora e taróloga. Embora sejamos um cristal de muitas faces, para a escrita e minhas obras de ficção resolvi partir para meu nome mesmo para colocar nos escritos. Não queria que a face mística ou esotérica fossem o foco, mesmo porque, desse lado, eu já tenho um trabalho estabelecido. Talvez tenha sido uma forma de fazer um novo começo. Qual a origem de seu nome artístico Pietra di Chiaro Luna? De onde surgiu a inspiração por trás dele? Qual o motivo de não usá-lo para referir-se enquanto escritora de livros e comtos? TCM: Pietra di Chiaro Luna é um nome eu adotei desde 2000 e ele me serve nos escritos, vídeos e palestras sobre Bruxaria Italiana e Tarô – tenho inclusive um canal no Youtube abordando estes assuntos todos. Mas, como escritora de ficção, não achei que cabia exatamente a faceta da bruxa... Pode ser estranho, mas talvez as coisas caibam em lugares diferentes. Não acho que, no momento em que minha escrita está, ela precise estar ligada ao nome ou àquilo que Pietra promove, mas à essência dos textos em si. E Pietra veio como uma homenagem aos meus avô e bisavô, que tinham esse nome. O que é, e como o fato de seus pais serem rosa-cruzes influenciou em sua formação enquanto pessoa? Isso refletiu em sua escrita? TCM: Influenciou em minha formação como pessoa, claro, e numa forma de enxergar a vida e aquilo que é metafísico. O entendimento que o divino está no que se acredita e não naquilo que é imposto, por exemplo, é bastante libertador e permite que a curiosidade ___

ACONTECEU 3ª FEIRA DO LIVRO LIVRE EDITORA ILLUMINARE

Aconteceu, no dia 05 de maio, a 3ª Feira do Livro Livre, da Editora Illuminare, em Buenos Aires. O local foi o Centro Cultural Brasil Argentina, na cidade de Buenos Aires, dentro da Embaixada Brasileira do Brasil na Argentina, às 19h. Houve lançamentos de livros, entre eles: Coletâneas: 1. Gritos de Revolta 2. Escritos de um Verão 3. Mulheres Fatais 4. Espinhos e Rosas

fato, uma pessoa como aquela havia morrido na minha vida e fiquei imaginando o que seria ter uma conversa honesta com “a outra” naquele momento de final. Será que ela havia passado pelo mesmo que eu? Talvez melhor, talvez pior... O fato é que essas experiências passam pela vida da gente e o diálogo interno, por vezes, gera uma boa história. Quais seus autores favoritos e de que forma eles influenciam em seus escritos? TCM: Amo José Saramago. Pela forma não ortodoxa de escrever. Pela visão de mundo que tinha e, claro está, busco alguns de seus recursos quando deito palavras no papel. Ainda sou muito fã de distopias pela visão tão à frente que os autores demonstraram, e aí estão Aldous Huxley e George Orwell. Por fim, não tenho como não mencionar a saudosa Harper Lee e o delicado “O Sol Nasceu Para Todos”. Em muitas entrevistas você cita ser uma Bruxa Italiana. Como isso influenciou nos livros que escreveu? TCM: Eu sempre digo que ninguém tem culpa da minha inclinação espiritual, então, embora em alguns momentos ser pagã e ter alguns conhecimentos esotéricos possam tocar meus textos, eles não são temas exatamente da minha escrita. No livro “Quem Tem Medo de Cartomante”, você narra uma mãe em desespero por seu filho que busca auxílio de uma cartomante. O título sugere o preconceito e desconhecimento da população acerca des_

nhos para as situações que já estão postas na vida das pessoas. Qual o segredo de Henrique Seixo? Por que ele se sentia tão agoniado? (Risos) Estou curiosíssima para saber! Diga-nos, como foram os processos da escrita dos livros? TCM: Henrique Seixo, o pedreiro, matou e emparedou a companheira. Mas nunca conseguiu livrar-se dela. Escrevi esse conto baseado numa história real, que havia ouvido num telejornal “jorra sangue”, e que impressionou deveras. Então, fiquei pensando em como uma pessoa como ele poderia conviver num lugar sabendo que aquela mulher estava ali. Há anos! No geral, eu busco as minhas inspirações no mundo em volta. A crônica “Joaninha”, por exemplo, que foi publicada em uma antologia pela editora Canal 6 em 2015, conta uma experiência que tive com meus alunos de 5 anos na época. O mundo tem de tudo. E a vida de cada pessoa daria um “Grande Sertão”, tenho certeza! Mensagem para os leitores! TCM: Acredito que ler e escrever são ferramentas de um poder imenso. Abrem portas, janelas e frestas. Oferecem a chance de ir além de nossas percepções ou de colocá-las em forma que também ou talvez sejam relevantes. Assim, eu digo que honrem suas professoras de primeiro ano – alfabetização quando o fiz – e leiam e escrevam. Encham-se de palavras, e depois esvaziem em páginas. É uma possibilidade de olhar o que estamos pensando e ajustar os cursos necessários. Obrigada pelo tempo e atenção de vocês, queridos leitores da revista Geração Bookaholic! Um abraço! ■

Divulgação de livros solos Illuminare com a presença de seus respectivos autores: 1. Microcontos ecléticos (Fernando Nunes) 2. From My Heart – Biografia de Agatha Christie (Tito Prates) 3. Coisas de Menino (Alexandro Braoios) 4. Microcontos cruéis (Rô Mierling)

Presença especial dos escritores e contistas: 1. Carlos Asa 2. Cecília Torres 3. Valéria Gravino

A entrada foi gratuita e a programação incluiu a apresentação das obras, apresentação do evento e dos autores, bate-papo entre autores e leitores, distribuição de mais de 50 livros para leitura gratuita e distribuição de brindes literários. ■

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ESTANTES ACONTECEU! 5 ANOS DE ENCONTRO DE FÃS DA TRAVESSA

Ocorreu na Livraria Travessa o V Encontro de Fãs da Travessa, um evento literário promovido pelo blog No Meu Mundo em parceria com a Livraria Travessa do Barra Shopping e do blog Reino Literário BR.

Foram quatro horas de evento repleto de muita informação, brindes, e a presença de um time especial de autores: 1. 2. 3. 4.

Marcus Barcelos Letícia Black Janda Montenegro Janaína Rico

O evento começou às 14h, foi um sucesso e muita gente ganhou brindes, que estão expostos nas fotos aqui!

DÉBORA FALCÃO: CULTURAS EGÍPCIA, HEBRAICA E CUXITA NUM ÚNICO ROMANCE! Por Flora DeAbaco

primeiro deles.

Após trabalhar com afinco nos dois primeiros livros da Saga Cidade de Cristal (ver entrevista completa sobre eles na Edição #1 da Geração Bookaholic), a autora Débora Falcão se dedica a mais uma série. O trabalho é paralelo, e não influencia em outros projetos da autora, e ela afirma que continuará todas as séries e livros que se propôs iniciar. “Tenho muito prazer em escrever, e sou hiperativa nessa área; meu cérebro não para de me dar ideias e minha ‘antena’ não para de captar novas histórias”, afirma a autora. Um desses projetos, a série “Protagonistas Esquecidos”, conta histórias de personagens que foram importantes em grandes histórias bíblicas, mas que sequer têm seus nomes citados, e são esquecidos pela maioria das pessoas. E é sobre essa série que conversamos com a autora, e você confere agora!

Para escrever “A Princesa de Cuxe”, o primeiro livro dessa série, você teve que pesquisar muito a cultura desse povo. Como foi esse trabalho de pesquisa? DF: É verdade. A pesquisa iniciou-se na própria Bíblia, mas é muito escassa. Não há informações sobre a esposa cuxita de Moisés, apenas a citação dela. Sabemos que o Reino de Cuxe compreendia o Reino da Núbia, e que esse _

Como foi que surgiu a ideia de escrever “Protagonistas Esquecidos”? Débora Falcão: Bem, eu sempre tive vontade de escrever sobre personagens dúbios, ou personagens que causavam curiosidade ou polêmica. Quando, em 2016, eu estava assistindo a uma cena de novela, “Os Dez Mandamentos” da rede Record, percebi que um erro foi cometido. Colocaram uma cena em que a irmã de Moisés, Miriam, tivera problemas pessoais com a sua esposa, Zípora. Mas, no capítulo 12 de Números, fica claro que a esposa em questão não é Zípora, que era natural de Midiã, portanto, midianita. A esposa à qual era mencionada naquele episódio era uma mulher natural do Reino de Cuxe, portanto, uma mulher cuxita. E o Reino de Cuxe e a cidade de Midiã estão geograficamente em lugares distantes, não podia se tratar de uma mesma pessoa. Naquele momento, senti como se a própria esposa cuxita de Moisés pedisse uma reparação. Não que ela aparecesse para mim, nada disso. Apenas senti que aquilo foi injusto, e que a mulher citada merecia ser protagonista de sua própria história, e não uma mera casualidade, ou um tropeço para a história de outra pessoa. Foi aí que surgiu a ideia da série, e acabei fazendo uma pesquisa que me deu mais protagonistas esquecidos em vários episódios bíblicos. “A Princesa de Cuxe” é o _

Fique ligado no blog para não perder o próximo encontro. Muita coisa legal rola por lá... #FicaDica! ■

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Geração Bookaholic – Sua Revista Literária

nome “Cuxe” se refere a uma terra específica, colonizada pelo filho de Noé com o mesmo nome após o Dilúvio narrado na própria Bíblia. Fui em busca de descobrir em que época mais ou menos Moisés viveu no Egito, e como poderia ter sido esse encontro dele com essa esposa. Há algumas pistas nos livros de Êxodo, Números e Deuteronômios, três dos cinco livros que formam o “Pentateuco”, ou seja, os cinco primeiros livros da Bíblia que correspondem à Torá hebraica. Mas também fui em busca de informações na Midrash da cultura judaico-hebraica, e, é claro, na cultura da própria Núbia. Nesse tempo, a Núbia estava subordinada ao Egito, era território egípcio, e portanto, pertencia ao Faraó, apesar de ter um rei próprio. Então, as pesquisas para este livro envolveram todas essas culturas antigas. Por que “Princesa de Cuxe”? Você acha que a esposa de Moisés foi uma princesa? DF: Na verdade, não. Não sei exatamente quem foi esta esposa. Mas essa foi uma escolha que fiz para o personagem. Quando pesquisei sobre a cultura cuxita, descobri que muitos nobres núbios enviavam seus filhos e filhas para estudar no Egito, junto aos nobres egípcios. Algumas das moças inclusive serviam de dama de companhia das esposas do Faraó e outros nobres que viviam no palácio. Então, como Moisés não passou tempo viajando em toda a terra do Egito enquanto duraram as pragas, e provavelmente ele ficou todo este tempo na capital, provavelmente ele conheceu sua esposa cuxita numa situação semelhante. Provavelmente, sua esposa era filha de nobres ou de um rei. Escolhi a segunda opção. Mas poderia ter escolhido outra situação.

Neste livro, pelo que pude perceber nos capítulos disponíveis em seu blog para degustação, você exalta a beleza feminina da mulher negra (cuxita) e também a cultura Núbia e Egípcia. Você tinha esse objetivo quando começou a escrever? DF: Não. Isso veio naturalmente. A mulher negra não é diferente da branca, da parda, da asiática ou qualquer outra. Ela é, em minha concepção, simplesmente mulher, e como todo ser humano, deve ter suas qualidades _

exaltadas. Vivemos um período de empoderamento feminino, mas não o fiz com esta intenção. Simplesmente acredito que a esposa cuxita de Moisés era linda e poderosa, a ponto de ele se casar com ela e levá-la consigo quando saiu com o povo hebreu do Egito. Descrevê-la era como descrever qualquer outra mulher, exaltando sua beleza. Não foi proposital por ser negra ou outra coisa. Era uma mulher bonita, e sua beleza foi exaltada. A intenção do livro é mostrar como, em minha concepção, essa mulher vivenciou e visualizou, através de sua própria concepção de mundo por causa de sua cultura, como as coisas aconteceram naqueles dias. E é isso o que o leitor vai encontrar. Quando o livro será lançado e como os leitores poderão encontrá-lo para venda? DF: Ele será lançado ainda este ano. A previsão era para este semestre, e estou correndo para que isso aconteça. Será lançado nos formatos físico e digital, e a compra só poderá ser feita através da internet, na plataforma “Clube de Autores” (físico e digital), e “Amazon” (apenas digital). Alguns dias após o lançamento, poderá também ser adquirido em formato digital pelos sites das livrarias Cultura e Saraiva. Por enquanto, como você mencionou, todos podem degustar lendo o prólogo e os três primeiros capítulos de forma gratuita, disponível em meu blog, o EstradaEscrita.blogspot.com. Espero que tenham gostado da ideia e da história. Garanto que não irão se arrepender de lê-la. É um lindo romance entre uma mulher e um homem de culturas semelhantes, que vai deixar qualquer leitor apaixonado. ■


JOHANN HEYSS: ÀS VEZES O BURACO É MAIS EMBAIXO! Leilah Accioly “Amanda bateu o olho em Lauro e achou presa fácil”. O leitor ou leitora bate o olho em “Às vezes o buraco é mais embaixo” e acha o livro fácil. Depois, direto. Depois, duro. Depois, seco. Depois, sexo. Depois, estranho. Depois, inexplicável. Mas só há um adjetivo capaz de sintetizar esse romance de Johann Heyss: surpreendente. De uma fase à outra dessa história-game, em que os personagens têm seus papeis muito bem definidos e bem distribuídos, em que a progressão das dificuldades se dá em sequência tão correta quanto esfuziante, em que os pontos e vidas são ganhos e contados um a um na cadência da inclemência própria do jogo, a surpresa, que é aquela que só se revela num difícil final, vai sendo cautelosa e friamente gestada. É aquela que te pega, entontece e liquida num golpe baixo. Nada fácil de levar. Com uma aura de virgindade, o buraco vai se abrindo pouco a pouco. O terreno é tateado for the very first time pelo autor, que nos entrega uma corajosa versão tarantinesca de romances de banca de jornal para mocinhas sonhadoras. O clássico “boy meets girl” (ou seria meats?) é pervertido até o talo, até que não sobre pedra sobre pedra desta efêmera construção que é qualquer relação. Mas há total, diria, brutal coerência na trajetória desta, à semelhança de uma bala na cabeça de um suicida. O buraco da __

existência na aurora deste século 21, esquadrinhado por meio dos tipos antagônicos que se encontram – o rapaz vegano ingênuo/idealista e a moça herdeira de um império agropecuário politicamente incorreta e fútil – não tem “entre”, não tem zona cinza e por isso mesmo, engendra-se o imprevisível. O ritmo é violento, resfolegante, intenso. O ambiente, claustrofóbico. Estética do choque forja_

da à pólvora substantivada. A obra é um coquetel ardente de webwriting, thriller erótico noir, João Ximenes Braga, literatura beat. É, ainda, um quadro de Toulouse-Lautrec se o pintor francês perambulasse por um Starbucks nova-iorquino, ou um filme de John Hughes se o cineasta oitentista tivesse a missão de radiografar tipos hipsters da era que começa arrotando a decadência ideológica do século 20 e tentando, sofregamente, apontar um futuro novo, onde o indi__

vidualismo e coletividade se abraçam e se entendem, finalmente. “Às Vezes O Buraco É Mais Embaixo” é este livro que passa na Sessão da Tarde do canal Inferno, sem dar solução para os dilemas morais, éticos, sentimentais destes tempos confusos em que nunca se clamou tanto por SENTIDO. É um livro sentido em cada nervo, é um livro-obsessão. É sobre, antes de mais nada e depois de tudo, um tema tão caro à literatura universal: a fragilidade humana. ■ Leilah Accioly é poeta e jornalista. Johann Heyss é músico, já lançou três CDs. É também um escritor renomado na área de numerologia, já lançou cinco livros, e é tradutor de vários livros conhecidos internacionalmente, como a série “Chamado da Deusa”, de P.C. Cast, e a série “House Of Night”, de P.C. e Kristin Cast. Para saber mais sobre o livro “Às Vezes O Buraco é Mais Embaixo”, de Johann Heyss, acesse o site da Editora Patuá: - EditoraPatua.com.br Você também pode encontrar o autor através de seu blog pessoal, o www.heyss.blogspot.com, onde você poderá encontrar mais sobre seu trabalho como músico, seus livros, seu trabalho na numerologia e no tarô, entre outras coisas. Acesse e saiba mais! ■

CONHEÇA A “LITGIRLSBR” E O “PUNCH! FOR WRITERS”! Por Renata Frade Primeira multiplataforma de literatura nacional para jovens no Brasil, projeto pertencente à “Punch! For Writers”, a LitGirlsBR já lançou um livro com vários bônus digitais: “O Livro Delas”, que conta com a participação de nove autoras de reconhecimento nacional – você confere a entrevista com cada uma delas na capa desta edição. O projeto LitGirlsBR surgiu da necessidade de se utilizar várias plataformas diferentes para se publicar um livro, incluindo algumas mídias de interesse do público leitor, com bônus digitais para atrair esse público. O primeiro livro lançado nestes termos, “O Livro Delas”, através do selo Fábrica231 da Editora Rocco, __

já está à venda em todas as livrarias do Brasil, e seus bônus digitais também já estão disponíveis para os leitores. Nos últimos anos, a equipe da Punch! tem sido cada vez mais procurada para auxiliar escritores, independente do gênero literário, ou de quantos livros autopublicou, ou publicou por editoras. Por isso o Punch! For Writers é o produto mais completo e especializado do Brasil de construção de marca, comunicação estratégica para todos os públicos e formadores de opinião, criação, manutenção e engajamento de leitores em plataformas (sites, blogs, mídias sociais, games), além de tecnologias como aplicativos, Mobile Learning, bilbiotecas virtuais e livros digitais para __

escritores. Mas, para quê serve a “Punch! For Writers” exatamente? Vivemos um cenário de intensa autopublicação em diversas plataformas. O fandom literário está mais aceso do que nunca; todo mundo que lê hoje quer escrever, além dos blogueiros e vlogueiros. Ter uma presença digital é mais do que uma obrigatoriedade, mesmo para os escritores premiados pela crítica.

O leitor sempre foi inteligente e hoje está mais exigente do que nunca; quer saber mais sobre o universo narrativo, processos de criação e detalhes biográficos do autor querido em múltiplos canais de comunicação. Se um escritor tem um site em determinado padrão, muitos autores pensam que basta fazer como ele, e acabam divulgando suas criações de um jeito semelhante, sem identidade.

E é aí que entra o trabalho da Punch! For Writers, construindo uma identidade importante para o autor, para que ele se destaque entre tantos e tantos autores presentes nesse mesmo universo digital. ■

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CONTRACAPA

PÁGINAS AO VENTO

Por Helena Souza

Por Ane Karoline

Liberdade é Pouco! Quando ideias se tornam como peixes saltitantes Não sei quantas pessoas já puderam ver fotos ou até mesmo presenciar a cena de peixes subindo o rio. São muitos pulando juntos, surgindo de todos os cantos e até mesmo trombando um no outro. Por isso não encontrei metáfora melhor do que essa para falar sobre quando nossa cabeça tem tanta ideia bacana que não conseguimos nos concentrar. Estamos escrevendo um romance, mas a ideia para uma fantástica aparece, só que então nos lembramos daquela aventura que começamos e não conseguimos continuar. Aquele policial que montamos o roteiro começa a fazer cócegas nas mãos. Por fim, nada sai. Como conseguir se concentrar em uma história, sendo que tantas ficam rondando o criativo? Parece impossível conseguir organizar tantas ideias. Ainda mais quando a ansiedade bate. O mais importante é respirar. Sim. Se não consegue decidir o que fazer primeiro, respire. Respire lentamente quantas vezes precisar. Take your time. Pegue um caderno ou abra um documento no computador. Escreva sobre as histórias que quer contar. Decida qual precisa ser feita primeiro e faça uma sequência. Separe um período do seu dia para escrever. Dedique quarenta ou sessenta minutos para cada história. Terminou o tempo? Passe para a próxima. E siga o ritmo até quando quiser. Se cansar, não se explore. Levante, tome uma água, coma um bolo. Respire. Assista uma série. Vá dormir. As ideias podem até ser como peixes saltitantes, mas, diferentemente dos reais peixes, podemos organizá-las. Fazer com que elas deixem de pular por aí e comecem a nadar ordenadamente. A bagunça que elas podem causar na cabeça é capaz de impedir o desenvolvimento de todas as histórias. E não é isso que queremos. Cada um consegue, conforme o passar do tempo, montar seu próprio esquema para controlar as explosões de criatividade que acontecem. Se ainda não teve uma, pode confiar que um dia terá. E quando o dia chegar, espero que consiga lidar bem com ela. ■ 12

Geração Bookaholic – Sua Revista Literária

Ontem ninguém me ligou. Eu só percebi isso hoje quando, por sinal, alguém me ligou. Foi o maior susto, porque quase ninguém me liga e eu, também, quase não ligo para ninguém – me importo com um monte de gente, mas não ligo para elas. Por isso hoje, quando o telefone tocou, me espantei. Assombro gostoso é esse de quando a gente é tomada no susto porque não estava esperando nada e nem ninguém. Não que eu seja desesperançosa, pelo contrário, eu espero por um monte de coisas: ganhar na loteria, a descoberta da cura do câncer e que minha vizinha responda ao meu bom dia. Mas não espero por ninguém, não estou esperando por ninguém. Não espero que ninguém a-pareça, que ninguém fique e, muito menos, que ninguém volte. E não é por falta de gente, tem muita gente que vale à pena. Inclusive eu amo muita gente vividamente: sem dúvidas, sem ‘poréns’, sem julgamentos e sem fingimento. Mas não preciso ligar para essas pessoas para amá-las. Ontem, no domingo, não liguei para ninguém e continuo amando um monte de gente. O que acontece comigo é que eu sou livre. Não alimento nem crio relações baseadas em dependência – física ou psicológica. Eu digo isso sempre que eu conheço alguém: eu sou um espírito livre. As pessoas desacreditam disso, até perceberem que eu não atendi ao telefone por estar muito entretida com um céu, um filhote de cachorro ou uma canção. A ausência de minha ligação não é desleixo, é harmonia: imagina se te ligo e te roubo da primeira festa de aniversário de sua prima caçula? Não ligo, não. Inclusive, antes de ontem eu só fiz uma ligação, para a pizzaria. Tampouco falei com nenhum dos meus amigos e até hoje não sei o que estavam fazendo, mas lembrei deles: minha amiga, que gosta de pizza de banana, me ensinou a comer pizza doce – e foi uma dessas que pedi, quando liguei para a pizzaria. Isso não tem preço, digo, essa oportunidade de estar ligado a alguém sem estar preso. Estou ligada à minha amiga fã de pizza de banana, sempre vou me lembrar dela quando vir uma pizza doce, mas posso aproveitar uma pizza doce sem estar fisicamente com ela. Esse é o meu fascínio com a liberdade: nos abre portas para conhecermos o mundo. Por ser livre é que tudo me cativa. De alguma forma, tudo que vejo, ouço, leio, me constrói um pouquinho mais, mas sem me amarrar. É por não estar amarrada por certezas que me permito aprender mais. É por não estar presa a ninguém que me permito ver as pessoas além de olhá-las. É por não estar presa a uma personagem que me é possível reinventar quem sou. Funciona de um jeito tão natural que me seria impossível de explicar com fidelidade, mas é mais ou menos assim: eu achei que não gostava de sushi, não entendia a lógica de comer um peixe cru, mas um alguém muito gentil me levou para comer e, apesar de desconhecido, eu provei. Agora eu gosto de sushi. O desprendimento de minha alma me abre portas, oportunidades, e a mente. Foi por isso que mais um dia se passou sem que eu percebesse que ninguém havia me ligado: estou ligada a um monte de gente, mas ontem não as vi nem falei com elas, porque eu estava conversando com outras pessoas e provando caldo de abóbora pela primeira vez. Também não esperei que ninguém me ligasse porque certeza é uma cela da qual estou liberta. Jamais quero ter a certeza que alguém vai me ligar – imagina se alguém me liga por obrigação? Em nome de tudo o que é mais sagrado: não quero. Eu sei que é um choque, eu mesma me assustei quando percebi que não sou grudada com nada, mas já aceitei a autonomia do meu ser e, ainda, quero mais. Quero ser sempre mais livre do que fui no minuto anterior. Quero ser sempre solta, leve, e receber ligações de alguém que me liga porque, realmente, anseia em falar comigo, não para mostrar isso. Quero uma soltura de uma forma tão singular que chego a pensar que liberdade é pouco, o que eu quero ainda não tem nome. ■


LETRAS FANTÁSTICAS Por Roberta Costa

REDESCOBRINDO O BRASIL Por Débora Falcão

“Ácido & Doce – A Rosa Fatal” A cada edição eu escolho um nacional que me chamou a atenção para falar um pouco sobre ele aqui. Nesta edição, trago “Ácido & Doce – A Rosa Fatal”, do autor Raphael Miguel, lançado pela editora Xeque-Matte (que, com seus lançamentos, vem ganhando cada vez mais espaço e leitores fiéis!). Tive o prazer de ler o prólogo e os capítulos iniciais dessa obra e fiquei bastante curiosa, já ansiosa para ter o livro em minhas mãos e finalizar a leitura! Logo no início somos apresentados a dois jovens muito amigos, Lívia e Alejandro, que acabam tomando caminhos diferentes justamente quando Alejandro tenta se declarar. O tempo passa e conhecemos um Alejandro já adulto, um homem ambicioso e com um cargo de destaque em uma empresa de seguros. Esta ambição e algumas ações em seu ambiente de trabalho nos indica um caráter bastante duvidoso. Conhecemos também Eveline, uma mulher extremamente sensual e decidida, sedenta por vingança e que parece não medir esforços para concluir seus planos. Eve chegou (ou seria “voltou”?) ao Brasil há pouco tempo e tratou logo de conseguir um lugar para ficar. Como? Usando sua sensualidade da melhor forma possível. Segura de si, tinha certeza de que não seria um trabalho difícil. Tudo leva a crer que Alejandro e Eveline terão seus destinos cruzados. E levando em conta suas personalidades fortes e o fato de não medirem esforços para conseguirem o que almejam, tudo poderá acontecer...

O tom de mistério está presente praticamente desde o início da trama e me envolveu completamente. Tudo indica uma história extremamente sensual e com cenas quentes. O enredo sugere muito suspense, paixões e reviravoltas, que prenderão o leitor a cada linha lida, parece mesmo que o autor acertou em cheio. Uma das coisas que mais me chamou atenção neste livro foi o fato de conter cenas hots. Estou tão acostumada a ler livros com cenas eróticas escritas por autoras que fiquei me perguntando se tais cenas seriam abordadas de uma perspectiva diferente se escritas por um autor. Pelo pouco que tive acesso, acredito que Raphael Miguel nos presenteará com cenas muito bem escritas. Sabem aquela história de que às vezes você pega um livro e outras o livro é quem pega você? Então, fui completamente enlaçada por “Ácido & Doce” e já estou me debatendo inteira para continuar a leitura e descobrir seu desfecho! ■

A Antena e A Nuvem de Histórias Escrever. Uma arte que faz de nós, escritores, eternos amantes das letras e dos diversos mundos que criamos. Mundos em que mergulhamos de cabeça, nadamos, nos envolvemos, nos apaixonamos. Conhecemos nossos personagens como se fossem pessoas da família, e convivêssemos com eles há anos. Como um filho, um irmão, um marido, um pai. É assim mesmo, escrever é como desnudar de dentro de nós mesmos uma outra família, que ninguém tinha conhecimento até aquele momento. Uma coisa que acontece sempre com os escritores, e que posso perceber através de entrevistas e conversas, é que, muitas vezes, não temos controle sobre aquilo que escrevemos. O universo criado é tão real que se move sozinho; o personagem é tão verossímil e tão forte que toma suas próprias decisões na trama e nas situações. É como se apenas captássemos a história e transmitíssemos aquilo que captamos, sem alterar seu conteúdo. É como se o autor, o escritor, tivesse uma antena, com a qual ele pudesse captar, como um rádio, o que está acontecendo em uma “nuvem” imaginária de histórias. Várias histórias são jogadas nessa “nuvem”, e os escritores acabam captando essas ondas, essas histórias, e as escrevem. Algumas vezes, as histórias vêm prontas para serem escritas; os personagens vêm complexos e completos em si mesmos; as situações já aparecem inteiras. Já em outros momentos, é como se a antena captasse apenas uma sugestão de uma história, uma ideia fragmentada na “nuvem”, e o autor tivesse de preencher os espaços. Isso talvez explicaria alguns assuntos que, de tempos em tempos, aparecem no mundo das artes, sem que um autor de determinada obra tivesse conhecimento do outro ou da arte do outro. Como por exemplo, quando um autor escreve sobre determinado assunto e, no mesmo período, um pintor pinta sobre aquele mesmo tema, e em outro lugar do planeta alguém esteja escrevendo uma música sobre a mesma coisa. A “nuvem” estava influenciando as artes naquele mesmo momento com a mesma ideia. Será? Não sei. Só sei que ter uma antena captando imagens, sons, ideias, histórias, é como ter um dom divino, angelical. É como ser um ser sobrenatural, que pode contar histórias a outras pessoas, captar suas atenções, mantê-las presas a um enredo que as levará a uma diversão e entretenimento sublimes. Não importa se há ou não uma “antena” ou uma “nuvem”. O que importa é que ser o contador, ou o inventor, ou o criador, ou mesmo o canalizador dessas histórias, é a coisa mais legal do mundo. Só quem é escritor sabe. ■ www.geracaobookaholic.blogspot.com

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Por Débora Falcão

Em 2016, a autora e produtora Renata Frade, da Punch! Comunicações – e também redatora e colunista de nossa revista – organizou pelo selo Fábrica231, da Editora Rocco, “O Livro Delas”, reunindo autoras nacionais de diversos estilos, com contos variados, incluindo policiais, sobrenaturais, chick-lit, romance, aventura, drama e denúncia social. São nove talentos da literatura nacional, que conquistaram corações e mentes de leitores, em um único livro de contos inesquecível.

Renata Frade, organizadora de “O Livro Delas” e responsável pelo projeto LitGirlsBr. A organizadora Renata Frade também é responsável pelo projeto “LitGirlsBr”, que visa aproximar escritoras e leitoras e fomentar o debate sobre literatura nacional. Um projeto que envolve multiplataformas, e que proporciona uma experiência literária completa para autoras e leitoras. Lançado em agosto do ano passado, “O Livro Delas” já alcançou diversos patamares nas estatísticas e está à venda em todo o Brasil nas melhores livrarias, além de poder ser adquirido também na Amazon e Saraiva na forma digital. A Geração Bookaholic conversou com as nove autoras do livro sobre este projeto ambicioso e ousado e sobre a organização de Renata Frade: “Participar da antologia foi um presente, sem dúvidas”, diz a autora Bianca Carvalho. “Participar de um projeto criado por uma pessoa que eu admiro e estar cercada de outras autoras que são minhas amigas pessoais e que eu respeito imensamente como profissionais, publicado por uma casa editorial tão forte, foi um grande feito em minha carreira.” “Participar foi gratificante e maravilhoso”, afirma a autora Carolina Estrella. “Eu tenho muito orgulho de participar dessa antologia, principalmente porque o projeto me estimulou a criar um conto que eu nunca imaginei que fosse escrever. É sempre bom sair da zona de conforto”. Chris Melo exalta o trabalho coletivo: “Trabalhos coletivos são importantes. É importante unir forças, apresentar aos meus leitores outras escritoras e ter a chance de ter meu texto nas mãos dos leitores delas.” “Foi através do LitGirlsBr que também pude me realizar mais uma vez como autora ao escrever meu primeiro romance epistolar”, completa Fernanda Belém.

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“Sou muito grata à organizadora Renata Frade pelo convite para integrar essa antologia”, diz Fernanda França. “O trabalho da Rocco ficou primoroso e fiquei muito feliz por dividir as páginas com autoras que eu admiro”. “‘O Livro Delas’ foi uma experiência muito legal”, diz Graciela Mayrink. “Foi um desafio, porque quis escrever uma história que estivesse à altura de ficar ao lado de escritoras maravilhosas e talentosas”. Leila Rego destaca o retorno dos leitores em relação à obra. “Os leitores têm retornado po-sitivamente. Torço muito pelo sucesso das outras autoras e para que o livro seja um sucesso entre os leitores”, conclui a autora. Lu Piras também destaca o trabalho de Renata Frade. “Tenho orgulho por fazer parte e muita gratidão à Renata pela concepção do projeto e organização da antologia”. Tammy Luciano, que já conhecia o trabalho da organizadora como jornalista, destaca a forma como o livro foi elaborado. “Sempre admirei como alguém que consegue colocar a literatura como notícia, como poucas pessoas fazem no mercado editorial. Fiquei feliz quando ela me convidou e esse projeto é dela, porque foi a pessoa que criou, organizou, e nós, autoras, nos tornamos parte dessa engrenagem que a Rocco publicou de maneira tão especial”, conclui Tammy. Um livro sem dúvidas bastante especial, e _

“Foi um desafio, porque quis escrever uma história que estivesse à altura de ficar ao lado de escritoras maravilhosas e talentosas” Graciela Mayrink por isso fizemos uma matéria também especial sobre ele, e trazemos para os leitores da Geração Bookaholic, em primeira mão, entrevistas com as nove autoras e com a organizadora Renata Frade. Conheça “O Livro Delas” através destas entrevistas. Confira!

Geração Bookaholic – Sua Revista Literária

Bianca Carvalho Aventurando-se Pelo Desconhecido

Bianca Carvalho, autora.

Um acidente de carro marca o primeiro conto de “O Livro Delas”, e você deu vida a Daniela, uma personagem um tanto quanto especial. Após o acidente, onde seu namorado e amigos morrem, Daniela é trazida de volta à vida pelos médicos, o que lhe causa um efeito colateral sobrenatural. Como foi criar esse personagem e mergulhar nesta EQM (Experiência Quase Morte), além de abordar o assunto? Bianca Carvalho: Eu acho uma delícia me aventurar pelo desconhecido. O sobrenatural nos proporciona liberdades na escrita, além de ser fascinante. Pesquisei muito sobre a EQM e as consequências para pessoas que sobreviveram a uma (inclusive, um dos meus filmes favoritos, “Linha Mortal”, fala sobre o tema, que sempre me deixou muito intrigada). Muitas relatam casos fantásticos, e foi aí que Daniela surgiu. Como uma jovem comum vivendo situações extraordinárias. É isso o que me fascina na literatura, essa possibilidade de brincar com a realidade, adicionando pitadas de fantasia em fatos cotidianos. O conto prende o leitor desde o início, dando uma sensação de mistério e suspense a todo o momento, com pitadas de informações que vão se encaixando ao longo dos parágrafos. Um estilo que você manda muito bem, e apesar de ser melhor recomendado para livros completos, você magistralmente condensou todo o mistério e suspense num conto de poucas páginas. Foi difícil trabalhar essa linguagem ou você se sentiu à vontade escrevendo o conto? Você já teve experiência nesas área? BC: Contos são desafios sempre. Já tinha escrito outras histórias mais curtas, mas nunca nesse estilo e nunca com um número estipulado de páginas. Então, sem dúvida foi uma missão das mais intensas. Mas acho importante que o autor siga sempre se desafiando, testando seus limites. Os leitores, durante a leitura, ficam na dúvida se o mocinho é mesmo o mocinho ou se é um vilão. Essa duplicidade de personagens sempre te atraiu no mundo da literatura/ficção? Como você vê o maniqueísmo nas histórias (quando temos sempre o bem contra o mal, ou simplesmente o bem é sempre bem, e o mal é sempre mal, preto no branco, sem espaço para o cinza, por exemplo)? BC: Sempre digo que a parte mais interessante de se escrever um livro é a construção dos personagens, pois o verdadeiro desafio é torná-los o mais verossímeis possível. Então, nada mais justo do que criá-los dúbios, já que o ser humano é assim. Temos nossas nuances, nossas camadas, e isso é o mais gostoso de se ter esse pequeno poder de criação no universo da nossa história; dar vida a pessoas que poderiam ser reais. O Allen, de “Ao Anoitecer”, é misterioso, tem um quê de perigo, o que o torna muito interessante. Assim como foi muito interessante criálo. Sobrenatural é uma linha que você segue já há bastante tempo. Como o “bichinho” do sobrenatural de pegou? O que te influenciou para este lado da ficção? BC: Sou fascinada pelo desconhecido, pela magia, pelo inexplicável. Sempre gostei de histórias, tanto no cinema quanto na literatura, que brin___


cassem com o fantástico, principalmente quando esse sobrenatural era inserido em um contexto realista. Por isso, decidi fazer o mesmo em minhas histórias. Como falei anteriormente, a fantasia nos proporciona possibilidades incríveis. Tenho muitas inspirações no gênero, mas a maior delas, sem dúvida, veio de Stephen King, que, aliás, me inseriu também na parte dark da minha literatura. Cito também aqui uma autora que eu acho sensacional, a Sarah Addison Allen, que brinca com a magia em suas histórias de uma maneira incrível. Como foi participar dessa antologia de contos, organizada por Renata Frade e publicada pela Rocco através do selo Fábrica231? BC: Foi um presente, sem dúvidas. Participar de um projeto criado por uma pessoa que eu admiro e estar cercada de outras autoras que são minhas amigas pessoais e que eu respeito imensamente como profissionais, publicado por uma casa editorial tão forte, foi um grande feito na minha carreira. O livro é lindo, tanto por fora quanto por dentro, e eu tenho muito orgulho de ser parte dessa obra incrível.

Carolina Estrella Inspiração e Desafio Violência doméstica. Um assunto que é abordado no conto “Os Seis Piores Dias da Minha Vida”, publicado em “O Livro Delas”. Foi difícil abordar assunto tão polêmico e, ao mesmo tempo, tão delicado, e que tem sido alvo de debates e discussões acaloradas nos últimos anos? Carolina Estrella: O mais surpreendente deste conto para mim foi o tema, porque eu escrevo para adolescentes há muitos anos, e não pensava em escrever nada sobre violência doméstica. Até porque nunca sofri nada parecido e nem conheço pessoas próximas que tenham sofrido; porém, ver o sofrimento em depoimentos sinceros de mulheres na internet mexeu comigo de alguma forma e me inspirou a escrever o conto. A princípio, eu não achei difícil falar sobre este tema porque já defendo a causa feminista há muitos anos, porém tentei escrever de uma forma leve e intensa ao mesmo tempo. Eu queria mostrar o sofrimento da mãe e da filha, porque nes__

Carolina Estrella, autora ses casos o jovem sofre bastante e, na maioria das vezes, internaliza este sentimento para continuar vivendo sem se desesperar e realizar ações mais sérias. Foi muito bom escrever este conto e poder chocar as pessoas para uma realidade super presente no nosso dia a dia e, ao mesmo tempo, mostrar que da tragédia pode surgir o amor e que nós não estamos sozinhos no mundo e devemos conversar sobre os nossos problemas antes que algo sério aconteça. Você é conhecida por livros e histórias leves, engraçadas. Então, em “O Livro Delas”, você surpreende uma parte de seus leitores com uma história mais densa, apesar de ainda se utilizar do bom humor. Você queria trazer esta história à tona dessa forma? Como se deu seu trabalho de pesquisa sobre o assunto? CE: Eu brinquei sobre esse assunto com as outras escritoras, que também se surpreenderam com o tema do meu conto, porque eu praticamente “cuspi” o conto no papel e gostei muito de contar essa história. Acho que era um sentimento que estava dentro de mim e precisava ser colocado para fora. Como tudo o que eu escrevo tem um ar cômico, o conto acabou entrando nessa onda e o resultado final ficou muito interessante porque eu tinha medo de escrever algo muito trágico e chocante, mas consegui fazer isso de uma forma leve. Creio que o narrador que eu criei contribuiu para dar esta leveza ao conto e aliviar um pouco a tensão dos fatos. Assunto sério e bom humor juntos num mesmo conto, apesar de tratar de maneira realista o tema central. Como foi usar essa dualidade? Foi difícil trabalhar o bom humor com um tema tão denso, sem desrespeitá-lo? CE: Eu acredito que não foi tão difícil para mim, porque eu já estou acostumada com isso em minha vida pessoal. Todos os problemas que eu enfrento ou problemas sociais que eu vejo, tento encarar de uma forma menos intensa para não me desesperar e procurar uma solução. Eu uso o humor e o cômico como uma forma de amenizar a realidade. É claro que há situações que não dá para fazer isso por completo, mas, na maioria das vezes, eu consigo. É uma espécie de autopreservação que acaba refletindo na minha escrita. Como foi participar dessa antologia de contos, organizada por Renata Frade e publicada pela Rocco através do selo Fábrica231? CE: Foi gratificante e maravilhoso. Eu tenho muito orgulho de participar desta antologia, principalmente porque o projeto me estimulou a criar um conto que eu nunca imaginei que fosse escrever. É sempre bom sair da zona de conforto e proporcionar mudanças positivas na vida. Creio que “O Livro Delas” me proporcionou isto e sou muito ____

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grata à Renata pelo convite, à Rocco por ter abraçado o nosso projeto com tanto carinho, e às escritoras que trabalharam com afinco para deixar o livro lindo e bem escrito.

Chris Melo Naturalidade e Reflexão ao Escrever Uma visão honesta de relacionamentos e o que vem com eles. Uma frase que resume e condensa o principal cerne do conto “Era Amor”, presente na antologia “O Livro Delas”. É fácil para você escrever sobre o assunto? Chris Melo: Acredito que fácil não seja a melhor palavra, talvez natural seja mais adequado. Para mim, é natural falar sobre nós e como nos rela___

Fernanda Belém Realizando Sonho de Estilo Literário

CM: Sempre digo que meus personagens nascem de um pequeno traço meu e depois se desprendem e crescem em sua independência. Assim como um filho que pode até se parecer um pouco com a gente, mas é um indivíduo completamente singular. Aprendi muito com a Marcela, sua jornada também foi a minha, e é uma grande felicidade imaginar que mais pessoas puderam percorrer com a gente aquele mesmo caminho, tendo oportunidade de descobrirem o mesmo que nós: o que é o amor no meio da vida caótica que levamos. Foi difícil estruturar o conto para que ele tivesse tantas informações e tanta profundidade, ao mesmo tempo em que tivesse tão poucas páginas? Como foi condensar a história __

Fernanda Belém, autora

Foto: Nicole Gomes

Autora Lu Piras autografando o mural da Bienal do Livro

“Era imprescindível que alguém notasse o grande esforço de trabalho que essas escritoras fazem. O mercado mudou, e nós damos essa contribuição todos os dias. É um privilégio pertencer a esta geração.” Chris Melo,

Chris Melo, autora cionamos. É orgânico refletir sobre nossas complexidades, nossas particularidades e semelhanças, por isso meu discurso acaba sendo fruto dessa inquieta e constante curiosidade pelo humano e por sua maneira de conviver. A personagem Marcela emocionou muitos leitores e leitoras pelo Brasil. Acompanhamos o processo de cura de suas emoções quando ela supera o fim de seu casamento marcado pela traição de seu esposo. Ao mesmo tempo, esse processo também é divertido, e capta a atenção do leitor, envolvendo-o na trama e identificando-o com a personagem. Como foi a criação de Marcela? Ela tem um pouco de sua própria personalidade, ou é uma pessoa completamente diferente de você?

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Destino... Acaso... Coincidências... Através de cartas e e-mails, uma relação é construída em “Por Acaso”, conto publicado na antologia “O Livro Delas”. Você se baseou nas relações humanas construídas nos últimos dias – com base em redes sociais, aplicativos de conversas etc. – para compor o seu conto? Fernanda Belém: Sempre amei romances epistolares, pois eu acho que histórias que são contadas em formato de troca de cartas, e-mails, bilhetes acabam mostrando mais do íntimo dos protagonistas. Quando escrevemos, acabamos nos expondo muito mais do que quando estamos conversando. A escrita é sempre mais profunda e nos permite falar muito mais sobre sentimentos. Cada um tem o seu tempo de falar e de ouvir. Quando recebi o convite para fazer parte do Projeto #LitGirlsBr, sabia que queria fazer algo muito especial, e foi aí que decidi tirar o sonho de escrever uma história epistolar da gaveta para transformar em realidade. Então, muito mais do que me inspirar na modernidade das relações humanas atuais, eu me inspirei nessa questão da exposição de sentimentos que a escrita permite. A protagonista começa com uma carta para um amigo e termina revelando medos, sonhos e fatos do seu cotidiano para um esautora. tranho que virou “amigo” totalmente “Por Acaso”.

de Marcela em um conto, sem correr o risco de transformá-lo num “aborto de romance” (uma história que ficaria melhor num livro ao invés de um conto)? CM: Foi difícil sim e, exatamente por não aceitar fazer algo raso ou prematuro, optei por um campo seguro: um diário. Em qual outro lugar eu poderia colocar a minha personagem tão nua, tão livre, tão exposta? A escolha de narrativa foi imprescindível para que pudesse tornar o leitor íntimo e parceiro de Marcela naquela caminhada de recomeço em pouquíssimas páginas. Como foi participar dessa antologia de contos, organizada por Renata Frade e publicada pela Rocco através do selo Fábrica231? CM: Trabalhos coletivos são importantes. É importante unir forças, apresentar aos meus leitores outras escritoras e ter a chance de ter meu texto nas mãos dos leitores delas. Além disso, era imprescindível que alguém notasse o grande esforço de trabalho que essas escritoras fazem, que nós fazemos. O mercado mudou, muda todo dia, mas não muda sozinho, e nós damos a nossa contribuição todos os dias. Isso é inegável. É um privilégio pertencer a essa geração e uma honra ter sido notada pelo projeto “LitGirlsBr”. Sempre serei grata.

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Você é da opinião que é possível realmente construir uma relação sólida e duradoura a partir da internet? Como foi criar esse universo para seu conto? FB: Acredito muito nisso. Alguns dos meus amigos mais queridos eu também conheci totalmente por acaso na internet e lá se vão quase quinze anos de amizade – que há pouco tempo deixou de ser apenas virtual e se transformou também em amizade fora do computador. Criar esse universo para meu conto foi mágico. Amo relações humanas que começam pela conversa, por descobertas de sentimentos em comum, pelo encantamento pelo que é dito e não pela aparência ou por alguma espécie de interesse. Acho mágico quando acontecem encontros de almas entre amigos ou relacionamentos amorosos totalmente por acaso. E poder contar uma história assim me deixou muito feliz. Você conseguiu segurar a atenção do leitor através de suas palavras, da curiosidade do leitor sobre o sucesso deste relacionamento. Apesar de ser apenas um conto, e não um livro completo, como foi condensar a ideia em poucas páginas? Foi difícil escrever conto, ou você encontrou uma boa afinidade com o gênero?


FB: Se eu não me engano, o meu conto é o maior do livro, pois eu não consigo escrever uma história com um número de páginas pré-definido. O meu conto “Por Acaso” foi acontecendo, evoluindo, e só terminou quando eu achei que tinha que colocar o ponto final. Somente depois eu fui ver quantas páginas tinha escrito. Gosto de ser verdadeira com meus personagens e com a história que crio para eles. Esse foi o terceiro conto que escrevi e confesso que estou cada vez mais apaixonada pelo gênero. Algumas histórias precisam de muitas páginas para serem contadas, mas existem outras histórias que precisam de muito menos para que possam voar por aí. Foi o que aconteceu no meu “Por Acaso”. Não senti falta de mais e nem conseguiria escrever menos. A história tem o tamanho perfeito para o que precisava contar.

meio de todos os outros? Assim surgiu o protagonista Fred, que vai em busca de respostas para algo que ele não compreende. Em um determinado momento, ao começar a entender o que acontece, ele recebe uma pergunta de alguém que é como ele e se questiona justamente sobre o contrário: “Fred, será que em algum momento da história as pessoas tiveram ou terão o privilégio de se escolherem por amor? Como seria uma sociedade em que todos têm a capacidade de amar?”. Como foi a construção desse mundo onde as pessoas nem sabem o nome do sentimento e nem mesmo como senti-lo? Como você criou esse universo? FF: Dessa vez, como se tratava de um conto, eu _

“‘O Livro Delas’ é um livro para todos e todas, com nove contos que falam de amor, em textos de autoras que possuem estilos diferentes. É uma grande honra fazer parte desse trabalho.”

Como foi participar dessa antologia de contos, organizada por Renata Frade e publicada pela Rocco através do selo Fábrica231? FB: Foi perfeito! Sou muito grata por ter tido uma oportunidade como essa! Participar de um projeto tão bonito como o #LitGirlsBr realmente é incrível. E foi através dele que também pude me realizar mais uma vez como autora ao escrever meu primeiro romance epistolar. A Editora Rocco caprichou em tudo. A capa é linda, a diagramação é fofa e o livro está impecável. Fico muito feliz com a resposta dos leitores, que me contam sobre como gostaram do meu conto. Foi mais um sonho que se transformou em realidade. Como não ser grata por ter essa oportunidade?

Fernanda França Experiência Nova em Estilo Literário

Fernanda França, autora

Ninguém sabe o nome do sentimento. Mas um homem toma para si a missão de encontrar alguém que esteja disposto a vivê-lo de forma mais forte. A partir daí, se desenrola a história de “Eu Vou Te Esperar”, publicada na antologia “O Livro Delas”. Como surgiu a ideia para este conto, omitindo o nome do sentimento Amor? Fernanda França: Eu sempre escrevo histórias de amor. São diferentes, quase sempre se percebe a importância da família e amigos e abordo temas difíceis algumas vezes (sempre com um toque de humor da comédia romântica), mas sempre falo de amor, algum tipo de amor. Então, dessa vez, imaginei como seria o contrário: falar de quem não sente amor. De quem sequer conhece esse sentimento. E se apenas um personagem fosse capaz de amar, como ele se sentiria no ____

Graciela Mayrink, autora

com pensamento no futuro. É isso o que acontece em seu conto. Um grupo de universitários que pensam no que virá e no que estão deixando para trás. Como foi mergulhar neste universo dos bailes de formatura para criar seu conto? Você chegou a pesquisar sobre o assunto, entrevistar Fernanda França, autora. pessoas, ou foi baseado em alguma experiência pessoal? Conte-nos um pouco sobre o assunto principal do seu conescrevi minha primeira história, apesar de curta, to! sem o toque divertido que minhas histórias têm. Graciela Mayrink: Existe a tradição dos bailes Foi uma nova experiência criar essa distopia no Brasil, principalmente no interior, mas até em que, apesar de não ter humor, continua falando Belo Horizonte e São Paulo eles são fortes. Eu de amor, justamente por meio de um mundo em morei em uma cidade universitária no interior de que esse sentimento não existe. Minas Gerais e o baile de formatura de lá é muito famoso, com os convites sendo muito disputaSegredos de família, uma busca, e isso tudo dos. O que não acontece por aqui é baile tradidentro de um conto de poucas páginas que cional nas escolas, como você mesma citou, coprende a atenção do leitor até o fim. Como foi mo no exterior. Durante minha adolescência e condensar a história em um conto, sem perenquanto estava na universidade, fui a vários der a mão? Já era um gênero ao qual você bailes de amigos e primos, tanto em capitais coestava habituada, ou teve de se policiar para mo em cidades menores, e eles eram excelentes não ultrapassar a quantidade de páginas? festas, com todos compartilhando uma espécie FF: “Eu Vou Te Esperar” é uma distopia, e foi de último encontro e uma expectativa para o que uma aventura criá-la, porque sempre escrevo virá no futuro. Foi o que quis mostrar no conto, chick-lit. Mas o conto é uma chance de explorar usando até minha experiência quando me formei um gênero diferente em um espaço menor. Foi e cheguei ao baile com a apreensão do que virá uma oportunidade maravilhosa, mas confesso a seguir. Acho que é uma apreensão comum a que me deu vontade de continuar escrevendo a quem se forma e se vê com a pressão de consehistória de Fred. guir o primeiro emprego e ter uma carreira de sucesso. E também bate a dúvida: será que algum Hum... Será que teremos novidades e contidia voltarei a ver as pessoas com quem estudei nuações por aí? (Risos). Bom, Fernanda, codurante anos? Será? mo foi participar dessa antologia de contos, organizada por Renata Frade e publicada pela Os leitores passeiam pela cabeça dos persoRocco através do selo Fábrica231? nagens e ficam sabendo um pouco de suas FF: Sou muito grata à organizadora Renata Frahistórias. Como foi escrever cada um deles, de pelo convite para integrar essa antologia. O sem se perder? Escrever tantos personagens trabalho da Rocco ficou primoroso e fiquei muito num único conto não é arriscado por causa feliz por dividir as páginas com autoras que addo gênero ser uma história mais curta do que miro. “O Livro Delas” é um livro para todos e toum romance? das, com nove contos que falam de amor, em GM: Não pensei nisso (risos). Eu gosto de fazer textos de autoras que possuem estilos diferenhistórias focando em vários personagens porque tes. É uma grande honra fazer parte desse traa vida não se resume a uma única pessoa. Pode balho. haver um personagem principal, mas ele tem amigos, parentes, e cada uma destas pessoas possuem suas próprias vidas, dilemas, probleGraciela Mayrink mas. Gosto de abordar várias pessoas em cada Vários Personagens Interagindo Juntos história, até para dar a chance ao leitor de se identificar com um personagem. Baile de Formatura, um rito de passagem que marca fins e recomeços. Não temos muita tradição de bailes de formatura em escolas elementares no Brasil, não tanto quanto nos Estados Unidos, mas, temos muitas expectativas sobre ele, principalmente em formaturas de faculdades, o que deixa a todos __

A história nos deixa com gostinho de quero mais. Ficamos curiosos sobre o depois de cada personagem, e imaginá-lo pode não ser o suficiente. Você pensa, no futuro, em escrever um romance maior com estes mesmos personagens, ou a história se concluiu e se completou em “Baile de Formatura”?

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GM: Não estou planejando isso no momento, mas nunca vou dizer nunca. Eu gosto de deixar um gostinho de quero mais nas minhas histórias, para o leitor pensar em um futuro, gosto de finais um pouco em aberto. Até porque a vida é assim, não é mesmo? Ela não acaba, nem mesmo quando não estamos mais aqui, porque a vida dos outros segue adiante. O futuro sempre é mutável. Como foi participar dessa antologia de contos, organizada por Renata Frade e publicada pela Rocco através do selo Fábrica231? GM: “O Livro Delas” foi uma experiência muito legal. Foi uma honra estar ao lado de escritoras que são minhas amigas e admiro. E ao mesmo tempo foi um desafio, porque eu quis escrever uma boa história que estivesse à altura de ficar ao lado de escritoras maravilhosas e talentosas.

Leila Rego Experiência Pessoal na Inspiração

depois, eu estagiei na época do meu curso de Turismo... Então, alguns detalhes da história foram inspirados no que vivi na década de 1990, em Foz. A comicidade e a diversão de um romance duvidoso presente na história também deixam os leitores cativados. É um gênero fácil para você, trabalhar com histórias divertidas e bem humoradas e, ao mesmo tempo, dar um gosto de mistério na história? LR: Eu gosto de trabalhar o bom humor nos meus textos. Assim como gosto de trabalhar assuntos que nos levam à reflexão. No caso de “Dez Anos”, a amizade verdadeira. Amigas que estão juntas para o que der e vier. O texto fica leve e, ao mesmo tempo, traz uma mensagem que pode ser adaptada para a vida dos leitores. Como foi participar dessa antologia de contos, organizada por Renata Frade e publicada pela Rocco através do selo Fábrica231? LR: Foi uma honra dividir as páginas de um livro com autoras que eu admiro e respeito. Além de o livro ter ficado lindo, a experiência foi bem bacana. Os leitores têm retornado positivamente. Torço muito pelo sucesso de cada uma delas e para que o livro seja um sucesso.

Lu Piras Vencendo o Bloqueio Criativo

Leila Rego, autora A cada dez anos, amigas de faculdade se reencontram na cidade em que se formaram. Um balanço depois de alguns anos, e a história vai se desenvolvendo, encontro a encontro, no conto “Dez Anos”, da antologia “O Livro Delas”. Como foi construir essa relação de amizade entre elas, mesmo diferenciando seus encontros a cada dez anos? Leila Rego: Foi como se eu estivesse vivendo junto com elas. Escrevi esse romance baseado nas minhas experiências de universitária. É uma fase que marca a vida da gente e quando, geralmente, fazemos amigos que levamos para o resto da vida. Então, imaginei essas amigas se tornando irmãs e dividindo tudo dali pra frente. Foi algo fácil de escrever porque é muito crível e imagino que muita gente se identifica quando lê uma história assim. Você acredita que é possível manter uma amizade forte e duradoura, como a de suas personagens, mesmo com uma década de separação entre cada encontro delas? Você já passou por esta experiência, ou conheceu alguém que passa, tornando isso sua inspiração? Qual foi sua inspiração para este conto? LR: É algo que pode acontecer, e eu passei por esta experiência (claro, que em outras proporções). Fiz vários amigos na faculdade. Alguns deles eu mantenho contato, falamos constantemente. Duas amigas em especial são minhas madrinhas de casamento. Eu fui madrinha de uma delas. Outra é madrinha da minha filha. Claro, me inspirei nessa nossa amizade para montar as personagens. Eu fiz faculdade em Foz do Iguaçu. A universidade que cito no romance é a mesma que me formei, a UNIOESTE. A danceteria que elas iam, a Tass, eu ia com minhas amigas; o resort onde elas se hospedam, dez anos __

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Um romance com cara de conto de fadas e até trilha sonora marca a história contada em “A Voz do Coração”, presente na antologia “O Livro Delas”. Como foi escrever esta história? Lu Piras: Escrever, para mim, acontece da necessidade de explorar meus próprios sentimentos através de personagens tangíveis e não necessariamente carregados. Eu procuro dar leveza a eles, por mais que os temas das minhas histórias impliquem desafiá-los. “A Voz do Coração” nasceu de um momento em que eu precisei dar voz ao meu talento em meio a um bloqueio criativo, por isso, não foi fácil. Mas, conforme eu fui descobrindo e ganhando intimidade com os personagens, conforme eu os fui desafiando e a mim mesma, a história foi se apropriando de mim e não o contrário. Escrever essa história, em especial, exigiu muita sintonia escritor-personagem. A trilha sonora ajudou bastante.

go assim? Foi difícil? Você teve ajuda de alguma maneira? Se inspirou em alguém conhecido? LP: Os avós da vila são a família da protagonista (Iris). Esse núcleo é a segurança e o conforto da Iris. Assim como meus avós tiveram participação e importância em várias decisões que eu tomei, assim como eles sempre tinham a palavra certa na hora certa, eu quis oferecer à Iris uma família com a qual não apenas eu, mas grande parte dos meus leitores pudessem se identificar. Não foi difícil porque a inspiração foram os meus avós e a vila onde eles viveram a vida toda e eu passei a minha infância. Minhas referências de infância são marcantes para mim, e por isso estão em todas as histórias que escrevo. Em “A Voz do Coração” não podia ser diferente. Como foi trabalhar o romance de forma divertida em seu conto? É um gênero com o qual você já sente afinidade ou foi difícil condensar a história em um conto de poucas páginas? E quanto ao bom humor? Você prefere trabalhar o bom humor em suas histórias ou se aventurou de modo a facilitar a leitura? Como é trabalhar essas duas coisas? LP: Eu gosto de escrever romance. E romances de muitas páginas. Foi assim com a minha série “Equinócio”, “Um Herói Para Ela” e “Além do Tempo e Mais um Dia”. Antes de escrever “A Voz do Coração”, por ser meu primeiro conto e um desafio, eu precisei estruturar um roteiro. Não foi difícil segui-lo porque eu construí o esqueleto primeiro. A ideia de contar a história em diferentes pontos de vista ajudou nisso. O tom de humor é bem suave no conto. Em “Um Herói Para Ela” eu me aventurei mais porque a personagem e as situações inusitadas em que ela se metia na história pediam. Eu procuro deixar a escrita fluir e dou bastante liberdade ao personagem para encontrar o tom certo das suas falas e ações. A comicidade pode acontecer em razão disso ou não. Mas, sinceramente, não acho que humor seja o meu forte. Como foi participar dessa antologia de contos, organizada por Renata Frade e publicada pela Rocco através do selo Fábrica231? LP: Foi uma experiência incrível e muito prazerosa, especialmente por ser consequência de um projeto tão especial como é o LitGirlsBr. Tenho orgulho por fazer parte e muita gratidão à Renata pela concepção do projeto e organização da antologia.

Tammy Luciano Sem Cobranças e Liberdade de Escrita

Lu Piras, autora.

Os avós são personagens da vila que marcaram o romance, deixando os leitores apaixonados por estes personagens. Como foi abordar o amor desse casal idoso? Como é pensar como se tivesse mais idade e escrever al_

Geração Bookaholic – Sua Revista Literária

Um casal vivendo uma experiência surreal, testando nossa credulidade sobre o que vem depois. Podemos definir com esta frase o conto “Paraíso Morto”, publicado na antologia “O Livro Delas”. Como foi trabalhar esta história de maneira surrealista? Tammy Luciano: Sim, na verdade a história testa principalmente a credulidade dos personagens, já que eles se encontram no meio de uma novidade e não sabem como lidar bem com isso. Quando a trama veio na minha cabeça, pensei que funcionaria melhor como um conto. Um livro, imagino, traria uma certa decepção em relação ao final e, como conto, tenho recebido respostas bem positivas. Eu não me cobrei em relação ao que eu acho e deixei a história livre, apresentando um assunto que pudesse trazer reflexão. Acabei me surpreendendo com os acontecimentos porque quando sentei para escrever não sabia de algumas surpresas ocorridas ao longo do processo de escrita. O final do conto gera duplicidade de entendimento por parte dos leitores. Algumas pessoas, que acreditam na forma apresentada, pu__


Renata Frade Organização Trouxe Admiração de Autoras

em questões religiosas, espirituais, mesmo que isso seja importante na trama. Tem muito mais o lúdico do que comprometimento com alguma doutrina. Mas fico feliz com mensagens de pessoas que se identificaram. A ideia surgiu primeiro no cenário, um lugar misterioso em que a trama acontece, e chegou intenso em minha cabeça. Depois acabei pensando no encontro da Lua e do Sol, o casal protagonista. Como foi participar dessa antologia de contos, organizada por Renata Frade e publicada pela Rocco através do selo Fábrica231? TL: Eu gostei muito de estar nesse projeto que certamente agrega ao meu trabalho de autora. Já conhecia o trabalho da Renata como jornalista e sempre admirei como alguém que consegue _

Tammy Luciano, autora deram concluir que foi um desfecho feliz. Para outras, foi um desfecho triste. Como você lida com essa duplicidade de interpretações em seu texto? Você esperava que houvesse essa divisão entre seus leitores? TL: Eu fiquei muito feliz com esse resultado porque meu trabalho de artista (atriz, jornalista e escritora) só vale à pena quando eu não trago respostas, mas sim, perguntas. E isso acaba me fazendo corajosa. Existia um caminho mais fácil para essa história, mas o que me move é me desafiar, saber que eu trouxe para o meu leitor uma possibilidade de repensar a vida. E eu não quero de jeito nenhum impor ne-nhuma realidade. Eu escrevo porque é orgânico e, assim como o leitor, eu também estou em bus-ca de respostas. Eu leio tudo o que escrevem ao meu respeito, dos meus livros, e esse conto está somando o carinho e o respeito enorme que recebo dos leitores.

“Nós, autoras, nos tornamos parte dessa engrenagem que a Rocco publicou de maneira tão especial. Me sinto honrada por estar com tanta gente profissional e saber que ‘O Livro Delas’ foi tão bem recebido no mercado.”

A felicidade pode ser encontrada além da nossa realidade. Você se inspirou em que vertentes ou filosofias, ou mesmo ideias para escrever esse conto? De onde surgiu a ideia? TL: Quando recebi o convite para o conto foi um desafio por estar ao lado de escritoras que admiro e sabendo que novos leitores estariam conhecendo o meu trabalho. Eu mergulhei no ficcional, na literatura que amo fazer, sem ficar pensando __

Renata Frade, organizadora

Jornalista luso-brasileira, Renata Frade é produtora de conteúdos transmídia, escritora, roteirista, Gerente de Conteúdos da Punch! Comunicação & Tecnologia. Com o programa mais completo de construção de comunicação e carreira literária do país, a Punch! For Writers ajuda a vários escritores a construírem sua identidade e sua carreira como escritores profissionais. Mas não para por aí. Renata também é criadora do projeto LitGirlsBr, um projeto para lançamentos de livros Tammy Luciano, autora. multiplataformas que acabou conquistando o país. E assim aconteceu com “O Livro Delas”, que faz parte desse projeto e foi publicado colocar a literatura como notícia, como poucas pelo selo Fábrica231, da Editora Rocco. O trabapessoas fazem no mercado editorial. Fiquei feliz lho de Renata tem se destacado, e, como vocês quando ela me convidou e, como eu já disse a epuderam ver nas entrevistas com as autoras, tem la, esse projeto é dela, porque foi a pessoa que sido um grande trabalho não só de organização, criou, organizou, e nós, autoras, nos tornamos mas de construção de identidade das referidas parte dessa engrenagem que a Rocco publicou autoras no mercado editorial. de maneira tão especial. Me sinto honrada por Para saber mais sobre Renata Frade e seu estar com tanta gente profissional e saber que trabalho, PunchForWriters.wordpress.com. “O Livro Delas” foi tão bem recebido no merca■ do. ■

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Texto: Daniel Martins Fotos: Divulgação

“Em cada nuvem, em cada árvore, na escuridão da noite... O mundo inteiro é uma terrível coleção de testemunhas de que ela realmente existiu. Eu de que eu a perdi para sempre.” Emily Jane Brontë, em O Morro dos Ventos Uivantes.

“Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, mas não vai sozinho... Leva um pouquinho de nós, deixa um pouquinho de si.”

LOUCOS POR QUOTES

Antoine de Saint-Exupéry, em O Pequeno Príncipe.

“Crescer significa mudar, e mudar envolve riscos. Uma passagem do conhecido para o desconhecido.” William P. Young, em A Cabana.

“Não é verdade o que dizem a respeito do passado, essa história de que podemos enterrá-lo. Porque, de um jeito ou de outro, ele sempre consegue escapar.” Khaled Hosseini, em O Caçador de Pipas.

“São nossas escolhas, mais do que nossas capacidades, que mostram quem realmente somos.” J. K. Rowling, em Harry Potter.

Judie Castilho é a autora do livro “O Beijo da Morte”, publicado pela Chiado Editora. Viveu a infância na pequena cidade do Cambuci, interior do Rio de Janeiro. Na adolescência mudou-se para Niterói, casou-se, teve um filho, Nícolas. Desde criança sempre gostou de fantasias e passava longos períodos criando e desenvolvendo histórias as mais diversas. “O Beijo da Morte” é o primeiro livro da saga “Sob A Luz das Galáxias”, pela editora Chiado. O segundo livro, “À Sombra do Perigo”, já está à venda no site da Amazon. O terceiro estará disponível em breve. O primeiro livro está disponível para compra nos sites da Amazon, Livraria Travessa, Livraria Cultura, e na Martins Fontes.

O autor/personalidade escolhe trechos de seus livros preferidos e compartilha com a revista.

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RESENHAS

A verdade é que os nossos dramas diários têm dois lados, um deles é engraçado. É através desse ângulo, bem humorado e, ao mesmo tempo, sensível, que Sophie Kinsella nos conta a trajetória de Poppy – uma personagem tão atrapalhada quanto é humanamente possível ser. Kinsella traz uma protagonista para seu romance “Fiquei com seu número” que é forte despretensiosamente; uma personagem que não pretende ser uma super-heroína e nem, tampouco, destaque – quer apenas ser. A trajetória começa quando, logo na primeira página, Poppy perde seu anel de noivado – uma relíquia pertencente à família do noivo – e inicia sua caça ao tesouro. O problema de Poppy, além da perda do anel, é a facilidade em se distrair e entrar em situações das quais ela não consegue sair sem alimentar uma crescente bola de neve de mentiras e omissões. O que de mais cativante existe na narrativa é a forma como a autora consegue encaixar vários detalhes ao longo da história que, no momento oportuno, transformarão a história completamente. A quantidade de surpresas e reviravoltas que acontecem – sem que sejam previsíveis – é impressionante. Kinsella consegue ainda trazer temas polêmicos e atuais de uma forma muito sutil e, ainda assim, forte – como o papel da mulher na sociedade e vários tipos de preconceito. Em um âmbito geral, a narrativa é cativante, engraçada e intensa. A abordagem da autora é rica em detalhes, sem ser, em momento algum, cansativa. Um livro sem tanta densidade e/ou frases de efeito, porém muito bem escrito. Atende às competências do gênero e ultrapassa expectativas. Ane Karoline 9,0

“Lágrimas de Rhanor” é um livro que bebe bastante da fonte dos RPGs, principalmente em sua verdade medieval, popularizada pelo jogo chamado Dungeons & Dragons. Quem gosta do estilo vai curtir o livro escrito por Daniel S. Lima, pois encontrará o que há de _____

AVALIAÇÃO

10.......................................... INCRÍVEL 9,0 a 9,5........................EXCELENTE 7,0 a 8,5....................................... BOM 4,5 a 6,5........................... REGULAR 2,5 a 4,0..................................... RUIM 0 a 2,0..................................PÉSSIMO 22

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bom e de ruim no estilo. Um grupo de guerreiros enfrentando inimigos poderosos, um necromante que busca dominar o mundo, criaturas fantásticas, magia. O livro segue, em geral, uma linha narrativa bastante frenética, colocando o leitor sempre dentro da aventura, não sobrando espaço para descrições mirabolantes ou grandes tramas psicológicas. O livro começa com um grande flashback, mostrando um pouco da história dos antepassados do personagem principal, mas, de resto, segue na linha “jornada do herói”. Temos um príncipe, Teron, figura honrada e determinada que precisará aceitar o chamado do destino e repetir os feitos de seu pai e de seu avô, mesmo que isso signifique a morte. “Lágrimas de Rhanor” é, claramente, a primeira parte de uma obra cujo tamanho ainda desconhecemos. Durante esse primeiro livro, ele abre vários assuntos, como os viajantes que aparecem na festa ou a rixa entre os mentores de Teron. Romances se desenham no horizonte, e vários personagens, lugares e histórias são citados. A história segue até seu ápice onde uma grande batalha acontece e, infelizmente, essa é a parte do livro com mais problemas. Na ânsia de utilizar uma quantidade variada de criaturas, o autor simplesmente despejou-as na história, sem preparar o leitor para elas ou explicar direito de onde elas surgiram. Foi como num passe de mágica. O resultado é que a confusão atrapalhou uma sequência de batalha bastante interessante, deixando-a confusa devido ao excesso de elementos. A escrita do Daniel é objetiva e fluida. O estilo do autor casa bem com a proposta, mas fica claro que o livro precisa de uma boa revisão e de um editor para chegar ao mercado com mais seriedade. Errinhos de português, palavras repetidas e parágrafos muito grandes incomodam. “Lágrimas de Rhanor” é uma obra interessante, apesar das pontas soltas e dos problemas de estrutura. Leia se você jogou RPG alguma vez ou se gosta de fantasia medieval. Daniel Martins 6,5

Melinda conhece Robert, dono da empresa onde trabalha, após um acidente. Robert, passando por problemas pessoais após a morte de seu pai, vê em Linda a chance de resolvê-los. Encontros e desencontros, ambição, ganância e amor se misturam na trama de “Doce Amargo – Livro I”, de Evelyn Santana. Robert consegue o que tanto almeja ao conseguir colocar uma aliança na mão esquerda de Linda. Porém, para que isso aconteça, nossos protagonistas passam por uma série de situações inimagináveis antes de se conhecerem. E o amor? Linda desde muito tempo já estava apaixonada, muito antes de conhecê-lo pessoalmente. Robert, bem, negócios são negócios! Ou pelo menos era como pensava. A inveja e o despeito são sentimentos que empobrecem o ser humano, mas foram eles que se apoderaram de algumas pessoas ao redor do casal e tudo veio a__

baixo. Uma armadilha causou um grande mal entendido e uma enorme farsa veio à tona, revelando o verdadeiro motivo da união, levando Linda ao seu limite e Robert ao seu inferno particular. Uma história de amor intensa e nada clichê, onde, ao meu ver, a mocinha não tem nada de frágil e ingênua e o mocinho e o vilão podem vir a confundirem-se no imaginário dos leitores, mergulhados em uma leitura extremamente envolvente e apaixonante. Aqui não houve pontas soltas, tudo foi muito bem amarrado para o deleite do leitor. A capa e a diagramação ficaram impecáveis! Personagens fortes, complexos e carismáticos, juntamente com a carga emocional que suscitam e um enredo muito bem elaborado e dinâmico deram – e ainda darão – a “Doce & Amargo” e à autora um lugar de destaque no coração de muitos leitores. Roberta Costa 10,0

“A Garota no Trem”, de Paula Hawkins, é um livro incrível. Começa sendo narrado pela Rachel, uma alcoólica que todo o dia pega o trem rumo a Londres e fica em um trecho onde o trem para olhando as casas, sempre no mesmo horário, e acaba reparando em um casal, e começa a fantasiar a vida desse casal. Depois, o narrador muda, e dessa vez quem narra é Megan. Neste momento, temos que nos atentar às datas das narrações para não se perder. A Megan é uma jovem, casada com Scott, mas que por motivos pessoais fechou a galeria da qual era dona e passou a viver em casa todos os dias. Após um tempo, ela decide ser babá da Evie, filha de Ana e Tom, este último ex-marido de Rachel. Então, os capítulos vão se intercalando entre as duas narradoras (Rachel e Megan), que vão contando fatos do presente e do passado de suas vidas. Rachel conta suas angústias, o motivo de ser alcoólica, motivo pelo qual deixou Tom. Megan conta sobre seu casamento, seus segredos, e busca um terapeuta. Numa certa manhã, Megan desaparece e Rachel vê a notícia, reconhecendo-a como a jovem que ela vê da janela do trem, e decide que pode ajudar. Passamos a ter narrações de Megan dias antes de seu desaparecimento, e de repente surge narrações de Ana, e as três começam a intercalar. Os policiais, bem como Scott e Rachel, querem descobrir por que e como Megan desapareceu, e várias sugestões aparecem. Quem seria o culpado? Scott, seu marido, ou Kamal, seu terapeuta? O que Rachel fez no dia do desaparecimento de Megan que ela não consegue se lembrar? O que Megan esconde? Que segredo é esse que ela não consegue contar a Kamal? Com o desenrolar da história as coisas vão clareando e vamos descobrindo que nunca conhecemos de fato aquelas pessoas com as quais convivemos, todos têm segredos e, caso se cometa um deslize, esses segredos acabam surgindo. Suelane Passavante 9,0


“O Oceano no Fim do Caminho” nos leva a uma obra de fantasia, campo amplamente dominado por Neil Gaiman, e lá acompanhamos um homem revisitando um momento bastante complexo de sua infância. Tudo começa numa propriedade que ficava ao final da rua onde morava. Lá vive uma família composta por três mulheres, e lá existe um lago. Sentado à beira desse lago ele se lembra de incríveis aventuras que se sucederam após um homem se suicidar numa estrada próxima e trazer ao mundo uma perigosa entidade. Narrado pelos olhos ingênuos de um menino de oito anos, o livro torna verossímeis fatos totalmente impossíveis, como um lago muito maior por dentro que por fora (alô Tardis) e criaturas de outro mundo convivendo em meio ao nosso. Essa técnica deixa toda a ficção do livro aberta à interpretação do leitor: quer acreditar? Acredite! Prefere achar que tudo foi fruto da imaginação de um garotinho que adorava ler e tinha problemas com a governanta? Também pode. “O Oceano no Fim do Caminho” é uma história bastante linear, mesmo se passando inteira em um flashback. Sua fórmula é bastante simples, assim como o seu final. Se você estiver esperando por uma história mirabolante, pode se decepcionar um pouquinho. Apesar disso é um livro bastante interessante, com personagens cativantes, boa descrição de cenário e nenhum erro na trama. A versão por mim lida, feita pela editora Intrínseca, continha erros de português, digitação ou tradução em quantidade um pouco acima do normal para esse tipo de obra. Isso não desonera a obra original, mas mostra que a economia de custos também chegou aos best sellers e isso é bastante preocupante. Um bom livro, com uma história interessante e “bonitinha”. Merece ser lido, mas não é aquele livro que mereça ser passado à frente dos outros numa lista de leitura. Daniel Martins 8,0

Alexander é um jovem extremamente amargurado. Órfão e sobrevivente de uma infância difícil, acreditava ser uma pessoa ruim e que, por isso, estava fadado ao infer_

no. Sua atual morada? Um hospital. Sua viagem às profundezas do inferno se aproximava com velocidade, visto que possuía um câncer em estágio avançado. Não tinha amigos e estava sempre de mau humor; a única que conseguia uma maior aproximação era Lúcia, uma das enfermeiras. Sua forma de pensar sobre a vida, ou melhor, sobre a vontade de morrer, começou a mudar após conhecer Raya, um anjo rodeado de mistérios que tentará a todo custo mostrar o que realmente existe no coração do jovem. Enquanto o protagonista passava por diversas experiências ao descobrir como chegara ali e ao conhecer alguns pacientes do hospital, descobria também sentimentos como o amor ao próximo, amizade e bondade, percebendo que não era totalmente ruim. Ao mesmo tempo, em um outro plano, dava-se uma grande batalha de influência entre o Bem (Guardiões da Criação) e o Mal (Filhos de Daemon), onde ambas as forças buscavam trazer o maior número de “filhos do Criador” para seu exército. Estes filhos teriam uma vida inteira para decidir a quem jurar lealdade. Alguns deles conseguiam equilibrar ambas as forças e se tornavam mais poderosos ainda, mas eram muito raros. Em relação a Alexander, as coisas mostram-se um pouco mais complexas. Enquanto a doença se agravava, não tinha certeza se Raya era real. Mais tarde, tal incerteza se dava no fato de não saber o verdadeiro interesse do anjo em sua pessoa. O que ele teria de diferente? Um enredo forte e envolvente e uma narrativa inteligente fizeram-me praticamente engolir cada página de “Guardião do Medo”, de Michelle Pereira. As mazelas de uma doença como o câncer, a amizade, a bondade, o altruísmo, a maldade, a ambição... Temas que, da forma como foram tratados, levam o leitor a inúmeras reflexões. Diálogos e cenas muito bem elaboradas, personagens marcantes e reviravoltas de tirar o fôlego tornaram a leitura viciante! A autora soube exatamente como fazer o leitor sempre ansiar pelo capítulo seguinte (lê-se também livro seguinte risos). Superou todas as minhas expectativas em relação às minhas primeiras impressões. Mais uma leitura nacional que merece ser lida. Ao meu ver, Michelle ainda tem muito para nos encantar com seus textos! Roberta Costa 9,5

Dezenove anos após a Guerra Maligna, os filhos daqueles que lutaram finalmente chegam a Hogwarts. Harry, Rony, Hermione, Gina e Draco veem seus filhos adentrarem no trem que lhes levou a conhecer e desbravar um mundo cheio de aventuras. Com o passar dos anos, Alvo passou a ficar cada vez mais distante da família e muito parecido com seu pai. Ao ouvir uma con__

versa de seu pai com Amos Diggory sobre o uso de vira-tempo para tentar trazer seu filho de volta usando uma viagem no tempo, Harry o nega e pede para que vá embora. Mas Alvo, por outro lado, sente pena do idoso e foge do trem a caminho da escola para visitá-lo. Embarcando em uma aventura no tempo com consequências sem precedentes usando uma relíquia, no caso o vira-tempo, acaba causando mais problemas, que podem pôr em risco a história atual. Ao perceber a gravidade da situação, acaba buscando consertar tudo e mostra como se importa com o futuro e a importância com a família. Brincadeiras com o tempo se provam bem arriscadas, e Alvo perceberá isso, mas antes, renderá uma boa aventura para si mesmo e para os leitores, rendendo uma boa história. Renata Vasconcelos 8,0

“Anjos e Demônios” é o primeiro livro em que Robert Langdon, professor de simbologia da Universidade de Harvard, será o protagonista da história, pois quem conhece as obras de Dan Brown sabe que existem mais três livros com Langdon como protagonista. Ele é chamado pelo diretor geral da CERN, Maximiliam Kohler, para que possa descobrir o significado do símbolo marcado a fogo no peito do cientista Leonardo Vetra, encontrado morto. Chegando na CERN, Langdon descobre que se trata de um ambigrama associado aos Illuminati, antiga organização secreta que havia sido considerada extinta. Com a chegada de Vittoria Vetra, eles descobrem que foi roubado do laboratório de seu pai uma arma poderosa que pode destruir a cidade do Vaticano: a antimatéria, que ela e seu pai haviam desenvolvido. Langdon, acompanhado de Vittoria, partem para Roma com o objetivo de encontrar a antimatéria antes que ela destrua tudo e mate pessoas inocentes, pois a praça de São Pedro está apinhada de fiéis e repórteres à espera da escolha do novo Papa. Chegando lá, o camerlengo recebe uma ligação informando o que está acontecendo e que os quatro preferiti ao papado foram sequestrados pelos Illuminati e irão morrer. Daí, toda a emoção começa; Langdon e Vittoria tentam achar os cardeais, enquanto a guarda do Vaticano busca pela antimatéria, e isso em algumas horas. Caso não encontrem, tudo irá pelos ares. Um livro, como sempre, eletrizante, que prende a atenção do leitor do começo ao fim. Capítulos curtos, como é o estilo do autor, e uma reviravolta no final, deixando os leitores boquiabertos com o desfecho da história. Vale à pena a leitura. Suelane Passavante 9,5

“A Casa de Vidro” é um livro curto. Tem 78 páginas e pode ser classificado como uma noveleta. Dizem que são dos menores frascos que se encontram os melhores perfumes, e foi essa a sensação que tive ao ler o livro. A história conta as perspectivas de Eleanor, ainda jovem, adulta e em sua velhice, e sua relação com uma estufa para flores feita em aço e vidro e com o jardineiro, que chega para trabalhar na casa. Esse jardineiro é uma pessoa deslocada, de hábitos estranhos, ingênuos ou abobados, dependendo de quem olhe. Mas o que mais me intriga é a capacidade dele fazer o jardim florescer de forma além do natural, praticamente mágica... A história flerta com o sobrenatural e não deixa muito claro como ocorre a relação entre eles. Mas não precisa. Isso porque o forte do livro é a experiência da leitura, que aguça os sentidos com imagens, sons e perfumes diversos. O cenário é composto apenas por um casarão e uma estufa, mas não sentimos falta de mais nada. Por ser uma história curta, pouco maior que um conto, é claro que não há espaço para maior profundidade, seja de acontecimentos, seja de personagens, mas não senti falta de conhecê-los melhor. Acredito que a autora colocou tudo o que era necessário. Cabe comentar a produção gráfica primorosa do livro publicado pela editora Dame Blanche, algo sensível até na versão digital, por mim lida. Daniel Martins 9,5

Sherlock Holmes, o mais conceituado detetive de Londres, possui a fama por conseguir com suas habilidades e eficiência solucionar casos capciosos e aparentemente sem solução, tendo assim uma lista de casos bem resolvidos. Neste livro, iremos conferir algumas de suas histórias, começando pelo Escândalo na Boêmia, passando pela Liga dos Cabeças Vermelhas e outros muito famosos contados no livro pelas palavras de Sir. Arthur Conan Doyle. Sherlock segue as pistas de cada um deles, e para isso conta com a ajuda de seu amigo Watson. Renata Vasconcelos 8,0

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Resenhas

Tradicional conto de João e Maria, com nova edição gráfica, capa dura e algumas ilustrações no decorrer do livro. João e Maria, filhos de um pobre lenhador que não tem como se alimentar e alimentar sua família, leva suas crianças, a pedido da mãe, para a floresta. No dia seguinte, o pai as deixa lá, mas João consegue voltar com sua irmã. Na segunda vez, as crianças não conseguem voltar e encontram uma casa feita de doces e uma velhinha que os convida a entrar. A aparentemente boa velhinha toma o menino como seu prisioneiro, com a intenção de engordá-lo para assá-lo, e fazendo da menina sua serviçal. Até que um dia, os dois irmãos conseguem se libertar, pois Maria empurra a velhinha dentro do forno. Eles pegam joias e ouro e voltam para casa, onde o pai deles os recebe de braços abertos e lhes conta como sua mãe havia morrido. Suelane Passavante 8,0

“O Cão dos Baskervilles” conta a história de uma lenda de um cão que assombra, há centena de anos, a família Baskerville, que é cercada por mortes sobrenaturais, sem explicações. Tendo a vida de seu último herdeiro por um fio, Henry Baskerville sofre ameaças de morte. Um velho amigo da família, Montimer, procura por Sherlock Holmes com o objetivo de buscar explicações para todos os eventos sobrenaturais que assolam a família. Holmes e Watson são chamados à mansão para que investiguem o caso e protejam-na. Mas descobrem, após fazerem uma busca na casa e ao passarem pelo quarto pertencente a Hugo Baskerville – fundador da família – um quadro com o vizinho, Sr. Stapleton, e Holmes chega à conclusão de que este vizinho seja um suposto bastardo. Com todos os fatos em mãos, Holmes desvenda o quebra-cabeça sobre a lenda do Cão e a relação de Stapleton com a família Baskerville. Como sempre, o livro de Sir. Arthur Conan Doyle traz um final surpreendente, com uma reviravolta de tirar o fôlego. Um livro para ser lido de uma só vez, sem parar, até chegar ao seu desfecho. Renata Vasconcelos 8,0

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Um romance com pitadas sensuais, em “Um Amor Perfeito”, de Susan Fox, conheceremos a história de Miriam e Wade Bly, um casal que mora na cidade de Caribou Crossing, uma cidade de interior que vive da pecuária e do turismo. O livro se passa entre os anos de 1994 e 1995, e podemos perceber que a história vai intercalando entre o presente e o passado. De início nos deparamos com a Miriam meio inconsciente e um diálogo entre Wade e sua sogra, e então somos levados ao passado do casal. Eles namoravam desde a adolescência, se casaram, tinham planos e sonhos, se amavam incondicionalmente e tiveram uma filha, Jessica, uma garotinha de 7 ou 8 anos. Então, voltamos ao diálogo de Wade com a sogra e descobrimos que Miriam está no hospital e Wade está se lamentando. Somos levados ao passado, vemos o quanto eles se amam cada vez mais. Wade se muda com sua família para o rancho de seu pai, que precisou morar em outra cidade por conta da saúde da esposa. O casal passa agora a ter a obrigação de cuidar do rancho e fazer com que ele continue rentável. E ir morar no rancho era mais um sonho do casal sendo realizado antes do que eles imaginavam. Só faltava agora terem mais três filhos. E no dia de Nata, Miriam conta que está grávida. Jessica tinha um amigo, Evan, um menino inteligente que mora na parte mais pobre da cidade e que sonha em morar na cidade grande quando crescer, sendo completamente o oposto de Jessica, que só quer poder morar no rancho e cuidar dos cavalos. A amizade deles é sincera e bonita. As coisas no rancho começam a complicar depois que Miriam recebe alta do hospital e nem tudo são flores. Será que o amor deles é capaz de superar tudo? Inclusive alguns sonhos desfeitos? Suelane Passavante 9,0

“Entrevista com o Vampiro”, de Anne Rice, traz a história que, posteriormente, foi imortalizada nos cinemas por Tom Cruise e Brad Pitt. O livro traz a história do vampiro Louis, que concede uma entrevista contando sua vida para Daniel, um jornalista bastante curioso que o segue na rua após vê-lo num bar. O vampiro se mostra e conta sua história, desde o __

Geração Bookaholic – Sua Revista Literária

momento em que não via mais sentido em sua vida e encontrou o vampiro Lestat, até sua vida atual, passando por sua amizade com Lestat, seu amor por ele e pela vampira Claudia, e todas as coisas pelas quais passou durante os últimos duzentos anos. Anne Rice em sua narrativa mostra o quanto os vampiros podem ser reflexivos, filosóficos e observadores da rotina humana, e como eles podem ser capazes de amar profundamente, mesmo sendo máquinas de matar. Louis é retratado como um vampiro sensível, que não suporta sua natureza assassina e busca sempre alternativas para se alimentar. Lestat é retratado por Louis de maneira forte e soberba, e como ele pode ser insensível e mau apenas por esporte e por prazer. A narrativa de Anne Rice às vezes se torna cansativa, quando desata-se a descrever prolongadamente uma situação ou um cenário, mas, no geral, trata-se de um grande livro. Para quem gosta de vampiros, “Entrevista com o Vampiro” é um livro que foge ao clichê atual e um dos primeiros a retratar os vampiros de forma verossímil. Recomendo a leitura. Débora Falcão 8,5

Cheio de cenas hot e com muito realismo, “Instinto” conta a história de Natasha Lopes, uma lenda entre policias e gangsters em todo o mundo. Procurada em cinco continentes, Natasha é uma assassina profissional que usa os instintos mais primitivos de suas vítimas para matá-las. O problema é conseguir contratá-la, pois para muitos ela não passa disso: uma lenda. Natasha conta sua história em primeira pessoa, mostrando como ela sobreviveu a um padrasto pedófilo, às ruas, à fome e a um aliciador de menores e prostituição infantil, tudo isso com menos de treze anos de idade. Intercalando suas narrações com arquivos de depoimentos de testemunhas e documentos diversos após o fechamento do caso Natasha Lopes, o livro prende a atenção do leitor desde o prólogo, que mostra Natasha assassinando o dono de uma empresa de advocacia conceituada no país. Nos capítulos seguintes, Natasha já avisa que sua história não é para pessoas de estômago fraco, e aconselha a desistir da leitura se for o caso. Pois há muitas cenas de violência sexual, assassinato e abusos diversos. Acompanhamos a trajetória da personagem até que ela se torne uma prostituta amante de um poderoso traficante, e como ela se tornou uma assassina poderosa, uma lenda. Ela aprende a controlar seus próprios instintos, que considera uma fraqueza, e a usar os instintos dos outros – como fome, desejo sexual, cobiça, entre outros – para destruir suas vítimas. Nos _

dias atuais, vemos uma Natasha forte e determinada, que vê seu mundo ruir ao se apaixonar por sua próxima vítima, e perceber que ela mesma tem seus instintos testados. O que ela fará? O que é mais importante para ela? A história está publicada no Wattpad e pode ser lida gratuitamente, com aviso de conteúdo impróprio para menores. Muito bem escrita, capítulos bem divididos, e com muita ação. Flora DeAbaco 9,0

“O Vampiro Lestat”, sequência de “Entrevista com o Vampiro”, segundo livro das “Crônicas Vampirescas” de Anne Rice. O livro se mostra mais dinâmico do que o primeiro, e conta a versão de Lestat sobre sua própria história e, é claro, sobre alguns eventos narrados por Louis no primeiro livro. Podemos visualizar um vampiro mais complexo e mais profundo do que a figura superficial vista por Louis, e acabamos nos apaixonando por Lestat. Temos o vislumbre do momento atual do vampiro, quando desperta de uma longa hibernação por uma banda de música rock, e decide investir na banda e se transformar num grande astro mundial, recebendo a admiração e adoração de pessoas no mundo inteiro e, é claro, quebrando algumas regras e sendo ameaçado por outros vampiros. Nesse meio tempo, conhecemos a história pregressa dele, e como ele se tornou um vampiro extremamente poderoso. Um final instigante, que nos leva direto para o livro “A Rainha dos Condenados”, terceiro livro das “Crônicas Vampirescas” também narrado por Lestat. Débora Falcão 8,5

Megan Star é uma cantora de sucesso no mundo pop. Mas alguma coisa de muito estranho começa a acontecer. Ela passa a ter fixação por espelhos, e tem a sensação de estar sendo vigiada o tempo todo. Uma carreira promissora a leva a diversos lugares, mas mesmo assim, ela não se sente completamente feliz. Há lacunas em sua memória, e todas as vezes que tenta se lembrar de alguns fatos, sente como se a memória tivesse sido ar_


rancada à força de sua mente. A situação vai piorando quando resolve tomar conta de sua própria carreira, compondo músicas para seu próximo álbum sem passar pelo crivo de seus assessores e empresários. Algumas músicas são vetadas, e Megan decide lançá-las diretamente para seus fãs, de modo independente. Após essa decisão, misteriosamente Megan tem um colapso nervoso e é internada numa clínica psiquiátrica após um escândalo público. Quando ela volta, nada mais é o mesmo. Muitas coisas vão acontecer, e Megan descobre da maneira mais terrível que, no mundo da indústria musical, as aparências podem enganar, e muito. Trata-se de uma história curta, um spin-off da saga Cidade de Cristal, de Débora Falcão, publicado gratuitamente na plataforma Wattpad e disponível para leitura. Conta a história pregressa de uma personagem, a cantora Megan Star, que faz uma apresentação ao vivo no “Dia do Pacto”, um evento narrado no livro “Império da Luz”, segundo livro da saga. A escritora, como sempre, traz seu estilo literário com uma escrita fluida e dinâmica, onde as informações são dadas à medida que a leitura avança, e os leitores passam a devorar a história sem conseguir parar antes do final. Sem dúvidas, um dos melhores “Contos da Guerra Negra”, que em breve serão compilados em um único livro pela autora. Flora DeAbaco 8,5

“A Rainha dos Condenados”, terceiro livro das “Crônicas Vampirescas”, merece uma resenha especial. Continuando a saga iniciada em “O Vampiro Lestat”, temos agora a figura da “mãe” dos vampiros, a primeira vampira, Akasha, que desperta de seu sono por causa de Lestat. Ao mesmo tempo, conhecemos a história das gêmeas Mekare e Maharet, duas ruivas que sofreram nas mãos de Akasha quando ela ainda era a rainha dos egípcios, junto ao seu marido, o Faraó Enkil, quando o Egito ainda era chamado de Terra de Khemet. Conhecemos a origem de todos os vampiros, a saga das gêmeas ruivas, o que aconteceu no passado e por que coisas estão acontecendo no presente. Acompanhamos Lestat em mais essa aventura e acabamos conhecendo outros vampiros poderosos, como Marius, Mael e Pandora. Akasha, extremamente poderosa, tem um plano terrível para a humanidade, que coloca em prática com a ajuda de Lestat – não exatamente uma ajuda consensual. Os vampiros se unem para tentar derrotá-la sem destruir a si próprios. Sem dúvidas, da primeira trilo_

gia, este é o melhor livro de Anne Rice, mas com algumas ressalvas. Há capítulos grandes demais e com uma narrativa muito diferente da autora, como se outra pessoa tivesse escrito o livro juntamente com ela. Algumas contradições acontecem, inclusive alguns erros de narrativa, como a cor de cabelos de Armand, que foi alterada de uma hora para outra. Mesmo assim, o livro traz uma história eletrizante, e prende a atenção do leitor até o final. Mais uma vez, um livro primoroso de Anne Rice, original, e que recomendo totalmente aos amantes de livros de fantasia envolvendo vampiros. Débora Falcão 8,5

Se você gosta de poesia, este é um dos livros que recomendo. Dividido em quatro partes, “Lembranças & Outros Poemas” traz quatro coletâneas de poesias que, juntas, contam uma história. Simbolista e romântico, o livro traz a coletânea principal, “Lembranças Melancólicas da Solidão”, um compêndio com catorze “Melancolias”, cada uma interligada à outra, contando a história de uma jovem que se apaixona por um homem e tem uma grande desilusão, e conta seu processo de cura e de líbertação desse sentimento. Na coletânea “Eu, Naturalmente”, a autora se posiciona como uma mulher apaixonada por fenômenos da natureza, como o vento, a chuva, a noite, entre outros, e os coloca personificados em amantes que a vêm visitar. Na coletânea “Nós”, que abre o livro, traz algumas poesias que contam a história de uma garota que ama um homem e não é totalmente correspondida, e acaba sendo abandonada por ele. Destaque para os poemas “Dor de Saudade” e “Poesia Fúnebre”, que vão mostrando o fim do relacionamento sem que a jovem possa compreender o que está acontecendo, e, em seguida, “Névoa de Sonho”, quando finalmente ela consegue, aos poucos, se livrar do sentimento e seguir em frente. A última coletânea do livro trata-se apenas de poesias avulsas da autora, que não fazem parte de nenhuma coletânea mas que tiveram seu lugar cativo no livro. Destaque para “Às Vezes” e “Ansiedade”, dois poemas com construção em minha opinião perfeita, e que trazem uma carga de emoção que deixa o leitor em êxtase por algum tempo antes de ler o próximo poema. O livro é pequeno, tem 76 páginas, e pode ser encontrado nos formatos físico e digital no site do Clube de Autores. O formato físico vale à pena, a diagramação está muito delicada, tal como as palavras dos textos. Destaco a presença das cores nas palavras, uma delas, o verde, está sempre presente, principalmente na coletânea “Lembranças Melancólicas da Solidão”. Um livro de poemas que conta várias histórias. Recomendo. Flora DeAbaco 9,0

Sinceramente, o quinto livro das “Crônicas Vampirescas” de Anne Rice, “Memnoch”, me decepcionou. Após a aventura extasiante de “O Ladrão de Corpos”, “Memnoch” deixa muito a desejar. Um livro chato, com capítulos longos e cheio de descrições detalhadas e desnecessárias, que acabam dando sono e fazendo o leitor se perguntar: por que mesmo eu estou lendo este livro? Um livro que não instiga a leitura até o final. Destaco também algumas cenas completamente equivocadas e sem nexo, com descrições tão ruins que me fazem perguntar a mim mesma se é realmente Anne Rice a autora do livro. Conta a história do encontro de Lestat com o Demônio, que o leva a conhecer o céu e o inferno para convencê-lo a entrar na luta contra Deus como seu auxiliar. Memnoch conta a ele sua versão dos fatos que o levaram à queda, mas os motivos são tão bobos que nos perguntamos se aquela conversa é realmente de um Demônio. Deus se mostra um ser infantil e caprichoso, e os dois seres sobrenaturais parecem um arremedo de seres humanos mimados. O poder que eles têm é tão grande, mas sem explicações, Lestat consegue, inclusive derrubar Memnoch com um soco. A narrativa é ruim, a história é boba, e o final é algo que não sei explicar. Acontece de repente, como se a autora tivesse sido pressionada a concluir a escrita sem ter realmente concluído. Talvez este livro tenha sido escrito para cumprir contrato num momento de bloqueio de inspiração. Não sei. Só sei que só recomendo a leitura para os que sofrem de insônia. Vão se curar rapidinho. Débora Falcão 4,0

Publicado pela Editora Rocco através do selo Fábrica231, e organizado por Renata Frade, colunista e redatora de nossa revista, além de ser autora do projeto LitGirlsBR, “O Livro Delas” é uma coletânea com nove contos escritos por nove autoras nacionais de muita qualidade. Os contos variam do sobrenatural ao drama, da comédia romântica ao chick-lit, com muita carga emocional e bom humor na medida certa. São contos curtos, que trazem histórias que certamente o leitor e a leitora vão gostar. Destaco o conto “Os Seis Piores Dias da Minha Vida”, da autora Carolina Estrella, que traz uma história de violência doméstica. Apesar da autora ser consagrada por escrever comédias e seu público alvo ser adolescentes, Carolina conseguiu imprimir densidade e leveza, na medida certa, neste conto. Destaco também “Paraíso Morto”, da autora Tammy Luciano, que traz um romance surreal que envolve uma outra realidade, com um final surpreendentemente cativante e, ao mesmo tempo, reflexivo. A autora conseguiu gerar duplicidade de sentimentos em seus leitores com este conto, o que vale à pena desde já pela ousadia e criatividade, além da sutileza e do trato com emoções tão importantes. Todos os contos merecem ser lidos, e o trabalho de diagramação e arte da capa, da Editora Rocco, é primoroso. A organizadora Renata Frade está de parabéns neste livro, e esperamos que venham mais livros como este para enaltecer a literatura nacional. Débora Falcão 9,0

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MANUSCRITOS 26

Aos 17 anos, a única coisa que realmente importa para Rebecca é se formar com louvor na faculdade de Letras para, no futuro, realizar o sonho de trabalhar numa grande editora, perto de todos os livros de fantasia incríveis com os quais cresceu. Morando em uma nova cidade e longe da proteção dos avós, por quem foi criada, ela lutará para não seguir os passos errantes da mãe. Estaria tudo nos conformes se não fosse o murmurinho percorrendo os corredores da universidade: Adônis, o novo professor de Produção Textual, é um verdadeiro carrasco. Rude, solitário e mau humorado, ele tenta, na verdade, fugir dos fantasmas passados. “A Linguagem do Amor” é um romance intenso e divertido, mas, acima de tudo, uma história sobre dar uma nova chance para a vida quando tudo parece ter saído dos eixos. Disponível para leitura gratuita no Wattpad. Roberta Costa

“Anos de Chumbo” é uma delas. Representando a volta em grande estilo do romance histórico brasileiro, o livro discute questões sociais vigentes em tempos de opressão: direitos da mulher, homossexualidade e liberdade de expressão. Escrito por uma historiadora, mas sem faltar talento literário, “Anos de Chumbo” chega para surpreender com discussões que nunca foram tão atuais. O livro pode ser encontrado, por enquanto, nas lojas virtuais da Editora Autografia, Saraiva, Livraria Cultura, Livraria da Travessa e Cia dos Livros. Versão digital em breve. Ane Karoline

Marcados por traumas do passado, Jaque e Léo cresceram juntos, curando as feridas um do outro com a amizade típica de duas crianças. Eram diferentes em tudo. Ele, filho do patrão, e ela, filha da empregada. Com o passar dos anos, conforme Léo se tornava um típico bad boy que aproveita ao máximo cada segundo de sua existência, Jaque lutava contra as adversidades, confiante de que alcançaria seus objetivos. Suas escolhas os separaram, mas uma grande tragédia os uniu. E caberá a Jaque utilizar todo o seu esforço para não deixar que Léo se perca de vez na escuridão que tomou conta de sua vida. Poderiam a fé, o amor e a esperança apaziguarem as dores da alma daquele que ela sempre amou em segredo? Jaqueline acredita que sim, e embarcará nessa incrível jornada, lutando com as armas que conhece, para guiar seus passos de volta à felicidade. “Amor Abstrato” está disponível para leitura gratuita no Wattpad. Roberta Costa

autor do sucesso independente “A Luz de Cada Mundo”, incluindo os contos #1 da Amazon “Imperfeição” e “Grito (de Guerra)”, “A Verdadeira Morte” é “Dedicado a todos aqueles que ainda se lembram. O livro envolve e a leitura flui rapidamente, mas a mensagem que os contos trazem permanece.” (Silvana Crepaldi, Blog Prefácio). “Te deixará com um outro olhar sobre esse futuro que aguarda a todos nós” (Carol Ramires, Arsenal de Ideias). “Apesar de as histórias se focarem em uma coisa tão triste, têm mensagens de conforto e lições que ficarão para sempre.” (Miriam Terra, Prólogos e Epílogos). Disponível no Clube de Autores e na Amazon, nos formatos físico e digital. Roberta Costa

O amor pode ser duro, o amor pode ser leve, o amor pode nos esvaziar e nos transbordar. Emília, uma mulher mais determinada do que imagina, amou com todas as forças um homem, mas dedicar forças demais a algo é também se deixar enfraquecer. Dentro do próprio casamento se viu sozinha, abusada, humilhada, e precisou partir. Com pouco do que restou de si mesma, Emília saiu de casa com sua filha, sabendo apenas que precisava recomeçar. Precisava curar as feridas de um amor que a fez refém. E reconstruir-se depois de ter o coração estilhaçado pode ser desafiador. Para ser livre, Emília precisa de Três reinos, três povos, uma respostas, precisa reencontrar-se. Mas mulher unindo todos eles... Esmeralda de como ser forte o bastante e deixar o Cashel era uma imunda. Filha de um coração livre para um novo amor depois estupro, uma branca em terra de negros. de tanto sofrimento? Em capítulos Tudo o que buscava em sua vida era intensos que nos levam ora à angústia, encontrar o maldito homem que havia ora à esperança, Emília nos conta a destruído sua mãe. Mesmo que para isso história de como descobriu no amor ela precisasse avassalar o coração outros sentimentos, outros lados, outros solitário de um rei amargurado. Cedric de caminhos, e como, lutando contra os Bran via seus dias cruzarem diante de seus medos, enfrentando suas seus olhos por trás de uma máscara que angústias, derrubando as barreiras que o escondia seu rosto deformado. Não passado lhe impôs, pôde, enfim, ser livre. acreditava no amor, mas, quando chegou Alguns avisos: o livro fala sobre violência ao seu reino, uma mulher de cabelos doméstica e contém cenas de violência vermelhos e olhos cor de esmeralda, ele psicológica e sexual. Não indicado para não pôde escapar da magia que parecia leitores menores de 18 anos. “O Outro dela emanar. De Josiane Veiga, o Lado do Amor”, de K.C. Bergamini, está romance “Esmeralda” está disponível disponível para leitura gratuita no para compra em e-book na Amazon. Doze contos. Todos com protago- Wattpad, com restrições de leitura Daniel Martins nistas diferentes, contando histórias dife- para menores. Roberta Costa rentes sobre família, adolescência, amizade, paixão, superação e, principalmente, sobre a vida. O quão especial ela é; o quão diferentemente ela pode ser vivida; e o quão rapidamente ela pode terminar. Às vezes por um tiro, uma bala perdida no meio da rua, um acidente de carro numa estrada escura, ou durante ações cotidianas na vida diurna. Sempre desejamos o melhor para quem vai, mas o que acontece com quem fica? Será o luto tudo o que nos resta para superar a morte? Logo após o cinquentenário do gol- Será o tempo o melhor remédio para pe militar no Brasil, fez-se necessária u- quem sofre? Ou será o melhor castigo ma enxurrada de obras sobre o período. para quem deseja esquecer? Do mesmo _ _ Envie o link para compra do seu livro, acompanhado de uma foto em alta resolução (em arquivo JPG e 300dpi – legendada e com créditos do fotógrafo), a capa do livro (alta resolução) e sinopse (em arquivo de texto), para o endereço de email manuscritosbookaholic@gmail.com

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Por Daniel Martins

CAPÍTULO BÔNUS

SOBRE O AUTOR Você talvez já tenha ouvido falar do autor Ken Follett. O escritor britânico, nascido em Gales em 1949, já publicou dezenas de romances de sucesso, entre eles o célebre “Os Pilares da Terra”. Mas, neste Capítulo Bônus, gostaria de falar sobre o primeiro livro do autor, o livro que fez dele um autor de renomado sucesso.

SOBRE A OBRA “O Buraco da Agulha” foi lançado no ano de 1978, e já ganhou até uma adaptação para o cinema. Apesar disso, este livro acabou sendo esquecido pelo tempo, e muitas pessoas sequer leram ou sabem sobre o livro. O que é uma pena, já que é uma obra que vale muito a leitura. Dentro do gênero Thriller, “O Buraco da Agulha” trata-se de uma história que se passa durante a Segunda Guerra Mundial, e mostra uma mesma história sendo contada sob a perspectiva de três personagens diferentes. Mas o que mais chama a atenção neste livro é a capacidade do autor em nos fazer simpatizar com o vilão da história.

DESTAQUES DO ENREDO Henry Faber é um espião nazista dedicado a descobrir os planos dos aliados. De início, a tendência do leitor é torcer contra esse personagem, mas o autor é tão convincente em nos mostrar as convicções de Faber, que muitos dos leitores acabam por mudar de opinião durante a leitura, e passam a torcer por ele.

CENÁRIO O cenário de guerra e espionagem desenvolvido pelo autor é dominado com tamanha maestria por Follett que acaba por deixar o leitor preso ao livro, com uma história tensa, muito envolvente e imensamente recomendada para todos os fãs do gênero.

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CURIOSIDADES Aparentemente, alguns elementos da história deste livro foram aproveitados no filme bollywoodiano Fanaa (2006), onde uma mulher indiana substitui a mulher inglesa; e o espião alemão é substituído por um oficial do exército indiano, que na verdade é um terrorista Kashmiri. O romance de Ken Follett foi seu primeiro livro best seller, vendendo mais de três milhões de cópias antes do lançamento do filme adaptado de sua obra. Ele foi vencedor do Edgar Award como melhor romance de 1978. Follett é um grande admirador de Shakespeare e um músico amador. É ___

casado com Barbara Follett e tem dois filhos, e atualmente vive na Inglaterra. O livro “O Buraco da Agulha” nasceu de uma avaria no carro. Em um curto espaço de tempo, enquanto o carro estava quebrado, escreveu o livro, e com o dinheiro das vendas, aplicou no seu conserto. É formado em filosofia pela University College de Londres, e começou sua carreira como jornalista. ■



Por Renata Vasconcelos

Em um universo com animações encantadoras sobre as princesas e suas histórias, a Disney encantou o público por longos anos. Ao se renovar, usou do recurso do Live Action para trazer a magia de volta aos cinemas, tendo um sucesso expressivo com os filmes “Cinderela”, “Malévola” e, possivelmente, com “Mogli – O Menino Lobo”. Mas, resolveram arriscar com “A Bela e A Fera”. Revivendo, então, o conto da destemida camponesa à frente de seu tempo, que vivia para cuidar de seu pai, fazendo de tudo para salvá-lo, e que, no fim, acabou encontrando um grande amor. Por isso meu convite nesta reportagem é embarcar no encanto dessa história. Confere aí!

UM POUCO DA HISTÓRIA Nascendo muito antes dos contos de Walt Disney, Bela é a protagonista de sua história desde os tempos da Grécia Antiga, tendo diferentes formas de contá-la. Muitos dizem que, em algumas dessas histórias, a personagem já chegou a ser rica e ter irmãs, mas na forma como foi contada pelos Irmãos Grimm e, posteriormente, por Walt Disney, ela era uma simples camponesa que vivia com seu pai. ADAPTAÇÕES A animação de 1991 fez parte da infância de muita gente, por encantar o público ainda muito jovem, e se tornar famosa por décadas. Vinte e seis anos depois, com a modernidade dos filmes em Live Action, “A Bela e A Fera” final_

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mente foi repaginado. Trazendo todo o público amante dos contos da Disney de volta aos cinemas para conferir mais essa produção, as bilheterias estouraram nos lotes onde os filmes teve permissão para ser exibido.

A PRODUÇÃO ATUAL Com todos os encantos que tivera direito, a produção foi recheada de humanização e realidade por parte dos atores Emma Watson, Dan Stevens, Luke Evans, Josh Gard, e tantos e tantos outros que deram sua voz e ação para os objetos falantes. As polêmicas em torno da produção foram inevitáveis, pois a maioria dos filmes está cada vez mais se aproximando da realidade na qual vivemos, ou seja, contando com personagens homossexuais, como o Lefou, que foi o alívio cômico da obra, mas que, ainda assim, muitos não gostaram dele. Sendo um filme feito para encantar aqueles que já tiveram um contato com “A Bela e A Fera”, de 1991, vários fãs amaram tudo o que viram. Mas, ainda assim, muitos têm o olhar crítico e acharam alguns defeitos, mesmo gostando da parte da produção do filme.

“Em algumas versões, Bela já foi rica e com irmãs, mas na versão dos Irmãos Grimm era apenas uma camponesa que vivia com o pai.”

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Renata Vasconcelos

NEGAÇÃO A OUTRA PRODUÇÃO Seguindo a leva de várias produções baseadas em contos de fadas, como as já citadas “Cinderela”, “Malévola”, e outras ainda como “Branca de Neve e o Caçador”, “A Rainha do Gelo”, “A Garota da Capa Vermelha” e outras, o cinema europeu produziu “La Belle Et La Bete”, isto é, “A Bela e A Fera”, totalmente em francês. Com uma fotografia primorosa e um enredo bastante fiel, a adaptação encantou a muitos, mas, na maioria, não agradou, tendo uma bilheteria pouco expressiva em relação aos outros filmes dos quais fazia parte da coleção. Como não foi produzido pelos estúdios Disney, obviamente a adaptação não foi aceita pelos produtores americanos, e por isso, o próximo filme da lista foi, nada mais nada menos, que “A Bela E A Fera”. Desta forma, o filme europeu não entra mais na coleção composta pelos filmes da Disney, e fica sendo uma adaptação avulsa, apesar de ter sido lançada na mesma época das demais adaptações de contos de fadas, e de ter seguido algumas das principais características. De qualquer maneira, meu conselho para todos os leitores da Geração Bookaholic é: assistam ao filme da Disney “A Bela e A Fera” se ainda der tempo e tenham uma boa viagem de volta à infância. Até a próxima! ■



INSPIRAÇÃO LITERÁRIA

bém levavam à crença em vampiros.

Vampiros: A Origem do Mito Por Débora Falcão

Vampiros são um tópico popular nas artes e na literatura. Mesmo atualmente existem muitos autores, como Stephenie Meyer, Anne Rice, Stephen King e outros que mantêm o interesse nessas criaturas, graças às obras de ficção. Mas, de onde veio essa lenda? O mais famoso deles é o Drácula, romance homônimo de Bram Stocker, mas quem procura um Drácula “real” geralmente ouve falar de um príncipe romeno, Vlad Tepes, que teria inspirado o escritor. Mas Tepes só é vampiro para o ocidente. Na Romênia, ele é visto como um herói nacional, também chamado de Vlad Dracula (filho do Dragão), graças a seu pai, membro da Ordem do Dragão, cavaleiros que protegiam o cristianismo e defendiam o império dos ataques dos turcos otomanos. Os vampiros, por sua vez, têm origem eslava de pouco mais de cem anos. Ainda assim há outras versões muito _____

mais antigas, de vampiros que não eram imaginados como humanos, e sim como criaturas sobrenaturais, possivelmente demônios, entidades que não eram semelhantes a nós. Há revelações que o mito nasceu no mundo antigo, e é impossível provar quando surgiu pela primeira vez. Alguns autores sugerem que eles apareceram com a feitiçaria no Egito, como um demônio que teria sido invocado para este mundo – o que coincide com a origem dada para os vampiros nas Crônicas Vampirescas, de Anne Rice. A dificuldade de determinar um ponto de origem aumenta porque existem muitas variedades de vampiros, entre eles os asiáticos, como os jianshi chineses, espíritos maus que atacam as pessoas e sugam sua energia vital, ou as deidades coléricas que bebem sangue e aparecem no livro dos mortos tibetano. O interesse nos fantasmas vampiros surgiu na Idade Média, na Europa. Mas o vampirismo só passou a ser transmitido pelas mordidas recentemente, segundo o folclorista Paul Barber. Séculos atrás, os vampiros já eram identificados ao nascer por algum sinal extraordinário: um defeito, uma anormalidade. Na Romênia, uma criança nascida com um mamilo extra, ou na Rússia, com a falta de cartilagem no nariz ou com lábio inferior partido, todas eram suspeitas de vampirismo. Além disso, superstições e o desconhecimento de como funciona o processo de decomposição dos cadáveres tam_

VAMPIROS REAIS? Existem na natureza animais vampiros verdadeiros, incluindo lampreias, sanguessugas e morcegos vampiros. Todos eles se alimentam de sangue, mas não retiram o suficiente para matar sua presa. Mas, e os vampiros humanos? Existem algumas pessoas que se identificam como vampiros em algumas subculturas inspiradas no gótico, e alguns até sediam clubes de livros com o tema ou fazem rituais secretos de derramamento de sangue. Há até quem use capas e coloque próteses semelhantes a presas. Só que beber sangue é problemático. O sangue, para criaturas que não foram feitas para bebê-lo, é tóxico. Ele é muito rico em ferro, e o organismo tem problemas para se livrar desse excesso, e o indivíduo pode desenvolver hemocromatose (overdose de ferro), que pode causar danos ao fígado e ao sistema nervoso. ■

ÚLTIMA PRATELEIRA

Nesta seção contamos um pouco sobre várias obras inspiradas em um livro.

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O Vampiro-Rei André Vianco Por Débora Falcão Que os vampiros estão em alta nas duas últimas décadas, todo mundo já sabe. Que André Vianco é um autor best seller brasileiro, isso também. Mas talvez você só conheça esse autor pelos livros “Os Sete”, “Sétimo” e “Senhor da Chuva”, livros estes que tratam do tema de uma maneira bem peculiar, somando criações do autor com as ideias já expostas na cultura e no folclore que envolve o mito. Talvez você precise conhecer a saga “O Vampiro-Rei”. Trata-se de uma trilogia, que nasceu, inicialmente, para ser um livro só: “Bento”. Mas, depois do sucesso de vendas, a saga foi publicada como tendo mais dois livros: “O VampiroRei 1 e 2”. A Editora Novo Século resolveu, então, para não complicar a vida dos leitores e facilitar a leitura, relançar os três livros numa única saga: “O Vampiro Rei”, tendo os três livros: “Bento”, “A Bruxa Tereza” e “Cantarzo”. Os três livros merecem muito serem lidos, pois trazem uma nova perspectiva do autor para o que está acontecendo nesse mundo fantástico. Em primeiro lugar, a história se ____

passa no futuro, trinta anos após a Noite Maldita, uma noite estranha em que as pessoas adormeceram e não voltaram a acordar. Os que acordaram imediatamente ou não chegaram a dormir no sonho estranho se dividiram em duas classes: o predador e a presa. Os vampiros começam a atacar os que estão vivos, e logo descobrem um meio de se alimentarem facilmente: roubando os adormecidos. Trinta anos no futuro, depois dessa catástrofe, os humanos que não se transformaram não vivem mais nas cidades, que se transformaram em túmulos abrigando os seres da noite. Entrincheiraram-se, formando outras cidades-fortalezas, para poder se protegerem. Perderam naquela noite todos os sinais de celular, internet e comunicação (rádio, TV etc.). A natureza, sem a influência do homem, floresceu e tomou de volta seu lugar nesses trinta anos. Mas algo mais aconteceu. Uma profecia de que uma nova raça surgiria para combater diretamente os vampiros. São os “Bentos”, seres humanos que acordavam com um instinto especial de exterminar todos os seres noturnos.

E é aí que o livro “Bento” começa: Lucas acorda após trinta anos adormecido, encontra o mundo numa distopia, sem compreender, e acaba descobrindo que faz parte da profecia, pois desperta como o trigésimo bento, aquele que irá unir os trinta bentos vivos para desencadear quatro milagres, que irão destruir, de uma vez por todas, o mal dos vampiros. Começa a saga com Lucas tendo que aceitar o mundo como está, lutando para se lembrar de seu passado, aprendendo a lidar com sua condição de bento, e liderando os soldados e os outros em busca de unir os trinta bentos em um único local para desencadear os milagres. Em alguns momentos, não consegue sequer acreditar na profecia. Em outros, surpreende até o mais cético de todos. Uma saga alucinante! ■

Nesta seção, falamos a respeito de um livro que não se teve muita projeção, mas merece ser lido.

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LETÍCIA MAGALHÃES: MEUS QUERIDINHOS

LIVROS DE CABECEIRA

Por Ane Karoline Letícia Magalhães já publicou três livros. “Escritos de Garota – contos, crônicas e poemas dos 7 aos 17” é um apanhado de produções, e “talvez interesse mais a quem está aprendendo a escrever – embora não seja de fato um livro infantil”, define a própria autora. O segundo livro, “Crítica Retrô – Apontamentos de uma Jovem Cinéfila” vai agradar aos leitores que curtem cinema. Mas é com o romance “Anos de Chumbo” que a autora promete conquistar a todos – em especial porque trata de problemas sociais que ainda são relevantes, dentro de um contexto histórico. A família de Letícia sempre gostou de ler, e a autora informa que essa foi a característica que a influenciou mais, iniciando seu próprio gosto pela leitura. “Desde criança via minha mãe e meus avós com livros. Então, foi natural me tornar leitora – mas de gibis, numa primeira fase”, conta a autora, que lia e relia seus gibis até decorar a história. “Da mesma maneira, quando começamos a ler livrinhos na escola, eu lia a todos duas vezes: durante a semana e no dia de apresentar a história para os colegas ou escrever em atividade valendo nota. Não sei se era medo de esquecer alguma coisa importante – mas acho que era vontade de reviver aquela aventura uma última vez antes de passar para a próxima”, completa Letícia. E agora, confira os cinco livros favoritos, os queridinhos de cabeceira da autora.

OS SOFRIMENTOS DO JOVEM WERTHER Goethe Li este livro em uma época difícil. Sofro de depressão há muito tempo, causada pelo bullying, e quando li o livro ainda não havia recebido o diagnóstico. De alguma maneira, me identifiquei com Werther – só que eu não sofria por amor, muito pelo contrário!

O SOL É PARA TODOS Harper Lee É uma história conhecida, do advogado branco que defende o réu negro, acusado injustamente de estuprar uma moça branca. O mais importante do livro, para mim, é a lição de que “não podemos julgar uma pessoa até estarmos na situação dela” – uma mensagem mais que necessária ainda nos dias de hoje.

Eu adoro cinema antigo. Meu ator favorito é James Cagney, e sua autobiografia, “Cagney by Cagney”, é maravilhosa. Aprendi muito sobre ele, e passei a admirá-lo mais ainda como pessoa. Por isso, este livro está entre meus cinco livros favoritos.

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Agora, não consigo completar a lista. Pensei em livros de dois dos meus escritores brasileiros favoritos, Machado de Assis e José de Alencar, mas não consigo escolher um só livro de cada. Alencar é mestre das palavras, faz descrições de tirar o fôlego, embora peque pela pieguice em alguns momentos. Já Machado de Assis é perfeito, e nunca deixo de me surpreender com um de seus contos ou romances.

Para maiores informações sobre a autora e seus livros, envie um email para le_mag_pereira@yahoo.com.br ou acesse a fanpage facebook.com/Diario QuaseEscritora. ■

CAGNEY BY CAGNEY James Cagney

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MACHADO DE ASSIS E JOSÉ DE ALENCAR



Por Helena Souza em “Brás, Bexiga e Barra Funda” ele focaliza os chamados “italianinhos de São Paulo”, os imigrantes que vinham para os bairros que dão nome ao livro, seus dissabores, tristezas, esperanças, alegrias e perspectivas.

ANTES DE ADÃO JACK LONDON

CLASSIC BOOKS

Obra de Jack London, “Antes de Adão” conta a história de Dentuço, um homem pré-histórico que viveu há milhões de anos. O narrador personagem do livro sofre de uma anomalia e possui gravadas em sua memória todas as imagens e experiências de seu ancestral préhistórico, que se expressam nos seus sonhos.

O ROBÔ DE JÚPITER ISAAC ASIMOV Quinto livro da série “Lucky Starr”, seis livros infanto-juvenis de ficção científica escritos por Isaac Asimov, “O Robô de Júpiter” conta a história do mais importante avanço tecnológico em viagens interplanetárias no século. Era um projeto tão revolucionário, que CAPITÃES DA AREIA somente homens que se agrupavam em JORGE AMADO uma lua de Júpiter conheciam. No entanto, alguém mais conhecia seus De Jorge Amado, “Capitães da segredos e estava sabotando a missão Areia” retrata a vida de um grupo de ultrassecreta. Quem era o inimigo? menores abandonados, que crescem nas Apenas Lucky Starr poderia descobrir. ruas da cidade de Salvador, vivendo em um trapiche, roubando para sobreviver, chamados de “Capitães da Areia”. O livro forma parte do movimento “Romance de 30”, marcando uma mudança do modernismo da década anterior, passando de experimentação literária para um engajamento com questões sociais.

A CINZA DAS HORAS MANUEL BANDEIRA Primeiro livro de poesia do escritor Manuel Bandeira, “A Cinza das Horas” é marcado pelo tom fúnebre, e traz poemas parnasiano-simbolistas. São poesias compostas durante o período de sua doença. Do ano em que o poeta adoece até 1917, quando publica “A Cinza das Horas”, é que se daria a etapa decisiva e a inusitada gestação de um dos maiores escritores da Língua Portuguesa.

A BRINCADEIRA O AMOR DO SOLDADO JORGE AMADO

BRÁS, BEXIGA E BARRA FUNDA ANTÓNIO DE ALCÂNTARA MACHADO Coletânea de contos do escritor brasileiro António de Alcântara Machado, _

Peça de teatro do autor “Jorge Amado”, que retrata o amor de Castro Alves e Eugénia Câmara, um poeta abolicionista que luta pela república e pelo fim da escravidão e uma atriz portuguesa, “O Amor do Soldado” mostra esses dois personagens que sentem um amor profundo um pelo outro. O problema é que também o sentem pelos seus ofícios. Castro amava Eugénia, mas não podia abandonar sua causa, então a decisão pairou sobre Eugénia, seguir Castro e viver com o amor de sua vida ou seguir a Companhia de Teatro como atriz, que era o que mais amava.

MILAN KUNDERA Primeiro romance do escritor tcheco Milan Kundera, o livro “A Brincadeira” é contado sob o ponto de vista de quatro diferentes narradores. A história trata de Ludvik, estudante que é condenado a anos de trabalho braçal por ter enviado um cartão postal criticando ironicamente o Partido Comunista. A pena à qual foi submetido e suas consequências alteram a própria personalidade do rapaz, que passa a se questionar existencialmente e buscar a vingança. O livro foi publicado em 1967, um período conflituoso para a República Tcheca, e foi considerado um livro de protesto, denunciando causas sociais, assim como o personagem Ludvik.

Nesta seção, apresentamos livros lançados há cem, noventa, oitenta, setenta, sessenta, cinquenta, quarenta, trinta, vinte e dez anos, cujo valor foi posto à prova do tempo, tornando-os clássicos.

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A HORA DA ESTRELA CLARICE LISPECTOR Escrito por Clarice Lispector, “A Hora da Estrela” é um romance que narra a história da nordestina Macabéa, e é contada passo a passo por seu autor, o escritor Rodrigo S. M. (um alter ego de Clarice Lispector), de um modo que os leitores acompanhem seu processo de criação. À medida que mostra essa alagoana, órfã de pai e mãe, criada por uma tia, desprovida de qualquer encanto, incapaz de comunicar-se com os outros, ele conhece um pouco mais de sua própria identidade. A descrição do dia a dia de Macabéa na cidade do Rio de Janeiro como datilógrafa, o namoro com Olímpico de Jesus, seu relacionamento com o patrão e com a colega Glória e o encontro final com a cartomante estão sempre acompanhados de convites constantes ao leitor para ver com o autor de que matéria é feita a vida de um ser humano.

2061 – UMA ODISSEIA NO ESPAÇO 3

HARRY POTTER E A PEDRA FILOSOFAL J. K. ROWLING O livro conta a história de Harry Potter, um garoto órfão criado por seus tios que descobre em seu aniversário de onze anos que é um bruxo. No romance, são narrados os seus primeiros passos na comunidade bruxa, seu ingresso na escola de magia e bruxaria de Hogwarts e o início de sua amizade com Rony Weasley e Hermione Granger, que o ajudam a enfrentar Lorde Voldemort, que, anos antes, matou os pais do garoto e agora procurava um objeto lendário, conhecido como a Pedra Filosofal.

ARTHUR C. CLARKE

DEXTER IN THE DARK

É o terceiro romance da série “Odisseia no Espaço”. O livro se passa 51 anos após os eventos de “2010: Uma Odisseia no Espaço 2”. Heywood Floyd, agora com 103 anos, parte numa nave turística ao cometa Halley, mas acaba indo para o Satélite Europa, o satélite proibido, em missão de resgate, quando uma nave cai ali com seu neto à bordo. O monólito volta a mostrar seu poder a serviço de uma suprema força alienígena que decidiu que a humanidade terá que, forçosamente, desempenhar um papel fundamental na evolução da Galáxia.

Terceiro volume da série de livros lançados por Jeff Lindsay, que gerou o seriado “Dexter”. Uma nova onda de assassinatos volta a perturbar a população de Miami. Os corpos são encontrados carbonizados, sempre com um pé descalço, e decapitados. É assim que o mais novo serial killer da cidade consegue provocar Dexter. Porém, desta vez, o investigador terá que desvendar esse mistério sozinho. Aquela voz sussurrante que lhe inspira e dá ânimo desaparece, deixando-o literalmente no escuro.

JEFF LINDSAY

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Logan: Esperanças Renovadas

ESTANTE NERD

Por Renata Vasconcelos Na Estante Nerd desta edição, vamos falar sobre o herói mais bruto e lendário das histórias em quadrinhos: o Logan. Neste último filme, o dono das garras de adamantium se mostra uma figura velha e desgastada pelo tempo, assim como o dono da mente mais brilhante, o nonagenário professor Xavier. Trabalhando como chofer para manter o sustento dele e do homem que lhe ensinou tudo, poderemos ver até que ponto os sobreviventes precisam chegar para se manterem vivos. A sorte deles está longe de mudar, mas uma enfermeira aparece com a esperança em forma de criança, chamada Laura. Neste momento a viagem começa, e os convido a saber mais dela a seguir.

do mundo. Em um certo momento, enquanto trabalhava, nosso herói é surpreendido por uma senhora que alega precisar de sua ajuda e possuir algo de seu interesse. Ele, por sua vez, rejeita a atenção da mulher. Momentos depois de rever seus pensamentos ele volta a procurá-la. Ao fazer isso, ela conta sua história e a da garota que a acompanha. Depois desse encontro, tudo vai mudar para o trio recém-formado, pois além de uma cumplicidade extrema, irão começar a trabalhar juntos e descobrir novas informações que, de certa forma, podem ser a esperança necessária para a raça mutante.

filmes envolvendo a carga brutal do gene que carrega consigo e a faz ser tão parecida com o doador. A aparência dessa personagem na história foi sensacional em diversos motivos, pois o pouco conhecimento sobre ela nos quadrinhos passou para a dimensão das telinhas dando-nos a chance de termos mais informações sobre ela e seus semelhantes. Esse foi um filme para marcar o ano em relação aos mutantes, tendo uma história que nos faz viajar no passado e no futuro, nos fornecendo uma esperança do futuro dos filmes. Espero que tenham gostado de saber um pouco mais sobre esse filme, e ficamos no aguardo de mais produções com a figura mais fofa e ameaçadora deste filme: Laura. ■

RESENHA O filme “Logan” foi uma produção muito aguardada pelo público por ser a última O ENREDO envolvendo o personagem (Wol-verine). Depois do extermínio em massa Muitos fãs colocaram uma “car-ga” e dos mutantes no decorrer do tempo, expectativas sem precedentes no filme. poucos foram os que sobreviveram, e Não estavam errados, pois foi tudo o mesmo com o empenho de se integra- qual prometia e mais, pois veio seguindo rem aos humanos, nem todos os esfor- a veia original do personagem. ços foram válidos. De qualquer forma, os Contendo muito sangue, brutalidade e que conseguiram se manter vivos sofrem raiva, resgatando a essência carregada para se esconderem e se protegerem. por Logan durante tanto tempo, o filme Logan, Xavier e Caliban levam a vida mostra um personagem que, por estar mais velho, demonstra vulnerabilidade, com pouco até algo melhor aparecer. Com a mente e o corpo cansados, nos fazendo cair na real por conta de toLogan leva uma vida passiva como cho- dos os anos que se passaram e o deixafer e tenta ao máximo não se envolver ram tão debilitado. A respeito da imagem de Laura em brigas, pois seu fator de cura parece não ser o mesmo de anos atrás. Já Xa- (X-23), ela renova nossas esperanças vier enfrenta uma doença mental seme- de certa forma, pois vemos nela a recrilhante ao Alzheimer, atacando e debili- ação da juventude perdida por Logan e, tando uma das mentes mais poderosas de certa forma, a esperança de novos __ __ Nesta seção, traremos sempre novidades sobre o mundo geek, com informações sobre quadrinhos, séries, filmes e livros, além de eventos.

SALÃO COSPLAY

Viviane Oliveira – Mary Jane Contato para eventos: Facebook.com/horcruxvivis

Adriano Morete – Lorde Voldemort Contato para eventos: Facebook.com/moretecosplayer

Ramon Billa – Tom Riddle Contato para eventos: ramonbilla@hotmail.com

Pedro Prado – Homem-Aranha Contato para eventos: Facebook.com/PedroAugusto.PradodeMessias

Participe e envie sua foto no formato JPG 300dpi com dados para contato para redacaobookaholic@gmail.com

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Geração Bookaholic – Sua Revista Literária



Por Débora Falcão

Os livros que compõem as crônicas

LEITURA EM SÉRIE

são:

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Há quem ame histórias de vampiros. Há quem os ache pop, assustadores, divertidos, reais. O mais legal de tudo é que eles podem ser tudo isso ao mesmo tempo, ou nada disso. E então, chega a autora Anne Rice com, nada mais, nada menos, vampiros aristocráticos, cheios de dilemas pessoais, capazes das maiores atrocidades e, no segundo seguinte, capazes de gestos incrivelmente delicados, de amor, de afeto e de contemplação. Os vampiros de Anne Rice, começando por Lestat de Lioncourt, são exatamente assim. Cheios de dilemas, de problemáticas, de contemplações do mundo à sua volta, e acabam por revelar-se extremamente perspicazes, sagazes e, claro, bastante filosóficos. Conheça agora esta Saga, que já deu o que falar nos anos 80 e 90, mas que vem com muitas novidades por aí!

A SAGA

O primeiro volume das Crônicas Vampirescas foi “Entrevista com o Vampiro”, que em 1994 chegou aos cinemas, com Tom Cruise estrelando no papel de Lestat, e Brad Pitt, estrelando no papel de Louis. A adaptação ainda contou com Antonio Banderas (Armand), Kirsten Dunst (Claudia) e Christian Slater (Daniel), um elenco de peso para um filme esperado. Que, aliás, é um filme bastante respeitado pelos fãs da saga, por ter sido bem fiel ao livro. Infelizmente, o livro “O Vampiro Lestat”, segundo livro da série, foi adaptado de forma equivocada para o cinema, gerando um grande prejuízo, com problemas no roteiro que unia dois livros (O Vampiro Lestat e Rainha dos Condenados) num único filme. Mas, nada disso apaga o brilho dos livros, que ainda andam apaixonando leitores por aí.

Geração Bookaholic – Sua Revista Literária

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Entrevista com o Vampiro (1976) O Vampiro Lestat (1985) A Rainha dos Condenados (1988) A História do Ladrão de Corpos (1992) Memnoch (1995) O Vampiro Armand (1998) Merrick (2000) Sangue e Ouro (2001) A Fazenda Blackwood (2002) Cântico de Sangue (2003) Príncipe Lestat (2014) Lestat and Realms of Atlantis (2016) Paraíso de Sangue (em breve)

Em sua versão brasileira, o livro “Entrevista com o Vampiro” foi traduzido pela escritora Clarice Lispector.

de suas viagens e reflete sobre vários assuntos como a imortalidade. Em sua versão brasileira, “Entrevista com o Vampiro” foi traduzido pela célebre escritora Clarice Lispector. O segundo volume das Crônicas Vampirescas, mais um clássico de Anne Rice, é “O Vampiro Lestat”, que narra a história de Lestat de Lioncourt, um dos personagens mais carismáticos da autora, desde seus dias como humano morando no castelo de seu pai, passando por seu encontro com o vampiro que o transformou, até o encontro com Akasha. A partir daí, a história continua no livro “A Rainha dos Condenados”.

Isso mesmo. Em 2014, Anne Rice retomou seu projeto e veio com novas crônicas para seus fãs. Mas esses não são os únicos livros desse universo. A autora também publicou outros livros que contam as histórias pessoais de alguns vampiros, sem interferir na históriaOS PERSONAGENS mestre das crônicas. É como se fossem spin-offs. São eles: Louis de Pointe du Lac Personagem principal do livro “En1. Pandora trevista com o Vampiro” e personagem 2. Vitório, o Vampiro secundário na coleção Crônicas Vampirescas. É descrito como tendo a pele branca e muito pálida, com osso descorado. Tem cabelos pretos na altura do queixo e olhos verdes brilhantes. Como mortal, foi um belo rapaz que dirigia as plantações de índigo muito perto de Nova Orleans em 1791. Ele vê seu mundo desmoronar com a morte de seu irmão. Para escapar da lembrança constante, se muda para Nova Orleans, torna-se um bêbado e se coloca em perigo constante. Uma noite, é encontrado e atacado por Lestat de Lioncourt, que lhe suga quase todo o sangue, mas lhe dá a opção de morrer ou se tornar imortal. Tudo começa quando um jovem reA imortalidade exacerba sua persopórter começa a seguir um homem dife- nalidade contemplativa e reflexiva, que rente, que ele vê num bar. O homem per- muda completamente sua visão de muncebe que está sendo seguido e fala com do e de sua própria natureza vampiresca. ele, concedendo a ele uma entrevista. O que o jovem não esperava era uma en- Lestat de Lioncourt trevista com um vampiro de verdade, que Sétimo filho do marquês d’Auvergcomeça a contar toda a sua história, sua ne, nascido em 1760, na França, em um vida antes de se tornar vampiro, como se castelo pertencente aos seus antepassatransformou, como conheceu Lestat, a dos. Apesar de sua aparente nobreza, vampira Claudia e Armand. Fala também cresce em pobreza relativa, pois seus _ ___


antepassados esbanjaram as riquezas da família. Os habitantes da cidade falam com ele para matar uma alcateia de lobos que estavam assustando sua aldeia. Ao caçá-los, foi atacado por oito deles, que quase causaram sua morte. Após este evento, cai em profunda depressão e, acompanhado de um amigo violinista, foge para Paris com a intenção de se tornar um ator de teatro. Durante uma peça, atraiu a atenção de um antigo vampiro, chamado Magnus, que o rapta, o transforma contra a sua vontade, e depois comete o suicídio, sem lhe explicar o que viria a seguir. Lestat descobre que é herdeiro de seu criador de uma inesgotável riqueza, e começa uma aventura que o leva a conhecer o mundo. Ao contrário dos vampiros comuns, Lestat tem uma ânsia por conhecimento. Não se fecha em mitos e histórias de terceiros, adora quebrar as regras e sempre busca a fonte de seu real poder. Assim, ele passa a conhecer Marius, criador de Armand, e é responsável por cuidar dAqueles que Devem Ser Preservados, os dois primeiros vampiros, que se prenderam na maldição do demônio do sangue humano.

SÉRIE DE TV

Marius de Romanus Filho ilegítimo de um patrício com uma escrava celta, Marius nasceu em aproximadamente 30 a.C. Durante sua vida mortal viajou pelo império e grande parte do mundo conhecido então, compilando a história da civilização. Com aproximadamente 40 anos, foi raptado por druidas que pretendiam torná-lo seu novo deus do bosque. Lá, o deus do bosque gravemente ferido o transformou em um bebedor de sangue a fim de que descobrisse a razão pela qual ele mesmo e outros deuses (vampiros antigos) estavam sendo queimados e destruídos pelo sol, mesmo sem terem tido contato com ele, em alguns casos, mesmo sendo noite. Marius, então, viajou até o Egito e se tornou guardião de Aqueles que Devem Ser Preservados, os mais antigos bebedores de sangue, possuidores do Cerne Sagrado, cuja destruição acarretaria a destruição de todos os demais vampiros. É apresentado nas Crônicas como sendo um vampiro sábio, dotado de grande inteligência e otimismo em relação à humanidade. Amante de história e artes, em especial a pintura, fisicamente é descrito com a aparência de um homem de cabelo amarelo, quase branco, à altura dos ombros, olhos azul-cobalto, rosto delicado, expressão eternamente amável e bondosa. Sua cor preferida é o vermelho.

As “Crônicas Vampirescas” vão virar série de TV. A autora Anne Rice anunciou seu próximo projeto em seu perfil oficial no Facebook. Anne Rice conseguiu retomar seus direitos da obra, que deve iniciar sua aventura na televisão com as primeiras aventuras do Vampiro Lestat. “Muitos de vocês me pediram para ver algo semelhante a ‘Game Of Thrones’ em termos de fidelidade (...). Acredito que agora, nessa nova época de ouro da TV, esse é o melhor jeito de levar essa obra às telas”, disse a autora. Anne e seu filho, Christopher, serão os produtores executivos do seriado, que ainda não tem emissora ou equipe de produção anunciada. O próximo lançamento de Rice é um novo livro sobre Lestat, que chega às livrarias ainda este ano.

NOVO FILME Além da série de TV, o livro “Entrevista com o Vampiro” está sendo novamente adaptado para os cinemas, e está em fase de produção. A notícia é que tem o ator e cantor Jared Leto no elenco. Vamos aguardar para ver o que vai dar! ■


CAFÉ LITERÁRIO

QUARTAS DRAMÁTICAS Leitura Cênica “A Casa de Bernarda Alba” Data: 08 de março de 2017 Local: Universidade de Brasília

Por Ane Karoline “Quartas Dramáticas” é um projeto realizado na Universidade de Brasília, com o apoio do Instituto de Letras e o Departamento de Teoria Literária da Universidade. Através do projeto, todas as quartas-feiras à noite são realizadas leituras cênicas com o intuito de incentivar a leitura e o acesso ao teatro. Recentemente, o grupo responsável pela realização do projeto – coordenado pelo professor André Luís Gomes – apresentou a leitura cênica da última peça escrita por Frederico Garcia Lorca: A Casa de Bernarda Alba. Bernarda Alba, personagem central do texto, é uma matriarca dominadora que mantém as cinco filhas (Angústias, Madalena, Martírio, Amélia e Adela) sob vigilância implacável, transformando a casa onde vivem pisando em ovos e cheias de segredos que poderão destruir a paz da família. No dia 08 de março, a peça foi lida e encenada como forma de homenagem ao Dia Internacional da Mulher, como forma de resistência e apoio a todas as mulheres que sofreram e ainda sofrem qualquer tipo de violência. A leitura cênica é feita de forma que as atrizes leem a peça enquanto atuam e interagem entre si. Além disso, especialmente na leitura cênica em questão, as atrizes cantam e tocam instrumentos de forma a tornar a performance muito mais completa e envolvente. ■

LANÇAMENTO DOS LIVROS DE MARGARIDA LORENA ZAGO “Um Segredo Muito Sigiloso” (Infantil) e “Poemas, Contos e Encantos II” Data: 22 e 25 de março e 08 de abril de 2017 Local: Livrarias Catarinense; Jardins da Autora e Livraria Riocentro

Por Débora Falcão Este primeiro semestre foi um semestre de agenda lotada para a escritora Margarida Lorena Zago (SC). Três eventos marcaram os lançamentos de seus dois livros, “Um Segredo Muito Sigiloso” (Infantil) e “Poemas, Contos e Encantos II”, além de uma surpresa muito cativante! Confira! No dia 22 de março, às 19h nas Livrarias Catarinense, no Shopping Neumarkt em Blumenau, aconteceu o lançamento do livro “Poemas, Contos e Encantos II”, de Margarida Lorena Zago. O livro foi lançado na ocasião em três idiomas: Português, Espanhol e Alemão, com presença da autora e noite de autógrafos. No dia 25 de março, às 17h nos jardins e espaços de sua própria residência em Presidênte Getúlio (SC), a autora recebeu convidados especiais no lançamento do mesmo livro. Além desse livro, também foi lançado o infantil “Um Segredo Muito Sigiloso”, também de Lorena Zago, e uma surpresa. O livro “Minhas Férias, Minhas Diversões”, também infantil, foi lançado na ocasião, e foi escrito por Eduarda Gabrielly Bairros, escritora mirim, neta de Lorena Zago. Já no dia 08 de abril, das 10 às 16h na Livraria Riocentro, Galeria Schroeder em Rio do Sul (SC), foram lançados os livros “Poemas, Contos e Encantos II”, “Um Segredo Muito Sigiloso” e “Minhas Férias, Minhas Diversões”, com a presença da autora e também de sua neta Eduarda Gabrielly Bairros, escritora mirim. Para conhecer um pouco mais da autora e de seus livros, bem como adquirir de forma online o seu exemplar, basta acessar o site EscritoraLorena Zago.com.br. ■

ABRIL PRO LIVRO 2017 “Mulheres na Literatura” Data: 29 de abril de 2017 Local: Praça do Sebo de Recife

Por Débora Falcão No dia 29 de abril, na Praça do Sebo de Recife (Rua da Roda, no Bairro de Santo Antônio), aconteceu mais uma edição do evento “Abril Pro Livro”, organizado pela bibliotecária e escritora Carolina Sobral, com parceria de todos os boxes da Praça do Sebo e também do evento underground “Abril Pro Rock”, que acontece todos os anos no último fim de semana do mês de abril. O evento começou às 9h da manhã, com apresentações culturais, recital de poesia, troca-troca de livros, debates, exposição fotográfica, lançamentos de livros e sorteios, além de comidinhas típicas e muitas outras surpresas. Este ano, o tema central do evento foi “Mulheres na Literatura”, e trouxe muitas autoras para o conhecimento do público. O evento reuniu pessoas de todas as tribos, leitores, sebistas, autores, músicos e atores para uma realização cultural de qualidade no centro do Recife. Lembrando que a autora Carolina Sobral, organizadora do projeto, já participou aqui na Geração Bookaholic falando sobre a Praça do Sebo e sua importância na cidade, e também lançando seu livro “Alfarrábios”. Para conhecer mais sobre o evento, basta acessar as redes sociais. Carol está sempre presente no Facebook para atender e responder às perguntas dos leitores. Também realiza um trabalho muito legal na nova Biblioteca do Bairro de Afogados (Recife-PE). Vale à pena conferir! ■


MUSEU DO VIDEOGAME ITINERANTE LOCAL: Shopping Center Recife DATA: 04 a 26 de março de 2017

Por Renata Vasconcelos O Museu do Videogame Itinerante é uma atração que retorna ao Recife depois de ter feito tanto sucesso da primeira vez, em 2016 (figurando por aqui no Café Literário da Geração Bookaholic na ocasião). Trazendo exposições de cursores antigos, aparelhos de jogos, artistas cosplays e palco para Just Dance, a atração foi novamente instalada na praça de eventos do Shopping Center Recife, e ficou por lá nos dias 04 a 26 de março – quase o mês inteiro, para deleite dos gamers, aficcionados e nerds de plantão. ■

CCXP TOUR 2017 LOCAL: Centro de Convenções de Olinda-PE DATA: 13 a 16 de abril de 2017

Por Renata Vasconcelos Este ano aconteceu no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda-PE, a CCXP Tour, um evento que é de interesse de toda a comunidade nerd de Recife, Olinda e Região Metropolitana. O evento ocorreu entre os dias 13 e 16 de abril, o que foi uma grande data, pois foi exatamente no feriadão da Semana Santa, deixando todo mundo livre para curtir o evento durante o dia – e posso dizer, sem sombras de dúvidas: esta foi a razão de o evento ter lotado, apesar do valor dos ingressos (R$ 70 por pessoa). O evento reuniu diversos atores de séries da Netflix, como 3%, atores de outras séries como “Supernatural” (Arcanjo Gabriel) entre outros, além de cartunistas, artistas cosplays e outras atrações dignas de um evento que atrai a atenção nacional. Sem dúvidas, um evento que marcou a geração atual e que vai deixar saudades – em quem teve condições de comparecer, claro. ■

XII BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO DO CEARÁ LOCAL: Centro de Eventos do Ceará DATA: 14 a 23 de abril de 2017

Por Débora Falcão O Governo do Estado do Ceará anunciou, pela décima segunda vez, o evento mais esperado pelos cearenses e por leitores ávidos de regiões vizinhas: A Bienal Internacional do Livro do Ceará. Ocorreu no Centro de Eventos do Ceará entre os dias 14 e 23 de abril, e contou com muitas atrações, como lançamentos de livros, leituras, contações de histórias, além de muitas promoções de livros, presença de livrarias de grande nome e de autores nacionais e internacionais. O evento teve o tema “Cada pessoa, um livro; o mundo, a biblioteca”, e a Secretaria de Cultura do Estado afirma que foi um sucesso. E se você perdeu este evento tão importante, é esperar pelo próximo, em 2019. Os organizadores do evento garantem que será ainda melhor do que este ano, e que trarão muitas surpresas para os leitores, autores, editoras, livrarias, professores e escolas. E então, é só se ligar nas datas para não se perder na sua agenda! ■

FLIPOÇOS 2017 LOCAL: Espaço Cultural da URCA DATA: 29 de abril a 07 de maio de 2017

Por Débora Falcão Flipoços – Festival Literário de Poços de Caldas – deste ano aconteceu entre os dias 29 de abril e 07 de maio, no Espaço Cultural da URCA. A feira estava cheia de visitantes, não só de Poços de Caldas, mas de pessoas vindas do interior de São Paulo e outras cidades do Sul de Minas Gerais. Dentro, estava a Feira do Livro, stands de editoras e distribuidoras de livros, onde alguns autores estavam presentes, apresentando suas obras e interagindo com os leitores. Havia, inclusive, um espaço para autores independentes e para autores poços-caldenses. Entre esses autores, estavam lá W. F. Endlich (A Senhora do Caos), Lucinei M. Campos (Lavínia e A Árvore do Tempo), Giovanna Vaccaro (E Se...). Também tinha atividades para a criançada, com destaque para o Espaço Leiturinha e o Sesc Flipocinhos. O evento também recebeu autores nacionalmente conhecidos, como Tati Bernardi, Thalita Rebouças e Nara Vidal. ■


Por Renata Frade

Costumo dizer que nunca se leu tanto no país, afinal, hoje temos muito mais plataformas que oferecem leituras diversas no mundo online, além do papel tradicional. Não só para se trabalhar, desfrutar o lazer, mas também para interação, conhecimento e relacionamento. Por isto, afirmo que nunca se escreveu tanto, seja por mídias sociais, aplicativos de mensagens e, porque não, plataformas de publicação independentes. Porém uma coisa ainda não mudou: não basta caprichar na embalagem, ter um certo talento para o ofício de escritor. É necessário mergulhar em boas histórias, saber detalhes importantes do mercado editorial, estabelecer pontes com outros autores, praticar bastante e colocar o trabalho no mundo todos os dias. Bia Carvalho é uma autora independente que pode ser uma inspiração para você, leitor da Geração Bookaholic. Com formação em Marketing e atuação profissional na área, a escritora há anos vem construindo caminhos consistentes e inovadores em nosso mercado de livros. Conheça sua trajetória, obra publicada, inclusive para lançamentos na Argentina este ano, participação em grandes eventos literários como Bienais do Livro.

principais de grandes lojas. Precisei estudar muito o mercado, aprender termos gráficos, pesquisar preços. Hoje em dia eu tenho um bom conhecimento dessa área e, sem dúvidas, fez toda a diferença.

“Criatividade não se fabrica; escrever é um processo longo e que exige muito planejamento e atenção.” Bianca Carvalho

Você foi uma precursora dos novos talentos nacionais que surgiram na literatura como empreendedora editorial. É escritora e também foi editora independente. O que precisou aprender para realizar ambas as atividades? O que já havia aprendido e trabalhado que fez a diferença para o sucesso de seus lançamentos? Bianca Carvalho: Muita dedicação, sem dúvida! Sempre acreditei que as portas só se abrem quando você, literalmente, enfia o pé nelas. O mercado é cruel e tem muita gente boa disputando espaço. É muito difícil para um autor 100% desconhecido conseguir se inserir no meio, então, minha decisão foi publicar meus livros de forma independente, mas de uma maneira profissional para poder entrar em livrarias. Sendo assim, sozinha, eu consegui figurar em bancadas __

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Você é chamada para palestrar em eventos voltados a escritores, além de leitores, com frequência. Nos eventos para autores, costuma detalhar seu criterioso processo de criação, dar dicas de modelos de construção de personagens, de arquiteturas narrativas. Poderia falar um pouco sobre seus métodos? BC: Eu sempre digo que criatividade não se fabrica; mesmo a pessoa mais inspirada do mundo precisa conhecer técnicas para organizar as ideias e estruturar a história. Antes mesmo de começar a escrever o romance existem vários passos a serem seguidos: criar um roteiro para se guiar, elaborar argumento, construir os personagens para que eles carreguem boa parte da trama, tomar decisões de narrativa e apenas depois mergulhar no texto em si. É um processo longo e que exige muito planejamento e atenção. O Dark Romântico é o gênero no qual você produziu a maioria dos romances de sua carreira. Poderia falar sobre esta opção artística, por que se encaixa neste estilo, quando e como descobriu esta vocação? Não é um gênero predominantemente ocupado por mulheres, como seus livros são recebidos pelo público? BC: Eu sempre gostei de escrever livros com cenários mais sombrios. Em contrapartida, o romance sempre esteve presente entre meus gêneros favoritos. A decisão de unir as duas coisas foi muito natural. Encaixar elementos de realismo mágico também, pois o inexplicável sempre me fascinou. Acredito que todo escritor precisa se identificar com o gênero que escreve, pois assim irá trabalhar por prazer. Apesar de não ser um estilo predominantemente feminino, as mulheres abraçaram minhas histórias por conta do romance, e também consigo agradar aos homens pelo jogo policial, pelo suspense e o mistério. A receptividade tem sido muito boa e não sofro preconceitos. Vários e-books seus foram campeões de vendas na Amazon, chegando a primeiras coloca_


ções no ranking de e-books da Veja. Quais seriam as dicas vitoriosas para autores principiantes ou iniciados em escrita nesse ambiente? BC: A Amazon é uma vitrine incrível e atualmente é a melhor escolha para quem quer iniciar a carreira. Porém, a maior dica que dou é: divulgação intensa. Há muitos livros bons surgindo a cada dia na plataforma, então, há o risco de o seu ser apenas mais um. Caprichar na arte visual (capa), na sinopse e no título são os primeiros passos. Depois, usar e abusar de mídias sociais para divulgação, parcerias com blogueiros, participação em grupos de leituras e eventos. Mostrar-se sempre acessível aos leitores e respondêlos com carinho também é uma boa dica. Palestras em escolas que visem incentivar a escrita e leitura dos jovens são comuns em sua rotina. Poderia falar um pouco quais são os resultados destas incursões e por quais razões realiza este trabalho? BC: Sempre que tenho a oportunidade de visitar uma escola saio de lá revigorada. Vejo a literatura tornando-se muito parte do mundo dos jovens; muito mais do que na minha época de estudante. Eu me lembro de ser taxada como a estranha por estar sempre com um livro na mochila, e hoje em dia isso é bem mais natural. E sei que devemos muito a Harry Potter, Crepúsculo e Jogos Vorazes. Gosto muito de ver nos rostos desses jovens a surpresa por encontrarem um escritor brasileiro, que muitos acreditam ser uma profissão quase inexistente por aqui. Também é infinitamente gratificante compartilhar minhas experiências, falar sobre o quanto amo o que faço e plantar a sementinha do gosto pelos livros em mais alguns. Muitos professores ficam em contato comigo – alguns se tornaram meus amigos – e sempre me dizem o quanto minhas palestras foram importantes, o que, sem dúvidas, é uma das partes mais gratificantes do trabalho. Mesmo sendo uma autora que surgiu no cenário independente, já publicada pela Rocco __

(O Livro Delas), já conquistou o respeito de escritores importantes, como Carina Rissi, Larissa Siriani, Maurício Gomyde, Marina Carvalho, que endossam seu trabalho. Quais foram as dicas recebidas de autores que você nunca esquecerá e qual é o impacto destes endossos na sua carreira? BC: A primeira e maior dica de todas foi realmente a generosidade. Não vivemos uma concorrência. Pessoas leem vários livros por ano, então, há espaço para todo mundo. Indicar o trabalho de um amigo, dar dicas a escritores que estão começando e trabalhar em conjunto foi algo que aprendi com todos eles. Sua Trilogia das Cartas será publicada em breve na Argentina. Poderia falar sobre sua expectativa para este lançamento e adiantar detalhes do mesmo? BC: É um grande feito na carreira, sem dúvidas, ter meu trabalho publicado em outra língua e distribuído para pessoas que nunca teriam a chance de conhecer meu trabalho. Estou contando os dias e muito feliz por ter essa oportunidade. A editora tem me tratado com muito carinho e respeito, e sei que cuidarão muito bem da minha obra. Muitos escritores se preocupam com a Comunicação e Marketing, já se lançam em ambientes de publicação como o Wattpad sem o preparo artístico. Qual a importância no desenvolvimento de sua carreira literária de ferramentas de Marketing e Comunicação, como são realizadas em sua rotina e quais os prós e contras desta dedicação a este trabalho? BC: O marketing é o que movimenta o nome de um profissional, seja de qualquer área, principalmente na artística. Sou formada na área e também contei com a ajuda da Punch! para trabalhar minha imagem de forma mais profissional. Hoje tudo é muito pensado na minha carreira, principalmente o que posto, como me comunico e como divulgo o meu trabalho. Não vejo contras nessa dedicação, uma vez que divulgar obras li_

terárias pode ser considerado um trabalho de formiguinha, pois ainda temos poucos leitores no Brasil. Cada leitor novo que passa a me conhecer por uma ação que realizei é uma vitória. Nos últimos anos, sua participação em eventos de grande vulto tem crescido e dado grandes resultados em sua carreira. A que atribui este sucesso? BC: Eu sou uma apaixonada por eventos. É neles que consigo encontrar meus leitores, fazer novos leitores, divulgar meu livro e conhecer outros autores. Recentemente, participei da Convenção de Romances de Época, que foi um evento incrível, com autoras igualmente sensacionais. Participei da LER – Salão Carioca do Livro, mediando uma mesa sobre representatividade feminina, que foi um sucesso. Estou sempre presente em Bienais, palestrei para jovens especiais em Santa Cruz; palestrei na ExpoNoivas conversando sobre realizações de sonhos, além de muitas outras oportunidades incríveis que a carreira de escritora me proporcionou. Creio que isso é o resultado de um trabalho minucioso. Sempre fui aberta a participar de eventos, e cada um deles foi me apresentando a ótimas pessoas que me indicaram a outros. O autor de hoje não pode mais ficar preso em uma bolha, é importante que se mostre e que vá até onde estão seus potenciais leitores. Quais são seus próximos lançamentos e novidades? BC: Este ano, na Bienal, haverá o lançamento de um livro novo. Será outra obra no estilo Dark Romântico, com suspense, romance e um toque de fantasia. Ele terá também uma forte carga de drama, o que está sendo um desafio, pois nunca tinha me empenhado tanto em fazer pessoas chorarem (risos). Estou muito empolgada com este trabalho e orgulhosa também. ■

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LETRAS IMORTAIS

Por Maria Lygia Charles Bukowski foi um poeta e tanto, contista e romancista. Nasceu na Alemanha em 16 de agosto de 1920, sob o nome de Heinrich Karl Bukowski, e aos três anos mudou-se para os Estados Unidos com os pais. Sua infância e adolescência foram difíceis, tal qual sua vida adulta. Passou 50 anos de sua vida em Los Angeles, onde simultaneamente bebeu e escreveu seus melhores livros. Aos 24 anos de idade publicou seu primeiro conto, e somente aos 35 publicou suas poesias. Suas obras são de caráter extremamente autobiográfico. Ficou conhecido por escrever a realidade nua e crua, da sua forma mais poética. Escreveu sobre pessoas à margem da sociedade, como prostitutas, bêbados e viciados. Em cada pessoa miserável é possível encontrar um pouco de Hank. Bukowski acreditava que de certa forma o pai soldado o tornou escritor, após ser espancado várias vezes por ele e sua mãe se omitir, recebeu dele uma máquina de escrever. Para fugir dos problemas da vida que levava em casa, se trancava no quarto e se punha a escrever. Iniciou a faculdade de jornalismo, mas por conta de seus contos e poemas, o pai o expulsou de casa e teve de desistir da formação. Não é difícil se identificar com cada personagem descrito pelo velho safado. Buk tem um estilo livre que não se deixa abater pela moral. Dotado de um senso de humor cético, ele ri e nos faz rir de sua e da desgraça alheia. Um de seus poemas mais notáveis é o “Pássaro Azul” (The Blue Bird):

[...] Há um pássaro azul em meu peito Que quer sair, Mas sou bastante esperto Deixo que ele saia Somente em algumas noites Quando todos estão dormindo. Eu digo: eu sei que você está aí, Então não fique triste. Depois o coloco de volta no lugar, Mas ele ainda canta um pouquinho Lá dentro, não deixo que morra Completamente E nós dormimos juntos Assim Como nosso pacto secreto E isto é bom o suficiente para Fazer um homem chorar, Mas eu não choro, E você? Em um documentário, Bukowski se mostrou muito sensível, dizendo que se incomodava quando via “algo matando outra coisa”. Não gostava da natureza, e dizia que já fazia parte da poluição. “Eu acho que cafetões, prostituição... são as flores da terra.” Desistiu de tudo por sua arte, principalmente para ter um dia inteiro para escrever sem ser incomodado, inclusive passou fome. “Dedicação sem talento é inútil”. Com problemas devido ao alcoolis_

mo, trabalhou em diversos empregos temporários e escreveu sobre eles em seus livros. Em “Cartas na Rua”, seu primeiro romance, ele escreveu de forma branda, não sem demonstrar que domina a arte da escrita. Nesse livro, Chinaski, seu alterego, está mais sóbrio, além de demonstrar amor pela sua família, também é possível notar um pouco de esperança (o que será sufocado em outros livros). Uma das maiores paixões de Charles são as mulheres. Em todos os livros há uma referência a elas, e claro que não faltaria neste. No livro, expõe como as mulheres se prendem a opiniões alheias, e não vivem suas próprias histórias. Considerado o último escritor maldito da literatura norte-americana, apesar de sua história conturbada com as mulheres e acusado de diversos estupros, casou-se, teve uma filha e se separou. Publicou mais de 45 títulos e conseguiu uma legião de fãs pelo mundo. Chegou a ser internado duas vezes com início de hemorragia devido ao abuso do álcool e do cigarro, morreu aos 73 anos devido à leucemia, um pouco depois de publicar “Pulp”, seu último romance, que faz referência ao seu poema “O Pássaro Azul”. ■

Há um pássaro azul em meu peito Que quer sair Mas sou duro demais com ele, Eu digo, fique aí, Não deixarei que ninguém o veja. Há um pássaro azul em meu peito Que quer sair Mas eu despejo uísque sobre ele e inalo Fumaça de cigarro E as putas e os atendentes dos bares E das mercearias Nunca saberão que ele está lá dentro. Há um pássaro azul em meu peito Que quer sair Mas sou duro demais com ele, Eu digo, fique aí, Quer acabar comigo? Nesta seção apresentamos imortais da literatura, já falecidos, que deixaram seu legado para a posteridade e serviram de referência para outros escritores.

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Geração Bookaholic – Sua Revista Literária



Por Roberta Costa

BOOKAHOLIKIDS

Yin Chien nasceu na África do Sul e viveu nos Estados Unidos e, mais recentemente, em Taiwan. Graduou-se na Universidade de Maryland em Artes Visuais. Dedicou-se, desde os primeiros anos de sua carreira, ao desenho gráfico, e desenvolveu um grande interesse pela ilustração de livros infantis. Publicou, então, o livro “A Panqueca de Nina”, que contou com história criada por ela mesma e suas próprias ilustrações. Através dessa história, a criança irá descobrir que não precisa ser igual a ninguém. Que, mesmo gostando muito de uma pessoa, pode ter seus próprios gostos e alcançar suas próprias conquistas, sem ter que imitar outra pessoa.

Nina tem muita admiração pela irmã mais velha. Quer ser igual a ela, fazer tudo igual, brincar com as mesmas amigas. Mas, nem sempre dá certo. Nina precisa descobrir tudo o que ela é capaz de fazer com sucesso, do jeito dela. Você pode ajudar Nina? Através dessa história, a criança poderá trabalhar a ideia de ser ela mesma, sem imitar os outros. É verdade que muito do que a criança aprende é por imitação, contudo, o livro traz a ideia de “pos_

sibilidades e descobertas”, trabalhando a criatividade e a individualidade. O livro é recomendado para crianças a partir de seis anos, mas crianças a partir de quatro anos já podem tirar grande proveito da história através da leitura compartilhada. Cabe aos pais lerem as histórias e mostrarem as ilustrações. Fica a dica da Geração Bookaholic para mais um livro infantil no Bookaholikids! Aproveite! ■

DADOS DA OBRA Autora: Yin Chien Ilustrações: Yin Chien Editora: Scortecci Páginas: 36 Gênero: Literatura Infantil Formato: 26x21cm Editora: Biruta Dados para Compra: LojaBirutaGaivota.com.br/literatura-infantil /a-panqueca-de-nina

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Geração Bookaholic – Sua Revista Literária



Por Débora Falcão

HORA DA POESIA

JackMichel é o primeiro grupo literário da história da literatura mundial, composto por duas escritoras: Jaqueline e Micheline Ramos. São irmãs e nasceram na cidade de Belém, estado do Pará, Brasil. O tema de sua obra é variado, visto que possui livros escritos nos gêneros ficção, poesia, romance, fábula e conto de fadas. A escritora publicou seu primeiro livro “Arco-Jesus-Íris” em 2015, pela Chiado Editora. Em 2016, lançou pela Drago Editorial as obras “LSD Lua”, “1 Anjo MacDermot”, “Sorvete de Pizza Mentolado x Torpedo Tomate” e “Ovo”. É associada da A.C.I.M.A. (Associazione Culturale Internazionale Mandala) e da LITERARTE (Associação Internacional de Escritores e Artistas). Seus contos e poemas constam em antologias nacionais e internacionais bilíngues: “Antologia Criticartes” (Biblio Editora), “Amor & Amore” (Edizioni Mandala), “Os Melhores Poemas de 2016” (ZL Editora), “Faz de Conto II” (Helvetia Edições), “Espinhos e Rosas” (Editora Illuminare), “Antologia Cultive” (Fast Livro), “Mulheres Pela Paz” (Fénix), “Além da Terra Além do Mar” (Chiado Editora). Também foi destaque de diversas revistas online de literatura, artes e cultura, como Varal do Brasil, Revista Literária, Ami, Divulga Escritor, Geração Bookaholic, Conexão Literatura, Criticartes. Participou do XXIX Salão Internacional do Livro de Turim 2016, I Salão do Livro de Lisboa 2016 e I Salão do Livro de Berlim 2016. Em 2017 tomará parte nos eventos: XVIII Bienal Internacional do Livro do Rio, 31º Salão do Livro e da Imprensa em Genebra, XXX Salão Internacional do Livro de Turim, Salão Internacional do Livro de Milão, BUK Festival Literário de Modena, Feiras literárias de Mântua, Bolonha e Roma. Seu slogan é: “A Escritora 2 em 1”.

Este poema constará em duas antologias internacionais bilíngues: “Amor & Amore” (Edizioni Mandala) e “Os Melhores Poemas de 2016” (ZL Editora). “Amor & Amore” (português-italiano) será lançado no XXX Salão Internacional do Livro de Turim, que ocorrerá nos dias 18 a 22 de maio de 2017; e “Os Melhores Poemas de 2016” (português-inglês) será lançado na cidade de Lisboa (Portugal) e nos países Brasil, Alemanha e Canadá.

CONFIRA A POESIA “PRÍNCIPE ENCANTADO” de JackMichel Ramos presente na antologia “Amor & Amore”

Quando a neve dos invernos dos anos descambar sobre tua cabeça e teus cabelos tornarem-se alvos, como o cimo dos montes nevados... Quando o frescor do riso empalecer na flor rúbia do teu lábio mádido, em ânsia fatal de morrer, como cisnes tristes de real plumagem... Quando em teus olhos luzir, bruxuleante, a luz das alvoradas, embaciada num enterro de matizes, dirigindo-se a místicos prazeres... Não importa, amor! Que serás para mim

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um príncipe encantado!... Em horas mágicas de divino acento, pensarei nos cerúleos céus, na sua vastidão infinita e meditarei sobre sua perenidade... pensarei nos frutos opimos que caem das árvores, sazonados, nos solos dos pomares e são mais saborosos... pensarei no grande Farol de Lindau, na Torre de Hércules, na Catedral de Reims, a permanecerem soberanos atravessando os séculos... E concluirei que o tempo conhece a perfeição da arte da Natureza; e ao invés de destruir a obra, como ao todo, aquela que elegeu, venera, e seu hábil cinzel alinda e encanta!



LÁPIS DE COR Integrante da antologia “Sonhos de Tinta”.

HORA DO CONTO

Por Débora Falcão

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Rosas vermelhas e maçãs sobre a mesa, framboesas, amoras, aromas e encantos. Tão belos os cantos, os quadros, os sons! Olhar para eles, para elas, para tantos! Detalhes magnânimos de uma vida comum, mas tão bela! Fogo alaranjado na lareira, queimando a madeira e perfumando o lugar; de frente para ela sentava-se a senhora, com ágeis dedos a trabalhar. Como não olhar? Como não se admirar? Os sons crepitam pela sala acolhedora, é o som do fogo a madeira estalar. Luzes douradas iluminam os móveis antigos, fotos penduradas nas paredes remontam momentos jamais esquecidos. Sombras dançantes no piso de sinteco, e a cadeira de balanço no ritmo da melodia balbuciada pela saudosa, mas não velha; idosa, mas não triste. Os papeis de parede estavam gastos, mas ainda podia se ver o amarelo que outrora fora muito mais forte, mais vivo, mais alegre. Agora é só uma lembrança descascada pelo tempo. O verde de seu vestido era escuro, mas era vivo, forte, e mesmo na penumbra dourada do fogo podia-se enxergá-lo livre, belo, feliz. Suas mãos não paravam, e já podia se enxergar o belo vestido que cosia. O bordado azul de tulipas já enchia a barra de babados, e o pequeno mimo se fazia singelo e delicado, assim como a dona daquele presente, cheio de carinho e amor. Gostava daquele quadro. Era tão encantador! Parecia que sua vida havia sido pintada com lápis de cor! Seus olhos já não eram mais os mesmos, mas graças ao bom Deus podia ver; todas as noites sua bela senhora a bordar diante da lareira era um espetáculo que não podia perder. Os fios brancos de seus cabelos não a deixavam velha, jamais. Eram uma coroa sobre sua cabeça, combinando com ___

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seus vestidos suaves, doces, puros e alvos. Amava-a como a primeira vez, e enxergava nela a mesma mulher que vira no dia em que chegara à cidade. Como eram jovens! O tempo passou, mas não o sentimento em seu peito. Todas as noites, após o jantar, ela sentava-se em sua cadeira de couro marrom, e iniciava seu trabalho. Mais uma vida seguia, e aquele era o presente, o legado que deixaria para ela. Era feliz naquele mundinho, cantarolando baixinho canções de sua época, enquanto bordava minúsculas flores azuis na barra do vestidinho rodado. Sua vida sempre fora colorida. Repleta de alegrias amarelas, esperanças azuladas, desejo vermelho e ardente. Às vezes a tristeza pálida e cinzenta acometia-lhes, mas a paz e a renovação sempre vinham, com seus tons esmeraldas, para voltar a colorir seus momentos em família. Amava-a tanto, que não podia pensar em seus dias sem sua presença. Sua vida se tornaria descorada, sem graça, sem sentido.

Aproximou-se dela. Seu mais belo sorriso lhe estendeu, presenteando-o como todos os dias. Como podia ser isto? Tantas décadas juntos e ainda virem-se com cores vibrantes, como se nunca faltassem pontas aos lápis com os quais coloriam seus dias? Abraçou-a de lado, como sempre fazia, e ela deu dois tapinhas em sua mão. Sentouse e ela voltou a coser. Daria mais uma vida para passar suas noites a admirá-la. Sempre. ■




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