Revista Fale! Edição 57

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Revista de informação ANO VI — Nº 57 OMNI EDITORA

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TASSO 6.0

uma entrevista biográfica com o influente político e empresário que completa 60 anos de vida

R$

9,00

Por Isabela Martin

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Foto Valter Campanato_ABr

CartadoEditor

Monumento a Iracema, na avenida Beira-Mar, em Fortaleza. Ao lado, acima, monumento a Lincoln, em Washington DC seguido pelo monumento aos Bandeirantes, em São Paulo

As entranhas de Martin Soares Moreno

B

ARACK OBAMA ESCOLHEU O LIN-

coln Memorial como palco de manifestações públicas, consolidando seu respeito a um dos ícones da pátria e sua fé na democracia. A representação marcante de Lincoln é uma gigantesca estátua esculpida em mármore branco, mostrando um Lincoln sereno e ao mesmo tempo imponente na sua simplicidade. Os turistas não resistem a uma fotografia ali. O lugar é ponto de referência e atração. A escultura é limpa e intocável. São Paulo, Parque do Ibirapuera. Está lá o monumento aos Bandeirantes, do escultor Victor Brecheret, elevado sobre um consistente pedestal, | Fale! | JANEIRO DE 2009

representando a saga dos que conquistaram a muralha. E assim, pelo mundo inteiro, a representação icônica em escultura é usada como elemento de promoção, validação e memória, sempre inspirada em fatos históricos marcantes. Não mais das vezes, viram atração turística e orgulho para o cidadão que habita o local. Essa tese não vale para o município de Fortaleza desde setembro de 2008. Sob as vistas grossas do gestor público, o monumento que representa Iracema e o guerreiro branco, inspirado no romance Iracema, do genial escritor cearense José de Alencar, está www.revistafale.com.br

aos frangalhos, numa desconstrução que se agrava a cada dia no ponto turístico mais visitado de Fortaleza, a orla da avenida Beira-Mar. Trata-se de uma escultura do pernambucano Corbiniano Lins, inaugurado em 24 de junho de 1965. A cena mostra Iracema, o “guerreiro branco” Martim Soares Moreno, o filho de ambos, Moacir, e o cão Japi. De Martin Soares Moreno, vê-se as entranhas, em ferro. Iracema perdeu a mão e a base se deteriora. É essa a imagem que os turistas estão levando de Fortaleza. Um ato de vandalismo, sim, mas também um retrato de descaso e de inapetência gerencial. n


Editor&Publisher Luís-Sérgio Santos Editor Senior Isabela Martin Editor Associado Luís Carlos Martins Diretor Comercial Paulo Sérgio Cavalcante

ISSN 1519-9533

Janeiro de 2009  Ano VI  N 57 o

© 2009 Omni Editora

Economia

36A crise global CAPA: FOTO JARBAS OLIVEIRA

Germinada nos Estatos Unidos e rapidamente espalhada para o mundo todo, a crise econômica internacional bate à porta do Brasil, reduzindo a produção industrial e aumentando o desemprego. Como reagir?

40 e N T REVI S TA

18Tasso aos 60

Uma entrevista biográfica com o empresário e maior nome vivo da política cearense, que chegar aos 60 anos

P O LÍ T ICA

Em abril, o Ceará vai sediar a BNTM 2009, evento internacional de negócios em turismo como foco de vendas para a Europa e EUA

14A maldição do vice

S E Ç Õ E S

46Morte sobre rodas

06 Talking Heads 08 Arena Política 10 Online

A eleição da mesa da Câmara dos Vereadores de Fortaleza foi o argumento para a ruptura pública entre a prefeita e seu vice

S O CIEDA DE

12 Entrevista 50 Carros 53 Persona

Frota de motos cresce de modo vertical, e os acidentes com elas são hoje problema de saúde pública

EDITOR&PUBLISHER Luís-Sérgio Santos EDITOR SENIOR Isabela Martin Editor Associado Luís Carlos Martins REDAÇÃO Adriano Queiroz EDITOR DE ARTE Jon Romano e

Everton Sousa de Paula Pessoa ARTE Itallo Cardoso ASSISTENTE DE ARTE Luís Sérgio Santos JR Revisão Priscila Peres COLABORADORES Roberto Martins Rodrigues e Roberto Costa IMAGEM Agência Brasil, Reuters REDAÇÃO E PUBLICIDADE Omni Editora Associados Ltda. Rua Joaquim Sá, 746 

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Fale! é publicada pela Omni Editora Associados

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O Livro do Ano 2008-2009. A história é de quem faz. O mais completo documento de 2008 e os cenários para 2009. Mais um lançamento da Omni Editora.

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TalkingHeads

Ad commodum Ad commodum suum quisquis suum callidusquisquis est.

Foto Valter Campanato_ABr

callidus est.

Tenho certeza de que à hora que ele puder falar, a primeira coisa que vai dizer é que é preciso reduzir a taxa de juros. brinca otimista após visitar o vice-presidente José Alencar, submetido à cirúrgia para retirada de tumor cancerígeno Presidente LULA,

G A N H A R N O GRI T O

A melhor maneira de construir um bom cenário para 2010 é um bom governo.

sobre o asilo político concedido ao italiano Cesare Batistti, que foi condenado à prisão perpétua na Itália por homicídios quando pertencia ao grupo PAC (Proletários Armados pelo Comunismo). LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA,

Geraldo Alckmin,

ex-governador de São Paulo e novo secretário de Desenvolvimento do Estado, sobre sua aproximação com o governador José Serra.

Podemos ganhar a eleição com Aécio Neves ou com José Serra. Sérgio Guerra, senador

e presidente do PSDB, convicto da vitória em 2010.

O PSDB não pode deitar em berço esplêndido e achar que, porque seus candidatos aparecem à frente das pesquisas, já venceu as eleições. Aécio Neves, governador

de Minas Gerais, defendendo a realização de prévias em seu partido, a exemplo do PT.

Não há nenhuma razão para termos medo dessa crise. LULA, assegurando

que o seu governo não vai deixar faltar recursos para financiar obras

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Estamos frustrados e infelizes com a decisão do governo brasileiro.

ministro italiano da Justiça sobre o asilo político que a justiça brasileira concedeu a Cesare Battisti. ANGELINO ALFANO,

Vou falar na condição de senador da República, bisneto de Francisco Matarazzo e neto de Andréa Matarazzo. senador (PT), se dispondo a ir à Itália para explicar o asilo político que o Brasil concedeu a Cesare Battisti. EDUARDO SUPLICY,

Estávamos prontos para acolher o Brasil e escoltá-lo para o G8. Alfredo Mantica, vice-ministro

de Relações Exteriores incinuando que os italianos – que atualmente presidem o grupo – podem dificultar um convite ao Brasil para se juntar às grandes potências econômicas.

MINO CARTA sai de cena.“Isto tudo me leva a uma conclusão desoladora,

embora saiba de muitíssimos leitores generosos e fiéis: minha crença no jornalismo faliu. Em matéria de furo n’água, produzi a Fossa de Mindanao, iludi-me demais, mea culpa. Donde tomo as seguintes decisões: despeço-me deste blog e, por ora, calo-me em CartaCapital.” eles não se entendem

Ou ele não entendeu nada ou não foi correto comigo. Reinhold Stephanes,

ministro da Agricultura, não aceita o rótulo de líder dos ruralistas e acusa o colega Carlos Minc

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Nosso problema não é com a agricultura, é com o ministro Stephanes. Carlos Minc,

ministro do Meio Ambiente, critica Stephanes por defender a redução das áreas de proteção ambiental nas propriedades rurais

Foto Marcello Casal Jr_Abr

t u c a n os n a s u c e ss ã o 2 0 1 0

É uma decisão do estado. Alguma autoridade italiana pode não gostar, mas tem que respeitar.


TalkingHeads E S P E C I A L

Ele representa a América, ele é multiracial e eu estava esperando que isso pudesse acontecer em minha vida.

O B A M A

Penso que ele é um homem bom que ama a sua família e o seu país. presidente BARACK OBAMA,

dos Estados Unidos, sobre seu antecessor, George W. Bush, em entrevista à rede CNN.

campeão do campeonato Aberto dos Estados Unidos de Golfe norte-americano, sobre a chegada de Barack Obama à presidência TIGER WOODs,

Eu rezo para que você confirme sua determinação em promover a compreensão, cooperação e paz entre as nações, para que todos possam dividir o banquete da vida que Deus quer servir à toda família humana. Papa Bento XVI

O que nós precisamos é de uma nova governança global e uma nova base para prosperidade. Eu sinceramente acredito que a Europa e os Estados Unidos precisam trabalhar juntos e com nossos parceiros pelo mundo para elaborar e implementar uma nova agenda para a globalização.

José Manuel Barroso, presidente

da Comissão Europeia

Acredito de todo meu coração que é uma nova era para a América. Hillary Clinton, em

seu primeiro dia de trabalho como Secretária do Estado do governo de Barack Obama.

Nós estamos ansiosos que ele comece a trabalhar para que, com ele, nós possamos mudar o mundo.

O mundo mudou, e precisamos mudar com ele.

BARACK OBAMA, em

dia 20 de janeiro.

Compartilho sua intenção de buscar soluções políticas para os grandes problemas que ameaçam a segurança coletiva no mundo de hoje desde uma perspectiva multilateral.

Nicolas Sarkozy,

presidente da França.

Ele é não apenas o primeiro presidente americano negro, ele está determinado em mudar os problemas do mundo. Gordon Brown,

discurso de posse no

primeiro-ministro britânico.

LULA, em

uma mensagem de felicitações a Barack Obama enviada no dia 21 de janeiro de 2009

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JANEIRO DE 2009 | Fale! |


ArenaPolítica Obama cream

Já é possível experimentar o Obama, nome do novo sabor de sorvete da famosa sorveteria 50 Sabores, em Fortaleza. A iguaria é feita de côco, chocolate e caramelo. Segundo quem provou, o Obama é gostoso! Yes, we cream!

Arrecadação recorde

ARTICULAÇÕES DE OLHO EM 2010

E

stá todo mundo de olho nas alianças que darão combustível para a eleição de 2010. Os maiores partidos do País aproveitarão 2009 para definir os nomes que vão liderar as negociações. Nos próximos meses, PT, PSDB, PMDB e DEM precisarão colocar ordem na própria casa e reorganizar as direções partidárias tendo em vista a disputa eleitoral. No PT, o deputado Ricardo Berzoini (SP) não poderá exercer um novo mandato à frente do partido, mas deverá pavimentar o caminho para que sejam fechadas alianças. O sucessor de Berzoini terá uma tarefa árdua: apaziguar as correntes da sigla e impedir que conflitos atrapalhem a corrida eleitoral. No PMDB, o mandato do presidente da sigla, deputado Michel Temer (SP), termina em março. Mas o comando partidário poderá entrar em discussão após a

Foto Elza Fiúza e Fábio Rodrigues Pozzebom ABr

1 Retirou o excesso de pele nas pálpebras para atenuar o olhar cansado. 2 Reduziu os frisos na testa e alterou o desenho da sombancelha para tirar o ar de brava. 3 Mexeu na musculatura da face para deixar o rosto mais triangular. 4 Redefiniu o pescoço e o queixo através de uma lipoaspiração.

eleição para a presidência da Câmara, em fevereiro. Se vencer, Temer deve abrir mão da condução do partido. Já nos dois principais partidos de oposição, o PSDB e o DEM, a tendência hoje é de que sejam mantidos no cargo os atuais presidentes. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEMSP), e o presidente nacional do Democratas, deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), já defenderam publicamente o nome do governador paulista, José Serra (PSDB), para liderar a aliança de oposição. Apesar de não citarem diretamente o governador como candidato à presidência da República, os democratas sinalizaram que Serra seria o nome apoiado por uma frente que contaria ainda com o PPS, entre outros partidos. A intenção é ter o PMDB como aliado em 2010. Mas Aécio Neves e Geraldo Alckimin também disputam a indicação do partido.

Uma nova Dilma presidenciável De volta ao trabalho após férias e de

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Fernando Henrique, Serra e Alckmin

olho na disputa presidencial de 2010, a ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, 61 anos, apresentou seu novo visual. Em segredo, Dilma fez uma bioplastia de rejuvenescimento do rosto — procedimento semelhante a uma cirurgia plástica — em Porto Alegre (veja ao lado infográfico). A preocupação com a imagem se justifica. Se em 2008 a ministra foi chamada de “mãe do PAC” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aumentou muito a exposição ao público, em 2009 a maratona deverá ser ainda mais intensa. O próprio presidente Lula já afirmou que pretender ver Dilma em evidência.

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Mesmo com a extinção da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) e com o agravamento da crise econômica, o governo federal registrou recorde na arrecadação em 2008. Segundo números da Receita Federal, as receitas da União somaram R$ 701,403 bilhões. Levando em conta a inflação pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), esse valor é 7,68% a mais que os R$ 651,371 bilhões obtidos em 2007. Apesar do recorde para o ano, a crise econômica internacional fez no mês de dezembro, a arrecadação federal ter uma queda de 4,71% comparado ao mesmo mês de 2007.

Apertando o cinto

O ano mal começou e os efeitos da crise financeira mundial na economia brasileira farão com que o governo corte 37,2 bilhões do Orçamento Geral da União para 2009. De acordo com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, o corte é provisório, valendo até março, quando o governo deverá anunciar um contingenciamento na execução das verbas previstas. A

F R A S E

[O presidente Lula sonhou com uma marola e o ministro do Trabalho [Carlos Lupi] acreditou.]

Rodrigo Maia, deputado federal

(DEM–RJ), abre fogo contra e critica

as medidas tomadas contra a crise, as quais não evitaram demissões


Notícias. Internet passa

jornais [e vai passar TV] O gráfico abaixo dá uma ideia

xenofobia cresce no mercado americano Do Congresso aos movimentos populares, ativistas anti-imigração encontram na recessão dos Estados Unidos um prato cada vez mais cheio para aumentar seus protestos. E, embora os slogans não sejam inéditos, o novo contexto econômico oferece a cultura ideal para a proliferação de ecos perigosos, dizem analistas. Veio do Congresso o exemplo mais recente da pressão. Quando a Microsoft anunciou no último dia 22 de janeiro que demitiria mais de 5.000 devido à crise, o senador republicano Chuck Grassley, de Iowa, escreveu uma carta à empresa pedindo que seu executivochefe dispensasse primeiro trabalhadores estrangeiros com visto H-1B — de trabalho qualificado temporário.

Dois contra “ÚNICA”

P

aís a fora, surgem notícias sobre acordos entre patrões e empregados para tentar evitar demissões. Para alguns seguimentos da indústria, cortar gastos com funcionários e reduzir a produção são as únicas soluções para manter as empresas funcionando. A principal e mais polêmica proposta dos patrões é a redução da carga horária de trabalho e com a também redução dos salários. A medida não tem agradado os sindicatos, que têm se mostrado totalmente contra essa medida. Vale lembrar que a decisão final é dos funcionários e que a ações dos sindicatos se resumem em intermediar as negociações. Algumas empresas em situação financeira melhor estão reduzindo a jornada de trabalho, mas mantendo os salários. As horas não trabalhadas terão de ser compensadas após o fim da crise. Entre as principais representações do trabalhadores no Brasil, a Força Sindical é a favor da redução de jornada e salários, se essas garantem a estabilidade do empregado. Já a Central Única dos Trabalhadores – CUT é totalmente contra a redução dos salários.

“A Microsoft tem uma obrigação moral de proteger os trabalhadores americanos ao priorizar seus empregos durante esses tempos difíceis”, argumentou o senador. Organizações civis seguem na mesma linha. A Coalizão para o Futuro do Trabalhador Americano (CFAW), que reúne grupos antiimigração, iniciou em 2009 uma campanha de TV associando o desemprego aos trabalhadores estrangeiros, como os com o visto H-1B. “No ano passado, 2,5 milhões de americanos perderam seus empregos”, diz o comercial. “Ainda assim, o governo continua a trazer para os EUA 1,5 milhão de estrangeiros por ano para pegar os postos de trabalho americanos. Será o seu emprego o próximo?”

A S F R A S E S

[Quem se posiciona contra a medida está a favor do desemprego, o momento é de fazer média.]

Paulo Skaf, presidente da Fiesp – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, sobre a redução comum da jornada de trabalho e dos salários

[Nossa principal meta é garantir o emprego.]

Paulo Pereira da Silva, o Paulinho,

presidente da Força Sindical

[Várias empresas receberam benefícios fiscais e empréstimos de bancos públicos. Algumas se aproveitam para propor flexibilização, sendo que determinados setores têm condições de manter empregos.]

Artur Henrique, presidente da CUT – Central Única dos Trabalhadores, contra a proposta da Força Sindical e da Fiesp

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da transformação que a indústria de notícias já enfrenta hoje e também a pedreira daqui pra frente. Ele mostra que os jornais foram superados pela internet como fonte de informação nos EUA. Os totais de audiência, somados, passam de 100% porque a resposta é de escolhas múltiplas. O resultado da pesquisa pode ter sido resultante da campanha eleitoral americana, já que Barack Obama usou fortemente a rede em sua propaganda, o fato pode ter aumento as busca por mais notícias.

audiência das notícias 82

80

74

45

74 50 42

20 13

73

74

36

37

20

21

74

70 televisão

34

40 internet 35 jornais

46

24

24

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2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Fonte: The pew research center for people and the press

NIEMEYER DESISTE DE PRAÇA

O arquiteto Oscar Niemeyer jogou a toalha e desistiu do polêmico projeto da Praça da Soberania, que pretendia construir na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Após prometer insistir na ideia, ele anunciou o recuo em artigo publicado no jornal “Correio Braziliense”. Aos 101 anos, Niemeyer revelou contrariedade com as críticas e disse que a praça passaria a ser o principal monumento de Brasília. Mas admitiu alívio com o fim da inusitada polêmica. No artigo, intitulado “Decisão”, o arquiteto atribuiu a desistência à suposta falta de recursos do governo do Distrito Federal para financiar a obra. Em janeiro, o governador José Roberto Arruda (DEM) prometeu inaugurá-la até 21 de abril de 2010, data do cinquentenário de Brasília.

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OnLine Afastamento da Apple

O presidente-executivo da Apple, Steve Jobs, pediu afastamento da empresa até junho por questões de saúde não divulgadas. Até lá, quem assumirá suas funções é o chefe de operações da Apple, Tim Cook. Porém, mesmo ocupado com seu tratamento, Jobs afirmou que continuará envolvido nas principais decisões estratégicas de sua empresa.

[

A web é uma grande plataforma, e o importante é que é uma tela em branco, sobre a qual todos poderão fazer coisas com as quais eu nunca sequer sonhei.] Tim B erners - Lee , c ria d o r d a Wo rl d Wi de We b (W W W)

Youtube e direitos autorais

Depois de ter retirado do ar todos os vídeos dos artistas da gravadora Warner, o Youtube adotou uma nova política de proteção de direitos autorais. Antes, os usuários que postassem vídeos com músicas que infringiam a propriedade intelectual do artista eram notificados e tinham seus vídeos removidos do site. Agora, o Youtube oferece uma nova opção para os usuários, que consiste em retirar o áudio de suas produções, permitindo, assim, a continuidade dos vídeos na rede.

Las Vegas, a capital da tecnologia

A

maior feira de eletrônicos de consumo do mundo, a Consumer Electronics Show, que teve início no dia 8 de janeiro, em Las Vegas, é um verdadeiro parque de diversões para os amantes de tecnologia, onde centenas de empresas antecipam as tendências do ano. Um dos grandes destaques da edição deste ano foram os netbooks – laptops ultraportáteis, que decolaram no mercado ano passado e estão reescrevendo as regras do setor de computação que anda em crise. Para os fabricantes, a expectativa é que os netbooks se tornem um produto adicional aos laptops e desktops – e não seus substitutos, de forma a impulsionar as vendas do setor. No ramo de telefonia celular, as atenções dos fabricantes se concentraram nos lançamentos que seguem o “padrão iPhone”, com tela sensível ao toque e tecnologia 3G. Destaques para o novo smartphone da Palm, o Pre, que no dia

de sua apresentação fez as ações da empresa subirem 34,85%. Seu diferencial está no novo sistema operacional, o WebOS, cuja interface facilita operações multitarefa e não trabalha com o conceito tradicional de “janelas”. No mercado de TVs, a tendência é a de convergência de funções. Além de apresentar aquela que chamou de “a TV de LCD mais fina do mundo”, com 6,5 mm de espessura e tecnologia LED de diodos emissores de luz, a Samsung anunciou uma parceria com o portal Yahoo para levar conteúdos online a diversos modelos de TV. Segundo a proposta, o telespectador, munido apenas de seu controle remoto, se transformará em um verdadeiro internauta do sofá. Tudo graças aos widgets, ou aplicativos de serviços online, que serão disponibilizados na tela do aparelho com o apertar de um botão. Outra que seguiu a tendência e vai levar os widgets do Yahoo aos modelos de plasma e LCD é a LG.

O QUE É NOVO

A VOLTA DA POLAROID Também durante a CES, a americana Polaroid anunciou o lançamento da versão digital das câmeras instantâneas que tornaram a empresa mundialmente famosa. A PoGo, que reto-

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Balanços trimestrais e a crise

A divulgação dos balanços do último trimestre de 2008 pelas grandes empresas de tecnologia revela que a crise econômica mundial afetou significativamente o setor. A Sony Ericson, terceira maior fabricante de celulares do planeta, anunciou um prejuízo superior ao esperado, US$ 346 milhões, e planeja reduzir seus custos em mais de US$ 180 milhões em 2009. Outras que também planejam cortes são a Microsoft e até o sólido Google Inc., que demitiu um total de 100 profissionais responsáveis pelo recrutamento de novos, depois que teve sua previsão de crescimento reduzida de 60% para 20% em 2009.

O substituto do Windows Vista

Como anunciado durante o discurso de abertura da Consumer Eletronics Show pelo novo diretorexecutivo à frente da Microsoft, Steve Ballmer, a empresa disponibilizou oficialmente para download, no último dia 9, a versão de testes do seu novo sistema operacional – o Windows 7 –, que substituirá o polêmico Windows Vista. A distribuição da nova plataforma, no entanto, foi limitada somente aos primeiros dois milhões e meio de downloads. Em decorrência da intensa procura por parte dos usuários, o site da empresa chegou a travar, interrompendo a distribuição do software por algumas horas.

2009, ano decisivo para o Blu-Ray

A tecnologia Blu-Ray, que venceu a guerra da nova geração de tocadores contra o HD-DVD e encara 2009 como ano decisivo para sua consolidação, apareceu na CES como o padrão oficial de vídeos em alta definição do evento, ganhando atenção entre diversos fabricantes. Um dos destaques foi a japonesa Sharp, que apostou no formato e anunciou o lançamento da Aquos BD, uma TV de LCD com tocador de Blu-Ray embutido, com tamanhos que variam entre 32 e 52 polegadas. Seu lançamento está previsto ainda para o começo deste ano.

ma a tecnologia da impressora Zink e pode imprimir sobre papel térmico colorido imagens de 5 x 7 cm, foi lançada um ano depois de a Polaroid anunciar o fim da produção das câmeras instantâneas que se tornaram o ícone da empresa.

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A PoGo mede 11,75 x 7,5 cm e pesa menos de 300 gramas. A foto impressa sai da parte de trás da máquina e não por baixo, como acontecia nas tradicionais. O aparelho será comercializado nos Estados Unidos a partir de março e custará 200 dólares.


lugar de

tecnologia é na cozinha

Depois de invadir os outros ambientes da casa, as tecnologias chegam aos eletrodométicos e tornam a cozinha um ambiente confortável e sofisticado, uma tendência mundial. As inovações passam pelos materiais sofisticados, como o vitrocerâmica, e ecologicamente corretos e que ocupam menos espaço, chegando a avançados sistemas de timer e segurança. O design e a beleza das peças chamam a atenção e transformam a cozinha em uma extensão da sala de estar. Fogão de vidro

O Ceramic Cooktop Touch Control, da Bosch, tem mesa vitrocerâmica com acionamento por toque e luzes de calor residual. Timer sonoro independente para cada uma das 4 áreas de cozimento, 17 níveis de aquecimento, turboaquecimento, trava de segurança e luzes de calor residual. Outros modelos da marca também incluem sistema de autodesligamento. O tamanho compacto racionaliza o espaço da cozinha.

Beleza e tecnologia

A linha Glass Edition, da Bosch, possui visual moderno, dando um toque de elegância e requinte em qualquer cozinha. Possui porta de vidro temperado Safety Glass e a maior capacidade da categoria, além de ser 100% ecológica, pois utiliza Gás R600a, que não agride a camada de ozônio, e ainda a função Ice Maker.

ESPELHO MEU Com design moderno, o Microondas Digital

PORTAS DE VIDRO

Inox, da GE, é diferenciado. O painel dinâmico é todo digital e, quando o produto está desligado, fica oculto sob o espelho. Tem interior em aço inox e possui função grill.

Adega de vinhos, da GE, tem acabamento em aço inox e porta de vidro duplo, temperado e curvo. Mais proteção para os vinhos contra os raios solares.

Aroma sem fumaça

Cozinhar sentindo apenas o aroma da comida, sem a incômoda fumaça é o que garante a Coifa Island, da Fischer. Fabricado em aço inox e vidro temperado, possui 4 lâmpadas de 20W e filtro metálico lavável manualmente ou em lavadoura de louças. www.revistafale.com.br

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Entrevista

10 PERGUNTAS PARA

E

Raquel Barros la começou na Mark Propaganda, passou pela Ágil Publicidade e pela

DM9. Hoje é diretora da Dez Comunicação Integrada, que tem muitos cases, como os da farinha de trigo Finna, a TV União, a nova embalagem dos sucos Jandaia e Flamingo, além da fábrica de lingeries Finna Paixão. Em 2007, a agência levou o GP Verdes Mares de Propaganda, na categoria de Planejamento de Comunicação, pela campanha da nova embalagem do Cream Cracker Fortaleza, do grupo M. Dias Branco. A publicitária, que tem um pé no mundo das letras, assina também a coluna “Mkt Max”, no jornal Diário do Nordeste. Polêmica, Raquel Barros critica a proliferação do que chama de “eu-gências”, a visão romântica dos recém-formados em publicidade, a falta de visão da maior parte do empresariado e a concorrência desenfreada que marca o mercado de comunicação no Ceará. Apaixonada pelo trabalho, a publicitária levanta a bandeira do marketing, do conceito de comunicação integrada e da importância do cliente. Fale! Como foi a sua formação profissional?

A minha formação na verdade é em literatura. Eu fiz Letras, mas trabalho com publicidade há mais de 15 anos. Comecei ainda muito jovem, na Mark Propaganda, que era referência aqui no Estado e no Norte-Nordeste. Eu levei um caderninho de coisas que escrevia para o diretor da agência, o Nazareno Albuquerque. Ele leu aquilo, olhou com aquele olhar publicitário, que adjetiva tudo. “Ah, isso é muito kafkaniano”, disse. Eu que já tinha lido muito Kafka... não tinha nada a ver (risos). Falei que não entendia nada de publicidade, mas que se ele me ensinasse eu ia ser muito boa nisso, porque eu sempre fui uma pessoa muito determinada. Fale! Como foi a experiência com o publicitário Nizan Guanaes?

Depois dessa experiência na Mark eu fui para São Paulo. Estudei, voltei para cá, passei quase oito anos sendo diretora de criação da Ágil Publicidade. Quando a gente tinha a conta do governo Tasso, ele fechou uma assessoria com o Nizan Guanaes e eu acabei conhecendo o Nizan e indo para a DM9. Na DM9, uma das lições que eu achei mais válidas foi quando eu estava fazendo uma campanha para o governo federal sobre doação de órgãos. Fiz umas três ou quatro páginas de conceitos, fui mostrar lá para o Nizan e ele disse: “Tudo bem, quando tiver oito, você volta”. E eu voltei e cheguei lá com as oito páginas. Ele simplesmente rasgou as sete sem ler, ficou com 12 | Fale! | JANEIRO DE 2009

a última página e perguntou: “Aqui que é a última?” Eu respondi: “É”. Então ele disse: “Aqui deve estar com os melhores conceitos”. E esse era o conceito que ele levava a sério: que propaganda não é inspiração, é transpiração. Fale! Como você enxerga a evolução do mercado publicitário cearense?

Nós fomos educados com a ideia de que se a gente tivesse que dar certo teria de sair do Ceará. E acho que essa realidade está mudando. Aqui no Ceará tem grandes talentos, o cearense é criativo por natureza, um povo inventivo, de habilidades fantásticas, que pensa e tem raciocínio rápido. Mas acredito que o nosso mercado de publicidade ainda deixa muito a desejar, estamos caindo em termos de conceito criativo. Eu fico vendo os outros mercados aí... Em bloco, eles defendem a propaganda do estado, entre si eles concorrem, mas juntos eles sabem se defender. Aqui existe muita falta de coesão. Fale! Por que o empresariado cearense ainda não acordou para a importância do marketing?

Os nossos grandes anunciantes são oriundos do comércio, a atividade econômica principal do Ceará, historicamente. Então, há essa maneira de encarar a propaganda, como um custo e não como um investimento. Quando na verdawww.revistafale.com.br

Hoje, no Ceará, nós temos boas revistas, jornais interessantes, que devem ser utilizados nas empresas, não simplesmente com a função da publicidade em si, mas de uma forma contínua para formação de marca.


de a gente está vivendo uma revolução no mundo globalizado, onde se pode terceirizar completamente o processo industrial. Nesse futuro, o marketing vai ocupar uma função muito mais importante que o comercial. Quando você tem uma empresa que se comporta do ponto de vista embrionário, ela lança um produto e deseja que o mercado absorva. Então lançam suas campanhas quando precisam se comunicar com o cliente, para uma promoção, para vender alguma coisa. Não estão preocupadas com a formação da imagem de marca. Mas hoje a única moeda de barganha que uma empresa tem é a sua marca. Se ela não tem uma marca que o consumidor sinta falta na prateleira é o varejo quem vai dar as cartas. Fale! Há alguém fazendo diferente por aqui, quem foi mais eficiente nesse processo de formação de marca no Brasil?

A gente vê algumas iniciativas isoladas. Mas isso eu acredito que é uma tendência muito cultural do Ceará. Infelizmente, em geral, as empresas cearenses, que são na maioria familiares, não conseguem enxergar ainda o valor da marca. Hoje o ativo maior de uma empresa é a sua marca. Eu sempre digo que qualidade não é só o que você coloca dentro do seu produto, é o que o consumidor percebe. Quem disse que uma Brastemp é melhor que a Cônsul, se elas são a mesma empresa, se elas têm a mesma tecnologia? Foi a propaganda. Eles passaram 20 anos incutindo essa ideia na nossa cabeça. Então, criar essa percepção de qualidade é, às vezes, muito mais importante do que ir para um laboratório e tentar achar diferenciais tecnológicos e colocar no produto. Porque isso vai ser copiado. Fale! Como está sendo a experiência de articulista do Diário do Nordeste?

A Marketing Max, ou MKT MAX é uma experiência super interessante. Na verdade quando nós começamos,

eu e a Cláudia Rebouças, que é a minha companheira de coluna, não imaginávamos que a coluna ia ter um feedback tão interessante da parte de empresários, de estudantes de publicidade. É um espaço que a gente dedica, não para dar respostas ou ensinar ninguém, mas navegar por vários mares do marketing. A gente lê muito, estuda as pautas, vê o que está acontecendo fora e quais são as tendências do marketing, aborda assuntos de grandes livros do All Riser, Jack Trout, etc, e tenta colocar numa linguagem mais usual, para que as pessoas possam absorver. E as pessoas dão retorno dizendo: “Olha, é a primeira vez que eu leio sobre marketing e eu entendo”. Escrevem e-mails perguntando: “Como é que eu posso abordar esse conceito no meu negócio com uma verba que eu não tenho?” Fale! Como o jornalismo e a assessoria de imprensa podem ajudar o marketing hoje?

Eu tenho um conceito de que a comunicação é a comunicação de uma forma integrada. A gente não precisa “departamentalizar”. Eu sempre trabalhei muito com jornalistas e acredito muito na assessoria de imprensa. Não a assessoria de imprensa de fazer autoelogio à pessoa física, de simplesmente escrever notinhas calorosas. Eu acredito na assessoria de imprensa para a formação de marca. Eu acho um elemento fundamental e pouco utilizado nas empresas. Hoje, no Ceará, nós temos boas revistas, jornais, produtos jornalísticos interessantes que devem ser utilizados nas empresas, não simplesmente com a função da publicidade, mas de uma forma contínua para formação de marca. Fale! O diferencial dos cases da Dez Comunicação Integrada é o Planejamento de Comunicação?

Mudar a embalagem de um produto, tão consolidado como o Cream Cracker Fortaleza, para justamente ela estar antenada às tendências de embalagem

e valorizar o produto no ponto de venda foi uma campanha de riscos muito grandes. Então tinha de ter um bom planejamento, e as coisas serem feitas de mãos dadas com a empresa, discutindo cada ponto. Fale! O que falta na formação dos nossos publicitários e como melhorar os cursos de publicidade, propaganda e marketing?

O grande problema é que existem muitos cursos e há pouca vivência. Os publicitários recém-formados vêm com uma visão muito romântica e quando chegam dentro de uma agência muitas vezes vêm para fazer carreira e não para contribuir com os planos de comunicação de um cliente. É importante que exista a vivência em publicidade e é muito difícil isso dentro de uma universidade. Os próprios professores nunca foram publicitários. O que pode ser melhorado dentro dos cursos é aproximar mais a parte acadêmica da parte funcional do mercado publicitário, porque essa parte laboriosa de esculpir o talento é a maior dificuldade. Fale! Como você enxerga a regulamentação publicitária no Brasil, quais são os principais problemas?

As leis da nossa regulamentação são leis sérias. Cada um tem que entender um pouco da sua profissão e ser ético. Fortaleza é um dos mercados que mais preocupa o CENP – Conselho Executivo das Normas-Padrão de Agências de Publicidade no Brasil. É preciso que as agências entendam que o grande diferencial de uma agência é traçar soluções para os seus clientes. O que a gente está vivendo hoje é uma briga acirrada pelo menor custo. Hoje se tem uma explosão do que eu chamo de “eu-gência”, ou seja, a agência do “eu mesmo”. É preciso entender qual é o conceito de se ter uma agência de comunicação e não ficar nessa briga acirrada, dando tiro no próprio pé, pois essa falta de coesão está destruindo o mercado. n

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Foto JARBAS OLIVEIRA

CAMPANHA. Luizianne Lins no palanque com seu vice Tin Gomes: os bons companheiros

Política

o BEIJO NÃO VEM DA BOCA

Marlon Cambraia e Isabel Lopes com Juraci Magalhães. Carlos Veneranda com Luizianne Lins. E agora Tin Gomes, mais uma vez envolvendo a atual prefeita. O que essas relações políticas têm em comum? Todas dizem respeito a vice-prefeitos que romperam ou, no caso de Tin, estão em vias de romper com o chefe máximo do Poder Executivo em Fortaleza.

N

Por Adriano Queiroz o primeiro mandato de Luizianne LINS, o ex-pessebista CARLOS

Veneranda, passou para oposição em meados de 2007, depois de gradativamente ir perdendo espaço na gestão e ter aumentado o tom das críticas à prefeita. Dessa vez, o rompimento entre o atual vice-prefeito Tin Gomes e a prefeita pode acontecer mais cedo. É que Luizianne Lins acusa o seu sucessor imediato de tê-la traído e conspirado contra ela no processo de eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Fortaleza. O candidato apoiado pela prefeita, Elpídio Nogueira (PSB), foi derrotado pelo candidato Salmito Filho (PT), apoiado por Tin Gomes. Salmito foi eleito sem nenhum voto dos seus colegas do PT na casa e contra a vontade da prefeita, de quem recebeu uma antológica rabissaca. Conhecer das entranhas da Câmara e bem relacionado com a maioria dos vereadores, foi fácil para Tin, presidente da casa entre 2005 e 2008, fazer seu 14 | Fale! | JANEIRO DE 2009

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sucessor. Enquando presidente, Tin Gomes revelou-se um cão de guarda dos interesses de Luzianne na casa. Agora, a coisa parece ter mudado. Tudo começou com a própria confusão na hora de escolher o vice-prefeito para compor a chapa com o PT. É que o PSB, partido do governador Cid Gomes, havia ficado de escolher um nome para a vice-prefeitura, a partir do acordo firmado entre os dois partidos, quando das eleições estaduais em 2006. Disputas internas do partido de Cid e o temor do PT de ter a candidatura de Luizianne Lins impugnada acabaram desembocando na escolha de Tin Gomes, do PHS, para o posto. Contudo, um novo acordo teria sido firmado entre a prefeita, o viceprefeito e o próprio governador para compensar a perda pessebista. O partido teria o direito de indicar o candidato da coligação à presidência da Câmara Municipal. Mas nos bastidores foram amadurecendo as candidaturas dos petistas Guilherme Sampaio e Salmito Filho, esse último tendo o apoio do vice-prefeito. Detalhe: apesar de petista, o vereador Salmito teve a última legislatura marcada por críticas fortes à gestão Luizianne Lins. Por parte do PSB, apareceu o nome da veareadora Eliane Novais, mas dado o fato de ser o primeiro mandato da vereadora e temendo-se insinuações de favorecimento àquela que foi cunhada da prefeita, logo o nome de Elpídio Nogueira a substituiu. Elpídio, um político de qualidade na Câmara, tinha as simpatias de Cid Gomes. No dia 1º de janeiro de 2009, data da posse dos novos vereadores, se inscreveram para concorrer à presidência: Salmito Filho, do PT; Elpídio Nogueira, do PSB; e João Alfredo, do PSOL. Salmito recebeu 24 votos contra 16 de Elpídio. João Alfredo teve apenas o próprio voto. No discurso pós-eleição, o novo presidente agradeceu o apoio de Tin Gomes. “Eu queria agradecer a um vereador que sofreu todo tipo de pressão imaginável e inimaginável, mas que não arredou o pé: Tin Gomes. Peço a cada liderança política desse Estado que nunca mais se intrometa nas decisões desta Casa.” A derrota política da prefeita e a vitória do grupo articulado pelo viceprefeito instalaram em definitivo o mal-estar entre os dois líderes do Exe-


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Estou triste, por ver que se faz política com lealdade e gratidão, mas que, às vezes, ela também é feita com traidores e conspiradores.” Luizianne Lins, após derrota na disputa pela

presidência da Câmara Municipal em 1º de janeiro de 2009. Ela queria outro nome para presidir a casa.

Se realmente eu fosse um conspirador, ela hoje não seria prefeita. Levei quatro partidos para a coligação e, além disso, o governador só entrou firme na campanha depois que entrei na chapa como vice.” Tin Gomes, ao rebater as acusações de ter conspirado contra a

prefeita Luizianne Lins, em 5 de janeiro de 2009

cutivo Municipal. Logo no discurso de posse, Luizianne Lins usou seis vezes a palavra “traição” e se mostrou nitidamente contrariada com os acontecimentos. “Estou triste, por ver que se faz política com lealdade e gratidão, mas que, às vezes, ela também é feita com traidores e conspiradores”, queixou-se. Tin Gomes se retirou da Câmara Municipal antes da cerimônia que marcaria a sua posse como vice-prefeito. A posse só se concretizou no dia 5 de janeiro. Nesse meio tempo, os personagens da confusão deram uma série de declarações à imprensa contando suas respectivas versões e trocando acusações. Salmito Filho foi o primeiro a rebater as insinuações de traição feitas eleição. Salmito Filho comemora a vitória ao lado de apoiadores na Câmara foto AnDré de lima pela prefeita. “Quem traiu Minha resistência ao nome do Tin quem? Se o meu nome foi colocado era exatamente isso. Se eu passei um pela prefeita, se a construção foi toda mês querendo o Raimundo Ângelo, coletiva?”, questionou. O vice-prefeito Tin Gomes só se manifestou depois de era porque eu tinha medo exatamente duas entrevistas bombásticas da predisso. Medo de ter um vice que feita Luizianne Lins ao Grupo O Povo manipula a Câmara Municipal. de Comunicação, onde ela direcionou Luizianne Lins, prefeita em entrevista ao as acusações a ele e poupou, em cerjornal O Povo, dando uma declaração inédita, ta medida, o presidente da Câmara. lembrando outro imbróglio, o da escolha do vice “Venci os dois. Chegaram a oferecer para a sua chapa nas Eleições de 2008, em 3 de janeiro de 2009 uma secretaria de Estado para o Salmito”, rebateu as críticas da prefeita e Se eu tivesse aceitado, sabe o que os supostos comentários do governador Cid Gomes. os vereadores iam pensar? ‘O Salmito Com o provável rompimento ense vendeu.’ tre a prefeita e o vice-prefeito, Tin já Salmito Filho, presidente da Câmara Salmito Filho, presidente da anunciou que deve concorrer a uma Municipal de Fortaleza, ao confirmar ter recebido Câmara Municipal de Fortaleza, vaga na Assembleia Legislativa em a oferta para ocupar a Secretaria Estadual do indignado com as insinuações da Trabalho e do Desenvolvimento em troca da 2010. Luizianne Lins ainda espera saprefeita de que ele a havia traído, em desistência da candidatura à presidência da ber que reflexos essa derrota terá em 3 de janeiro de 2009 Câmara, em 5 de janeiro de 2009 seu segundo mandato. n

Quem traiu quem? Se o meu nome foi colocado pela prefeita, se a construção foi toda coletiva? No dia 23 de dezembro, ela pede para eu retirar meu nome para lançar outra candidatura. Nem eu, nem Guilherme. Quem mudou de posição? Quem traiu quem?”

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História de Capa

TASSO, 60

uma entrevista Um dos mais influentes políticos do Congresso Nacional, na medição do Diap, o senador Tasso Jereissati é um dos ícones da história contemporânea do Ceará. Alavancado na política partidária pelo furacão das Diretas-Já a bordo do Centro Industrial do Ceará, Tasso Jereissati foi um marco de mudanças conjunturais implantando o Governo das Mudanças e estabelecendo uma dicotomia com o modo de fazer política no Estado. Sua vitória foi repleta de simbolismos como representante da modernidade e do novo, deixando o velho para trás. E assim foi eleito e reeleito novamente, cumprindo três mandatos. Nos intervalos, nunca se afastou da política local e ainda ampliou seu espaço de influência no cenário nacional, tendo sido presidente do PSDB por duas vezes. Por Isabela Martin

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Matér i a de ca pa

Nesta entrevista, Tasso conta que a vivência política e eleitoral ampliou sua visão de mundo ao lhe colocar em contato com a pobreza e o sincretismo religioso do povo cearense. Ainda sob o impacto das comemorações em torno dos seus 60 anos — idade que fez questão de comemorar em grande estilo numa megafesta para mais de mil convidados — diz que uma diferença essencial nessa nova fase é que os projetos são menos e mais na linha de “acabamento”. São vários os olhares sobre ele. É assimilado como “o Galeguim do Zói Azul” pelo povo humilde dos rincões cearenses, como “coronel do asfalA ENTREVISTA. O senador Tasso Jereissati respondeu perguntas da jornalista Isabela to” por desafetos Martin por cerca de duas horas, em seu políticos, e marescritório, em Fortaleza cado como “Era Tasso” por historiadores. Para os amigos e correligionários do PSDB, é simplesmente Tasso. O único ponto pacífico em torno dele é que se trata de uma personalidade polêmica que desperta amores e ódios. Sereno, diz estar numa fase sem disposição para comprar brigas, mas não deixou de alfinetar históricos adversários. No pulso, traz a força do sincretismo da fé e superstição: uma fita de Nosso Senhor do Bonfim, que ganhou quando esteve na Bahia durante o enterro do senador Antônio Carlos Magalhães, há cerca de dois anos. O nó — que vem resistindo ao tempo e aos esfregões — amarra três desejos não revelados. Presenteado com dezenas de santos que o cercam no escritório e em casa, deposita sua fé e proteção até na folha de uma planta do sertão que lhe foi dada como amuleto por uma romeira de Juazeiro do Norte e emoldurada para a posteridade. Para falar sobre as reflexões dos 60 anos, sobre política, crise financeira, alegrias e frustrações políticas, Tasso Jereissati recebeu Fale! no escritório de sua empresa, em Fortaleza. Foto Jarbas Oliveira

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Aniversário de 60 anos

Os 60 anos são mesmo uma marca pra gente. Para mim, os 50 também foram, mas acho que os 60 foi a data que pesou mais. Evidentemente que isso traz aqueles momentos de reflexão que você passa a olhar para trás e principalmente olhar pra frente, como quem está mesmo no segundo tempo. Mas não só quanto à política, também quanto à vida de uma maneira geral. Há algumas novas responsabilidades, e a gente muda um pouco. Começa a ver não só a vida, mas a nossa carreira de um ângulo diferente. Uma coisa é quando você vê a coisa de um ângulo em que há uma perspectiva de mais longo prazo, em que se coloca cheio de projetos. Outra coisa é quando você vê num zoom maior, e os projetos são menos, e mais de acabamento e de certas correções do que projetos de longo prazo.

A política modificando a vida pessoal

Eu digo que minha grande modificação ocorreu na minha primeira campanha para governador, em 1986. Talvez tenha sido o período mais rico da minha vida. Eu tive a oportunidade de ter um contato muito íntimo com o Ceará, com o povo de todas as regiões, de todas as classes, de todas as origens, de todas as rendas, de todas as crenças do Ceará. De estar num distritozinho, sentado conversando com as pessoas, entendendo aquele mundo que não era meu até então, passando pelas favelas, Federação das Indústrias, indo rezar junto nas igrejas evangélicas, em cultos que eu não conhecia e não participava antes. Entender aquilo tudo talvez foi a maior lição de enriquecimento que eu tive na minha vida porque eu vi que o meu mundo até então era muito pequenininho e que a realidade era uma coisa muito maior do que aquele mundinho em que eu vivia. Acho que dali em diante eu mudei bastante, e foi o período mais rico da minha vida.

Momento mais marcante na carreira política

Eu tive vários momentos de emoção, de decepção, de raiva, mas digo que o mais marcante foi o reconhecimento do Unicef quanto à redução


Nós vivemos hoje uma crise moral muito grande no Brasil. Aquilo que era gravíssimo há alguns anos na vida pública agora se tornou corriqueiro, se tornou banal.

Foto Jarbas Oliveira

da mortalidade infantil que, aliás, tinha sido o meu grande discurso de campanha quando eu falava de lutar para acabar com a miséria. Acho que a face mais cruel da miséria no estado era a mortalidade infantil em níveis africanos. Acho que o resultado e a clara demonstração de que aquilo era possível, que aqueles índices podiam se transformar e estavam se transformado, foi o momento mais marcante.

Há uma crise de liderança? Como era na época dele?

A história é uma soma de momentos. Realmente, na minha época, foi um momento. E havia a circunstância feliz em que nós tínhamos um grupo de pessoas que juntavam desde um preparo intelectual e acadêmico muito aprimorado a um espírito público muito grande e um compromisso muito grande de ver as coisas mudarem. É difícil encontrar essa circunstância e é difícil que ela se repita sempre. É difícil encontrar paralelo hoje em relação àquele nosso grupo de empresários do CIC [Centro Industrial

do Ceará]. Muito menos pelas empresas que tinham, mas muito mais pelos talentos que apareceram. Sem querer desmerecer ninguém, porque evidentemente tem muita gente boa hoje, mas um grupo discutindo a mesma coisa, ao mesmo tempo, com a mesma visão, interessado, com espírito público, com isso tudo somado é difícil você encontrar. Eu acho que foi uma circunstância, uma coincidência. Nós tínhamos o Inácio Capello, brilhante. Acho que foi uma das pessoas mais brilhantes que já conheci, que aparecia pouco e era um guerreiro, junto conosco todo tempo. Eu estou citando ele para falar de um que é pouco falado hoje, poucos o conhecem, mas tinham vários. E o Beni [Veras] foi um ponto de convergência muito importante também. Porque ele era mais velho que nós e conseguiu catalisar esse grupo, fazer uma síntese desse grupo e unir, porque todos tinham o mesmo respeito por ele. Essa foi outra circunstância que valeu. Agora eu acho que tem uma circunstância histórica, porque nós érawww.revistafale.com.br

mos de uma geração que passou pela ditadura. Acho que o próprio espírito de resistência gera esse tipo de agrupamento de pessoas que estavam dispostas a tentar reaver alguns valores. Assim, acho que o fato de nós sermos de uma geração que passou pela ditadura é uma circunstância histórica que adiantou. Hoje, eu acho que a gente vive uma perda de valores total. Nós estamos com uma crise moral muito grande no Brasil. Aquilo que era gravíssimo há alguns anos na vida pública agora se tornou corriqueiro, se tornou banal. Eu acho que vem se agravando. Com a democratização, os escândalos começaram a acontecer. E aí houve um processo de banalização do escândalo de maneira que os valores foram se perdendo.

A corrupção no governo do PT

Eu acho que a liderança do governo atual ajudou muito nisso [no aumento da corrupção]. Ajudou por quê? Ajudou porque o Presidente da República, por exemplo, não deve ser JANEIRO DE 2009 | Fale! | 21


Matér i a de ca pa apenas um grande gerente. O grande gerente fica numa loja. Ele tem que ser um líder. O líder é a referência, e essa referência é que molda de alguma maneira o caráter de um país. No momento em que o fisiologismo se tornou a grande mola mestra na política, o convencimento e a discussão das ideias ficaram em segundo plano. A troca, o toma-lá-da-cá, isso foi totalmente institucionalizado. Isso veio num crescendo e esse governo institucionalizou.

O “mensalão” foi perdoado pelo país

Eu acho que o “mensalão” foi um ponto de inflexão nisso também. Isso aconteceu quando o país perdoou o “mensalão” e não perdoou por causa de uma explicação convincente, ou por conta de uma punição coletiva, pelo contrário. Todos os que foram envolvidos no “mensalão” estão aí, estão de volta. E num discurso mais ou menos do tipo “Nós fizemos, mas quem não faz?” Foi esse o mote da liderança do país e do Lula em cima do “mensalão”. Não foi o de dizer isso é errado e nós não vamos mais fazer de novo, nós reconhecemos e os culpados serão punidos. Foi mui-

to mais na linha de um personagem do Chico Anysio que dizia “Eu sou, mas quem não é?”

A moralidade aniquilada

A gente percebe a falta de valores quando o sujeito não tem mais vergonha do que fez de errado. Ele se expõe tranquilamente, não se incomoda mais. Quando aquilo não incomoda os outros, é porque os valores estão aniquilados. Isso está acontecendo no país. Por exemplo, o grande escândalo na época dos coronéis foi antes da eleição do Gonzaga Mota. Os três coronéis começaram a brigar: o Virgílio Távora, o Adauto Bezerra e o César Cals. E o Leitão de Abreu [ministro-chefe da Casa Civil no governo Médici] chamou os três e disse: “Vocês parem de brigar senão eu boto outro no governo. Vocês têm uma semana para se enquadrar.” Eles voltaram para cá, se enquadraram e voltaram com a fórmula. Iam colocar um quarto, que era o Gonzaga Mota, e dividir o estado em 33% para cada um. 33% das secretarias para cada um, 33% das diretorias das estatais para cada um. Isso foi um escândalo nacional, e eu acho que marcou o fim dos coronéis. Agora aqui, em Fortaleza, esta-

vam discutindo isso tranquilamente. Um quer um cargo para um, a secretaria para outro... Como está acontecendo em Brasília. Os valores estão aniquilados. Vou dar outro exemplo que em outras épocas isso era absolutamente inaceitável. O Ministro da Saúde diz que um dos seus principais órgãos é corrupto. [Tasso se refere à denúncia do Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que acusou, no dia 12 de novembro de 2008, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) — instituição que integra seu Ministério — de ser corrupta e apresentar baixa qualidade de serviços. “As denúncias de escândalos, corrupção, desvio de dinheiro estão todo o dia na imprensa. A situação é muito grave. Não podemos deixar a situação do jeito que está. Temos de mudar”, disse o ministro, referindose à Funasa.] E o que que acontece? Nada. Continua na mesma. Aquilo é uma confissão. Porque se eu sou ministro, eu sou o responsável. Isso seria inaceitável há alguns anos. Então, há um aniquilamento de valores, e isso faz com que o espírito público desapareça, a vontade e o idealismo das pessoas desapareçam. A própria evolução do capitalismo fi-

A gente percebe a falta de valores quando o sujeito não tem mais vergonha do que fez de errado. Ele se expõe tranquilamente, não se incomoda mais.

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Fotos Jarbas Oliveira

FÉ E RELIGIÃO. O político Tasso tem seus santos de devoção em estante lateral à sua principal mesa de reunião do escritório em Fortaleza. Abaixo, tucanos, ave nacional que virou símbolo do PSDB

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Foto Jarbas Oliveira

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nanceiro nos últimos anos no Brasil e no mundo todo enfatiza que ganhar dinheiro é uma coisa rápida. Eu cresci ouvindo e assimilando o que meu pai dizia, o que meu sogro [o industrial Edson Queiroz] dizia: ou trabalha muito ou não vai ser um grande empresário. Então, a coisa mudou. Toda garotada vai agora para o mercado financeiro porque a esperteza, ou uma grande jogada, é que faz a riqueza, e não mais o suor do trabalho. Essa coisa muda o caráter do país, então há uma crise moral, uma crise ética. Eu acho que essa crise financeira que está começando agora pode trazer algumas correções nesse capitalismo financeiro. E no Brasil, talvez essa crise não vá deixar as coisas darem certo como estavam dando, porque as coisas estavam dando certo em cima dessa desordem moral e ética que estava acontecendo. Espero que a crise traga essa correção como aspecto positivo.

O que faltou fazer na política

Muita coisa, mas eu não tenho um grande momento de frustração. Uma vez, eu fui jantar na casa do meu sogro, logo no início da minha vida, recém-casado, e eu estava muito cansado e aborrecido porque tinha sido um daqueles dias em que nada dá certo. Ele notou e perguntou: — O quê que há? — Nada deu certo. Ele perguntou: — Lutou, brigou, foi, batalhou, suou? — Batalhei, tentei, mas eu morri de batalhar e o apurado foi zero. — Mas se lutou por isso, vai por aí que vai dar certo sim, ele me disse. Então, eu tenho plena consciência de que eu batalhei pelo apurado, no sentido simbólico. Evidentemente, muitas coisas nós não conseguimos. No meu último mandato, o maior objetivo era a educação. O que conseguimos foi elevar de uma maneira importante a questão da universalização. Agora, a qualidade da educação ainda ficou muito distante, porque eu mesmo não imaginava que fosse tão difícil. Nessa linha, uma frustração foi quando eu fiz um acordo com uma entidade privada para fazer um sistema de prova que seria feito inclusive pela Internet, e eles fizeram uma proposta para a gente grátis, porque estavam interessados em fazer uma experiência. Mas depois eles foram para

Belo Horizonte, porque o governo seguinte não continuou esse programa [referindo-se a Lúcio Alcântara, que sucedeu Tasso Jereissati de 2003 a 2006]. A gente dava um bônus salarial aos melhores desempenhos dos professores a partir do desempenho dos alunos. A melhor região teria, em vez de 13 ou 14 salários, 16 para todo mundo; a melhor escola, 18 salários. A menor nota teria que ser 5. Nenhuma escola tirou isso, nenhuma região tirou isso. Aí o governo seguinte acabou isso e nossos parceiros seguiram para Belo Horizonte. Eu gosto de trabalhar em cima de avaliações, de resultados. Quando eu via 97% das crianças em sala de aula e comparava com o índice de analfabetismo entre 7 e 14 anos, que era de 15% e 20%, concluí que tinha uma coisa errada. É porque as crianças no 3º ano estão analfabetas. Aí foi uma frustração quando eu entendi que aqueles 97% dentro da escola não traduziam a realidade que eu imaginava que fosse. Hoje, se eu tivesse que atacar em duas frentes, seriam educação e infraestrutura. Se você junta as duas, o resto é consequência. Por exemplo, saúde é importante, mas se você tem uma população educada, ela exige saúde de boa qualidade. E a infra-estrutura, junto com a educação, traz renda. Essas são as duas premissas.

Segurança e enfrentamento da corrupção policial

Eu diria que eu tenho outra frustração a partir de duas revoltas da polícia. A última eu acho importantíssima. Teve até um confronto armado. Não era só aqui, vinha de uma onda do Brasil inteiro, começou em Minas e parou aqui. A partir daquilo e do “Caso França” [escândalo envolvendo corrupção policial em 1997, no Ceará, que deflagrou uma mudança na estrutura de segurança pública], eu resolvi — e essa foi uma decisão muito solitária — enfrentar a corrupção dentro da polícia. Isso e a insubordinação, principalmente na Polícia Civil, principalmente da parte corrupta, delegados, chefes de polícia, que todo mundo sabia quem era, mas ninguém tinha coragem de enfrentar. E aí, pra fazer isso, eu chamei um homem da ativa, recém-saído da ativa, que era o general [Cândiwww.revistafale.com.br

do Vargas de] Freire, um homem duro, com respaldo em todos os órgãos que precisava. Na época, o presidente era o Fernando Henrique, eu fui ao presidente pedir suporte e indicaram um nome que eu inclusive não conhecia, com chancela para enfrentar e fazer demissão em massa e abrir inquéritos e reestruturar a polícia. Para enfrentar isso, você tem que estar disposto, porque eles aumentam o número de homicídios, de assalto a bancos, via boicote. Quando nós resolvemos enfrentar, toda semana um banco era assaltado, a imprensa reclamando, mas só eu tinha consciência do que estava fazendo. E com essa certeza de que nós tínhamos de mexer profundamente nessa questão de segurança, fomos atrás da pessoa que fez a reformulação da segurança de Nova Iorque, William Bratton. Na época, tinha acabado de acontecer uma grande mudança na questão da qualidade de segurança em Nova Iorque. Era um plano ambicioso. Ele trouxe uma equipe de primeira qualidade. Hoje, ele é o secretário de segurança da Filadélfia — de vez em quando eu falo com ele ainda. E ele fez todo o projeto de reestruturação da segurança pública do estado do Ceará. E ia mais além. Não era só combate à corrupção. Era também o preparo para fazer um novo tipo de política de segurança, porque na verdade a polícia hoje é muito mais inteligência que valentia. A polícia moderna opera com mais equipamentos e informação. A ação vem no momento certo em função da análise das informações. Mas a mentalidade da nossa polícia não era preparada para isso — não por ser ruim ou boa, mas porque foi acostumada a trabalhar de outra maneira. É aquela coisa do detetive valente que sai no carro atrás de bandido — tudo fantasia de cinema. Também não existe, em nenhuma parte do mundo, duas polícias trabalhando em paralelo e uma boicotando a outra. Então, nós fizemos todo esse profundo trabalho. Fizemos a contratação de novos 200 delegados, que foram treinados já com a nova mentalidade. Era uma despesa gigantesca e enquanto isso tudo estava acontecendo, era uma sucessão de boicote, era gente apanhando na rua. Mas no governo seguinte [de Lúcio Alcântara] veio a grande frusJANEIRO DE 2009 | Fale! | 25


Matér i a de ca pa

Um avanço do Lula foi renunciar, logo no início, as ideias econômicas do PT. Aí vejo um grande mérito colocar o Palocci na economia e o Meireles no Banco Central. tração. O desmonte do que foi feito devido a uma resistência enorme do policial antigo e viciado. Aquele trabalho, modéstia à parte, foi profundo e bonito, o melhor do Brasil na época. E o desmonte veio logo nos primeiros dias de governo Lúcio, e aí avançou gradativamente. Ele trouxe logo o pessoal antigo para tomar a frente, e esse pessoal acabou tudo. Ver todo esse trabalho jogado fora foi uma grande frustração.

Governos Lula e FHC: avanços e continuidade

Na questão da política do Bolsa Família, que é a sua grande obra social, a base da sua popularidade, é um avanço. Na verdade, quem fez o programa foi o Fernando Henrique, mas ele [Lula] ampliou de uma maneira bastante relevante e atingiu boa parta da população, a maioria da população mais carente. Outro avanço foi renunciar, logo no início, as ideias econômicas do PT. Aí eu vejo um grande mérito do Lula, que nomeou o [Antônio] Palocci para a economia e o [Henrique] Meireles para o Banco Central, soube ouvir as pessoas certas. Inclusive,

isso deu poucos frutos no primeiro e no segundo ano, que salvo engano teve crescimento quase zero, e ele soube resistir a isso, apesar de alas no PT que diziam que ele devia mudar tudo, derrubar tudo. Tentaram derrubar o Palocci e ele foi firme o suficiente para que, no momento seguinte, a economia viesse a dar bons frutos. Com isso, ele ganhou confiança internacional e a confiança aqui no país. Esses dois pontos são os que eu considero positivos no governo Lula. Mas na economia, eu acho que ele se iludiu e perdeu o espírito que tinha nos primeiros anos, quando a prosperidade veio, que veio graças à política do ultra-competente Palocci e à bonança internacional. Com o passar do tempo, ele começou a não entender direito o que estava acontecendo na política econômica e começou a achar que tudo o que estava acontecendo era graças ao seu pendão mágico — colocar seu dedo sobre as coisas e achar que tudo que acontecia de bom era porque ele era um grande administrador. Aliás, isso acontece com muita frequência com pessoas que têm muito poder e passam a se superestimar. Quanto menos prepa-

rado, mais se superestima. E a política econômica como um todo começou a ser feita com alguns equívocos, que foram se repetindo e estão se repetindo de maneira cada vez mais frequente e cada vez mais grave. Eu acho que daqui para o fim do governo ele pode estar metendo os pés pelas mãos na política econômica.

Custos da máquina estatal estão inchados

Primeiro, ele [Lula] não percebeu que em uma política anticíclica, como ele fala, a primeira coisa que tinha de fazer era segurar os custos da máquina para poder investir mais. Ele está ampliando os custos da máquina de uma maneira perigosíssima — com a crise, isso pode pegar o país no contrapé. Nós temos alguns problemas estruturais, que ele também não está percebendo, que fazem o país ser único em relação a outros países. Por exemplo, enquanto outros países estão com juro quase zero, o Brasil está com juro altíssimo e vai continuar com juro altíssimo, justamente devido aos custos fiscais que nós temos. Quanto menos nós tivéssemos aumentando os gastos de custeio, mais possibilidade nós teríamos de baixar os juros. O governo não está fazendo isso. Ao contrário, está agravando, a cada dia que passa. A primeira coisa que você faz numa crise é aumentar o investimento e diminuir o custeio. Ele está aumentando o custeio e nós podemos ter, por conta do aumento do dólar, uma inflação — podemos ter o pior dos mundos. Lembrando que crescer no Brasil não é a mesma coisa que crescer na Alemanha. Na Alemanha, se você cresce 1%, é uma

entrevista. Tasso gesticula e expressa emoção, ênfase e espontaneidade durante a conversa 26 | Fale! | JANEIRO DE 2009

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Crescer no Brasil não é a mesma coisa que crescer na Alemanha. Na Alemanha, se você cresce 1%, é uma coisa satisfatória; no Brasil se você cresce 2%, é péssimo, não quer dizer nada. coisa satisfatória; no Brasil, se você cresce 2% é péssimo, não quer dizer nada. Então, há uma diferença de conceito fundamental. E o governo tem dado sinalizações completamente opostas entre si. Um dia diz que não existe crise, noutro diz que precisa do fundo soberano, desesperadamente, como medida provisória para salvar o Brasil. Desse modo, ele não está passando confiança a ninguém nem aqui e nem lá fora. Está fazendo gastos desnecessários, de péssima qualidade. E ainda não deu para o país a mensagem correta. Se realmente o país está em crise, ou pode entrar em crise, e precisa de austeridade e investimento estatal ou ao contrário. A Petrobras é um exemplo disso, pegou uma época de bonança, gastou de forma desesperada e agora não tem dinheiro para fazer seus investimentos.

A nova Sudene e o Nordeste

Em relação ao Nordeste, por exemplo, ele [Lula] não fez nada — política zero. Além de prometer uma nova Sudene há sete anos e a nova Sudene até hoje não existe, não

há também uma política de desenvolvimento regional. Nós estamos vivendo de política assistencial. E do ponto de vista macroeconômico, é um erro clássico colocar o consumo na frente da produção. Nós estamos crescendo a economia pelo consumo e não pela produção. E, pior, sem nenhum projeto. Economicamente, o país não vai aguentar esse assistencialismo. Isso dá estagnação econômica, porque o crescimento do consumo não se mantém apenas no assistencialismo. No primeiro momento em que você dá o Bolsa-Família, o consignado, etc, isso é aumento de renda, mas há um limite para tal. No limite, temos a estagnação econômica. Mais grave ainda é você não ter nenhum projeto. Quais são as visões de desenvolvimento que nós temos? E graças à popularidade da Bolsa Família, ele tem nos enganado com frequência.

A mentira do Biodiesel

Biodiesel à base de mamona é uma mentira, não existe e não vai existir. Aí entra de novo a questão moral, como é que se mente assim e fica por

isso mesmo, se inaugura coisas que não existem? A Transnordestina não vai vir tão cedo, e mesmo que viesse é uma coisa importante, mas é um fato isolado. Então [ele] está cultivando essa popularidade em cima de Bolsa-Família e constantemente em falsos fatos.

Popularidade de Lula e transferência de votos

Claro que a popularidade dele vai ser importante [em 2010], mas a transferência de votos não é imediata e não significa que ganhe eleição. Existem algumas pesquisas sobre isso que são importantes, porque na pergunta: “Você votaria no candidato do Lula?”, dá lá em cima, em torno de 60% a 70%. Mas quando se coloca o nome do candidato do Lula, desce consideravelmente. Se você coloca simplesmente candidato do Lula, a pessoa pensa: vou dar um voto de confiança pro Lula. Mas se você coloca Dilma, por exemplo, aí diz: “Mas peraí, não exagera”. Sai diferente. Não se pode subestimar em nenhum instante a popularidade dele. Mas eu acho que a história vai julgar mal essa popularidade, principalmente aqui no Nordeste, porque os resultados aqui são muito ruins. Há uma estagnação, de fato. Você não tem um fato novo ocorrido aqui de fundamento econômico, de melhoria de infraestrutura econômica. De maneira geral, no Nordeste e no Ceará, é zero até agora. Eu acho que nós vamos pagar caro pela acomodação que está acontecendo. E eu acho que nós estamos perdendo uma característica histórica da nossa bancada política aqui do Ceará. Nós tínhamos sempre as reiFotos Jarbas Oliveira

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Matér i a de ca pa

O grande salto de qualidade que Fortaleza deu em projetos foi com o Ciro [Gomes] ainda no PMDB, quando ele era prefeito e eu governador. É bom lembrar isso. vindicações do estado, em torno das quais nos reuníamos. Agora não, por qualquer cargo você troca qualquer projeto. — Está reclamando ali, toma lá uma diretoria que se aquieta. Então, eu acho que o Lula tem chance de fazer o sucessor, mas não é o provável hoje. A variável ‘nome’ foi uma variável importante nas últimas eleições municipais. Ele está concentrando a popularidade dele, e a do PT principalmente, nas regiões pobres. Se você observar a última eleição para presidente, ele perdeu no CentroSul, nos lugares mais importantes, perdeu no Sul, no Centro-Oeste. A grande e avassaladora vitória foi aqui nas regiões Nordeste e Norte. Essas são as regiões que estão dando essa sustentação a ele. Então, existe claramente uma diferença de avaliação do PT dentro do Brasil. Não foi aquela vitória do Fernando Henrique, ou a vitória tradicional do Presidente da República, que é mais ou menos uniforme no Brasil inteiro. Aí mostra claramente a força do Bolsa-Família.

PSDB, sucessão 2010, disputas internas

Mesmo com essa disputa interna,

o PSDB sairá unificado [na disputa para a Presidência da República], tenho certeza que sairá. Os dois, Aécio [Neves] e [José] Serra querem ser presidente. Os grupos ligados aos dois querem que cada um seja o presidente. Vai haver disputa como houve entre Hillary Clinton e Barack Obama, e está aí... ela é o braço direito dele, a mulher mais importante. Eu acho que isso é normal, isso é bom para o país e para o partido, e eu não vejo prejuízo nisso. A minha convicção é que o partido vai sair bastante unido nessa eleição. Mas eu acho que nós vamos ter de esperar uns seis meses ainda para ver o que vai acontecer, pois os dois têm características diferentes. Sem dúvida nenhuma, o Serra é hoje o favorito, é o favorito nas pesquisas, elas apontam o Serra, ele tem uma campanha presidencial nas costas que lhe dá um conhecimento muito maior do que o Aécio. Por outro lado, o Aécio tem um nível de popularidade no seu estado, que é o segundo mais importante, e tem um carisma pessoal que o apresenta como um candidato muito forte. Eu acho que hoje é difícil você prever, o que eu posso dizer é que o que for

escolhido o PSDB vai apoiar.

Fortaleza hoje e o PSDB em Fortaleza

O grande salto de qualidade que Fortaleza deu em projetos foi com o Ciro [Gomes] ainda no PMDB, quando ele era prefeito e eu governador. É bom lembrar isso. Foi muito marcante, pois deu o tom até no estilo do Juraci, porque ele fez um primeiro governo bom, depois o [Antônio] Cambraia fez um bom governo. Mas eu acho que Fortaleza hoje está muito mal, e digo sem nenhum sentido pessoal ou político. Falo como cearense, como fortalezense, já que Fortaleza tinha se transformado, do ponto de vista turístico, na mais bonita do Nordeste, elogiada por todos que vinham aqui. E Fortaleza perdeu prestígio de uma maneira brutal. Mesmo para quem vive, aqui há uma decadência brutal de qualidade de vida. Um exemplo bem claro é o trânsito. Não temos nenhuma via importante, estruturante, aberta nos últimos cinco anos e não conheço um projeto, só o Transfor que vem do [ex-prefeito] Juraci Magalhães e de contratos assinados, mas não está feito e ele só aumenta vias. Não conheço nenhuma coisa nova. Fortaleza não tem nenhum projeto. Mesmo no Plano Diretor, não tem nenhum projeto que sinalize para a vocação econômica de Fortaleza diante dos novos tempos, em que deixamos de ser um local de indústria. Qual é o projeto de geração de empregos? O que é que a população vislumbra para o futuro em termos econômicos? Outro dia, eu estive em Natal e fiquei encantado com o que está acontecendo: cidade limpa, coisa projetada, aquela via costeira trazendo todo

entrevista. Tasso mostra-se seguro, crítico e racional e expressa esperanças e alguns medos 28 | Fale! | JANEIRO DE 2009

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Acho que Fortaleza vai estar muito ansiosa por um nome novo, que traga notícias novas, coisas novas. O meu sentimento é de que a gente ganha a próxima [eleição, em 2012]. desenvolvimento para Natal. Você percebe vocações estabelecidas em Natal. João Pessoa está um brinco de cidade. Falando fora do Nordeste, Campo Grande, onde nossas empresas estão investindo, você vai a Campo Grande e morre de inveja. Uma Campo Grande linda, os canteiros centrais bem cuidados. Aqui a cidade está feia. Fora o aspecto macro, de projetos, você vai nos detalhes dos canteiros, dos buracos, da ondulação do calçamento, do asfalto, os canteiros todos sujos, mal-cuidados, quebrados, o próprio lixo. Quando vamos em lugares fora dos eixos centrais, vemos a cidade imunda. E são os pobres que estão sofrendo mais com isso. Luizianne ganhou as eleições, a gente tem que tirar o chapéu e dizer que a democracia é que vale, o povo quis, mas o povo erra... Mas se é a vontade do povo, temos que ajudar no que for necessário agora. Mas do meu ponto de vista, é evidente há perda de oportunidades. Por exemplo, me diga um hotel novo em Fortaleza, me diga um investimento grande feito em Fortaleza. Você está vendo a quantidade de investimentos que estão acontecendo

em Natal. Então, eu acho que nós vamos pagar caro por isso, estamos pagando caro por isso. Nós não temos um avanço na saúde, na educação. Não temos um fato novo que diga: nós estamos com isso tudo, mas a educação vai muito bem. Ao contrário, os índices de educação de Fortaleza são um dos piores do estado, isso é inconcebível. A saúde, veja o IJF...

Por que o PSDB não ganha em Fortaleza

Existe uma série de circunstâncias que explicam porque o PSDB não consegue ganhar em Fortaleza. Nós tivemos muito perto de ganhar a eleição com o Cambraia e acabamos perdendo as eleições nos últimos dias. Aquela eleição me deu uma demonstração muito efetiva que nós temos condição de ganhar em Fortaleza. Agora, nós não temos tido um nome próprio que tenha assumido a liderança o bastante para ser um candidato viável em Fortaleza. As pesquisas mostram circunstâncias diferentes, existe uma falta de estrutura nossa, nós nunca prestamos muita

atenção, principalmente na questão dos vereadores, nós não temos um bom quadro de vereadores. O Juraci chegou a ter uns 10. Há uma diferença fundamental, o Juraci trabalhou muito bem com os seus vereadores. E a prefeita, apesar de não ter isso [no primeiro mandato], teve um quadro bom com o grupo do Tin [Gomes, ex-presidente da Câmara Municipal, eleito vice-prefeito em 2008] e o pessoal dela de esquerda. Mas eu acho que nós vamos fazer o próximo prefeito. Acho que tem de ser um nome novo, acho que Fortaleza vai estar muito ansiosa por um nome novo, que traga notícias novas, coisas novas. O meu sentimento é de que a gente ganha a próxima.

Relação com o governo de Cid Gomes

Eu não me considero no governo, o PSDB não está no governo. O PSDB tem apoiado o governo dentro de um desejo da Assembleia Legislativa de apoiar o governo, que é ao mesmo tempo até agora meu desejo também, porque acredito que ele teria de ter de nós um voto de confiança. É um homem capaz, mostrou isso na prefeitura de Sobral e não teria sentido a gente sair sem dar esse voto de confiança, já que também ele acenou com boa vontade em relação ao partido. Nesses próximos dois anos, nós temos que avaliar melhor o que vai acontecer. Eu vi uma entrevista dele, em que ele disse que nesses dois primeiros anos se preparou para fazer as realizações. Eu acho que é isso aí, vamos ver essas realizações nos próximos dois anos. Eu vi anunciada uma série de coisas aí. Fotos Jarbas Oliveira

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Matér i a de ca pa

UM A BREVE CR O N O L O GI A

estreia. Tasso em campanha para o primeiro mandato. No centro, para o segundo mandato. E, ao lado da esposa Renata, com o amigo e sucessor no governo do Ceará, Ciro Gomes

1948. Tasso Jereissati

nasceu no dia 15 de dezembro, em Fortaleza, filho do ex-deputado e exsenador Carlos Jereissati e de dona Maria de Lourdes Ribeiro Jereissati.

1974. O empresário Tasso

inaugura o primeiro Shopping Center de Fortaleza, o Center Um, na avenida Santos Dumont, no bairro Aldeota.

1973. Após morar no Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo, Tasso retorna ao Ceará, onde fixa residência, casa-se com Renata Queiroz e passa a desenvolver seus negócios.

1986. Aos 37 anos,na condição de um

dos mais importantes integrantes do Centro Industrial do Ceará (CIC), Tasso foi convidado pelo Governador do Estado, Gonzaga Mota, para candidatar-se ao cargo, na sua sucessão, em oposição aos coronéis. Foi eleito com 1.407.693 votos, segundo o Tribunal Regional Eleitoral.

1982. Tasso

inaugura o Shopping Center Iguatemi, em Fortaleza

1987. Tasso Jereissati assume o Governo do Ceará, no seu primeiro mandato, adotando o slogan Governo das Mudanças.

momentos. Tasso no meio do povo. Com Luís Pontes e Juraci Magalhães e com os empresários e irmãos Amarílio e Roberto Macêdo, do Grupo J. Macêdo Existe uma disponibilidade muito alta de caixa e projetos, que agora, nessa segunda metade, vão acontecer. Mas eu acho que, do ponto de vista de atração de investimentos industriais que geram empregos, nós já poderíamos estar mais agressivos. Eu tenho visto através de jornais que muitas indústrias estão se instalando em Pernambuco. Acho que nós não estamos na dianteira da atração de investimentos como já estivemos. Deve haver razões es30 | Fale! | JANEIRO DE 2009

pecíficas para isso.

Planos para 2010

Não sei. Não sei mesmo. Não tenho nem ideia. Eu estou na crise dos 60. O mais provável é disputar o Senado.

Fé e religiosidade

Eu tenho uma herança do meu pai, o meu pai tinha muita fé. Quando eu era criança, todos os anos nós íamos www.revistafale.com.br

para Canindé. Ele me levava quando ia pra missa também. Lembro-me dele rezando o terço, ele rezava um terço inteiro durante a missa. Eu sei rezar terço, estudei em colégio de padre. Normalmente, quem sai de colégio de padre sai revoltado, comigo foi ao contrário. E essa fé vem da minha vida mesmo, muitas coisas aconteceram que eu acho que tem o dedo divino em cima de alguns rumos que a gente toma e não sabe bem porque. Dá certo porque tem o dedo de Deus.n


EM AÇÃO. Com Patativa do Assaré, na inauguração da cidade de Nova Jaguaribara, em 2001, e transmitindo, em 2002, o cargo ao vice Beni Veras

1991. Tasso conclui seu primeiro mandato como Governador, transmitindo o cargo ao seu aliado Ciro Ferreira Gomes. No mesmo ano, foi eleito presidente nacional do Partido da Social Democracia Brasileira — PSDB, permanecendo no cargo até 1994.

1994. Tasso

foi eleito para seu segundo mandato de governador do do Ceará, com 1.368.757 votos, segundo o TRE.

2002. Tasso Jereissati

é eleito senador pelo Ceará, com 1.915.781 votos, para o mandato de 2003 a 2011. O vicegovernador Beni Veras assume o governo de 5 de abril de 2002 a 1 de janeiro de 2003.

1998. Tasso é reeleito para

um terceiro mandato como Governador do Estado do Ceará, com 1.569.110 votos, segundo o Tribunal Regional Eleitoral.

2005. Tasso foi

eleito, pela segunda vez, presidente nacional do PSDB, com mandato concluído em 2007.

AMIGOS. Tasso com Dom Aloisio Lorscheider, seu interlocutor em Fortaleza durante muitos anos, e com o senador Antônio Carlos Magalhães, em Brasília www.revistafale.com.br

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Matér i a de ca pa

DEP O IMEN T O S

Roberto Macêdo, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará “O Tasso, da minha geração, foi uma referência que o Ceará, ao longo do tempo, só teve uma pessoa que poderia ser comparada com ele: Virgílio Távora, em termos de visão de futuro e planejamento para o Estado. Ele é, realmente, o ícone da governança profissionalizada. É o homem que veio, fez um plano, implantou e vamos passar ainda muito tempo colhendo os frutos, desde que tenhamos a continuidade de bons gestores, como até agora tem acontecido. Ser governante do Executivo, num Estado pobre como o nosso, é muito duro. Sua visão é de estadista, ampla. Se houvesse a metade dos senadores com a capacidade dele, com o espírito dele, o Brasil seria outro”.

Renata Jereissati “O que eu mais admiro no político Tasso Jereissati é a honestidade, a retidão, o desejo de querer fazer o bem, a generosidade. Eu acho que é a alegria de ver o povo do Ceará crescer. Isso o faz ser muito grande. Governar o Ceará, ele já o fez três vezes. Acho que agora outras pessoas podem contribuir mais um pouco, para ele já foi bastante. A experiência 32 | Fale! | JANEIRO DE 2009

foi muito interessante, muito enriquecedora. A gente sabe que têm muito que fazer, porque o Estado é pobre, mas há muitas pessoas jovens que podem dar um pouco de si também e trabalhar pelo Ceará. Mas com certeza, se ele continuar na política, só vem trazer o bem para o Ceará, eu tenho certeza”.

Artur Virgílio, senador, líder do PSDB no Senado “O Tasso tem grandeza própria, muita experiência na vida empresarial, bem sucedido que é, muita experiência política — três vezes governador de Estado —, um dos maiores senadores do País e alguém que independe de posições formais para ter o peso que tem no Congresso. Ele se destaca pelo estudo apurado da matéria econômica. Ele certamente será o nosso senador mais relevante. É um homem preparado para qualquer missão. Tasso é uma personalidade do Brasil com uma liderança muito grande no Nordeste. É uma figura de primeiríssima grandeza”.

Sérgio Guerra, senador, presidente nacional do PSDB “O senador Tasso é um dos grandes brasileiros que eu conheço. Qualquer partido no Brasil teria orgulho, satisfação e honra de tê-lo em

seus quadros. Nós do PSDB sabemos da importância e do valor dele, no presente e no futuro. A principal marca dele como político é a firmeza. Tasso é uma pessoa que faz o que diz e diz o que faz. Uma pessoa que honra a palavra e isso é raro no Brasil. Ninguém trabalhou mais e melhor pela reforma tributária do que ele. Se não houver reforma tributária não será por causa dele.”

Ivens Dias Branco, empresário “O povo cearense sabe que o Tasso presenciou a história crítica do Estado. Foi um homem que se dedicou a fazer grandes mudanças, procurou transformar o Ceará num Estado moderno, procurou valorizar toda a máquina administrativa”.

Sérgio Machado, presidente da Transpetro “Eu participei do primeiro governo do Tasso, fui secretário de governo. A gente montou um grupo de jovens que acreditava que era possível mudar, criar um novo Estado, que existiam métodos diferentes de governar. Ao invés de pensar no eleitor, pensar no eleitorado; do individual para o coletivo. Essa foi a grande marca do governo Tasso, mostrar que era possível mudar. O Ceará

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encontrava-se atrasado em relação à transformação do Estado brasileiro. É chegado o momento de todos aqueles que acreditaram, diante da crise por que passa o mundo hoje, continuem sonhando e contribuam para que o Ceará possa fazer parte desse novo mundo, pois vai surgir uma nova ordem. Sem dúvida nenhuma, o mundo não vai ser mais do G7, mas do G10, G12. Nesse novo mundo o Brasil vai ter vez e nós queremos que o Ceará esteja inserido nesse novo momento”.

Luciana Dummar, presidente do Grupo de Comunicação O Povo  “O Tasso é um marco na história do Ceará por tudo que ele representa, a modernidade de uma época. O Ceará deve muito a ele. Novas gerações com o mesmo pensamento de mudanças não só podem como devem surgir no Ceará. Elas precisam aparecer no poder para que o Ceará dê um outro salto. Entre as muitas coisas que podem melhorar, a primordial é a educação. A próxima geração no poder tem que olhar a educação de uma forma mais profunda, mais madura e permanente”.

Raimundo G. de Mattos, deputado federal, PSDB-CE “A nova sistemática de gestão implantada a partir


do seu primeiro governo, em 1987, garantiu transparência nas ações, alocação de recursos para obras estruturantes e sociais, além do combate ao clientelismo e corrupção. Os grandes feitos nessas últimas décadas e a credibilidade que o Ceará tem com esse modelo de gestão junto aos organismos e instituições nacionais e internacionais, nós devemos ao político Tasso Jereissati.”

Pio Rodrigues, empresário “São inestimáveis e incalculáveis as ações de Tasso. Ele faz parte da história passada, presente e futura do Ceará. Ele rompeu com um ciclo, saiu da sua confortável posição de empresário, do individual para o coletivo. Sabemos o quanto é difícil largar sua família para se dedicar a uma causa pública. Ele enfrentou todas as dificuldades que um político sério pode enfrentar e, aos 60 anos, tem uma bonita história para contar”.

Assis Machado Neto, suplente do senador Tasso Jereissati “Não são as placas de bronze que marcam as grandes obras. A maior contribuição de Tasso Jereissati foi de o cearense ter podido voltar a ter autoestima. A auto-estima de um povo é o combustível para o progresso e para o crescimento. É até uma interpretação meio errônea,

mas o Tasso como empresário foi um grande gestor das contas públicas. Eu acho que sua maior contribuição foi na área social. A educação teve uma grande conquista ao colocar todas as crianças na sala de aula, mas a qualidade, ele mesmo reconheceu, não foi alcançada. A saúde deu os grandes prêmios para o Ceará, com a redução da mortalidade infantil. Vidas salvas de crianças que estavam abandonadas. A continuidade do trabalho do Tasso tem que ter uma avaliação mais para o futuro, mas eu sinto certa descontinuidade em algumas coisas, como na área social. Não vejo evolução, por exemplo, na área da saúde”.

Maia Junior, ex-Vice Governador do Estado “Tasso foi um homem forjado para promover as transformações que historicamente o Ceará reclamava. Ele reuniu(e reúne) visão de futuro, capacidade de liderar e de realizar. Some-se a isso seu elevado espírito público e seu amor incomensurável pelo nosso Estado e sua gente. O processo de transformação liderado por ele é tão consistente que nenhum outro cearense vai poder deixar de observar nas próximas décadas”

João Jaime, líder do PSDB na Assembleia Legislativa “O Ceará é respeitado hoje dentro e fora do país por

uma política inovadora de gestão pública reconhecida como modelo em moralidade, modernidade e eficácia administrativa, combate à pobreza, inclusão social e recuperação da auto-estima do cearense. Os governos de Tasso Jereissati dividem a história do Estado em dois períodos: antes, o clientelismo político e a miséria; e depois, as grandes mudanças econômica, social e cultural iniciadas por ele.”

Júlio Ventura, empresário “Eu conheço o Tasso Jereissati há muitos anos. Acompanhei a campanha dele em 86, quando era secretário do governador Gonzaga Mota. Assisti à campanha dele desde o começo. Existe um Ceará antes e depois do Tasso. O Ceará deve muito a ele e espera muito dele também. Além de empresário, um político que mudou a face do nosso Estado.”

Bismarck Maia, secretário do Turismo do Estado do Ceará “Um amigo se caracteriza pelo respeito, sinceridade, apoio, fraternidade, companheirismo. Esse é o Tasso e tem sido assim ao longo de todas as nossas relações. Como político, eu posso dizer que fui testemunha de uma geração que foi mudada a partir da sua liderança. E eu tenho a certeza de que o Ceará mudou. Mudaram os princípios de gestão, de ética na política,

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e em mim, muito fortemente, a conduta que se deve ter à frente de uma gestão pública. Isso tudo foi ocasionado pela conduta que ele teve à frente do governo. Mudou todo o Ceará e toda uma nova geração da qual eu fiz parte. Ele construiu bases e, daqui para frente, tem sempre que melhorar.”

Robinson de Castro e Silva, presidente do Centro Industrial do Ceará “O que nos engrandece mais ainda é que tudo começou dentro do Centro Industrial do Ceará (CIC), de onde ele é egresso. Juntamente com aqueles jovens empresários fez uma grande revolução no Estado e, hoje, o Brasil todo copia. O nosso Ceará ainda vai poder contar muito com Tasso Jereissati. O CIC sempre defende a profissionalização da gestão. Eu acho que no momento, em alguns setores do governo, está havendo uma acomodação política. É preciso repensar isso aí e se profissionalizar. São os conceitos da iniciativa privada, a gestão da eficiência, baseada por resultados. A política é importante, mas não se pode permitir fazer disso um projeto político. O projeto tem que ser um projeto de gestão. O CIC fundou esse conceito e hoje todo o governo deve adotá-lo.”

Luís Pontes, deputado estadual, PSDB-CE “O Tasso caracteriza o Ceará antes e depois JANEIRO DE 2009 | Fale! | 33


Matér i a de ca pa dele. Hoje nós estamos brigando pela refinaria e pela siderúrgica, mas se não tivesse o Porto do Pecém, a infra-estrutura do Linhão, da energia, o aeroporto, o Castanhão, nada disso nós estaríamos discutindo. Tudo isso é fruto da ação, do trabalho do governo Tasso Jereissati. No Senado, ele faz uma oposição construtiva. Tasso tem uma enorme credibilidade que o faz ser ouvido não só pelos seus pares como pela própria oposição”.

Everardo Telles, empresário “Tasso é uma pessoa formidável em todos os sentidos. Como pessoa, como político e como um empresário de sucesso. Respeitado e admirado em todo o Brasil. Motivo: sua competência. Eu sou um admirador do Tasso e faço o que for possível para contribuir com o sucesso dele, sempre crescente. Ele mudou a face do Estado do Ceará com o desenvolvimento, trazendo empresas para cá. Antes da Era Tasso, tínhamos um Ceará atrasado e menos desenvolvido. Depois do Tasso e passando pelo Ciro, o Estado passou a ser outro. O trabalho dele mostra a capacidade que ele tem para desenvolver e contribuir com o crescimento do Nordeste. Ele deixou o exemplo, que é uma coisa que permanece. Sua grande qualidade é saber escolher a sua assessoria, os seus secretários, os seus executivos. São pessoas que continuam contribuindo para o desenvolvimento do Ceará”. 34 | Fale! | JANEIRO DE 2009

T A S S O E P A T A T IV A

o

livro Cem Patativa, do professor Gilmar de Carvalho, traz uma passagem onde o autor relata a aproximação do poeta de Assaré com o político Tasso: “Em 1986, se aproximou do então candidato a Governador do Ceará pelo PMDB, Tasso Jereissati, que disputava eleição contra um dos mais tradicionais coronéis do período da ditadura militar, Adauto Bezerra, candidato pelo PFL (hoje Democratas), que já havia sido governador na década de 70. A história da aproximação com Tasso é curiosa e surgiu de forma espontânea. Pedro Bandeira, violeiro, então vereador, pelo PFL, em Juazeiro do Norte, difundiu em um programa de rádio, que Tasso era comunista, porque apoiado pelo partidão (PCB) e pelo PC do B, e quem estava dizendo isso era Patativa, como uma forma de se respaldar na imagem do poeta. Ele que, por volta de 1946, escrevera umas glosas por encomenda de um padre preocupado com a legalidade dos comunistas, folheto reeditado nessa mesma eleição, não quis cair na armadilha preparada pelos velhos “coronéis”, mandou um recado para o “galeguinho” e, espontaneamente, subiu aos palanques, pedindo votos para o candidato das “mudanças”. Patativa relembra parte de um imwww.revistafale.com.br

proviso que fazia: “Camponeses meus irmãos E operários da cidade É preciso dar as mãos E gritar por liberdade Em favor de cada um Formar um corpo comum Operário e camponês E todos no mesmo abraço Votar no doutor Tasso Candidato de vocês”. Complicada a relação desse símbolo, com toda sua trajetória de coerência, com o político-empresário, neoliberal avant la lettre, hoje exercendo mandato de senador e sendo um dos mais ferrenhos anti-petistas no Congresso Nacional. Mas as razões que, inicialmente, eram políticas, como de boa parte das esquerdas, assumiram um tom decididamente afetivo. Tasso Jereissati se tornou uma referência para Patativa. E o maior favor que ele se sente devedor ao líder político é o de não ter deixado sua Serra de Santana se desmembrar de Assaré, quando da elevação a município do distrito de Tarrafas (21 de outubro de 1988). Patativa não foi ingênuo ao apoiar Tasso, tampouco ganhou nada no plano pessoal, além de vínculos que usou em favor da comunidade.” Trecho do livro Cem Patativa, de Gilmar de Carvalho, que será lançado em março de 2009, pela Omni Editora


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Economia a crise global

os efeitos no brasil

O Brasil pratica uma das taxas de juros mais elevadas no mundo, e os bancos operam spreads extorsivos, inclusive os bancos públicos, como Caixa Econômica e Banco do Brasil. Quais efeitos o corte de um ponto percentual na taxa básica de juros pode ter sobre a economia nacional e em quanto tempo?

O

início de 2009 vem apresentando um cenário econômico difícil

para o Brasil, com a divulgação dos resultados de dezembro. Os números indicam que a crise financeira internacional chegou ao Brasil de forma bem mais forte do que as previsões feitas pelo governo e pelo mercado. “A crise atingiu o Brasil de forma mais intensa e mais rápida do que se esperava. Até que ponto isso vai nos afetar, ainda não se sabe, mas todos

os sinais indicam que ela é pior do que se imaginava e já começa a apresentar seus efeitos no mercado”, afirmou o coordenador da Carta de Conjuntura Econômica do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), Marcelo Nonemberg. Os dados de dezembro do Ministério do Trabalho apontaram mais de 650 mil demissões. O governo já tinha uma perspectiva pessimista e acreditava que os números iam superar muito a média histórica de demissões para o mês, que é de 300 mil. Para os especialistas, diante do novo quadro, o governo terá que se esforçar muito para continuar passando um clima de confiança para a população. “O papel do governo é passar essa confiança, até para não agravar a situação. Imagine se o piloto do avião demonstrasse que está com medo”, disse Nonemberg. No entanto, os dados indicam que o primeiro semestre de 2009 será muito ruim e que essa crise deve demorar a passar, acrescentou o economista. Para ele, manter o otimismo é difícil. “As pessoas estão perdendo o emprego. As notícias ainda estão assustando as pessoas, que adiam as decisões de compra. A própria notícia da crise contribui para agravar a crise.” Segundo Nonemberg, mesmo o Comitê de Política Monetária – Copom do Banco Central – BC, baixando bruscamente a taxa básica de juros, em 20 de janeiro de 2009 – de 13.75% para 12.75% – tentando estimular o crédito, o efeito da medida só será sentido no próximo semestre. Por sinal, o mercado espera uma contínua redução da mOBILIZAÇÃO. Em Brasília, o ministro da fazenda, Guido Mantega, foi alvo de críticas de trabalhadores em manifestação. Foto: Valter Campanato_ABr

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taxa que atualmente é uma das maiores do mundo. “Temos um efeito defasado. Ainda que o Banco Central decida continuar cortando radicalmente os juros, continuaremos sofrendo a influência da política adotada no ano passado, mais especificamente a partir de abril, que foi de elevação da taxa. Isso vai demorar para ter efeito”, comentou. De acordo com o economista Rogério César Souza, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, um traço dessa crise que não esteve presente em recessões anteriores é a imediata queda no emprego. “Normalmente, a produção industrial cai primeiro e as empresas procuram cortar horas extras, ou cortar o terceiro turno para depois pensar em demitir. Desta vez, porém, a intensidade foi tão grande que em outubro os níveis de empregos estavam firmes e em novembro já davam sinais de revés. Isso é sinal de que temos uma crise com elementos diferentes, inesperados e, por isso, difíceis de lidar.”

Queda na produção

A análise de conjuntura feita por Rogério Souza para o Iedi aponta forte retração econômica no mês de dezembro, principalmente na produção industrial. “Os resultados serão ainda piores que os de novembro”, diz o estudo, que destaca a redução da atividade industrial no estado de São Paulo. A produção da indústria brasileira caiu em novembro em todas as 14 regiões pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na comparação com o mês de outubro. As quedas mais acentuadas, maiores do que a verificada na média nacional (-5,2%), foram observadas nas indústrias do Espírito Santo (-17,2%), de Minas Gerais (-13,4%), do Rio Grande do Sul (-7,2%) e do Amazonas (-7,8%). Em relação a novembro de 2007, houve recuo em 12 dos 14 locais pesquisados. Apenas as indústrias do Paraná (5,7%) e do Pará (4,0%) cresceram nesse tipo de comparação. A indústria de São Paulo, responsável pelo parque fabril mais diversificado e de maior peso na estrutura industrial nacional, mostrou recuo menos intenso do que a média nacional na comparação entre os meses de novembro e outubro (-3,2%). Em relação a novembro de 2007, a queda foi de 2,7%. Segundo o IBGE, esse movi-

nossa realidade mesmo antes do agravamento da crise. Com certeza, o Banco Central reduzirá ainda mais a taxa de juros básica. Isso é importante porque é o custo do dinheiro, do capital. O crédito para investimento é importante neste momento e quem vai tomar dinheiro vai olhar duas coisas: o prazo e os juros. Se o custo for muito alto, não incentiva.” O economista José Luís Oureiro, professor da Universidade de Brasília – UnB e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômica e Social – CDES, órgão consultivo da Presidência da República, acha que “o governo passa a impressão de que tem agido com um passo atrás, com certo atraso para conter a crise”. “O governo tem agido como se estivesse reagindo aos acontecimentos. Talvez porque existia crédito. Para Belluzzo, a ideia de estatizar a concessão de crédito no Brasil antes uma ideia de que a economia brasileira estivesse blindada poderia ter o efeito de romper um ciclo de em relação aos efeitos da crise, ou desaceleração da economia. foto: Valter Campanato_ABr talvez porque o governo não consiga se livrar da maldita herança mento evidencia o aprofundamento e a ampliação do ritmo de queda da ativi- ideológica do governo anterior. Tratase de uma política ortodoxa e conserdade industrial. Rogério acredita que o desempre- vadora”, destacou. Oureiro cita a demora em adotar go pode se agravar ainda mais no primeiro trimestre do ano. Ele explica uma política mais expansionista em que quando há redução na produção, relação ao crédito. “Havia gente ainconsequentemente o emprego fica da defendendo aumento de juros”, prejudicado. No entanto, as demissões criticou, ao defender que já havia, em ocorrem em espaço de tempo posterior outubro e novembro, um cenário com inflação baixa e com vistas a uma baixa à queda da produtividade. “O fato é que entre o que a empresa produção. “O governo fica com medo produz e o emprego há uma diferença. de fazer uma política fiscal expansioA evolução desses dois agregados eco- nista e aumentar a dívida pública. Mas nômicos tem um comportamento dife- a dívida pública diminuiu. O governo renciado”, afirmou. Para o economista, tem hoje mais espaço para agir e fazer a industria brasileira acusou “de modo uma política anticíclica”, sugeriu. Oureiro defendeu que o governo muito rápido” o agravamento da crise use os bancos públicos para forçar de meados de setembro. uma política de expansão do crédito. Para Rogério, o governo é um agente importante e fundamental neste mo- Ele acredita que o governo deve repemento de crise. Para diminuir seus efei- tir o aporte de recursos feito ao Banco tos é preciso manter os investimentos e Nacional de Desenvolvimento Econôreduzir os juros. “O governo tem que mico e Social – BNDES, só que junto segurar os investimentos na economia. ao Banco do Brasil e à Caixa EconômiTem que sinalizar para os agentes eco- ca Federal. “É o momento de usar os nômicos – consumidores, empresários bancos públicos como instrumentos de e instituições – que a economia vai se política de crédito”, destacou. Mesmo com atraso, o professor refortalecer.” conhece que houve uma mudança no discurso do governo, a partir do fim do Lento e conservador Na avaliação do economista, “os ano passado, com o agravamento da juros já não eram condizentes com a crise e seus efeitos na economia brawww.revistafale.com.br

JANEIRO DE 2009 | Fale! | 37


ECO N O MI A & NEG Ó CI O S

Até bancos públicos, como a Caixa e o BB, têm spreads e lucros exorbitantes O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip), Alexandre Pereira da Silva, critica o que considera política extorsiva do sistema de concessão de crédito no Brasil via bancos. Mesmos os bancos públicos, como a Caixa e o Banco do Brasil, têm spreads e lucros exorbitantes. Alexandre conversou com a repórter Vanessa Brito, da Agência Sebrae de Notícias. Trechos: A dificuldade de acesso ou a falta de crédito prejudica o setor de panificação? A questão do fomento de crédito no Brasil ainda está muito no discurso. Continua muito longe da micro e pequena empresa. Somos financiados pelo cheque especial e cartão de crédito. Os bancos estão auferindo lucros inacreditáveis, por causa disso. Os cinco maiores

sileira. “Até outubro, o governo ainda dizia que era uma ‘marolinha’. Até que veio a forte desvalorização do real frente ao dólar”, disse.

Estatizar crédito

O economista Luiz Gonzaga Belluzzo afirma que a ideia de estatizar a concessão de crédito no Brasil poderia ter o efeito de romper um ciclo de desaceleração da economia. No entanto, Belluzo não acredita que o governo adote esse tipo de medida pelo caráter conservador que tem marcado a política econômica do país. “Quando se tem uma crise, há um racionamento de crédito e existem ainda medidas que vão além do que realmente é necessário. Com medo da

bancos têm lucros maiores do que as cinquenta maiores empresas brasileiras juntas. Tem alguma coisa errada nisso. São lucros exorbitantes, os mesmos que víamos nos governos anteriores. Há 30 anos, o sistema financeiro brasileiro cresce com lucros absurdos. As grandes empresas crescem e as pequenas sobrevivem. O Brasil vai mudar no dia em que o crédito realmente chegar ao empresário de pequeno porte. O Banco do Nordeste, por exemplo, pede 120% de garantia. Os fundos europeus entram como sócios das empresas, ou seja, correm risco junto com elas. O sistema financeiro impede o desenvolvimento do País? O sistema financeiro brasileiro é o câncer do País. É necessário que o governo tome medidas para sanar isso. Há de aparecer alguém que vai enfrentar, de fato, essa questão.

inadimplência, as instituições financeiras começam a inflar o spread — diferença entre o que se paga e o que se recebe em operações financeiras, além de outras medidas. Isso acaba aumentando o risco de inadimplência, é um ciclo”, disse o professor da Universidade de Campinas e ex-secretário de Política Econômica. A ideia é usar o Banco Central como provedor de liquidez para o sistema financeiro. O Banco Central é que atuaria como “viabilizador” do dinheiro, e a rede bancária funcionaria apenas para repassar esses recursos, seguindo as regras determinas pelo BC. “Mas não acho que isso seria implantado no Brasil, que tem um comportamento muito conservador na

Os bancos só pagam impostos sobre os lucros, enquanto uma padaria paga sobre faturamento. Por que não se regulamenta isso? A gasolina não é regulamentada, como outros setores que interessam ao governo? Os spreads bancários são absurdos. Não houve mudança nos últimos anos, os bancos estão operando com 700% de spread bancário. Vamos fazer uma conta: a pequena empresa se financia no cheque especial, com taxa de juros de 7% ao mês. Multiplicando por doze meses, chegamos a 90%, que significa cerca de 600% de spread. Por que o governo não tem condição de limitar o spread bancário? Os bancos cobram taxas de tudo. O dinheiro que está indo para o sistema financeiro deveria ficar nas pequenas empresas. Até bancos públicos, como a Caixa e o Banco do Brasil, têm spreads e lucros exorbitantes.

condução da política econômica. Há temor até de dizer as coisas, de falar das ideias, de dizer as palavras”, disse o economista, que classificou a perplexidade diante da ideia como “ataque de caipirice”. A ideia de um controle estatal sobre a oferta de crédito vem sendo adotada em outros países, inclusive nos Estados Unidos, como forma de garantir a oferta e minimizar os efeitos da crise financeira mundial. “É claro que a situação dos bancos norte-americanos, com US$ 4 trilhões de ativos podres prestes a vir à tona, é muito pior que a dos bancos brasileiros. Mas não podemos ter os olhos fechados para as discussões que estão ocorrendo em todo mundo”, destacou.

A evolução dos juros Confira a variação da taxa básica de juros — SELIC, nos últimos meses (%)

13

Fonte: Banco Central

12,00

11,50 11,50

11,25 11,25

11,25 11,25 11,25

11,75

13,75 13,75 13,75

12,75

12,25

2007 2008 Taxa atual jun 38 | Fale! | JANEIRO DE 2009

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Para Belluzzo, o conservadorismo brasileiro pode ser um fator prejudicial na busca de alternativas para solucionar problemas advindos da crise financeira mundial: “Nenhuma economia funciona sem crédito e é preciso resolver isso.” Já o economista José Luís Oureiro acredita que a ideia de controle estatal do crédito só poderia ser adotada quando todos os esforços para expansão do crédito tiverem sido adotados. “Esse tipo de medida é inconsistente, porque implica aumento de liquidez e isso não é compatível com um cenário de juros altos, como ocorre no Brasil. Ou seja, o Banco Central não pode fazer duas coisas ao mesmo tempo. Sou favorável à expansão do crédito, mas com redução de juros. Nos Estados Unidos, a taxa de juros adotada pelo FED — o Banco Central americano — é zero. “Uma medida dessas só se faz quando a autoridade monetária já fez tudo o que se podia fazer para expandir o crédito, já baixou os juros ao máximo. Quando se chega nesse ponto, estatizar o crédito é a única coisa

que se pode fazer”, considerou. Para Oureiro, o governo brasileiro ainda tem um largo campo para agir com o objetivo de expandir o crédito. “Da mesma forma que o governo fez um aporte de recursos de R$ 100 bilhões para o BNDES, poderia fazer para o Banco do Brasil e para a Caixa Econômica Federal. Poderiam ser aportes menores, de R$ 50 bilhões para o Banco do Brasil e de R$ 30 bilhões para a Caixa Econômica. Tenho certeza de que, se o governo fizesse isso, os bancos privados iriam acabar fazendo o mesmo, com medo de perder mercado”, afirmou . Já o economista Salomão Quadros, professor da Fundação Getúlio Vargas, não vê com bons olhos a possibilidade de o governo assumir por completo a responsabilidade, mesmo que temporária, pela oferta de crédito em um momento de crise, como o atual. O perigo, de acordo com Quadros, é que as concessões de crédito desconsiderem os fatores de risco. “Se o banco privado tem dinheiro para emprestar e avalia que não deve, há uma avaliação de risco, que

pode ser conservadora, mas que pode ter razão de existir. É inegável que há empresas e pessoas que não estão em condições de contrair empréstimos neste momento. A hora não é essa porque não há demanda, a produção caiu. É preciso saber que o que não se pode fazer com o capital privado, também não se pode fazer com o público”, destacou. Na opinião de Quadros, para conter os efeitos da crise, o governo deve continuar trabalhando com as medidas de redução e isenção de impostos para os setores mais prejudicados, como foi o caso do automobilístico, e investindo na de infra-estrutura. “O Brasil possui gargalos que ainda não foram superados. Eles continuam existindo, só que ninguém fala deles agora porque estamos em um período de produção baixa. Quando a crise passar e a produção for retomada, vai bater no gargalo de novo. Investir na construção de rodovias, ferrovias, na renovação da matriz energética é uma caminho importante, além de representar um bom uso do dinheiro público”,afirmou Quadros. n

Evolução do emprego em 2008

Número de demissões

Segundo dados do Caged, resultado de dezembro é o pior em quase dez anos. Em todo ano de 2008, porém, foram criadas 1,45 milhão de vagas com carteira assinada

Número de admissões

Fonte: Cadastro Geral de Empregados e Desempregados — Caged

jan

1.308.922 1.166.001

142.921

fev

1.171.945 1.376.908

204.963

mar

1.226.584 1.433.140

206.556

1.208.636

abr

294.522 mai

1.244.883 1.484.006

239.123

set

1.271.730

282.841

out

1.316.495 1.275.674

— 40.821 —654.946

887.299 www.revistafale.com.br

1.554.571

1.389.804 1.451.205

61.401

nov

1.492.051

1.299.590 1.502.808

203.218

ago

dez

1.182.609

309.442

jul

1.503.158

1.186.605 1.389.589

202.984

jun

Saldo

1.542.245

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ECO N O MI A & NEG Ó CI O S

BN T M 2 0 0 9

NEGÓCIOS A CÉU ABERTO

Atração de novas rotas turísticas e R$ 440 mil em negócios são algumas metas da BNTM 2009, que acontece no final de abril, em Fortaleza. Trata-se de um feira de negócios que reune compradores internacionais com uma novidade, ênfase na Finlândia, Polônia e Rússia. “Tradicionalmente, ocorre um crescimento entre 8% e 12% na procura internacional, e o estado anfitrião da feira registra um aumento na procura da ordem de 12% a 15%”, garante a Fundação Comissão do Turismo Integrado do Nordeste — CTI-Nordeste

A

expansão do “destino Ceará”,

pelo mundo, vai ganhar um novo impulso em abril. A cidade Fortaleza sedia a 18ª edição da Brazil National Tourism Mart, ou BNTM 2009, de 23 a 26 de abril deste ano, com direito a tours para Aquiraz, Caucaia, Beberibe e Aracati. São esperados pelo menos 600 operadores de turismo internacionais, os buyers — compradores, em inglês —, e outros 300 fornecedores do mercado nacional, os suppliers. “Será a maior e melhor de todas”, entusiasma-se o secretário de Turismo do Ceará, Bismarck Maia, que 40 | Fale! | JANEIRO DE 2009

puxa a organização e promoção desta BNTM. “Queremos um grande evento para promover a realização de grandes negócios”, diz. O trade turístico da região compartilha a animação. São esperadas pelo menos 6 mil reuniões de negócios, que podem resultar em uma movimentação financeira superior a R$ 440 milhões. A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Ceará, a ABIH-CE, já disponibilizou 800 apartamentos para a recepção e hospedagem dos investidores nacionais e estrangeiros durante o evento. “Além dos 600 buyers, quase 170 jornalistas estarão aqui conhecenwww.revistafale.com.br

do nossas cidades, nosso Ceará”, diz Régis Medeiros, presidente da ABIHCE. “Sendo bem tratados, bem recebidos, eles se sentirão, sem dúvida, mais à vontade para vender nossos destinos em seus países de origem.” Realizada anualmente, a feira chega a sua 18ª edição com grandes expectativas de atração de investimentos, não só para o estado, mas também para a região Nordeste e para o Brasil. “A BNTM trará quase todo o mundo para dentro do Ceará, teremos uma oportunidade imperdível. Os municípios com vocação turística devem participar”, conclama Roberto Pereira, presidente da Comissão de Turismo Integrado do Nordeste, a CTI Nordeste. A fundação, que congrega todos os órgãos oficiais de turismo da região, lançou a BNTM 2009, em todas as capitais nordestinas, entre os dias 13 de janeiro e 6 de fevereiro. É a quinta vez que o evento é sediado no Ceará.

Novos destinos, novas rotas

Na cerimônia oficial de lançamento da BNTM, realizada no último dia 5 de fevereiro em Fortaleza, o secretário de Turismo do Ceará, Bismarck


6 10 4

5

11

19 7 8

3

NEGÓCIOS. Bismarck Maia ressalta o caráter de negócios da BNTM, considerado o evento de maior geração de negócios em turismo do Brasil.

2

Países na BNTM 2009

1. Alemanha, 2. Argentina, 3. Brasil, 4. Espanha, 5. Estados Unidos, 6. Finlândia, 7. França, 8. Itália, 9. Polônia, 10 Portugal e 11. Rússia

Foto setur-ceará

Maia, anunciou novos investimentos do governo estadual e a prospecção de novas rotas turísticas. “Visitaremos cinco cidades da Rússia entre maio e julho, divulgando o destino Ceará. Finlândia e Polônia também devem ser trabalhadas em parceria com a companhia aérea portuguesa TAP”, disse. Para qualificar o equipamento turístico do Ceará, a fim de melhor receber esses potenciais novos turistas, o secretário também anunciou a conclusão do processo licitatório para a construção do Pavilhão de Feiras e projetou para o próximo mês o início do processo li-

citatório do Aquário, ambas as obras em Fortaleza. Outros investimentos do governo do Ceará, que devem ficar prontos nos próximos dois anos, são os aeroportos de Jericoacoara e Canoa Quebrada, a duplicação da estrada que liga Iguape à Beberibe e o Centro de Convenções do Crato. “Acabou essa história de se falar apenas em alta estação. Nós vamos trabalhar pelo destino Ceará o ano inteiro e, além das praias, vamos incluir, via Prodetur, as serras de Baturité e Ibiapaba”, enfatiza o secretário Bismarck Maia. Com ou sem foco nesse período, o www.revistafale.com.br

fato é que janeiro de 2009 foi bastante favorável para a rede hoteleira cearense. 88,32% dos leitos ficaram ocupados, contra 81,07% de janeiro passado; um crescimento de 8,9%. “O balanço é muito positivo para nós. O réveillon de Fortaleza, por exemplo, foi muito movimentado”, assegura Régis Medeiros, presidente da ABIH-CE. A 18ª BNTM tem o apoio do Ministério do Turismo, Embratur e patrocínio da Infraero, Sebrae, Banco do Nordeste, Caixa Econômica Federal, Chesf e das companhias aéreas TAP, TAM, Gol-Varig, Ocean Air, Webjet e TAF. n JANEIRO DE 2009 | Fale! | 41


O

Fórum Econômico Mundia l fechou

Análise

a edição 2009, a mais pessimista de sua história, em alerta máximo. A severa crise econômica pode causar reações sociais violentas e o ressurgimento do nacionalismo exacerbado e do protecionismo em favor do “Salve-se quem puder”. Klaus Schwab, fundador do fórum realizado na cidade suíça de Davos, disse que, sem dúvida, esta edição foi a mais negra do ponto de vista econômico, mas quis apresentar um contraponto otimista apelando à capacidade para sair da crise. Mensagem que mostra a confiança absoluta — quase irreal — no novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que cunhou em sua campanha eleitoral o slogan: “Sim, nós podemos” — Yes, we can. Os líderes políticos e econômicos reunidos na exclusiva estação alpina de Davos não duvidam que a crise econômica, originada pela crise financeira anterior, terá consequências sociais e também políticas. No Fórum Econômico Mundial, ficou claro que as reduções de empregos serão — como já vêm sendo — inevitáveis, pelo que parecem também inevitáveis as reações sociais violentas contra o capitalismo. Nesta semana se divulgou o corte de cerca 150 mil empregos pelos péssimos resultados em grandes empresas internacionais. O fórum transpareceu que o número de cortes pela crise global, que arrastou o crescimento econômico ao nível mais baixo desde a Segunda Guerra Mundial, pode deixar mais 50 milhões desempregados. A ministra da Economia, Finanças e Emprego francesa, Christine Lagarde, considerou que muitos contribuintes pressionam seus Governos para assegurar que os impostos que pagam beneficiem seus próprios países. Lagarde insistiu em que os chefes políticos devem se esforçar em comunicar aos contribuintes que é preciso se resgatar o mercado global, o livre comércio e as empresas internacionais com seus impostos. 42 | Fale! | JANEIRO DE 2009

O executivo-chefe da petrolífera Royal Dutch Shell, Jeroen van der Veer, disse que “ninguém quer voltar ao comunismo”, nem ao “excesso de regulação dos anos 1960 e 1970” e que, por isso, é preciso reagir rapidamente. O Fórum Econômico de Davos pôs muitas expectativas na reunião que o G20 manterá em Londres no início de abril, na qual deverá se definir o esqueleto do novo sistema financeiro global e mostrar uma liderança clara, ponto em que se voltou novamente a Obama. A chanceler alemã Angela Merkel propôs a criação de um Conselho Econômico das Nações Unidas, semelhante ao Conselho de Segurança, mas para supervisionar os mercados. Merkel apelou à adoção de uma carta econômica global pós-crise baseada em uma economia sustentável e diante do que, segundo ela, se percebe como “um fracasso do capitalismo anglo-saxão”, considerou que a economia social de mercado alemã poderia servir como modelo para um futuro sistema financeiro internacional. O primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, considerou que somente medidas coordenadas internacionalmente podem dar resultado às tentativas dos Governos de sair da crise financeira e econômica. Durante o fórum também se levantou que, apesar de as economias emergentes não participarem dos excessos que geraram a crise, elas sofrerão igualmente as consequências da recessão — ao contrário do que foi dito na edição passada, de 2008, quando se achou que elas poderiam evitá-las. Para ajudar os países que não podem aplicar planos de expansão financeira, será necessário recapitalizar instituições financeiras globais como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial. Chefes de Estado, ministros de Finanças, governadores de bancos centrais, dirigentes empresariais, assim como ONGs — cerca de 2.500 presentes, no total-, tentaram buscar em Davos soluções para a crise econômica. O tempo dirá se eles conseguiram. (da Agência Estado) n

Salve-se quem puder

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Sociedade

JUVENTUDE ESTÁ Queimando etapas Içami Tiba chama atenção para o despreparo dos pais em acompanhar a linguagem de seus filhos e a ânsia dos jovens pela fama a qualquer preço Por Adriana Bifulco e Fabiane Bernardi, da Agência Estado

informações das mais diferentes mídias, a todo instante. Sem paciência de esperar a conclusão de um processo, o jovem já dá início a outro, ansioso que algo mais aconteça nesse meio tempo. Isso se reflete na pressa de crescer e pular etapas da vida. Hoje os jovens têm pressa de crescer. Começam a namorar cada vez mais cedo, iniciam a vida sexual de forma precoce. Essa pressa está relacionada com a velocidade que eles recebem as informações? Içami Tiba. Eu acho que a juventude

hoje não tem muita influência dos pais, mas da tecnologia. Os jovens são digitais, e o tempo no digital é diferente do analógico. Os pais acham que o filho tem muita pressa, mas na realidade é a forma de o cérebro funcionar que é diferente. Por exemplo, os jovens querem ir do 1 ao 3 sem passar pelo 2. E os mais velhos não admitem que não passe pelo 2 porque está incompleto, porém o que dá a sensação de incompleto é o analógico. O digital não dá essa sensação, pois é altamente preciso. Já o analógico é histórico. Você olha no relógio e, mesmo sem ver os números, sabe que horas são, quanto tempo passou. Isso está “dando pau” no ambiente de trabalho e nas famílias.

U

m adolescente abre o computador para ler seus

e-mails e aproveita para baixar uma música no seu MP3. Enquanto faz o “download”, tenta bater seu recorde num jogo, ao mesmo tempo em que responde à chamada de um amigo pelo MSN. Esse comportamento “tudo ao mesmo tempo agora”, que acomete boa parte dos nossos adolescentes, nada mais é do que o resultado de um bombardeio de 44 | Fale! | JANEIRO DE 2009

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Poderia explicar isso com um exemplo do dia a dia? Tiba. Se um jovem de 21 anos começa a

trabalhar como estagiário, ele diz sem cerimônia para seu superior: “Ô meu, como eu faço isso?” O chefe responde: “Olha com quem você está falando.” Ele custou a se tornar chefe e não entende como uma pessoa que está começando se coloca como igual. O chefe tem uma “história”. Hoje, qualquer


um aperta o botão e é igual a todos. Isso torna os jovens mais impacientes. Tem coisas que você tem de passar pelo 2 para ter conhecimento. Isso é história e cada um tem a sua. O jovem já viu o 3, não passa pelo 2, mas quer fazer o 3. Em termos de experiência de vida, isso é um atropelo. Quer transar sem saber se prevenir. Essa confusão é estabelecida junto com a velocidade da tecnologia. A pressa acaba interferindo negativamente: quem tem pressa come cru. O importante é saber usufruir as coisas. Nosso cérebro tem uma capacidade que o dos animais não tem: curtimos o tempo. Ficamos curtindo a viagem que vamos fazer no fim do ano e depois ficamos lembrando dela. Os digitais ficam atrás de novidade o tempo todo. Como a família está se comportando nesse momento? Tiba. A família está menor e soltando

os filhos para essa velocidade. Isso distancia as crianças dos pais, que lhes dão os brinquedos digitais, mas não sabem como lidar com eles. O pai tanto influencia quanto incentiva. Quer o melhor para o filho, deseja que esteja inserido em um contexto. A importância dos pais como educadores ficou muito maior, pois eles têm pouco tempo e precisam procurar recursos diferenciados para chegar aos filhos. Os pais que reclamam que não têm tempo para seus filhos são jurássicos, pois acham que é igual ao tempo deles. O tempo hoje é digital. O filho hoje encontra duas, três pessoas sem sair de casa, pelo Orkut, chats e MSN. A grande dificuldade dos pais hoje é que eles não estão entendendo a linguagem que estão dando para o filho. Eles colocam a criança para aprender inglês, mas não sabem falar inglês. Ou então pedem: “Imprime o e-mail pra mim”, ao invés de aprender como se faz isso. As famílias não estão conseguindo imprimir sua história em seu próprio filho. Por isso as crianças estão muito mais atuais do que carregando a história da família.

Qual deveria ser a atitude da família nesse processo? Tiba. Hoje os pais têm uma grande

chance de serem imigrantes da geração digital, aprendendo essa linguagem através dos filhos. Existe um vão entre os pais e os filhos pela dificuldade de os pais aceitaram a linguagem

deles, que é a do futuro. Cérebro que paralisa fica senil. Vamos falar sobre violência. O que o senhor tem a dizer sobre os adolescentes que trocam socos e pontapés enquanto os amigos filmam a cena para depois exibir na internet? Tiba. É a celebridade, a fama. Eles que-

rem ser famosos a qualquer custo, não importa se é por crime, violência. O se destacar acontece para o bem e para o mal. Se ele não consegue por feitos heróicos, será por anti-sociais. Isso é pular etapas e se chama destempero relacional. A violência é o lado animal da pessoa que não está sendo trabalhada, que não sabe lidar com a frustração. Os pais evitam que os filhos tenham frustração. Se o número de derrotas é maior que o de vitórias, ou se aprende a perder ou vira um aleijado. As pessoas não estão acostumadas a perder. É mais fácil não ter nada e começar a ganhar coisas.

E quanto à valorização da beleza? Adolescentes, cada vez mais cedo, querem implantar silicone, fazer plástica... Tiba. Outra vez é a pressa, além da não

aceitação da realidade. É querer fazer o mundo de acordo com seus desejos. Não adianta uma japonesa querer aumentar os olhos e uma menina de olhos grandes virar japonesa. Não dá. Elas pensam: “Não importa que eu corra risco. O que importa é eu ficar mais bonita.” A aparência ficou muito mais forte que a realidade. Estão fazendo da vida o que se faz na internet, como no Second Life. A vida real não é assim. As pessoas que não têm bom preparo são contaminadas pelo virtual e acham que podem fazer de si, no real, o que gostariam de ter no virtual. Dá para relacionar o caso Eloá como um exemplo disso, tanto da pressa dos jovens, como o deslumbre pela fama? Aos 12 anos, Eloá começou a namorar Lindemberg, então com 19. No decorrer das negociações com a polícia, ele chegou a dar entrevistas para programas de TV. O que o senhor poderia falar a respeito desse caso que chocou o País? Tiba. Minha leitura sobre isso é para

ilustrar uma pessoa com instinto e sem preparo. Lindemberg se comportou de forma machista. Só faltava ele dizer: “Como pode uma mulher fazer isso com um homem?” Isso é o trogloditismo do machismo. Eles puwww.revistafale.com.br

laram várias etapas... Ele se acasalou com uma menina, até que ela cresceu e percebeu que ele não mais a servia. Ele se via como mentor dela, usufruiu porque virou posse dele. Faltou o respeito antes do amor, faltou o 2. Lindemberg criou um filme e colocou os dois como protagonistas. Tem gente que quer vestir a fama: “Fiquei famoso, pronto”, mas não sabem nem quais são as consequências disso. Não sabem trabalhar, não sabem em que gastar o dinheiro. Para quem não tem objetivo, qualquer caminho está bom. Como os pais podem estabelecer limites, desde cedo, para que seus filhos não cresçam autoritários dentro e fora de casa? Tiba. A noção de limites é muito sub-

jetiva. Há limites para a cidadania familiar: não podem fazer em casa o que não devem fazer fora dela. Por exemplo, a questão de guardar os brinquedos. A criança tem de deixar a sala em ordem para que outra pessoa possa usá-la. Não é preciso brigar. Isso é importante para que a criança aprenda a ser um cidadão. Não é a escola que vai reclamar se um ex-aluno tornar-se um senador corrupto. Quem vai se envergonhar disso são os pais dele. Hoje, os pais estão delegando à escola a responsabilidade de educar as crianças. É um doce engano poupar o filho só para curti-lo, deixando o encargo educativo para a escola. Por isso, hoje há os casais que optam por não ter filhos para curtir a vida. Só sabem que não terão filhos para cuidar deles. Então, que planejem uma boa aposentadoria e se preparem para o cemitério de vida, que é o asilo. É comum ouvir a frase “fazer um filho é fácil, difícil é educá-lo”. Educar um filho pode ser considerado o grande desafio das famílias às vésperas da primeira década do século 21? Tiba. Educar os filhos é um grande

desafio. Os pais não entenderam ainda que eles estão sendo desafiados. O grande desafio é o autopreparo dos pais e, como resultado, a educação boa. As pessoas estão tão cegas... O Lula é um exemplo disso. Ele disse na rádio CBN que a reunião do G-20 (realizada em novembro/2008) foi a mais importante do século 21. Temos mais 92 anos pela frente, como ele ousa falar desse jeito? Das reuniões que nem ele estará presente, no final de um outro mundo? Esse é um exemplo do Brasil. n JANEIRO DE 2009 | Fale! | 45


S O CIEDA DE

máquina de

mata r

A frota de motocicletas no Ceará e no Brasil não para de crescer. No estado, já são perto de 500 mil. Em 5 anos, um aumento de 96,76%. Junto com o aumento nas vendas, há a contrapartida trágica: o aumento no número de motociclistas mortos em acidentes. No Ceará, em 2008, foram registrados 42,85% mais mortes que há 6 anos. Quem não morre, engrossa a lista de atendimentos e internações das grandes emergências, como a do IJF Por Adriano Queiroz

E

m 2008, foram 5.223 atendimentos aos acidentados em

motos, somente em um hospital cearense, o Instituto Doutor José Frota – IJF. A média é de mais de 14 atendimentos por dia. Isso representa em média 35% dos atendimentos decorrentes de acidentes de trânsito. Cruzando esses dados com a pesquisa do DETRAN-CE, pode-se concluir que morre aproximadamente um motociclista por dia no estado. O levantamento feito pelo Departamento Estadual de Trânsito, o DETRAN-CE, também mostrou que, em 6 anos, o aumento de mortes em acidentes com motos subiu 42,86%. O estudo foi feito entre setembro de 2002 e setembro de 2008. Além da própria imprudência dos motoqueiros, o aumento nos índices de mortalidade no trânsito envolvendo tais veículos parece acompanhar o crescimento da frota. No Ceará, em pouco mais de cinco anos, o número de motocicle46 | Fale! | JANEIRO DE 2009

tas praticamente dobrou. Em 2003, havia no estado 252.568 motos, de acordo com dados do DETRAN-CE e da Federação Nacional de Distribuidores de Veículos, a FENABRAVE-CE. Ao final de 2008, já eram 496.961 motos emplacadas. Um aumento de 96,76%. Mas esse crescimento está concentrado nos últimos três anos. Para se ter uma ideia disso, houve um incremento de 77.511 motos, somente em 2008. Em todo o Brasil, o Ceará é o sexto estado em quantidade de motos, atrás de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Mas essa está longe de ser uma realidade exclusiva dos cearenses. Uma pesquisa do Ministério da Saúde, publicada no terceiro quadrimestre de 2008, mostra que, entre 1990 e 2006, o número de óbitos causados por acidentes envolvendo motociclistas cresceu 2.252% no Brasil, passando de 299 para 6.734, em apenas 16 anos. Nas cidades com mais de 500 mil hawww.revistafale.com.br

SAÚDE PÚBLICA. Os acidentes de motocicletas já ultrapassam um terço dos atendimentos em hospitais

bitantes, a taxa de óbitos por acidentes com moto foi de 0,2/100 mil habitantes, em 1990, para 2,6/100 mil habitantes em 2006. Se a pressa é dita “inimiga da perfeição”, o aumento expressivo no número de mortes causadas pela condução imprudente desse veículo corrobora o antigo dito popular sobre os malefícios da correria. Mas por que tanta gente tem optado pela motocicleta como meio de transporte? “A moto tornou-se uma opção muito interessante diante dos congestionamentos, além disso, ela é um meio de trabalho para muita gente. O fato de ser mais barata que o automóvel e poder ser financiada por períodos longos também contribui para o aumento da frota”, diz Marli Montenegro, autora da pesquisa do Ministério da Saúde. Já o superintendente do IJF, Wandemberg Rodrigues, qualifica essa expansão de “uma tragédia social, que, a cada novo ano, traz sérios ônus, evitáveis, para o Sistema Único de Saúde”.


Formas de reduzir mortes

Principais lesões decorrentes dos acidentes motociclísticos A imprudência é a maior causadora de acidentes com motocicletas. A recuperação de um internado leva em média de 6 a 118 dias, dependendo do tipo de lesão, podendo chegar a 18 meses em caso extremos Perfil do acidentado 87% são do sexo masculino 86% estão situados abaixo dos 40 anos de idade 63% têm entre 18 e 24 anos 4% estão abaixo dos 18 anos 16% são garupas 28% não usam capacete Quanto às motos envolvidas nos acidentes 85% são de até 125cc 11% são de 125cc a 200cc 4% são acima de 200cc 53% têm até 3 anos de uso 47% têm acima de 3 anos de uso Circunstâncias dos acidentes 24% dos acidentados estavam alcoolizados 77% dos acidentes ocorreram durante o dia, sem chuva

28% dos acidentados não estavam usando capacete Consequências desses acidentes 8,41% terminam em morte 44,44% das mortes ocorrem instantaneamente 38,88% das mortes ocorrem nas 24 horas seguintes 16,68% das mortes ocorrem em até 72 horas após o acidente 95% das mortes em acidentes de motos têm como causa o trauma encéfalocraniano 16% ficam com sequelas que resultam em invalidez temporária 5% com sequelas permanentes

Cabeça 21,5% Face 10,7% Coluna e pescoço 1,5% Membros superiores 12% Tórax 2% Abdômen 4,5%

Outras lesões 17,8% 40% apresentam múltiplas lesões Pelve e membros inferiores e 30%

Fontes: Denatran, Fenabrave, Abraciclo

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Tida como “máquina da morte” por muitos, a moto é uma realidade urbana brasileira e veio para ficar. Assim, especialistas em trânsito estudam alternativas para reduzir o número de acidentes com esse tipo de veículo. Para o diretor da Autarquia Municipal de Trânsito, a AMC, Carlos Henrique Pires Leandro, “o que tem de ser feito é investir mais em educação, engenharia e fiscalização de tal forma que todos juntos atendam às necessidades específicas desse veículo. Por exemplo, não dá para um motociclista que foi habilitado numa moto de 125 cilindradas guiar uma de 500 cilindradas com a mesma habilidade. Subcategorias dentro da categoria A deveriam ser criadas”. Mas nem toda a responsabilidade pelos acidentes pode ser atribuída aos motociclistas. Segundo ele, há imprudência também por parte dos motoristas. “Há excesso por parte do motociclista e um desrespeito do motorista. Na prática, o que a gente verifica é que um coloca a culpa no outro. Ninguém se auto-analisa e assume sua parcela de culpa”. Outra especialista do órgão de trânsito de Fortaleza, a Chefe de Divisão de Educação para o Trânsito, Sheyla Fontenele, observa que a falta do capacete e de outros acessórios de segurança são os principais responsáveis pelos acidentes fatais. “O motociclista se lança nas vias públicas despreparado, sem conhecer a legislação, alheio às medidas básicas de segurança e aos seus direitos e deveres. Em 70% dos acidentes registrados com motociclista, o maior impacto sofrido pelo envolvido é na cabeça”, exemplifica. Seguindo essa mesma linha de raciocínio, a professora de Legislação de Trânsito e Direção Defensiva, Cláudia Mercedes Lopes Bezerra, lembra que “proteções outras são necessárias: mãos firmes no guidom, só podendo tirar uma delas para informar intenção de manobras, e o uso de calçados firmes nos pés. Embora ainda não regulamentado, os motociclistas devem usar roupas apropriadas, preferencialmente coloridas, não apenas para se tornarem mais vistos pelos demais usuários das vias, como para aliviar os impactos diretos com o corpo. Defensivamente, em época de chuva é melhor evitar usar tais veículos, já que as pistas ficam escorregadias e há bueiros abertos”. n JANEIRO DE 2009 | Fale! | 47


Ciência&Saúde

MELHOR PREVENIR QUE ENGRAVIDAR Se na década passada o sexo no namoro entre adolescentes era condenado, hoje preocupa o fato das relações sexuais fazerem parte dos relacionamentos entre os jovens Por Adriana Bifulco e Cecília Nascimento, da Agência Estado

E

m pleno século 21, mesmo com todas as informações veiculadas pela mídia e com as orientações dadas pelas famílias — que hoje abordam o assunto por medo da aids e da violência —, as meninas continuam engravidando precocemente, e em todas as classes sociais. Engravidam e abandonam os estudos, perdem amigos, e a criança é culpada pelas oportunidades perdidas. Dependendo da situação, a garota deixa de contar com o apoio do parceiro. Para evitar que isso continue acontecendo, Albertina Duarte Takeutui, médica ginecologista, mestre e doutora pela Universidade de São Paulo e coordenadora do Programa Saúde do Adolescente, sugere nesta entrevista que os pais, em parceria com a escola e a igreja, acolham ainda mais seus filhos, discutam limites, façam planos e valorizem os filhos, para protegêlos de possíveis riscos. Em sua opinião, a queda de tabus, inibipelo uso de roupas, pelos padrões e ções, tradições e comportamentos conaté escolha de profissões. Há uma disservadores, além da falta de estrutura cussão maior também sobre a vida sedas famílias e de toda a sensualidade xual, afetos e emoções. A gravidez na exposta e incentivada pela mídia, tem adolescência é um problema discuticontribuído para o número ainda grande do mundialmente. Países desenvolde adolescentes grávidas no País? vidos e subdesenvolvidos discutem a Albertina Duarte. Há uma situação questão da gravidez na adolescência. mundial de mudança de comporta- Cada vez mais é precoce o relacionamento em relação à atividade sexual. mento sexual e precoce o tempo de Hoje as relações sexuais fazem parte conhecimento entre os parceiros. Isso dos namoros. Pesquisas dos anos 90 é apontado como uma das causas da feitas pela Secretaria de Estado da dificuldade dos adolescentes usarem Saúde, junto com a Organização Mun- métodos contraceptivos nos relaciodial da Saúde (OMS), revelaram que namentos. adolescentes achavam certo ter relações antes do casamento e que 70% Na sua opinião, o que tem acelerado o responderam que as relações sexuais despertar sexual dos jovens? faziam parte do namoro. Também Albertina. É uma situação mundial, observamos que 30% das mulheres uma onda de comportamento novo. adolescentes queriam casar virgem. Há 40 anos, era considerado fora de No mundo todo, a idade da primeira moda os adolescentes terem atividarelação sexual vem diminuindo. Os de sexual e hoje há quase uma crítica adolescentes são influenciados, como para quem não tem atividade sexual. eles mesmos revelaram em pesquisas, Os adolescentes vivem em grupo e há 48 | Fale! | JANEIRO DE 2009

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Na escola. 400 máquinas de distribuição de preservativos foram instaladas em escolas públicas. Ela foi densenvolvida por alunos de escola técnica de Santa Catarina. Foto: Elza Fiúza_ABr

exposição de comportamento também pela mídia. Em pleno século 21, com tantas informações, o que leva uma adolescente a engravidar? Albertina. Há 20 anos, acreditava-se

que era falta de informação em relação aos métodos anticoncepcionais. Várias das pesquisas nossas apontavam que pela primeira vez no Brasil, 90% dos adolescentes conheciam métodos anticoncepcionais e que não era por falta de informação que não os usavam. Nessa época, a mulher adolescente tinha medo de não agradar e o homem adolescente tinha medo de falhar e não ter o desempenho


tocuidado. A Secretaria de Estado da Saúde apontou agora a importância da história familiar. Filhas de mães adolescentes tendem a engravidar mais. Voltam a engravidar, mesmo que tenham sido a vida inteira prevenidas desse risco. Qual o papel da família, das escolas e da igreja nesse processo? A falta de orientação familiar e diálogo seriam os principais responsáveis? Albertina. Entendo que a escola tem pa-

adequado. A partir dessas pesquisas, observamos que adolescentes tinham insegurança nas relações sexuais, mais do que falta de informação. Muitas pesquisas falam que as adolescentes não têm opções e por isso engravidam. Nosso entendimento hoje, baseado em dados do Estado de São Paulo, é que adolescentes com 11 anos de estudo engravidam mais que meninas com três anos de estudo. A ocorrência de jovens grávidas está em todas as classes sociais. É importante que se leve em conta que adolescentes, mesmo conhecendo métodos anticoncepcionais, deixam de usá-los por falta de segurança em relação ao parceiro ou por não ter atitude de au-

pel fundamental. Deve fazer parte da escola, mais que o ensino de equações matemáticas, o ensino da matemática da vida. A escola deve participar do processo de alfabetização sexual, que envolve não apenas falar, mas discutir e entender o processo sexual. A educação e a saúde devem fazer parte de uma grande rede de proteção para os adolescentes. Eles estão expostos a riscos e desafios diários. Devemos construir uma política de acolhimento e apoio aos adolescentes. Eles não são culpados dos riscos, são vítimas dos riscos. A escola deveria contribuir para que os pais tivessem ferramentas para dialogar com seus filhos. Mas é importante dizer que a família nunca conversou tanto sobre sexualidade com seus filhos. Hoje, mesmo os pais mais simples de estrutura financeira, menos privilegiados, falam com seus filhos por medo da Aids e da violência. A OMS tem hoje um trabalho sobre espiritualidade entre os jovens. A igreja deve refletir a importância da adolescência e discutir o tema com eles. Os adolescentes precisam de voz. O silêncio leva à busca por espaço clandestino, por um espaço onde o risco existe.

O que os pais devem fazer para impedir os efeitos da mídia sobre os filhos? A escola também não teria um papel importante? Albertina. Os pais e a escola são mídias

também. São meios de comunicação, meios poderosos e importantes em todo o processo da adolescência. É importante que os pais estabeleçam essa comunicação. A mídia tem funções importantes e nós, instituições, temos de trabalhar juntos com ela. Tentar fazer da mídia um meio de auxiliar a educação do adolescente. Ela não pode ser uma vilã. Se os jovens ficam horas diante de novelas, de computadores ou ligados ao cinema e não têm interesse de conversar, www.revistafale.com.br

é preciso ficar em alerta. É necessário criar motivação para os adolescentes serem “atores” da própria vida. Não deixar que o interesse seja apenas pelos atores midiáticos. É preciso não criticar ou excluir os adolescentes. É importante elogiá-los, discutir limites, planos e valorizá-los. Dar espaço para que possam ter opinião. Sempre ouvimos dos adolescentes que eles recebem muitos “não”. Eles querem ser acolhidos. Quais os problemas de saúde que uma gravidez precoce pode provocar no desenvolvimento e crescimento de uma garota? E para o bebê que está sendo gerado? Albertina. Os grandes problemas estão

relacionados ao desenvolvimento psicológico e social. Hoje temos vários adolescentes sustentados pela família materna. É preciso incentivar a participação do pai na educação dessa criança. A ausência gera situações de identidade e abandono, não só econômico, mas afetivo. A adolescente que engravida abandona escola e seu retorno para as atividades é difícil. Seus amigos mudam, mas ela continua sendo uma adolescente. A jovem pode culpar a criança pelas oportunidades perdidas. Ser mãe é uma sobrecarga para ela. Essa garota insegura volta a engravidar em 40% dos casos em dois ou três anos. Isso faz com que tenha filhos de dois relacionamentos diferentes. Isso já é difícil para uma mulher adulta, imagine para uma menina. Já as questões físicas envolvem o crescimento e o desenvolvimento. A gravidez exige cuidados especiais. O pré-natal deve ser cuidadoso e feito o mais precocemente possível. A gravidez na adolescência é responsável por partos prematuros, infecções urinárias e hipertensão na gravidez. Isso exige cuidados. Gravidez de menores de 15 anos é uma situação que está crescendo cada vez mais no País. Essa situação exige ações especiais. Uma criança prematura tem mais risco no primeiro mês de vida e a mortalidade infantil envolve aproximadamente 64 mil crianças no Brasil por ano. São crianças que morreram antes de completar um ano de vida por problemas decorrentes do nascimento. Outra questão é trabalhar com essas adolescentes a amamentação, uma situação que fica cada vez mais difícil quando a adolescente é menor de 15 anos. n JANEIRO DE 2009 | Fale! | 49


Autos&Máquinas Palio 2010 já chegou Por Roberto Costa

O

ano de 2009 ainda nem esquentou e a Fiat já coloca no mercado a versão 2010 de seu vitorioso Palio. E não é para menos, já que com o mercado turbulento e sem norte qualquer novo apelo comercial pode representar a diferença de cores na hora de apresentar o balanço anual. Com modificações no visual, novos motores e mais uma versão, o Palio ganha fôlego para encarar o Gol, líder histórico de marcado e seu maior concorrente, totalmente atualizado no ano passado. Visualmente, o carro de briga da WFiat ganhou nova dianteira com sofisticados faróis de dupla parábola, que trazem máscaras e canhões cromados. Com exceção da versão mais esportiva do modelo, 1.8R, que oferece molduras

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negras em seus faróis e também foi introduzido um novo para-choque mais largo e envolvente. A traseira ganhou novas lanternas com grade interna cromada para as versões ELX. Enquanto as versões 1.8R continuam com as lanternas fumês, completam o novo visual brake-light e aerofólio traseiro de série em todas as versões. Internamente, o Palio 2010 ganhou mais em requinte. As versões ELX 1.0 e 1.4 agora são equipadas com um novo quadro de instrumentos de fundo preto, que traz velocímetro, conta-giros, marcador gradual da temperatura da água, relógio digital, My Car Fiat, Trip computer e indicação do nível de combustível digital. Mais potência. O novo motor 1.0 Fire Flex gera potência de

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73 cavalos com gasolina e 75 cv com álcool – um ganho superior a 8 cavalos de potência. Com essa nova configuração, o que se tem é um motor com melhor desempenho e mais econômico. Já o novo motor 1.4 Fire Flex tem potência de 85 cv com gasolina e 86 cv com álcool, 5 cavalos a mais do que o motor anterior. A linha Palio ganhou ainda uma nova versão, a ELX 1.8, oferecendo ao consumidor mais uma opção. Ela chega motor 1.8 Flex, que gera 112 cv com 100% gasolina e 114 cv com 100% álcool. Com o desempenho do motor 1.8 e bem equipado de série, o Palio ELX 1.8 Flex vem trazendo equipamentos como direção hidráulica, volante com regulagem em altura, computador de bordo, comando in-


terno de abertura de porta-malas e do tanque de combustível, rodas de aro 15” e pneus 185/60 R15. Como opcionais, o Palio 1.8 ELX traz itens exclusivos para a sua versão, só encontrados no 1.8R, como sensores crepuscular e de chuva e espelho eletrocrômico. Todas as versões são equipadas de série com direção hidráulica, aerofólio traseiro, faróis de neblina, computador de bordo, conta-giros, My Car Fiat, volante com regulagem de altura, espelho de cortesia para o motorista e para o passageiro, Follow Me Home, vidro traseiro térmico com limpador e lavador, para-brisa degradè, comando interno de abertura do porta-malas e da tampa do reservatório de combustível, Fiat Code, três apoios de cabeça rebaixados no banco traseiro, até 18 porta-objetos, incluindo porta-óculos, estrategicamente posicionados para facilitar a organização, ganchos no porta-malas para fixação de carga, entre muitos outros. Agora é esperar e torcer para que outros modelos agreguem valor às versões anteriores e logo fiquem à disposição do mercado. n

pit-stop  100ª Casa Scania no

país. Com a inauguração da nova

concessionária da Itaipu Norte na cidade de Marabá, no Pará, a Scania chegou à marca histórica de 100 Casas no país. Construída em uma área de 10.000 m², ela poderá atender com mais comodidade a média de 140 ordens de serviço por mês, a maioria envolvendo o segmento da mineração. A Casa número 100 é um passo importante da Scania para cumprir a sua meta de chegar a 120 concessionárias nos próximos três anos. Hoje, as 100 Casas Scania têm condições de cobrir todo do território nacional, colocando à disposição do cliente um amplo portfólio de serviços da marca, que inclui gerenciamento de estoque, assistência 24 horas (Scania Assistance), treinamento de motoristas e rastreamento do veículo.  Biodiesel. Pioneira na pesquisa e desenvolvimento de motores aptos a rodarem com combustíveis à base de biomassa, a Cummins atingiu, no Brasil, a marca de 1,3 milhão de quilômetros rodados em testes com

pODEROSO. Internamente, o modelo ganhou sofisticados recursos eletrônicos.

o biodiesel misturado ao diesel convencional. Hoje, todos os motores automotivos Cummins saem da fábrica de Guarulhos em condições de receber uma mistura de até 5% de biodiesel e até o fim do ano eles poderão receber até 20% de biodiesel. Para a empresa, o aperfeiçoamento de um combustível alternativo com as características do biodiesel tem forte apelo de negócios em todo o mundo, na medida em que ele agrega uma série de vantagens aos combustíveis convencionais. Os testes já realizados envolvem: ensaios de laboratórios para análise de características físico-químicas; testes de desempenho e de emissões de gases; testes de durabilidade em dinamômetro e testes de durabilidade em campo.  Honda-Promot 3. Desde 1º de janeiro, entrou em vigor a terceira fase do Promot (Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares), que estabelece normas mais rigorosas quanto aos níveis de poluição emitidos por motocicletas. Todas as motocicletas produzidas pela Honda a partir desta data já atendem ao Promot 3, em níveis abaixo dos estabelecidos pela legislação.

Vale esclarecer que as motocicletas produzidas em 2008 e alinhadas ao Promot 2 continuarão sendo comercializadas ao consumidor final enquanto houver estoques nas concessionárias.  Express Service: Honda.

O Express Service foi lançado com a proposta de disponibilizar uma maior conveniência ao cliente, em que a prática da manutenção tenha o menor impacto possível em seu dia a dia. Por isso, foi projetado para oferecer serviços rápidos e de baixa complexidade, como revisões (10, 20 e 30 mil quilômetros), troca de óleo, alinhamento, substituições de pastilhas e de lâmpadas, entre outros, visando eficiência e agilidade, e o trabalho não ultrapassa 90 minutos. Dessa forma, elimina duas das principais objeções ao se levar o automóvel para uma revisão: uma possível longa espera e a possibilidade de ficar sem o carro durante boa parte do dia. Também terá um atendimento baseado na transparência, uma vez que poderá acompanhar todo o processo. Um dos diferenciais é o espaço destinado para o Express Service. As concessionárias dispõem de uma área separada - uma instalação anexa ou

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no mínimo dois boxes em sua oficina – e que é prontamente identificada pelo consumidor por causa de seu layout diferenciado. Além disso, possuem consultores e técnicos exclusivos para o atendimento.  VW-MAN AG. Desde 1º de janeiro de 2009, a Volkswagen Caminhões e Ônibus se tornou mais uma empresa do grupo alemão MAN AG. O valor da negociação será de 1,175 bilhão e envolverá as operações de caminhões e ônibus da Volkswagen na América Latina. Não haverá mudanças na linha de comando brasileira. Roberto Cortes permanecerá à frente da Volkswagen Caminhões e Ônibus, que continuarão a ser vendidos com a marca Volkswagen. Para a Volkswagen, o negócio não apenas garante o futuro da Volkswagen Caminhões e Ônibus, mas cria condições ideais para a sua expansão. Tendo comemorado 250 anos de existência em 2008, o grupo MAN AG é um dos líderes europeus na fabricação de veículos comerciais, motores e equipamentos de engenharia mecânica, com vendas anuais de aproximadamente 100 mil unidades e mais de 50 mil empregados em todo o mundo. JANEIRO DE 2009 | Fale! | 51


Cultura

O espírito de bezerra em dvd Fenômeno de bilheteria, Bezerra de Menezes — O Diário de um Espírito, ganha lançamento em DVD no mês de março.

U

m sucesso do cinema

nacional, o filme Bezerra de Menezes – O Diário de um Espírito, ganhou uma versão em DVD. O longametragem ficou em cartaz por 16 semanas em Fortaleza e já foi assistido por mais de 27 mil pessoas no Ceará e 500 mil em todo país. O filme, uma produção de Luiz Eduardo Girão, dirigido pelos cineastas Glauber Filho e Joe Pimentel, já desbancou nas bilheterias obras badaladas, como Os Desafinados e Linha de Passe, figurando na lista dos 5 mais assistidos em 2008. O DVD trará extras como, depoimentos dos diretores e do elenco, cenas excluídas, efeitos especiais, depoimentos de religiosos e estudiosos da vida do espírita famoso e do espiritismo em si, além de uma rica biografia e making off. Mas embora já possa ser encomendado, pelo site da ONG Estação da Luz, coprodutora do filme, o DVD Bezerra

“O

de Menezes — O Diário de um Espírito, só estará disponível nas lojas a partir do dia 4 de março. Orçado em dois milhões de reais, “Bezerra de Menezes” pagou o próprio custo em cerca de 45 dias. A distribuidora Fox Filmes do Brasil teve de ampliar o número de salas em exibição, devido à grande procura pelo filme nos cinemas de todo país. No Ceará, além de Fortaleza, o longa já foi exibido nas cidades de Sobral, Juazeiro do Norte e Maracanaú. Cidades do interior de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul também devem receber cópias do filme para exibição. A expectativa dos produtores é que a obra atinja a marca de 600 mil espectadores. O sucesso deve ganhar, ainda, uma minissérie de dez capítulos, a ser exibida provavelmente na Rede Globo de Televisão, com o ator Carlos Vereza reeditando o “Médico dos Pobres”.

médico verdadeiro não tem o direito de acabar a refeição, de escolher a hora, de inquirir se é longe ou perto. O que não atende por estar com visitas, por ter trabalhado muito e acharse fatigado, ou por ser alta noite, mau o caminho ou tempo, ficar longe, ou no morro; o que sobretudo pede um carro a quem não tem como pagar a receita, ou diz a quem chora à porta que procure outro – esse não é médico, é negociante de negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros os gastos da formatura. Esse é um desgraçado, que manda, para outro, o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única espórtula que podia saciar a sede de riqueza do seu espírito, a única que jamais se perderá nos vaivens da vida”. Bezerra de Menezes, o médico dos pobres

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O f ilme A vida do personagem começa em 1831, na localidade de Riacho do Sangue, Ceará. No universo sertanejo, Bezerra de Menezes forjou seu caráter e aos dezoito anos inicia no Rio de Janeiro seus estudos de Medicina. Na então Capital da República, foi um grande abolicionista e elegeu-se vereador e deputado em várias legislaturas. Porém, o trabalho anônimo em favor dos mais humildes foi que lhe trouxe o maior reconhecimento de seu povo, que o chamava Médico dos Pobres. Sua trajetória foi marcada pelo amor e pela caridade, seja como o político devotado às causas humanitárias, seja como o médico conhecido por jamais negar socorro a quem batesse à sua porta. Um exemplo de homem que fez da sua vida um meio de servir ao próximo e à sua pátria.

Ficha Técnica

Gênero Biografia, Drama Duração 75 min. Tipo Longa-metragem / Colorido Distribuidora Fox Filmes do Brasil Produtoras Trio Filmes, ONG Estação da Luz Diretores Glauber Filho, Joe Pimentel Produção Executiva Sidney Girao, Eduardo Girão Produtor Isabela Veras Direção de Fotografia Cezar Moraes, Antônio Luís Direção de Arte André Sacallazari Som Danilo Carvalho


persona Falcão em grande estilo

Ednilton Soarez, Cid Gomes com o filhote Mateus e João Gentil Jr.

O

Arialdo Pinho e Bismarck Maia

Ramubrinká, super toboágua do Beach Park

s empreendedores Ednilton Soarez e João Gentil

Junior anfitrionaram a festa estilo open beach de lançamento do Ramubrinká, com direito à presença do governador Cid Gomes. A nova atração do Beach Park faz uma homenagem bem humorada ao povo do Ceará e tem como garoto propa-

ganda o mega-brega-star Falcão. O brinquedo recebeu investimento de R$ 7 milhões e é o maior já instalado nos seus 24 anos de história. O super toboágua é composto por uma torre de 24 metros de altura, uma piscina de 500 mil litros e sete toboáguas. A expressão Ramubrinká é uma versão

Fotos jarbas oliveira

sonora de “vamos brincar”. A empresa canadense Whitewater — a maior construtora de parques aquáticos do mundo, responsável pela confecção dos toboáguas — e a empresa de engenharia cearense CMM, construiram a obra. Hoje só existe um equipamento igual ao Ramubrinká no mundo, inaugurado em 2007 nos Estados Unidos. ESTAÇÃO DOMINIQUE

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JANEIRO DE 2009 | Fale! | 53


persona Luiz Carlos Martins

no rol dos sessentões. Reunindo a família, amigos e correligionários políticos, o senador Tasso Jeressati comemorou, em grande estilo, no La Maison Dunnas, seu ingresso nas seis décadas.

Clã familiar reunido na hora dos parabéns: Natália, André, Renata, Tasso e Joana Jereissati e Carla e Benjamin Oliveira

Julinho Ventura

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Bismarck Maia


Renata e Tasso Jeressati e Yolanda Queiroz aplaudem o show de Fagner

Sérgio Machado

Show de Raimundo Fagner

Maia Júnior Ivens e Consuelo Dias Branco com o aniversariante

Tasso com a também senadora Patrícia Saboya

Assis Machado

Eliomar de Lima

Senador Arthur Virgílio

Robinson de Castro e Silva

Recebendo cumprimentos de Everardo Telles

Luiz Carlos Martins. De A a Z no Caderno People, Jornal O Povo


persona

Transformado em navio, o Iate Clube brindou 2009 com linda noitada, tendo como atração a Bateria da Mangueira. brinde a bordo.

Luiz Carlos Martins

Fotos Auston

José Benevides, Selene e Max Câmara

Passistas da Bateria da Mangueira mostram todo seu rebolado no palco

56 | Fale! | JANEIRO DE 2009

Edilmar e Lucila Norões e Cláudia Elery

Alessandra Bizerra e Sandra Dutra

Verônica e Ricardo Caminha

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Luiz Carlos Martins e Bárbara Bastos

Geraldina e Geraldo Bizerra


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As bandas Caribbean Kings e Tropa de Choque animaram o frenético baile do Naútico na passagem do ano.

rèveillon no naútico.

Luiz Carlos Martins

Júlio Lima Verde e Fátima e Juliana Sales

Stênio Carvalho Lima

Georgiana e Guedes Neto do Ceará

Ruy e Norma do Ceará

Regina Cláudia e Avelino Dutra

Beatriz, Aney e Paulo Vitorino

Alan Neto e Ivanilde Rodrigues

Lineu e Mariana Jucá

Liduína e José Batista Aquino

Georgiana do Ceará e Artamilce Lobo www.revistafale.com.br

JANEIRO DE 2009 | Fale! | 57


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E

Estatuto racista Por Carlos Alberto Di Franco

m recente entrevista à revista Época, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) teve

a coragem de romper o monólogo politicamente correto que tem dominado a tramitação do projeto de lei que cria cotas para negros e índios nas universidades federais. Segundo o senador goiano, “esse é um projeto com grande potencial de dividir a sociedade brasileira. A partir do momento em que nós jogarmos uns contra os outros e passarmos a rotular aqueles que terão mais direito a frequentar uma universidade pública por causa de raça, nós vamos deixar de ser brasileiros. Seremos negros, pardos, brancos, mamelucos, bugres, mas não seremos mais brasileiros.” O tema é polêmico. Deve, portanto, ser discutido com profundidade e respeito à diversidade de opinião. Não é o que tem acontecido. “O patrulhamento é tanto que muito parlamentar tem medo de arranhar a própria imagem”, sublinha Torres. “Muitos têm medo de aparecer em público contra o movimento negro e serem tachados de racistas, embora não sejam.” Está surgindo, de forma acelerada, uma nova “democracia” totalitária e ditatorial, que pretende espoliar milhões de cidadãos do direito fundamental de opinar, elemento essencial da democracia. Se a ditadura politicamente correta constrange senadores da República, não pode, por óbvio, acuar jornalistas e redações. O primeiro mandamento do jornalismo de qualidade é a independência. Não podemos sucumbir às pressões dos lobbies direitistas, esquerdistas, homossexuais ou raciais. O Brasil eliminou a censura. E só há um desvio pior que o controle governamental da informação: a autocensura. Para o jornalismo não há vetos, tabus e proibições. Informar é um dever ético. Não Somos Racistas: uma reação aos que querem nos transformar numa nação bicolor (Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 2006) é o título de um livro do jornalista Ali Kamel. A obra, séria e bem documentada, ilumina o debate. Mostra o outro lado da discussão sobre as políticas compensatórias ou “ações afirmativas” para remir a pobreza que, supostamente, castiga a população negra. Kamel, diretor-executivo de Jornalismo da Rede Globo de Televisão e ex-aluno do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é uma alma de repórter. Por isso, questiona pretensas unanimidades. Fustigado pela sua intuição jornalística, flagrou um denominador comum nos diversos projetos instituindo cotas raciais: a divisão do Brasil em duas cores, os brancos e os não-brancos, com os não-brancos sendo considerados todos negros. A miscigenação, riqueza maior da nossa cultura, evaporou nos rarefeitos laboratórios dos legisladores. “Certo dia”, comenta Kamel, “caiu a ficha: para as estatísticas, negros eram todos aqueles que não eram brancos. (...) Pior: uma nação de brancos e negros onde 58 | Fale! | JANEIRO DE 2009

os brancos oprimem os negros. Outro susto: aquele país não era o meu.” Do espanto nasceu a reflexão. O desvio começa na década de 1950, pela ação da escola de Florestan Fernandes, da qual participava Fernando Henrique Cardoso. Para o autor, FHC presidente foi sempre seguidor do jovem sociólogo Fernando Henrique. Convencido de que a razão da desigualdade é o racismo dos brancos, FHC foi, de fato, o grande mentor das políticas de preferência racial. Lula, com sua obsessão populista, embarcou com tudo na canoa das cotas raciais. O Brasil, como todos vivenciamos, nunca foi um país racista. Tem, infelizmente, pessoas racistas. A cultura nacional, no entanto, sempre foi uma ode à miscigenação. As políticas compensatórias, certamente movidas pela melhor das intenções, produzirão um efeito perverso: despertarão o ódio racial e não conseguirão cauterizar a ferida da desigualdade. Esgrimindo argumentos convincentes, o jornalista mostra que os desníveis salariais entre brancos e negros não têm fundamento racista: ganham menos sempre os que têm menos escolaridade. “Os mecanismos sociais de exclusão têm como vítimas os pobres, sejam brancos, negros, pardos, amarelos ou índios. E o principal mecanismo de reprodução da pobreza é a educação pública de baixa qualidade.” Só investimentos maciços em educação podem erradicar a pobreza. É preciso fugir da miragem do assistencialismo. “Tire o dinheiro do programa social e o pobre voltará a ser pobre, caso tenha saído da pobreza graças ao assistencialismo. E o pior: num país pobre como o nosso, cada centavo que deixa de ir para a educação contribui para a manutenção dos pobres na vida trágica que levam”, adverte o autor. Numa primeira reflexão, nada mais justo do que dar aos negros a oportunidade de ingressar num curso superior. Mas, quando examinamos o tema com profundidade, vemos que não se trata de uma providência tão justa quanto parece. Ao tentar corrigir a injustiça que, historicamente, marcou milhões de brasileiros, cria-se um universitário de segunda classe, que não terá chegado à universidade por seus méritos. Ademais, ao privilegiar etnias, a lei discrimina outros jovens brasileiros pobres que não se enquadram no perfil racial artificialmente desenhado pelo legislador. Oculta-se a verdadeira raiz da injustiça: a baixíssima qualidade do ensino. Os negros brasileiros não precisam de favor. “Precisam apenas de ter acesso a um ensino básico de qualidade, que lhes permita disputar de igual para igual com gente de toda cor.” Impõe-se um debate mais sério. Uma discussão livre das ataduras do patrulhamento ideológico. Afinal, caro leitor, o que está em jogo é a própria identidade cultural do nosso país. n Carlos Alberto Di Franco, diretor do Master em Jornalismo (www.masteremjornalismo.org.br), professor de Ética e doutor em Comunicação pela Universidade de Navarra, é diretor da Di Franco - Consultoria em Estratégia de Mídia (www. consultoradifranco.com) E-mail: difranco@iics.org.br

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