Revista Fale! Edição 62

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FERNANDO H ENRI Q UE CARDOSO OS 9 0 ANOS DO CIC T H E ECONOMIST O Í NDICE B I G MAC , B RASIL PA G A MAIS Revista de informação ANO VI — Nº 62 OMNI EDITORA

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20 anos depois, um prédio em construção Largado por sucessivas administrações públicas, o Centro de Fortaleza ganha seu primeiro investimento privado, após 20 anos sem ouvir o barulho de uma betoneira moendo o concreto

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ISSN 1519-9533

REVISTA DE INFORMAÇÃO

EDITOR&PUBLISHER Luís-Sérgio Santos EDITOR SENIOR Isabela Martin Editor Associado Luís Carlos Martins EDITOR DE ARTE Everton Sousa de Paula Pessoa e Jon Romano DIRETOR COMERcial Paulo Sérgio Cavalcante ASSISTENTE DE ARTE Luís Sérgio Santos JR Revisão Priscila Peres COLABORADORES Roberto Martins Rodrigues e Roberto Costa IMAGEM Agência Brasil, Reuters REDAÇÃO E PUBLICIDADE Omni Editora Associados Ltda. Rua Joaquim Sá, 746  Fones: (85) 3247.6101 e 3091.3966  CEP 60.130-050, Aldeota, Fortaleza, Ceará  e-mail: fale@revistafale.com. br  home-page: www.revistafale.com.br Fale! é publicada pela Omni Editora Associados Lltda. Preço da assinatura anual no Brasil (12 edições): R$ 86,00 ou o preço com desconto anunciado em promoção. Exemplar em venda avulsa: R$ 9,00, exceto em promoção com preço menor. Números anteriores podem ser solicitados pelo correio ou fax. Reprintes podem ser adquiridos pelo telefone (85) 3247.6101. Os artigos assinados não refletem necessariamente o pensamento da revista. Fale! não se responsabiliza pela devolução de matérias editoriais não solicitadas. Sugestões e comentários sobre o conteúdo editorial de Fale! podem ser feitos por fax, telefone ou e-mail. Cartas e mensagens devem trazer o nome e endereço do autor. Fale! é marca registrada da Omni Editora Associados Ltda. Fale! é marca registrada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Copyright © 2009 Omni Editora Associados Ltda. Todos os direitos reservados. Impressão Halley  Impresso no Brasil/Printed in Brazil. Fale! is published monthly by Omni Editora Associados Ltda. A yearly subscription abroad costs US$ 99,00. To subscribe call (55+85) 3247.6101 or by e-mail: df@fortalnet.com.br

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ArenaPolítica TalkingHeads Online BrasíliaOff Blogosfera especial

22Obra no Centro

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Largado por sucessivas administrações públicas, o Centro de Fortaleza ganha seu primeiro investimento privado, após 20 anos sem ouvir o barulho de uma betoneira moendo o concreto.

22Livro das Horas

O fotográfo cearense Jarbas Oliveira produziu, durante seis meses de observação, uma peça rara e original sobre o ponto mais central da cidade de Fortaleza, a praça do Ferreira, agora em livro.

POLÍTICA

1690 anos do CIC

O Centro Industrial do Ceará trouxe à Fortaleza o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para uma conferência para políticos, empresários e profissionais liberais

economia

32Clones na Índia

Marcas famosas como a Timberland tem clones diretos com logomarcas que remetem ao original. Réplicas variam do iPhone às famosas — e caras — bolsas de estilistas.

38Claro e Oi: multas

As duas empresas de telefonia poderão pagar R$ 300 milhões por descumprir Lei dos Call Centers. É uma resposta tardia ao descaso para com as reclamações do usuário.  36 O preço do Big Mac no Brasil, considerando seu valor em Dólar, é mais caro que nos Estados Unidos, segundo apontou o “Índice Big Mac”, da revista “The Economist”

SEÇÕ ES

06 Talking Heads 09 Arena Política 10 Online 11 Blogosfera

14 10 Perguntas 42 Carros 44 Persona 50 Artigo

pressão do mst sobre brasília

Foto Marcello Casal Jr _ ABr

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra seguem pela Esplanada dos Ministérios, em mais uma manifestação pedindo recursos e maior rapidez no assentamento de famílias acampadas

A crise é do Senado, não é minha. josé sarney


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TalkingHeads Não é problema meu. Não votei no presidente Sarney para ser presidente do Senado. Nem votei nele para ser senador no Maranhão. presidente da República, desiste de defender publicamente o peemedebista presidente do Senado. Lula se atrapalhou ao citar o estado representado por Sarney, que foi eleito pelo Amapá. Luiz Inácio Lula da Silva,

Foto Fabio Rodrigues Pozzebom_ABr

Não estou preocupado com isso. A opinião pública é muito volúvel. Ela flutua. Paulo Duque, suplente

de senador no exercício de mandato

(PMDB-RJ), novo presidente do Conselho de Ética, ao ser

questionado sobre a responsabilidade de suas decisões no colegiado. Foto Ricardo Stuckert_PR

O Palácio do Planalto tem uma fila de espera fantástica para futuros moradores. É a maior concorrência pra inquilino, já que ninguém será dono daqueles aposentos. TOM ZÉ, cantor, compositor e

palpiteiro.

Me preocupa muito o interesse golpista do PSDB, que quer a presidência do Senado.

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Sarney estaria em voo solo? É um risco muito grande deixar um homem daquele tamanho solto no ar. Pode cair que nem pedra. Na cabeça do Lula. tão gomes pinto, jornalista,

no endereço twitter/taogomes

governador do Ceará (PSB), sobre a atual crise no Senado. Cid Gomes,

DEUS, DINHEIRO E FUTEBOL

O presidente Lula é quem mais está ajudando o Corinthians nessa fase. Ele está dando alguns contatos de empreiteiras que podem nos ajudar. O presidente está muito interessado no projeto do Corinthians. Ele é fanático, um corintiano roxo. rONALDO, jogador

do Corinthians, em programa de TV, sem fazer ideia da gravidade do que falou. Lula desmentiu.

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de 2009

Como pode no meio da crise alguém ter dinheiro? O dinheiro do mundo tem que estar em algum lugar. E Deus colocou esse dinheiro na mão de quem? Do Real Madrid, pra contratar Kaká. Foi uma grande benção. Caroline Celico, a

nova pastora da Igreja Renascer e mulher do jogador Kaká durante pregação na Florida, Estados Unidos.

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Senador, onde o senhor conseguiu 7 milhões para construir essa mansão? Indignado, o senador colocou no jornal que pagaria 20 mil para quem denunciasse o pichador. No dia seguinte, apareceu escrito no muro: Senador, onde o senhor conseguiu 7 milhões e 20 mil reais? TOM CAVALCANTE, humorista,

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talkingheads papel político.

Se ele fosse um pouco mais cauteloso no que diz, ia mais longe. Agora, no caso do Real, a ajuda que houve foi política, numa reunião, ele não teve nenhuma participação no plano. [...] Não na feitura no Plano Real, mas na fase da consolidação política.”

Vocês não precisam me acompanhar. Permaneçam no PT e mantenham a coesão da [coligação] Frente Popular do Acre.

Marina Silva, senadora, que pode deixar o PT.

Foto Fabio Rodrigues Pozzebom_ABr

Estou no Senado há mais de 30 anos, desde a ditadura. Nunca vi nada semelhante.

pedro simon, (RS), senador,

sobre a ação da tropa de choque pró-Sarney liderada por Collor e Renan Calheiros.

freire critica.

do PPS

A candidatura da senadora Marina pode ser a novidade que os demais partidos não querem apresentar. Cristovam Buarque, (PDT - DF), senador

lula fala. “Não cabe

a um presidente da República ficar dando palpite nas instâncias de investigação e de julgamento do Senado – seria presunção demais da minha parte.” lula, em mais uma fala sobre

Esta variável nova mostra as dificuldades (da candidatura governista) com precocidade. Está na mão da Marina. Se ela aceitar a convocação do PV, ela implode a candidatura da Dilma. Implode. Então, tem muitas variáveis para acontecer. O Serra recua ou não recua. A Marina é candidata ou não. Ciro Gomes, (PSB-CE), deputado federal, em

entrevista ao jornal Valor Econômico

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Defendo a permanência de José Sarney nesta Casa porque não há ninguém com mais experiência e embocadura política do que ele. Tudo que ele está passando eu já passei. Eu sei como essas coisas são urdidas, tramadas, correm no subterrâneo. Fernando Collor (PTB-

AL), senador

As explicações do meu neto, pessoa extremamente qualificada com mestrado na Sorbonne e doutorado em Harvard, são suficientes para mostrar a verdadeira face de uma campanha midiática para atingir-me na qual não excluo a minha posição política, nunca ocultada, de apoio ao presidente Lula e seu governo. josé sarney, em 30 de junho

de 2009

a crise no Senado | Fale!

Se a opinião pública pressionar, Sarney não resiste mais. [...] Tráfico de influência é crime e ele quebrou a palavra. do PSDB no Senado.

Ceará (PSB), ao defender que seu irmão, Ciro Gomes (PSB-CE), seja candidato à Presidência da República.

Roberto Freire, presidente

José Sarney (PMDB-AP), no plenário do Senado, no dia 16 de junho.

Arthur Virgílio (AM), líder

Cid Gomes, governador do

Lula paralisou o Senado e ainda desmoralizou o seu partido. E impede que se viabilize uma solução, que é o afastamento de Sarney. Agora, com esse bate-boca, culpam a tropa de choque, mas é preciso culpar o chefe da tropa, que é Lula, o responsável direto pelo que está acontecendo.”

Eu não sei o que é ato secreto. Aqui ninguém sabe o que é ato secreto.

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ArenaPolítica yeda ameaça levar mais um

Ou dois. A governadora do Rio Grande do Sul Yeda Crusius disse à cúpula do PSDB que não está disposta a ir para a guilhotina sozinha. A administração da tucana está envolto num emaranhado de suspeitas de desvias de recursos públicos. “Se existem irregularidades, começaram no governo do PMDB. As pessoas vão saber.” O PMDB é fiador da permanência de Yeda.

O PAC DA COPA 2014 VEM AÍ

um parlamento, uma empreiteira

É realmente impressionante. Mas há sucessivos três anos as obras de construção civil não páram na Assmbléia Legislativa do Ceará. Primeiro, foi anexo de cinco andares todo em vidro fumê. Depois, gabinetes subterrâneos. E, agora, um túnel estimado em R$180 mil que ligará o estacionamento localizado no subsolo ao plenário da casa. Dinheiro ali, não falta.

Foto josé cruz _ agência brasil

roberto freire, reconduzido à presidencia do pps anima o ‘bloco democrático e reformista’ O plenário do XVI Congresso

Nacional do PPS aprovou, no Rio de Janeiro, a nova composição do Diretório Nacional. São 87 membros efetivos e 44 suplentes, somando 131 membros — 100 a menos do que a formação anterior. O colegiado decidiu também referendar o nome de Roberto Freire para continuar a presidir o partido nos próximos dois anos. O ex-deputado federal Fernando Sant’Anna também continua como presidente de honra do PPS. Também foram aprovados os novos integrantes do Conselho Fiscal, de Ética e Político. Uma chapa única foi formada com os nomes dos integrantes, mas eles puderam ser mudados, desde que a alteração fosse aprovada pelo plenário. O Congresso do PPS também aprovou a Carta do Rio, que é a declaração política do evento.

Freire agradeceu a recondução à presidência do PPS. Acrescentou que não é favorável à reeleição permanente e foi incisivo. “Não confundam nossa luta contra o terceiro mandato [de Lula] com a nossa reeleição. As instituições nossas, do partido, podem resolver com democracia direta, internamente. As instituições do Brasil não podem ficar ao sabor da popularidade do presidente”. A plenária do Congresso Nacional do PPS aprovou proposta de Freire para que seja constituída uma comissão com a tarefa de cuidar da sucessão de 2010. Esse colegiado vai aglutinar propostas do PPS para o país. Elas serão entregues aos partidos que compõe o chamado BDR —Bloco Democrático e Reformista: PPS, PSDB e DEM — no dia 25 de março, data do aniversário de 88 anos do PCB, sucedido pelo PPS.

Clima de inquietação no continente incomoda Lula “Talvez fosse o caso de pensarmos em convocar o Obama para discutir a relação dos Estados Unidos e a América do Sul, porque a informação que temos é que ainda existem embaixadores que se metem em eleições de outros países. Essa Quarta Frota me preocupa profundamente por causa do pré-sal e deveríamos

discutir esse inconformismo nosso diretamente com o governo americano.” Este alerta foi do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na reunião da União das Nações Sul-Americanas — Unasul, realizada em Quito, no Equador. Lula defende que os integrantes do bloco convidem o presidente dos Estados Unidos, Barack

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Obama, para uma “discussão profunda” sobre a relação entre os Estados Unidos e a América do Sul. “Me incomoda esse clima de inquietação no nosso continente e penso que vai ser sofrido, as pessoas vão ter que aprender a ouvir duras verdades, mas vamos ter que nos colocar de acordo sobre o futuro da Unasul.” agosto de 2009 | Fale

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O ministro das Cidades, Marcio Fortes, em recente reunião no Rio sobre a Copa 2014, lembrou que a Federação Internacional de Futebol (Fifa) exige que haja transporte rápido, seguro e deslocamento eficiente das torcidas. “A torcida tem que sair do estádio e chegar ao seu destino com segurança, como também entrar no estádio e dele sair rapidamente. A preocupação não é só com o estádio. É com o deslocamento em torno do local do evento, dos hotéis, dos aeroportos e portos”. Um problemão. Isto requer vias expressas, sem bloqueios e com segurança.

Roberto Freire, mais dois anos à frente da presidência nacional do PPS.


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Online Crise chega ao mercado dos games

Demorou, mas a crise chegou ao mercado dos games. Em janeiro, a economia global já havia sido atingida pela recessão mas, nos EUA, a venda de games ainda cresceu 10%. Agora o cenário é diferente, segundo a consultoria NPD Group. Em junho, as vendas caíram 29% em relação ao mesmo período do mês passado. A consultoria explica que, agora, os consumidores estão controlando os gastos e, antes de comprar, esperam que os preços dos consoles caia. Além disso, os consoles caros estão competindo com jogos na internet, disponíveis por poucos dólares ou mesmo de graça. O ano de 2008 foi especialmente lucrativo para a indústria de games. Grandes lançamentos impulsionaram o lucro das empresas — elas ainda esperavam uma expansão de dois dígitos em suas receitas nesse ano, mas a previsão é que o mercado fique estagnado ou cresça no máximo 5%.

Yahoo! e Microsoft miram o Google

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ahoo! e Microsoft anunciaram uma parceria para melhorar seus ser-

viços de busca na internet, de olho no rival Google, líder do segmento. Pelos termos da parceria, as ferramentas de busca da Microsoft vão alimentar o site do Yahoo!. Em troca, a equipe do Yahoo! fará a venda de anúncios online da Microsoft. O Yahoo! tem lutado para conseguir manter seus lucros nos últimos anos. No ano passado, a empresa recusou uma proposta de fusão com a Microsoft e decidiu continuar operando de forma independente no mercado. O diretor da Microsoft, Steve Ballmer, disse que o negócio pode fortalecer o Bing,

Google Street View no Brasil

Ruas de São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro já estão sendo fotografadas e estarão no Google Street View, recurso do Google Earth que simula um passeio pelas cidades.

O QUE É NOVO

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o site de buscas da Microsoft — ainda em desenvolvimento —, para tornar a ferramenta competitiva. “Este acordo vem acompanhado dos valores do Yahoo!, dos nossos usuários e da indústria. E eu acredito que ele estabelece a fundação para uma nova era de inovação e desenvolvimento da internet”, afirmou Carol Bartz, diretora do Yahoo!. O Google divulgou um comunicado de poucas palavras a respeito da parceria traçada entre o Yahoo! e a Microsoft: “tradicionalmente, há muita competição on-line e nossa experiência é a de que a competição traz ótimas coisas para os usuários. Nós estamos interessados em saber mais a respeito do acordo”, disse a nota.

1 bilhão de vezes Firefox O Firefox, navegador da Mozilla, alcançou hoje a marca de um bilhão de downloads. Uma campanha de marketing on-line acelerou a chegada na marca histórica. Em maio de 2008, no

Celular em partes

O celular Modu começou a ser vendido pela operadora israelense Cellcom. Pesando apenas 40 gramas, o aparelho foi criado pelo pai do pendrive, Dov Moran, e será lançado na Europa, Ásia e América Latina. Segundo o Guinness, o Modu www.revistafale.com.br

lançamento da versão 3.0 do browser, os entusiastas do Firefox conseguiram escrever o nome do programa no Guinness Book of Record, como o software mais baixado do mundo em 24 horas.

é o celular mais leve do mundo. Diferente de outros celulares, o Modu é modular: sua parte central se encaixa em outras capas, chamadas “jackets”, para assumir novas funcionalidades, como tocar MP3 em alto-falantes externos, tirar fotos, mostrar imagens em um porta-retratos ou ver mapas em um sistema de GPS.


‘É difícil ganhar uma eleição twittando’

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Projeto contra paredões de som não emplaca

Pouco mais de 830 pessoas assinaram o abaixoassinado em apoio ao projeto de Lei que tramita na Câmara Municipal, para condicionar a montagem destes equipamentos à prévia autorização do poder público. Para confirmar a falta de interesse ou de mobilização da população, o site do vereador Guilherme Sampaio — PT, autor do projeto, está sendo atacado com palavrões, ofensas, ameaças e mensagens depreciativas.  O Twitter está se

consagrando como um grande astro da mídia. Suas aparições em telejornais, talk shows, reportagens em jornais e revistas já somam US$ 48 milhões em espaço ocupado nos últimos 30 dias nos Estados Unidos.

Bing + Twitter

Pouco tempo após o lançamento do Bing (o buscador da Microsoft, projeto concorrente ao Google), a empresa de Bill Gates lança o BingTweets. Mas o que ele faz? O BingTweets permite ver em tempo real, informações sobre os temas mais citados no Twitter. Basta clicar no assunto e o site exibe ao mesmo tempo os twettes e os resultados da busca no Bing. A massificação do Twitter fez a Microsoft investir na rede social.

Lua 40 anos depois...

Tutty Vasques, colunista do Estadão, fez em seu blog uma curiosa observação sobre a chegada do homem à lua. “A lua é um dos poucos lugares onde o homem pisou e não fez nenhuma grande lambança. Pelo menos não que a gente saiba”, escreveu.

Orkut agora quer fazer dinheiro

O Google lançou seus projetos para tornar rentável a sua rede social. Segundo a responsável pela parte comercial do Orkut na América Latina, Cinthia Assali, a ideia é permitir anúncios personalizados. Com isso, um anunciante pode escolher atingir, por exemplo, apenas mulheres de 30 anos que gostam de música. O Google garante que os anunciantes não teriam acesso às informações pessoais dos internautas. Além de anúncios na home, também já se prepara para mostrar publicidade nos perfis dos amigos e nos álbuns de fotos, segundo a empresa, áreas muito visitadas. Depois dos problemas com a Justiça nas investigações do uso do site por pedófilos, o Orkut está maduro para buscar anunciantes, considera.

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Blog antecipou pauta de jornal

Post do blog Rastreadores de Impurezas publicado no dia 21 de julho — Por que as obras da Prefeita Luizianne do PT demoram tanto para serem finalizadas? —, segundo o blogueiro, foi motivo de pauta e investigação do jornal Diário do Nordeste na edição do dia 29 do mesmo mês. A notícia foi tema da capa do jornal e ocupando grande destaque também no site do periódico. A manchete da capa é uma pergunta que o blog deixou em aberto para seus leitores: “Obras paralisadas: de quem é a culpa?”. “É positivo os jornais observarem os Blogs, e a partir deles terem sugestões de pauta para suas redações” afimou o blogueiro. Quanto ao fato de ser “coincidência ou não”, o importante é o questionamento levantado através dos Blogs, que repercute na mídia tradicional.

n

plugado...

Tutty Vasques blog.estadao.com.br/blog/tutty Vereador Guilherme Sampaio www.guilhermesampaio.com.br Bing & Tweets www.bingtweets.com Blogs Folha de S. Paulo www.folha.uol.com.br/folha/blogs Blogs jornal O Globo www. oglobo.globo.com/blogs

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nspirados pela experiência da campanha presidencial americana de 2008, os partidos políticos que disputarão a corrida de 2010 começaram a olhar para a internet com mais atenção. Mas em entrevista para o Jornal Estado de São Paulo, Ben Self, americano de 32 anos, fundador da Blue State Digital — BSD, empresa que criou a estratégia na rede para a campanha de Barack Obama a presidente dos Estados Unidos, acha que, sem mobilizar as pessoas, a internet não é eficaz. Self reconhece que a internet é “muito importante e traz muitas vantagens, mas não foi só a internet que fez o senador Obama presidente, foi uma série de fatores conjuntos”. Para ele, o maior mérito foi entender “como usar a rede para ajudar a conectar voluntários dando a eles ações, que realmente fizeram a diferença na campanha”. Mesmo sabendo que em países como o Brasil, onde a internet é menos acessível, Self acha que “qualquer candidato que vire as costas para isso está perdendo uma oportunidade-chave e uma grande vantagem”. A BSD ajudou na estratégia que arrecadou nada menos que US$ 500 milhões via internet. As ações básicas foram a criação de site, dinâmico e atraente, que permitia que as pessoas participassem da campanha. E a peça mais importante, um mailing poderoso, com milhões de pessoas. Para os sites de relacionamento, Self atribui a função de “motivar as pessoas”, para ele “é muito difícil ganhar a eleição twittando”.


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10Perguntaspara DrAuzio Varella

O

cancerologista Drauzio VarelIa envolveu-se desde o início no estudo da AIDS. Soube que médicos americanos

estavam identificando vários casos de sarcoma de Kaposi em homens homossexuais, o que era incomum, porque a doença só costumava aparecer nas pernas de idosos. Foi aos Estados Unidos para fazer um estágio, viu muitos casos daquele tipo por lá e, ao retornar, os colegas começaram a lhe mandar todos os pacientes com aquele tipo de sarcoma, pois Dráuzio Varella era o único que poderia tratá-los. 0 tempo passou e, segundo ele, a situação melhorou muito, até porque os portadores não têm mais a aparência dos doentes de tempos atrás, magros e com o cabelo fino. 0 que deve acontecer é a popularização cada vez maior da AIDS e maior aceitação da doença. Contudo, infelizmente, estamos longe do comportamento visto em outros países, pois aqui ainda há aquela curiosidade mórbida de saber como a pessoa se infectou. Drauzio se diz surpreso com a quantidade de casos de gravidez na adolescência hoje em dia. Por vinte anos ele foi professor de cursinho, gostou tanto que realizou campanhas educativas pelo rádio. Inquieto, escreve artigos para jornais e revistas de grande circulação, apresenta programas sobre temas médicos na televisão e coordena um grupo de pesquisa na UNIP, que colhe plantas nas florestas do Rio Negro para identificar a atividade contra células malignas nas e bactérias resistentes tentes aos antibióticos, tentando descobrir novas substâncias para tratar de doenças como o câncer e as infecções bacterianas, aquelas que costumam-se proliferar nos hospitais. Direto nas respostas, Dráuzio Varella nos fala sobre o uso dos meios de comunicação, sobre a política de saúde no Brasil e também sobre os prisioneiros do Carandiru. — Por Marcos Linhares

Drauzio Varella. Em 1985, eu havia feito vinhetas de saúde sobre a AIDS para a rádio Jovem Pam Fm e também para a 89 Fm Rádio Rock. Essas vinhetas eram voltadas para o público jovem e ficaram populares. Interessado em estender essas vinhetas, iniciamos um programa no Canal Universitário em São Paulo, pela UNIP, com a mesma linguagem acessível e popular, visando aqueles que tivessem problemas de saúde. A idéia era fazer uma consulta médica pela TV, que fosse capaz de passar para o grande público uma orientação mínima sobre doenças e tratamentos.

O mal da formação universitária está aí: os estudantes são preparados para curar. Só interessam os casos curáveis. Isso demonstra uma tremenda falta de conhecimento.

Fale! Brasília. Como surgiu essa idéia genial de usar a tv como veículo de educação para a saúde? 14 | Fale!

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Fale! Brasília. E sua entrada na Globo? Drauzio Varella. Em

2001, fui chamado pelo Fantástico para apresentar uma série da BBC de Londres sobre o corpo humano, pois achavam que um médico e não um repórter apresentando traria melhores resultados. Aceitei, mas não usamos o texto da BBC, e sim reescrevemos seu conteúdo. 0 resultado foi muito bom, atingiu um bom resultado no IBOPE. Acabei me entusiasmando e fiz uma nova série, dessa vez sobre Primeiros Socorros, intitulada “E agora, Doutor?”. Alcançamos novo sucesso. Apesar disso, resolvi dar um tempo e comecei a querer realizar um antigo sonho meu de fazer um trabalho que pudesse ajudar as pessoas que sofrem com o tabagismo. Queria fazê-las parar de fumar. Criamos então a série “Fôlego” do Fantástico e acompanhamos a vida de seis pessoas desde o dia em que elas decidiram parar de fumar. E o resultado tem sido maravilhoso.


Fale! Brasília. Alguma conclusão sobre o tabagismo? Drauzio Varella. Na verdade todo fu-

mante quer deixar de fumar. Uma coisa como essa, na mídias, serviu de estímulo para o Brasil inteiro. A discussão do cigarro atingiu um nível muito abrangente e de impacto, como no dia que mostramos o pulmão negro, de um fumante, em comparação a um pulmão saudável, que é rosado. Muitos desistiram do vicio quando viram aquela cena. “Fôlego” foi uma de minha maiores realizações. Mérito da Rede Globo que apostou na idéia.

Fale! Brasília. Falta muito para que a medicina preventiva seja uma realidade no Brasil? Drauzio Varella. Temos que aproxi-

mar o médico da população, tornar o conhecimento mais próximo. 0 enfoque tem sido curativo, não se tem trabalhado o lado preventivo. Para evitar o sofrimento, o objetivo da medicina é explicar como fazer para evitar a doença e, para quem está doente, como aliviar a dor. Curar vem depois. Fale! Brasília. O problema estaria na formação universitária? Drauzio Varella. Como curar um dia-

bético? O mal da formação universitária está aí: os estudantes são preparados para curar. Só interessam os casos curáveis. Ainda sou da geração dos que buscavam os curáveis, quem não era curável não tinha valor. Isso demonstra uma tremenda falta de conhecimento. Essa visão de prevenção vem de Hipócrates, o pai da Medicina. Ele dizia: “o médico faz fama por sua capacidade de dar prognóstico”. Ainda temos muito a

O Ministério da Saúde criou programas muito bons como o dos agentes de saúde. Esse programa é fundamental. Precisa ser aprimorado, mas funciona.

aprender, mas as coisas tem mudado aos poucos. Fale! Brasília. A que se deve a continuidade da tuberculose no Brasil? Drauzio Varella. A tuberculose teve um

impulso grande, pegando uma “carona” na epidemia descontrolada de AIDS. Quando ainda não havia medicamento, o sistema imunológico ficava debilitado e enquanto a AIDS não era contagiosa, sem contato, a tuberculose agia rapidamente. Principalmente, em ambientes fechados como no Carandiru, eu recebia de sete a oito casos novos de tuberculose por semana. Com a descoberta dos coquetéis antivirais, diminuiu o número de casos, senão teríamos uma epidemia de tuberculose de proporções colossais no país. Fale! Brasília. O que pode e deve ser feito? Drauzio Varella. A estratégia é bastan-

te conhecida para erradicação da tuberculose, tudo depende, de fato, de políticas de saúde. Doenças como a dengue e a tuberculose são difíceis

de erradicar, se o caso não for realmente levado a sério. Para se ter uma idéia, eu aprendi na faculdade que a tuberculose seria erradicada em 1980, e todos acreditavam nisso. Atualmente, as doenças cardiovasculares são as que matam mais gente, mas a tuberculose, sem dúvida, é a pior doença infecciosa do século. Fale! Brasília. Qual sua opinião sobre programas como “saúde em casa” que levam o médico, e até enfermeiros, às casas das pessoas, otmizando a relação médico/paciente, similar ao que acontece em Cuba? Drauzio Varella. Avançamos muito, po-

rém nos habituamos ao estereótipo de que tudo é uma vergonha. Quando falamos em saúde pública, já nos vêm à cabeça imagens de filas. Isso acaba atrapalhando.

Fale! Brasília. Pioramos ou progredimos? Drauzio Varella. Progredimos muito e

em muitas áreas, como mortalidade infantil, doenças degenerativas, distribuição de remédios — para diabetes, por exemplo —, entre outras. O Ministério da Saúde criou programas muito bons como o dos agentes de saúde. Esse programa é fundamental. Precisa ser aprimorado, mas funciona.

Fale! Brasília. Em Brasília foi criada, no Ministério Público, a Promotoria do Erro Médico. Até que ponto isso é bom? Drauzio Varella. Acho bom, dessa for-

ma os médicos poderão exigir mais e lutarão por melhores condições de trabalho. Muitos dos erros acontecem devido à precariedade da estrutura, de material, enfim devido a condições insalubres. Ficaremos mais exigentes. Isso é bom. Todos ganham, principalmente o paciente. n

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Política 90 anos do centro industrial do ceará

fhc no cic O Centro Industrial do Ceará trouxe à Fortaleza o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para uma conferência que reuniu, no auditório do Grand Marquise Hotel, parte significativa do empresariado local, políticos, profissionais liberais. “Estamos transformando o governo das leis no governo do cara”, disse, em meio às críticas sobre excessos de medidas provisórias. 16 | Fale!

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CONFEREÊNCIA DO EX-PRESIDENTE Fernando Henrique Cardoso, como

parte dos 90 anos do Centro Industrial do Ceará, foi um pico de audiência no mundo político e empresarial do Ceará. Reunindo mais de 700 convidados no auditório do Grande Mraquise Hotel, Fernando Henrique teve como anfitriões o presidente do CIC, o empresário Robinson Passos de Castro e Silva, e o senador Tasso Jereissati, colega de partido de FHC e ex-presidente da casa. Fernando Henrique fala com fluência e convicção, permeando seu discurso com pitadas de ironia quando se refere a oponentes políticos e sendo direto quando o alvo é mesmo seus correligionários, os tucanos do PSDB. Nesse ponto, criticou a falta de convição e coragem e deu como exemplo a campanha de Geraldo Alckmin para a Presidência da República. Ele acha que o PSDB titubeou na defesa www.revistafale.com.br


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POLÍTICA

de teses como privatizações e diz, pessoalmente, que nunca foi a favor de privatizar a Caixa ou o Banco do Brasil. Mas lembra que a privatização da telefonia provocou uma revolução no Brasil e saca seu Blackberry para mostrar que a portabilidade é fenômeno a partir e pós-FHC. “Se você não tem convicção e coragem, não tem como ganhar uma eleição”, asseverou com muita ênfase. Numa sucessão de indiretas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e à crise no Senado, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) defendeu que um dos desafios mais importantes para o Brasil é o resgate de valores elementares, como a decência e a igualdade peranAs normas te a lei. Numa crítica direta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estão se usou o adjetivo popularizado pelo presidente norte-americano, Barack Obama, para quem Lula é o “cara”. Semanas atrás, ao defender o presidente do Senado, José Sarney, acusado de envolvimento com atos secretos na Casa, o presidente Lula argumentou que, pela sua história, Sarney não poderia ser tratado como uma “pessoa comum”. “Estamos transformando o governo das leis no governo do homem, do cara”, disse, sob o aplauso de 700 18 | Fale!

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desfazendo sob as bênçãos de quem deveria ser o guardião delas. Para ele, o aparelho do Estado está ficando oco. Há uma corrosão [moral].

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pessoas que assistiam à sua palestra em homenagem aos 90 anos do Centro Industrial do Ceará Para Fernando Henrique, os desafios vão além de pensar o país e a economia estrategicamente. “Valores elementares — de decência, de igualdade perante a lei (não existe igualdade total, obviamente) — continuam sendo desafios importantes”, disse. “As normas estão se desfazendo sob as bênçãos de quem deveria ser o guardião delas.” Para ele, o aparelho do Estado está ficando oco. Há uma corrosão [moral] interna, embora na aparência tudo possa parecer bem. “Por dentro, as coisas estão se esvaziando.” Em entrevista coletiva, antes da palestra, ele considerou “estapafúrdia” a indicação de pessoas “sujeitas a dúvidas” para compor o conselho de ética do Senado. Segundo ele, se o presidente Lula tiver refletido um pouco melhor sobre a consequência dos seus atos, não irá interferir no julgamento de Sarney pelo colegiado porque “a opinião pública está olhando.” “Qualquer que seja o resultado desse Conselho de Ética, não pode


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a conferência dos 90. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso conversa com o senador Tasso Jereissati minutos antes de subir ao púlpito e fazer sua conferência para uma seleta plateia. Antes,

foi recebido pelo presidente do CIC, o empresário Robinson Passos de Castro e Silva, que o conduziu à Sala de Imprensa, onde Fernando Henrique respondeu a perguntas dos profissionais de rádio, jornal e TV.

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POLÍTICA

estar sob suspeição e o resultado não pode ser pela pressão do Palácio do Planalto”, disse aos jornalistas. Fernando Henrique não quis opinar sobre a possibilidade de Sarney renunciar à Presidência alegando que não deve interferir nos assuntos do Senado. Para o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), ao defender o resgate de valores morais, FH referia-se não só à crise no Senado, como também a outros episódios envolvendo o partido do presidente Lula com denúncias de corrupção. “Começa no mensalão. Todos que participaram do mensalão está aí em cargos públicos ou partidários. Daí por diante, a frouxidão moral cirou uma instituição nesse País. E com o presidente (Lula) quase que de uma maneira constante chancelando esse comportamento, que vai minando os valores da sociedade brasileira. Tasso prevê que o clima no Senado irá esquentar na próxima terçafeira, com a retomada dos trabalhos no Conselho de Ética, porque aliados de Sarney montaram uma “tropa da baixaria” para defender as irregularidades a qualquer custo. Na palestra, Fernando Henrique lembrou o movimento Diretas-Já, quando ele e Lula estavam no mesmo lado, e defendeu uma nova união para dar um basta. 20 | Fale!

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Todos que participaram do mensalão está aí em cargos públicos ou partidários. Daí por diante a frouxidão moral virou uma instituição nesse País.

“Tá no momento outra vez, independentemente de qual tenha sido nosa trajetória política, que possamos dar as mãos uns aos outros e dizer: basta, vamos querer um Brasil melhor e vamos estar unidos. Fernando Henrique considerou trágico que alguns vejam o poder como meio para roubar. Ele citou o exemplo do seu barbeiro em São Paulo, conhecido como Jacaré, que certa vez comentou que “quem chega lá em cima tem direito a roubar.” Na ocasião, teria retrucado: — Você está dizendo isso para mim, que cheguei lá? Ou você está dizendo que sou ladrão ou que sou bobo. Ainda sobre o pensamento do seu barbeiro, concluiu: www.revistafale.com.br

“Mas isso que é nada, é muito tráfico porque é justamente o desfazimento da norma. Quer dizer, chegou lá, pode (roubar).” Fernando Henrique disse que é preciso ter indignação porque a sociedade moderna requer o sentimento do direito e não da impunidade. Para ele, a conjuntura internacional de sua época, onde os ataques externos era à moeda nacional dos países periféricos, é bem diferente da crise de 2008, que começou nos Estados Unidos e foi em cima do dólar americano. “Naquela época, a conjuntura mundial era totalmente adversa à Brasil. Pelo menos três anos do meu governo, no segundo mandato, foram sob crise. E só agora, depois de oito anos, o Lula tem sua primeira crise, que na verdade não é ataque à moeda nacional e tem uma dimensão bem menor no Brasil.” Para ele, nunca se gastou tanto em promoção do Governo e com uma concepção personalista de poder. “Todos os esforços de promoção do governo são voltados para a pessoa do presidente. Só existe o presidente, tudo é o presidente, um exacerbamento do personalismo — um extremo de propaganda. Não quero fazer paralelos, mas foi desse modo que alavancaram a popularidade dos regimes nazista e fascista. n


cenas dos bastidores da conferência de fhc

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O presidente do CIC, Robinson de Castro e Silva, e a empresária Joana Jereissati [1]. O empresário Alexandre Pereira com Fernando Henrique Cardoso e Robinson de Castro e Silva [2]. O senador Tasso Jereissati e sua mullher, Renata Jereissati, com Fernando Henrique Cardoso [3]. A jornalista Isabela

Martin, do jornal O Globo, conversa com Fernando Henrique sob as vistas de Robinson de Castro e Silva [4]. O ex-senador Beni Veras, ideólogo do CIC, recebe placa de homenagem ladeado por Robinson e Tasso [5]. O empresário do setor de massas Ricardo Sales posa ao lado de Fernando Henrique Cardoso [6].

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5 www.revistafale.com.br

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Especial Finalmente uma obra no

centro de fortaleza

20 anos depois, o som da betoneira Largado por sucessivas administrações públicas, o Centro de Fortaleza, que há quatro anos ganhou até uma chamada Secretaria Executiva Regional do Centro — que só agora pôde começar a funcionar de fato —, ganha seu primeiro investimento privado, após 20 anos sem ouvir o barulho de uma betoneira moendo o concreto. Trata-se de uma escola com 8.000 metros quadrados de área construída, estacionamento no subsolo, mais 5 andares. O investimento, totalmente privado, esperou dois anos para que, na Administração anterior da Prefeitura, fosse aprovado o projeto. 22 | Fale!

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oi o arrojo empreendedor do professor e enge-

nheiro Oto de Sá Cavalcante, diretor-presidente do Colégio Ari de Sá Cavalcante, que viu no Centro de Fortaleza uma nova oportunidade de expansão de sua atividade como educador. Oto de Sá Cavalcante foi professor de matemática do Ensino Pré-vestibular e do CEFET, mas hoje se dedica exclusivamente à administração da Escola. Das três sedes do colégio, a que fica localizada na avenida Duque de Caxias, 519, no Centro de Fortaleza, chegou ao limite máximo da sua expansão, fazendo com que fosse decidida a construção de um anexo, na esquina oposta à escola atual. Com isso, duplica-se a capacidade de atendimento. O fato inusitado é que, enquanto todos os investidores preferem se voltar para a zona nobre da cidade, ao leste, em franca expansão, Oto de Sá Cavalcante decidiu investir no patinho feio de Fortaleza, o Centro, consolidando a presença histórica do Colégio Ari

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de Sá ao lado da Praça e da Igreja do Carmo. A localização é estratégica. A avenida Duque de Caxias é o grande corredor central que liga as zonas leste e oeste da cidade. Trata-se de um grande conector de um extremo a outro da cidade. A construção do colégio Ari de Sá no Centro está gerando empregos, dando impulso à construção civil. “Se você constrói mais escolas, a concorrência também aumenta, e isso é muito bom”, diz Oto de Sá Cavalcante. Hoje, o Colégio Ari de Sá tem três unidades e mais de 8 (oito) mil alunos. Além do Centro, a Escola está na Aldeota e na avenida Washington Soares.

ENTUSIASTA Da região central

O engenheiro Oto de Sá Cavalcante é o diretorpresidente do Colégio Ari de Sá, instituição que tem o segundo maior acervo em biblioteca de Fortaleza, somente superado pelo da Unifor. Na escola em construção no Centro, a biblioteca também é destaque, com vista para a bucólica Praça do Carmo.

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Especial

O SETOR PRIVADO PRECISA SER VISTO COMO PARCEIRO

O engenheiro Oto de Sá Cavalcante se dedica exclusivamente ao Colégio e participa até das reuniões de pais e mestres. Alinhado com modelos de gestão de ponta, admirador de Jack Welch, afirma que “precisamos é de gestão competente e de criatividade”, referindo-se à cidade de Fortaleza. Como acontece em muitas cidades dos EUA, é preciso “interagir” com a iniciativa privada. Exemplo: se você tem um casarão que deve ser preservado e, ao lado, existe um terreno ocioso, em algumas cidades americanas, a prefeitura estimula que você compre e preserve esse casarão, e a capacidade de construção do terreno do casarão é transferida para o terreno ao lado, aumentando, assim, a área a ser edificada. Mas não há cooperação do poder público, lamenta Oto. O investidor, empresário, é visto como predador. Um exemplo de parceria é a cidade de Nova Iorque, toda requalificada, restaurada na gestão Rudolph Giulliani, que implantou a política de tolerância zero. O prefeito Giulliani entendia que, combatendo pequenos delitos, se desestimularia a prática dos maiores. “Adotamos essa política no colégio. Se um aluno estiver sentado em cima de uma mesa de ping-pong, pedimos que ele saia, mas de forma didática, para que o garoto saiba que aquilo é errado. É fantástico em NY você assistir a uma peça de teatro e voltar tarde da noite a pé para o hotel, com sua mulher, sozinhos, sem preocupações com segurança, algo que é inviável no centro de Fortaleza a partir das seis da noite.” A polícia, além de outras coisas, precisa ter sua imagem melhorada, mostrar o poder da sua força. A droga e o banditismo vêm crescendo muito. A droga está cada vez mais barata e letal, e o Centro é um alvo fácil. No entanto, não podemos deixar de registrar que a segurança pública, ultimamente, tem melhorado. 24 | Fale!

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O Colégio Ari de Sá é um “case” de construção de marca. Em pouco tempo, a marca Ari de Sá Cavalcante virou referência no mercado regional de educação. Nessa esteira, um outro passo arrojado está em andamento. A unidade do Centro, que funciona na avenida Duque de Caxias, cresceu bastante ao longo dos últimos anos, fisicamente inclusive. São mais de 3.000 alunos estudando naquela unidade. “Originalmente, era apenas um piso, depois verticalizamos e agora fizemos mais três outros, incluindo duas quadras poliesportivas — aéreas, na cobertura do prédio — pioneiras em Fortaleza. Oto de Sá Cavalcante diz que a sede da Duque de Caxias é um ícone. “Quando o Ari de Sá começou a funcionar naquele local, havia apenas o pré-vestibular. Quando notamos que precisaríamos criar novas turmas, crescendo “de cima para baixo” — ou seja, primeiro com turmas dos demais anos do Ensino Médio e atualmente com turmas de até a sexta série —, tivemos que ampliar nossa área física.” Oto, fortalezense e entusiasta do Centro da cidade, lembra que a pressão pelo crescimento deve-se muito a uma questão logística. “A avenida Duque de Caxias é um grande corredor de transporte coletivo — onde 49 linhas de ônibus circulam diariamente.” Assim, uma criança que mora na Barra do Ceará, por exemplo, pega o ônibus perto de casa e desembarca em frente ao colégio Ari de Sá.” A unidade do Centro atende toda a zona oeste de Fortaleza, além de bairros como Montese, Parangaba, Mondubim, Parquelândia e muitos outros, superando, assim, a marca de 3.000 alunos. Devido a essa pressão da demanda, no prédio atual estão desde alunos a partir de 10 anos, da sexta série, até os que cursam o prévestibular. Na avaliação de Oto, isso não é o ideal. “Com o prédio novo, vamos dividir os alunos por faixa etária. Ali estarão somente alunos da sexta à nona série”, comemora. Para quem investe no Centro há muitos anos, ver o esvaziamento dessa área é desolador. “Acho que deveria existir uma política pública de incentivo à moradia no centro”, sugere. “Mas isso não deve ficar apenas no discurso.” Ele lembra que lowww.revistafale.com.br

cais como Praça do Ferreira e Praça do Carmo, onde existem estabelecimentos como bancos e lojas, são movimentados durante o dia, mas completamente ociosos durante a noite, tornando-se lugares perigosos. “O que o gestor público deveria fazer era criar incentivos fiscais, uma política tributária, com isenção de impostos, que atraísse o empresariado para investir e construir residências no Centro.”

Projetos sem ação

Até hoje, os projetos de administrações recentes para o estímulo à habitação no Centro nunca foram colocados em prática. “Mas o que a história mostra é que os centros das grandes cidades começam no apogeu, caem e depois se recuperam”, lembra Oto de Sá Cavalcante. No entanto, até agora, apenas o Ari de Sá está acreditando no Centro de Fortaleza, pois, há mais de 20 anos, não existe a construção de um prédio, de qualquer natureza, no centro histórico da cidade. “Segundo urbanistas, além da moradia, outro fator para revitalização dos centros é a implantação de escolas”, lembra Oto. Mas lamenta que, ao contrário, foram necessários dois anos para a prefeitura, na administração anterior, aprovar o projeto desse novo prédio escolar. Esse entrave, avalia ainda, devese ao fato de que, “na prefeitura de Fortaleza, nunca existiu, antes e nem na atual administração, uma política de estímulo a investimentos imobiliários, que sempre são vistos como especulação ou degradação pública.” Com razão, ele lembra que existe acertadamente forte política para atrair indústrias no Estado. “É preciso correr atrás dos bons empreendimentos imobiliários, aprová-los com rapidez e sempre estimular tais projetos”, ensina, polidamente. A cadeia produtiva da escola é rica. “Uma escola gera muita coisa em seu entorno, como lanchonetes, livrarias, animação cultural e vitalidade. “Como temos uma biblioteca muito bem equipada, diversos alunos passam o dia todo no colégio”, diz Oto. De fato, todas as promessas de campanhas eleitorais para transformar o Centro em polo tecnológico, residencial e outros mais foram leva-


FOTOS OMNI

O DESAFIO DE CONSTRUIR NO CENTRO DE FORTALEZA

Hissa, da Nasser Hissa Arquitetos Associados, revela que encontrou muitas dificuldades para aprovar a obra no Centro. “Foi um absurdo a dificuldade que encontramos para a aprovação da obra por parte das autoridades municipais. Eles dizem que querem revitalizar o Centro, mas só encontramos dificuldades”, reclama. O engenheiro responsável pelo anexo Ari-Duque de Caxias, José Flávio Damasceno, colega de turma de Oto, diz que, vencidos os entraves, a obra será concluída um ano após começar. “Um ano após colocarmos as primeiras fundações, temos a previsão de inaugurar o anexo em fevereiro de 2010”, assegura.

Enquanto o Centro da Cidade passa por um processo de abandono, eis que não se faz uma única construção ali nos últimos 20 anos. O Ari da Duque de Caxias fica na Rua Major Facundo, esquina com Duque de Caxias, e terá seis pavimentos com estacionamento no subsolo. Contará com duas quadras poliesportivas, piscina semi-olímpica, laboratórios de Informática e de Ciências, biblioteca e 15 salas de aula convencionais. O arquiteto responsável pelo projeto da obra, Francisco www.revistafale.com.br

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Especial

A VIDA ERA NO CENTRO

Em 1938, os bondes elétricos cortavam a cidade e havia praças habitáveis, como a General Tibúrcio, Praça dos Leões.

CONTROLE DE QUALIDADE EM AUDITORIA EXTERNA

O Colégio Ari de Sá faz auditoria de controle de qualidade. Os pais e alunos, sem se identificarem, respondem enquetes, onde avaliam a Escola de forma geral e cada professor. Também são feitas reuniões com os líderes de cada sala. O instituto espanhol Ideia vem à Escola e faz uma auditoria completa. Esse trabalho, por exigência do Ideia, não pode ser objeto de publicidade e nem usado como argumento de marketing. O Instituto pesquisa todos os aspectos do colégio, o aluno, e faz comparações acadêmicas de estudantes de grandes escolas de São Paulo com os do Ari de Sá. Pesquisa até aspectos fora da vida escolar, como a postura dos alunos em relação ao sexo, ao consumo de drogas e a outros temas sociais. Assim, o colégio faz um retrato sociológico completo de seus alunos, que possibilita à escola tomar decisões importantes sobre métodos e abordagens. 26 | Fale!

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CENTRO, MESMO LARGADO, AINDA É PONTO DE ATRAÇÃO Oto de Sá Cavalcante lamenta que hoje, andando pelo Centro, nos deparamos com uma área mal tratada e com forte poluição visual. “É verdade, mas o empresário tem responsabilidade”, fala ponderando que Washington Olivetto diz que, em relação à publicidade, é preciso pedir www.revistafale.com.br

licença ao consumidor para entrar na sua casa e não ser agressivo. Mesmo com toda degradação, o Centro ainda possui um grande potencial, o volume de dinheiro que circula no pequeno comércio é gigantesco. Além disso, existem grandes redes de lojas e grandes investidores locais, como Pio Rodrigues, que nunca saíram dali. Muito pelo contrário, têm aumentado seus investimentos na área.


dos pelo vento. O novo prédio, projeto dos arquitetos Francisco e José Hissa, se eleva ao lado da Agência Centro do Banco do Brasil. Tem 8.000 metros quadrados de área construída, possui subsolo, com estacionamento de 40 vagas para professores. Na cobertura, piscina de 25 metros e quadras esportivas. Tem uma capacidade máxima para receber até 1.000 alunos por turno. O perfil de educação de alta qualidade imposto pelo Colégio fez com que, nos dois últimos andares, não fossem construídas salas de aula. Ali existirão duas quadras de esporte, a piscina de 25m, a biblioteca e laboratórios. “Poderíamos até abrigar mais alunos se fizéssemos mais salas de aulas convencionais, mas nós precisamos oferecer é qualidade”, reforça Oto de Sá Cavalcante. Em 2003, foi fundado o SAS —Sistema Ari de Sá de Ensino —, com o propósito de elaborar metodologia de ensino e material didático para as unidades próprias do Colégio Ari de Sá e para o mercado de escolas em geral. Dentre os serviços oferecidos pelo SAS às escolas conveniadas, estão a implantação do sistema pedagógico, treinamento para professores e gestores, além de conteúdo pedagógico digital, disponibilizado para o aluno e o professor via internet ou mídia eletrônica. O SAS conta hoje com uma equipe de 120 profissionais, entre autores, educadores e profissionais da área didático-editorial. A empresa é dirigida por Ari de Sá Cavalcante Neto, administrador de empresas, com mestrado no MIT — Massachusetts Institute of Technology —, em Boston, nos Estados Unidos. Ele iniciou sua carreira profissional na Ernst & Young, tendo trabalhado também na consultoria Mckinsey & Company. Atualmente, mais de 80 escolas conveniadas e 15.000 alunos no Nordeste utilizam o Sistema Ari de Sá de Ensino, desde a Educação Infantil até o Pré-Universitário. A localização central do Colégio possibilita a inclusão social. Estudantes de bairros da zona oeste e zona sul têm acesso direto à educação de qualidade, estimulando o sentimento de autoestima. Muitas pessoas da classe social de menor poder aquisitivo estudam no Ari de Sá. “A maioria dos alunos vai à Escola de ônibus mesmo, não é de

transporte privado”, diz Oto. “Famílias fazem verdadeiros consórcios para que os filhos estudem no Ari de Sá. Juntam-se diversos familiares, avós, tios e pais, para pagarem os estudos de determinado aluno. Famílias que não medem esforços para ter acesso a uma educação de qualidade”, relata. Os mesmos professores que lecionam na unidade da Aldeota — bairro nobre de Fortaleza — lecionam também no Centro, com a mesma remuneração e mesmo programa escolar.

Tradição começa no Centro

O Colégio da Praça do Carmo é repleto de valor simbólico. “Funciona na área há muitos anos e, por isso, não podemos deixar aquele ambiente ser destruído”, afirma Oto. O próprio Oto foi alfabetizado naquela

esquina da Avenida Duque de Caxias. Ele lembra que a marca é uma forte tradição na educação do Ceará. A “esquina” de maior tradição na educação, sobretudo em relação ao vestibular, do Estado é onde está o Ari de Sá, no Centro. No entanto, o diretor ressalta que “o mais importante é a qualidade dos professores, por isso, em eventos como a Olimpíada Mundial de Química, que aconteceu em Cambridge, na Inglaterra, este ano, o Brasil teve quatro representantes, todos alunos do Ari de Sá, que foram selecionados depois de uma maratona que se iniciou com mais de 160.000 estudantes. Isso é um certificado de qualidade do colégio. Além disso, o Ari de Sá pontuou em primeiro lugar no Ceará no último Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem.” n

PARA LOJISTAS, MUITA RETÓRICA E NENHUMA AÇÃO Com grande parte dos negócios do Grupo C. Rolim funcionando no Centro, o empresário Pio Rodrigues Neto é um amante dessa parte da cidade. “Trabalho no Centro. Meus negócios estão aqui. Sou um investidor do Centro”, diz Pio, que por seis anos foi presidente da Ação Novo Centro, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), que vem há 11 anos lutando pela requalificação do Centro. Há quatro anos, Pio deixou a presidência da Novo Centro. Assumiu o empresário Riamburgo Ximenes com a missão de alavancar projetos para a área central de Fortaleza. Mas pouco ou nada tem acontecido. Os entraves são enormes. Até a nova localização do tradicional centro de negócios informal Beco da Poeira se arrasta. Uma rua comercial ligando as praças José de Alencar e Castro Carreira (Estação) é outro projeto que não www.revistafale.com.br

saiu do papel. Riamburgo tem planos, e “a prefeita Luizianne Lins tem muita vontade, mas nada acontece para o Centro. Ficamos esquecidos nos quatro anos da primeira gestão e, agora, no primeiro semestre do segundo mandato, nada.” Riamburgo se reuniu com a nova secretária do Centro, Luiza Perdigão, em 21 de julho, na sede do Sindicato dos Lojistas. Os lojistas ouviram mais promessas. “Mas, por exemplo, o projeto Rua das Praças, ligando a José de Alencar à Estação, não anda, porque a Prefeitura diz que não tem dinheiro para fazer as indenizações das frentes de loja. Nossa parte já fizemos, cedendo os fundos de quadra. O Governo Federal já liberou um aporte de R$ 3 milhões e tem outros R$ 3 milhões já aportados, mas a Prefeitura emperra ao não pagar as frentes de loja”, critica Riamburgo. (Lauriberto Braga) agosto de 2009 | Fale

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Especial

Cemitério São João Batista

Estação Jo PASSEIO PELO CENTRO O centro de Fortaleza, hoje com 283 anos, ao longo deste período passou por sucessivas transformações, decorrente principalmente da expansão da cidade. É neste espaço urbano onde as intervenções modernas e prédios antigos convivem e servem de documentação da história de Fortaleza. A área do centro de Fortaleza reúne boa parte das edificações originais da cidade, a começar pela Forte de Nossa Senhora de Assunção. Localizado ao lado, fica o Passeio Público outro marco histórico da cidade. No centro também estão equipamentos culturais importantes como o Theatro José de Alencar, o Centro Cultural Banco do Nordeste e o Museu do Ceará. Ainda o maior hospital público do Estado, o IJF. Mais a grande vocação do bairro é o comércio centenas de lojas e escritórios estão instalados no local assim como dois grandes mercados púbicos: o Mercado de São Sebastião e o Mercado Central.

Praça e Theatro José de Alencar

Mercado São Sebastião

Colégio Liceu do Ceará

Instituto Dr. José Forta – IJF

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oão Felipe

Centro Cultural Dragão do Mar

Passeio Público

Mercado Central

Forte de N. Sra. de Assunção

Catedral de Fortaleza Paço Municipal Museu do Ceará

Praça do Ferreira

Centro Cultura BNB

Cidade da Criança Colégio Ari de Sá Cavalcante

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Especial

o livro das horas da praça do ferreira

jarbas oliveira além do click O fotográfo cearense Jarbas Oliveira produziu, durante seis meses de observação, uma peça rara e original sobre o ponto mais central da cidade de Fortaleza, a praça do Ferreira. Agora publica tudo no Livro das Horas, uma edição da Omni em parceria com a Lumiar 30 | Fale!

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s Horas Canônicas são antigas di-

visões do tempo, que servem aos cristãos como diretrizes para as orações do dia. Foi com base nesta fato histórico que o fotógrafo Jarbas Oliveira construiu uma obra singular homengeando o marco zero afetivo da cidade de Fortaleza, a Praça do Ferreira. Com 144 páginas de fotografias, um olhar totalmente original e por vezes abstrato, mostra a Praça do Ferreira e seus coadjuvantes entre sombras e luzes. O formato do livro, todo em policromia, é 20 cm de base por 27 de altura o que dá oportunidade de mostrar imagens em planos abertos, sangradas. Trata-se de uma www.revistafale.com.br


sob a lente da emoção. Jarbas Oliveira transforma a Praça do Ferreira em musa: o resultado são imagens inéditas e originais

obra de arte. O fotógrafo descobre ângulos inéditos da praça. Dentre outras peripécias varou a noite para capturar um incrível alvorecer com luzes raramente vistas alí. O Livro das Horas contém uma coleção de textos, orações e salmos, acompanhados de ilustrações apropriadas, para fazer referência à devoção cristã. Em sua forma original, era o conteúdo de leitura litúrgica. Em O Livro das Horas da Praça do Ferreira, o escritor José Mapurunga e o fotógrafo Jarbas Oliveira se apropriam das horas canônicas para narrar e ilustrar as horas que passam e os que passam pelas horas na Praça

do Ferreira, no Centro de Fortaleza. Essa obra é feita dos encontros, das permanências e o do transitar. Do imóvel, do semovente, das sombras e dos reflexos. Do que se controla e do que é controlado, do artista anônimo e do anônimo artista. É feita com o olhar de quem registra o que vê através dos textos e daquele que eterniza seu olhar através da imagem. O livro, declaração de amor a Fortaleza, chega às livrarias em agosto. n

OS ENTRES DAS HORAS Por Beatriz Furtado, doutrora em Comunicação

As imagens são propriamente as coisas do mundo. Assim, o que ganhamos nessas páginas que se seguem é muito mais que as notícias das horas que passam — muitas vezes quietas, outras tão amedrontadas. O que temos em mãos são, sobretudo, folhas de tempo que o fotógrafo Jarbas Oliveira e o escritor José Mapurunga se dedicam a inscrever. É uma obra cuja matéria de que é feita são os encontros, as permanências e o flagrar do que transita. São criações de um olhar que repousa, quando a vida pede repouso. Descanso que se permitem aqueles que, ao final de um dia de flanares atordoado, encolhem seus corpos sobre o desabrigo. É preciso, portanto, um corpo atento para acolher propriamente as coisas do mundo que Jarbas e Mapurunga se dão a partilhar, da Aurora aos anoiteceres. Sugiro que esse acolhimento possa ser iniciado quando fechemos

os olhos como o faz Mário Gomes, o poeta que não recusa a imagem, mas que parece nos dizer que não se enxerga sem que tenhamos sido tomados pela ausência. Bem do seu lado esquerdo, o inverso do nosso, há uma pequena luz que se apóia no banco, uma pequena infiltração vinda dos céus e que encontra a companhia do Mário. Luz e Mário dialogam coisas entre o visível e o que os olhos não podem apreender. Um pulo nas folhas. Outra vez o corpo procura o oculto, a ausência, o que está abaixo. O menino deitado espreita com a cabeça os bocados subterrâneos. Círculos de curiosidades. Esconderijos. É isso que a imagem pede. Que nos permitamos aos vasculhamentos e nos deixemos tocar pelos seus desenhos, seus volumes e sombras. O Livro das Horas da Praça do Ferreira cria proximidades. Provoca afastamentos e rastros. Permitem às incrustações, os apagamentos, as sobreposições. Basta e ir voltar para continuar a brincar de se perder em suas artimanhas. Já o que sai de foco

Assim, saltando entre lá e cá, em meio a todas as coisas que são propriamente o mundo, a obra de Jarbas Oliveira e José Mapurunga se encontra em meio — da praça

assim o faz para exibir outra dessas imagens que nos pedem para experimentar. Os rasgos dos transeuntes. O dançar nascente do sol entre as nuvens. O que resta da velocidade na criança, no vendedor de algodão doce ou no laranja-vermelho da correria da rua. Assim, saltando entre lá e cá, em meio a todas as coisas que são propriamente o mundo, a obra de Jarbas Oliveira e José Mapurunga se encontra em meio — da praça, das pessoas, das

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horas, do movimento, do esquadrilho do espaço, das vitrines, das bolhas de sabão, das rodas feirantes, dos escureceres. Em meio ao mundo cujas horas não respeitam os ditames dos relógios, nem as cronologias do passar. São tempos que não se apóiam nas extremidades, mas no vagar dos descompassos. Nos jogos, nas mãos abertas para as apostas, na insistência do engraxate ou da senhora do café. Na seriedades dos que fazem suas poses ou no jeito inquieto de quem põe no pé do ouvido um radinho de pilhas à espera do gol. Também no entre dessas horas na Praça do Ferreira têm os que aguardam, os que se reúnem e os que apenas observam. Mas também os que se entregam aos retratos como fazem o palhaço, o homem de chapéu ou o casal frente à fonte. Assim, depois dessas horas cheias de modos e entregas, faço outra sugestão: sair por aí como faz o poeta em outra folha, com muita ginga, andando, página por página, por entre todas as horas que o fotógrafo conseguiu apanhar. agosto de 2009 | Fale

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Economia

pORTOS,

a chave para o

desenvolvimento Eterno entrave para novos investimentos e ampliação da capacidade dos portos brasileiros, o processo de dragagem nos terminais portuários nacionais vai mudar a história dos portos no Brasil garante o ministro Pedro Brito. O programa de dragagem que vem sendo executado no país e o maior do mundo

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edro Brito é um cearense que já foi ministro da Integração Nacional (2006), diretor do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), presidente do extinto Banco do Estado do Ceará (BEC) e desde o início do segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - 2007 - assumiu o Ministério Extraordinário dos Portos. Ele recebeu do BNB, durante as comemorações dos 57 anos da instituição, a medalha do Mérito BNB, pelos seus 30 anos de banco (1965-1995). Animado com sua atual função no Governo Federal, disse nesta entrevista à Fale! que a crise financeira mundial não chegou ao setor portuário brasileiro em termos de investimentos, “mas sim nas cargas”. O Brasil tem 168 portos, sendo apenas 40 públicos. Citou que o Japão tem mais de mil portos e o Brasil estuda a 32 | Fale!

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possibilidade de abrir 45 novos portos públicos. Essa nova abertura dos portos brasileiros tem toda uma discussão ambiental, que o ministro questiona por sua lentidão. Mas ele está confiante. Por Lauriberto Braga Fale! O senhor anuncia investimentos para os portos do Brasil. Os portos de Salvador e Aratu, na Bahia, estão mais atrasados tecnologicamente. Eles vão receber investimentos prioritários? Pedro Brito. Certamente. Nós estamos inclusive com o programa de dragagem dos dois portos (Salvador e Aratu), que hoje têm apenas entre dez e doze metros de profundidade e vão passar a ter quatorze a quinze metros. Isso vai aumentar em cerca de trinta por cento a capacidade de operação desses portos e isso é o que vai alavanwww.revistafale.com.br

car novos investimentos, inclusive da iniciativa privada, na modernização desses portos. Fale! O Japão, que é uma ilha, tem mais de mil portos. E o Brasil continental tem menos de duzentos portos. Há a pretensão do Ministério de abrir mais portos no Brasil? Pedro Brito. Sem dúvida. Nós estamos lançando agora o Plano Geral de Outorgas, que é o plano que define quarenta e cinco novas possibilidades de investimentos portuários ao longo da costa brasileira. Isso dá tanto ao setor público, quanto à iniciativa privada a chance de começar a estudar essas novas localizações para novos investimentos. Fale! E os atuais quarenta portos públicos estão recebendo investimentos? Pedro Brito. Os investimentos estão


acontecendo dentro dos portos hoje existentes. Grande programa de expansão de Santos, grande programa de expansão no Rio de Janeiro; em Rio Grande, no Rio Grande do Sul; e, aqui no Nordeste, nós temos o caso do Porto do Pecém, onde o governador Cid Gomes (PSB), está investindo pesadamente na sua expansão; o porto de Suape, em Pernambuco; o porto de Itaqui, no Maranhão. Ou seja, todos os portos brasileiros estão recebendo um volume muito grande de investimentos. Fale! O secretário nacional de Acompanhamento Econômico, Henrique Silveira, anuncia a possibilidade de criar o primeiro grande aeroporto privado do Brasil, em São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte. Em termos dos portos, cento e vinte e oito são privados, mas de pequeno porte; e dos quarenta públicos, somente a operação é privada. Há uma possibilidade dos quarenta portos públicos serem privatizados em toda sua linha? Pedro Brito. Não, porque o porto privado é o porto que atende há uma necessidade específica de uma dada empresa. É o caso da Vale, que precisa ter porto para exportar minério; o caso da Petrobras, que precisa ter porto para exportar derivados de petróleo; o caso de empresas como Bunge, que precisa de portos para movimentar suas cargas próprias. O porto público é o porto que presta serviço público para todas as classes de importadores e exportadores. Então são portos diferentes. O porto privado atende só àquela empresa; e o porto público atende a todo mundo. Então o porto público vai continuar existindo como é no mundo inteiro. Os portos japoneses são públicos, os portos americanos são públicos, os portos europeus são públicos, nesse conceito de prestar serviço público. A operação é que é privada. Quem movimenta carga e descarga, quem controla a movimentação são operadores privados a partir de concessões e de licitações que são feitas pelo poder público. Fale! Como o Brasil está se estruturando para ter uma logística eficiente de transporte interligando ferrovias, rodovias e hidrovias aos portos? As ferrovias Transnordestina e Norte-Sul vão facilitar o surgimento de novos portos, por exemplo?

Pedro Brito. É claro, porque o porto para funcionar de forma eficiente tem que ter esses acessos terrestres, ferroviários, rodoviários e até mesmo aquaviários, via rios. Então o porto faz parte de uma cadeia de logística. Ele não funciona isoladamente, para ser eficiente, ele tem que ter toda uma cadeia em torno dele funcionando também de forma eficiente.

Fale! A BR 163 será reconstruída pelo Governo Federal para beneficiar o escoamento da produção brasileira? Pedro Brito. É. A BR 163 é um equipamento planejado muito no passado, que vai fazer a conexão entre o CentroOeste e o Norte do Brasil, exatamente para aproveitar o potencial de hidrovias, que nós temos no Norte, inclusive com portos já próximos aos locais que demandam os nossos produtos. n

Porto do Mucuripe recebe investimentos de R$ 42 mi Orçada em R$ 42 milhões, a construção do novo calado do Porto do Mucuripe, em Fortaleza, está prevista para ser entregue no começo do ano que vem. Sai dos atuais 10,5 metros para 14 metros. O Mucuripe, com 70 anos, que esteve ameaçado de fechamento por causa do Porto do Pecém, se revigora. Em 2008, tem uma movimentação de 3,4 milhões de toneladas, seu segundo maior desempenho de sua história desde 1939. A nova dragagem possibilitará um crescimento de 30% em relação à movimentação de 2008, prevê o ministro extraordinário dos Portos, Pedro Brito. “O novo calado permitirá que navios maiores ancorem no Mucuripe e isso deve atrair novas companhias para o porto”, destaca Brito. O calado de 14 metros permitirá a atração de navios de até 100 mil toneladas. Hoje com 10,5 metros, a atracagem máxima não passa de embarcações de 55 mil toneladas. O Mucuripe está sendo ampliado também com obras no píer petroleiro e no cais comercial. Essa ampliação deve ser finalizada ainda este ano. Com o novo píer e o novo cais comercial, a meta é aumentar a produtividade e facilitar a operação dos navios que transportam os derivados de petróleo e contêineres. O píer recebe novas tubulações, onde são substituídos 150 metros de dutos por onde passam derivados de petróleo. A plataforma de atracação recebe recuperação www.revistafale.com.br

estrutural. Já o reforço estrutural do cais comercial, na altura do berço 104, pretende garantir mais espaço e agilidade na movimentação dos grandes guindastes MHC. O investimento é de R$ 2 milhões. Essas obras preparam o Mucuripe para receber um maior volume de cargas que virá, segundo Pedro Brito, após a dragagem e derrocagem. Por estar numa posição geográfica estratégica perto dos mercados europeu, asiático e norte-americano, o Porto do Mucuripe tem a vantagem de estar se modernizando com a construção, por exemplo, de um Centro Vocacional Tecnológico Portuário (CVT). Voltado exclusivamente para a qualificação profissional de trabalhadores e moradores das comunidades próximas ao Mucuripe, o CVT tem previsão de começar a funcionar em 2010. No Mucuripe, também está um dos maiores polos trigueiros do país e uma infraestrutura versátil que permite a movimentação de granéis sólidos (grãos, cereais), granéis líquidos (derivados de petróleo), carga geral solta e conteinerizada. São cerca de 1,5 mil pessoas trabalhando no Mucuripe. Os principais produtos movimentados no porto são: castanha de caju, cêra de carnaúba, metal, tecidos, frutas, trigo, malte, lubrificantes, combustíveis e derivados de petróleo. — LB agosto de 2009 | Fale

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ECONOMI A & NEG Ó CI O S

índia

paraíso das marcas clonadas Marcas famosas como a Timberland tem clones diretos com logomarcas que remetem ao original. Réplicas variam do iPhone às famosas — e caras — bolsas de estilistas europeus. Até o jornal Financial Times tem uma versão pirateada na Índia, em papel salmão e tudo o mais

A

s lojas são em número cada vez maior na Índia, graças a uma economia que ainda cresce e uma população jovem ávida por novos produtos de marca. Mas algumas marcas ocidentais — quando conseguem ultrapassar os obstáculos regulatórios para entrar no mercado indiano — podem ter uma sensação de déjà vu. A Timberland, fabricante de botas de escalada e outros equipamentos para esportes ao ar livre, identificada pela árvore, que é a sua logomarca, e os sapatos duráveis, vai se deparar com a Woodland, que vende calçados e roupas similares e que também usa uma árvore como logomarca. A Pinkberry, rede de sorvete de iogurte de Los Angeles, vai dar de encontro com a Cocoberry, que vende sorvetes de iogurte, também tem o mesmo logo e uma coleção similar de coberturas de frutas frescas e doces. E o The Financial Times, jornal britânico impresso em papel salmão — rosado — desde 1893, está envolvido numa batalha legal com a Bennet, Coleman & Co. Proprietária 34 | Fale!

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do maior jornal de língua inglesa da Índia, a Bennet publica, desde 1984, um suplemento de jornal em papel rosa chamado de The Financial Times. A Pearson, que publica o FT original, planeja publicar seu jornal na Índia, mas a Bennett Coleman está contestando esse direito nos tribunais. Do mesmo modo que Bennett, a Woodland — sósia da Timberland — não é uma simples empresa famiwww.revistafale.com.br

liar. Possui 230 lojas em todo o país e tem planos de abrir outras 50. Os Estados Unidos há muito tempo vêm discutindo problemas de direitos de propriedade intelectual com a China, onde são falsificadas desde bolsas de famosos estilistas até iPhones e automóveis. Mas, como as grandes marcas consideram a Índia uma das poucas oportunidades de crescimento num mercado global anêmico, empresas e governos estrangeiros estão protestando contra a falta de proteção da propriedade intelectual no país. A Índia poderá ser o melhor mercado do mundo para o crescimento das vendas no varejo este ano, segundo a consultora A.T. Kearney num


clone ou inspiração? A marca Woodland, made in India se “inspira” descaradamente na marca Timberland Fotos divulgação relatório divulgado em junho. “A classe média educada, e cada vez maior, na Índia, quer lojas melhores e mais marcas e estilos globais.” Wal-Mart, Carrefour e Tesco estão abrindo grandes lojas atacadistas, que vão vender para restaurantes e proprietários de pequenas lojas. Dezenas de marcas estrangeiras que não entraram ainda no mercado indiano estão em busca de parceiros para formar joint ventures domésticas — uma exigência para se abrir uma loja no país. Quando indagado sobre sua fonte de inspiração para a Woodland, Harkirat Singh, diretor gerente e inte-

grante da terceira geração a administrar a companhia de calçados, diz que não é “só porque soa similar” que a Woodland está copiando a Timberland. Ele reconheceu que existe uma “semelhança”, mas acrescentou que “nossa linha é diferente da linha deles”. Singh afirma que a entrada da Timberland no mercado indiano pode ajudar, e não prejudicar os seus negócios. As marcas estrangeiras “trazem mais percepção do que é um calçado de qualidade”, diz. “Os consumidores indianos compram nosso produto porque é bom e barato.” A porta-voz da Timberland, Robin Giampa, disse que “a imitação pela Woodland, de diversos modelos, reconhecidos e de valor, da nossa marca, é uma preocupação”. A empresa está processando legalmente a Woodland por “pirataria”.

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Se a Timberland vai ganhar a ação, é uma dúvida. “Nossos tribunais já reconheceram que você não pode ter um enfoque isolado da lei de marcas e patentes”, disse Gayatri Roy, advogada do escritório Luthra & Luthram em Nova Délhi, sugerindo que os juízes decidem com frequência que marcas que são muito conhecidas no mundo não podem ser copiadas por ninguém na Índia, mesmo que as empresas detentoras dessas marcas não operem na Índia. Os tribunais indianos já decidiram nesse sentido, em favor de empresas como Whirlpool, Dunhill e Volvo, entre outras. Com relação à Timberland e Woodland, porém, pode ser difícil para a Timberland provar que sua marca tem de ser protegida, disse a advogada. A Woodland começou suas operações em 1992, de modo que já criou a sua própria identidade, disse ela. Indagado se o sorvete de iogurte Pinkberry foi a inspiração para o seu, o diretor executivo da Cocoberry, G.S.Bhalla, disse que queria criar uma marca “associada com natureza, saúde e responsabilidade social”. Acrescentou que “os nossos produtos, receitas, design da loja e filosofia são exclusivas e muito diferentes de qualquer outra marca no mundo”. Algumas imitações são tão vagas que não lembram o original e nem podem ser consideradas uma ameaça — é o caso das lojas de conveniência “6Ten”, que, com seu símbolo azul e amarelo e as pilhas de grãos à venda, não devem competir com a 7-Eleven. Em alguns casos, a imitação não é da marca, mas do que ela representa. Por toda a Índia, inúmeros condutores de motocicletas e patinetes trazem a logomarca vermelha e branca familiar dos cigarros Marlboro nos seus capacetes. Mas, examinando de perto, os logos trazem a palavra “Malborne” ou “Melbourne”. Os capacetes, produzidos por várias fábricas, são “basicamente cópias dos capacetes usados por Michael Schumacher quando corria pela Ferrari”, explicou Rahim Premji, sócio da loja de bicicletas Allibhai Premji Tyrewalla. Schumacher era, então, patrocinado pela Marlboro. Mas as fabricantes de capacetes foram obrigadas a substituir o nome Marlboro depois que as autoridades indianas proibiram a propaganda de cigarros. E, claro, a Marlboro não entrou com processo contra a propaganda gratuita. n agosto de 2009 | Fale

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o ranking FAST FOOD

O preço do sanduíche Big Mac no Brasil, considerando seu valor em Dólar, é mais caro que nos Estados Unidos, segundo apontou o “Índice Big Mac”, da revista britânica “The Economist”. O resultado significa que o real estaria com uma sobrevalorização de 13% em relação ao Dólar 36 | Fale!

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I

nstituído pela revista inglesa

The Economist, o índice Big Mac tem como base a teoria da Paridade do Poder de Compra (PPP em inglês), onde as taxas de câmbio devem equalizar os preços de uma “caixa de itens” em países diferentes. Devido à comercialização mundial do sanduíche do McDonald’s, essa caixa foi substituída pelo Big Mac. “Um guia divertido para avaliar o câmbio”, é como a Economist chama o índice.

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Embora seja sempre necessário, muito cuidado na hora de avaliar o índice e o seu valor real, pois supervalorizações acontecem e são irreais. Na Inglaterra, no último levantamento, a Libra foi supervalorizada de acordo com índice Big Mac, agora, um ano depois está mais próxima de seu real valor em relação ao Dólar americano e mais barata do que o Euro, o que facilitou transações comerciais que anteriormente foram prejudicadas pela supervalorização da moeda britânica. É bom lembrar que os preços do Big Mac variam em cada país também por fatores alheios à valorização cambial. Cada país que comercializa o Big Mac tem sua carga tributária, abundância ou ausência de matéria-prima e o custo de mão-de-obra que são fatores contribuintes à diferença de preços do produto em vários locais. Em resumo, o índice Big Mac seria uma forma de comparação que facilita ao leigo compreender a nuances do mercado financeiro, mas não é algo oficial, que possa fazer país A ou B pleitear maiores regalias perante a comunidade econômica mundial.

Poder de compra

De acordo com os últimos números divulgados pela The Economist, o Big Mac custa no Brasil US$ 4,02, enquanto nos Estados Unidos o sanduíche tem o preço de US$ 3,57. Mostrando assim, de acordo com a teoria da revista, que o Real hoje se encontra 13% supervalorizado em relação ao Dólar. Pelo ranking, um dos preços mais barato do sanduíche é na China, onde custa US$ 1,83 (12,5 yuans), quase metade do valor nos EUA. Isso significa que o Yuan está subvalorizado em 49%. Já o Big Mac mais caro é na fria Noruega, onde saborear o sanduíche sai por nada menos que US$ 6,15. A sobrevalorização da coroa norueguesa é de 72%. O sanduíche no Brasil é o sétimo mais caro em um conjunto de 44 países e regiões, atrás da Suécia US$ 4,93; Islândia, US$ 4,99; Dinamarca US$ 5,53; e da Suíça, US$ 5,98. Na Rússia, o preço do Big Mac é equivalente a US$ 2,04. Economistas alertam que uma moeda excessivamente valorizada prejudica as exportações, pois, encarece os produtos de um país e os tornam menos competitivos no exterior. n

Real nas alturas segundo “Índice Big Mac”

O Big Mac é um índice calculado através da comparação dos preços do hamburger Big Mac nos Estados Unidos com o preço do Big Mac em outros países. O índice permite saber se uma moeda está ou não supervalorizada em relação ao Dólar. País ESTADOS UNIDOS Hong Kong China Sri Lanka Ucrânia Malásia Tailândia Rússia Indonésia Filipinas África do Sul Taiwan Paquistão Egito México Polônia Coréia do Sul Uruguai Peru Emirados Árabes Estônia Lituânia Singapura Saudita Arábia Argentina Nova Zelândia Letônia Chile Colômbia Canadá Austrália Costa Rica Japão Hungria Republica Tcheca Turquia Inglaterra Brasil Zona do Euro Suécia Islândia Dinamarca Suíça Noruega

Preço do Big Mac Moeda Local Em Dólar ($) DÓLAR 3,57 3,57 Dólar de Hong Kong 13,30 1,72 Yuan 12,50 1,83 Rupia 210 1,83 Hryvnia 14 1,83 Ringgit 6,77 1,88 Baht 64,49 1,89 Rubio 67 2,04 Rupia 20900 2,05 Peso 99,39 2,05 Rand 17,95 2,17 Dólar Taiwanês $ 75 2,25 Rupia 190 2,30 Libra Egípia 13 2,33 Peso 33 2,39 Zloty 7,60 2,41 Won 3400 2,59 Peso 61 2,63 Novo Sol 8,056 2,66 Dirham dos Emirados 10 2,72 Coroa estoniana 32 2,85 Litas 7,1 2,87 Dólar de Singapura 4,22 2,88 Riyal 11 2,93 Peso 11,5 3,02 Dólar da Nova Zelândia 4,9 3,08 Lats 1,55 3,09 Peso 17,50 3,19 Peso 700 3,34 Dólar canadense 3,89 3,35 Dólar australiano 4,34 3,37 Colones 2.000 3,43 Iene 320 3,46 Florim húngaro 720 3,62 Coroa 67,92 3,64 Nova lira turca 5,65 3,65 Libra esterlina 2,29 3,69 Real 8,03 4,02 Euro 3,31 4,62 Coroa sueca 39 4,93 Coroa islandesa 640 4,99 Coroa 29,5 5,53 Franco suíço 6,5 5,98 Coroa norueguesa 40 6,15

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telefonia celular

claro e oi, líderes na in As duas empresas de telefonia poderão pagar R$ 300 milhões por descumprir Lei dos Call Centers. É uma resposta tardia ao descaso com o consumidor cada vez mais

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INHA QUE SER FEITO ALGUMA COISA. A AVALANCHE

de reclamações contra os serviços de telefonia no Brasil davam a impressão de que o consumidor estava entregue à sua própria sorte. É provável que sim, mas foi dado um sinal positivo de que a coisa pode mudar. E pelo lugar que mais pesa, o bolso. As empresas de telefonia celular Claro e Oi-Brasil Telecom terão de responder na Justiça a uma ação por descumprimento às regras da Lei do Call Center. A ação foi ajuizada pelo Sistema Nacional de Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça e apregoada por ninguém menos que o ministro da Justiça, Tarso companhia esclarece que tem como Genro. A ação pede que cada uma das empresas seja condenada ao pagamento de R$ 300 milhões por danos morais coletivos. O valor é cem vezes maior que a multa máxima prevista pelo Código de Defesa do Consumidor, e o dinheiro irá para o Fundo de Direitos Difusos para subsidiar projetos voltados para a valorização da cidadania. “Agora é uma sentença judicial e não administrativa. Pedimos a condenação para que se reforce o Fundo de Direitos Difusos”, disse o ministro da Justiça, Tarso Genro. “Ou as empresas pagam ou têm de se adequar à lei”, completou. As empresas de telefonia lideram a lista de reclamações dos órgãos de defesa do consumidor. Segundo Tarso Genro, para elas, é mais fácil pagar a multa do que se adequar à legislação. Por isso, o valor dessa ação é alto. Tarso Genro ainda não descartou a possibilidade de outras empresas também responderem a ações do tipo. “Por enquanto, vamos ficar com as duas que são mais graves”, disse. Por meio de nota, a empresa Oi disse que ainda não recebeu a notificação do Ministério da Justiça. “A 38 | Fale!

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princípio o comprometimento em fazer grandes investimentos no setor de telecomunicações no Brasil para levar, com qualidade, cada vez mais serviços para a grande massa de consumidores, em mais de 30 mil localidades onde está presente, atendendo cerca de 57 milhões de clientes.” A Claro também não foi notificada e informou que vem trabalhando para cumprir as novas regras do decreto de serviço de atendimento ao cliente. “A Claro criou um blog, onde todos podem trazer sugestões, críticas e conhecer as novidades que a operadora oferece. A Claro também se coloca à disposição para atender a todos os casos e, para isso, oferece também os canais como o atendimento telefônico 1052 e atendimento online Fale Conosco (www.claro.com.br)”, explicou a empresa por meio de nota.

Ranking de reclamações

As empresas de telefonia lideram o ranking de reclamações do Procon: foram responsáveis por 57% das queixas de consumidores entre dezembro do ano passado e maio deste ano. Na telefonia fixa, a nova Oi recebeu quase 60% das reclamações. Na www.revistafale.com.br

defesa do consumidor. Ricardo Morishita diz que o setor de telefonia é cinco vezes pior que os outros Foto marcello casal _ abr


nsatisfação

desprotegido sob o olhar passivo de agências reguladoras e a morosidade da lei

telefonia celular, a Claro lidera, com 31%, seguida da TIM, com 20% das reclamações. “Foi o pior setor, o que menos atendeu”, disse o chefe do Departamento de Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça, Ricardo Morishita. “É um setor que tem cinco vezes mais demanda e consegue ser cinco vezes pior”, completou. O anúncio, feito pelo Ministério da Justiça, é um balanço da mudança na regra dos call centers. A lei foi criada há um ano, mas entrou em vigor em dezembro do ano passado. Os números mostram que a maioria das empresas não está respeitando a lei. Segundo o ministro da Justiça, Tarso Genro, para elas, é mais fácil e barato pagar a multa do que se adequar à legislação. “Há uma resistência muito grande do setor de telefonia [em se adequar à lei]. É mais barato pagar a multa do que se adequar”, disse. Entre dezembro do ano passado e maio deste ano, a Oi recebeu 37 autuações no valor de R$ 2,5 milhões, e a Claro, 29 autuações no valor de R$ 1,112 milhão. As duas aparecem no topo das empresas de telefonia celular que foram autuadas. As reclamações são as mais variadas possíveis: desde falta de opção no menu inicial para cancelar a assinatura, mais de 60 segundos para fazer o atendimento até atendentes que desligam o telefone na cara do consumidor. “O problema não está na figura do atendente, mas em uma decisão empresarial de estruturação do atendimento”, explicou Morishita. Ele recomendou que as pessoas continuem a reclamar pelo cumprimento da lei. “As empresas brincam com o consumidor, sendo que se trata do exercício de um direito.” n — Priscilla Mazenotti, ABr

Telefonia móvel avança em TI As inovações tecnológicas nos aparelhos de telefone celular, como câmeras digitais e rádio, têm contribuído para mudanças no perfil dos serviços de telecomunicações no país. É que cada vez mais, os telefones móveis ocupam o lugar dos fixos. Essa mudança não é uma novidade para o consumidor, mas, pela primeira vez, consta da pesquisa O Setor de Tecnologia da Informação e Comunicação no Brasil, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística — IBGE. Embora a participação dos serviços de telecomunicações por fio seja predominante na composição da receita do segmento, o estudo mostra que, entre 2003 e 2006, a participação caiu de 60,3% para 50,7%, enquanto a dos serviços sem fio avançou de 34,1% para 43,2%. A oferta de produtos mais modernos, com várias funções, contribuiu para a mudança. “Os ganhos da telefonia celular são decorrentes da oferta de produtos e serviços mais sofisticados em termos tecnológicos, com destaque para os aparelhos com câmeras, MP3 e acesso à internet. Essas ferramentas acompanham a tendência de fornecer serviços diversificados em um único aparelho, um facilitador para os usuários”, diz o documento da pesquisa. O estudo destaca também que, desde 2003, o ramo mais www.revistafale.com.br

lucrativo das telecomunicações foi o de ligações de fixo para fixo, que lideram a composição da atividade. Nesse segmento, as chamadas interurbanas foram as mais lucrativas, correspondendo a 43,4% da receita das empresas. Muitos usuários deixaram de fazer ligações internacionais a partir do telefone fixo. Com isso, a participação desse serviço na receita das teles caiu de 8,9% para 5,1%, entre 2003 e 2006. No período, também chama atenção o aumento das chamadas feitas de telefones públicos. De acordo com o pesquisador do IBGE, Roberto Saldanha, a perda nas chamadas internacionais pode decorrer da preferência dos usuários por serviços gratuitos de comunicação pela internet, como o Skype. Em relação às chamadas de orelhão, ele lembrou que um decreto do governo federal determina a ampliação do serviço. “Com o programa de universalização da telefonia, as empresas foram obrigadas a instalar telefone naqueles municípios pequenos, regiões remotas, que não eram considerados o filé mignon da coisa”, conta Saldanha. No período estudado, os serviços de internet respondiam por uma pequena parcela da receita das teles (2%) e a participação dos serviços por satélite era de 1,5%. n — Isabela Vieira

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analistas e a economia em 2009 Para especialistas no mercado financeiro a expectativa para 2010 é menos boa. É bom que estejam errados porque nenhum deles previu o início de crise nos EUA em 2008 A projeção dos analistas do mercado financeiro consultados pelo Banco Central sobre o desempenho da economia neste ano piorou e melhorou a expectativa para 2010. Para eles, a queda do Produto Interno Bruto (PIB), soma de bens e serviços produzidos no país, neste ano, será de 0,38% e não mais de 0,34%, previstos na semana passada. A expectativa de queda da produção industrial no ano, porém, passou de 6,29% para 6%. No próximo ano, os analistas apostam em recuperação da economia, com crescimento de 3,60% do PIB. A previsão está um pouco melhor do que a do boletim da semana passada, que era de crescimento de 3,50%. Para a produção industrial em 2010, foi

Inflação menor em 2009? As projeções dos analistas do mercado financeiro para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estão em queda. A estimativa para o índice neste ano passou de 4,53% para 4,50% e em 2010, de 4,40% para 4,35%. A informação é do boletim Focus, 40 | Fale!

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mantida a estimativa de crescimento de 4,50%. Na avaliação dos analistas, a relação entre dívida líquida do setor público e PIB deve chegar a 41,50% neste ano. A previsão anterior era de 41,30%. Para 2010, a estimativa foi mantida em 40%. O dólar deve valer R$ 1,90 ao final de 2009 e R$ 1,97 ao fim de 2010. As estimativas anteriores eram de R$ 1,95 e R$ 2, respectivamente. A projeção para o superavit comercial (saldo positivo de exportações menos importações) subiu de US$ 23 bilhões para US$ 23,1 bilhões, neste ano. Para 2010, a expectativa foi ajustada de US$ 19,7 bilhões para US$ 19 bilhões. Para o déficit em transações correntes (registro das compras e

publicação semanal do Banco Central, elaborada com base em projeções de instituições financeiras sobre os principais indicadores da economia. O IPCA é o índice escolhido pelo governo para a meta de inflação, que tem como centro 4,5% e margem de dois pontos percentuais para mais ou para menos. A meta é válida para 2009 e para 2010. No mercado paulista, a estimativa para o Índice de Preço ao Consumidor

vendas de mercadorias e serviços do Brasil com o exterior), a estimativa passou de US$ 15,1 bilhões para US$ 15 bilhões neste ano e de US$ 22,25 bilhões para US$ 22,05 bilhões em 2010. A estimativa para o investimento estrangeiro direto (recursos que vão para o setor produtivo do país) foi mantida em US$ 25 bilhões neste ano e subiu para US$ 27,1 bilhões em 2010. Para a taxa básica de juros, os analistas mantiveram a previsão de que não haverá mais cortes neste ano. A estimativa do mercado é de que a Selic feche o ano no atual patamar de 8,75% ao ano. Neste ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu os juros básicos em cinco pontos percentuais de janeiro até a última reunião realizada no mês passado. Em 2010, a expectativa é que os juros subiam e encerrem o período em 9,25% ao ano. n — Kelly Oliveira

da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe) subiu de 4,16% para 4,17%. No caso da inflação medida pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) a expectativa é de deflação de 0,01% neste ano. A estimativa anterior para o período era de alta de 0,30%. Segundo o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), o IGP-M fechou o mês de julho em queda de

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0,43%. Foi a quinta queda consecutiva da taxa, usada para corrigir aluguéis, financiamentos imobiliários e consórcios. Em 12 meses, o índice acumula deflação de 0,67%. A projeção para o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) passou de 0,50% para 0,33%, neste ano. As estimativas para o IGPDI, IGP-M e IPC-Fipe em 2010 foram mantidas em 4,5% em 2010. n — Kelly Oliveira



Autos&Máquinas Por Roberto Costa

E agora, Honda City

A

Honda Automóveis está co-

locando no mercado mais um modelo produzido em sua fábrica localizada na cidade de Sumaré (SP) que será a oitava no mundo, a primeira nas três Américas, a produzir o Honda City. Este novo sedan chega com a missão de abrir um nicho ainda não explorado pela montadora localizado entre o pioneiro Fit e o disputado Civic. A previsão da empresa é comercializar 3.500 unidades ao mês do City aproveitando a ca-

pacidade ainda ociosa de sua fábrica e antenada com uma possível pequena canibalização doméstica já que alguns compradores poderão optar pelo mesmo em substituição a um de seus produtos mais tradicionais. Com visual atraente a partir de um ar esportivo mas sem excessos o City parece ser maior do que de fato o é. Tem um conjunto frontal que integra os vincos do capuz a grade do radiador, conjunto óptico em forma de trapézio e pára-choque de grandes

proporções — em algumas versões ainda recebe faróis de neblina. De perfil, o sedan com ares esportivos se manifesta com linhas pouco comuns e quase sem dobras. Some-se os detalhes harmoniosos como maçanetas, retrovisores com setas direcionais e ainda a possibilidade de rodas de 16 polegadas nas versões EX e ELX. A traseira traz uma mensagem de robustez com seu pára-choque aerodinâmico e tampa do porta-malas com grande ângulo de abertura e lanternas


Honda city. Com preços de R$ 56.210,00 (LX MT) à R$ 71.095,00 (EXL AT). horizontais que englobam todas as funções. Internamente nota-se uma ergonomia trabalhada para oferecer comodidade não somente ao guiador mas também aos demais passageiros dada as facilidades de acesso aos diversos controles além de bons porta objetos. Os bancos das versões LX e EX são revestidos de tecido. Na versão top de linha, EXL em couro. O sistema de reclino possui dois estágios o que facilita o ocupante achar a posição mais confortável. Outra inovação, no Brasil, é o exclusivo sistema de reclino para o banco traseiro bi-partido de série que ainda

traz porta objetos rente ao piso.O volante tem ajuste de altura e profundidade e não cobre a visão do completo painel que traz ainda um computador de bordo com cinco funções. Sua motorização é única. O motor i-VTEC Flex (Controle Eletrônico Variável de Sincronização e Abertura de Válvulas) de 1.5l FLEX está em todas as versões (LX, EX e EXL) desenvolvendo 115 cv quando abastecido com gasolina e 116 a álcool. Estão disponíveis câmbios mecânico e automático onde o condutor pode optar eletronicamente por dirigir de forma “S” Sport ou “D” Drive. Na versão EXL pode ser acionado através do sistema

Padle-Shift — alavancas colocadas sob o volante. O novo modelo da Honda terá três anos de garantia, sem limite de quilometragem, e está disponível nas cores sólidas, Branco Taffeta e Vermelho Rally, das metálicas. Dourado Poente, Prata Global, Grafite Magnesium, Cinza Paladium, Verde Vermont além das Perolizadas,Preto Cristal e Verde Deep. Seus preços públicos sugeridos são de R$ 56.210,00 (LX MT), R$ 60.010,00 (LX AT), R$ 61.650,00 (EX MT), R$ 65.450,00 (EX AT), R$ 65.375,00 (EXL MT) e R$ 71.095,00 (EXL AT) com frete incluso (base Estado de São Paulo). n

Strada Cabine Dupla A Fiat Automóveis abre espaços de mercado para sua picape líder de vendas o Fiat Strada, que agora passa a oferecer a versão Cabine Dupla. Com ela, a picape Strada poderá levar até quatro ocupantes e assim conciliando os atributos de um automóvel de passeio com capacidade de carga. A nova versão Strada Adventure Cabine Dupla amplia a gama do modelo, que passa agora a oferecer oito versões e três

tipos diferentes de cabines: Simples, Estendida e Dupla.Externamente, a versão tem design arrojado com seu habitáculo crescido e uma caçamba com capacidade de carga, de 580 litros. O projeto exigiu atenção reforçada principalmente para a fixação do novo banco traseiro e também dos cintos de segurança retráteis de três pontos. Além disso, ele traz dois encostos de cabeça com regulagem de altura, garantindo ainda mais segurança aos

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seus ocupantes. Mecanicamente, foram feitas modificações na suspensão para torná-lo um veículo confortável para todos os seus ocupantes. Outro destaque importante é o sistema de bloqueio de diferencial, o Locker, opcional na versão Adventure, que ajuda o veículo a vencer situações adversas de rodagem, reforçando a vocação “off-road light” da família Adventure além de estar equipada com motor 1.8 Flex, o mais potente da categoria.

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Foto:auston

troféu clóvis rolim

durante a solenidade de posse dos novos dirigentes da

Câmara dos Diretores Lojistas de Fortaleza, Francisco Freitas Cordeiro, e do presidente da Federação das Camaras de Dirigentes Lojistas do Ceará, Honório Pinheiro, o governador Cid Gomes foi agraciado com o Troféu Clóvis Rolim. Acima, o homenageado Cid Gomes entre dona Edyr Rolim e dona Yolanda Queiroz, presidente do Grupo Edson Queiroz.

“As paixões são como as ventanias que incham as velas do navio. Algumas vezes o afundam, mas sem elas não se pode navegar.” — Voltaire

Luiz Carlos Martins. De A a Z no Caderno People, jornal O Povo 44 | Fale!

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L u i z C a r lo s M a r ti n s

Dia do comerciante. Em cerimônia realizada no Theatro José de Alencar, Francisco Freitas Cordeiro assumiu a presidência da CDL Fortaleza, como parte das festividades pelo Dia do Comerciante. Na ocasião, o governador Cid Gomes recebeu o Troféu Clóvis Rolim. Fotos Auston

Sr. e Sra Roque Felizardo Júnior, Honório e Carla Pinheiro, Marlise e Francisco Freitas Cordeiro

Branca e Gervázio Pegado

Glória Vilar de Queiroz e Érika Ximenes

Wagner e Luiziane Fernandes

Vânia e Aristófanes Canamary

Mônica e Sérgio Aguiar

Ana Luiza e Urbano Costa Lima

Deusmar Queiroz, Marta e José Valdo Silva

Lavanery Wanderley, Lêda Maria e Ritelza Cabral

José Guedes, Valter Tomás, Maninha Morais e Lula Morais


persona L u i z C a r lo s M a r ti n s

Em elegante, prestigiada e impecável noitada no Athénée Buffet, a colunista Lêda Maria encerrou as comemorações do seu aniversário, articuladas por Ana Melo, Virginia Moraes e Lucília Loureiro Fotos rodrigues benquerença.

Eunício Oliveira, Aluísio Carvalho e René Barreira

Lêda Maria e Souto Paulino na hora dos Parabéns Gony Arruda, Ferrúcio Feitosa e Mano Alencar

Carla e Marcos André Borges

Beatriz e Lúcio Alcântara

Beth Cunha, Orlando Mota, Pompeu Vasconcelos e Domênico Gabrielli

Armando e Kátia Maggy

Entre Antônio e Ana dos Santos

Jeová Lucena, Fátima Goulart, Renato Barroso e Maria César

Valéria e Mairton Lucena

Tomás e Cândida Figueredo

Luiz Carlos Martins e Gláucia Viana

Lúcia e Francisco Gurgel

José Cláudio Carneiro, Antônio Marques Cavalcante e Eymard Amoreira


Irene Delme, Lêda Maria, Lúcia Dantas e Márcia Mede

Selene e Max Câmara

Lêda entre Dedé e Amélia Barros de Oliveira

Dona Yolanda Queiroz e Lêda Maria

Meton e Yolanda Vasconcelos e Paulo Bezerra

Domingos Filho, Lêda Maria e Patrícia

Nacer Hissa

Norma Bezerra e Rejane Fujita

Vera Costa, Cristina e César Bertori


persona L u i z C a r lo s M a r ti n s

Em ambiente junino, Vânia e Aristófanes Canamary reuniram familiares e amigos, com direito a quadrilha, comidas típicas e animação da banda Asa Branca, por conta do nat dele. Fotos rodrigues Clima junino.

Márcio, Fernando, Cristiane, Vânia Aristófanes e Aristófanes Canamary Júnior

Tânia Linhares, Vilma e Wantan Laércio

Silvio Goyana, Aristofanes e Tarcísio Melo

Oto e Guida Sá Cavalcante

Franzé e Valéria Gomes

Solange Melo, Luiza Cavalcante, Lêda Maria, Norma Goyana e Amélia Barros de Oliveira

Luiziane e Wagner Fernandes com Dedé e Amélia Barros de Oliveira

Fernando Cirino e Tereza

Lúcia e Aloísio Pessoa

Luiza e Panta Cavalcante


noivas em destaque. Paulo Matta reuniu convidados no Siará Hall, decorado por Rosalvo Ponte, por ocasião da nova edição da revista Exotic Noivas 2009. Guilherme Silva, Dj Itaquê e Joyce Malkomef animaram a noitada.

Fernanda, Paulo Matta e a Miss Ceará Khrisley Karlen

Thiago Holanda, Dito Machado e Francisco Campelo

persona L u i z C a r lo s M a r ti n s

Itaquê Figueiredo e Joyce

Fátima Duarte e Islay Rangel

Otávio Henriques e Anna Christina

Valéria e Antônio Câmara

Stela Sales e Ana Liady Accioly

Renato e Marta Bonfim

khrisley Karlen e Walney Haidar

Simone Jucá e Alódia Guimarães

Márcia F. Gomes, Vera Costa e Heloisa Macêdo

Fátima German e Amarildo Mires


ÚltimaPágina

O fosso entre educação e os setores produtivos Por Carlos Henrique Araújo

O

esquema que impregnou as universidades brasileiras nos últimos anos mostra um dos seus efeitos mais perversos para o desenvolvimento econômico. O sistema virou uma máquina de produzir funcionários públicos que precisarão de mais impostos e verbas para tocarem suas atividades no Estado e, principalmente, na própria universidade. Segundo um levantamento realizado por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea -, recentemente divulgado, apenas 1,9% dos 26 mil doutores brasileiros, atualmente empregados, está na indústria, enquanto 66% permaneciam na universidade e outros 18% no setor público. A educação superior brasileira é descolada do setor produtivo e voltada para o seu próprio umbigo. Enquanto prevalecer este abismo em relação à indústria, poucas chances temos de nos firmar na economia moderna, cada vez mais exigente em termos tecnológicos e de inovação. Na realidade, grandes grupos de professores universitários sempre demonizaram e lutaram contra qualquer relação institucional entre as universidades e os setores produtivos da sociedade. O velho pensamento, traduzido pelo clichê da universidade pública, gratuita e para todos, impregnou vários setores da educação, afastando a possibilidade da troca efetiva da universidade com as empresas nacionais e globais. Com 66% dos doutores permanecendo nas universidades, o que se tem é a máquina pública do ensino superior priorizando a formação dos seus próprios quadros e concentrando o investimento público na alimentação de sua burocracia e de suas relações de poder. Isto acaba por criar uma 50 | Fale!

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“A educação superior brasileira é descolada do setor produtivo e voltada para o seu próprio umbigo.” atmosfera fechada de reprodução social de grupos de professores e seus discípulos. Pior, gera uma rede intricada de benefícios e favores, já que os próprios professores escolhem por meio de concursos os seus alunos para serem os seus futuros colegas. O espírito que produz o progresso e o avanço nas ciências exige uma outra lógica de comportamento institucional e formação da Capital Humano. A ciência para se desenvolver precisa do confronto de ideias, de experimentos e de metodologias, da curiosidade cultivada ao extremo, da rebeldia teórica e de muito treinamento e dedicação. Não se forma um verdadeiro cientista em ambientes fechados que se autoreproduzem em função somente de suas demandas e acordos. O resultado disto tudo é a falta de oferta de cérebros para os setores que demandam criatividade, ousadia e espírito empreendedor, tudo que motiva, fortalece e gera riquezas para o País. A separação entre educação e mercado de trabalho faz inúmeras vítimas. Em 1980, um trabalhador no Brasil produzia em valor agregado o equivalente a US$ 15,1 mil por ano, em 2005, esse valor caiu para US$ 14,7 mil, segundo a OIT. Na realidade, as distorções começam de forma efetiva no chamado ensino www.revistafale.com.br

médio. Destoando de todos os sistemas educacionais que são mais produtivos, o ensino médio brasileiro não oferece as oportunidades diversificadas de profissionalização aos mais jovens. Só há uma opção de ensino médio, então, todos que sobrevivem ao funil educacional, são obrigados a se submeterem a uma lógica de formação exclusiva para o enfrentamento de vestibulares. Não há oferta de formação de profissional para atender a demanda, e a matrícula no ensino técnico não chega a atingir 900 mil alunos no Brasil. Não há um só estudante de ensino médio no País que não se sinta pressionado a decorar conhecimentos para provas e esquecê-los em seguida. Não se desenvolve nos jovens as habilidades necessárias para que o mesmo possa se aprimorar de forma autônoma e adquirir novas competências para o mercado de trabalho. O Banco Interamericano de Desenvolvimento divulgou um estudo, em 2008, que constata que mais da metade dos latinoamericanos entre 15 e 19 anos não têm um nível adequado de educação para conseguir um trabalho bem remunerado. No Brasil, o percentual nesta situação é de 71,6%. Esta separação radical entre o mercado de trabalho, setor produtivo e sistemas e estratégias de ensino é a receita do fracasso econômico e do desperdício de dinheiro. Qualquer atitude séria em Educação no País passa por uma reforma vigorosa do sistema de ensino nacional que, fechado em si, forma pouca gente, com má qualidade e apenas a quantidade suficiente para repor peças de uma máquina pública de ineficiência. n Carlos Henrique Araújo é mestre em Sociologia, Consultor em Educação e exdiretor do Inep-MEC. E-mail chfach@gmail.com


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