Em Família | Marista de Brasília - Maristão

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2º Semestre • 2013 | 12ª edição

ENTREVISTA

Hélio Mattar fala sobre a urgência da mudança para um mundo sustentável

COMO FAZER

Férias: bom momento para os filhos aprenderem o valor do dinheiro

O exemplo vem de casa

Atitudes diárias praticadas pelos pais contribuem para a formação dos filhos sobre o consumo consciente


Um amplo conceito de educação para alunos, famílias, professores e escolas crescerem juntos.

AMPLIANDO FUTUROS O FTD Sistema de Ensino trabalha para ampliar as perspectivas do futuro para todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem, oferecendo soluções educacionais inovadoras e diferenciadas: • Plano de ação em gestão escolar. • Avaliação e diagnóstico educacional e institucional. • Consultoria educacional e formação continuada – PUC. • Conteúdo impresso e digital integrado e disponível em multiplataforma (PC, notebook, tablet etc.). • Material didático com abordagem metodológica totalmente alinhada – da Educação Infantil ao Ensino Médio. • Plataforma digital que integra usuários e disponibiliza ferramentas e conteúdos específicos para alunos, família, professores, coordenadores e direção. Para conhecer os diferenciais e soluções do FTD Sistema de Ensino, solicite a visita de um consultor comercial:

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Ampliando Futuros


Combinação única de bons valores e excelência.

O Grupo Marista conta com milhares de pessoas que, diariamente, vivenciam e disseminam importantes valores humanos e cristãos com o compromisso de promover e defender os direitos das crianças e dos jovens. Faz parte do jeito Marista a busca constante por excelência. Na área da

Presidente do grupo marista Ir. Délcio Afonso Balestrin Superior Provincial Ir. Joaquim Sperandio Superintendente Executivo do grupo marista Marco Antônio B. Cândido Superintendente Executivo da Área de Educação Paulo Serino Diretor-executivo da Rede de Colégios Ir. Paulinho Vogel Assessoria de Comunicação Camila Matta, Danielle Sasaki, Fabiana Ferreira, Fernanda Jacometti, Irene Simões, Karen Fukushima, Leandro Martins e Vivian Lemos Comunicação e Marketing Colégios Ana Carolina J. Ranocchi, Camilla Stivelberg, Carlos Eduardo Cruz, Elaine dos Santos Cezaro, Eziquiel M. Ramos, Fábio S. Aparício, Fernando C. Domanski, Guilherme F. Neto, Keila R. D. de Castro, Kely C. de Souza, Luiza B. Fleury, Mayara A. Haudicho, Mayara Gutjahr, Natália S. C. Raso, Natália V. de Souza, Raquel A. Bortoloso, Tamiris Domingos, Tatiane Pereira, Yolanda Drumon, Washington M. Silva. Rua Imaculada Conceição, 1155, Prado Velho Curitiba-PR | Prédio Administrativo PUCPR 8º andar - CEP: 80215-901 | Tel.: (41)3271-6500

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educação, da escola à universidade, formamos pessoas e trazemos resultados comprovados. Em atividades nas áreas de saúde e comunicação, levamos sempre a melhor qualidade para públicos de diferentes condições e necessidades. Em todas essas áreas, a ação social está presente

BRASÍLIA Colégio Marista de Brasília - Ensino Fundamental SGAS 609 CONJ A - Bairro Asa Sul - Brasília-DF CEP 70200-690 | (61) 3442-9400 Colégio Marista de Brasília - Ensino Médio SGAS 615 CONJ C - Bairro Asa Sul - Brasília-DF CEP 70200-750 | (61) 3445-6900 Colégio Maristinha Pio XII - Educação Infantil e 1º Ano do Ensino Fundamental SGAS 609, Módulo C - Bairro Asa Sul - Brasília-DF CEP 70200-690 | (61) 3442-9400 SÃO PAULO Colégio Marista de Ribeirão Preto Rua Bernardino de Campos, 550 - Higienopólis Ribeirão Preto-SP - CEP 14015-130 | (16) 3977-1400 Colégio Marista Arquidiocesano Rua Domingos de Moraes, 2565 - Vila Mariana São Paulo-SP - CEP 04035-000 | (11) 5081-8444 Colégio Marista Nossa Senhora da Glória Rua Justo Azambuja, 267 - Cambuci - São Paulo-SP CEP 01518-000 | (11) 3207-5866 PARANÁ Colégio Marista Paranaense Rua Bispo Dom José, 2674 - Seminário - Curitiba-PR (41) 3016-2552 Colégio Marista Santa Maria Rua Prof. Joaquim de M. Barreto, 98 - São Lourenço Curitiba-PR CEP 82200-210 | (41) 3074-2500

com iniciativas alinhadas ao posicionamento institucional, mas também atuamos diretamente, por meio de uma ampla rede de solidariedade. Bons valores e excelência. Nossa missão é proporcionar essa combinação única para a construção de um mundo melhor.

Colégio Marista de Cascavel Rua Paraná, 2680 - Centro - Cascavel-PR CEP 85812-011 | (45) 3036-6000 Colégio Marista de Londrina Rua Maringá, 78 - Jardim dos Bancários - Londrina-PR CEP 86060-000 | (43) 3374-3600 Colégio Marista de Maringá Rua São Marcelino Champagnat, 130 - Centro Maringá-PR - CEP 87010-430 | (44) 3220-4224 Colégio Marista Pio XII Rua Rodrigues Alves, 701 - Jardim Carvalho Ponta Grossa-PR - CEP 84015-440 | (42) 3224-0374 SANTA CATARINA Colégio Marista São Francisco Rua Marechal F. Peixoto, 550L - Chapecó- SC CEP 89801-500 | (49) 3322-3332 Colégio Marista de Criciúma Rua Antonio de Lucca, 334 - Criciúma-SC CEP 88811-503 | (48) 3437-9122 Colégio Marista São Luís Rua Mal. Deodoro da Fonseca, 520 - Centro Jaraguá do Sul-SC - CEP 89251-700 | (47) 3371-0313 Colégio Marista Frei Rogério Rua Frei Rogério, 596 - Joaçaba-SC - CEP 89600-000 (49) 3522-1144 GOIÂNIA Colégio Marista de Goiânia Avenida Oitenta e Cinco, 1440 - Santa Marista Goiânia-GO - CEP 74.160-010 | (62) 4009-5875

Projeto gráfico Estúdio Sem Dublê DIAGRAMAÇÃO Julyana Werneck Foto DE CAPA Letícia Akemi 12ª Edição | 2º Semestre 2013 Periodicidade Semestral

Revisão Lumos | Bureau de Traduções

Jornalista Responsável Rulian Maftum / DRT Nº 4646 Supervisão Danielle Sasaki (Grupo Marista) e Maria Fernanda Rocha (Lumen Comunicação) Redação rede Michele Bravos, Julio Cesar Glodzienski, Elizangela Jubanski Redação Local Aline Andres (Joaçaba), Andressa Ferreira (Goiânia), Camilla Stivelberg (Brasília), Daniela Nogueira (São Paulo e Ribeirão Preto), Erika Gonçalves (Cascavel, Londrina e Maringá), Janaína Mônego (Chapecó), Kelly Erdmann (Jaraguá do Sul e Criciúma), Mahani Siqueira (Curitiba e Ponta Grossa), Yolanda Drumon (Colégio Marista Arquidiocesano).

R. Amauri Lange Silvério, 270 Pilarzinho Curitiba-PR – CEP: 82120-000 Tel.: (41) 3271-4700

Capa Márcia Yamada e Camila

Ayumi Honda do Colégio Marista Assunção, de Porto Alegre (RS)

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Locação Hotel Deville

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© Todos os direitos reservados. Todas as opiniões são de responsabilidade dos respectivos autores.

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índice

capa

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Educação vem de casa. Quando o assunto é consumismo, os pequenos seguem os passos dos pais.

1ª impressão

dia a dia

entrevista

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Baseada nos princípios e valores herdados por Marcelino Champagnat, a Rede Marista de Colégios propõe aos seus alunos uma existência que não seja pautada pelo ritmo ou poder de consumo.

Afim de evitar o desperdício de alimentos, Colégios Maristas investem na formação dos pequenos como agentes disseminadores do consumo consciente.

essência

solidariedade

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Irmãos Maristas falam sobre o voto de pobreza e a presença Marista entre os indígenas.

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Saiba como as Unidades Sociais Maristas aderem a práticas mais conscientes de consumo.

índice

como fazer

compartilhar

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diversão

olhar

curiosidade

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Férias é sinônimo de lazer e experiências de valor. Com uma programação bem feita, é possível fazer sobrar diversão e não faltar dinheiro.

Reúna toda a família e relembrem antigas brincadeiras. Para se divertir, basta imaginação!

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A preocupação com o futuro do planeta começa agora. Em entrevista, Hélio Mattar, diretorpresidente do Instituto Akatu, fala sobre as mudanças necessárias no modo de vida das pessoas.

Alunos e professores dão dicas de livros, músicas, sites, programas de TV, entre outros, relacionada ao tema central desta edição.

Ademar Batista Pereira traz uma reflexão sobre hábitos consumistas que vão contra a sustentabilidade.

seu colégio

Confira as matérias elaboradas exclusivamente para o seu Colégio.

Mito ou verdade? Descubra se comprar alivia ou não o estresse do dia a dia.


Consumo,

1ª impressão

logo existo! A edição da Em Família deste semestre aborda o tema do consumismo – aquele ato desenfreado que, sem necessidade, nos leva a querer cada vez mais e cada vez melhor, em busca do preenchimento de uma lacuna. Sabemos quão difícil é a tarefa de saciar essa sede. Somemos a isso os milhões de seres que compõem o planeta. Quanto isso representa em termos de meio ambiente, da destruição que causa, do insuficiente poder de reposição da natureza frente ao ritmo, quase que incontrolável, de retirada de recursos do seu meio?! A educação, segundo os princípios e valores Maristas, herdados de Champagnat, que compõem a proposta pedagógica e educacional dos Colégios Maristas, assim como das demais instituições que fazem parte do Grupo Marista, propõe que a existência das pessoas não está pautada pelo ritmo ou pelo poder com que consomem. Fazemos, portanto, o possível para que os alunos Maristas e suas famílias encontrem em nossos espaços educativos as condições e os princípios que os fazem “existir”, não a partir do que consomem, mas a partir de valores sólidos, capazes de lhes preencher as lacunas existenciais inerentes a todos os seres humanos. Oxalá tenhamos em nossa sociedade, em nosso país, em nossa cidade pessoas cada vez mais livres e conscientes de sua cidadania, pautadas por valores humanos e cristãos para respaldar suas ações e preencher a lacuna de seus corações. Quem sabe não venhamos a ter uma sociedade constituída de pessoas que trabalham, amam, sejam felizes e, logo, existam.

Deixo ao leitor, na liberdade de sua consciência e de sua cidadania, a tarefa de concluir a frase: só faço parte da existência pelo fato de estar...

A educação, segundo os princípios e valores Maristas, herdados de Champagnat, que compõem a proposta pedagógica e educacional dos Colégios Maristas, assim como das demais instituições que fazem parte do Grupo Marista, propõe que a existência das pessoas não está pautada pelo ritmo ou pelo poder com que consomem.

Ir. Paulinho Vogel Diretor-Executivo da Rede Marista de Colégios

© Foto: João Borges

Quem ler o título acima certamente se lembrará da célebre frase “penso, logo existo”, do filósofo francês René Descartes (1569-1650), ao estabelecer o primeiro princípio de sua filosofia. Descartes cunhou sua curta oração quando, ao imaginar que tudo era ilusão e, ao mesmo tempo, perceber que ele próprio existia enquanto matéria, então ele mesmo não era ilusão e, uma vez que estava pensando em tudo isso, concluiu que existia, daí: penso, logo existo. Para Descartes, pensar é condição para existir. Fazer parte da existência material é consequência da sua faculdade humana de pensar, estar incluído, sentir-se membro de uma comunidade de seres pensantes. Assim, conclui-se: só faço parte da existência pelo fato de estar pensando. Outro dia, andando pelo shopping center, vi quantas coisas existem das quais não preciso para ser feliz. Fiquei contente por isso. Ainda andando pelo mesmo espaço, vi como foi difícil para uma mãe convencer o filho sobre algo de que ele não precisava. Mas me assustei também quando percebi o quanto nos identificamos com os outros a partir daquilo que consumimos. Parece que se não o fizermos, não nos sentiremos incluídos. Vestir a marca X, Y ou Z nos permite sentir que existimos. Talvez seja isso. O ato de consumir nos preenche uma lacuna importante da vida, fazendo-nos sentir pertencentes, incluídos, membros, enfim, existentes. É um círculo vicioso ao qual nos prendemos. Assim, conclui-se: só faço parte da existência pelo fato de estar consumindo.

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© Foto: Sxc.hu

dia a dia

Muito além do

prato de

comida Preocupados com o desperdício de alimentos e cientes da necessidade de desenvolver ações para a conscientização do consumo adequado de alimentos, os Colégios Maristas desenvolvem várias ações para trabalhar com os pequenos Por Julio Glodzienski

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Um rejeito no café da manhã ou no almoço, no lanche ou no jantar e o desperdício de alimentos acaba se tornando uma rotina no dia a dia. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), um terço dos alimentos produzidos é desperdiçado por ano no mundo todo. Isso significa que 1,3 bilhão de toneladas de comida têm como destino a lixeira. Pode-se dizer que esse comportamento tornou-se um hábito que passa despercebido aos nossos olhos. Peguemos como exemplo um pacote de bolacha. Por qual motivo você jogaria um terço desse pacote no lixo? A coordenadora psicopedagógica da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I do Colégio Marista Cascavel (PR), Marcia Ionara Eichstadt Piovezani, explica que o desperdício “é questão de educação alimentar, tem a ver com excesso de compra, má gestão dos alimentos em casa e não aproveitamento integral de talos, cascas, entre outros”. Desenvolver com as crianças uma cultura de reaproveitamento as torna professores e agentes de incentivo à importância do melhor aproveitamento de alimentos. Ações que representam um mundo saudável e mais comprometido. “É através de atitudes como essas que elas passam a orientar suas famílias sobre os cuidados para um consumo consciente”, explica Ana Paula Teixeira da Rosa, educadora de culinária e de letramento do Centro Social Marista (Cesmar) do Rio Grande do Sul. É pensando nesse mundo mais consciente que os Colégios Maristas estão comprometidos e preocupados com o desenvolvimento desse pensamento nos seus alunos. Para isso, promovem, com as crianças e os adolescentes, atividades capazes de desenvolver a consciência dos alunos em relação ao consumo.


© Fotos: Acervo dos Colégios

De olho no cardápio

Cultivando o próprio alimento

Pequenos cozinheiros

Um exemplo das ações dos Colégios Maristas é o trabalho desenvolvido no Colégio Maristinha Pio XII, de Brasília (DF), como conta a assistente psicopedagógica Sara Cristina da Costa: “Temos trabalhado a consciência no momento do lanche e estimulado o consumo de frutas, além de repassar mensalmente às famílias um cardápio com sugestão de lanches saudáveis elaborados por uma nutricionista.” No Ateliê do Gosto, um espaço dentro do Colégio, as crianças, juntamente com os professores, criam receitas saudáveis que incluem o reaproveitamento de folhas e cascas dos alimentos – muitos produzidos na própria horta. Depois, os alunos são convidados a experimentar a receita, comprovando essa divertida experiência. “Entendemos que, quando a criança faz parte e se sente inserida no processo, ela demonstra facilidade para provar o que elabora junto com os colegas”, completa Sara. São nessas pequenas ações que as crianças começam a perceber que existem outras soluções para aqueles alimentos que não agradam tanto e também aprendem a utilizar o que tem disponível nos armários de casa. Esse é um trabalho contínuo. “Quando falamos da formação das crianças, entendemos que, a cada dia, temos que fortalecer os conceitos que queremos que levem como aprendizado. Eles são a ponte entre escola e família. Por meio do que aprendem aqui, entendemos que relatam e cobram posturas de seus pais e familiares”, analisa a assistente.

O Colégio Marista de Cascavel (PR) promove atividades de culinária em que trabalham com as crianças os processos de produção dos alimentos, bem como o uso de alimentos naturais e industrializados. As crianças cultivam nos canteiros, participando desde a preparação do solo, semeadura, transplantes das mudas e colheita até a utilização dos alimentos ali cultivados na realização de receitas. “Os alunos podem perceber, mediante essas atividades, a importância de consumir alimentos nutritivos e naturais, em detrimento dos industrializados”, conta Marcia Ionara, coordenadora psicopedagógica. É por meio dessas ações que as crianças percebem todo o processo de cultivo do alimento até que ele chegue à mesa ou às prateleiras dos supermercados. “Os alunos passam a relacionar um planeta sustentável com a diminuição do consumo de alimentos industrializados, que possuem embalagens que irão poluir o meio ambiente”, completa a coordenadora. Os projetos pedagógicos, destinados a cada faixa etária, buscam estimular o consumo adequado. “Sempre que possível, as crianças são incentivadas a consumir alimentos nutritivos essenciais para manter a saúde do corpo”, diz Marcia.

Com a ideia de estimular o consumo consciente e fomentar uma mudança na postura das pessoas, ainda que por pequenos gestos, o Centro Social Marista (Cesmar), do Rio Grande do Sul, desenvolve um projeto de culinária. Para Ana Paula Teixeira da Rosa, educadora de culinária e de letramento, as pessoas, por vezes, não se dão conta do desperdício que realizam. “Acredito no efeito multiplicador. Se cada um dos receptores adotar uma pequena mudança em seu cotidiano para reduzir o desperdício ou estimular sua família e seus amigos nessa linha, haverá uma grande diferença”, explica. Na cozinha, eles aprendem a ser criativos e a buscar alternativas alimentares, além de aprender inúmeras formas para preparar e consumir um mesmo alimento. “Esse projeto tem como objetivo conscientizar as pessoas sobre a importância do reaproveitamento de alimentos que geralmente são descartados – e, junto a eles, vários nutrientes essenciais para o bom desenvolvimento do organismo humano”, completa Ana. As hortas, de onde os alunos colhem os alimentos para a produção das receitas, também foram criadas para promover qualidade de vida. O foco está em estimular boas práticas ambientais e mostrar aos alunos algo muito além de valores nutricionais.

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capa

Pais que dão

exemplo responsável

Atitudes diárias podem auxiliar os filhos na prática do consumo consciente. São exemplos corriqueiros que tornam o ‘ter’ uma atitude responsável

© Foto: Letícia Akemi

Por Elizangela Jubanski

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A rotina da casa é naturalmente absorvida pelas crianças. O que os pais consomem, como gastam e de que forma descartam são ações que integram o dia a dia da família. Essas atitudes acabam se tornando perceptíveis aos pequenos, que incorporam cada detalhe e costume da família. Nessa perspectiva, é cada vez mais importante discutir a real necessidade do consumo e, além disso, como fazê-lo de forma consciente. Em época de tecnologia de ponta e acesso ao crédito fácil, consumir demasiadamente é quase um convite irrecusável. Saber mediar e decidir o que realmente se embrulha para levar para casa é o mais sensato quando se tem crianças observando toda atitude dos pais. A educadora e professora Ana Cristina Malacrida, do Colégio Marista Maringá (PR), acredita que a prática do bom exemplo é o método mais eficaz para orientar os filhos. “Levar os filhos, quando crianças, para comprar roupas e permitir que participem de todo o processo de procurar pelo artigo de melhor qualidade, antes de simplesmente sair comprando, cria a cultura de consumo responsável. Não ceder a todo e qualquer desejo material dos filhos também contribui para essa mesma formação, contrariando o consumo impulsivo”, descreve a educadora, que ainda defende que o valor dos brinquedos e de qualquer objeto devem ser colocado em xeque a cada oportunidade. “Não se deve repor, de pronto, artigos estragados por falta de zelo dos filhos. Isso reforça a importância de valorizar e cuidar do que se tem, já que a tendência entre as crianças e os jovens é de descaso com suas posses, justamente por não as terem adquirido com o salário do próprio trabalho”, reforça.

Exemplos, sim Camila Ayumi Honda, 7 anos, estuda no Colégio Marista Assunção, de Porto Alegre (RS), e sabe bem o que são exemplos do dia a dia. A família mora em uma casa com regras de consumo responsável e reaproveitamento de recursos. Os pais da estudante acreditam que a forma de-

sencanada que Camila tem com relação às compras é reflexo da educação com limites financeiros. “Ela tem consciência do que é esbanjar alguma coisa. Não pode ver uma torneira pingando que sai correndo para fechar. Ela não se interessa pelas roupas e calçados da moda, ela é muito tranquila quanto a isso”, revela a mãe, Márcia Yamada, 37 anos, que é engenheira agrônoma. Sem problemas com pedidos de "eu quero" em passeios, a mãe recorda um episódio na aula de patinação em que outras garotas estavam com calças e blusas especiais para o momento. “Não vi problema algum em levar Camila com uniforme e camiseta da escola. Não acredito que esse consumismo seja essencial durante essa fase da vida”, completa. No entanto, a mãe enxerga que na adolescência a filha pode querer desfrutar de algum tipo de exagero. “Pode até ser normal nessa fase. Ir a uma festa e querer um vestido novo, por exemplo. Não vejo problemas, mas aí entra a questão da política. Você está merecendo? Está tendo um bom comportamento? Espero que ela continue aceitando essa forma que nossa família tem e valorize cada conquista”, aponta Márcia.

Não ceder a todo e qualquer desejo material dos filhos também contribui para essa mesma formação, contrariando o consumo impulsivo. Ana Cristina Malacrida, professora do Colégio Marista Maringá (PR)

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© Foto: Arquivo pessoal

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Família Grochowicz: quatro filhos e muito diálogo.

Família Honda na prática As lâmpadas da casa foram totalmente substituídas por fluorescentes. “Duram mais e consomem menos”, defende a mãe. Três recipientes de lixo fazem a separação: o reciclável, o convencional e os restos de comida. O último vai para as galinhas. “Temos cachorros, galinhas, árvores e muito verde. Pensamos que estar próximo à natureza é dar qualidade de vida à família”, conta Márcia. Outro recurso importante para a consciência do que se consome é a cisterna construída no terraço da casa. “Toda a água da chuva vai para essa cisterna. A gente usa a água para molhar a horta e as outras árvores frutíferas”, finaliza.

Participantes do processo Para criar o vínculo sobre a importância do que se compra, o médico veterinário Eduardo Grochowicz, pai de quatro alunos do Colégio Marista Pio XII, de Ponta Grossa (PR), acostumou a prole a participar do processo de compra. “Nas compras do dia a dia, em supermercados e shoppings, eles sempre estão presentes e são muito conscientes

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com aquilo que nos pedem. Aqueles itens que nós consideramos supérfluos, deixamos que eles comprem com seu próprio dinheiro, ganhado com afazeres domésticos ou de presentes dos tios e avós”. Os trigêmeos Guilherme, Giovana e Gabriela têm 10 anos e, segundo o pai, acostumaram-se com o revezamento de brinquedos, roupas e até mesmo com o tempo que os pais se dedicam a eles. Já a mais nova, Luiza, que está com 6 anos, precisa de um "empurrãozinho" dos pais na hora da partilha. “Por ter nascido anos depois, tivemos que trabalhar mais nessas questões de ter e compartilhar. Mas sempre procuramos dar aos quatro aquilo que é razoável, sem exageros e sempre de maneira equilibrada para todos”, conta Eduardo.

A família Grochowicz na prática Mesmo com muito diálogo, Eduardo e a esposa Fernanda sabem que, o que vale mesmo são exemplos práticos dentro de casa. “Valorizamos as coisas, não deixamos nada pelo chão e, depois de usar, guardamos. Com os brinquedos,

pedimos que façam igual. Quando estamos com roupas novas, procuramos não nos sujar, para que percebam o cuidado com objetos que acabaram de ser comprados. Também ensinamos o valor do trabalho e de quanto dinheiro é necessário para termos aquilo de que precisamos”, detalha Eduardo. Para os pais, o conceito mais importante é que eles valorizem as pessoas pelo que são e nunca pelo que possuem.

Ensinamos o valor do trabalho e de quanto dinheiro é necessário para termos aquilo que precisamos. Eduardo Grochowicz, pai de Guilherme, Giovana, Gabriela e Luiza.


O papel da escola

A prática do consumo consciente é um assunto sempre em pauta dentro das salas de aula. O diretor-educacional da Rede de Colégios Maristas, Flávio Sandi, alerta para as inúmeras frentes em que esse tema pode ser trabalhado. “Podem ser realizadas oficinas para reflexão e prática do reaproveitamento de materiais para criação de brinquedos, fantasias e produções artísticas. Também há possibilidade de os alunos calcularem a quantidade de folhas que gastam por dia e criação de soluções para combater o uso excessivo de papéis; medição da água utilizada nos banheiros e proposição de estratégias para evitar desperdício da água; comemoração dos aniversários com simplicidade, substituindo presentes de pela presença significativa na vida do aniversariante; debates em aula a respeito de propagandas que veiculadas na mídia; além de projetos que nascem dos próprios estudantes, imprimindo o sentido de buscar nos caminhos da ação, a criação da cultura do consumo consciente”. O diretor-educacional também evidencia que essa educação deve acontecer em parceria entre escola e família. “A relação entre escola e família é importante para práticas educativas de qualquer natureza. Exemplos que testemunhem consciência planetária, provenientes tanto da escola como da família, correspondem ao modo mais coerente de educar”, finaliza Sandi.

Abastecer a despensa está mais caro, este ano, no Brasil. Com a alta da inflação, os brasileiros estão mais responsáveis na hora de consumir. É o que aponta a pesquisa nacional Consumo Consciente, elaborada pela Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ) em parceria com o Instituto Ipsos, em junho desse ano. Na maioria das questões levantadas pela pesquisa – preservação do meio ambiente, uso de sobras nas refeições, análise do produto antes de comprar e uso de sacolas plásticas –, o percentual de importância desses aspectos cresceu, pelo menos, 2%. Ainda que historicamente privados de uma série de bens de consumo, produtos de ponta e supérfluos, os brasileiros estão se tornando cada vez mais responsáveis na hora de adquirir.

Sumaya viveu no país do consumo e soube administrar a compra consciente.

É o caso de Sumaya Costa, 40 anos, fonoaudióloga e mãe das alunas Laura e Ana Luiza, do Colégio Marista Santa Maria, em Curitiba (PR), que morou durante cinco anos nos Estados Unidos para acompanhar o doutorado do marido. Ela não se deixou levar pelo consumo desenfreado dos norte-americanos e aproveitou a estadia na terra do Tio Sam para descobrir a importância do consumo consciente. “Lá, eles induzem a compra em quantidade, nos dando a falsa impressão de que quanto mais você comprasse daquele produto, mais você economizaria. Mas, na prática, isso não era verdade. Quanto mais você tinha em casa, mais rapidamente você consumia o produto e logo precisava comprá-lo novamente”, lembra.

© Foto: Arquivo pessoal

© Foto: Sxc.hu

A gente consome?


capa A família Costa na prática “Em casa, nós só descartamos produtos como eletrodomésticos e móveis se não existir conserto ou se for muito ultrapassado. Quanto a brinquedos e roupas, tudo que não é usado é doado. Se for necessário reutilizar ou reaproveitar alguma coisa, isso é feito sem dificuldades. Nós sempre primamos por qualidade, entendendo que o mais caro não é sempre o melhor ou o necessário”, descreve Sumaya.

A influência da propaganda

das, de uma maneira geral, refletem um cenário de magia, felicidade e prazer que nem sempre se torna real após a aquisição dos produtos que foram anunciados. As crianças esperam ter o que viram no comercial. Por sua vez, brinquedos que se movem sozinhos inibem o jogo simbólico, tão importante para as crianças”, acredita Sabrina. Pensar sobre o consumo é pensar sobre os valores que organizam a família e a sociedade em que se vive. “Podemos refletir acerca do tema, concluir que o consumo exacerbado é prejudicial para a formação de indivíduos mais solidários e fraternos, mas se não praticarmos o exercício da escolha e da necessidade, não teremos argumentos e exemplos para que as crianças se inspirem e possam replicar”, finaliza a educadora.

© Fotos: Letícia Akemi

Até mesmo em canais direcionados às crianças, com programação especial e infantil, as propagandas fazem parte da grade de exibição. Sempre muito coloridas, elas soam como um convite irrecusável à compra. O que acontece é que os pequenos ainda não possuem discernimento

com atos de manipulação e, principalmente, midiática. Eles acabam seduzidos pelo consumo, sem fazer ideia de como avaliar a informação recebida por meio da propaganda. Para a pedagoga Sabrina Souza, professora do Colégio Marista Rosário, de Porto Alegre (RS), os pais devem auxiliar a criança a ter discernimento sobre propagandas e mensagens publicitárias. “Não há como promover uma reflexão sem o diálogo e o acompanhamento dos responsáveis, principalmente se esse for um fator de preocupação. É necessário coerência entre o discurso e a prática de consumo da família”, explica. Outro fator que a pedagoga aponta é justamente a magia que esses anúncios publicitários levam aos olhos dos pequenos. “As propagan-

A vida de publicitário e o exemplo como pai: Guilherme e Betina.


Em casa, é outra coisa O publicitário Guilherme Gomide é um dos fundadores da Agência Casa, uma das maiores agências de publicidade de Curitiba (PR). Responsável por traçar boas estratégias para que propagandas ganhem destaques nas programações, Gomide é pai de duas crianças e se vê entre dois fatores importantes: a influência capitalista que a profissão traz e a responsabilidade de ensinar o consumo consciente. Com 3 anos de idade, Betina – a primogênita do publicitário – passa mais tempo vendo vídeos direcionados em canais na internet do que na televisão. “Ironicamente, ela passa mais tempo no You Tube. Mas quando está na sala ou em qualquer ambiente que tenha televisão, me preocupo com o que está vendo e que programação é aquela”, afirma

Gomide. O mais novo, Lorenzo, com três meses, ainda é isento do mundo da publicidade. Apesar disso, Betina adora um vestido novo. “Ela é extremamente vaidosa, gosta de maquiagem e quando vamos ao shopping é um terror. Tenho um lado consumista pelo meio em que vivo e quando saímos acabo extrapolando. Ainda bem que minha esposa faz um ótimo contrapeso”, explica.

não é consumista e é adepta ao "viver mais e comprar menos". “Pouco antes do nascimento de Lorenzo, comprei uma fantasia e um daqueles estojos enormes de lápis de cor, giz de cera, canetinhas e tudo mais. Ela me fez guardar o kit de cores para entregá-lo somente quando comemorássemos outra coisa. Está guardado ainda. Ela põe o freio lá em casa”, conta.

A família Gomide na prática Para que exista equilíbrio na família Gomide o papel da mãe é fundamental, segundo o publicitário. “Esse gosto por compras que a Betina tem é impacto da minha profissão e do ambiente, porque o exemplo da mãe é bastante consciente”. De acordo com Gomide, a esposa

Comece hoje mesmo

Atitudes simples e responsáveis podem ajudar as crianças a ter uma visão mais reaproveitável dos objetos e menos deslumbrada do mundo consumista. Reutilize Nem sempre aquilo que quebrou ou estragou deve ser jogado fora. Explique que há outras funcionalidades e até mesmo o conserto para determinados objetos. Desperdício Comidas, água, luz, entre outros. Esbanjar alguns recursos faz com que a criança não dê valor às facilidades que tem em casa. Mostre o quanto são importantes e o porquê de não desperdiçá-los.

As propagandas, de uma maneira geral, refletem um cenário de magia, felicidade e prazer que nem sempre se torna real após a aquisição dos produtos que foram anunciados. Sabrina Souza, professora do Colégio Marista Rosário, em Porto Alegre (RS)

Preço No mercado, no shopping, na feira. Pesquise preço e pergunte quanto custa. É importante a criança ter a noção do dinheiro e quanto determinadas coisas custam. Roupas Não ceda de imediato a um pedido de roupa nova. Argumente e pergunte a necessidade daquela peça para o momento. Doe roupas antigas e evite o acúmulo desnecessário. Lixo A separação do lixo reciclável é uma das formas mais importantes de mostrar à criança para onde vão os descartes de casa, o que pode ser reaproveitado e o que farão com o lixo convencional. Planejamento É importante que as crianças entendam que há um planejamento financeiro com os gastos da família. Qualquer aquisição de bens materiais deve ser explicada à criança com justificativas orçamentárias.

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© Fotos: Bio Barreira

entrevista

Por uma sociedade do

bem-estar Menos trabalho e mais tempo com a família. Celulares atualizados, mas sem ser preciso adquirir um novo aparelho. As medidas podem parecer utópicas, mas fazem parte de um novo modelo de civilização – o nosso, em breve. Confira o que Hélio Mattar, diretorpresidente do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, tem a dizer sobre esse futuro

Por Michele Bravos

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Para que daqui a 40 anos exista um planeta Terra que supra as necessidades dos seus futuros 9 bilhões de habitantes, é preciso que as mudanças comecem já. Em entrevista à revista Em Família, o diretor-presidente do

O que o brasileiro faz que, na sua opinião, figura na lista de práticas de consumo irresponsáveis?

Levantar a bandeira do anti-consumismo não é a saída. Como encontrar o equilíbrio adequado para quem produz e para quem consome?

Os brasileiros não são diferentes de outras populações deste mundo fortemente consumista. Genericamente, o brasileiro peca no desperdício: de alimentos, de roupas e de tecnologia. Desperdiçamos cerca de 50% dos alimentos perecíveis e parte disso se dá porque se uma fruta ou verdura está um pouco machucada, a gente não considera alimento. Se há uma pequena sobra de um almoço ou de um jantar, ela não é utilizada em outra refeição. Não usamos os talos, as cascas e as sementes como parte das nossas receitas. As pessoas tendem a ter mais roupas do que elas precisam, subutilizando-as. No Brasil, há também um grande descarte de telefones celulares. Esses rejeitos vão para o lixão, causando poluição. Mais importante do que isso é as pessoas se perguntarem se precisam de todas as funcionalidades de um novo aparelho.

Em primeiro lugar, é importante dizer que consumo consciente não é deixar de consumir. A causa do consumo consciente é a favor de um consumo diferente, em que os impactos sociais, ambientais, econômicos e individuais sejam menores. Hoje, se todos os habitantes do planeta viessem a consumir dentro do modelo de produção e consumo atual, precisaríamos de cinco planetas Terra. É preciso sair de um modelo de produção de alta obsolescência e ir na direção de produtos mais duráveis. Aí entra a questão econômica. É preciso passar de uma economia fortemente industrial para uma de serviços. Desmaterializar é central em um novo modelo de consumo.

Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, Hélio Mattar, fala sobre medidas necessárias para a conscientização da população, a urgência da mudança e como seria esse novo modo de viver.

Que medidas são necessárias para que a prática do consumo consciente seja implantada em um Brasil em que “poder comprar” está associado ao desenvolvimento econômico do país?

Precisamos de uma educação que forme crianças e jovens dentro de valores civilizacionais diferentes dos de hoje. Os impactos gerados pelo consumo precisam ser colocados como um elemento importante na tomada de decisão sobre o que comprar, como usar e como descartar. Nessa formação de novos hábitos, as empresas desempenham papel importante. Se a empresa não oferecer outro conjunto de produtos e serviços menos demandantes de recursos naturais, não teremos a possibilidade de seguir na direção de uma sociedade do bem-estar – mesmo que os consumidores tenham consciência de que isso é preciso. Mas as empresas não farão isso sozinhas. Aí é essencial que o governo tenha uma atuação forte, na direção de campanhas de conscientização para os consumidores (crianças e adultos).

Por vezes, o processo de conscientização ocorre lentamente. Quando falamos em consumismo e suas interferências globais, há tempo hábil para essa mudança gradativa?

A nova sociedade precisará mais de cooperação que de competição para atender ao tempo curto que temos pela frente para mudar de um sistema insustentável para um sustentável. Se começássemos hoje, precisaríamos de uma geração para fazer essa mudança completamente. Mas mais importante que fazer a mudança rapidamente é fazer a mudança seguramente. É mudar a tendência do sistema, fazer com que consumidores e produtores passem a trabalhar para essa sociedade sustentável.

Precisamos de uma educação que forme crianças e jovens dentro de valores civilizacionais diferentes dos de hoje.

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entrevista Para acelerar esse processo, algumas condições são essenciais. A principal condição é que os formadores de opinião passem a mostrar, publicamente, qual é esse novo modelo de consumo e de produção. Temos também que sair de uma publicidade consumista e ir para uma publicidade mais sustentável. Nesse processo de mudança de consciência, é importante que todas as mídias sejam intensamente utilizadas. Aí vem o otimismo do Akatu com relação às mudanças que vão acontecer. Nunca, em nenhum outro momento da história, as pessoas tiveram tanta possibilidade de se comunicar e de serem impactadas pela mídia. Quando falo em mídia, falo em televisão, rádio, jornal, revista e redes sociais.

De que forma o Akatu pretende superar esse desafio?

Nas redes sociais, podemos ganhar maior velocidade para essa mudança. Os grupos que se formam nas redes sociais podem não apenas criar novos valores, mas criar referências para as pessoas. Essas referências podem fortalecer novos valores, que passarão a ser reconhecidos pela sociedade. As pessoas só vão manter os novos hábitos se eles forem reconhecidos pela sociedade como um modelo que todos valorizam e reconhecem. O ser humano é suscetível a esse reconhecimento, especialmente porque o consumo faz parte da forma como as pessoas estabelecem a sua identidade. Isso desde sempre. A mídia tem o papel de fortalecer esse novo modelo de consumo a tal ponto que todos queiram fazer e se sentir parte da nova sociedade.

Falamos aqui de uma mudança na forma como consumimos, o que geraria uma mudança na civilização. Na prática, como seria essa nova civilização?

Os grupos que se formam nas redes sociais podem não apenas criar novos valores, mas criar referências para as pessoas.

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As pessoas pensam que, nesse novo modelo, serão chamadas a se sacrificar. Elas precisam entender que, na nova sociedade, as pessoas não vivem para trabalhar, mas trabalham para viver. As relações, os afetos, as amizades e os amores são centrais na vida de cada um. Atualmente, dos 25 aos 65 anos, as pessoas estão integralmente devotadas ao trabalho. Trabalhando menos, haveria mais empregos, por exemplo. No novo modelo, saímos da sociedade do desperdício, do descartável e de uma produção fortemente globalizada e vamos para a sociedade do aproveitamento integral, do durável e de uma produção mais local. Os produtos serão totalmente diferentes. O produto material passa a ser virtual, como já tem acontecido com a música e a literatura, que chegam sem o uso de recursos naturais. O foco sai do tangível e vai para a experiência, para a emoção. O produto durável é um produto que vai precisar de assistência técnica, no caso de um eletroeletrônico ou automóvel, para funcionar durante anos e ser atualizado seguindo as últimas tecnologias disponíveis. Na sociedade sustentável, o uso de costureiras e brechós vai se multiplicar, assim como a doação e as trocas de roupas, em que eu disponibilizo o que não estou mais usando e recebo aquilo que está mais de acordo com o que quero no momento. Medidas que promovem bem-estar sem desperdício de recursos naturais.

© Foto: Bio Barreira

De que forma essa conscientização pode ser mais acelerada, com mais impacto na população e repercussão efetiva?


índice

destaque

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A aluna Mariana Severo Takatsu (ao centro) avalia a experiência de participar do programa Maristão Faz Ciência e conta como o trabalho auxiliou no seu desenvolvimento pessoal.

com a palavra

ens. médio

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O que pensa a Direção-Geral.

Estilo Marista: mesmo com a padronização dos uniformes, alunos não deixam de imprimir sua personalidade com acessórios da moda.

educar

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Avaliamos o desempenho de uma turma munida de tablets em paralelo à outra nos moldes tradicionais.

diz aí

caleidoscópio

você sabia?

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gente nossa

ser melhor

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Um motivo para não ser consumista? Veja o que pensam os alunos.

O ex-aluno Lucas Furtado Maia conversou conosco e lembrou com entusiasmo sua época de escola, os amigos e o carinho que tem pela PJM.

Relembre os principais acontecimentos do Colégio.

UIP de Planaltina recebe doações do Maristão

Atitudes simples, como desligar a tela dos computadores entre um uso e outro, são capazes de gerar economia e garantir mais vida útil aos equipamentos.


com a palavra

Filhos novos,

novos pais.

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O fato é que vivemos tempos de profundas e rápidas mudanças, que afetam sobremaneira percepções, sentimentos, juízos e, principalmente, relações. É claro que a família vem mudando, mudaram as relações entre pais e filhos. E todas essas mudanças impactam a escola de algum modo. Minha experiência na direção do Maristão aponta que os pais não querem transferir responsabilidades suas para a escola. Os pais também estão aprendendo com esses novos tempos e esses novos filhos. Eles têm incertezas e vacilam diante de emergências diárias. Nessas horas, geralmente, os pais esperam encontrar na escola um saber capaz de ajudá-los a tomar decisões ou encaminhar questões. É bem verdade que, às vezes, intempestividades criam certo desconforto nas conversas. Entretanto, tenho observado que o que os pais mais querem é sentir-se acolhidos e adequadamente orientados para conduzir situações inesperadas com seus filhos. Também observo que as crianças e os jovens de hoje são cada vez me-

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nos conformados com a passividade. Eles nasceram em um tempo em que o acesso à informação é rápido e amplo, contribuindo para que dependam pouco ou quase nada de pessoas intermediárias, sejam os pais ou os educadores. Eles querem pensar por conta própria, querem decidir, querem atuar. A proposta de educação Marista é fortalecer a parceria entre escola e família. Nessa tarefa, não cabe oposição. Educadores e pais Maristas são solidários na formação de crianças e jovens Maristas para um mundo melhor.

José Leão da Cunha Filho Diretor-Geral

© Foto: Acervo do Colégio

Recentemente, acompanhei um processo seletivo para uma vaga na área educacional. A entrevistadora quis saber do candidato, com formação em Pedagogia e Psicopedagogia, como percebia os jovens e a escola atualmente. A resposta foi rápida e confiante. O candidato afirmou que as famílias estão perdendo a capacidade de fazer sua parte na educação dos filhos e, consequentemente, transferem a responsabilidade para a escola. Esta, por sua vez, fica confusa, pois perde o foco do ensino para cuidar de relações mal resolvidas entre pais e filhos. Como consequência, os educadores, de modo geral, veem sua autoridade escorrer por entre os dedos, elevando sensivelmente o nível de estresse. Simples assim. Não quero discutir o ponto de vista do candidato, mesmo porque há algumas evidências que podem justificá-lo. O curioso é que o olhar aponta razões para fora da escola. E ao apontar a família como provável responsável, esquece-se que também ela está impactada por mudanças que são mais gerais.



ens. médio

estilo Marista Mesmo com a padronização dos uniformes, alunos não deixam de imprimir sua personalidade com acessórios da moda O uso do uniforme escolar é obrigatório para o acesso e a permanência dos estudantes em todas as atividades do Colégio Maristão. A camiseta do uniforme com a logo da Escola é a única peça que é exigida para os estudantes do Ensino Médio, mas os alunos devem seguir regras pré-estabelecidas para frequentar as aulas. Mesmo com a padronização, os alunos do Colégio Maristão conseguem manter o estilo, cada um à sua maneira, por meio do uso de acessórios, mochilas e até penteados diferentes. Em geral, as meninas escolhem brincos, esmaltes, relógios, anéis e outros tipos de acessórios coloridos, enquanto os meninos preferem investir em tênis e em bermudas descoladas. As mochilas também se destacam dentre os alunos que gostam de imprimir sua personalidade na hora de ir para a escola.

Benefícios do uso do uniforme O uso obrigatório do uniforme, ainda que apenas da camiseta, facilita a vida dos alunos na hora da es-

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colha da roupa para ir à escola. Além disso, as roupas escolares oferecem praticidade na hora da lavagem e, por isso mesmo, sua durabilidade torna seu uso mais vantajoso. Alguns psicólogos entendem que os uniformes podem evitar o consumismo precoce de crianças e adolescentes, minimizando eventuais diferenças sociais orientadas pelas grifes. Há, ainda, a preocupação com a segurança dos alunos. Estar uniformizado pode ajudar um estudante caso ele tenha problemas fora da escola. A roupa com o nome da instituição pode oferecer uma dimensão extra de segurança, uma vez que facilita a referência para aqueles que estão por perto. Para a supervisora da Assistência de Alunos, Rovena Monteiro, o uso do uniforme é importante porque ajuda na identificação dos alunos, sugere disciplina e o respeito às regras. “É importante a escola estabelecer uma padronização, pois evita que alguns alunos se sobressaiam sobre os outros, evitando, também, o constrangimento de roupas inadequadas ao ambiente escolar. Um ou-

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tro motivo é o reconhecimento dos nossos alunos em diferentes espaços. O uniforme traz o sentimento de pertencimento a uma coletividade, indica que o indivíduo faz parte de um determinado grupo, mostra um certo acolhimento a quem está integrando a comunidade. Além disso, o uso de uniforme proporciona uma maior praticidade, mais organização ao estudante e à instituição de ensino”, declarou Rovena.

O que pode e o que não pode No Guia do Estudante e da Família 2013, distribuído aos pais na hora da matrícula de seus filhos e também disponível no site do Colégio Maristão, é possível encontrar as regras relacionadas ao uso dos uniformes pelos alunos. É necessário usar camisa do uniforme, calça comprida ou bermudão, tênis ou sapato fechado. Contudo, não é permitido o uso de shorts, camisetas customizadas, bonés, toucas, chinelos e minissaias. Para a aula de Educação Física, os alunos podem usar bermudas, camisetas do uniforme, meia e tênis para ambos os sexos.

O uniforme traz o sentimento de pertencimento a uma coletividade, indica que o indivíduo faz parte de um determinado grupo, mostra um certo acolhimento a quem está integrando a comunidade.


Gustavo Zapponi - 3º B

Darlucy Gomes - 1º A

“Acho essencial o uso de uniforme na escola. Entendo que devem haver regras e sei que é importante padronizar, pois o ambiente escolar pede respeito. Eu me visto como eu gosto. Não me preocupo muito com o que vou transmitir. Acho também que roupas de marca não são prioridades, dá pra se vestir muito bem sem mostrar etiqueta.”

“Apenas a camiseta é item obrigatório no Ensino Médio, isso nos dá a possibilidade de montar mais looks que no Ensino Fundamental. Para mim, legal é se vestir de um jeito diferente e ter um estilo próprio. O mais importante é não se importar com o que o acham e, sim, se sentir bem. Eu gosto de usar lacinhos no cabelo, sei que tem gente que não curte, mas eu gosto desse estilo meigo, me sinto bem assim e vou continuar usando.”

Guilherme Enzo - 2º C

Fernanda Cortês - 3º E

“Para mim, a personalidade é mais importante do que a roupa que você veste. Todo mundo é diferente e é importante respeitar o estilo de cada um, mesmo que você não se identifique com a vestimenta da pessoa. O que eu acho legal é se vestir do jeito que você se sinta confortável, não seguir necessariamente uma regra, e roupa de marca não é essencial. Eu uso óculos e acho que esse acessório já imprime um estilo particular, o corte de cabelo também.”

“A roupa que a gente veste vai muito além da nossa personalidade. A imposição do uso de uniforme pela escola é importante, pois acho que colégio não é um ambiente apropriado para desfile de moda, mesmo assim a gente tenta sair do convencional, usando acessórios diferentes. Para mim, o mais importante é estar confortável e se sentir bem.”

DicaS DE MODA A blogueira Carol Hudson, do Blog Estilo (www.blogestilo.com.br), dá algumas dicas e lembra que o mais importante é se vestir com conforto, pois é na escola que os alunos passam grande parte de seu dia. Dicas para ambos: • Eu sempre usei e abusei dos acessórios pra incrementar o look, essa é uma dica super válida para quem utiliza o uniforme, pois dá um up no visual. • Usar uniforme facilita a vida, o processo de se arrumar para a aula é mais ágil e automático: blusa de uniforme, calça e tênis! • Para as mochilas, a dica é encher de bottons, para dar uma cara fashion. Pra fugir do tradicional modelo escolar, existem varias opções em couro, camurça, jeans, coloridas e estampadas. Mas vale lembrar que as mochilas tradicionais,

além do maior espaço para materiais, quando bem ajustadas não prejudicam a coluna. • Cintos também são acessórios super bacanas para dar charme ao look. Dicas para as meninas: • No cabelo, um rabo com uma fita ou uma tirinha diferente; uma trança (que, por si só, já deixa a gente mais bonita e diferente); arquinhos, tiaras e prendedores já dão um ar feminino ao visual. • A onda de maxi brincos, maxi colares e mix de pulseiras também ajuda muito. Mas cuidado pra não exagerar no tamanho do brinco e do colar, afinal de contas, são muitas horas de aula. • Já o mix de pulseiras – esse, sim! – eu acho que vale caprichar! A única ressalva é nos momentos de Educação Física, esses acessórios não são

apropriados, acabam atrapalhando e podem até machucar. • Um dos acessórios que mais amo é o lenço, pois é super versátil e deixa o look superglamouroso. Ele pode ser usado na cabeça, no pescoço, como cinto e até mesmo, como pulseira ou tornozeleira, além de poder ser usado na mochila, pra dar uma estilizada. Dicas para os meninos: Não existem tantas opções, mas nem por isso vocês precisam ficar no basicão! • Usar um tênis bacana e diferente é super legal; • O mix de pulseiras também vale para os mais modernos e fashionistas; • Faça um corte de cabelo bem alinhado ou moderninho.

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educar

Tablets no Maristão 2013 aos estudantes foi o Samsung Galaxy Tab 10.1. O teste com a turma escolhida – denominada “Turma Tablet” – teve a duração de um ano letivo, período durante o qual os alunos foram monitorados por um grupo de pais, professores e coordenadores. A comissão avaliou o desempenho da sala munida da nova ferramenta em paralelo a uma sala nos moldes tradicionais, ou seja, sem o tablet, que, por sua vez, foi nomeada de “Turma Controle”. Além de analisar o comportamento dos alunos com o dispositivo e a eficiência do equipamento, também foi objeto de avaliação o comportamento dos estudan-

tes diante da liberação do acesso à internet. Todo o processo de teste com os tablets foi previamente comunicado aos pais e alunos, os quais puderam, antes do início, optar por participar ou não do projeto. Os alunos que escolheram participar assinaram um termo de compromisso e responsabilidade pelo uso do dispositivo emprestado pelo Colégio. Além disso, antes do início dos procedimentos, os professores envolvidos passaram por uma capacitação pedagógica com vistas à adaptação dos instrumentos para a dinâmica de sala de aula.

© Fotos: Acervo do Colégio

Após a inauguração, em 2011, da Sala Interativa Marcelino Champagnat, que tem por finalidade preparar alunos e professores para o mundo tecnológico em um ambiente moderno e inovador, o Colégio Maristão passou a navegar no universo dos tablets. Em 2012, o Colégio fez um teste-piloto com o novo dispositivo com a finalidade de verificar a adaptação, na dinâmica escolar de sala de aula, dos alunos e professores no manuseio do equipamento. Para tanto, uma turma do 1º ano do Ensino Médio com 43 estudantes foi escolhida para a avaliação. O modelo adquirido pela escola e emprestado

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ANÁLISE Depois de um ano de análise, o Colégio Maristão concluiu que o uso do tablet não trouxe impacto negativo nem positivo no desempenho dos alunos. “As duas turmas terminaram o ano com notas e avaliações comportamentais similares”, contou a Diretora Educacional Andréa Studart Correia Galvão. Neste ano de 2013, o Colégio reorganizou o projeto. Foram adquiridos novos tablets e realizados investimentos no corpo docente. A partir de agora, qualquer professor que quiser fazer uso dos equipamentos poderá usá-los em suas aulas, independentemente da turma ou do ano. Os alunos podem trazer de casa seus dispositivos e quem não tiver pode pegar emprestado da escola. Para Andréa, os tablets estão cada vez mais presentes no cotidiano de crianças e adolescentes, e fica cada vez mais claro que a utilização dessa ferramenta em sala de aula é inevitável. Porém, para a adoção do tablet ou de qualquer gadget na escola, é necessário preparar o professor. A diretora explica que não adianta o professor preparar uma aula normal e querer usar o tablet. É necessário desenvolver uma aula específica para usar o equipamento. “Em relação aos tablets, hoje, nosso foco é desenvolver o professor e não mais o aluno, como em 2012. Todos eles estão fazendo cursos semipresenciais de letramento digital, porque percebemos que toda a responsabilidade recai sobre eles. Os estudantes naturalmente já sabem mexer no aparelho, mas precisam aprender o poder que ele tem para auxiliar nos estudos e o professor precisa mostrar isso a eles”, explica Andréa. A Analista de Tecnologia Educacional do Maristão Julianna Cauchick Fontes Vieira afirma que alunos e professores ainda não estão preparados para uma mudança radical no sistema de educacional. Contudo, ela garante que as novas ferramentas prometem mudar o conceito de ensinar daqui para frente. “O Colégio teve a cautela de introduzir o tablet de forma gradual e experimental. Essa prudência do Marista fez com que a Escola percebesse a importância de qualificar seu grupo docente. Nós fomos educados com giz, quadro negro, papel e caneta, é difícil imaginar uma sala de aula diferente dessa. Mas o mundo se modernizou, evoluiu, e não podemos deixar de incorporar as novas tecnologias. Por isso, é necessário preparar professores e estudantes para esse novo rumo que a educação está tomando”, analisa. O professor de Biologia Lúcio Flávio Pereira Bravin admite que o tablet ajuda a dinamizar a aula e acredita que esse seja o novo caminho da educação no mundo. “Acredito na agilidade e no encontro das informações que o tablet pode trazer, na multiplicidade de meios disponíveis para ensinar o conteúdo”, responde.

O biólogo conta que criar um ambiente que prenda a atenção desses novos alunos pertencentes a uma geração totalmente conectada está cada vez mais difícil. “Esses novos alunos já nasceram com a tecnologia. É maçante para eles ficar apenas observando o professor. Essa nova geração gosta de interagir, discutir e se aprofundar no assunto”, analisa Bravin. O professor de Geografia César Berçott afirma que trazer o tablet para sala de aula é um grande desafio, pois caberá ao professor saber articular as informações e lidar com esses novos alunos. “Ter um aluno que te traz novas informações, que pesquisa, que checa a informação e que te questiona, muda a forma de ensinar. Essa é a abertura que a internet trouxe e isso é sensacional. A figura do professor mudou e a relação aluno-professor também. Precisamos estar prontos para esses novos desafios”, declara Berçott. Os professores concluem que usar o tablet em sala de aula exige mais criatividade, mas o equipamento deixa a aula mais prazerosa. Outro ponto destacado foi a possibilidade de abrir o debate e a possibilidade de pesquisas bibliográficas instantâneas.

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educar O tablet para os estudantes. O que eles pensam: Ana Luiza Carvalho da Cunha (2º F) “Eu adorei a experiência. Depois que eu me acostumei, ele começou a ser um equipamento de auxílio e suporte nas aulas. Eu sou muito apegada à tecnologia, ela veio para facilitar nossa vida, não consigo imaginar as salas de aula sem.”

Frederico Lorenz Beck (2º F) “O tablet é muito prático, ajuda na pesquisa, na leitura e nos estudos, mas também é um equipamento de distração. As novas tecnologias vieram pra ficar, porém é necessário ter autocontrole e entender que a sala de aula é lugar para estudo e que elas são um complemento das disciplinas. Precisamos fazer valer o voto de confiança que a escola nos deu.”

Taís de Campos Barreto Pereira (2º F) “Eu achei a iniciativa da escola superpositiva. O tablet como aparelho de pesquisa é ótimo, mas é preciso maturidade para usá-lo. Eu acho que mais do que nunca é necessário um esforço do professor em colocá-lo nas suas aulas, por isso acredito que é preciso um maior investimento neles e uma maior responsabilidade dos alunos na utilização do equipamento.”

Julia de Moraes Elias (2º F) “Eu acho que as aulas tradicionais aliadas às novas tecnologias rendem muito mais. Mas grandes conquistas geram grandes responsabilidades. Você tem que usar a internet e as tecnologias a seu favor, com responsabilidade e parcimônia. Hoje, eu organizo as aulas e dinamizo meu dia e meus estudos por meio de plataformas interativas e aplicativos. Na minha opinião, ter apenas o livro como único meio de pesquisa acadêmica é limitador. A internet me permite abrir horizontes, pesquisar e buscar outras fontes de informação. O passo que a escola deu abrindo as portas para a modernidade e criando um novo rumo para educação foi uma atitude fantástica e sem volta.”

Curiosidade

iTunes U

Um levantamento feito pelo Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (EAESP-CIA) da FGV mostra que, atualmente, o Brasil tem 118 milhões de computadores e tablets em uso, em uma proporção de três dispositivos para cada cinco habitantes. Em 2014, esse número deve chegar a 140 milhões de equipamentos, ou dois para cada três habitantes.

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O Grupo Marista, por meio de sua Rede de Colégios, se uniu ao iTunes U, o maior catálogo mundial de conteúdo educacional. A Rede de Colégios do Grupo Marista disponibilizou na plataforma conteúdos para apoiar e enriquecer o ensino, por meio de cursos completos em e-books, vídeo-aulas e aplicativos didáticos.


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© Fotos: Acervo do Colégio

diz aí

Luanda Maria Campelo 3º E

Marina Moreira Antonucci de Carvalho 2º A

Fernanda Lisboa 3º B

“Consumir, para muitos, é uma tentativa de busca de sentido para a existência, que visa suprir o ‘ser’ por meio da aquisição instantânea. A causa disso é a pressão da mídia, que nos faz acreditar que a imersão em um contexto social está diretamente ligada à posse de nossos produtos. Como a dinâmica de renovação tecnológica é insana e diariamente são lançados novos bens de consumo, o constante desejo de comprar o último modelo gera um ciclo vicioso de felicidade momentânea e consequente frustração. A conclusão é: produtos não preenchem o espírito humano, esse é um bom motivo para reduzir o consumo desenfreado.”

“O consumismo pode ser definido como uma espécie de distúrbio em que as pessoas consomem de modo inconsciente e demasiado. É uma característica bem capitalista, originada de uma certa alienação. Se pararmos para pensar, muitos dos problemas de hoje são intensificados pelo consumismo: a superficialidade, o individualismo, a desigualdade e uma certa hierarquização da sociedade, que possui como aspecto de classificação os bens que cada um possui. O consumismo vai muito além do ato de comprar e pode sair do nosso controle.”

“Hoje em dia, é muito difícil não se tornar consumista devido ao ambiente em que vivemos e às influências que sofremos do meio externo. A cada dia aparecem novos produtos e cabe a cada um ter controle e ver o que realmente é necessário naquele determinado momento.”

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Daniel Monteiro 3º B

Ana Luíza Falcomer 2º I

Pedro Ibarra 1º A

“Valorizar mais as pessoas pelo que elas são e não pelo que têm!”

“Distanciar-se um pouco da visão consumista da sociedade permite que reconheçamos e valorizemos as atitudes de real valor. Valor este não palpável ou contábil, mas dotado de um conhecimento capaz de conduzir as relações de caráter humano e torná-las mais sólidas e intensas.”

“O consumismo ataca a liberdade e coloca as pessoas em um ciclo vicioso de compras compulsivas e dívidas. O consumo é necessário, porém nada é tão prazeroso quanto ser livre e, por isso, me afasto desse mal do século XXI.”

Opinião da Educadora “Consumir”, segundo o Aurélio, significa “gastar ou corroer até a destruição; devorar, destruir, extinguir [ ...] e “gastar, aniquilar, anular.” São conceitos extremamente negativos. Porém, consumir com responsabilidade faz bem e é uma questão de postura positiva diante da vida. O movimento de consumir deveria estar pautado em alguns questionamentos: Estou realmente precisando? Quais serão os benefícios? Esta aquisição proporcionará satisfação pessoal ou atingirá outras pessoas também? Este é o melhor momento? Tudo muito simples e prático, não é? E por que não fazemos isso na maioria das vezes? Acredito que dependerá de como nos relacionamos com os nossos desejos e que valor atribuímos a eles. Este tema trabalhado, assertivamente, no ambiente familiar e escolar possibilitará aos jovens discernimento frente a suas escolhas, evitando a má utilização e distribuição dos recursos naturais, resguardando o nosso planeta. Ao consumir com atitudes éticas e com uma visão holística, viveremos em uma sociedade mais fraterna e humana. "A verdadeira riqueza é o amor de Deus partilhado com os nossos irmãos". - Papa Francisco

RENATA PORTILHO

Assistente Psicopedagógica

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caleidoscópio

© Fotos: Acervo do Colégio

1 - Na última semana de junho, o Colégio homenageia seu fundador, São Marcelino Champagnat. Nesse período, acontece uma gincana envolvendo toda a Escola, refletindo sobre a história e a missão Marista. 2 - O professor homenageado no projeto Vida e Docência deste ano foi Márcio Padilha, um verdadeiro exemplo na arte de ministrar aulas de História. 3 - No TOP 5 são premiados os cinco alunos mais bem colocados de cada ano nos simulados. Os simulados, realizados no 1º trimestre, foram do modelo Enem e PAS/UnB.

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2013

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EVENTOS

PREMIAÇÕES

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4 - A equipe de street dance foi primeiro lugar no 15º Dançarqui na categoria Dança Urbana Juvenil, com a coreografia “África”, da professora Louise Lucena. 5 - Cerimônia de entrega de certificados e premiação para os alunos que participaram da IV Simulação Internationali Marista. A SIM é uma simulação de organismos nacionais e internacionais, como STF, ONU e etc.

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6 - Professores realizam curso de Letramento Digital. O curso desenvolve o uso de diferentes linguagens e recursos tecnológicos para dinamização da aula interativa. 7 - Estudantes tiveram aula de Redação à Distância (EAD) com foco nas provas do PAS/UnB.

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FORMAÇÃO 8 - No dia 10 de junho, os alunos do 9º ano do Maristinha tiveram aulas nos laboratórios de Biologia, Química e Física e na Sala Interativa do Maristão. 9 - Os alunos de 1º ano experimentaram o novo aplicativo da FTD digital, o FTD_Bio1, na aula de Biologia. Ao acionarem o aplicativo, eles exploraram as imagens do livro em 3D na tela do tablet.

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destaque

Aluna

Mariana Takatsu

Aluna avalia a experiência de participar do programa Maristão Faz Ciência e de como o trabalho auxiliou no seu desenvolvimento pessoal

© Fotos: Acervo pessoal

Em 2011, um grupo de alunos orientados pelos professores de Geografia, Nilson Ferreira Caetano, e de Biologia, Lúcio Bravin, estudaram o tratamento e a distribuição de água em Brasília e na cidade de Wellington, capital da Nova Zelândia. A pesquisa foi baseada em comparações no sistema de água e esgoto das duas capitais com o objetivo de melhorar o tratamento e distribuição de água no Distrito Federal. A estudante Mariana Severo Takatsu, de 17 anos, participou da pesquisa e de todo o processo de análise. Hoje, cursando o 3º ano do Ensino Médio, a brasiliense pretende cursar Oceanografia no sul do país. Muito responsável e extremamente elogiada por professores e coordenadores, a aluna avalia a experiência de participar do programa Maristão Faz Ciência e de como o trabalho auxiliou no seu desenvolvimento pessoal.

Como foi a experiência de participar do projeto Maristão Faz Ciência? Como era o estudo do projeto? Foi um projeto muito divertido e que me ensinou muita coisa, principalmente sobre como seria um projeto real de faculdade. Nós fizemos um estudo sobre o saneamento básico e o tratamento de água e esgoto, comparando a prática realizada aqui com a da capital da Nova Zelândia. Uma das principais conclusões apontadas pela nossa pesquisa foi a igualdade de distribuição do recurso na capital neozelandesa. Pudemos verificar que as questões socioeconômicas não interferem no sistema e que não há diferença na quantidade e na qualidade da água que chega até os bairros centrais e periféricos. Nós comparamos esse trabalho feito na Oceania com o da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do

O consumismo faz com que a humanidade exija do mundo muito mais do que ele tem a oferecer, faz com que as pessoas queiram usar muitos recursos que logo irão acabar, ou poluir e utilizar inutilmente recursos como a água. 30

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Distrito Federal (Adasa) e da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) para comparar os resultados de Wellington com os de Brasília.

Wellington

Quais as lições que você pode tirar dessa experiência? Uma das lições mais surpreendentes que eu tirei foi sobre o tratamento do esgoto na NZ. O cheiro do esgoto que sentimos aqui em Brasília é muito forte; lá na Nova Zelândia, o ar que sai do tratamento é completamente tratado e não exala nenhum mau cheiro, o que seria uma ideia muito boa para ser implantada aqui no Brasil.

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Você acha importante a escola abrir o debate para esses assuntos? Acho muito importante que a escola proporcione esse tipo de atividade. Ajuda a desenvolver habilidades que você não desenvolveria normalmente, além de o nosso tema ajudar a conscientizar muito em relação ao uso da água.

Você tem colocado em prática o aprendizado? Eu aprendi muito sobre como fazer pesquisa, mas o que mais adquiri de conhecimento foi a produção de texto em formato de artigo, o que foi muito útil e já utilizei algumas vezes em trabalhos na escola.

Hoje, como você lida com o consumo? Eu tenho bastante consciência de quanto a nossa sociedade é consumista e, apesar de tentar ser menos consumista, ainda me considero uma pessoa que compra bastante e gasta bastante com coisas inúteis, como marcas mais caras e que não têm produtos tão diferentes assim das mais baratas. Mas, por causa do que eu já estudei, tento doar ou reutilizar ao máximo tudo que posso – por exemplo, computadores que já são mais ultrapassados.

Com relação ao meio ambiente, você acha que as atitudes consumistas interferem na preservação da natureza? O consumismo faz com que a humanidade exija do mundo muito mais do que ele tem a oferecer, faz com que as pessoas queiram usar muitos recursos que logo irão acabar, ou poluir e utilizar inutilmente recursos como a água. Considero o consumo um problema muito grande do mundo de hoje. Do jeito que o mundo está, daqui a não tanto tempo assim, as pessoas não vão ter mais mundo, porque vamos ter "gastado" ele inteiro. A água, que era o recurso que eu estava estudando e que é muito importante para a sobrevivência de qualquer um, é um exem-

plo de algo que pode acabar fazendo uma falta absurda para, por exemplo, os meus netos.

Como sua família analisou a sua participação no projeto? Minha família ficou muito feliz por eu estar participando de um projeto desse tipo na escola, ainda mais pelo tema abordado. Eles acham muito importante cuidar do meio ambiente e me deram muita força para continuar no projeto.

Você repassa a lição para amigos e familiares? Esse tipo de lição normalmente é a minha família que passa para mim, mas para alguns amigos eu falo, aconselho e até brigo com eles quando acho que estão exagerando e digo para eles serem mais sensatos.

Que dicas você pode passar para seus amigos? Não é necessário usar as marcas mais caras, nem gastar água para coisa inúteis, como lavar a garagem, nem usar saquinhos plásticos quando vai ao supermercado, nem viajar sempre apenas pra comprar e por aí vai.

Estar cursando o último ano do Ensino Médio significa encerrar um ciclo escolar de anos. Como você enxerga essa mudança? Essa mudança é muito drástica e ainda nem caiu a ficha de que eu realmente estou no final do meu último ano de escola. Quando terminar, tudo vai estar diferente, vou estar focada realmente no que vou fazer pelo resto da minha vida e em descobrir como vou me desenvolver para me tornar quem quero ser, e, às vezes, essa é a parte mais difícil.

Colégio Marista de Brasília | Maristão

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você você sabia? sabia?

Para o bem do

planeta

Atitudes simples, como desligar a tela dos computadores entre um uso e outro, são capazes de gerar economia e garantir mais vida útil aos equipamentos va. Nesses locais, os cuidados com a economia de energia elétrica exigem uma atenção especial: • Sempre configure o computador para o modo Repouso (o modo Protetor de Tela nem sempre garante economia de energia adequada). Caso não saiba como fazer, solicite a ajuda do assistente mais próximo. • Nos intervalos entre aulas que ocorrem nos espaços que têm com-

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de luz nas salas da administração da escola, orientou professores e funcionários a apagarem as luzes das salas que não estiverem em uso e optou por fazer uso de lâmpadas fluorescentes, que possuem desempenho melhor e apresentam maior economia do que as do tipo incandescentes. Junto com funcionários e professores, os alunos também podem ajudar nesse esforço com apenas algumas iniciativas simples: • Apague a luz! O consumo elétrico das luzes das salas de aula representa uma fatia expressiva dos gastos com eletricidade. • Em ambientes com ar-condicionado, procure manter a porta e as janelas sempre fechadas, garantindo, assim, o uso eficiente do equipamento. O Colégio Marista disponibiliza aos seus alunos diversas dependências voltadas para o uso de computadores, como o CRA e Sala Interati-

*Fonte: Revista Exame

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Colégio Marista de Brasília | Maristão

© Fotos: Acervo do Colégio

Você sabia que 1,2 bilhão de pessoas no mundo vive sem acesso à eletricidade? Que países e entidades em geral precisarão investir, por ano, 600 bilhões de dólares para garantir o acesso universal à energia até 2030? Que, juntos, Estados Unidos e China respondem por 40% do consumo global de energia? Que no ranking mundial, o Brasil encontra-se na sétima posição de maior consumidor de energia e que, anualmente, nós desperdiçamos uma quantidade de energia equivalente ao total consumido pela população do Estado do Rio de Janeiro? Que em números isso representa 15 bilhões de reais por ano? E que 1 milhão de residências brasileiras ainda carecem de acesso à rede elétrica?* Essas informações são importantes quando queremos debater que tipo de ações podemos realizar para economizar energia elétrica, seja em casa ou na escola. O Marista tem feito a sua parte: instalou temporizadores

putador, procure sempre desligar o monitor do computador. • Sempre desligue o computador quando tiver certeza de que a máquina não voltará a ser utilizada naquele dia. Evite desligar e ligar o computador muitas vezes durante o dia, pois esse procedimento pode danificar o equipamento (o mesmo vale para escâneres e impressoras). O meio ambiente agradece!

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O FTD Digital Arena é a primeira plataforma tecnológica de imersão multicultural do Brasil, que reúne características de um planetário digital e uma sala de projeção com tecnologia 3D de alta definição. Um espaço tecnológico e multidisciplinar inédito que oferece propostas educacionais, culturais e entretenimento às escolas, universidades e público em geral. Confira a programação completa no site.

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gente nossa

Ex-aluno

O advogado de 25 anos fez todo o seu Ensino Médio no Maristão e chegou a trabalhar na Pastoral do Colégio durante um ano. O ex-aluno conversou com a Em Família e lembrou com entusiasmo sua época de escola, os amigos e o carinho que tem pela PJM (Pastoral Juvenil Marista).

Quais são suas principais lembranças do Colégio? As amizades que construí com meus colegas, professores e funcionários. As viagens que realizei com o grupo do futsal e atletismo e também com a PJM. A principal lembrança que tenho é da Camar/PJM, onde construí verdadeiras amizades que carrego comigo até hoje. Grande parte da formação intelectual, humana e cristã que tenho hoje adquiri no Marista!

Qual foi sua melhor época na escola? O 3º ano, pois acredito que foi o ano em que melhor conciliei os estudos com a diversão.

Você participava de alguma atividade da Pastoral? Tirou alguma lição desse aprendizado? Você recomendaria às crianças de hoje a participarem? Minha participação na Camar (Caminhada Marista) da PJM (Pastoral Juvenil Marista) é a minha lembrança mais marcante e que faz parte da minha vida até hoje. Foi onde conheci grandes amigos e cultivei

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amizades verdadeiras com ex-alunos, alunos e professores. Não caberia na reportagem, nem na revista, a quantidade de coisas que aprendi ao longo dos anos nas atividades pastorais de que participei. Acredito que nenhum aluno Marista deveria sair do Colégio sem participar de ao menos um projeto da Pastoral. Digo isso não só pela experiência de aluno e ex-aluno, mas pela oportunidade que tive de trabalhar na Pastoral do Maristão durante um ano.

Você faz ou fez algum trabalho voluntário? Por quê? Participo até hoje da Camar, que é um encontro de jovens católicos e que acolhe não somente católicos, mas todos que desejam participar. Trabalhar na Camar foi um dos primeiros trabalhos voluntários que fiz e que me sensibilizou para a importância de servir de forma desinteressada. O serviço voluntário é, com certeza, uma das mais altas formas de caridade, o sair de si mesmo para doar-se ao outro, sem esperar nada em troca.

O que o Marista representou na sua vida? Não vejo a minha vida, minha história sem o Marista. O vínculo que possuo com o Colégio está marcado no coração e na alma, sou ex-aluno, mas jamais serei ex-Marista. Acredito que a vida Marista seja como o Sacramento da Crisma na vida de quem realmente soube viver o "ser Marista", é uma marca indelével na nossa alma.

Colégio Marista de Brasília | Maristão

© Foto: Arquivo pessoal

Lucas Furtado Maia Lucas na Missa das Rosas.

Lembra-se de alguma história bacana por que passou na época de escola? Várias! Mas uma das mais marcantes foi a viagem ao interior da Bahia, Ruy Barbosa, para conhecer um projeto que os alunos ajudaram a tornar realidade: a construção de cisternas para captação de água da chuva. Foi uma viagem que marcou pelo conhecimento de uma dura realidade do interior do nordeste do nosso país. Marcaram a pobreza, mas, acima de tudo, a alegria e a gratidão das famílias que nos receberam.

As amizades que você fez na época de escola permanecem até hoje? O que você acha disso? Permanecem. As que mais permanecem, com quem mais me encontro, são os amigos que construí na Camar e na PJM. Vivo com a certeza de ser verdadeira a afirmação de que as amizades edificadas em Cristo são eternas.



© Foto: Acervo do Colégio

ser melhor

Quadrilha na Festa Junina do Maristão.

UIP de Planaltina recebe doações

arrecadadas na Festa Junina do Maristão

A Pastoral do Colégio Maristão realiza, desde 2011, um trabalho solidário com jovens da Unidade de Internação de Planaltina (UIP), antigo Centro de Internação de Adolescentes de Planaltina (Ciap), que abriga hoje 84 adolescentes do sexo masculino entre 15 e 20 anos que cumprem medidas socioeducativas. Este ano, com a renda de toda a bilheteria da Festa Junina promovida pelo Colégio, os estudantes do Maristão arrecadaram fundos para melhorias na UIP, o que tornou a ação evangelizadora maior e mais integradora, pois os estudantes Maristas desenvolveram toda a ação em favor do bem de jovens que foram privados dos mesmos privilégios que eles têm, frequentando uma escola particular, com ensino regular e de qualidade. Essa não é a primeira vez que o Colégio faz uma doação à Unidade. Em 2011, o Maristão, em parceria com a editora FTD, doou cerca de 300 livros didáticos, CDs e dicionários para a UIP. O objetivo da doação foi desenvolver um curso pré-ves-

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tibular para os internos, ação que também aconteceu durante a Semana Champagnat, neste ano, como gesto solidário na gincana. Os alunos deram o pontapé inicial em relação aos benefícios a serem direcionados aos jovens do ainda Ciap. Mais do que ajuda material, o Maristão investiu na capacitação dos agentes socioeducadores, para que eles sejam transmissores de informação e conteúdo para os menores. Tal suporte foi dado pelos professores do Marista que participaram dessa formação como voluntários. Já as aulas para os internos foram ministradas por monitores da Universidade de Brasília (UnB) em oficinas de acompanhamento pedagógico e por professores da Secretaria de Educação do Governo do Distrito Federal (GDF). Na época, o Diretor-Geral do Marista, Irmão Valter Pedro Zancanaro, contou que a Instituição pretendia suprir uma lacuna com essa parceria, a fim de, pelo menos, oferecer condições mais justas de acessibili-

Colégio Marista de Brasília | Maristão

dade desses jovens ao Ensino Superior. “Quando conhecemos a UIP, os próprios meninos pediram um ensino melhor lá dentro. Eles querem estudar para, quando saírem de lá, terem uma profissão, fazerem o vestibular e conseguirem um emprego”, declarou o diretor. O Maristão também arrecadou 3 mil livros de literatura para a Unidade e os agentes tiveram um treinamento intensivo com direito a um dia de spa na chácara da Instituição. “Não queríamos que essa ação se tornasse uma simples doação. Queríamos investir na formação dos agentes – cuidar dos cuidadores”, contou José Leão da Cunha Filho, atual Diretor-Geral do Maristão. A intenção da ação foi criar um ambiente escolar educativo e inclusivo dentro da UIP, preparando os jovens para provas de vestibular e concursos e formando adolescentes para a vida. Para o Professor Leão, a ideia foi levar o peso da filosofia Marista e sua excelência em ensino para dentro do Centro.



© Fotos: Arquivo pessoal

essência

Ir. Nilvo Luiz Favretto Irmão Marista da Província Rio Grande do Sul e pedagogo

Missão Marista

entre os indígenas Ao fundar o Instituto Marista, São Marcelino Champagnat deu prioridade à educação como espaço privilegiado de evangelização no ambiente escolar, fazendo a catequese e despertando a devoção à Maria e o amor a Jesus. Os povos indígenas também merecem a nossa atenção. Desde 2002, marcamos presença significativa entre os indígenas na tríplice fronteira Brasil, Colômbia e Peru. A educação escolar indígena tem um caráter peculiar e específico: deve valorizar sua cultura, seus mitos, suas crenças, sua tradição e sua língua – o que está garantido na Constituição Federal, no artigo 210. Por isso, catequizar esse povo passa a ser um desafio muito grande, pois devemos respeitar as suas peculiaridades. Em nossa região, existem muitos povos indígenas com diferentes línguas e costumes. Podemos citar Ticunas, Matis, Matsés, Marubo, Kanamary, Kulina, entre outros. A partir do contato com pessoas de fora, esses povos passaram a sentir a necessidade de ter acesso à educação para poder se relacionar com a sociedade, estabelecer um mínimo de igualdade de condições e não serem “enrolados” ou “enganados” pelos “brancos”. Atualmente, a nossa presença se dá no Vale do Javari por meio do acompanhamento pedagógico de professores indígenas, com visitas às

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comunidades-escolas. Acompanhamos de perto e in loco o trabalho educativo de cada professor, ajudando-os em suas dúvidas, necessidades e sua metodologia a fim de garantir uma educação diferenciada e de qualidade. Assim, surgiu a necessidade da construção do Projeto Político Pedagógico (PPP) de cada povo. A Secretaria Municipal criou uma Coordenação Pedagógica, da qual faço parte. O trabalho é desafiador. Considero que o mais difícil é “respeitar” a diversidade sem ferir os seus costumes. O tempo desses povos é bem diferente do nosso. Tem outra lógica, outro tempo.

Há etnias que já elaboraram o seu PPP com a assessoria de ONGs. Apesar de nem sempre se levar em conta a qualidade, as diferenças e as especificidades de cada povo e sua cultura são respeitadas – e muito. Acreditamos que para esse trabalho há sempre espaço para algum voluntário que se sinta chamado a colaborar conosco, tais como profissionais da área da Pedagogia, linguistas para estruturação da língua materna, elaboração de gramáticas, cartilhas, livros de literatura e dicionários. Juntos, podemos continuar o sonho de Champagnat e partir para a construção do bem-viver.


O voto de pobreza perante o

do mundo atual

A vida religiosa tem seu sentido profundo no seguimento de Cristo: pobre, casto e obediente. Ele nasceu pobre, em um presépio. Morreu na cruz, despojado de tudo. Recebeu sepultura em uma tumba emprestada por um amigo. Tendo essa história como exemplo, os Irmãos fazem o voto de pobreza, depois de 6 a 8 anos de formação, e se empenham em ter o coração desapegado dos bens deste mundo e entregá-lo unicamente a Deus e a serviço do próximo. Nosso espelho fundamental é Cristo, em sua pobreza e em sua confiança no Pai do Céu. Depois, Nossa Senhora, Champagnat e os primeiros Irmãos. A vivência de cada um se traduz em diversas manifestações que vão nos fazendo entender o que é ser "pobre", no sentido evangélico do termo. Não é um voto fácil de viver e, muitas vezes, ele corre o risco de ser tratado como um conjunto de palavras que traduzem uma mentira. Por isso mesmo, nós, Irmãos Maristas, estamos continuamente nos examinando a respeito das exigências desse voto. Todos esses e outros pensamentos vêm traduzidos para nós em nossas Constituições. O número 29 das Constituições do Instituto reza: “O conselho evangélico de pobreza implica uma vida pobre de fato e de espírito1. Renunciamos a dispor de qualquer dinheiro ou outro bem material de algum valor2, sem autorização. Para usar dinheiro, o Irmão age sob a dependência de seu superior imediato. Presta-lhe contas

regularmente das quantias postas a seu dispor. Tudo quanto o Irmão adquirir por seu trabalho ou por ser membro do Instituto, e o que receber a título de aposentadoria, subvenções, seguros, salários ou benefícios sociais, pertence ao Instituto” (C. 668, c).

Nosso modo de vida, nosso voto de pobreza Uma das características da vida religiosa é a comunidade, na qual colocamos em comum tudo o que temos. Tudo o que existe na comunidade – moradia, móveis, bibliotecas, conduções, dinheiro, pertence à comunidade e está apenas a serviço dos Irmãos. Assim, podemos cumprir nossa missão: a santificação pessoal, da comunidade, e levar o bem ao povo de Deus – de modo especial às crianças e aos jovens menos favorecidos. Pessoalmente, cada Irmão não é dono de nada. Ao falecer, um Irmão pode deixar uma grande herança espiritual, mas nenhuma herança material para distribuir entre seus parentes.

Como se vive o voto de pobreza? Há muitas demonstrações da vivência do voto: vestir-se bem, mas sem exibicionismo; alimentar-se bem, mas sem excessos; ter uma moradia simples da qual se cuida como se fosse sua; ter o necessário para bem cumprir a missão; ter um grande espírito de família; dar a contribuição do próprio trabalho, sem perder tempo. Os superiores

têm a obrigação de cuidar para que nada falte aos Irmãos de sua comunidade, como alojamento, alimentação, cuidados com a saúde, roupas, livros, meios didáticos, estudos, viagens, férias, e o que mais signifique de gastos indispensáveis. Nossa pobreza se reflete também nas nossas obras. Nelas nada deve faltar do que é necessário ao seu bom funcionamento. Essa é uma lição que aprendemos com Champagnat e os primeiros Irmãos: “Melhor não construir do que construir mal”. Naturalmente, quando nos encontramos com este nosso mundo do consumismo, nosso voto de pobreza e, sobretudo, o “espírito de pobreza” sofre sérios desafios. Por isso mesmo, somos chamados a prestar atenção sobre como viver a pobreza religiosa neste mundo. Todos os bens de que dispomos têm um modo de serem usados e têm uma finalidade: levar os ensinamentos de Deus para todo o mundo.

1

“Perfectae Caritatis”= “A caridade perfeita”

(Documento do Concílio Vaticano II), 13, 2 2

c. 600

© Foto: Divulgação

consumismo

Ir. Cláudio Girardi Irmão Marista do Grupo Marista

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© Fotos: Letícia Akemi

solidariedade

Dois pesos, duas medidas,

um mundo É dever de todos aderir a práticas mais conscientes de consumo, independentemente da classe social. Unidades Sociais Maristas também contribuem no diálogo por um mundo mais sustentável Por Michele Bravos

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As consequências negativas de um consumo desenfreado não escolhem classe social. No entanto, são as atitudes do coletivo – independente de sua condição social – que têm interferido no planeta e interferirão no futuro. Para a construção de um modelo civilizacional diferente do atual, em que as pessoas consumirão o necessário e valorizarão mais as relações interpessoais, é necessário que as transformações se iniciem nos níveis básicos da educação – tanto pública quanto particular. A coordenadora pedagógica Gillys Vieira da Silva, do Centro Social Marista Ecológica, localizado em Almirante Tamandaré (região metropolitana de Curitiba), afirma que “se os alunos aprendem boas práticas dentro da escola, eles levarão esses ensinamentos para a vida lá fora”. Práticas de consumo consciente estão no escopo da educação Marista, sendo aplicadas tanto nos Colégios como nas Unidades Sociais, espaços educativos que atendem


comunidades menos favorecidas socioeconomicamente. No Centro Social Marista Ecológica (PR), inúmeras ações são desempenhadas junto aos alunos, de modo a incentivá-los a práticas conscientes de consumo. Entre elas: assembleias, para discutir temas relacionados à cidadania: aulas de robótica, com reutilização de materiais eletrônicos e conscientização alimentar para uma alimentação saudável e evitar desperdícios. A aluna Dayane Choinski Nascimento, 13 anos, do 8º ano do Centro Social Marista Ecológica, afirma que a educação que tem recebido tem lhe ajudado a construir novos hábitos – mais sustentáveis. “O ensino aqui mudou a minha vida, a minha forma de pensar. Tenho mais consciência sobre o mundo.” Ela ainda conta que tem aderido a práticas que representam economias para o bolso dos pais. “Sou preocupada com o desperdício de água e de dinheiro. Tento reaproveitar o material escolar, pois é uma economia para a minha família e, assim, também ajudo a não gerar tanto lixo para o mundo.” No Centro-Oeste do país, os esforços também caminham na direção de um mundo mais consciente. É no Mato Grosso do Sul que o Centro Social de Dourados realiza o projeto Maristeca. “O projeto é desenvolvido junto aos educandos nas oficinas de educomunicação e educação ambiental e visa a abordagem do consumo consciente, trocas solidárias e criação de uma moeda social: a Maristeca”, explica Roselâine Godinho, assistente social da Unidade. A ideia tem como inspiração um modelo bem-sucedido da região, a moeda social Pira-Pirê, a qual tem contribuído para o fortalecimento da economia na comunidade.

BOAS IDEIAS Conheça mais sobre as práticas desenvolvidas no Centro Social Marista Ecológica Exercendo cidadania São momentos que ocorrem periodicamente, dentro da sala de aula e intermediados por um professor, em que os alunos são instruídos sobre algum tema relacionado à cidadania. Nessa ocasião, eles também são convidados a dialogar sobre os assuntos apresentados e buscar soluções viáveis para a realidade da comunidade. Consumismo já foi tema de conversa. Agora, estão na fase de sugerir o que fazer com os excessos. Peças antigas, novas funções É na aula de robótica que os alunos colocam a criatividade para funcionar e descobrem novas funções para chips, monitores de computador, placas de memórias e tantas outras peças. “Eu acho bom aprender a reutilizar esses materiais. Faço coisas que nem imaginava”, diz o aluno Paulo Henrique Assis, 13 anos, do 8º ano do Centro Social Marista Ecológica. O que nós queremos Para evitar o desperdício de alimentos, algumas práticas foram adotadas pelo Centro Social. A primeira foi realizar um diálogo sobre o cardápio disponível e as possibilidades de alteração, tendo em vista o custo e a questão nutricional. Paralelo a isso, também foi feito um trabalho de conscientização sobre o senso de coletivo, “assim prevalece um olhar do grupo e não para as necessidades individuais, fortalecendo a construção coletiva, explica Gillys. Ovelhas bem alimentadas Outra ação implantada foi a destinação das sobras de frutas, verduras e legumes para as ovelhas que fazem parte do espaçotempo da Unidade. Os alimentos deixaram de ser temperados na hora do preparo, pois, assim, suas sobras poderiam complementar a alimentação dos animais. Os alunos participam efetivamente, ajudando na pesagem dos restos e alimentando as ovelhas. Vale destacar que este ano houve uma redução no orçamento para compra de ração, sendo o recurso utilizado para o desenvolvimento de outras ações.

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© Foto: Divulgação - Turismo e Negócios

como fazer

Sobra

diversão e não falta dinheiro Vai chegando o período de férias e a criançada só pensa em uma coisa: qual será a programação? Por eles, não passam nem um dia em casa. A tarefa a ser empreendida pelos pais é conciliar lazer com gastos conscientes e experiências de valor. Para que o discurso do consumo sem exageros não vá embora no primeiro dia de férias, a psicóloga Renata Kreutz, mãe de Maria Eduarda, 11 anos, aluna do Colégio Marista Rosário, do Rio Grande do Sul (RS), conta que a conversa com os filhos é muito clara. “Férias é momento de curtir em família, de descobertas. Não significa poder gastar mais. Afinal, os compromissos financeiros continuam os mesmos na volta.” Explicar aos filhos o propósito do passeio ou viagem previamente também é eficaz. A psicopedagoga Adriana Torres, assessora pedagógica da agência de viagens Meeting Way, especializada em viagens focadas no enriquecimento cultural e nas experiências diferenciadas, explica que o segredo está muito mais na frequência com que essas práticas são vivenciadas pela família do que propriamente em uma organização pontual. “Uma simples saída para

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São Paulo guarda passeios enriquecedores, dentre eles: o Museu da Língua Portuguesa, o planetário do Parque Ibirapuera, o Aquário de São Paulo e o local onde Dom Pedro I deu o grito da independência.

Férias é sinônimo de lazer e experiências de valor. Deixe as compras para outra hora e aproveite o tempo em família Por Michele Bravos

um cinema tende a ser um sucesso, desde que planejada de uma forma calma e amistosa com foco no tema tratado e não na aquisição de brinquedos e pipoca.” A advogada Eliane Massari, mãe de Victoria, 15 anos, e Igor, 11, ambos alunos do Colégio Marista Nossa Senhora da Glória, de São Paulo (SP), exemplifica que se os pais focam a viagem para o consumo, as crianças, naturalmente, já saem de casa com a proposta clara de que “vamos viajar para comprar e gastar”. Além disso, ela reforça que a conduta dos pais precisa ser condizente com o que pregam. “Tudo depende do planejamento inicial da viagem. É preciso mostrar que a viagem por si trará valor ao conhecimento deles, pois cada local tem características valiosas que podem ficar esquecidas se a finalidade for só comprar.”

Decisões conjuntas O planejamento da viagem pode e deve ser compartilhado com os filhos. Aos pais cabem as escolhas de período, local e realização da viagem, já os filhos podem decidir algumas opções do roteiro, como lugares para visitar ou almoçar. “Es-


sas decisões dentro do percurso são essenciais para que os filhos se sintam atuantes e participantes no contexto familiar”, diz Adriana. A psicopedagoga orienta que o diálogo com os filhos deve ser bem aberto, informando, inclusive quanto poderão gastar por dia. “O hábito do planejamento financeiro é uma dificuldade para muitos pais, mas compartilhá-lo com as crianças traz segurança, domínio e comprometimento com a situação.”

Mesada para viagem Se a mesada já faz parte da rotina dos filhos, essa é uma prática que pode ser mantida para a viagem. A quantia dada ao filho não deve ser muito além do que se dá normalmente e, em uma viagem, esse valor deve estar de acordo com o planejamento da família. Mas se a mesada não faz parte do dia a dia dos filhos, as férias não são um bom momento para iniciar essa ação. Pensando no consumo consciente nesse período, uma possibilidade é incentivar os pequenos a economizar para a viagem, por exemplo: “Em vez de comprar isto hoje, vamos guardar este tanto para você usar na viagem”, diz Adriana. Essa regra vale para viagens nacionais e internacionais. “Em uma viagem para o exterior, procuramos mos-

trar aos nossos filhos o valor da nossa moeda em relação à moeda de outros países. Eles entendem muito bem e fazem suas próprias conversões, porque também economizam as mesadas para comprar lembrancinhas”, conta Renata.

Compras que cabem na mala Viajar e não trazer nenhum souvenir do lugar visitado é quase impossível. “Sempre compramos algo que represente e simbolize nossa passagem pelo local. Algo que dure a vida toda, servindo de ícone e símbolo: toda vez que olharmos, vamos nos lembrar dos momentos vividos”, diz Eliane. E não há problema nisso. É importante que mesmo na hora das lembrancinhas os pais prefiram optar por presentes que valorizem os momentos vividos. O ponto chave é: atribuir significado à determinada compra. Eliane conta que, certa vez em uma viagem, uma colega, que vivia em um momento de economias apertadas, tirava fotos de tudo, até de objetos que não ia comprar. “Ela dizia: ‘Não comprei, mas estou levando a recordação de outro jeito. E esse jeito que levo vai ficar para sempre, pois vai ficar na minha lembrança’. Achei show o que ela falou e fez sentido para mim. São lembranças que não se estragam com o tempo.”

Dicas

Idade certa para viajar A partir de 3 anos Nessa fase, as crianças já adquirem um aproveitamento maior das aprendizagens. Começa a fazer sentido para elas a construção entre o pessoal e o meio, que deve ser valorizada. São indicadas atividades de percepções permanentes e descobertas enriquecedoras, em contato com a natureza, por exemplo. Vale ressaltar que a saída antes dos 3 anos também é funcional e possível, mas nem sempre adequada pela logística das necessidades desta faixa etária. A partir dos 5 anos A criança já tem certa autonomia. A proposta estende-se para locais que valorizem o desdobramento da ação individual em valorização das percepções do meio. As opções já são bem maiores, bem como o tempo e as intenções de cada proposta.

Em Minas Gerais, as crianças podem se encantar ao conhecer de perto as histórias aprendidas na escola, passeando pelas cidades de Tiradentes, Ouro Preto e Diamantina. O complexo Inhotim também pode fazer parte do roteiro, com mais de 500 obras de artes (na foto, a obra Troca-Troca, de Jarbas Borges), algumas expostas a céu aberto, envoltas por um Jardim Botânico de 97 hectares. Não vai faltar espaço para a criançada se divertir!

Pais, sejam menos ansiosos! Muitas vezes os pais querem rodar horas no shopping, ir ao cinema, fazer compras. Tudo no mesmo dia. Excesso de propostas desfoca o aproveitamento e a criança não consegue dar o devido valor ao passeio.

l Programa cultural na rotina das crianças. Uma boa opção é idealizar um teatro ou uma ida ao museu com uma conversação anterior sobre o tema da peça ou da exposição escolhida, seguida de um lanche posterior, em que todos se dispõem a verbalizar o que acharam e sentiram. É uma atitude que valoriza a saída, de forma focada e não consumista.

Mesada para as férias. Incentive os filhos a direcionarem as economias da mesada para as férias.

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l Lembrancinhas que cabem no bolso. Opte por lembranças que realmente tenham relação com a experiência vivida na viagem. Não precisam ser presentes caros. Fotos são sempre boas opções!

© Fotos: Divulgação

l Viagem programada em conjunto. Exponha para os filhos o propósito e o orçamento da viagem. Convide-os para tomar algumas decisões sobre as férias.

© Fotos: Divulgação

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compartilhar

Moda Para as meninas, a dica vai para a página do Facebook Cabide Novo. Lá, elas podem fazer trocas de peças de roupas que não usam mais ou até mesmo vender. Vale a pena, pois o preço é bem mais em conta. Na página, as pessoas combinam os valores, o que trocar, e depois compartilham para mostrar que deu certo. O grupo funciona bem e é importante contra o consumismo exagerado e o apego às coisas materiais. Isadora Iladi de Liz, 10 anos, 6º ano do Ensino Fundamental do Colégio Marista Criciúma (SC)

Você já ouviu falar de consumo consciente? Nos tempos atuais, a humanidade sente na pele as consequências de centenas de anos de consumo desenfreado e irresponsável. Assim, é necessário pensar em uma nova forma de consumo, que não ignore o impacto ambiental e que tenha como objetivo o bem-estar social. Esses e outros aspectos são abordados no livro Inteligência Ecológica, de Daniel Goleman, lançado em 2009. Michel Goulart, professor de História e Filosofia no Colégio Marista Criciúma (SC)

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© Fotos: Divulgação

LIVRO


Leitura Você sabia que o consumo exagerado acarreta em uma demanda muito grande de energia, minérios e água? Por isso, necessitamos de um modelo de desenvolvimento econômico, que não comprometa o meio ambiente e a sociedade. É como relata o pesquisador austríaco Gerard Gilnreiner, da Universidade de Cracóvia, em seu texto Estratégias de minimização de lixo e reciclagem e suas chances de sucesso, publicado em 1992. A leitura vale a pena para despertar a reflexão. Beatriz Santana, professora de Geografia no Colégio Marista de Goiânia (GO)

internet

Livro O livro que indico é intitulado Vida para consumo – A transformação das pessoas em mercadoria (2008), de Zygmunt Bauman. Neste livro, o sociólogo polonês analisa como a sociedade moderna de produtores foi gradualmente se transformando em uma sociedade de consumidores. Na nova organização social, os indivíduos se tornam, ao mesmo tempo, promotores de mercadorias e também as próprias mercadorias que promovem. Bauman examina o impacto das atitudes e dos padrões consumistas em diversos aspectos aparentemente desconexos da vida social, política e democrática, como estratificação e divisão social, comunidades e parcerias, construção de identidade, produção e uso de conhecimento, adoção e propagação de valores.

Uma boa dica para não exagerar no consumo de jogos eletrônicos, mas se divertir com algo novo, é a troca de games. No Facebook, há um grupo criado pela loja Oops Store para promover a troca de jogos que não são mais usados. A ideia funciona. Lá, o pessoal pode postar o que não quer mais. Quem se interessar, precisa ter algo em troca para dar. Então, é só combinar o escambo. Além disso, há também o Dia da Troca, que acontece na própria loja. Fica a dica para um reaproveitamento mais divertido. Acesse: www.facebook.com/oopsstorecco João Victor Santin Carraro, 15 anos, 1ª série do Ensino Médio do Colégio Marista São Francisco (SC)

Liane Pascoali Danieli, Diretora Educacional no Colégio Marista São Francisco (SC)

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diversão

Nada além da imaginação

Depois de reservar uma brecha diária para curtir os filhos em casa, é hora de aprender a brincar apenas com um elemento essencial: a família! Tão importante quanto compreender o que é ter responsabilidade de consumo é saber driblar os diversos brinquedos nada sustentáveis, coloridos, que piscam o todo tempo e deixam a garotada extasiada. Para isso, apresentamos (ou melhor, relembramos) brincadeiras muito divertidas que unem oportunidades

Por Elizangela Jubanski

importantes: a percepção de que, na verdade, para brincar, a criança só precisa de imaginação. Para o filósofo francês Gilles Brougére, especialista em Educação Infantil, “a criança não brinca em uma ilha deserta, ela brinca com as substâncias materiais e imateriais que lhe são propostas. Ela brinca com o que tem na mão e com o que tem na cabeça”. Diante disso, prepare-se para uma imersão nas brincadeiras que nunca se desgastam.

Pedra, papel ou tesoura Pedra: mão fechada. Papel: mãe aberta. Tesoura: dedo indicador e médio. Os participantes escondem as mãos atrás das costas e escolhem um deles. Ao dizer "pedra, papel ou tesoura", todos mostram a mão. Pedra ganha da tesoura; tesoura ganha do papel e papel ganha de pedra.

Todos formam um círculo. Na brincadeira, um escolhido para começar o "telefone sem fio" diz uma frase com pelo menos cinco palavras no ouvido de quem estiver sentado à sua direita. Esse que ouviu a frase deve repassar àquele ao lado, que deve dizer ao próximo e assim sucessivamente. O último conta, em voz alta, a frase que ouviu e todos comparam se ela chegou em sua forma original ao participante. Sai cada coisa, acredite!

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© Fotos: Letícia Akemi

Telefone sem fio


Sombras chinesas

Essa brincadeira é imaginação pura. Consiste em compor figuras com as mãos diante de uma lâmpada, projetando a sombra na parede de forma que sejamos capazes de imitar os movimentos do animal ou do que quisermos.

Pique-esconde Uma pessoa é escolhida para vendar os olhos ou fechá-los para que não veja o restante das pessoas se esconder. Ela conta até o número 31 e depois sai pela casa ou quintal à procura dos que estão camuflados pelos esconderijos do local. Na medida em que encontra os participantes, aquele que está à procura de todos corre para o ponto inicial para "bater" a descoberta do participante. Não esqueça que o último participante que consegue se manter escondido pode apelar para o clássico: "31 salva todos".

Adoleta

Nessa brincadeira, a criatividade é a cantoria, já que nada, além das mãos, será preciso. Os participantes recitam ou cantam versos e seguem o que está proposto na letra: mãos para cima, mãos ao lado, tocam o amigo, imitam bichos, viram de costas e tudo mais o que o verso mandar. Para brincar, é preciso ao menos dois participantes, mas é possível bater palmas em grupo ou em rodas.

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O desperdício e a

sustentabilidade Por Ademar Batista Pereira, presidente da Federação dos Estabelecimentos Particulares de Ensino da Região Sul (Fepesul)

É preciso políticas concretas que levem a sociedade a repensar sobre o desperdício.

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O mundo em que vivemos está focado na produção e no comércio de produtos cada vez mais descartáveis e mais baratos, fabricados em maior escala – visando baixar o custo unitário. Com isso, acontece um consumo desenfreado de coisas supérfluas, como flores, perfumes, presentes e brinquedos – em sua maioria, pequenas coisas bem embaladas em frascos ou caixas bonitas e coloridas. Na hora da compra, o comércio também dá a "pitada" no pacote de presente com outra embalagem, que, para finalizar, coloca em outra bela sacola. Ou seja, compramos uma coisa supérflua para presentear, gastamos três ou quatros embalagens para embelezar ainda mais o presente ou apenas para mostrar que aquilo foi comprado na loja tal. Essas embalagens serão jogadas no lixo, em sua grande maioria. Algumas pessoas podem até amenizar e separar como resíduos sólidos para reciclagem na ideia de proteger o meio ambiente. No entanto, essa consciência também deveria ser ativada antes, já que para produzir essas embalagens são necessários muitos recursos naturais e químicos. Além de gerar uma grande quantidade de poluição no

seu processo de fabricação, quando separamos para reciclagem são necessários novos recursos para reciclar, como combustível, água, energia e mais poluição no processo de reciclagem. Em Curitiba (PR), o projeto Lixo Que Não É Lixo, que existe há mais de 20 anos com cooperativas de reciclados, separa apenas 20% dos resíduos sólidos. No Brasil, menos de 10% são reaproveitados. Mesmo que separássemos tudo e reciclássemos estaríamos fazendo pouco para a sustentabilidade. Precisamos urgentemente rever nossos hábitos, evitar comprar tantos supérfluos e, ao comprar, procurar adquirir coisas mais úteis e, principalmente, não utilizar tantas embalagens. É preciso políticas concretas que levem a sociedade a repensar sobre o desperdício. No Brasil, temos uma noção de que devemos taxar ou penalizar a indústria ou quem produz o resíduo, mas enquanto o consumidor não for levado a essa consciência do consumo exacerbado e de compras que destroem o mundo, penas também deveriam ser estudadas. Não teremos sustentabilidade e, sem uma vida mais sustentável os problemas que enfrentaremos serão imprevisíveis. Vale a reflexão.

© Foto: Arquivo pessoal

olhar


A história do seu filho merece cuidado.

Alunos do Colégio Marista Pio XII.

Atual desde sempre. Marista. Desde o início nos dedicamos a uma formação de valores. Ser ético, por exemplo, é algo fundamental ontem, hoje, amanhã e sempre. Nada mais atual do que ser tradicional. Assim pretendemos dar continuidade à formação integral do seu filho. Afinal, os valores que passamos aqui possuem propósitos. O que ele aprende no Marista interfere em sua vida e na sociedade.

Programe-se para o período de rematrículas dos Colégios Maristas.


curiosidade

Comprar

alivia o estresse?

Mito ou verdade? Será que as pessoas fazem compras como uma forma de aliviar o estresse? Por que ele pode ser um incentivador do consumismo? Diante das várias cobranças que recebemos de todos os lados, por vezes criamos mecanismos para aliviar a tensão, como comprar. O problema é que esse alívio imediato pode se tornar mais um motivo estressante.

Sim, comprar alivia mesmo o estresse! Segundo a professora da PUCPR Fernanda Renata Mendonça, também consultora em psicologia organizacional e do trabalho, indo ao shopping ou ao mercado, a pessoa sai do ambiente e da situação que a estressa e distrai a mente com estímulos atrativos.

É nessa frustração que o consumidor compulsivo não se satisfaz com a compra de um objeto (bem ou serviço). Para a consultora, “ele tem um alívio pequeno na tensão, mas esta logo se eleva novamente, pois o estímulo não é percebido como suficiente. Assim, a pessoa volta a comprar um produto mais inovador ou outro produto, pois emerge uma nova necessidade.”

Outra questão que pode se apresentar é o sentimento de culpa que surge após adquirir algo. Isso ocorre porque a pessoa, ao realizar a comprar, sai da situação estressante e passa a analisar os fatos mais racionalmente, identificando que, por vezes, não havia necessidade de adquirir determinando produto/serviço. Além disso, há, ainda, a possibilidade de a pessoa se transformar em um consumidor compulsivo, comprando por impulso e deixando a razão de lado.

Comprar é bom. Quem não gosta de adquirir novidades que atire a primeira pedra! Mas consumir em excesso tem seus aspectos negativos. Quando as compras começam a exceder o orçamento financeiro pessoal, é hora de se monitorar, pois um novo estresse pode ser desenvolvido diante de resultados negativos no saldo bancário.

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O consumismo acaba se tornando uma “válvula de escape” para aliviar o estresse. O que se passa é que, ao consumir, tira-se o foco do problema e da tensão. A energia psíquica é deslocada para objetos de consumo, visando a uma satisfação imediata.

Por Julio Glodzienski

Mas, afinal, o que é estresse? Do inglês stress, o termo significa pressão, influência ou tensão. No dicionário, encontra-se a seguinte definição: “conjunto de reações do organismo a agressões de ordem física, psíquica e outras capazes de perturbar-lhe a homeostase (equilíbrio)”. Suas manifestações variam positiva ou negativamente de pessoa para pessoa.

Mas cuidado! Algumas vezes sua tensão pode não ser totalmente suprida após algumas compras, como afirma a professora Fernanda. Se o desejo continua não satisfeito, o indivíduo volta a consumir ou se frustra.

Busque outras formas de aliviar as tensões causadas pelo dia a dia. Praticar esportes, fazer massagens, ler, manter uma vida organizada e dormir bem são formas que podem melhorar a qualidade de vida. Dessa forma, você não estará sendo um consumista desenfreado, e, sim, consciente de suas necessidades. O planeta agradece!


Encontre a MPB na internet.

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