MANGABEIRA UNGER AS POLÍTICAS PARA O NORDESTE A CPI DA COELCE QUER REDUZIR TARIFA DE ENERGIA Revista de informação ANO VI — Nº 60 OMNI EDITORA
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a nova cara do pps no co empresário earáalexandre pereira promete uma política de oposição
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CAPA: FOTO JARBAS OLIVEIRA
ISSN 1519-9533 © 2009 Omni Editora
Maio de 2009 Ano VI N 60 o
P O LÍ T I CA
14Contra o tempo
Ministro da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, fala da descrença dos brasileiros na política e nos políticos.
34
Economia
Só em 2010
Embora a conjuntura ainda seja confusa, ministro Guido Mantega arrisca crescimento de 3% a 4% da economica brasileira.
S E Ç Õ E S 04 Talking Heads 06 Arena Política
18Corrupção Eleitoral Tribunal Superior Eleitoral – TSE, mira cassações de governadores eleitos acusados de abuso de poder econômico no processo eleitoral.
38
T ecnologia
Conectados
Tirar o máximo proveito das ferramentas potencializa ações de comunicação e marketing de pessoas e empresas.
08 Online 09 Blogosfera 12 Entrevista
41 Autos & Máquinas 45 Persona 50 Artigo
e N T R E V I S TA
22
Nova Política
Empresário e novo presidente do PPS no Ceará, Alexandre Pereira defende um novo modelo de desenvolvimento e crescimento econômico para o Brasil
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TalkingHeads
Ad commodum Ad commodum suum quisquis suum callidusquisquis est.
Foto divulgação
callidus est.
O Brasil vai cair na real no ano que vem.
José Serra, PSDB, Governador de São Paulo, sem jogar a toalha após pesquisas
de inteções de voto que apresentaram crescimento de Dilma Rousseff do PT
2 0 1 0 j á c h egou
Não brinco com democracia.
manifestando-se contra a hipótese de um terceiro mandato presidencial. Lula,
A GM do Brasil não precisa e não espera ajuda da matriz. Nos próximos anos vai ser uma companhia totalmente independente
presidente da General Motors do Brasil após anúncio de pedido de concordata da GM norte-americana
Foto divulgação
Jaime Ardila,
ainda as passagens
Não acho um crime um deputado dar uma passagem para um dirigente sindical ir à Brasília. Lula, presidente
revelando que forneceu passagens aéreas para sindicalistas durante seu mandato de deputado federal.
Os sindicatos devem ter renda para pagar passagens para seus dirigentes. Arnaldo Madeira,
(PSDB-SP), retruca as declarações de Lula sobre o uso das passagens aéreas que tem direito.
A oposição está sem alternativa de discurso e só tem as CPIs para se agarrar.
Lula, presidente
Uma parte substantiva das informações que estão sendo usadas nas denúncias é coletada de sites da Petrobras, de livre acesso. Isso contradiz que a Petrobras seja uma caixa-preta. presidente da Petrobras, defende atuação da estatal, na mesma entrevista ao Jornal Folha de São Paulo, Grabielli acusou o TCU (Tribunal de Contas da União), que apontou irregularidades na empresa, de ser um “órgão formado por pessoas politicamente comprometidas”.
do Brasil comemora retorno o patamar pré-crise econômica, da avaliação de seu governo, e dispara contra a oposição criticas pela criação da CPI da Petrobras e das ONGs
Foto J. Freitas_Agência Senado
Sandra Baron, advogada
americana, matéria do Wall Street Journal | Fale! | MAio DE 2009
Dilma Rousseff,
ministra-chefe da Casa Civil, minimiza crescimento pesquisas de inteções de voto.
A tendência é a vitória da Dilma.
sem mandato há quase quatro anos, desde que foi cassado por causa do mensalão, em entrevista a Revista Época. José Dirceu,
Se o PDT me convocar, disputarei a reeleição em 2010. Patrícia Saboya,
senadora do PDT especulando repetir a dobradinha com Tasso Jereissati do PSDB
José Sergio Gabrielli,
Aquilo que antigamente as pessoas escreviam numa parede de banheiro hoje pode ser visto por milhões.
É um sobe e desce e ninguém pode nem achar bom e nem ruim.
Tucanos Sérgio Guerra (PE), Tasso Jereissati (CE) e Arthur Virgílio(AM), presentes no vazio plenário do Senado durante leitura do requerimento para a instalação da CPI da Petrobras.
Uma empresa saudável não tem medo da luz acesa. E nós aqui estamos, para, construtivamente, tirar a Petrobras das manchetes dos escândalos dos jornais.
TAsso Jereissati, senador PT-CE, sobre a criação da CPI da Petrobras
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A cidade está esburacada e essa Fortaleza não é a Fortaleza Bela cantada na propaganda oficial da prefeitura na TV. Tânia Gurgel,
deputada estadual do PSDB, critica a precária malha viária de Fortaleza
ArenaPolítica Gabrielli: homenagem antes da CPI
Trabalhar só para pagar imposto
V
ocê pode dizer que, do início do ano até o 27 de maio, trabalhou somente para pagar os impostos cobrados no país. A afirmação é um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário — IBPT. Segundo o estudo, os governos federal, estaduais e municipais arrecadaram mais de R$ 417 bilhões em impostos, diretos e indiretos. No Ceará, R$ 2,3 bilhões, e em Fortaleza, R$ 1,2 bilhões foram “entregues” aos “cofres” públicos pelo cidadão, afim de, em troca, receber saúde, educação segurança, lazer, etc. “Nós temos, hoje, cerca de 61 tributos. A tributação que é embutida no consumo é uma tributação silenciosa”, explica João Elói Olemike, diretor do instituto. Um dado chama a atenção. Devido à crise econômica mundial, em 2009, pagaremos um dia a menos de imposto que em 2006. “A leve queda de arrecadação tributária apresentada neste ano, a primeira desde 1996, é em virtude da redução do
imposto de renda pessoa física e de uma pequena diminuição de tributos sobre o consumo, já que neste ano o brasileiro irá trabalhar 147 dias para pagar tributos, enquanto em 2006 trabalhou 148 dias”, comenta o presidente do IBPT, Gilberto Luiz do Amaral. Em comparação a outros países, o brasileiro trabalha 50% a mais que os mexicanos, argentinos e chilenos para pagar os impostos incidentes sobre os rendimentos (salários, honorários, etc.), Imposto de Renda Pessoa Física, contribuição previdenciária, contribuições sindicais, além dos embutidos no consumo (PIS, COFINS, ICMS, IPI, ISS, etc) e sobre o patrimônio (IPTU, IPVA, ITCMD, ITBI, ITR). O IBPT constatou também que hoje se trabalha o dobro, em comparação aos anos de 1970, para pagar impostos, já que a média para o período era de 76 dias trabalhados. Se você quiser acompanhar a arrecadação tributária do país, acesse o site do Impostômetro: www.impostometro.org.br.
Ônibus paga ICMS. Avião não paga Como o brasiliero — povo e governantes – conhece pouco do pesado sistema tributário do país, algumas incoerências e disparidades permancem intocadas durante vários anos. Uma delas que é enquanto as passagens de ônibus têm embutido imposto estadual ICMS,
os bilhetes aéreos não tem. Isso é motivo de uma longa briga das empresas de ônibus, que reivindicam isonomia tributária com as companhias aéreas. No setor de transporte rodoviário de passageiros, o tributarista Hugo de Brito Machado defende uma tese que não é nova. Seria
a criação de um imposto único federal para o setor. Ele não vê risco de rejeição por parte dos estados, pois aposta num acerto de contas entre os diversos entes. “É incoerente cobrar ICMS do transporte de passageiros, uma atividade totalmente diferente do comércio”, justifica.
Obama acha que Lula é ‘o cara’ porque ainda não conhece Renan Calheiros. Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), citado pela coluna Painel do jornal Folha de S. Paulo
| Fale! | MAio DE 2009
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O Presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, em meio aos escândalos e à formação da CPI da estatal, e antes de dar explicações ao senado, recebeu o prêmio “person of the year” – pessoa do ano, concedido pelo Brazilian American Chamber of Commerce of New York, junto com embaixador americano no Brasil, Clifford M. Sobel. O prêmio foi entregue no último dia 21 de maio. Em 2008, a presidente do grupo empresarial Edson Queiroz, Yolanda Queiroz, foi uma das homenageadas.
Será que serve de exemplo?
A Diretora Técnica da Empresa de Transportes Urbanos de Fortaleza – ETUFOR, Calina Barros de Oliveira Mont’Alverne, apresentou, em audiência pública na Câmara Federal, o modelo de gestão do transporte público de Fortaleza. Ela falou sobre tarifa social, sistema integrado, passagem única e sobre a redução de tributos, que permitiram a manutenção do preço da passagem em Fortaleza por 4 anos. Será que o sistema de transporte público público de Fortaleza pode servir de exemplo para algum lugar do Brasil? Basta lembrar que a mobilidade urbana é um dos maiores problemas que Fortaleza vai ter que enfretar para realizar a Copa de 2014.
A reforma morreu. De novo
O sonho de consumo de qualquer executivo, o voto em lista fechada (elege-se políticos escolhidos pelos partidos) e o financiamento público de campanha foram mais uma vez rejeitados pelo Congresso Nacional. Sem o apoio das lideranças partidárias, nem mesmo dos que compõem a base aliada do governo, a reforma política, graças também à forte rejeição popular, foi esquecida em alguma gaveta do congresso, quem sabe em 2011 ela não volta.
Assembleias lEGISLATIVAS querem mais poder Integrantes das Assembleias Legislativas de todo o país estão organizando uma ofensiva no Congresso em busca de mais poder para legislar em seus estados. A expectativa do Colegiado dos Presidentes das Assembleias Legislativas e a União Nacional das Assembleias Legislativas – Unale, é que seja apresentado no segundo semestre uma proposta de emenda constitucional – PEC – que propicie aos estados o poder de formular leis sobre trânsito e transporte, direito agrário, diretrizes e bases da educação, propaganda comercial, licitação e matéria processual. Hoje esses temas são exclusivamente
tratados por iniciativas do governo federal ou do Congresso. “Muitos projetos que fazemos são arquivados sob a justificativa de vício de iniciativa, porque não são de competência da Assembleia”, diz o presidente da Unale, deputado de Tocantins, César Halum (DEM). Hoje a maioria dos projetos aprovados no legislativo estadual são de pouca relevância para a sociedade. Tal ócio transforma o plenário legislativo em um lugar de disputa ou acomodação. Descentralizar o poder de legislar seria o primeiro passo para a real aplicação do federalismo no Brasil, avaliam cientistas políticos.
Modelo A3 que a estatal Chinesa Chery pretende fabricar no Brasil
Liguem seus motores
O Governo do Estado do Ceará já oficializou sua proposta para ter instalada no estado a fábrica que a montadora chinesa Chery pretende construir no Brasil. O presidente da Agência de Desenvolvimento do Ceará, Antônio Balhmann, integrou a comitiva do presidente Lula que esteve
Um parlamentar custa mais que 688 professores
S
egundo e-mail que circula na internet, um professor de ensino médio, com nível superior, que ensina em escola pública, em uma cidade do interior da Bahia, recebe salário bruto (sem os descontos) R$ 650. Sem nível superior, o salário é de R$ 440. Para o portal Transparência Brasil, cada parlamentar brasileiro — Câmara Federal e Senado — custa para o país R$ 10,2 milhões por ano. São os mais caros do mundo. Na Itália, são gastos R$ 3,9 milhões, na França R$ 2,8 milhões, na Espanha, cada parlamentar custa por ano R$ 850 mil e na vizinha, Argentina, R$ 1,3 milhão. O minuto ‘trabalhado’ no Brasil custa ao contribuinte R$ 11.545. O orçamento anual do congresso é de R$ 6,6 bilhões. Resumindo, um parlamentar custa ao Brasil 688 professores com curso superior.
Oposição mira Petrobras através de CPI das ONGs
A
oposição, sabendo que vai ter vida dura na CPI da Petrobras, volta a mirar a quase extinta CPI da ONGs. O senador Arthur Virgílio — PSDB-AM, assumiu a relatoria da Comissão em substituição ao senador Inácio Arruda — PCdoB-CE, que foi escalado para participar da CPI da Petrobras, um verdadeiro “tiro no pé” dado pelo governo, pois os parlamentares são impedidos de participar em mais de uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Em represália à decisão do governo de ficar com a presidência e a relatoria da CPI da Petrobras, PSDB e DEM não vão abrir mão de investigações em contratos entre a estatal do petróleo e ONGs. Mas com ampla maioria de governistas nas duas comissões — 8 x 3, vai ficar difícil da oposição conseguir aprovar algum relatório constrangedor ao governo. O que deve ficar claro é a tentativa do Governo de abafar as investigações.
Governo vai colocar FHC na CPI da Petrobras na China. A Chery também já informou qual carro pretende fabricar no país. É o A3 nas carrocerias hatch e sedã. O modelo dever mudar de nome que, é igual ao da montadora Audi, controlada pela também alemã Volkswagem. São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais também estão na disputa pela fábrica, que tem objetivo de produzir anualmente 150 mil veículos.
A S F R A S E S
[Quero pedir desculpas pela informação errada que eu dei.]
José SArney, presidente do Senado, reconheceu ter recebido indevidamente o auxílio-moradia, mesmo residindo em imóvel do Senado. Sarney se desculpou por ter dito anteriormente a jornalistas que não recebia o benefício.
[Nada mais correto do que ir eliminando esses privilégios. Não temos compromisso com erros.]
Heráclito Fortes, senador do DEM-PI , sobre o pagamento das multas de trânsito aplicadas a veículos do Senado.
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S
egundo informa o colunista do jornal Folha de S. Paulo, Josias de Souza, a pedido do Planalto, a Petrobras recolhe em seus arquivos dados referentes à era Fernando Henrique Cardoso, que serão usados como munição da tropa do governo na CPI. A estratégia governista foi arquitetada em uma reunião onde participaram líderes petistas e ministros. O Governo deve promover um esvaziamento da comissão, mas garante que se for fustigado vai reagir à altura.
Senado paga multas de trânsito
O
Senado vai pagar as multas decorrentes de infrações praticadas nos últimos cinco anos por veículos do Senado aplicadas pelo Departamento de Trânsito do Distrito Federal – Detran-DF. A parir de agora, motoristas do Senado que infringirem essas leis terão que pagar as multas. O primeirosecretário do Senado Heráclito Fortes – DEMPI, disse que, assim como as placas dos carros de diplomatas já foram enquadradas para pagar multas por transgressões no trânsito, não havia sentido em o Senado ficar fora desse disciplinamento.
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OnLine
Made in Brazil
O Zeebo, produzido pela brasileira Tectoy, é o primeiro videogame de última geração do mundo que dispensa qualquer tipo de mídia. Ele se conecta a uma rede 3G própria, pela qual o usuário faz download dos jogos. O console já é vendido por R$ 499. O pacote inclui seis jogos grátis já instalados na memória e outros três disponíveis para download gratuito.
Orkut inseguro
P
reocupado com a imagem institucional do
Orkut, o Google divulgou uma relação de cuidados de segurança para tentar reduzir o número de usuários vítimas de golpes, uma tendência crescente. Os crimes mais comuns são roubo de senhas, de perfis, de comunidades e infecção por códigos maliciosos. Os problemas de segurança fazem muitos usuários desistirem de usar o serviço. Cuidados 1. Criar uma senha difícil e não fornecê-la a sites não autenticados pelo Google. 2. Alerta total com links externos — não copie e cole códigos na barra de navegação. O método é uma forma clássica de mandar o usuário para um endereço que baixa códigos maliciosos ocultos no PC do usuário. 3. Manter na máquina um antivírus atualizado e nunca baixar arquivos via Orkut, especialmente aqueles com extensões suspeitíssimas como .exe e .vb. 4. Aumentar o grau de alerta entre amigos. Amigos numa mesma rede tendem a ter um grau de confiança alto entre si.
Novos buscadores ameaçam Google?
O
Bing, novo buscador da Microsoft, já está no ar. Uma versão marcada como beta pode ser acessada no endereço www.bing.com. Ele é apenas um dos recentes concorrentes da gigante Google. Pelo menos o Wolfram Alpha – www.wolframalpha.com, lançado recentemente, não parece ser páreo, embora o site que virou sinônimo de busca, nunca ouvesse tido um concorrente tão exageradamente anunciado quanto o Wolfram Alpha. Já a Microsoft teve bastante tempo para estudar e planejar seu buscador, sem falar no poder de realizar uma campanha de marketing agressiva. Lembra daquela página clara e limpa do Google? O Bing é completamente diferente. Ele sempre terá uma imagem de fundo que será trocada diariamente. Uma sugestão de usuários, segundo a Microsoft. Nome de pronúncia universal; novo sistema de navegação e filtros de busca; popularidade do assunto pesquisado; um comparador de preços; busca especial de temas como viagens, hotéis, saúde; e busca de imagens e vídeos entre outras novidades. A nova ferramenta é parte do plano de longo prazo da Microsoft para ir além dos fortes negócios na área de sistemas operacionais e capturar maior presença na web. A Microsoft sabe que não conseguirá tirar o Google do topo do ranking das buscas. A gigante do software quer tomar um pouco da força do Google no mercado, mas há poucas chances de que o líder das buscas será atingido tão cedo.
SMS vai avisar sobre restituição do Imposto de Renda
A Receita Federal passará a utilizar, a partir de junho, o serviço SMS para comunicar o depósito da restituição do Imposto de Renda de 2009, ano-base 2008. O contribuinte que desejar ativar o recurso deverá cadastrar o número do seu telefone celular no endereço eletrônico da Receita www. receita.fazenda.gov.br.
iPod e iPhone obrigatórios em faculdade de jornalismo O curso de Jornalismo da Universidade do Missouri, nos Estados Unidos, exigirá que seus alunos tenham um iPhone ou iPod Touch como material indispensável para, a partir do próximo semestre, efeturarem download de material do curso. Comunicado da Universidade informa que os equipamentos são requisitos mínimos e que “a melhor solução para os estudantes que não tenham iPod Touch ou iPhone é ir à TigerTech, loja de informática da Universidade, e comprar um.”
Apple pode comprar o Twitter
A Apple está de olho no Twitter. Pelo menos é o que afirmam alguns sites de tecnologia. A empresa de Steve Jobs estaria em negociações avançadas para adquirir o popular serviço de microblog, que conta com mais de 30 milhões de usuários. O valor do negócio poderia chegar a US$ 700 milhões. Muitos boatos sugiram sobre uma venda do Twitter. Na lista de compradores dos últimos meses, aparecem os nomes da Microsoft, Google e Facebook.
O Q UE É NO V O O Livemocha está sendo chamado de ‘orkut’ para aprender inglês. Ele é o mais popular método na internet, grátis. Tem mais de 2 milhões de pessoas conectadas aprendendo e tirando dúvidas. Acesse www.livemocha.
Inglês em rede social
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com. Além de lições convencionais, a rede social cria um ambiente real de conversação com a possibilidade de submeter textos à correção de usuários nativos. A falta de profissionais que falam inglês levam empresas a treinarem pessoas sem formação técnica, mas com fluência na língua.
blogosfera
Sempre conectado
A
revista Fale! decobre o mundo dos blogs e passa a dedicar, em cada edição, uma seção para difundir a informação que circula no mundo virtual, mas que não chega até a comunicação de massa. O termo blogosfera é o coletivo que compreende todos os blogs ou redes sociais. Aqui vamos reproduzir o que você dificilmente irá ver fora da internet, os comentários de blogueiros sobre assuntos que ganharam a mídia, curiosidades, sugestões, notícias, etc. Para participar conosco, visite www.revistafale. com.br, acesse nosso blog da Fale!. Boca a boca, ou tecla a tecla, vamos, sem constrangimento, incendiando a blogosfera.
Usuários do Twitter triplicam em dois meses
‘Nunca na história da Internet’ um site ficou tão popular em tão pouco tempo. Em fevereiro, o número de usuários do Twitter somavam 10 milhões e subiu para 32 milhões em abril. Você já está lá?
n plugado...
Blog do Eliomar de Lima www.blogdoeliomar.com.br Blog do Kibe Loco http://kibeloco.com.br/kibeloco Liberdade Digital http://liberdade.blogueisso.com Blog do Lúcio Alcântara www.lucioalc.blogspot.com
Língua presa e fala solta
“País que acha petróleo a 6 mil metros de profundidade pode achar avião a 2 mil”, diz Lula sobre acidente da Air France. O comentário do Kibe Loco sobre a pérola do presidente: “Até que ele não foi mal. Em outros tempos ele teria dito que um ‘país que ganha cinco Copas do Mundo pode achar avião rebaixado’.”
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#buracosfortaleza Fortaleza está cheia de buracos. Isso é fato e fácil de comprovar. Um grupo de blogueiros decidiu mapear os buracos e partir da blogagem coletiva. Independente de ter blog ou não, estar no twitter ou não, qualquer pessoa pode indicar o seu buraco “preferido”, aquele em que você é obrigado a passar todos os dias. Basta acessar http://liberdade.blogueisso.com/ buracosfortaleza, estar logado numa conta do Google (GMail e Orkut, por exemplo) e apontar. Em um mês de campanha 50 mil pessoas vizualizaram o mapa e 500 buracos foram registrados. Tudo começou após desastrada declaração da prefeita Luizianne Lins (PT) que em entrevista disse que o fortalezense tivesse “cuidado para não cair nos buracos”. A turma do blog Liberdade Digital não gostou e inicou a campanha. Fotos e vídeos também ajudam a ilustrar a iniciativa. Espera-se que a prefeitura esteja acompanhado o movimento.
Evolução da espécie
À esquerda, primeira e segunda versão, ambas de 2007. Acima, o novo blog, lançado em maio deste ano
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O mais famoso e acreditado blog de jornalismo do Ceará passou por uma grande ‘reforma’. O blog do irreverente jornalista Eliomar de Lima agora é parte integrante do portal O Povo. Eliomar já trabalha no jornal O Povo há ‘incontáveis’ anos, mas só agora seu blog passa oficialmente a fazer parte do grupo de comunicação. Quem acompanha o blog do Eliomar desde 2007 assistiu às mudanças no layout e ao incremento de novas ferramentas. Ele promete também que o conteúdo do blog vai melhorar cada vez mais. O “viciado em informação”, como ele mesmo se define, já acumula inúmeros “furos jornalisticos”, algo que somente um blog pode proporcionar.
MAio DE 2009 | Fale! |
A revista de Os leitores da revista Fale! são decisores, pessoas que não abrem mão de informação de qualidade. Política e Economia são os principais temas da revista de informação.
Quem decide, lê.
informação. www.revistafale.com.br
Entrevista
10 PERGUNTAS PARA
O
Lula Morais deputado estadual Lula Morais (PCdoB-CE) tem sido um ferrenho crítico do aumento de 11,25% da tarifa de energia no Ceará, praticado
pela Coelce, a distribuidora de energia no estado, controlada pela espanhola Endesa — que por sua vez é controlada pela multinacional italiana Enel. Morais diz que a avaliação econômica feita do primeiro trimestre no País mostrou que o setor elétrico, em especial a Coelce, teve um crescimento de 66,2% no lucro líquido, chegando a R$ 80 milhões. Para ele, um aumento de 11,25% na contramão da economia cearense. Fazendo coro a Morais, a Federação das Indústrias do Estado do Ceará também está em pé de guerra contra a majoração que pressiona a competitividade das empresas e impacta nos custos e na inflação. Mais que protestos, o deputado quer uma CPI para investigar a Coelce, uma empresa distanciada dos interesses estratégicos da região. “Que compromisso teria um grupo econômico estrangeiro, para com a nossa economia regional e local, se não auferir lucro fácil e seguro?”, pergunta. Filiado ao PC do B desde 1979, Morais foi parceiro de Inácio Arruda na fundação Federação de Bairros e Favelas de Fortaleza. Médico da Prefeitura de Fortaleza e da Cagece, tem na defesa de saúde e saneamento para todos uma de suas bandeiras. Em 1983, fundou o Sindiágua. Também dirigiu o o Sindicato dos Médicos e a CUT-CE. Fale! Qual foi a gota d’água para Sr. pedir a instalação de uma CPI para investigar a Coelce? Lula Morais. Neste momento de cri-
se, onde todos os esforços das autoridades governamentais no mundo inteiro se dão no sentido de redução de impostos para garantir maior liquidez e movimentar a economia, a ANEEL — Agência Nacional de Energia Elétrica, na contra mão, autoriza a Coelce a reajustar a tarifa de energia em 11,25%, o dobro da inflação. O reajuste tarifário da energia, na última década, chegou ao patamar de
274%, contra 191% do IGP-M e 109% de IPCA, colocando a tarifa cearense como a sexta mais cara do Brasil. Além disso, superamos em 30% a tarifa do Rio Grande do Norte e Sergipe e em 17% da Bahia. Penso que esse contexto de crise possibilitou galvanizarmos a unanimidade dos empresários, comerciantes e de toda a sociedade. Tivemos na Assembleia Legislativa o reflexo dessa indignação coletiva, com a assinatura de 41 deputados a favor da instalação da CPI para investigar a abusividade do reajuste tarifário e a origem da energia mais cara que a TermoFortaleza vende para a Coelce. Fale! O Sr. concorda que há um distanciamento da empresa com os interesses do estado e da região? Lula Morais. Sem dúvida. Que compro-
misso teria um grupo econômico estrangeiro, para com a nossa economia regional e local, se não auferir lucro fácil e seguro? Some-se a isso o beneplácito da perversa legislação criada no programa de privatização. Fale! Como a empresa justifica o aumento de tarifa de energia com remessas de lucros da controladora da Coelce para a Espanha? Lula Morais. O principal componente
da tarifa é a compra de energia, corresponde a 60% de todos os gastos e desse percentual mais da metade é energia térmica a gás, adquirida de uma empresa do mesmo grupo, que não gera energia, mas apenas intermedia, comprando energia mais barata e repassando ao preço mais caro de R$160,00. O que é inaceitável, pois o preço da energia dos outros contratos chega a apenas R$70,00. O lucro líquido da Coelce e da TermoFortaleza nos últimos 3 anos atingiu a cifra de quase R$ 1,5 bilhão de reais, extraído de uma economia pobre e sofrida como a nossa e remetida para a Europa.
Fale! Há uma pressão da empresa Coelce no sentido de abortar a CPI, pressionando depu-
meta. Lula Morais quer redução na tarifa de energia elétrica no Ceará Foto Elza Fiúza _ ABr 12 | Fale! | MAio DE 2009
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O poder econômico visa sempre o lucro, assim chega ao extremo de cortar a energia até de quem precisa de aparelho para respirar, matando a paciente. O monopólio da distribuição deste serviço, que é essencial para todos, contribui para que a Coelce aja de forma arbitrária. A tarifa de energia do Ceará é a 6ª mais cara do Brasil. tados? Lula Morais. Pressão sobre os depu-
tados não tenho informações, mas certamente ela irá arguir na justiça o impedimento da instalação e talvez dos trabalhos de investigação da CPI. Lembro que aconteceram duas CPIs com o mesmo teor em Pernambuco e Mato Grosso do Sul, e todas as concessionárias de lá tentaram impedir a investigação. Fale! O Sr. pretende investigar também o processo de privatização da Coelce? Lula Morais. Não! A CPI se propõe a
investigar, primeiro, as práticas que agridem os direitos dos consumidores, notadamente em relação aos reajustes e reposicionamento tarifários do período de 1999 a 2009, bem como o descumprimento da obrigação contratual de adquirir energia pelo menor preço de custo; e segundo, a origem da energia fornecida pela TermoFortaleza à Coelce LCE, sem que haja geração por insuficiência de gás para seu funcionamento. Fale! O como o Sr. vê a questão da termoelétrica controlada pelo mesmo grupo controlador da Colece e sua relação com a Cegás? Lula Morais. O absurdo maior é esta
empresa vender, há cinco anos ininterruptos, energia, sem gerar, a um preço de energia a gás, R$ 160,W/h, tendo energia hidráulica a um custo de R$ 70,00W/h. Além de pertencer ao mesmo grupo (ENDESA), por força de um contrato que legaliza essa imoralidade. Fale! Há algum conflito entre o fato de o PCdoB ser base aliada dos governos estadual e federal e a CPI da Coelce? Lula Morais. Nenhum, pois essa ques-
tão da tarifa da energia é unanimidade em todos os consumidores, seja empresário, comerciante ou residencial, que agride a pobre economia do Ceará e não pode continuar. Estamos
cumprindo nossa responsabilidade de defender o consumidor.
Fale! Por que as Agências Reguladoras no Ceará e no Brasil — ARCE e ANEEL — estão silenciosas em relação ao au-
instalada a cpi da coelce ou, como preferem, a cpi sobre aumento da energia
A
Assembleia Legislativa do Ceará instalou a Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI, que investigará o abusivo aumento da tarifa de energia elétrica no Ceará, pedido pela Companhia Energética do Ceará – Coelce, e autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel. A CPI tem prazo de 120 dias para concluir as investigações. “Não estamos atrás de punir ninguém, nós estamos querendo defender o consumidor”, assegura o deputado Lula Morais do PCdoB. A CPI é presidida pelo deputado João Jaime (PSDB) e tem como relator Lula Morais. A CPI é formada também Roberto Cláudio (PHS), Sérgio Aguiar (PSB), Manoel Castro (PMDB), Dedé Teixeira (PT) Artur Bruno (PT), Idemar Citó (PSDB) e Edísio Pacheco (PV). A tarifa de energia do Ceará é a 6ª mais cara do Brasil. O principal componente para o alto preço da energia elétrica no Ceará já foi identificado. Trata-se da energia vendida a Coelce pela Térmica Fortaleza, usina de energia térmica a gás, de propriedade da Endesa. “Eles vendem a um custo de R$ 160,00 o megawatt, mesmo que a energia que eles fornecem não seja, de fato, a gás. Com isso, além de encarecer o megawatt, eles rompem o contrato de privatização que, em seu artigo 7º, os obriga a gerar e adquirir a energia pelo menor custo. Que mágica é essa? Uma empresa que não gera energia a gás vende a preço de gás”, indagou o parlamentar do PCdoB. www.revistafale.com.br
mento de preço da tarifa de energia e à qualidade dos serviços? Lula Morais. As agências reguladoras
foram criadas para regular os interesses dos consumidores diante dos serviços públicos concedidos à iniciativa privada, porém, os contratos das concessões têm favorecido o lado das empresas, e as agências terminam quase sempre pendendo para o lado do poder econômico, tendo como argumento a legitimidade da Lei contratual.
Fale! Como uma concessionária do serviço público, o que pode ser feito para reduzir o poder da Coelce considerando o poder estratégico desta empresa por fornecer um produtor essencial - um exemplo desse poder é o corte do fornecimento de energia que já matou uma paciente e deixou uma cidades toda às escuras. Lula Morais. Sem dúvida, o programa
de privatização tem sido extremamente oneroso para a sociedade. O poder econômico visa sempre o lucro, assim chega ao extremo de cortar a energia até de quem precisa de aparelho para respirar, matando a paciente. O monopólio da distribuição deste serviço, que é essencial para todos, contribui para que a Coelce aja de forma arbitrária. Pretendo, nesse momento chamar a atenção da sociedade para esse problema e conscientizar a todos para lutarmos por outro modelo mais justo e humano. Fale! Como o Sr. avalia a qualidade da gestão da cidade Fortaleza e do Ceará hoje? Lula Morais. Precisam melhorar
muito, pois a população vem sofrendo e necessitando de uma melhor qualidade dos serviços públicos. Mas entendo que, tanto o governador Cid Gomes, quanto a Prefeita Luizianne Lins têm compromisso com um futuro melhor para toda população, por isso o nosso partido, PCdoB, contribui para que se alcance este objetivo. n MAio DE 2009 | Fale! | 13
Política O ministro da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, fala da descrença dos brasileiros na política e nos políticos e defende a rapidez e eficiência no trabalho com governos estaduais para poder pautar debates nas próximas eleições em 2010
M angabeira
PRESSA, ANTES QUE 2010 CHEGUE
P
U nger
reocupado com o número de projetos a serem desenvolvidos até o fim do ano, o ministro da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, acredita que o resultado do trabalho feito por ele em conjunto com os governos estaduais pode pautar os debates nas próximas eleições presidenciais. “Eu acredito que as ações precisam agora vir com a máxima densidade e rapidez ainda neste ano de 2009, antes que sobrevenha o ano eleitoral”, afirmou. Mangabeira criticou a falta de regras na legislação ambiental brasileira e disse que um pequeno grupo de dirigentes tem poderes quase
irrestritos. “Isso transforma cada licenciamento ambiental num jogo de pressão, de sufoco, de influência”. Em relação à agricultura, o ministro se posicionou contra a existência de dois ministérios, separando o setor em agricultura familiar e empresarial. Segundo ele, essa divisão já desempenhou um papel importante, mas não é aceitável a longo prazo. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista concedida a Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil.
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O senhor diz estar entusiasmado com o trabalho que vem fazendo, mas também aflito. Por que?
crítica. Mangabeira Unger, ministro da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos, vê a descrença do brasileiro para os políticos e a política no Brasil Foto Elza Fiúza _ ABr
Mangabeira Unger. Agora o tempo ficou
muito escasso, muito curto. Eu acho que as ações exemplares precisam agora vir com a máxima densidade e rapidez, tanto no plano das iniciativas setoriais quanto no das iniciativas regionais, ainda neste ano de 2009, antes que sobrevenha o ano eleitoral. Se nós conseguirmos alcançar o grau necessário de densidade ainda em 2009, há uma chance de isso tudo poder, de alguma forma, pautar a sucessão presidencial, o debate na sucessão presidencial, e se impor a futuros governos, ao futuro governo, qualquer que seja. E é isso que eu quero. Eu sei que é muito difícil, mas é isso que convém ao país.
Essas ações precisam alcançar o debate presidencial para não se perderem? Mangabeira Unger. É o que é necessá-
rio ao país. O país quer isso. O Brasil fervilha de vitalidade, de invenção, de experimentos, e está, há muito tempo, numa camisa de força, de instituições, práticas, ideias, que suprimem essa vitalidade em vez de instrumentalizá-la. O país fica sempre, na linguagem do meu amigo Brizola, costeando o alambrado, procurando uma saída. É para isso que temos que avançar nas iniciativas setoriais e regionais. Eu acho que o país está pronto para isso. O país não descrê disso, o país descrê da política, não acredita, em geral, nos políticos e não acredita nos partidos políticos. E quando o país se desencanta da política, apela para o privatismo, cada um busca salvar o seu, cada estado, cada setor, cada indivíduo. É um salve-se quem puder. Mas o salve-se quem puder não vai resolver os problemas do Brasil. O Brasil precisa de política e grande política, de política de Estado, que passa por essas inovações institucionais.
E como o governo poderia instrumentalizar essa vitalidade existente no país? Mangabeira Unger. Atuando. Eu trago
essas iniciativas ao presidente, em muitos campos, e o presidente é que está na posição de responsabilidade para decidir qual a sequência, onde colocar o capital político. Em todas essas ações, eu procuro organizar convergências, as mais abrangentes possíveis, de forças políticas e de interesses econômicos e sociais. Mas
Precisamos de uma reconsideração radical das nossas chamadas leis ambientais. Não é para fazer bonito. É para organizar algo que de fato sirva para conciliar os nossos interesses em preservar e em desenvolver. convergência não é unanimidade. Nenhuma iniciativa transformadora está isenta de conflitos e de controvérsia. Ninguém muda o mundo sem briga, e o presidente é que tem que decidir em cada caso, como decidiu no caso da regularização fundiária na Amazônia, onde pagar o preço. Onde, como, quando pagar o preço do conflito e da controvérsia. O meu papel é propor, insistentemente, teimosamente, ainda que sob o risco de ser inconveniente, e tentar organizar essas convergências para diminuir o preço de conflito e de controvérsia que tem que ser pago. Esse é meu trabalho, é isso que procuro fazer.
E como o senhor o desempenha? Mangabeira Unger. Para fazer isso, para
ver quais são as forças construtivas que já estão atuando no país, o que é que já deu certo, o que é que o país quer, quais são as convergências possíveis, eu preciso ir ao encontro do país. Não posso ficar sentado em Brasília, não posso deduzir soluções das minhas ideias doutrinárias, e por isso que estou agora nesse trabalho incessante de andar o país todo. E é fundamental, não só do ponto de vista da implementação política e da construção da base de apoio, mas também da descoberta do conteúdo. Ninguém vai descobrir o conteúdo apenas desdobrando as suas próprias ideias, precisa abordar o país, descobrir o país. O país não se conhece. Então, é uma experiência fantástica. www.revistafale.com.br
Qual tem sido a maior dificuldade que o senhor tem sentido no seu trabalho? Mangabeira Unger. Há muitos obstácu-
los impostos pelos partidos políticos e pelos meios de comunicação e há também os obstáculos que surgiram do próprio desencanto do povo brasileiro com a política. A maioria do povo brasileiro não acredita nos políticos, não acredita nos partidos, só que nós não somos a Suíça ou a Dinamarca. No nosso país tudo continua a depender do encaminhamento coletivo, de soluções coletivas, para problemas coletivos. Nós precisamos, desesperadamente, de política.
Em relação à Amazônia, é possível conciliar o desenvolvimento econômico da região com as questões ambientais? Mangabeira Unger. Em relação à regularização ambiental, há um problema não só na Amazônia como no resto do país. Há um problema premente e um problema sistêmico. O problema premente é que grande parte da população da Amazônia e do país - a população rural, os produtores agrícolas - se encontra numa situação de ilegalidade. Porque foi jogada, retrospectivamente, na ilegalidade. Aí é preciso entender o que aconteceu na Amazônia, que é o exemplo mais dramático. O Estado brasileiro, até o final da década de 70, chamou gente do Sul e do Sudeste do país e exigiu que desmatasse, como condição de acesso à terra e ao crédito. A partir da década de 70, houve uma reviravolta radical no conteúdo das leis. O país passou a construir leis ambientais que, no papel, e, em geral, só no papel, são as mais exigentes do mundo. Fez isso, para ser muito franco, em primeiro lugar, para satisfazer a opinião estrangeira e de uma forma frequentemente irresponsável.
E como mudar essa situação? Mangabeira Unger. Nós precisamos de um regime no qual, de fato, os brasileiros possam viver e trabalhar, e preservar a sua natureza sem par. Nós não precisamos de um teatro para inglês ver. Quando as leis mudaram, a população da Amazônia ficou presa na porta rotativa, jogada numa ilegalidade maciça e retrospectiva, da qual agora precisamos resgatá-la. E uma das maneiras do resgate é organizar mecanismos financeiros e formas de apoio técnico MAio DE 2009 | Fale! | 15
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O país descrê da política, não acredita, em geral, nos políticos e não acredita nos partidos políticos. E quando o país se desencanta da política, apela para o privatismo, cada um busca salvar o seu, cada estado, cada setor, cada indivíduo. É um salve-se quem puder. para que, quando as reservas não possam ser estabelecidas nos locais originalmente previstos, sejam estabelecidas em lugares vizinhos.
Para isso é necessário alterar o Código Florestal Brasileiro, de 1965? Mangabeira Unger. Agora vem o proble-
ma sistêmico. Precisamos de uma reconsideração radical das nossas chamadas leis ambientais. E o gancho pode ser o problema dos licenciamentos. Primeiro precisamos insistir num regime que seja para valer. Não é para fazer bonito. É para organizar algo que de fato sirva para conciliar os nossos interesses em preservar e em desenvolver. O segundo requisito é que deixe de ser o que é hoje. Nós temos procedimentos, mas temos pouco direito. O que ocorre é que há uma delegação de poderes administrativos quase irrestritos a um pequeno elenco de potentados administrativos: o dirigente do Ibama, o dirigente do Instituto Chico Mendes, dirigente disso, dirigente daquilo. Há um não direito travestido de direito. Transforma-se cada licenciamento ambiental num jogo de pressão, de sufoco, de influência. Os ambientalistas podem gostar disso enquanto seus amigos estiverem no poder, mas não gostarão amanhã, quando o poder mudar. É uma miopia. Nós temos que sair desse luscofusco do não direito para a claridade de um verdadeiro direito. Organizar regra, critério e paradigma. O terceiro problema a enfrentar é sair dessa 16 | Fale! | MAio DE 2009
situação em que as mesmas regras de reservas se aplicam ao grande e ao pequeno, independentemente da escala. O resultado é, em muitas ocasiões, um minitabuleiro de áreas que são pequenas demais para serem úteis, quer para preservação, quer para produção. O quarto problema é querer as mesmas regras para o passado e para o futuro. Uma coisa é tentar consertar o que ocorreu há 30 anos. Outra coisa completamente diferente é organizar um regime que valha para o futuro. Ninguém quer levantar esse debate porque não é politicamente conveniente. Só que é necessário ao país, e nós temos que levantá-lo e insistir num debate que, em primeiro lugar, não seja sobre a severidade ou a leniência das regras, mas sobre a existência das regras. Nosso primeiro problema em matéria do chamado direito ambiental não é que as regras sejam severas, é que elas não existem, ou pouco existem. Então, isso é um exemplo concreto do tipo de problema que tem que ser enfrentado. Pôr de lado as conveniências políticas e o politicamente correto e acender as luzes para que o país possa enfrentar os seus problemas sem rodeios, sem desculpa, sem anestesia, sem açúcar.
que essa divisão desempenhou um papel importante, mas não é uma solução aceitável a longo prazo. Não há duas agriculturas no mundo. Eu tenho insistido em todo lugar que o projeto estratégico da agricultura brasileira é um terreno privilegiado para reconstrução do modelo de desenvolvimento, e esse projeto tem três grandes objetivos que são indissolúveis e inseparáveis. Primeiro: começar a superar o contraste entre agricultura familiar e agricultura empresarial, ao assegurar atributos empresariais à agricultura familiar, sem que com isso a agricultura familiar tenha que perder nem o seu vínculo com a policultura nem o seu compromisso com a democratização da propriedade e a descentralização da iniciativa. O segundo grande objetivo desse projeto agrícola é a industrialização rural, a agregação de valor no campo. Nada de contraste entre cidade cheia e campo vazio. E o terceiro grande objetivo é a construção de uma classe média rural forte, como vanguarda de uma massa de trabalhadores e agricultores mais pobres que virá atrás dessa vanguarda.
O senhor já disse que é contra a existência de dois ministérios para cuidar da área rural brasileira, como fazem hoje o Ministério da Agricultura e o do Desenvolvimento Agrário. O que deve ser feito? Mangabeira Unger. Superar. Eu acho
ele sobre isso, mas não vou comentar o que disse o presidente. Aí tem que perguntar a ele. Mas as minhas ideias e propostas são colocadas, a cada semana, nas mãos dele, quando volto a Brasília. n
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E quando o senhor passa isso ao presidente Lula, como ele se posiciona? Mangabeira Unger. Eu converso com
PATATIVA
MESTRE Raimundo Fagner, o senador Inácio Arruda com filho de Patativa no Senado
ELE É O NOSSO NERUDA
Foto José Cruz _ ABr
Sessão especial no Senado Federal homenageia o poeta popular Patativa do Assaré, que em 2009 completaria 100 anos de nascimento
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eria difícil de imaginar o Chile sem Pablo Neruda, ou a Espanha sem Garcia Lorca, pois eles foram poetas que traduziram a alma do povo, da mesma forma que Patativa do Assaré rompeu todos os cercos até se afirmar como a voz da nação e do povo brasileiro. Esta é a opinião do cineasta Rosemberg Cariry, autor do documentário “Patativa do Assaré — Ave poesia”, que foi exibido no auditório no Senado Federal, em Brasília, em homenagem ao poeta cearense. O senador Inácio Arruda (PCdoBCE) destacou o autodidatismo de Patativa — que leu Camões, Graciliano Ramos e Machado de Assis, entre outros — para se habilitar a fazer poesia. O poeta Gongon (Gonçalo Gonçalves) e as duplas de cantadores Francisco Félix e Azulão do Nordeste e Elias Ferreira e Damião Ramos também prestaram homenagem a Patativa do Assaré na forma de poesia e no estilo repente. No início da carreira, Azulão, natural de Canindé, no Ceará, foi estimulado por Patativa. Francisco Félix, que mora há 30 anos em São Paulo, também participou de muitas cantorias com o poeta. O filme de Rosemberg Cariry começa com imagens de uma ventania na aridez do sertão, formando um re-
demoinho que vai lambendo o chão e levantando poeira por onde passa, até sumir, misturado com a própria terra. Logo em seguida, cenas do velório de Patativa. Homens e mulheres do povo choram e lamentam a morte do poeta. Depois de iniciar a narrativa pelo final — pela data de 9 de julho de 2002, quando o poeta morreu —, Rosemberg Cariry retorna a 5 de março de 1909, data em que o poeta nasceu batizado como Antônio Gonçalves da Silva. Abre sonora com Patativa: — Nasci em extrema pobreza, filho de um agricultor muito pobre, e comecei a trabalhar com roça desde menino, junto com meus irmãos José, Pedro e Joaquim. Perdi meu pai com apenas nove anos. Aos oito anos, na primeira vez em que ouvi ler um folheto de cordel, fiquei como que encantado. Parece que um mundo novo entrou na minha mente. Comecei a fazer versinhos desde essa idade. Patativa do Assaré também recorda com tristeza quando, aos quatro anos, contraiu sarampo e terminou perdendo a visão do olho direito. Ele atribui a perda da vista não apenas à doença, mas também ao nascimento dos seus dentes queixais e ao fato de em Assaré, naquela época, não contar com médicos. Depois de estudar apenas durante seis meses, o menino Antônio Gonçalves abandonou a escola. www.revistafale.com.br
Patativa depõe: — O professor também nada sabia. Só estudei seis meses, mas saí de lá escrevendo e lendo. Nasci com o privilégio de entender tudo o que um escritor escrevesse, por mais que a história fosse intrincada. Aprendi me valendo nos próprios livros, lendo. Com a constante leitura fui obtendo o vocabulário com o qual posso dizer tudo o que quero de poesia, tanto da matuta, como da erudita, a literária. Ele ganhou sua primeira viola aos 16 anos, resultado da venda de uma cabra. Aprendeu a tocar dedilhando e cantando, mas não imaginava que o improviso se tornaria uma profissão. Aos 20 anos de idade, foi apelidado de Patativa, nome de um pássaro, de canto mavioso. Nessa época, tocou diversas vezes na Rádio Araripe e viajou por algumas cidades nordestinas, se apresentando como violeiro. No ano de 1956, escreveu seu primeiro livro de poesias “Inspiração Nordestina”. A obra foi custeada pelo latinista José Arraes de Alencar. Patativa transportava os livros no lombo de burro para vender nas cidades. Rosemberg Cariry também mostra o lado político e social do poeta, que se dizia socialista e defendeu as ligas camponesas e a reforma agrária. n Com informações de Roberto Homem, da Agência Senado MAio DE 2009 | Fale! | 17
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A TEMPORADA DE CAÇA CONTINUA
Com evidências de terem cometido abuso de poder econômico no processo eleitoral, governadores eleitos continuam na mira de cassações do Tribunal Superior Eleitoral. O governador de Tocantins, Marcelo Miranda (PMDB) é a bola da vez rumo à guilhotina. O governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB) foi absolvido. Já foram cassados Cássio Cunha Lima, da Paraíba, e Jackson Lago, do Maranhão Por Rafael Oliveira, Vitor Ferns e Marcos Linhares 18 | Fale! | MAio DE 2009
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ma pesquisa do Movimento de Combate, a
Corrupção Eleitoral (MCCE) revela que, de 2000 a 2004, quando a Lei 9.840 entrou em vigor, a Justiça Eleitoral promoveu a cassação de 623 mandatos no Brasil. A Lei promulgada em 1999 passou a penalizar a captação ilícita de votos e o uso eleitoral da máquina administrativa. Nesse período, os governadores cassados foram: Flamarion Portela (ex-PT-RR), por crime eleitoral na campanha de 2002, e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). Cunha Lima teve uma uma sobrevida no cargo por uma liminar do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas acabou sendo definitivamente cassado na noite de 17 de fevereiro. O senador José Maranhão (PMDB), segundo colocado nas eleições de 2006, desafeto político de Cunha Lima, assumiu a vaga. Outro defenestrado foi o governador do Maranhão Jackson Lago (PDT), cassado no início da madrugada da
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HORA DA VERDADE. Ministros do Tribunal Superior Eleitoral na sessão do dia 23 abril de 2009 e, acima, o diretor executivo da ONG Transparência Brasil, Cláudio Weber Abramo
que respondeu por ter supostamente usado e bancado com dinheiro público os meios de c omu n i c a ç ã o Fotos: Elza Fiúza_ ABr (abramo) e NELSON JUNIOR (TSE) em propaganda ilegal na mídia do seu estado, Santa Catarina, foi absolvido. Mais dois outros governadores que também podem ser afastados do mandato esperam decisão da Justiça. Marcelo Déda (PT-SE), governador de Sergipe, e Ivo Cassol, atualmente sem quarta-feira, 4 de março. Em seu partido, governador de Roraima. Em lugar, assumiu a senadora Roseana comum, a acusação recorrente: abuso Sarney (PMDB-MA), segunda coloca- do poder econômico. da na eleição. O diretor executivo da ONG Ainda segundo o MCCE, foram Transparência Brasil, Cláudio Weber cassados seis senadores (incluídos Abramo, vê nessa sucessão de evenos suplentes), oito deputados fede- tos uma evolução do TSE. “A agilizarais, 13 deputados, entre estaduais e ção na Justiça Eleitoral é bem nítida distritais, 508 prefeitos (inclui seus nos últimos tempos. É um progresso vices) e 84 vereadores. em relação à situação anterior, em Dois nomes esperam julgamen- que isso não acontecia nunca”, lemto no TSE: Marcelo Miranda e Luiz bra Abramo. Henrique da Silveira. O governador Com esse aspecto, concorda JuMarcelo Miranda (PMDB-TO) teve liano Costa Couto, advogado eleisua diplomação impugnada nas elei- toral e conselheiro da Ordem dos ções de 2002, pelo Ministério Pú- Advogados do Brasil (OAB), seção blico Eleitoral (MPE), em uma Ação Distrito Federal: “Eu entendo que há de Impugnação a Mandato Eletivo o afastar da impunidade, que antes (AIME). O MPE alega que Miranda existia, e que o Ministério Público visivelmente abusou do poder eco- e o TSE estão aplicando com mais nômico e político e reincidiu em tais rigor a Legislação Eleitoral.” O prepráticas nas eleições de 2006, se- sidente da Associação Brasileira de gundo Parecer da Procuradoria Ge- Imprensa (ABI), Maurício Azêdo, vê ral Eleitoral (PGE). Já o governador os processos de cassação de forma Luis Henrique Silveira (PMDB-SC) preocupante. “Eu acho que as dispuwww.revistafale.com.br
tas eleitorais são resultados de interesses de grupos econômicos que favorecem candidatos em detrimento de outros”, declara Azêdo. Para o cientista político Waldir Pucci, “as denúncias que recaem sobre estes governadores não trazem em si novidade alguma. Em toda a história republicana do Brasil, os governadores são acusados da mesma coisa, principalmente da compra de votos”, destaca. Já para o jornalista político Júlio César Fróes, o fato de ministros e desembargadores dos tribunais federais e regionais serem nomeados pelo presidente da República e pelos governadores dos Estados, respectivamente, é preocupante. “Essa perspectiva de nomeações pelo Executivos para o Judiciário é no mínimo estranha.” Mas observa que “esses processos colocados ao extremo no Judiciário têm características de pré-campanha.” Assim, pare ele, o TSE presta um serviço para as campanhas de 2010”, avalia.
O caso de Marcelo Miranda, em Tocantins: compra de votos
Marcelo Miranda (PMDB), governador de Tocantins, responde ao processo de Recurso Contra Expedição de Diploma (RCED), n° 698, ou seja, a cassação do mandato. O processo tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e tem como recorrente o ex-governador Siqueira Campos e como relator o ministro MAio DE 2009 | Fale! | 19
P O LÍ T I CA Félix Fischer. O governador e seu vice, Paulo Sidnei Antunes (PPS), são acusados de abuso de poder econômico, compra de votos e conduta vedada a agente público, durante a campanha eleitoral. O parecer do Vice-Procurador Geral Eleitoral, Francisco Xavier, recomendou ao TSE a cassação de Miranda e Antunes e pede nova eleição no Estado. Segundo Xavier, Miranda não pode participar da nova eleição. Álvaro Valim, assessor do vice-governador Paulo Sidnei Antunes, diz que este aparece no processo como réu solidário, pelo fato de a chapa ter sido citada.
Sumiço e caminhão.
O trâmite do processo tem alguns fatos insólitos. Em outubro de 2008, próximo ao segundo julgamento, o volume n° 39 do RCED sumiu do gabinete do ministro relator. Foi pedida a restauração dos autos. O RCED n° 698 é o segundo recurso impetrado no TRE-TO. O relator do primeiro processo, ministro José Delgado (hoje aposentado), registrou a tentativa do governador de tumultuar o curso do processo. Segundo o advogado do governador Marcelo Miranda, Admar Gonzaga, “foi o autor da ação (Siqueira Campos) que tumultuou o processo. Eles pediram tantas informações que o governo parou por um mês e juntou um volume enorme que teve de ser transportado por caminhão”, dispara. De acordo com Admar, “o processo não tem conteúdo de mérito e o candidato derrotado só quer fazer espuma, aparecer na mídia dizendo ‘eu vou assumir’ e os desempregados ficam na expectativa”, defende. O processo alcançou 500 volumes e 55 mil páginas, que estão estacionados na Procuradoria Geral da República. Tudo indica que esse deve ser não só o maior processo de defesa mas como também o processo com o maior número de páginas da história do Judiciário brasileiro.
Mapa da cassação
Maranhão, Paraíba, Tocantins e Santa Catarina são estados com governadores que já saíram ou podem sair pela força de lei MARANHÃO
RORAIMA PROCESSADO Ivo Cassol QUEM PODE ENTRAR NÃO DEFINIDO
PARAÍBA Sai CÁSSIO CUNHA LIMA Entra JOSÉ MARANHÃO
SERGIPE TOCANTINS
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PROCESSADO MARCELO DEDA Entra NÃO DEFINIDO
PROCESSADO Marcelo Miranda QUEM PODE ENTRAR novas eleições
vernador Marcelo Miranda criou 35 mil cargos comissionados por SANTA CATARINA PROCESSADO Luiz Henrique da Silveira decretos, de fordecisão do stj absolvido ma ilegal, segundo o parecer assinado por Francisco Xavier. 2006. Segundo Xavier, a criação dos Foram 22.765 cargos cargos violou o inciso V do art. 79 e denominados “cargos o art. 41-A, da Lei n° 9.504/97. Entre comissionados” e 1.971 cargos deas nomeações, estão 22 ex-prefeitos, nominados DAS, sendo que 11.057 sete primeira-damas, seis ex-deputanomeações para os cargos comissiodos, nove ex-candidatos ao cargo de nados foram feitas no período de 30 prefeito, segundo a acusação de Side janeiro de 2005 a 30 de setemqueira Campos. O RCED aponta que bro de 2006, sendo 2.299 nomea“Marcelo Miranda abusou dos gastos ções para os cargos em comissão com propaganda institucional, pois e DAS realizadas no período de 16 somente no período pré-eleitoral, de de junho de 2006 a 16 de agosto de 20 de janeiro de 2006 a 4 de abril de 2006, o wstado de Tocantins gastou R$ 42.433.814,34 milhões e utilizou emissora pública em dia anterior às eleições”, explica.
Nomeações.
Numerologia.
O número 35 assombra a vida de governadores. O ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB –PB) perdeu o mandato, segundo a decisão do tribunal, por distribuir 35 mil cheques de R$ 150 a R$ 200 reais durante período eleitoral. O go-
Sai JACKSON LAGO Entra ROSEANA SARNEY
santa catarina. O governador Luiz Henrique da Silveira livrou seu mandto no TSE Foto Wilson Dias _ ABr www.revistafale.com.br
Com a criação dos 35 mil cargos comissionados, o Procurador-Geral da República, Antônio Fernando de Souza, ingressou com uma ação direta de inconstitucionalidade (ADIN), no Supremo Tribunal Federal (STF). O governador Marcelo Miranda foi rápido e encaminhou, no mesmo dia em que soube da ação, um projeto à Assembleia Legislativa, em rito de urgência, revogando a norma questionada. A Assembleia votou e aprovou a Lei 1.950/08, publicada no dia seguinte, exonerando os comissionados. Em agosto de 2008, o STF afastou a iniciativa do governador e considerou uma tentativa de impedir a atuação da Corte. “Essa ação de Miranda foi
COM O CARGO EM RISCO. O governador em Tocantins, Marcelo Miranda, abraça o ministro da Justiça, Tarso Genro, na assinatura de convênio do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci). Abaixo, o ministro Félix Fischer na plenária do dia 28 de abril de 2009 Fotos U.Dettmar _ TSE e Valter Campanato _ ABr
uma verdadeira manobra de burlar o STF”, disse Xavier. O STF julgou a inconstitucionalidade dos cargos e determinou imediata exoneração. A surpresa veio em 15 de agosto: três meses antes da eleição municipal, Miranda nomeou novamente todos os comissionados exonerados com base na Lei aprovada uma semana antes na Assembleia Legislativa.
Professores. No período de 24 de ju-
lho a 24 de outubro de 2006, foram feitas 639 nomeações de professores para cargos em comissão, que foram ocupados para substituição, regência em sala de aula e exercício por período determinado ou hora/aula préfixada. Tais nomeações descaracterizam o conceito de cargo em comissão e em contrariedade do art. 37, inc. V, da Constituição Federal e art. 9°, da Constituição Estadual do Tocantins, de acordo com o parecer. “Governo mais perto de você”, um programa criado no dia 19 de maio de 2005, não tem qualquer amparo
legal ou previsão orçamentária, de acordo com Xavier. De acordo com o parecer, na vigência do programa foram realizados mais de dois milhões de atendimentos e 24 transferências da sede do Governo para os municípios, sem autorização da Assembleia Legislativa. O programa concedeu, gratuitamente, cortes de cabelo, óculos, leite, cobertores, brinquedos, escovas dentárias, fotografias para documentos, realização de casamentos comunitários, corridas de kart e de rua, jogos de futebol e mais. O programa foi suspenso pela Representação n° 4930 — Classe A, pela Desembargadora Jacqueline Adorno, do TRE-TO. Posteriormente à deciwww.revistafale.com.br
são do Tribunal, o governador Marcelo Miranda parece ter surpreendido a todos de novo: o governo continuou com o programa, distribuindo óculos e mutirões de cirurgia, só que dessa vez com um novo nome: Balcão da Cidadania. Novamente, o programa teve sua execução suspensa por medida liminar nos autos da Representação n° 5.657 – Classe A, pela mesma Desembargadora, que seu despacho não escondeu a surpresa com o ato do governante.
Cheques-moradia.
Três dias antes da convenção de 2006, Miranda repassou mais de R$ 7 milhões para o programa “Habitação para Todos”, distribuídos através do “chequeMAio DE 2009 | Fale! | 21
P O LÍ T I CA moradia” para 14 mil pessoas, que gratuitamente destinava dinheiro para reforma e construção de casas, segundo o parecer da Procuradoria Geral Eleitoral (PGE). Logo após a eleição, Marcelo Miranda reduziu o valor do “cheque moradia” para R$ 2 mil em outubro, depois aumentou para R$ 4 mil em novembro e para R$ 6 mil em dezembro.
compradas em restaurantes locais. Miranda foi eleito pela primeira vez em outubro de 2002. O Ministério Público Eleitoral propôs uma ação de impugnação de mandato eletivo (AIME), número 3.971/2004. O Tribunal Regional Eleitoral (TO) não encontrou tempo, nos quatros anos de mandato, para julgá-lo. Assim, houve perda de objeto, ou seja, a AIME perdeu validade.
Ciranda lotes e acessórios. No perío-
do vedado de eleição, Miranda doou 4.548 lotes, que inicialmente seriam vendidos a pessoas previamente cadastradas. Em fevereiro e março, o governador cancelou a venda dos lotes e encaminhou à Assembleia Legislativa o projeto de lei que acabou na aprovação da Lei 1.685, publicada em 15/05/06, que autorizou a doação. Os lotes doados variam entre 300m2 e 585m2. Além dos lotes, Miranda “distribuiu gratuitamente milhares de casas, óculos, cestas básicas, entre outros, bem como realizou consultas médicas”, segundo parecer da PGE. O parecer traz mais fatos apontados pela acusação de Siqueira Campos: Miranda transferiu a sede do poder, de Palmas para o interior, 23 vezes, sem autorização Legislativa. Assinou convênios com prefeituras aliadas, dispensou taxas pra aquisição de Carteira Nacional de Habi-
aÇOES JUDICIAIS
Dossiê Miranda 17 de janeiro de 2008. A
coligação de Siqueira Campos interpôs o Recurso Ordinário (RO 1.517), onde afirma que Marcelo Miranda utilizou o site oficial do governo de Tocantins para fazer promoção pessoal de campanha eleitoral, “violando o princípio da impessoalidade da administração pública.”
3 de janeiro de 2008. O
presidente do diretório municipal do PT, em Lageado (TO), interpôs o RO 1.513, acusando Miranda por abuso de poder político e de autoridade, transferindo recursos para prefeituras durante período eleitoral,o que é proibido pela 22 | Fale! | MAio DE 2009
Mais uma. Na mais recente
ação, o governador de Tocantins teria supostamente distribuido materiais esportivos para candidatos aliados que disputaram as últimas eleições em 2006. O Ministério Público Federal, no Tocantins, abriu processo para investigar o caso e pediu à Polícia Federal a abertura de inquérito para apurar o suposto crivigilância. O vice-procurador geral me. O processo 3.456/2009 eleitoral, Francisco Xavier Foto gabriel alves foi encaminhado pelo MPF litação (CNH), realização de shows, ao Ministério Público Eleitoral, desde consultas médicas, oficinas de artesa- o último dia 15. Segundo a denúncia, nato e distribuição de alimentos para os materiais teriam sido comprados população, através de “quentinhas”, por R$ 1,5 milhão.
Lei Eleitoral.
31 de dezembro de 2007. Coligação
de Siqueira Campos interpôs o RO 1.514, acusando Miranda de abuso de poder político e de autoridade, onde (Miranda) foi elogiado em 12 edições subsequentes do jornal Correio de Tocantins.
16 de novembro de 2007.
O governador Marcelo Miranda se beneficiou de atos do prefeito de Pedro Afonso (TO) durante a inauguração de uma obra. Segundo a ação, o prefeito José Wellington Martins Belarmino distribuiu vales de cestas básicas e cheques-moradia durante inauguração de obra pública, onde o secretário de Esportes do Estado representou Miranda,
candidato à reeleição. O prefeito pediu votos para o governador. O ministro José Delgado, do TSE, negou seguimento ao recurso (Respe 28.324).
usado o slogan do Executivo estadual — “Humano, Moderno e Democrático” — como mote de campanha eleitoral, no RO 1.486.
13 de novembro de 2007.
Agravo de Instrumento (AG 88.69) foi pedido ao TSE que admitisse recurso para cassar o diploma do governador por suposta distribuição de bens durante inauguração de obra pública em período eleitoral.
A coligação de Siqueira Campos interpôs o RO 1.496. Miranda é acusado de contratar servidores públicos sem a realização de concurso público, o que configura abuso de poder e autoridade. No período vedado de eleições, descobriu-se a existência de 52 políticos (candidatos aos cargos de prefeito e vereador), nomeados pelo governador para ocuparem cargos em comissão.
10 de outubro de 2007. O
governador foi acusado pela oposição por ter supostamente
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22 de agosto de 2007. Em
2 de fevereiro de 2007.
Em RCED n° 698, Miranda é acusado pelo ex-governador Siqueira Campos de compra de votos e abuso de poder e autoridade. Segundo Siqueira Campos, o governador nomeou professores em período vedado pela lei eleitoral e distribuiu benefícios e brindes.
em ação. O ministro Carlos Ayres Brito (e) negou pedido do advogado do governador Luiz Henrique Foto de NELSON JUNIOR (TSE)
Luiz Henrique da Silveira, mandato por um fio O governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), foi absolvido por seis votos a um no processo que poderia culminar com a cassação de seu mandato, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília. Uso indevido de meios de comunicação social em Santa Catarina para fazer propaganda ilegal em jornais, rádios e TVs pagos pelos cofres públicos e abuso de poder econômico, que teriam desequilibrado a disputa eleitoral. Estas são as acusações contra o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique Silveira (PMDB). No dia 20 de março deste ano, os advogados de Luiz Henrique pediram que o processo fosse ao Supremo Tribunal Federal, pedido negado pelo presidente do TSE, Carlos Ayres Brito. O RCED n° 703 está no gabinete do ministro Félix Fischer, também relator do recurso contra Marcelo Miranda (TO). Luiz Henrique entregou o restante das alegações de defesa no dia 14 de abril e aguarda parecer de Fischer para ser julgado. A coligação “Salve Santa Catarina”, do candidato derrotado Esperidião Amim (PP), pediu a cassação de Sil-
veira. A coligação, formada pelos partidos PP, Prona, PMN e PV, contesta o fundamenta da defesa de que os fatos apresentados teriam sido analisados em outros processos no TRE-SC e o Tribunal de Justiça do Estado. Embora Luiz Henrique estivesse afastado do cargo durante a eleição, obteve apoio de Eduardo Pinho Moreira, vice que assumiu o governo na época e apoiou a reeleição. O recurso contra Luiz Henrique começou a ser julgado no dia 9 de agosto de 2007. O então relator, José Delgado, votou favorável à cassação. O recurso foi suspenso por pedido de vista do ministro Ari Pargendler. No retorno do julgamento em 14 de fevereiro de 2008, Pargendler considerou que a propaganda denunciada pela coligação adversária “foi maciça”. O ministro Marcelo Ribeiro apresentou seu voto em 21 de fevereiro, pedindo citação do vice de Silveira, Leonel Pavan. Em agosto de 2008, a defesa de Silveira pediu o arquivamento do processo, alegando que o prazo para a citação do vice-governador Leonel Pavan estaria esgotado no TSE. Convencidos de que seria a única maneira de evitar o julgamento da ação no TSE, os advogados João Linhares e Eduardo Alckmin, de defesa, protocolaram o pedido de intervenção simultaneamente à apresenwww.revistafale.com.br
tação da defesa de Pavan ao TSE. Na linha de raciocínio dos advogados, a citação de Pavan ocorreu um ano e meio após o prazo legal. A Coligação “Salve Santa Catarina”, de Esperidião Amim, autora da ação, deveria ter incluído o governador e o vice. Em defesa, o advogado do governador Luiz Henrique, João Linhares, alega que Luiz “construiu e reformou mais de mil escolas e o nosso estado é pequeno, tem 290 municípios. O governador asfaltou mais de dois mil quilômetros ligando os municípios. Além disso, ele fez o teatro Bolshoi, construiu hospitais”, defende. Segundo Linhares, as propagandas institucionais feitas pelo Governo de Santa Catarina foram veiculadas entre outubro de 2005 a abril de 2006, fora do período de eleição. O advogado explica que a Lei Eleitoral especifica que a campanha começa no dia cinco de junho. Luiz Henrique deixou o cargo de governador em abril de 2006 para disputar as eleições e não causar desequilíbrio entre os candidatos, de acordo com Linhares. A defesa de Luiz Henrique e Leonel Pava, vice, apresentou 200 páginas de prova. “Os ministros terão aí 200 páginas para se divertir”, comenta Linhares. “Não existiu ilegalidade nem irregularidade nas eleições”, assegura ele. n MAio DE 2009 | Fale! | 23
Fotos JARBAS OLIVEIRA
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História de Capa O Partido Popular Socialista, que sucedeu o PCB no Brasil, foi um dos pioneiros na oposição ao Governo Lula. Agora, de olho em 2010, o presidente nacional do PPS Roberto Freire conduziu o processo de renovação do diretório estadual no Ceará. “Vamos formar numa grande frente de oposição ao que aí está”, disse. Alexandre Pereira assegura que “o Brasil procura
O
Partido Popular Socialista, ou PPS,
legenda comandada nacionalmente por Roberto Freire, está de cara nova no Ceará. No último dia 17 de abril, em cerimônia que contou com a presença dos ex-governadores Tasso Jereissati e Lúcio Alcântara, além do ex-deputado federal Moroni Torgan, o empresário, atleta e candidato à vice-prefeitura em 2008, Alexandre Pereira, assumiu a presidência da legenda no estado. O convite surgiu do próprio Freire. “Entrei na política movido por ideias de transformação”, disse ele em seu discurso inaugural. “Sinto uma inquietação com o que pode e precisa ser mudado. Identifiquei no PPS todo esse estímulo que nosso grupo precisava para fazer a verdadeira política. Encontrei em Roberto Freire, homem digno, um brasileiro de história exemplar, a pessoa certa para nos nortear e debater a verdadeira social democracia no Brasil.” Aos 43 anos, Alexandre Pereira parece ter tomado gosto pelos desafios e mudanças. O início da carreira acadêmica profissional, ainda longe da política, foi no curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Ceará, mas a vocação como gestor falou mais alto e logo Alexandre estaria cursando Administração, na Universidade Estadual do Ceará. Daí em diante, ele fez uma série de cursos de pósgraduação e MBA em gestão pública e privada, que incluíram a Fundação Dom Cabral, a UFC e até a renomada escola de negócios francesa
ALEXANDRE PEREIRA
O NOVO PPS NO CEARÁ novo modelo de desenvolvimento: modelo que faça da ampliação de oportunidades para aprender, para trabalhar e para produzir o motor do crescimento econômico.” — Por Adriano Queiroz
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MAio DE 2009 | Fale! | 25
H I S T Ó R I A de capa INSEAD — que revolucionou o conceito de educação empresarial. Como empresário bem-sucedido do ramo de panificação, galgou também cargos de presidência de importantes entidades classistas no Ceará e no Brasil, tais como o Sindipan, o CIC e mais recentemente a Abip, da qual é o atual presidente.
Mas foi só nos últimos anos que Alexandre descobriu a nova paixão: a política. Depois de uma temporada no Partido Progressista, o PP, quando disputou as eleições municipais de Fortaleza, como vice de Moroni Torgan, do DEM, Alexandre Pereira migrou para o PPS, por, segundo ele, não se sentir à vontade em um partido da base de Lula e Dilma Roussef. Os primeiros
Porque a saída do PP e o ingresso no PPS? Como foi esse processo? Alexandre Pereira. É mesmo importante
contextualizar o porquê da entrada no PPS. Eu iniciei na política classista muito jovem, com menos de 30 anos. Fui presidente do Sindipan, do CIC, hoje sou o presidente da ABIP. Eu sempre achei que o meu papel de mudança na sociedade era na política empresarial, mas, quando eu fui presidente do CIC, houve um debate com os candidatos à prefeitura de Fortaleza e aí eu comecei a me apaixonar pela causa pública. Comecei a ver que a forma de realizar essas mudanças era entrando na política. Já havia sido convidado por alguns partidos, tais como o PSDB, o DEM, etc, mas achava, inicialmente, que não era a hora ainda de entrar. Também não queria entrar num partido em que minhas ideias e do grupo que estava comigo, o pessoal do CIC e da indústria de panificação, não tivesse ressonância diante das grandes lideranças. Decidimos entrar com muito pragmatismo, em um partido sem grandes caciques. Na época, o Padre Zé Linhares me convidou para assumir a presidência do PP. Começamos a desenhar, então, um candidato para disputar o pleito municipal de Fortaleza, discutindo exaustivamente os problemas da cidade. No final de 2007, fui convidado pelo Moroni Torgan, que já era um amigo de longa data, para ser um vice, no estilo do que acontece com o exercício Antônio Anastasia [vice-governador de Minas Gerais] e com Aécio Neves, em Minas. O grupo acabou definindo que o Moroni fosse a grande porta para que nossas ideias fossem debatidas. 26 | Fale! | MAio DE 2009
desafios políticos de Alexandre, sob a nova sigla, serão ampliar o número de diretórios do PPS no Ceará e, principalmente, montar o palanque de José Serra, do PSDB, para 2010, em terras alencarinas. PPS, PSDB e também o DEM compõem o chamado Bloco Democrático Reformista. Casado há 20 anos e pai de 2 filhos, Alexandre Filho, de 14 anos, e Manuela, de 12 anos, Alexandre Pereira não abre mão, no entanto, dos momentos de lazer e atividade física com a família. Faixa preta em karatê e prestes a se tornar, também, maratonista, a maior corrida e a maior luta que ele enfrentará nos próximos 18 meses será unir a oposição no Ceará, a começar pelo próprio partido, e ganhar densidade eleitoral, em um cenário onde 41 dos 43 deputados estaduais apóiam o governo Cid Gomes. Fale! foi ouvir o que pensa essa nova liderança política cearense.
Além de ser um grande homem, ele permitiu que nós crescêssemos também. Chegamos à conclusão de que perdemos a eleição passada, mas ganhamos um capital político muito grande e muito conhecimento dos problemas de Fortaleza. No fim de 2008, fui procurado pelo presidente do PPS, Roberto Freire, que conhecia a história política do Ceará e me convidou para construir um novo PPS no estado. Receber o convite de uma pessoa que participou de todo o processo de redemocratização foi uma honra, mas o que mais me motivou foi a possibilidade de discutir um projeto nacional. O Roberto Freire disse: o
Roberto Freire, que conhece bem a realidade política no Ceará, ficou super empolgado com essa possibilidade de fazermos um ‘bloco’ no regional e sermos os primeiros no Brasil a lançar a candidatura Serra, principalmente em um estado onde ser oposição é tão complicado. www.revistafale.com.br
PPS nacional e o DEM estão fechados com o Serra e você assumindo o PPS no Ceará tem uma proximidade com o Moroni e com o Tasso e assim pode ser o grande elo dessa frente democrática. Esse bloco de oposição, que é o “Bloco Reformista Democrático” e que no PPS tem o slogan “Sem mudança não há esperança”, passaria a ter-me como porta-voz no estado. Foi com esse intuito que o Roberto Freire me convidou. Ele então marcou uma reunião com o Serra. Ele que conhece a política no Ceará ficou super empolgado com essa possibilidade de fazer o ‘bloco’ no Ceará e de sermos os primeiros no Brasil a lançar a candidatura Serra, principalmente em um estado onde ser oposição é tão complicado. Na minha posse, 3 das 5 maiores lideranças políticas do estado estiveram presente: Moroni, do DEM, Tasso, do PSDB e Lúcio, do PR. Isso sinaliza a possibilidade de se formar um bloco de apoio à Serra.
Então, pesou para a saída do PP o alinhamento do partido com o governo Lula, no plano nacional? Alexandre Pereira. Sim. Esse alinhamen-
to, do PP com o presidente Lula, no plano nacional, pesou bastante na minha decisão. A minha saída aconteceu principalmente porque o nosso grupo não tinha a intenção de trabalhar com a Dilma Roussef para 2010. Para nós, o candidato José Serra, sem dúvida nenhuma, tem muito mais preparo para governar o Brasil.
Uma vez que a sua principal tarefa no PPS será montar o palanque de José Serra, qual é a leitura que o senhor faz desses 6 anos e meio de governo Lula?
Alexandre Pereira em comício na disputa pela Prefeitura de Fortaleza em 2008
Alexandre Pereira. Eu acho que o
presidente Lula foi responsável pela consolidação da democracia no Brasil. Isso tem uma importância extremamente grande. Eu votei no presidente Lula no primeiro mandato. Talvez eu tenha sido um dos primeiros empresários a declarar essa intenção de voto. No entanto, nós acreditávamos que o Lula conseguiria melhorar o câncer do país que é o sistema financeiro. Mas o Lula, em sua aliança simbiótica com a Febraban, a Federação Brasileira de Bancos, fez o contrário... Os cinco maiores bancos terem mais lucro que as 50 maiores empresas, excetuando a Petrobrás, é uma vergonha. Taxas de 300 a 600% de spread bancário para o pequeno empresário e a classe média são absurdos. E o pior: teve toda uma crítica do vice-presidente, José Alencar e mesmo assim... Em resumo, o mais importante que fez o presidente Lula foi a sedimentação da democracia, o pior foi essa relação incestuosa com o sistema bancário e o melhor foi o aumento salarial. Ele melhorou a realidade salarial do trabalhador. Nunca o trabalhador teve um salário tão elevado e sobre isso temos que ser justos.
O não comparecimento da antiga cúpula estadual do PPS à sua cerimônia de posse, principalmente no caso do Luiz Gastão e do Sérgio Braga, e esse clima interno o surpreenderam? Alexandre Pereira. Causou-me surpresa,
não por mim, não pela minha relação com o Gastão e com o Sérgio Braga, que é boa, embora nada muito próxima, e sim pela deselegância e pelo desprestígio em relação ao Roberto Freire. A comissão provisória do partido estava sendo montada com um misto de membros antigos e novos. Para nós foi uma surpresa, mas isso não nos deixou preocupados. Com militantes históricos, tais como Antônio Augusto, o Francisco Cândido, do antigo PCB, o Aécio Peralta, a Michele Militão e com essa turma nova que entrou no projeto estamos construindo o novo PPS no Ceará.
O PPS é sucessor do PCB e isso está, inclusive impresso no estatuto do partido. Você tem alguma afinidade com esses ideais socialistas do PPS histórico? Alexandre Pereira. Eu não tenho afinidade com o antigo PPS. Mas tenho uma
Foto da coligação nós vamos fazer
profunda afinidade com o pensamento do novo PPS e com essa revisão da esquerda moderna, que entende não haver desenvolvimento social sem desenvolvimento econômico. Devemos ter todo respeito para com as liberdades democráticas e com as funções básicas do estado. Eu me identifico com essa nova visão. O PPS hoje está à esquerda da social democracia. Como eu sou empresário, oriundo de micro e pequenas empresas, estou muito distante do capitalismo selvagem. Nosso grupo tem uma relação com o trabalhador muito próxima e idem com re-
É complicado o senador Tasso Jereissati ter anunciado apoio ao governador José Serra e muitos deputados do seu partido apoiarem o governador Cid. Eu não sei como o PSDB-CE vai se comportar, mas acredito que se o partido não seguir a orientação nacional, vai se complicar muito. www.revistafale.com.br
lação ao pensamento do novo PPS.
Quais serão as principais dificuldades do bloco de oposição e como o senhor enxerga a superação delas? Alexandre Pereira. O senador Tasso Jereissati vai ter de mostrar sua grande capacidade de liderança. É complicado o senador ter anunciado apoio ao governador José Serra e muitos deputados do seu partido apoiarem o governador Cid. Eu não sei como o PSDB-CE vai se comportar, pois se o partido não seguir a orientação nacional, vai se complicar muito. Infelizmente, eu vejo que cada vez mais os deputados pensam nos seus interesses pessoais. O interesse pessoal está em primeiro lugar, acima dos interesses partidários e isso é muito ruim.
Como será a reestruturação do PPS no Ceará? Os diretórios do interior do estado serão contemplados nesse processo? Alexandre Pereira. Nós estamos concluin-
do o planejamento estadual do PPS no Ceará. Já iniciamos os encontros regionais. Eu passei 2 dias em Sobral e vi a tragédia das enchentes, inclusive. A nossa ideia é estar a cada 15 dias em 1 interior. É um momento de reconstrução do partido. Somos 70 diretórios e queremos ampliar muito esse número de diretórios.
Qual deve ser o seu próprio futuro político em 2010? Alexandre Pereira. Eu não sou candidato a deputado estadual, federal e nem a senador. A minha vocação é muito mais voltada para o executivo do que MAio DE 2009 | Fale! | 27
H I S T Ó R I A de capa
Hélio Leitão, Roberto Freire, Artur Bruno, Alexandre Pereira e Tasso Jereissati
partidos saudam alexandre na posse do diretório estadual do pps
A
posse da nova executiva do PPS no Ceará aconteceu no dia 17 de abril, em auditório da Assembleia Legislativa, em Fortaleza. O evento foi prestigiado pelas cúpulas estaduais de PSDB, DEM e PR. É certo que, no plano nacional DEM, PSDB e PPS devem estar no palanque do potencial candidato à presidência da República José Serra. O presidente do PPS nacional Roberto Freire foi uma das estrelas. Dias antes, ele promoveu um encontro entre o governador José Serra e Alexandre Pereira no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. Pereira
comprometeu-se com Serra em dar forma ao seu palanque no Ceará. Candidato a viceprefeito de Fortaleza na chapa de Moroni Torgan em 2008, Pereira é aliado de primeira hora na construção do palanque de Serra. Na estratégia, é preciso um nome de oposição que concorra ao Governo do Ceará. O presidente do Democratas no Ceará Moroni Torgan espera repetir, em nível estadual, da aproximação PSDB-DEM-PPS. Para Tasso Jereissati (PSDB), “essa aliança está formada e tenho certeza absoluta de que é o que existe de melhor na política nacional.”
para o parlamento. Temos muitos quadros de qualidade com potencial para viabilizar pelo menos três deputados estaduais e dois federais. Vamos trabalhar fortemente nisso aí. Fiquei feliz em ser lembrado como candidato a governador, mas gostaria muito mais de ser um dos coordenadores da campanha de Serra no Ceará. Tem vários outros candidatos preparados dentro do bloco. No PSDB: o Beto Studart, o 28 | Fale! | MAio DE 2009
Tasso Jereissati e Moroni Torgan
Amarílio Macedo, o próprio Maia Júnior, ou seja, só no PSDB, temos três grandes nomes. No DEM, o Moroni já decidiu que sairá candidato a deputado federal, mas eu vi que o Edson Silva é um nome bem cotado pelos três partidos. É possível ainda uma aproximação com o PR, mas o Lúcio Alcântara deve sair candidato à deputado federal. Já há uma sinalização de aproximação de Lúcio e Tasso, que voltarão www.revistafale.com.br
a dialogar, e eu fico muito feliz de ter sido co-agente desse momento. Então, o Alexandre sair candidato a governador é minimizar o projeto. Não é essa a nossa prioridade no momento, a prioridade é fortalecer o partido e o projeto nacional.
Como o senhor avalia a gestão da prefeita Luizianne Lins? Alexandre Pereira. Nós perdemos uma
Lúcio Alcântara é cumprientado por Jereissati: início de uma distensão?
Alexandre Pereira e Robinson de Castro e Silva
Roberto Freire e Alexandre Pereira
das maiores parlamentares que já tivemos e ganhamos uma das piores administradoras. Ela tem vocação parlamentar, mas sua administração é péssima, confusa. Mas a população a credenciou para mais quatro anos e agora está reclamando... Eu considero uma administração fraquíssima.
E quanto ao governador Cid Gomes? Qual a sua avaliação dessa coalizão política que ele
SUPRAPARTIDÁRIO. A festa do PPS no Ceará reuniu líderes políticos de vários partidos. Tasso (PSDB) cumprimentou Lúcio (PR) e Artur Bruno (PT), presidiu a posse representando o Legislativo Estadual e Moroni Torgan (DEM), estava à vontade entre tucanos e neosocialistas. Fotos josé rosa
Tasso Jereissati e Artur Bruno
Pereira, Jereissati e Freire chegam juntos ao evento
buscou para governar? Alexandre Pereira. Ele tem um viés diferente, é muito mais executivo e fez uma ótima gestão em Sobral. Mas o Ceará é bem mais complexo que Sobral. Ele decidiu governar o Ceará fazendo uma coalizão política, que tem conotação nociva. Dos 43 deputados, apenas dois são de oposição. Ele fez uma colcha de retalhos. O secretariado dele é de uma heterogeneidade www.revistafale.com.br
nunca vista. Isso é absolutamente negativo, pois, se paga um preço caro, para manter essa coalizão. Você pode até ter bons projetos e boa vontade, mas fica difícil gerenciar assim.
O senhor diria então que falta oposição ao governo Cid Gomes? E a que existe, sabe fazer esse papel? Alexandre Pereira. Falta visão crítica. As pessoas entendem oposição como se MAio DE 2009 | Fale! | 29
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Fotos álbum de família
O desportista Alexandre Pereira na Lagoa do Uruaú. Abaixo, com seu meste em artes marciais Osteval Tavares e, ao lado, com o sobrinho e o filho em corrida na serra de Guaramiranga
das pistas, ruas, quadras e mares para a emoção dos palanquES
N
ão é difícil imaginar a maratona que é a vida política. No período eleitoral, principalmente. Comícios, carreatas, passeatas, gravações de programas de rádio e televisão, viagens, debates, reuniões, assembleias. Mas o novo presidente do PPS, Alexandre Pereira, vai além do significado metafórico das palavras maratona, correria, luta. Esportista nato, o complicado é encontrar uma modalidade esportiva que ele nunca tenha disputado. Na sala de onde comanda a Pão de Forno, são dezenas de troféus. Nos anos 1990, chegou a ser campeão Norte/Nordeste de squash, em 1995; campeão cearense de kart indoor em 1996, campeão de jet ski, também nos anos 1990, além de ter jogado tênis e integrado a seleção cearense de basquete. Na última década, outros 30 | Fale! | MAio DE 2009
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três esportes passaram a fazer parte da rotina do político e empresário. O karatê, arte marcial, da qual ele é faixa preta; o motocross, que ao lado do jovem Alexandre Filho, participa de trilhas pelo interior do estado; e, principalmente, o atletismo. Só falando em meias-maratonas, as experiências de Alexandre Pereira já estão na casa de uma dezena de provas. Agora ele se prepara para enfrentar a primeira maratona. Serão 42195 metros de corrida em Nova Iorque, nos Estados Unidos, em novembro. Os filhos seguem o mesmo gosto pelo esporte do pai. A filha caçula, Manuela, já é considerada, pelo pai, uma craque no futebol e no tênis. Se é “corujice de pai” ou não, só o tempo vai dizer, mas o fato é que a família de Alexandre Pereira é mesmo apaixonada pelas atividades esportivas.
Foto palácio dos bandeirantes
fosse uma questão pessoal e daí a acomodação acontece; as coisas não andam. O PSDB não faz oposição aqui no Ceará. O PT sabe fazer muito melhor oposição. Se fosse uma situação contrária, não teríamos nenhum membro do PT no secretariado. Passa pela diretriz das lideranças do bloco de oposição vencer esses desafios internos. Mas eu acredito que, em 2010, a questão nacional vai pautar muito as questões estaduais.
Como foi a experiência como candidato à vice-prefeito? Alexandre Pereira. Foi uma experiência
muito rica. Nós entramos como vice na chapa, mas o Moroni fez questão de colocar a questão do vice em cima da ideia de um somatório. Foi muito bom porque podemos dar uma contribuição: eu, por exemplo, assumi a função de coordenador da campanha. Em 2008, aprendi muito, principalmente sobre o que não se pode fazer em uma campanha. Erramos muito na questão do marketing. Nós tínhamos um marketing muito ruim e não tivemos a ousadia de fazer as mudanças ainda no primeiro turno. Ficamos aguardando para fazer as mudanças no segundo turno, o que acabou nem havendo. O tripé de uma campanha é tempo de TV, e nós tínhamos a metade do tempo da nossa concorrente, o marketing e o candidato. Na nossa campanha, o candidato talvez fosse o melhor possível, pois, ele adorava estar nos comícios. Só que enquanto você está nas ruas com centenas de pessoas que gostam de você, a TV está mostrando a campanha da outra candidata para milhões de pessoas que não gostam de você ou que não conhecem o seu projeto. Eu não consegui mudar isso a tempo e não consegui fazer com o que o Moroni mudasse a estratégia. Perdemos por causa disso.
Qual a sua visão sobre o presidente do PPS nacional, Roberto Freire? Alexandre Pereira. Ele é um ícone para
a nossa geração. Eu cresci ouvindo falar de suas posições políticas corajosas. Acompanhei o Roberto Freire tendo a coragem de questionar a forma de se fazer política de esquerda no Brasil e se consolidar como um dos maiores da política brasileira. Agora, no PPS, estou aprendendo muito com ele. n
Alexandre Pereira, governador José Serra, Roberto Freire e Fernando Gabeira, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo
AS TAXAS EXORBITANTES DO SPREAD BANCÁRIO
C
OMO PRESIDENTE DA Associação
Brasileira da Indústria da Panificação e Confeitaria - ABIP, Alexandre Pereira lidera um setor que em 2008 viu o faturamento crescer 12% em relação a 2007, saltando de R% 39,61 bilhões para R$ 44,36 bilhões. Mas Alexandre Pereira diz que a política monetária do governo cria uma situação de elevado risco para a economia, em especial em relação ao spread bancário e à taxa Selic que continua alta. Ele também critica a falta de crédito para as micro e pequenas empresas, que já faz parte da realidade brasileira. Mesmo os chamados bancos de desenvolvimento não financiam o pequeno empresário. Assim, eles correm para a agiotagem do cheque especial e das taxas do cartão de crédito. Se as padarias venderem menos pão, o setor — que emprega milhares de brasileiros — não tem como chegar ao governo para pedir socorro, como fazem grandes indústrias e, pasmem, bancos.
Qual o tamanho do setor de panificação no Brasil hoje? Alexandre Pereira. O setor de panifi-
cação está muito organizado hoje. Desde 2000, está mudando a gestão e melhorando a sua musculatura para enfrentar as intempéries da economia. Crescemos 12% só no ano passado. O número de padarias no www.revistafale.com.br
País aumentou em torno de 20% nos últimos anos. Hoje, somos 63 mil padarias no Brasil. Faturamos R$ 44 bilhões em 2008. Estamos com o consumo per capita aumentando. Alcançamos 33,5 kg/pessoa/ano, no ano passado. Consideramos esse consumo ainda baixo, se comparado com outros países. No início da década, era de 26 kg/pessoa/ano.
O sistema financeiro no Brasil é fator de impedimento do desenvolvimento do País? Alexandre Pereira. É necessário que o governo tome medidas para sanar isso. Os bancos só pagam impostos sobre os lucros, enquanto uma padaria paga sobre faturamento. Por que não se regulamenta isso? A gasolina não é regulamentada? Os spreads bancários são absurdos. Não houve mudança nos últimos anos, os bancos estão operando com 700% de spread. Vamos fazer uma conta: a pequena empresa se financia no cheque especial, com taxa de juros de 7% ao mês. Multiplicando por 12 meses, chegamos a 90%, que significa cerca de 600% de spread. Os bancos cobram taxa de tudo. O dinheiro que está indo para o sistema financeiro deveria ficar nas pequenas empresas. Até bancos públicos, como a Caixa e o Banco do Brasil, têm spreads e lucros exorbitantes. n MAio DE 2009 | Fale! | 31
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ROBERTO FREIRE chumbo grosso no governo lula
O
presidente do PPS, Roberto Freire, tem assumido uma dura e argumentada crítica ao governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva, seu ex-aliado político. Para Freire, a campanha presidencial de 2010 será marcada pelo tema mudança, para que o país possa encontrar o caminho do desenvolvimento e do bem estar social. Ele crê que 2010 será o início de um novo ciclo político e também o fim de um ciclo econômico, da pior maneira, com uma profunda crise, talvez a maior delas enfrentada pelos sistema econômicos, em toda trajetória da sociedade humana. Em dezembro de 2004, o diretório nacional do PPS decidiu deixar o governo Luiz Inácio Lula da Silva e assumir posição de independência no Congresso Nacional. Com o desligamento, o partido coloca os cargos ocupados por seus filiados à disposição do governo. “Não precisamos fixar prazos para aqueles que estão no governo entregarem os cargos. Ou se afastam do cargo, ou se afastam do partido”, sentenciou Roberto Freire (PE), autor da proposta de saída da base governista. Desde então, Freire tem radicalizado na oposição a Lula. Agora, Roberto Freire diz que “a simples articulação da ideia do terceiro mandato, ainda que envolva apenas parlamentares do baixo clero, tem caráter golpista” sobre os balões de ensaio que acenam para aquela hipótese. Freire diz que Lula é premeditamente ambíguo. “Para quem conhece Lula desde o movimento sindical, suas ambiguidades não causam nenhum espanto. Lula diz o que o público quer escutar. Não tem nenhum compromisso com a coerência”, diz ele. “Se fala com públicos que têm posições antagônicas, suas ideias caem no antagonismo.” Roberto Freire lembra que o sociólogo Luiz Werneck Viana observou que Lula imprimiu ao seu governo características do Estado Novo, o que significa que Lula consegue abrigar no governo posições profundamente divergentes da sociedade. “No Ministério da Agricultura, ele tem o agronegócio, o capitalismo do campo; já no Ministério da Reforma Agrária, tem o MST. O governo abriga os fundamentalistas da Via Campesina, que são contra a pesquisa científica e quebram laboratórios, mas tem setores ligados à pesquisa, ao livre pensar. São movimentos antagônicos da sociedade que têm em Lula o seu árbitro.” Numa crítica recente, Freire diz que “o governo privatizou o Banco do Brasil para o PT”. A elevação de juros acontece na gestão do presidente do BB, Aldemir Bendine, que teria assumido em 23 de abril, para derrubar as taxas de juros e os spreads (diferença entre as taxas que os bancos pagam na captação de dinheiro e as que eles cobram dos clientes ao emprestar). Pelo menos foi esta a justificativa da equipe econômica e do governo. Naquele momento, a explicação para a troca foi resumida pelo presidente Lula na seguinte frase: “A redução do spread bancário neste momento é minha obsessão”. A ordem do presidente teve efeito contrário. “Essa mudança serviu apenas para aparelhar o Banco do Brasil”, conclui Freire. De lá para cá, as taxas de juros subiram e todas as modalidades de crédito ficaram mais caras, conforme levantamento feito pelo jornal O Globo. Quem quer adquirir bens tem de se submeter a juros de 2,52%. Antes de Bendine assumir o BB, a taxa era de 2,09%. Subiram também o cheque especial e o crédito pessoal. Roberto Freire diz que “ou Lula foi enganado, ou escamoteou a verdade quando mudou a direção do BB”. n 32 | Fale! | MAio DE 2009
Foto Marcello Casal Jr._ABr
Sobre a fidelidade O governo interveio na partidária e o poupança para garantir ganhos domicílio eleitoral fáceis para os bancos. Roberto Freire é a favor do fim da fidelidade partidária e do domicílio eleitoral. Ele considera esses institutos uma tutela do Estado sobre a cidadania e os partidos. Para Freire, esses e outros “entulhos autoritários”, como domicílio eleitoral, devem acabar, mas não para valer para as próximas eleições, pois seria um “casuísmo”. Para Freire, a fidelidade partidária não existe na prática. “Basta ver como ocorrem as votações na Câmara; os deputados votam como bem entendem.” A decisão do Supremo Tribunal Federal de que o mandato é do partido, analisa Freire, não significa fidelidade. “É uma característica do sistema proporcional que o mandato seja partidário. www.revistafale.com.br
Roberto freire, sobre as
mudanças em regras da poupança
Ninguém está querendo mexer na poupança como disse aquela propaganda maucaráter que teve esses dias na TV. Queremos que a poupança continue sendo o principal instrumento de proteção dos recursos das famílias. Qualquer adequação será feita de forma transparente. paulo bernardo, ministro do
Planejamento, criticando propaganda do PPS na televisão sobre a poupança
Economia
alta na fábrica Os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE – mostram que houve avanço no ritmo da atividade industrial em 16 dos 27 ramos pesquisados. O desempenho de maior importância para o resultado global foi a venda de veículos
A
produção
da
indústria
brasileira cresceu 1,1% em abril na comparação com o mês de março. Foi a quarta taxa positiva de 2009. Em relação a abril do ano passado, porém, houve queda de 14,8%. Na comparação do quadrimestre, a queda foi de 14,7% e nos 12 meses fechados em abril houve recuo de
3,9%, a marca mais baixa desde junho de 1996. Os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE – mostram que houve avanço no ritmo da atividade industrial em 16 dos 27 ramos pesquisados. O desempenho de maior importância para o resultado global foi a venda de veículos automotores (3,3%), que, após forte ajuste de estoques feito no final do ano passado, acumulou 61,1% frente a dezembro de 2008, estimulado, principalmente, pela maior produção de automóveis. Entre os destaques, estão também os setores de metalurgia básica (5,1%), borracha e plástico (6,7%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (8,3%), produtos de metal (6,8%) e material eletrônico e equipamentos de comunicações (5,2%). Tiveram queda no período os segmentos de edição e impressão (3,1%), equipamentos de instrumentação médico-hospitalares e óticos (-13,0%) e refino de petróleo e produção de álcool (-1,7%). Segundo os técnicos do IBGE, na comparação de abril com o mês anterior, todas as categorias de uso registraram índices positivos. Os segmentos de bens de consumo duráveis (2,7%) e de bens de capital (2,6%) tiveram as taxas mais elevadas. O segmento de bens de consumo duráveis, com a quarta taxa positiva nessa comparação, já acumulou 57,8% de crescimento, em 2009, ante os 48,7% de recuo nos três últimos meses de 2008. Entretanto, o item bens de capiwww.revistafale.com.br
tal (máquinas e equipamentos para a indústria), que voltou a mostrar crescimento em relação ao mês anterior, ainda não neutralizou a desaceleração observada em fevereiro e março, quando acumulou perda de 11,2%. O desempenho do setor de bens intermediários (materiais consumidos pelas indústrias para fabricação de produtos) ficou em 1,1%, igual à média da indústria, enquanto o de bens de consumo semi e não duráveis praticamente repetiu o patamar do mês anterior (0,3%). Em relação a abril de 2008, o setor industrial recuou 14,8%, praticamente repetindo a média do primeiro trimestre do ano (-14,6%). Além da elevada base de comparação, foi afetado pelo menor número de dias úteis em abril de 2009 (20) frente a abril de 2008 (21). A grande maioria (24) dos 27 ramos pesquisados exibiu índices negativos nessa comparação, vindo de veículos automotores (24,8%) e máquinas e equipamentos (-32,3%) as maiores contribuições na formação da taxa global, ambos pressionados pelo recuo em mais de 80% dos produtos investigados nos respectivos setores. Também registraram pressões negativas os ramos de metalurgia básica (-27,9%), devido ao recuo do fabrico de lingotes, blocos tarugos e placas de aço; e material eletrônico e equipamentos de comunicações (-44,0%), sob impacto, sobretudo, de telefones celulares. Entre as três atividades que mostraram aumento em relação a abril de 2008, a mais significativa foi a de fabricação de bebidas (4,8%). n MAio DE 2009 | Fale! | 33
ECO N O M I A & N EG Ó C I O S
só em 2010 Numa conjuntura onde as previsões só se confirmam quando feitas sobre o passado, o ministro Guido Mantega arrisca que, em 2010, o Brasil terá um crescimento de 3% a 4%
N
dinheiro.
A ÚLTIMA SEMANA DE MAIO, o ministro
da Fazenda, Guido Mantega, contratou um riso. Ele disse que país crescerá de 3% a 4% em 2010. O ministro falava numa audiência pública no Senado. Para o ministro, embora com essa projeção, o país poderá ser protagonista no cenário mundial “porque temos dinamismo econômico”. Há pouco mais de um mês, o governo enviou ao Congresso a proposta orçamentária para o próximo ano, com previsão de crescimento de 4,5%. O vaticínio de Mantega se baseia no fato de que países com produções mais modernas e que usam tecnologia, que têm contas públi34 | Fale! | MAio DE 2009
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, chegam ao Ministério da Fazenda, em Brasília Foto Antônio Cruz _ ABr
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cas e externas mais equilibradas, recursos naturais abundantes e grande potencial de mercado interno sairão bem da crise. O ministro — e o Governo — reconhecem que haverá desaceleração da economia no primeiro trimestre. Ele lembrou que muitos consideram isso recessão técnica, mas não se pode esquecer que, “mesmo com a crise, o país estará muito bem”. “No primeiro trimestre deste ano, deveremos ter crescimento negativo, não sabemos de quanto, mas sabemos que houve”. Para o ministro, o conceito de recessão técnica pode ser adotado ou não. “Não vou criticar a instituição da qual sou professor [referindo-se à Fundação Getulio Vargas]. “Não adianta ficar olhando pelo retrovisor. Temos problemas que ainda precisam ser resolvidos, evidentemente, como a questão do crédito”. Mantega criticou analistas que a todo momento fazem previsões diferentes. Segundo ele, o Fundo Mone-
4,5%
3a4 %
33%
É a previsão de crescimento na proposta orçamentária do Governo encaminhada ao Congresso
É quanto o Brasil deverá crescer em 2010 na estimativa do ministro Guido Mantega
É quanto a União detém em ações do capital da Petrobras. O restante estão pulverizando entre os acionistas
tário Internacional “divulga dados a toda hora”. “Tenho errado também, é muito difícil fazer previsão para 2009”. Mantega fez as afirmações em audiência conjunta de quatro comissões do Senado, para falar sobre a crise financeira internacional e as medidas adotadas pelo governo brasileiro para minimizar os efeitos na economia. Para ele, estão, equivocados aqueles que dizem que o país teve recessão no ano passado. O que houve fou uma forte desaceleração no quarto trimestre de 2008 e “fraco desempenho no primeiro trimestre deste ano”. No plano global, ele vê que 2009 será um ano de recessão forte, principalmente nas economias avançadas, mas no final do ano haverá algumas
mudanças em alguns países. “A boa notícia é que haverá recuperação em 2010 nos países avançados, embora modesta. A recuperação é mais rápida nos países emergentes e mais lenta nos avançados”. Mantega lembrou que desde março a economia brasileira “mostra sinais de recuperação”. Segundo ele, a crise tende a ser mais curta no Brasil. “A pequena melhora externa já implica retomada do fluxo de capitais e captações externas [neste mês o Brasil voltou a lançar títulos no exterior].” O ministro afirmou que o risco país — que mede o grau de confiança do investidor estrangeiro na economia — voltou a cair, melhorando a situação do Brasil dentre os demais emergentes.
Uma pesquisa que mostra o Brasil como o segundo país de maior interesse dos investidores, entre os emergentes — Bric – Brasil, Índia, China e Rússia —, depois da China. A recuperação da produção de veículos é outro fator que, segundo Mantega, mostra a atual situação da economia nacional. “O país já produz mais veículos do que no mesmo período do ano passado”. Segundo o ministro, o fato de o Brasil depender mais do mercado interno do que do externo permite ao país sentir menos a queda do nível da atividade externa do que as nações dependentes de exportações. Mantega lembrou que o país tem mercado interno forte, que depende da massa salarial, da renda e do poder de compra, que tem melhorado. n
up date.
A produção da indústria brasileira cresceu 1,1% em abril na comparação com março deste ano. Foi a quarta taxa positiva de 2009. Em relação a abril do ano passado, porém, houve queda de 14,8%. Na comparação do quadrimestre, a queda foi de 14,7% e nos 12 meses fechados em abril houve recuo de 3,9%, a marca mais baixa desde junho de 1996.
No orçamento, as contas fecham A proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que o governo encaminhou para o Congresso Nacional estima que o país obterá receita primária de R$ 816,717 bilhões no ano que vem, equivalentes a 24,18% do Produto Interno Bruto (PIB), soma das riquezas produzidas no Brasil. A receita será maior, portanto, que a despesa. Ela foi calculada em R$
744,106 bilhões, ou 22,03% do PIB, que deve somar em torno de R$ 3,3 trilhões no final de 2010 caso se confirmem as apostas do governo, de crescimento de 2% da economia este ano e de 4,5% em 2010. Os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Paulo Bernardo, informam que a LDO para o próximo ano prevê mudanças na meta de superávit primário
— economia que governos e empresas estatais fazem para honrar compromissos e juros. O governo central continua com meta de economizar 2,15% do PIB (R$ 72,6 bilhões) e os governos regionais (estados e municípios) mantêm a meta de fazer superávit de 0,95% do PIB (R$ 34,7 bilhões). A mudança prevista ocorrerá na economia das estatais, que vai cair dos
atuais 0,70% do PIB para 0,20% do PIB, por causa da retirada da Petrobras dos cálculos do superávit. Como resultado, o superávit primário, que este ano foi definido em 3,80% do PIB cairá para 3,30% do PIB, ou cerca de R$ 114 bilhões em 2010. Isso porque, de acordo com o ministro da Fazenda, o governo já trabalha com vistas à recuperação da economia no ano que vem, de modo a
Sem economia ninguém pode ser rico; e com ela poucos serão pobres. www.revistafale.com.br
manter a “sustentabilidade fiscal” do governo. Mantega ressaltou que “a saída da Petrobras não alivia a carga fiscal da União” e acrescentou que “há algum tempo já vínhamos estudando essa retirada [da empresa] dos cálculos de superávit”, porque a maioria do capital da Petrobras pertence a acionistas, e a União detem só 33%. — Stênio Ribeiro, da Agência Brasil
Samuel Johnson MAio DE 2009 | Fale! | 35
Artigo
Exercício de McLuhan Por Antoninho Marmo Trevisan
U
m dos mais importantes teóricos da comunicação, Marshall
McLuhan, já afirmava na década de 1960 que uma forma de organização baseada nas mídias eletrônicas levaria informação ao mundo quase simultaneamente. Chamou a isso de “Aldeia Global”. Poder-se-ia dizer que ele tornou-se um visionário da internet décadas depois. O mundo unificado pelos meios de comunicação de massa, preconizado por McLuhan, tem agora o seu maior expoente na difusão da informação, uma vez que a internet assumiu um papel central de divulgação, que tem grande influência na sociedade. Nunca antes, pelo menos até o advento da rede mundial, a repercussão do noticiário econômico de um país teve tamanha especulação e alterações de humor extremas — do desespero à esperança —, gerando efeitos simultâneos em várias outras nações e influenciando a vida de milhares de pessoas. Este fato nos mostra claramente, em todas as nuanças, o que a teoria da “Aldeia Global” de McLuhan realmente significa. Esta
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massa de informações vem de todos os lados e organizá-la não é tarefa simples. Para tentar entender como tudo começou, vamos procurar alguns dos pontos iniciais deste emaranhado. A recessão nos Estados Unidos, fruto da turbulência no sistema financeiro, começou no final de 2007, segundo os analistas econômicos americanos. Em 2008, esta se acentuou, atingindo seu ápice em setembro do mesmo ano, ganhando proporções globais. Foi a partir desse período que os EUA passaram a adotar medidas para evitar o colapso econômico. O Brasil, na esteira do problema, também saiu em busca de ações de alívio à situação negativa. Em dezembro do ano passado, alguns criticaram as práticas adotadas pelo Governo Federal, considerando-as setoriais e pontuais, pois desejavam decisões macroeconômicas. Passado um tempo, deixaram de criticar o método, talvez porque os Estados Unidos fizeram o mesmo. Aliás, os
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americanos foram ainda mais agudos. Socorreram diretamente as empresas. O fato é que não há turbulência econômica que se resolva sem o ataque direto às questões que estão em foco. Se as soluções de longo prazo não surtiram os efeitos com a rapidez desejada, partiu-se, então, para caminhos que apagassem os incêndios. No caso do Brasil, isso foi ainda mais acentuado, até porque o problema veio de fora, de maneira repentina. Agora, tenta-se achar a dimensão da turbulência e sua duração. Alguns países adotaram ações protecionistas. Trata-se de um redesenho do comércio mundial, com forte viés político — agradar os cidadãos próximos com práticas ao alcance do estado é um método muito mais antigo do que a própria economia de mercado. Avaliando-se os indicadores econômicos brasileiros disponíveis nesse início de ano, é ainda precipitado apontar o rumo que a economia tomará. O certo é que não seremos tão atingidos quanto os países desenvolvidos, um resultado de uma antiga política econômica que justamente contrapunha aquilo que levou os Estados Unidos à beira do colapso: sempre se impediu o aquecimento do consumo desmesurado e as linhas de crédito de bens de consumo, que só começaram a se ampliar nos últimos dois anos. Assim, ironicamente, essa política nos foi favorável neste momento. Aqui no Brasil, a influência da turbulência é ainda obscura. Desde o ano passado, os preços das commodities têm caído gradativamente. Já a produção industrial também experimentou queda. No entanto, a inflação continua irredutível. Isso sinaliza que a manobra da política monetária é insuficiente. A realidade é que as exportações têm sofrido
mais com a retração econômica, abandonando o crescimento contínuo que vivenciava nos últimos tempos. No comércio exterior, obviamente, o desemprego se fez sentir de forma evidente. O mercado interno, que nos últimos anos ganhou um expressivo contingente de novos consumidores, deverá evitar que o PIB (Produto Interno Bruto) fique negativo neste ano. Pelo menos é o que se percebe nesses primeiros meses de 2009. Verifica-se a necessidade, porém, de redução dos juros, paulatinamente. É preciso também estar atento à questão do gasto público. No entanto, outras explicações macroeconômicas exigiriam um olhar mais atento nas informações disponíveis na rede mundial. Recorreríamos novamente a “Aldeia Global”? Sim, isso é importante. No entanto, devemos olhar para as nossas atitudes, acreditar na nossa capacidade, valorizar a razão, construirmos cenários futuros positivos, buscar a criatividade, objetividade, foco e obstinação. A “Aldeia Global” é uma das mais brilhantes teorias de nosso tempo e o acesso facilitado às informações em tempo real é fundamental para a sociedade de hoje. No entanto, não podemos ser afetados tão facilmente por estes extratos. Ao contrário, devemos viver com otimismo, empregando nossos conhecimentos e experiência, que estão em nossa origem primária. É isto que nos dá a base do crescimento.n
Avaliando-se os indicadores econômicos brasileiros disponíveis nesse início de ano, é ainda precipitado apontar o rumo que a economia tomará. O certo é que não seremos tão atingidos quanto os países desenvolvidos.
Antoninho Marmo Trevisan é empresário e educador, presidente da Trevisan Consultoria e Gestão, da Trevisan Escola de Negócios e do Conselho Consultivo da BDO Trevisan, e Membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES)
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MAio DE 2009 | Fale! | 37
Tecnologia
Nosso foco realmente é produzir o melhor aparelho de leitura eletrônica... para livros, revistas, jornais e blogs. Jeff Bezos, vice-presidente da Amazon.com em entrevista à Reuters
A CONQUISTA DO OLHAR
Computador, celular e internet são um trio pesado para se comunicar com todo o mundo. Tirar o máximo proveito do Messenger, Twitter, Orkut, Skype e afins potencializa ações de comunicação e marketing de pessoas e empresas
O
computador e o celular funcionam como ferramentas podero-
sas de comunicação que permitem interagir com o mundo sem sair de casa. A internet é o elemento que transforma as duas máquinas em um potente canal capaz de emitir e receber todo tipo de informações. Textos, músicas, imagens, programas e emoções. Acabou o tempo de consumir os conteúdos que outros criam e publicam. Agora é a vez de gerar informações próprias e compartilhar com outros via internet. Existem muitos programas que facilitam a participação e a criação de conteúdo próprio para a internet. Programas de bate-papo como MSN, ICQ ou Yahoo! Messenger, redes sociais como Orkut ou Facebook, ferramentas para comunicar com os amigos como Twitter ou Skype. A variedade de aplicativos é tão grande que até pode confundir. Para não se perder no meio da internet mais participativa, conheça a seleção a seguir. Orkut revolucionou a vida de boy, que permitem administrar os muitas pessoas no Brasil. A turma perfis do Orkut e do Facebook ao clássica de amigos virou uma comu- mesmo tempo. nidade virtual gigantesca na qual Os programas de bate-papo criaas pessoas se encontram, se conhe- ram um canal de comunicação com cem e interagem compartilhando regras e características próprias. experiências e interesses. Existem Ritmo rápido e mensagens breves vários aplicativos que deixam mais enriquecidas com todo tipo de emofácil a utilização do Orkut. Por ticons, efeitos sonoros, avatares, exemplo, o Orkut Cute ou o Scrap- winks (pequenas imagens anima38 | Fale! | MAio DE 2009
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das) e abreviaturas. O MSN continua sendo o mais popular. Personalize as conversas com coleções de emoticons (Crawler Smileys), com as cores do time de futebol favorito (por exemplo, Corinthians Skin) ou com um estilo que imita o iPhone (iPhone Skin). Feche a porta do MSN à publicidade com o Live Advert Remover e cuide da segurança fazendo cópias de todos os dados do MSN com o MSN Repair e neutralizando vírus com MSNCleaner. Quem disse que o único batepapo que existe é o MSN? Trillian, MSN Polygamy e Pidgin são algumas boas dicas. Também há versões especiais para celular como eBuddy Mobile Messenger, Windows Live Mobile Client, Nimbuzz e Fring. Para quem possui webcam, a videoconferência é a melhor opção. Skype, Google Voice and Video Chat e ooVoo são alguns dos programas mais completos e eficientes. O CyberLink YouCam aplica efeitos divertidos que distorcem as caras durante a conversa. Além de comunicar com os amigos, na internet é possível contatar e
intercambiar experiências com pessoas desconhecidas. Blogs, páginas pessoais com fotos e vídeos, participação em fóruns e comunidades são algumas vias para isso. O navegador Flock dá atenção especial ao gerenciamento de conteúdos próprios sem usar programas externos. A galera mais antenada utiliza o Twitter para publicar e consultar mensagens breves sobre qualquer
tema. É possível “twittar” (enviar mensagens) diretamente da área de trabalho do computador com o Twitteroo ou o Twhirl. O Tiny Twitter simplifica o uso em celulares. Serviços online como Flickr e Fotolog permitem publicar na internet as fotos das últimas férias ou aquele vídeo tão engraçado da festa de aniversário. Compartilhar os melhores momentos com todo o mundo é ime-
diato e grátis. Utilize o Flickr Uploadr para publicar imagens ou confie no Chipscreen Beta para criar protetores de tela personalizados com a base de dados gigantesca do Flickr como matéria-prima. Fotos, vídeos, textos, música e muito mais. Selecione os melhores programas e transforme o computador e o celular em um meio de comunicação global, divertido e eficaz. n
onde buscar os downloads Softonic http://www.softonic.com.br/ MSN http://windows-live-messenger.softonic.com.br/ ICQ http://icq.softonic.com.br/ Yahoo! Messenger http://yahoo-messenger.softonic.com.br/ Orkut Cute http://orkut-cute.softonic.com.br/ ScrapBoy http://scrapboy.softonic.com.br/ Crawler Smileys http://crawler-smileys.softonic.com.br/ Corinthians Skin MSN 2009 http://corinthians.softonic.com.br/ iPhone Skin http://iphone-skin.softonic.com.br/
Live Advert Remover http://live-advert-remover.softonic.com.br/ MSN Repair http://msn-repair.softonic.com.br/ MSNCleaner http://msncleaner.softonic.com.br/ Trillian http://trillian.softonic.com.br/ MSN Polygamy http://msn-messenger-polygamy.softonic.com.br/ Pidgin http://pidgin.softonic.com.br/ eBuddy Mobile Messenger http://ebuddy-mobile-messenger.softonic.
com.br/symbian
Windows Live Mobile Client http://windows-live-mobile-client.
softonic.com.br/symbian Nimbuzz http://nimbuzz.softonic.com.br/java Fring http://fring.softonic.com.br/symbian Skype http://skype.softonic.com.br/ Google Voice and Video Chat http://google-voice-and-video-chat. softonic.com.br/ ooVoo http://oovoo.softonic.com.br/ CyberLink YouCam http://cyberlink-youcam.softonic.com.br/ Flock http://flock.softonic.com.br/ Twitteroo http://twitteroo.softonic.com.br/ Twhirl http://twhirl.softonic.com.br/ Tiny Twitter http://tiny-twitter.softonic.com.br/java Flickr Uploadr http://flickr-uploadr.softonic.com.br/ Chipscreen Beta http://chirpscreen.softonic.com.br/
Kindle DX quer decretar o fim do papel Amazon apresenta versão maior do leitor portátil de livros eletrônicos, com acelerômetro e mais armazenamento A Amazon já está comercializando o novo membro da família Kindle: o Kindle DX. O aparelho de leitura digital que foi chamado de ‘iPod dos livros’ tem agora uma versão com dimensões mais largas, amigável à leitura de jornais — sua tela tem 9,7 polegadas, contra 6 do modelo menor, o Kindle 2. O Kindle DX quer ser o sucedâneo do papel como suporte de impressão de jornais e revistas. O ecrã é duas vezes e meia maior do que o Kindle 2, tem 3,3 gigabytes de memória capazes de armazenar 3500 livros, e pode ler os formatos PDF, MP3 e TXT. Como o aparelho www.revistafale.com.br
anterior, o DX tem capacidade para conectividade Wi-Fi e 3G, mantém a espessura (0,97 cm) e leitura em áudio dos textos. “Vamos ter estudantes com mochilas menores, com menos carga”, disse Jeff Bezos, CEO da Amazon, otimista na apresentação do DX em Nova Iorque. Além disso, o Kindle DX tem capacidade para armazenar mais e-books e vem com acelerômetro (que detecta automaticamente se o aparelho está deitado ou de pé e coloca a tela na posição correta) e suporte nativo a documentos PDF, uma característica que o modelo antigo não oferecia. As mudanças, contudo, vão custar caro. O novo Kindle, que já está disponível para pré-venda no site da Amazon, sai por US$ 489,00, contra US$ 359,00 do modelo menor, que não será descontinuado. n MAio DE 2009 | Fale! | 39
tecnologia
mais que
relógios
E
les são mais que medidores de tempo. São máquinas que trazem tecnologia de ponta, alta precisão e acabamento minucioso, elevando-os ao status de objetos de desejo e de ícones do consumo. Veja o exemplo do Omega Speedmaster [1]. Ele ganhou fama a partir da década de 60, quando foi escolhido pela NASA como equipamento obrigatório dos astronautas envolvidos no programa espacial norte-americano. Um arrojo em sofisticação e glamour é o Harry Winston Opus 9 [2], assinado pelo relojoeiro JeanMarc Wiederecht e pelo designer Eric Giroud. No mostrador do Opus 9, duas colunas paralelas definidas com 33 diamantes de corte-baguette, forma assinada por Harry Winston, definem horas e minutos. www. harrywinston.com. Um relógio de de US$ 1.7 milhão é o Patek Philippe Pilot [6], arrematado num leilão da Christie. O Patek Philippe do general Castello Branco teve menos sorte. Foi roubado nos anos 80 do Mausoléu no Palácio da Abolição, em Fortaleza, e nunca reapareceu.
1
2
Outra obra de arte é o Chopard Mille Miglia [3 e 7], numerado, com preços que variam de
3
US$ 3 mil a US$ 5 mil. Ícone de precisão, o El Primero, da Zenith é objeto de desejo no imagiário masculino. Foi em 1969 que a Zenith criou aquele que é ainda hoje um marco da alta-relojoaria: o El Primero, com uma autonomia de 50 horas, produz 36 mil vibrações por hora e fornece uma precisão capaz de medir intervalos de um décimo de segundo – é, ainda hoje, o único movimento cronógrafo capaz de o fazer. Várias outras marcas viriam a utilizar o El Primeiro, incluindo a Rolex (ainda que adaptado e reduzido a 28 mil vibrações por hora). A International Watch Company tem sido, desde a sua criação, uma das principais marcas de relógios do mundo, com qualidade e dedicação raras. As origens remontam a 1868, quando o norte-americano F. A. Jones abriu uma fábrica em Schaffhausen, no Este da Suíça. A produção é quase artesanal e prima pelo estilo clássico [4]. O Mont Blanc Mens Wristwatch é outro clássico masculino, automático, em aço inoxidável [5]. Harry Winston. 25, Avenue Montaigne – Paris – França. www.harrywinston.com
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4
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Autos&Máquinas O líder Por Roberto Costa
Ecosport
O
Ford Ecosport, líder de
seu segmento desde o lançamento, ganhou uma nova versão denominada FreeStyle 2.0L e agora com motor Duratec Flex, que permite a utilização de álcool, gasolina ou os dois ao mesmo tempo. Tal versão era reclamada pelos consumidores do modelo top de linha que se viam na dúvida se mantinham sua escolha inicial ou se estudavam algum similar oferecido pela concorrência. O EcoSport 2.0 L Flex 2009 está disponível nas versões XLT manual, XLT automática e 4WD. Ele vem equipado de série com: ar-condicionado, direção hidráulica, vidros elétricos com acionamento a um toque e sensor antiesmagamento, trava elétrica das portas com controle remoto e travamento automático, espelhos elétricos, CD-player My Connection (com MP3 e conexão para iPod, USB e Bluetooth), 4 alto-falantes e 2 tweeters. Como itens externos, o modelo traz: rodas de liga leve, faróis de neblina, para-brisa degradê, bagageiro no teto com barras transversais, luz elevada de freio, maçanetas externas das portas na cor preta, para-choque traseiro com protetor de degrau, ganchos de reboque dianteiro e traseiro e para-choques na cor do veículo. Seus equipamentos de conveniência incluem: volante com ajuste de altura revestido em couro, banco do motorista com ajustes manuais de altura e lombar, aviso sonoro de faróis acesos, aviso de portas abertas, conta-giros, relógio digital, luz de cortesia com temporizador, console no teto com luz www.revistafale.com.br
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autos & m áquinas de leitura integrada, console central com porta-copo, porta-objetos embaixo do banco do passageiro, iluminação no porta-luvas e no porta-malas e luz de cortesia traseira.Tem ainda: cinzeiro e acendedor de cigarros, ponto de força no compartimento de carga, banco do motorista com bolso frontal, porta-mapas nas portas dianteiras, banco traseiro rebatível e bipartido e porta-revista atrás do banco do passageiro, limpador, lavador e desembaçador do vidro traseiro, alarme volumétrico antifurto e sistema antifurto. Como opcionais, oferece airbag para o motorista e o passageiro, bancos de couro, computador de bordo (com alerta de velocidade, temperatura externa, consumo instantâneo, consumo médio, velocidade média e autonomia), controle do rádio na coluna de direção, espelho de cortesia iluminado para o passageiro e freios ABS. O modelo com tração 4X4 tem como diferenciais: para-choques, grade do radiador, rodas de liga leve, bagageiro, capa dos retrovisores, moldura lateral mais larga e estribos laterais pintados na cor cinza, lanterna traseira fumê, espelhos retrovisores azuis, pneus 205/65 R15 Scorpion e protetor de cárter. Mas a grande novidade é mesmo a motorização Duratec 2.0 Flex, que desenvolve 141 cavalos rodando com gasolina e 145 utilizando álcool, trazendo, além de melhor desempenho, mais conforto a seus usuários, principalmente àqueles que se aventuram em pequenas trilhas ou gostam de estacionar ao largo das praias com todos os seus pertences. O modelo avaliado além da tração integral (4 X 4) estava equipado com câmbio automático de quatro velocidades com escalonamento compatível com sua proposta de on/off road oferecendo partidas rápidas na cidade e o toque necessário quando o piso pesado necessitava. Na versão manual, o câmbio continua com cinco velocidades. O EcoSport 2.0 L Flex 2009 trouxe uma nova estratégia de preço. Com o motor 2.0 L Flex, o Novo FreeStyle XLT custa R$58.900,00, a transmissão automática (opcional) custa R$2.000,00. Já o modelo 2.0 L Flex Automático XLT custa R$60.900,00 e com mais R$1.000,00 recebe a tração integral ficando por R$61.900,00. Mesmo não sendo um jipe, o Ecosport pode levar seus ocupantes com relativa tranquilidade a locais sem estradas confiáveis, mas é sempre bom evitar as trilhas destinadas aos “super” off roads, até porque esta não é sua proposta. n 42 | Fale! | MAio DE 2009
pit-stop AIRBAG-ABS
A Câmara dos Deputados aprovou projeto tornando item obrigatório para carros novos o airbag para o motorista e o passageiro do banco dianteiro. O Conselho Nacional de Trânsito regulamentará as especificações técnicas e o cronograma de implantação. Haverá um prazo de cinco anos, após a regulamentação do Contran, para que todos os carros novos fabricados no Brasil, exceto os destinados à exportação, tenham o air bag como item obrigatório. O Contran também definiu que até janeiro de 2014 todos os carros novos deverão sair de fábrica com sistema ABS, componente que ajuda a evitar o travamento das rodas durante a frenagem. Os veículos importados deverão atender também à legislação. O mercado espera que o preço do ABS (hoje entre R$ 2 mil e R$ 3 mil) seja progressivamente menor, em função da nova escala de produção, para atender também os carros populares. A grande indagação é calcular qual o impacto nos preços dos veículos e em especial nos populares, já que nesse seguimento de mercado estima-se que poderá superar a 10 pontos percentuais, afastando muitos compradores. Kia Motors
A Kia Motors do Uruguai, sob o comando de José Luiz Gandini, assinou contrato com a empresa uruguaia Nordex S/A para a montagem do caminhão leve Bongo. Com investimento inicial de US$ 1,5 milhão, o primeiro lote da produção está previsto para dezembro deste ano e sua comercialização a partir de janeiro de 2010 nos mercados brasileiro e uruguaio, com produção prevista de 6 mil unidades ao ano. O contrato de montagem do Kia Bongo foi assinado pelo presidente da Kia Motors do Uruguai, também presidente da Kia Motors do Brasil, e pelo presidente da empresa uruguaia Nordex S/A, Ernesto Soler Garmendia. Os investimentos na linha de montagem
do Bongo no Uruguai, porém, devem chegar a US$ 3 milhões (aproximadamente R$ 6,5 milhões) e espera-se gerar cerca de 140 novos postos de trabalho, de responsabilidade da Nordex, e mais 30 empregos diretos da Kia Motors do Uruguai, agora sob administração brasileira. Renault
Por ocasião da Assembleia Geral, Louis Schweitzer, Presidente do Conselho de Administração da Renault, confirmou que não renovará o seu mandato de administrador. O Conselho de Administração confiou a Carlos Ghosn, CEO do Grupo Renault, a presidência do conselho. Carlos Ghosn nasceu no dia 9 de março de 1954, em Porto Velho (RO). Formado pela Escola Politécnica e pela Escola de Minas de Paris, iniciou sua carreira na Michelin, onde dirigiu a fábrica de Puy (França) tendo ingressado no Grupo Renault, em 1996, como vicepresidente, sendo que, em 1999, assumiu a Direção Geral da Nissan Motor Co., tornando-se Presidente da companhia em 2000 e CEO em 2001. Em maio de 2005, além da Nissan, assumiu o comando do Grupo Renault. Fiat 500
O Fiat 500 acaba de receber o título “2009 World Design Car of the Year”, no New York International Auto Show , EUA. O Fiat 500, que chega este ano no Brasil, foi escolhido por um júri de 59 jornalistas provenientes de 25 países. Entre os 51 carros candidatos ao título, o Fiat 500 ficou na final com o Citroën C5 Sedan / C5 Tourer e o Jaguar KF. O resultado, segundo o júri, foi a vitória absoluta do Fiat 500 nesta edição do prêmio.
fiat 500. Design premiado do urbanino de luxo será trazido ao Brasil ainda em 2009 www.revistafale.com.br
I tapuã não,
Beberibe “Passar uma tarde em Itapuã” pode ser mesmo tão bom quanto é descrito nos versos da famosa canção. Mas quem não vai à Bahia, pode se sentir tão relaxado quanto Toquinho e Vinicius sentiramse, à apenas 80 km de Fortaleza, na Praia das Fontes, em Beberibe, de frente pro mar, em meio as falésias. Ver pela manhã as jangadas chegando do mar com peixes e caminhar em praias paradisíacas.
O
paraíso encravado nas falé-
sias, uma formação geológica de rara beleza, é composto por um conjunto harmônico de sol, mar, areias coloridas, coqueirais, energia limpa e, porque não, uma boa dose de conforto. Vale lembrar que, pela sua rara beleza, essa região abriga, entre outras personalidades, a casa de praia do cantor Raimundo Fagner. Entre as diversas opções de hospedagem na localidade, a Fale! conheceu uma que conseguiu unir preços acessíveis a itens que não deixam nada a desejar a quem busca qualidade no lazer e no descanso. O Hotel das Falésias está instalado no alto da formação que lhe dá nome, permitindo uma visão privilegiada do mar, da praia, de fontes que formam verdadeiros rios de águas rasas e, olhando para o lado oposto, o Parque Eólico de Beberibe, empreendimento que está completando 16 anos em 2009. Fundado em 1993, por um italiano que se encantou com as belezas da região, oito anos depois, a então Pousada das Falésias foi comprada por um grupo de empresários, veranistas da própria Praia das Fontes. Reformado e ampliado, desde 2007, o Hotel das Falésias é administrado pelo casal de empresários, Veriwww.revistafale.com.br
tas e Cláudio Carneiro, em parceria com o cabeleireiro e empresário Paulino Júnior, que deram novo impulso ao negócio. “Estamos implantando vários diferenciais no hotel, como o fim da cobrança de 10% no restaurante, além de descontos de 17,5% nas diárias, em épocas promocionais na baixa estação”, ressalta Veritas Moreira. “A decoração é rústica, mas sem abrir mão da higiene e do conforto. Além disso, o nosso diferencial é essa vista privilegiada aqui de cima das falésias, bem próximo ao mar”, destaca Cláudio Carneiro. O hotel dispõe ao todo de 28 apartamentos, sendo 16 no térreo e 12 no 1º andar, equipados com camas confortáveis, ar condicionado, televisão, chuveiro elétrico, frigobar, varanda e serviço de quarto. A diária do quarto duplo, na alta estação é de R$ 126,00 e na baixa pode variar entre R$ 78,00 à 94,50. Mas também estão disponíveis quartos mais amplos, que podem abrigar até 6 pessoas, sendo cobrados adicionais de R$ 25 a R$ 35, por pessoa, de acordo com a idade. Na área externa, o turista encontra: playground; campinho de futebol; bar; restaurante com até 300 lugares em ambiente interno ou MAio DE 2009 | Fale! | 43
INFORME PUBLICITÁRIO Piscina e bar. O hotel tem uma privilegiada vista para o oceano, com uma estrutrura de bar, restaurante e piscina à beira do mar
diz que a vista, a boa piscina e o bom atendimento contribuem muito para esse hobby. Já a esposa dele, Adriana, diz que “ama” o hotel e elogia o estacionamento e os banheiros. Já o italiano Francesco Ambrósio diz que para ele “é o melhor da região, estou aqui com a família pela quinta vez e já trouxe um grupo de 3 amigos lá da Itália.” A quem ficou interessado, a nossa equipe ainda faz mais cinco sugestões. Para todos os públicos, observar o nascer do Sol ou da Lua, são espetáculos naturais especialmente bonitos por aquelas bandas do Ceará. Acordar cedo e acompanhar a chegada das jangadas vindas do mar carregada de peixes, um costume da região muito bonito de ser visto. Para os mais aventureiros, três opções: descer em Beberibe de ônibus e fazer uma trilha até a Praia das Fontes. Uma vez chegando lá, fazer um emocionante passeio de buggy pela praia, até a vizinha e, não menos bela, localidade de Uruaú. E por fim, para os mais radicais, pegar umas aulas de kitesurf, uma espécie de prancha surf puchada por uma pipa gigante, acompanhadas pelo professor Uga-Uga. n
externo; uma bela piscina, metade adulta, metade infantil; banheiros à vontade; vendinha de conveniência, com itens que vão desde o absorvente feminino ao artesanato; além de um salão de eventos à beira mar, com capacidade para mais de 50 pessoas. O hotel ainda disponibiliza um amplo estacionamento, serviços de manicure, massoterapia e passeios terceirizados de buggy pelas dunas da região. “Eu tenho um filho pequeno, o Gabriel, e ele adora brincar pelo gramado do hotel. Já vim umas cinco ou seis vezes, a primeira vez a convite de amigos num carnaval. Aqui a culinária é o que mais me chama a atenção. Em outros hotéis, são sempre os mesmo pratos, aqui tem muita variedade”, nos relatou a funcionária pública Viviane Mota, de Fortaleza. De fato, o restaurante do hotel dispõe de uma culinária diversificada, que inclui aves, carnes, peixes – esse talvez o melhor destaque de seu cardápio — mariscos, massas e sobremesas, além de um reforçado café da manhã, recheado de bons pães, bolos, tapiocas, sucos de frutas, entre outros. Mas a carta de turistas do hotel, que cresce a cada ano, vai muito além das fronteiras cearenses, chegando até em outros continentes, como Europa. Um exemplo é a família paulistana Castor Dias que também já vem repetindo o passeio a Praia das Fontes e a hospedagem no Hotel das Falésias por diversas vezes. O casal Élbio e Adriana é unânime na aprovação aos serviços do hotel, embora por motivos diferentes. Élbio, gerente do ramo de transportes, se define como um apreciador da preguiça saudável e 44 | Fale! | MAio DE 2009
SERVIÇO Classificação Embratur 3 estrelas Endereço Av. Assis Moreira, 314. Praia das Fontes, Beberibe, Ceará Telefone para reservas (85) 3327.3052 Fax (85) 3327.3051 e-mail para reservas reservas@hotelfalesias. com.br Informações adicionais Beberibe está à 75 Km de Fortaleza na Costa Leste. A Praia das Fontes, por sua vez fica à 5 Km da sede do município. O tempo médio de viagem vai de 1 h a 1h30, saindo de automóvel da cidade de Fortaleza. Passeios de buggy e aulas de kitesurf (85) 9641.2104
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persona
Os adjetivos passam, os substantivos ficam. Machado de Assis,
Migalhas
É simples tornar algo complicado, mas é extremamente complicado tornar algo simples. Arthur Bloch
O sorriso de Julia Roberts
E
la está entre as mulheres mais ricas do mundo, mas isso talvez seja menos importante que seu sorriso esbanjado, aberto, cheio de emoção. Num ranking da revista Forbes americana, entre as atrizes, Julia Roberts é a mais rica, com US$ 140 milhões. Ela ganhou título de sorriso mais lindo de Hollywood. As 20 mais ricas segundo a revista Forbes: 1. Oprah Winfrey | 2. J. K. Rowling | 3. Martha Stewart | 4. Madonna | 5. Celine Dion | 6. Mariah Carey | 7. Janet Jackson | 8. Julia Roberts | 9. Jennifer Lopez | 10. Jennifer Aniston | 16. Gisele Bündchen | 18. Nicole Kidman | 19. Christina Aguilera | 20. Renee Zellweger.
Luiziane
Cavalcante (d) apresenta, com exclusividade, as marcas de jóias, relógios e óculos das Ópticas Itamaraty. A ótica realiza a campanha de dia dos namorados “Grandes emoções, eternas recordações”. Na foto, Luiziane com Socorro e Davi Lucena.
Luiz Carlos Martins. De A a Z no Caderno People, jornal O Povo
Foto DIVULGAÇÃO
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Associação Comercial do Ceará comemorou seus 143 anos de fundação com jantar festivo no Marina Park e a entrega do Troféu Carnaúba à empresária Edyr Rolim. Troféu carnaúba.
Luiz Carlos Martins
Fotos: Auston
Roberto Macêdo e Honório Pinheiro
João Guimarães, Ivan Bezerra e Edyr Rolim, homenageada da noite
João Guimarães e Gervásio Pegado
Irapuan e Vilma Nobre, Fátima e João Alberto Sampaio
Elizeu Barros e Deusmar Queiroz
Edmilson e Lucília Pontes e Edilmo Cunha
Lavanery Wanderley e Assis Machado
Urbano Costa Lima e Marcelo Teixeira
Helena Medeiros e Marúsia Carvalho
Esther Weyne, Gláucia Mota, Marise e Edyr Rolim
Clã Rolim entre a patriarca Edyr, agraciada com o cobiçado Trófeu Carnaúba 46 | Fale! | MAio DE 2009
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Lúcio Alcântara autografou seu livro “Blog de Papel”, no Náutico, ocasião em que festejou sua troca de idade. Dupla comemoração.
Luiz Carlos Martins
Fotos: Auston
Na hora dos parabéns, entre Airton Monte e Beatriz Alcântara
Autografando para Ivens Dias Branco
Anne e Léo Alcântara, Duda Brigído e Guedes do Ceará
Aécio de Borba e Aramicy Pinto
Lúcio Brasileiro entre Fernando e Helena Macêdo
Manoel e Morgana Linhares
Rejane e João Batista Fujita
Lúcio e Alexandre Pereira
Fortaleza
0800 275 1818
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Em bonita cerimônia na Igreja do Pequeno Grande, casaram-se Marcela e Murilo, ela filha de Kayve Machado e Maurício Rola e ele de Elizabeth e Nivaldo Pereira. Os noivos receberam cumprimentos no La Maison Duna’s. Bodas nupciais.
Luiz Carlos Martins
Fotos: Auston
Os noivos Marcela e Murilo com os pais durante a oficialização da cerimônia religiosa do casamento
José Gerardo Pontes, Luiz Enrique Marques e Murilo Belchior
Paulo Cruz e Rita
Henrique Alcântara e Ana
Maria e Walter Costa Lima
Cláudio Henrique Câmara e Fátima
Raimundinha e Kayve Machado
Helena e Luiz Henrique Marques
Cândido Albuquerque e Rebeca
Ademar Bezerra e Angélica
persona Luiz Carlos Martins
Daniele e Eugênio Pontes e Cláudio Cabral
Tiago e Priscila
Celina e Airton Queiroz
Ronaldo e Cláudia Nunes
Padrinhos do noivo
Nadja e Dão Cabral em família
Edmar e Mirinha Feitosa
Priscila e Tiago, filhos de Suzy e Edmar Feitosa, Márcia Silva e Rafael Leal, uniram-se em emocionante cerimônia realizada na Igreja do Pequeno Grande, seguida de recepção no La Maison. Troca de alianças.
Fotos: Auston
Sílvio e Silvinha de Castro
Paulo e Alódia Guimarães e filha
Yolanda Queiroz, Luiz Pontes e Renata Jereissati
Noivos com Ticiana e Edson Queiroz Neto
Pais dos noivos
Luciano e Denise Cavalcante
Erivaldo Araes
Aloísio Ximenes
ÚltimaPágina
O futuro da radiodifusão brasileira
P
Por Daniel Pimentel Slaviero
or três dias, a capital federal foi o
palco principal dos debates sobre o setor de rádio e televisão brasileira. Empresários do setor, comunicadores, técnicos e pesquisadores abordaram assuntos como liberdade de expressão, novas tecnologias, marco regulatório e gestão de empresas durante o 25° Congresso Brasileiro da Radiodifusão. O segmento marcou posição sobre temas estratégicos, como liberdade de expressão comercial, o combate à radiodifusão ilegal e a participação na
possibilidade de transição para o padrão digital era muito esperada pelas emissoras. Com a participação de renomados profissionais de diversas áreas do conhecimento, durante o congresso, reafirmamos a defesa unânime do Conar como exemplo de auto-regulamentação da propaganda. Para o setor da radiodifusão, que responde por 0,49% do PIB, gera 302,6 mil empregos (diretos e indiretos) e fatura mais de 14 bilhões de reais ao ano, a publicidade responde por 89% da receita das
Para o setor da radiodifusão, que responde por 0,49% do PIB, gera 302,6 mil empregos (diretos e indiretos) e fatura mais de 14 bilhões de reais ao ano, a publicidade responde por 89% da receita das emissoras (FGV). Conferência Nacional de Comunicação. Do ponto de vista econômico, o congresso superou as expectativas mais otimistas: a 22ª Feira Internacional de Equipamentos e Serviços, que contou com a presença de 94 empresas, comercializou R$ 38 milhões. Com 1,5 mil participantes, a edição deste ano aconteceu em um momento de grandes transformações tecnológicas que impactam todas as formas de comunicação. Além disso, marcou 47 anos de debates sobre a comunicação no país, promovidos pela Abert. No congresso, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, anunciou a assinatura da portaria para a realização de consulta pública que permitirá a concorrência dos principais padrões digitais de rádio do mundo e, posteriormente, a definição do modelo a ser adotado pelas milhares de emissoras brasileiras. Quase centenário, o rádio brasileiro é o único remanescente no ambiente analógico e, portanto, a 50 | Fale! | MAio DE 2009
emissoras (FGV). Também definimos os principais eixos de discussão para as pré-conferências e o evento final da Confecom, em dezembro, em Brasília. Acreditamos nela como uma oportunidade de discutir o futuro das comunicações, a convergência tecnológica e as novas mídias. E ainda evidenciamos durante o congresso a necessidade premente de aperfeiçoamento da gestão dos processos em tramitação no Ministério das Comunicações. Enfim, não temos dúvida de que as conclusões e diretrizes produzidas neste congresso servirão para consolidar nossa atuação em um cenário de convergência, cada vez mais complexo e desafiador, que elimina fronteiras entre os meios de comunicação, torna mais veloz o acesso a informações e redesenha, pouco a pouco, a maneira de fazer negócios. n Daniel Pimentel Slaviero é Presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão — Abert
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Hoje em dia, são mais do que conhecidos os benefícios que as ATIVIDADES FÍSICAS e outros hábitos saudáveis trazem para a nossa VIDA, para a nossa SAÚDE. Frequentemente estamos presenteando as pessoas que gostamos com produtos físicos, quando poderíamos estar lhes proporcionando a melhoria, a extensão do seu principal bem: sua VIDA, sua SAÚDE, com muito mais satisfação e qualidade. A META, como maior rede de academias do Ceará, tem consciência disso e oferece vários programas para beneficiar você, seus familiares, seus amigos e até companheiros de trabalho:
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