Em Família | Marista de Londrina

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Jovens 1º Semestre • 2014 | 13ª edição

pesquisadores

incentivo a novos conhecimentos reflete em filhos mais críticos e com uma visão mais ampla

DIA A DIA

Saiba como uma viagem missionária pode contribuir nesse processo de amadurecimento da família.

COMO FAZER

Quando a questão é o uso da internet, os filhos precisam de acompanhamento. Entenda o papel dos pais e como lidar melhor com a situação.


Um amplo conceito de Educação, para alunos, famílias, professores e escolas crescerem juntos.

AMPLIANDO FUTUROS O FTD Sistema de Ensino trabalha para ampliar as perspectivas de futuro para todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem, oferecendo soluções educacionais inovadoras e diferenciadas:

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Ampliando Futuros


Combinação única de bons valores e excelência.

O Grupo Marista conta com milhares de pessoas que, diariamente, vivenciam e disseminam importantes valores humanos e cristãos com o compromisso de promover e defender os direitos das crianças e dos jovens. Faz parte do jeito Marista a busca constante por excelência. Na área da

educação, da escola à universidade, formamos pessoas e trazemos resultados comprovados. Em atividades nas áreas de saúde e comunicação, levamos sempre a melhor qualidade para públicos de diferentes condições e necessidades. Em todas essas áreas, a ação social está presente

BRASÍLIA Colégio Marista de Brasília - Ensino Fundamental SGAS 609 CONJ A - Bairro Asa Sul - Brasília-DF CEP 70200-690 | (61) 3442-9400

Superior Provincial Ir. Joaquim Sperandio Presidente do Grupo Marista Ir. Delcio Afonso Balestrin Superintendente Executivo do Grupo Marista Paulo Serino Diretor da Rede de Colégios Ir. Vanderlei Siqueira dos Santos Diretor de Marketing E COMUNICAÇÃO Stephan Younes

Rua Imaculada Conceição, 1155, Prado Velho Curitiba-PR | Prédio Administrativo PUCPR 8º andar - CEP: 80215-901 | Tel.: (41)3271-6500

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Colégio Marista de Brasília - Ensino Médio SGAS 615 CONJ C - Bairro Asa Sul - Brasília-DF CEP 70200-750 | (61) 3445-6900 Colégio Maristinha Pio XII - Educação Infantil e 1º Ano do Ensino Fundamental SGAS 609, Módulo C - Bairro Asa Sul - Brasília-DF CEP 70200-690 | (61) 3442-9400 SÃO PAULO Colégio Marista de Ribeirão Preto Rua Bernardino de Campos, 550 - Higienopólis Ribeirão Preto-SP - CEP 14015-130 | (16) 3977-1400 Colégio Marista Arquidiocesano Rua Domingos de Moraes, 2565 - Vila Mariana São Paulo-SP - CEP 04035-000 | (11) 5081-8444 Colégio Marista Nossa Senhora da Glória Rua Justo Azambuja, 267 - Cambuci - São Paulo-SP CEP 01518-000 | (11) 3207-5866 PARANÁ Colégio Marista Paranaense Rua Bispo Dom José, 2674 - Seminário - Curitiba-PR (41) 3016-2552 Colégio Marista Santa Maria Rua Prof. Joaquim de M. Barreto, 98 - São Lourenço Curitiba-PR CEP 82200-210 | (41) 3074-2500

13ª Edição | 1º Semestre 2014 Periodicidade Semestral EDIÇÃO Diretoria de Marketing e Comunicação do Grupo Marista Eduardo Correa e Vivian Lemos REDAÇÃO Jornalista responsável: Rulian Maftum / DRT Nº 4646 Supervisão: Maria Fernanda Rocha (Lumen Comunicação) Edição de arte: Julyana Werneck PROJETO GRÁFICO Estúdio Sem Dublê | semduble.com

com iniciativas alinhadas ao posicionamento institucional, mas também atuamos diretamente, por meio de uma ampla rede de solidariedade. Bons valores e excelência. Nossa missão é proporcionar essa combinação única para a construção de um mundo melhor.

Colégio Marista de Cascavel Rua Paraná, 2680 - Centro - Cascavel-PR CEP 85812-011 | (45) 3036-6000 Colégio Marista de Londrina Rua Maringá, 78 - Jardim dos Bancários - Londrina-PR CEP 86060-000 | (43) 3374-3600 Colégio Marista de Maringá Rua São Marcelino Champagnat, 130 - Centro Maringá-PR - CEP 87010-430 | (44) 3220-4224 Colégio Marista Pio XII Rua Rodrigues Alves, 701 - Jardim Carvalho Ponta Grossa-PR - CEP 84015-440 | (42) 3224-0374 SANTA CATARINA Colégio Marista São Francisco Rua Marechal F. Peixoto, 550L - Chapecó- SC CEP 89801-500 | (49) 3322-3332 Colégio Marista de Criciúma Rua Antonio de Lucca, 334 - Criciúma-SC CEP 88811-503 | (48) 3437-9122 Colégio Marista São Luís Rua Mal. Deodoro da Fonseca, 520 - Centro Jaraguá do Sul-SC - CEP 89251-700 | (47) 3371-0313 Colégio Marista Frei Rogério Rua Frei Rogério, 596 - Joaçaba-SC - CEP 89600-000 (49) 3522-1144 GOIÂNIA Colégio Marista de Goiânia Avenida Oitenta e Cinco, 1440 - Santa Marista Goiânia-GO - CEP 74.160-010 | (62) 4009-5875

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Capa Arthur Gabriel Fauth,

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FOTO DE CAPA Gilberto do Rosário

estudante do Colégio Marista Pio XII, de Ponta Grossa (PR), e seu pai Marco Túlio Fauth.

© Todos os direitos reservados. Todas as opiniões são de responsabilidade dos respectivos autores.

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índice

capa

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Saiba de que forma o incentivo dos pais à curiosidade do jovem contribui na formação do conhecimento, estimulando o desenvolvimento de um olhar crítico sobre o mundo.

1ª impressão

dia a dia

entrevista

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Ir. Vanderlei Siqueira, diretorexecutivo da rede Marista de Colégios, traz uma reflexão sobre a curiosidade, fator que contribui para a evolução do mundo, e como ela é despertada em sala de aula.

Uma hora, os filhos criam asas e voam para longe do ninho. Uma viagem missionária pode contribuir para esse processo de amadurecimento dos jovens e dos pais.

essência

solidariedade

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Irmãos Maristas comentam sobre os desafios da educação na contemporaneidade.

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Conheça as histórias da Dona Salete, do menino Geverson, do Seu Benjamin. Cidadãos de uma das localidades que recebeu, no começo deste ano, a Missão Solidária Marista.

índice

como fazer

compartilhar

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diversão

olhar

curiosidade

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Saiba de que forma auxiliar os filhos a encontrar o equilíbrio quando a questão é o uso da internet.

Já sabe o que fazer nas férias? Veja alguns programas para serem feitos em família.

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Democratização de conteúdo educacional em plataforma digital é o assunto da entrevista com Caroline Serqueira, analista educacional do Grupo Marista.

Confira dicas de sites, livros e programas de TV indicadas pelos professores dos Colégios Maristas.

O escritor e psicólogo Marcos Meier lembra que pais também já foram adolescentes e que é preciso relembrar alguns caminhos já percorridos para entender os filhos.

seu colégio

Confira as matérias elaboradas exclusivamente para o seu Colégio.

Você sabe como lidar com os medos dos seus filhos? Entenda mais sobre essa forma de reação e como ajudar crianças e adolescentes.


1ª impressão

A curiosidade nos move os porquês do universo, não teríamos alcançado o desenvolvimento das ciências e suas tecnologias; tampouco gozaríamos das facilidades e do conforto do estágio atual. Se a curiosidade e o encantamento constituírem as condições primordiais do desvelamento e do conhecimento da natureza pelo homem, também vão possibilitar e potenciar a educação do futuro; eis porque devem fazer parte da estratégia educacional. O entendimento de como é factível estimular crianças e jovens para o desenvolvimento da curiosidade constitui resiliente preocupação das famílias Maristas, que escolheram, por meio de votação, o tema pesquisa para ser destaque na nossa revista Em Família deste semestre. Para melhor entender esse tema em um contexto de complexidade, é necessário problematizar o seu significado, pois ultrapassa o senso comum, que o identifica com o simples uso do laboratório ou a realização de determinada experiência investigativa. Seu significado está em como as experiências e as práticas pedagógicas são exploradas pelos sujeitos-mores da educação: alunos e professores. A aprendizagem entendida na perspectiva da pesquisa rompe com uma organização do ambiente de aprendizagem centrada na transmissão de conhecimentos pela figura do professor ou por meio de exercícios repetitivos. Redefinir esse ambiente em comunidade permite às crianças uma participação legítima em práticas de superior aprendizagem, com crescente grau de liberdade para tentar, errar, corrigir e

escolher onde, quando, como e em quem investir sua curiosidade, inteligência e emoção. A pesquisa é facilmente relacionada ao Ensino Superior; no entanto, é prática que pode e deve ser estimulada desde os primeiros anos da vida escolar. As teorias científicas evidenciam que as crianças são cognitivamente competentes, intelectualmente ativas e socialmente comprometidas. O planejamento espaço-temporal com vistas à pesquisa propicia momentos para o fascínio e o despertar da curiosidade, além de corroborar e potenciar o empenho da criança no uso de sua habilidade de investigação. O trabalho realizado em sala de aula também pode ser complementado em casa. Estimular nossas crianças para o desenvolvimento da curiosidade sobre coisas simples, que estão à sua volta, e questões do dia a dia, eis uma boa e proficiente prática. O envolvimento das crianças, desde tenra idade, na discussão bem dosada de problemáticas sociais, políticas e ecológicas, por exemplo, é preciosa oportunidade de educação para um futuro mais sustentável; prepara-as para lidar com situações rotineiras, pensando global e criticamente e agindo local e pessoalmente.

ir. vanderlei Siqueira dos Santos diretor-executivo da Rede Marista de Colégios

© Foto: João Borges

Você já se viu diante de situações em que o excesso de informações ou a ausência delas o deixaram confuso sobre o que fazer? Ao contar sua experiência, a professora Isabel Alarcão argumenta sobre a razão de tal conflito: “Cheguei ao hotel, vinda do aeroporto. Eram duas e meia da tarde. Situado no característico nordeste brasileiro, o hotel era o exemplo bem acabado da globalização. Pela ausência, quase total, de marcas da civilização local, podia situar-se em qualquer parte do mundo”. Servimo-nos do relato para pensar e problematizar a necessária função da escola de educar para a vida, alicerçada no despertar da curiosidade e do encantamento, como estratégias para a leitura de mundo e o desenvolver da Ciência. Não é novidade que a escola moderna, transmissora dos conhecimentos acumulados, também se tornou distante da vida, porque pouco contribui para a interação crítica do ser humano com o mundo. Há inadequação cada vez mais ampla entre os saberes fragmentados e os desafios cada vez mais planetários. De fato, a estreiteza do olhar nos impede de ver o global, bem como o essencial. Além disso, todos os problemas particulares só podem ser enquadrados e pensados corretamente em seus contextos e circunstâncias; o próprio contexto desses problemas, por sua vez, deve enquadrar-se, cada vez mais, no universo planetário, como defende, entre outros, o sociólogo francês dos “problemas da cultura”, Edgar Morin. Por natureza, o ser humano é curioso. Sem essa vontade de querer entender

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© Foto: Michele Bravos

dia a dia

Com as

próprias asas Uma viagem missionária pode ser o ponto de partida para cortar o cordão umbilical com o filho e ainda incentivar o jovem a ter um amadurecimento mais profundo Por Michele Bravos

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Enquanto o filho adolescente Jackson Bortolotti, 17 anos, aluno do Colégio Marista São Francisco, de Chapecó (SC), fazia as malas para embarcar em uma experiência longe de casa por uma semana, a mãe, Neiva Bortolotti, 45 anos, assistia à cena ansiosa e com o coração apertado, mas com a consciência de que é preciso deixar ir. Em janeiro deste ano, Jackson subiu em uma Kombi e foi para Ponte Serrada, no oeste catarinense, para participar, junto com outros 100 jovens, da Missão Solidária Marista 2014. Ouve-se por aí que filho se cria para o mundo. Quando esse clichê bate à porta, os pais são desafiados a balancear seus sentimentos e pensamentos. De um lado, o instinto protetor, envolto por muitas preocupações decorrentes do mundo atual; de outro, um lado mais racional que en-


tende que a saída do filho contribuirá para seu amadurecimento. Ter como ponto de partida uma viagem missionária é um desafio positivo, afinal, além de o filho estar fora do ninho, em uma missão, ele se deparará com situações e pessoas muito diferentes do convívio habitual. Jackson conta que teve a oportunidade de conhecer pessoas com costumes e realidades diferentes. “Conhecemos alguns católicos, outros evangélicos, outros ateus. Ouvimos críticas, reclamações, agradecimentos. Escutamos sobre a falta de médicos treinados, de infraestrutura, de emprego, e a ida dos candidatos políticos aos bairros pobres somente para a compra de votos”. Para Neiva, são justamente essas diferenças que tornam uma saída como essa tão enriquecedora e necessária para os filhos. “O maior desafio dos pais é o entendimento do quanto uma missão vem a agregar positivamente na formação de um jovem. No momento em que o Jackson saiu, temporariamente, de casa para uma viagem missionária, eu, particularmente, fiquei feliz, pois sabia que ele estava na companhia de pessoas especiais, por uma missão”, diz. Na opinião da mãe, é na adolescência, quando o filho está gritando por independência, que esse cenário se faz mais presente. “Não podemos negar que na adolescência há um afastamento natural dos filhos. Eles estão buscando autonomia. Os pais, principalmente as mães, sofrem com essa fase. Para nós, eles ainda precisam e sempre precisarão de proteção e amparo”. Apesar desse sentimento protetor, Neiva acredita que para a construção da identidade, anseio que é muito forte nessa faixa etária, deixar com que o filho voe com suas próprias asas é fundamental. Emocionalmente, a pessoa só cresce quando assume a própria caminhada. “Minha vida mudou drasticamente. Passei a olhá-la de forma

diferente. Estou mais crítico e atento às outras realidades, e não só à minha ou de meus amigos”, conta Jackson. Neiva percebe que a convivência na semana das missões com famílias “estranhas” proporcionou ao filho um amadurecimento imensurável. “A realidade do Jackson, e que acre-

dito ser de outros tantos jovens, é de conforto e vida cômoda, ou seja, roupa lavada, comida pronta e, mesmo assim, às vezes até reclamam de tudo. O desafio de se organizar para ficar responsável pelos seus atos durante esse período o tornou uma pessoa melhor, com certeza”.

Na opinião deles Proporcional à ansiedade dos pais é a expectativa dos filhos. Saiba o que os jovens pensam e sentem diante do desafio de sair de casa para uma viagem missionária. Jackson Bortolotti, 17 anos Colégio Marista São Francisco, de Chapecó (SC) Nos dias que antecederam a Missão Solidária Marista, estive muito ansioso. Até pensei se poderia ser assaltado enquanto andasse pelas ruas de Ponte Serrada. Pensava também na minha mãe. Como ela ficaria sem mim? Finalmente, de malas prontas, pensei: “É agora!”. Já no primeiro dia lá, veio o choque. Não estávamos lá para mudar Ponte Serrada, mas para sermos mudados pela cidade e pelo povo dali. Com a MSM, acordei. Voltei de lá pensando em cuidar mais no resto do mundo, do meu prédio, da Pastoral da Juventude Marista, de alguém que está nas ruas. Letícia Pereira Zancanaro, 16 anos Colégio Marista Frei Rogério, de Joaçaba (SC) Durante as visitas aos bairros vulneráveis, fiquei pensando como aquelas famílias conseguiam viver daquela forma. Vendo as crianças brincarem na sujeira, fiquei inconformada com a prefeitura, que não dava importância. Em compensação, eu via nos olhos delas como estavam felizes com a nossa presença. Por mais que todos falassem da violência nessas comunidades, em momento nenhum eu senti medo. Sair do nosso conforto acende a chama da missão em nós. Sempre que eu me deparar com alguma situação precária, meu instinto missionário irá falar mais alto e eu irei ajudar a melhorá-la. Hercules Vinicius de Moraes, 17 anos Ex-aluno do Centro Social Marista Itapejara, em Itapejara D’Oeste (PR) Eu comecei a trabalhar uma semana antes da Missão Solidária Marista (MSM). Então, fiquei meio sem jeito de perguntar para meu chefe se ele me dispensaria, mas daí eu pensei que trabalho eu terei por muito tempo e a MSM, não. E ela ficará marcada para sempre. Eu participo da PJM há sete anos. Minha família admira o trabalho. Mas a primeira vez que fui para uma viagem missionária, eles ficaram meio indecisos sobre a minha ida. No entanto, quando voltei para casa e mostrei vídeos e fotos, eles ficaram impressionados. Este ano, eles me deixaram ir sem nenhuma preocupação. Uma das experiências que mais me marcou em Ponte Serrada foi ter conhecido uma senhora de 116 anos que estava sendo cuidada por sua filha. Foi marcante para mim ter ouvido que o genro dessa senhora havia pedido para que a filha escolhesse entre ele ou a mãe. A filha optou pela mãe. Vi ali cuidado e amor. Ana Cássia Ribeiro, 16 anos Colégio Marista de Cascavel (PR) Durante essa Missão, foi muito marcante para mim uma visita que fizemos ao bairro Cohab, um lugar bastante vulnerável em Ponte Serrada. Lá, a gente pôde observar a realidade das famílias. Eram pessoas muito simples e com pouquíssimas condições financeiras. Precisamos ter mais empatia pelos outros. Temos que nos colocar no lugar do próximo para perceber do que as pessoas necessitam. Saí de lá com sensação de que desperdiçamos demais. Temos tudo em nossa casa e, ainda assim, muitas vezes não damos a devida importância. Estando perto de realidades como essas, acho que a gente também consegue dar mais valor à vida que temos.

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capa

Curiosidade © Fotos: Gilberto do Rosário

que transforma

O incentivo dos pais à curiosidade e à pesquisa contribui na formação de filhos ativos na construção do próprio conhecimento. Benefício que reflete durante toda a caminhada deles como estudantes e estimula o desenvolvimento de um olhar crítico sobre o mundo Por Julio Glodzienski

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Ser curioso é um processo comum da descoberta e construção da própria identidade. É importante incentivar crianças e jovens a essa curiosidade, pois com ela surge um potencial de construção do conhecimento que pode, e deve, ser explorado. Falar em incentivo à pesquisa é, a princípio, apoiar o desenvolvimento do instinto curioso dos filhos. Na família Fauth,, a curiosidade faz parte do dia a dia. Arthur Gabriel Fauth, estudante do 2º ano do Ensino Médio no Colégio Marista Pio XII, de Ponta Grossa (PR), é interessado em novas tecnologias, hábitos e culturas. “Já participei de campeonatos de robótica e do Projeto Grupo de Pesquisa Avançada (GPA), uma oportunidade em que você se confronta com realidades diversas e, depois de um tempo, você enxerga as coisas de uma maneira diferente”, completa. Conta o pai, o bancário Marco Túlio Fauth, que ele próprio também gosta de robótica e, juntos, procuram peças, informações sobre protótipos, para colocar em prática as ideias de Arthur. “Em uma viagem ao exterior, toda a família se engajou na busca e depois na negociação de um artigo para o protótipo”. Na opinião de Arthur, a pesqui-

desenvolve-se a habilidade de trabalhar em grupo, e os estudantes percebem que suas teorias são temporárias, porque estão em constante processo de negociação e de reflexão. Claudia Kochhann de Lima, Coordenadora psicopedagógica do Colégio Marista Criciúma (SC)

sa é também um meio pelo qual se estreitam laços de relacionamento. A potencialização do instinto curioso dos filhos está muito atrelada ao estímulo à pesquisa, o que também contribui e reflete em toda a caminhada deles como estudantes. Arthur confirma: “Ter curiosidade em pesquisar faz com que eu tenha mais facilidade nos meus estudos”. A pesquisa deve ser levada como um princípio do trajeto educativo, em que ocorre a produção dos saberes por meio de participação ativa e reflexiva. A assessora de área de Ciências da Natureza da Província Marista Rio Grande do Sul (PMRS), Porto Alegre (RS), Lisandra Catalan do Amaral, aponta que pesquisar – de assuntos mais corriqueiros a temáticas complexas – estimula a curiosidade, a autonomia e o desenvolvimento de atividades relacionadas com os objetos que estão sendo estudados. É também o que defende a coordenadora psicopedagógica da Educação Infantil e Ensino Fundamental I, Claudia Kochhann de Lima, do Colégio Marista de Criciúma (SC). “Pesquisar demanda capacidade de análise crítica dos problemas do mundo, formulação de perguntas e proposição de respostas, em um processo problematizador sempre passível de confirmação, revisão, modificação e reconstrução”, reforça. Arthur, além de se interessar por assuntos relacionados à tecnologia, também gosta de pesquisar sobre a árvore genealógica da família. O

pai se orgulha do fato: “Foi graças a esse espírito curioso do Arthur que a gente descobriu o registro de um antepassado nosso em um cartório lá na Itália”. Lisandra reforça que o gosto pela pesquisa pode começar pelas percepções intuitivas de cada um até chegar a níveis mais complexos de questionamentos. A exemplo da família Fauth, uma busca pela história dos antepassados pode ser uma boa forma de estimular a curiosidade e a pesquisa, além de integrar pais e filhos. Lisandra ainda complementa que é dessa intuição que decorrem inúmeras vantagens, como a possibilidade de resolução de problemas; o desenvolvimento de habilidades, potencialidades, pensamento lógico e raciocínio. Os filhos, ao serem incentivados a realizar pesquisas a partir de suas curiosidades, ganham um diferencial para toda a vida. O diretor geral do Colégio Marista de Brasília de Ensino Médio (DF), José Leão da Cunha Filho, observa que estimular é fundamental para a construção da cidadania em tempos de globalização, gerando “um olhar crítico sobre o mundo, uma autonomia intelectual, criticidade e espírito de inovação”. Ao se tornarem protagonistas do próprio conhecimento, “desenvolve-se a habilidade de trabalhar em grupo, e os estudantes percebem que suas teorias são temporárias, porque estão em constante processo de negociação e de reflexão”, completa Claudia.

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capa viSando o FUTUro O bancário Fauth vê nesse incentivo à pesquisa agora uma boa forma de inserção no mercado de trabalho amanhã. Por isso, ele defende a importância do apoio familiar. “O acompanhamento dos pais é fundamental, pois contribui na solidificação do conhecimento. Então, buscamos incentivar a curiosidade do Arthur e que ele corra atrás das respostas”. O diretor Cunha define que, “os pais devem estar presentes de duas maneiras: sendo exemplo de olhar científico sobre as coisas e escolhendo escolas que favoreçam a formação do espírito científico”. Para o pai de Arthur, na prática, o incentivo acontece com o estímulo a novas leituras, no interesse dos pais em saber o que os filhos estão aprendendo, de modo a incentivá-los a aprimorar seus conhecimentos. A coordenadora Cláudia completa, ao descrever o ambiente ideal de incentivo. "Deve-se criar um espaço de diálogo, de escuta na família, deve haver a busca em valorizar os questionamentos e reflexões dos filhos”, define. “Por meio das pesquisas, o jovem se sente valorizado, pois é um agente indutor dos estudos, e que contribui de forma expressiva para seu crescimento e amadurecimento”, explica Fauth.

© Foto: Acervo pessoal

LiÇÃo de CaSa Sabendo que é na prática que o jovem vai descobrir que aprender é prazeroso, a estudante Isadora Arlaque Flores,, do 4º ano do Colégio Marista Assunção, de Porto Alegre (RS), é orientada pelos pais para que descubra respostas lendo e pesquisando em diferentes materiais. É a proposta da professora Simone Arlaque Flores, mãe da Isadora: “Aqui em casa, o que a Escola solicita é prioridade, sempre acompanhamos e participamos das tarefas de casa e dos eventos no Colégio. O processo da pesquisa é muito

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FaMÍLia da CiÊnCia interessante. Mesmo que tenha sido uma solicitação do professor, a busca das respostas gera descobertas importantes”, aponta. Isadora é apaixonada pelo desconhecido e por isso virou pesquisadora, a partir do incentivo dos pais e da Escola. “É muito importante, a criança aprende muito e vai levar o conhecimento para a vida toda. Tudo o que pesquisamos e aprendemos com as nossas descobertas é inesquecível”, aponta a pequena curiosa, que vê a pesquisa como uma forma de desenvolvimento escolar. E foi a partir de uma dinâmica em grupo que surgiu o projeto de pesquisa de Isadora. “Eu, Felipe Moscon Salvo, Lucca Do Conto Almada, Octávio Kliar Araújo da Silva e Sérgio Eduardo dos Santos Becker éramos a equipe, e foi daí que saiu a pergunta: 'Professora, como o coração bate?'”, diz a estudante. Foi então que deram início às pesquisas para entender o funcionamento do órgão. A equipe de pequenos pesquisadores conquistou o destaque no Salão de Iniciação Científica da UFRGS, em 2013. “Após essa conquista, vi o quanto é bom ser pesquisador, com o trabalho e as descobertas que fizemos. Ver o reconhecimento das pessoas que aprenderam conosco é um grande incentivo”, completa Isadora.

É sendo valorizado e incentivado que Gabriel Philippini Ferreira Borges da Silva, de 14 anos, estudante do 9º ano do Colégio Marista Pio XII, de Ponta Grossa (PR), sabe a importância de ser pesquisador desde cedo. O apoio dos pais é fundamental, por isso Jeremias Borges da Silva, professor de Física na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), pai do Gabriel, dá todo o suporte. “Não é só observar a qualidade do ensino que a escola proporciona, mas também incentivar, apoiar e educar para que ele tenha compromisso e responsabilidade para com sua formação”, explica o professor. No caso da família Silva, o exemplo extrapola a teoria e Gabriel coloca a mão na massa atuando, por exemplo, como organizador de duas feiras de ciências regionais, tendo contribuição na avaliação do uso do método científico pelos estudantes no evento. Além disso, já participou da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica, organizada pela Sociedade Astronômica Brasileira, o que lhe rendeu uma medalha de ouro pelo bom desempenho na avaliação de inscrição do evento, em 2013. Saber pesquisar é explorar novos campos e obter conhecimentos diferenciados: “Por meio das pesquisas, independentemente da facilidade que eu tenha em determinada área, sempre vou aprender algo a mais”, explica Gabriel. Por isso, Silva faz com que o filho se sinta à vontade em pesquisar, incentivando, mas sem pressão: “Procuro sempre destacar a importância da ciência para a evolução do ser humano. Acredito que conhecer a ciência e seus modos de evoluir dará a ele uma probabilidade maior de realização profissional”, completa o pesquisador.

SaLa de aULa: aMBienTe de


inveSTiGaÇÃo

O especialista em Metodologia, Jorge Santos Martins, em seu livro o Trabalho com projetos de pesquisa: do ensino fundamental ao ensino médio, define pesquisa como “um instrumento pedagógico destinado a melhorar a qualidade da aprendizagem [...], a romper a monotonia do enfadonho blábláblá diário e a tornar a sala de aula um espaço dinâmico, no qual os alunos sejam participantes ativos da sua própria formação” (2005, p. 75).

veJa aLGUnS ProJeToS de inCenTivo À PeSQUiSa ProMovidoS PeLoS CoLéGioS MariSTaS:

nhecer e de se relacionar”. Dar condições ao professor para trabalhar é imprescindível, como explica o diretor Cunha. “Sabemos que é fundamental investir na formação para a pesquisa no ensino, por isso oferecemos a eles condições de trabalho adequadas a essa prática”. A estudante Isadora defende o papel da escola. “É importante que a escola tenha todos os materiais para que as crianças aprendam e façam cada vez mais pesquisas, como salas de informática equipadas, laboratórios de ciências e uma biblioteca com livros atualizados”. © Foto: Tamíris Domingos

Para que a criança ou o adolescente pegue gosto pelo pesquisar e aprender, é preciso que o benefício seja significativo, com orientação de professores com escutas apuradas e atentas. "Ao assumir a pesquisa na escola, assume-se um perfil de estudante diferenciado que observa, pensa, elabora conceitos e estabelece comparações", explica Lisandra. A escola é o local no qual a pesquisa se consolida como oportunidade para a produção dos saberes. “Ela é fundamental para incentivar, promover e assumir uma proposta pedagógica que contemple a pesquisa. Muitas vezes, é o único espaço onde o estudante tem a oportunidade de experimentar”, conta Lisandra. Ela também defende que é missão do professor ser incentivador. “Cabe ao professor desencadear ações problematizadoras, incentivando o conflito cognitivo para, assim, ocorrer a argumentação, a interpretação, até a resolução do problema". No fazer pedagógico Marista, os estudantes são estimulados a realizar pesquisas, como aponta a coordenadora psicopedagógica Cláudia. “São criados ambientes de aprendizagem nos quais o aluno possa se expressar em diversas linguagens e, para estimular a pesquisa, é preciso construir um espaço de diversidade favorável aos modos de pensar, de ser, de co-

é importante que a escola tenha todos os materiais para que as crianças aprendam e façam cada vez mais pesquisas, como salas de informática equipadas, laboratórios de ciências e uma biblioteca com livros atualizados. Isadora Arlaque Flores, 4º ano, no Colégio Marista Assunção – Porto Alegre (RS)

Alunos do Colégio Marista de Criciúma (SC) presenciando resultados de pesquisa.

O desenvolvimento de ações didáticas possibilita o contato e a vivência das crianças com situações que ampliam seus conhecimentos sobre determinados temas que as rodeiam no dia a dia. Faz parte de projetos com esse objetivo, por exemplo, o projeto Como nasce o pinto?, desenvolvido com os alunos da Educação Infantil do Colégio Marista de Criciúma (SC). O objetivo era responder ao questionamento que surgiu em sala de aula, em um momento de contação de histórias. Foi quando as professoras identificaram a curiosidade, levantaram com as crianças as hipóteses de resposta ao questionamento e, então, acompanharam o processo do ovo em laboratório, trabalhando com histórias, viagens de estudos e várias outras ações. Depois de concluída a pesquisa, além de os alunos descobrirem como se desenvolve e nasce um pintinho, ainda organizaram uma exposição para toda a comunidade escolar.

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capa

acredito que conhecer a ciência e seus modos de evoluir dará a ele uma probabilidade maior de realização profissional.

© Foto: João Borges

Jeremias Borges da Silva, professor de Física na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), pai de Gabriel Philippini Ferreira Borges da Silva, estudante do 9º ano do Colégio Marista Pio XII, de Ponta Grossa (PR)

Com o objetivo de estimular o interesse pela pesquisa, incentivando os jovens a desenvolver projetos com o uso de métodos científicos e oferecer a possibilidade de integração com colegas de outras instituições de ensino, de modo a ampliar suas relações e sua visão, o Colégio Marista Pio XII, de Novo Hamburgo (RS), criou a PioTeC – Mostra de Projetos de Tecnologia e Ciências. A partir do projeto, os estudantes têm a oportunidade de se familiarizar com os processos investigativos por meio de categorias de pesquisa como Ciência da Computação, Matemática, Física, Ciências Especiais e Terrestres, Engenharia, Mecânica, Medicina, Meio Ambiente e reciclagem. E é sabendo da importância para a formação das crianças e dos jovens que o projeto é voltado para a difusão e a promoção da investigação e da pesquisa científica em todos os níveis de ensino.

Alunos do Colégio Marista de Brasília de Ensino Médio (DF) em debate promovido pelo Programa Maristão Faz Ciência.

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Participação dos estudantes do Colégio Marista Pio XII (RS) na PioTeC – Mostra de Projetos de Tecnologia e Ciências.

© Foto: Acervo Colégio Marista Pio XII (RS)

Fazer iniciação científica ainda na escola é preparar os estudantes para o Ensino Superior e para o aproveitamento de programas governamentais de estímulo à pesquisa e inovação. Por isso, o Programa Maristão Faz Ciência, do Colégio Marista de Brasília de Ensino Médio (DF), tem como objetivos fortalecer o ideal de formação de pesquisadores, estimular e produzir trabalhos científicos compatíveis com as possibilidades de estudantes do Ensino Médio, por exemplo. O incentivo acontece no âmbito de uma linha de pesquisa ou de um observatório, como também nas variadas interfaces, dependendo do objeto da curiosidade dos alunos. Entre os 143 estudantes envolvidos, desde quando o projeto foi criado em 2011, surgiram 28 produções acadêmicas e dez publicações, mostrando o resultado do projeto de incentivo que pretende ampliar o interesse pela pesquisa em consonância com o Projeto Educativo Marista, que enfatiza a pesquisa como um dos pilares de sua proposta pedagógica.


Quando um aluno levou uma bola para a sala de aula, começaram a surgir vários questionamentos sobre sua cor, sua forma, de que material era feita, entre outros. Durante as pesquisas, os alunos mostraram o interesse pela Copa do Mundo. Foi quando deram início ao projeto A Copa do Mundo é Nossa, e uma investigação, com a interação dos pais, começou no Colégio Marista Pio XII, em Ponta Grossa (PR). Para enriquecer a pesquisa, os alunos trouxeram bandeiras, reportagens, fotos, chuteiras, uniformes da seleção, mapas e objetos de torcida. A sala de aula já não conseguia conter tanta informação e vontade de descobrir mais. Os alunos realizaram uma experiência na qual visitaram o estádio da cidade, Germano Kruger, e pôde-se perceber o quanto o projeto foi significativo, pois os pequenos demonstraram muita curiosidade durante o processo. A pesquisa proporcionou aos alunos a oportunidade de serem protagonistas da construção de novos conhecimentos.

© Foto: Acervo Colégio Marista Assunção (RS)

Alunos do Colégio Marista Assunção, de Porto Alegre (RS), são estimulados a desenvolver pesquisas científicas.

© Foto: Gilberto do Rosário

Com o objetivo de trabalhar com a construção do conhecimento a partir do questionamento, da argumentação, do aprofundamento de informações e da coleta de dados, os alunos do Colégio Marista Assunção, de Porto Alegre (RS), participaram de um projeto de iniciação científica. Os estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio foram divididos em grupos e escolheram as linhas de pesquisa para realizarem o trabalho. Ética, consumo, diversidade, qualidade de vida e movimentos sociais foram algumas das temáticas propostas. Além de três encontros de orientação e dos plantões de dúvidas ao longo do 1º e do 2º trimestres, os grupos participaram da banca de defesa do projeto e da Mostra de Iniciação Científica. Encerrando o projeto, no 3º trimestre, os jovens elaborarão o relatório final. Os estudantes ainda terão a possibilidade de apresentar suas pesquisas em universidades como PUCRS e UFRGS. Um dos diferenciais da iniciativa é que cada grupo tem um professor orientador que acompanha o trabalho ao longo do ano. A iniciativa não se restringe à área das ciências da natureza, mas se destaca provocando reflexões atuais e ampliando os conhecimentos adquiridos em sala de aula.

Alunos do Colégio Marista Pio XII, de Ponta Grossa (PR), recebem visita dos jogadores do time da cidade.

Por meio das pesquisas, o jovem se sente valorizado, pois é um agente indutor dos estudos, e que contribui de forma expressiva para seu crescimento e amadurecimento. Marco Túlio Fauth, bancário, pai de Arthur Gabriel Fauth, estudante do 2º ano do Ensino Médio no Colégio Marista Pio XII, de Ponta Grossa (PR).

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© Fotos: Gilberto do Rosário

entrevista

Revolução do ensino Com nova plataforma, alunos, pais e professores da Rede de Colégios Maristas ganham uma nova possibilidade de democratizar os mais variados conteúdos e levar os debates para fora da sala de aula com a ajuda da internet Por Mahani Siqueira

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Não é segredo para ninguém que os livros digitais – que podem ser lidos em smartphones, tablets e computadores – são uma tendência irreversível do mercado editorial e ganham cada vez mais adeptos. As páginas em papel continuam insubstituíveis para muitos leitores, mas a tecnologia é uma aliada da leitura que não pode ser ignorada e que, se bem aproveitada, pode ser fundamental para incen-

O que é exatamente o iTunes U?

Para quem a plataforma está disponível?

tivar o hábito de ler e (por que não?) auxiliar estudantes de todo o mundo. Ciente da revolução digital dos livros, a Rede de Colégios do Grupo Marista colocou em prática um projeto que já é usado em algumas das maiores universidades do mundo. O iTunes U, plataforma virtual criada pela Apple, disponibiliza na internet uma variedade imensa de conteúdos didáticos e oferece uma experiência

Trata-se de uma plataforma criada pela Apple que disponibiliza recursos de aprendizagem e é utilizada pelas maiores instituições de ensino do mundo, como as universidades de Harvard, Yale e Stanford, nos Estados Unidos, e Oxford, na Inglaterra. As instituições distribuem conteúdo digital em seus canais gratuitamente. São palestras, vídeos, cursos, artigos, entre outros. A Apple apoiou o processo de implementação em todos os momentos, esclarecendo dúvidas sobre a plataforma.

O iTunes é um aplicativo que pode ser baixado gratuitamente, em equipamentos com sistema operacional iOS ou Windows. Qualquer pessoa que acesse o iTunes pode ir até o canal “Colégios Maristas” e baixar todos os materiais disponíveis. O canal exclusivo dos Colégios do Grupo Marista oferece conteúdo de qualidade para uso não só dos nossos alunos, mas de todos. Estão disponíveis cursos completos com e-books, vídeo-aulas, podcasts, artigos inéditos e aplicativos desenvolvidos para auxiliar a aprendizagem.

sem precedentes na democratização de informação para alunos, pais e educadores. Em entrevista para a revista Em Família Marista, a analista educacional do Grupo Marista, Caroline Costa Serqueira, uma das responsáveis pela implantação do projeto, falou sobre o funcionamento do iTunes U e todos os benefícios que a iniciativa vai garantir aos envolvidos.

Quais os principais benefícios que alunos terão com o acesso ao iTunes U?

Qualquer canal que disponibilize conteúdo aberto é uma vantagem para todos nós. O iTunes reúne instituições de ensino do mundo todo que validam os materiais publicados, isso é, o canal passa a ser uma fonte segura de acesso à informação.

Como é o processo de elaboração dos materiais?

A partir da experiência com os livros de história, em que uma equipe trabalhou para construir os primeiros materiais, passamos a ter diversas experiências com livros digitais na rede de Colégios, sendo que cada unidade conduz o trabalho do seu jeito: o que melhor se adequa à sua realidade e principalmente às suas necessidades. Os livros estão partindo das necessidades de cada Colégio, que acabam encontrando uma nova forma de produzir seu próprio material.

O canal exclusivo dos Colégios do Grupo Marista oferece conteúdo de qualidade para uso não só dos nossos alunos, mas de todos.

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entrevista Os professores tiveram formação para a aplicação desses livros em sala de aula?

Estamos em um momento de descobertas e não vemos nos livros digitais uma solução ou sobreposição de práticas. Isso tem que acontecer naturalmente e precisa fazer sentido nos contextos, contribuindo para que os alunos aprendam cada vez mais e com mais significados. Não existe fórmula para que isso aconteça. Os professores procuram por formações e informações e essa escuta é a mais valiosa, pois a partir dela nasceram as experiências que estamos vivenciando. As formações acontecem de acordo com as necessidades.

Os professores procuram por formações e informações e essa escuta é a mais valiosa, pois a partir dela nasceram as experiências que estamos vivenciando.

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Quais foram os conteúdos mais acessados e bemsucedidos desde o início da utilização da plataforma?

Os primeiros livros, de História, idealizados por professores do Colégio Marista Arquidiocesano, certamente são os que tiveram mais visibilidade. Esse material teve mais de 22 mil downloads em menos de um ano, sendo 80% de usuários do Brasil e os outros 20% em outros países, como EUA, Espanha, Portugal, França e Alemanha Temos também releituras criadas pelos próprios alunos, histórias criadas por professores, reunião de materiais sobre algum tema específico, que não consta em materiais didáticos. As experiências estão acontecendo em todas as esferas.

Qual a importância desse tipo de projeto para o aprendizado dos alunos?

Em tempos em que as tecnologias nos trazem dúvidas e desafios impostos diariamente devido à sua rápida e constante evolução, sua apropriação nas escolas e por seus sujeitos passa a ter importância quando forem compreendidas como meios para um fazer pedagógico que problematiza, intervém, acompanha e contribui para mudanças, qualificando a formação integral.


índice

POR erika GonÇaLveS

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Projeto propõe que alunos leiam de forma mais crítica e percebam os significados do texto além do óbvio.

destaque

com a palavra

ed. infantil

ens. fundamental

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Conheça a forma criativa com que as crianças estão sendo apresentadas ao universo da pesquisa científica.

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Lago Igapó se torna objeto de pesquisa para os alunos do Ensino Fundamental.

ens. médio

diz aí

caleidoscópio

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O que pensa a DiretoriaGeral.

Saiba como prática e teoria caminham juntas para incentivar jovens a conhecer mais do mundo da ciência.

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Pais e filhos dividem o mesmo espaço nas redes sociais. Saiba o que seu filho pensa sobre isso.

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você sabia?

gente nossa

ser melhor

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Professores também são preparados espiritualmente para o ano letivo.

Professor Nilson Castilho conta sobre sua trajetória profissional e sua ligação com o mundo Marista.

Relembre os principais acontecimentos do Colégio.

Conheça algumas ações da Pastoral.


com a palavra

Dcrescimento isposição para o

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Os professores continuarão investindo numa linha de busca e pesquisa por parte de todos os alunos, exigindo comprometimento e envolvimento num processo de descoberta, partilha de informações, análise, estudo, discernimento e tomada de decisão. O desafio é formar o educando para torná-lo cada vez mais capaz de ler, compreender, refletir e intervir no mundo em que vive.

Que ao findar deste ano letivo possamos colher os frutos de nosso esforço e envolvimento. Que os valores Maristas sejam a base das nossas relações reais ou virtuais e produzam um clima que traduza muita alegria, paz e solidariedade. Contemos com a intercessão de São Marcelino Champagnat e as bênçãos de Maria, nossa Boa Mãe.

O desafio é formar o educando para torná-lo cada vez mais capaz de ler, compreender, refletir e intervir no mundo em que vive.

Colégio Marista Londrina

acádio João Heck Diretor-Geral

© Foto: Ana Jamur

O ano de 2014 iniciou com uma agenda incrível, cuja programação se estenderá por todo o ano, implicando o envolvimento de toda a comunidade educativa e da sociedade brasileira. O carnaval, mais tardio, propiciou um momento para a recuperação das energias gastas nos primeiros dias de aula. A adaptação ao Colégio, novos colegas e professores sempre é uma oportunidade de crescimento. Uma série de ambientes foi revitalizada ao longo do período de férias, visando um melhor atendimento a toda a comunidade educativa. O tempo exíguo não permite realizar tudo o que é necessário. Por essa razão, algumas melhorias, dentro de uma linha de viabilidade e possibilidades, serão realizadas no transcorrer do ano letivo. O projeto Mobilidade tem o intuito de favorecer o acesso à internet em todos os ambientes do Colégio, ressalvadas, é claro, algumas restrições. Estas nem sempre serão compreendidas como positivas, mas fazem parte de um processo de formação para o uso de uma internet segura e responsável. Ainda temos muito por aprender nessa área! A Copa do Mundo e a campanha eleitoral vão absorver parte de nossa atenção. O evento da Copa talvez contagie mais do que as eleições, mas os efeitos de ambos afetarão a sociedade brasileira, positiva ou negativamente – qual é o meu olhar sobre ambos e quais são as minhas expectativas?


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© Fotos: Arquivo do Colégio

© Fotos: Acervo do Colégio

ed. infantil

Pesquisando para conhecer Buscando fontes diversas e levantando hipóteses, alunos da Educação Infantil descobrem por que o girassol acompanha o astro rei

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Aproveitar os questionamentos para desenvolver atividades é uma boa maneira de promover conhecimentos. Quando se trabalha com crianças pequenas, isso se torna mais interessante e prazeroso. A simples escolha de um nome de turma pode levar a questionamentos maiores. Com a turma do Infantil 5 foi assim. Tendo que escolher entre “Turma da Alegria” e “Turma do Girassol”, entre outros, a segunda opção perdeu por apenas dois votos, mas despertou a curiosidade das crianças sobre o tema. Entre tantas observações sobre a cor e as necessidades da planta, os pequenos começaram a questionar o que faz o girassol “girar”. Seriam minhocas sob a terra? Ou é o sol que acompanha o girassol? Cristina Nogueira de Mendonça, coordenadora da Educação Infantil, conta que, então, foi hora de testar as hipóteses. As crianças tiraram o girassol de dentro do vaso, colocaram as minhocas, misturaram na terra e recolocaram a planta, esperando algum movimento, que não ocorreu.

Colégio Marista Londrina

Então foi a vez de tentar a segunda hipótese, de que é o sol que mexe de acordo com a posição da flor. O vaso foi cuidadosamente colocado no pátio e foi feita uma marcação de onde o sol estava. Mas ele se mexeu, mesmo com a flor “parada”. A partir disso, foi discutido o que fazer para descobrir a resposta e as crianças sugeriram, entre outras coisas, pesquisas em livros e na internet e, também, fazer uma plantação de girassóis. Os alunos foram divididos em grupos, ficando cada um responsável por uma atividade. “É fundamental que a criança pequena tenha possibilidade de expor ideias próprias, escutar as dos outros, inferir hipóteses, formular e comunicar procedimentos de resolução de problemas, confrontar, argumentar e procurar validar seu ponto de vista, antecipar resultados de experiências não realizadas, aceitar erros e buscar dados que faltam para resolver problemas”, afirma Cristina.


Durante as tarefas, os alunos acabaram descobrindo várias coisas sobre o girassol, como músicas, poesias e obras de arte sobre a flor. Depois das pesquisas, os alunos confeccionaram cartazes com imagens de girassóis, fizeram desenhos e até reproduziram, com diversas técnicas, o quadro “Girassóis”, do pintor holandês Vincent Van Gogh. Para desvendar o segredo do movimento do girassol, a bióloga Carolina Santos foi convidada a conversar com os alunos e explicou sobre todo o processo. Cada aluno também ganhou um vaso e sementes para plantar e acompanhar o crescimento da planta. Foi feita até uma lista de palpites sobre o tempo que a planta levaria para florescer e, no calendário, foi sendo marcado, diariamente, o crescimento da flor.

Dessa maneira, o projeto de pesquisa trabalhou de forma multidisciplinar, envolvendo Ciências, Artes, Português e Matemática. Como resultado, os alunos decidiram produzir uma peça teatral e também recitar poesias em uma apresentação especial para as famílias. “A pedagogia de projetos coloca-se como uma das expressões da concepção ‘aprendizagem em rede’ do conhecimento escolar, pois permite às crianças analisar os problemas, as situações e os acontecimentos dentro de um contexto e em sua globalidade, utilizando, para isso, os conhecimentos socialmente construídos e sua experiência sociocultural. Tornar possível uma aprendizagem significativa, isto é, que conecte e parta do que as crianças já sabem, de suas hipóteses ante a temática que vai ser abordada, e dar funcionalidade ao que vai ser aprendido são alguns dos pressupostos que fundamentam a prática com projetos”, explica Cristina. De acordo com ela, as situações propostas nos projetos estimulam as crianças a se aproximarem de um contexto de aprendizagem em que elas aprendam a prática fazendo, errando, acertando, problematizando, levantando hipóteses, investigando, refletindo, pesquisando, construindo, discutindo e intervindo. “A abordagem de projeto favorece a aprendizagem em vários aspectos. As crianças constroem saberes porque assimilam e mobilizam novas informações sobre objetos e pessoas. Novos conceitos, novos significados ampliam seus horizontes culturais e sociais. Elas criam novas competências sociais de funcionamento em grupo e em democracia; aprendem a cooperar, a negociar, a trabalhar em equipe e a descobrir novas formas de liderança. Além disso, estimulam as potencialidades do seu valor pessoal, passam a se afirmar positiva e assertivamente e aprendem competências ligadas ao manuseamento de instrumentos científicos de observação e coleta de dados”, finaliza.

A abordagem de projeto favorece a aprendizagem em vários aspectos. As crianças constroem saberes porque assimilam e mobilizam novas informações sobre objetos e pessoas.

Colégio Marista Londrina

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ens. fundamental

Vivenciando

Pesquisas e práticas interdisciplinares reforçam conceitos e aprendizagem

© Fotos: Arquivo do Colégio

conhecimento

Conhecer a realidade em torno de si, levantar hipóteses, pesquisar e formar seus próprios conceitos em diferentes aspectos através de descobertas e observações. Assim são as pesquisas de campo dos projetos interdisciplinares no Ensino Fundamental. Uma dessas pesquisas foi realizada no famoso cartão postal de Londrina, o lago Igapó, que enfrenta diversos problemas decorrentes da ocupação de seu entorno, assim

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como a falta de responsabilidade das pessoas em descartar resíduos corretamente. Para conhecer a fundo essa questão, os alunos do 6º ano têm participado, desde 2011, de um projeto envolvendo as disciplinas de Ciências, Português e Geografia. O objetivo, segundo os docentes envolvidos no projeto, foi identificar questões ambientais na região do lago Igapó a partir de conhecimentos prévios dos alunos e de pesquisa em textos informativos, científicos,

Colégio Marista Londrina

análise de mapas e imagens, a fim de ampliar repertório argumentativo, para que os estudantes pudessem desenvolver o senso crítico e interferir na realidade de maneira consciente. Durante o trabalho de pesquisa, primeiramente, os alunos identificaram a região através de imagens de satélite e fotos da área a ser estudada. Depois, alunos e professores discutiram as experiências vivenciadas nessa área e foram estimulados


a levantar questionamentos sobre os elementos que compõem a paisagem e sua conservação, relacionando a discussão aos conteúdos do livro didático. André Oliveira, professor de Geografia, conta que, após essas etapas, os alunos fizeram um levantamento e refletiram sobre os problemas ambientais na região em que moram. Um acontecimento que marcou toda a cidade, o transbordamento do lago Igapó durante fortes chuvas em outubro de 2011, também foi discutido em sala de aula e pesquisado nos meios de comunicação locais. “Os alunos foram estimulados a levantar hipóteses a respeito das questões ambientais pesquisadas, identificando causas e consequências e fazendo as possíveis relações com os conteúdos estudados em Geografia e Ciências”, diz o professor. Para estimular a pesquisa e tornar a atividade mais interessante, Oliveira explica que os alunos foram levados até o lago Igapó para verificar, no próprio local, o que já havia sido discutido em sala de aula. Além de observarem, toda a atividade foi anotada e as situações que mais mereciam destaque foram fotografadas, como os vários pontos de poluição ambiental. Oliveira destaca que ver os alunos relacionarem teoria à prática durante a atividade de campo é muito gratificante. “Muitos deles comentaram que nunca tinham percebido a pouca profundidade do lago Igapó e, agora, além de perceberem, entendem que isso é reflexo do assoreamento e são capazes de levantar hipóteses sobre as causas e consequências desse processo", exemplifica. Como exercício final, os alunos foram incentivados a escrever textos opinativos, apresentando, inclusive, soluções para os problemas encontrados. Fabiane Scudeler, professora de Língua Portuguesa dos 6° e 7º anos, destaca, depois desse trabalho inter-

disciplinar em 2012 com a turma do 6º ano, que os alunos adquiriram maior facilidade em desenvolver argumentos. "No ano seguinte, já no 7° ano, durante as aulas de produção de texto, foram produzidas cartas do leitor de diversos assuntos atuais, entre eles os problemas encontrados em nossa cidade, como o lixo que entope os bueiros nas ruas e a poluição do nosso

cartão postal, o lago Igapó. As cartas foram enviadas aos dois principais jornais de Londrina e muitas foram publicadas. Percebi que eles conseguiram relacionar os conceitos vistos em Ciências e Geografia ao que foi observado na atividade de campo e, assim, desenvolveram argumentos com propriedade ao colocarem isso no papel", afirma.

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ens. médio

O fazer científico © Fotos: João Borges

Por Márcia Chiréia

Formar um indivíduo capaz de atuar e transformar a sociedade não é tarefa fácil. Ao contrário, é uma missão que exige da escola muito mais que ser mera transmissora de conteúdos. Isso significa que é necessário investir em práticas que aproximem o que é ensinado do que é vivenciado. Nesse contexto, ciência deve ser entendida como uma prática, não apenas como uma teoria. Sendo assim, o fazer científico deve promover a investigação, utilizando-se de diferentes instrumentos e linguagens, não podendo, portanto, restringir-se apenas à explicitação. É importante que o aluno seja inserido no universo da cultura científica. Portanto, a escola deve promover esse tipo de alfabetização, que passou a ser fortemente incentivada após a Segunda Guerra Mundial, sobretudo nos EUA, que sentiram a necessidade de desenvolver suas tecnologias. Para isso, passaram a investir em aulas práticas de ciências nas escolas, valorizando, inclusive, aulas de laboratórios. O que se objetivava era formar cidadãos capazes de pensar e agir. Obviamente, para o fazer científico, o uso do laboratório é indispensável, já que este é um espaço que amplia o desenvolvimento da aprendizagem de conceitos, procedimentos e atitudes de um cientista, tornando a aprendizagem mais significativa. É nos laboratórios que os estudantes têm um contato mais direto com fenômenos biológicos, químicos e físicos, observando organismos microscópicos e macroscópicos, podendo vivenciar todas

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Colégio Marista Londrina

as etapas do método científico (observação – experimentação – análise – reflexão – conclusão). Um ensino que visa a investigação e a alfabetização científicas deve levar os estudantes a construir conceitos, participando desse processo, dando-lhes oportunidade de aprender, argumentar, levantar hipóteses, refletir e concluir, em vez de fornecer-lhes respostas definitivas, que apenas transmitem uma visão unilateral das ciências. Sabendo disso, o Colégio Marista de Londrina investe em práticas pedagógicas que colocam o aluno diante de desafios, transformando diferentes espaços em laboratórios de pesquisa. Um exemplo dessa prática é a do professor Eduardo Nagao, ao trabalhar com os alunos das primeiras séries do Ensino Médio em um boliche. O objetivo é que vivenciem conceitos de mecânica da física clássica, tais como velocidade escalar média, massa, força, leis de Newton, quantidade de movimento e impulso de uma força na pista do jogo. Para que os conceitos sejam colocados em prática, os alunos precisam mobilizar saberes, observar e anotar medidas de tempo, massa e espaço. A partir dos dados obtidos, os estudantes são estimulados a formular hipóteses e, posteriormente, comprová-las após pesquisas, cálculos e análise de resultados. Eles colocam-se no lugar de um cientista, desenvolvendo atitudes e procedimentos de um pesquisador que, inclusive, precisa fazer uso da linguagem científica.



diz aí

o que você pensa

dos seus pais

{ou parentes mais próximos}

? © Fotos: Eduardo Neto

estarem nas redes sociais

STePHanie neGrÃo de oLiveira 2ª série C

vinÍCiUS SiLveira BaLTar 2ª série D

TriCia naMiaS LeÃo de SaLeS 1ª série C

“É positivo que as redes sociais façam parte da rotina dos pais. Quanto mais adeptos dessas plataformas eles estiverem, mais fácil se tornará o relacionamento com os filhos.”

“Não há nada de negativo em os pais usarem redes sociais. Isso faz parte da integração social e é um recurso disponível para a maioria das pessoas, facilitando a comunicação, inclusive, entre pais e filhos.”

“As redes sociais são para todos, por isso os adolescentes não devem ter preconceito contra os seus pais porque as usam. Elas podem ser um excelente recurso na aproximação entre as gerações.”

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Colégio Marista Londrina


Daniel Muniz Covelo Silva 2ª série A

Estefani Zanon Garcia 2ª série A

“O uso das redes sociais pelos pais mostra uma nova era: a virtual. O problema é que muitos jovens usam essas ferramentas de comunicação de forma inapropriada e não querem ser descobertos pelos pais.”

“A interação e o entretenimento transmitidos pelas redes sociais são grandes atrativos que os pais também têm direito de conhecer, pois poderão encontrar e conversar com amigos ou familiares.”

“Apesar de alguns considerarem incômodo que seus pais façam uso dessas ferramentas, é importante que eles as utilizem. Facilitam a comunicação e são um instrumento para supervisionar o conteúdo publicado pelos filhos.”

© Foto: School Picture

Giovanna Mango Herrera 2ª série C

Pais e filhos nas redes sociais: Sondar e amar!

Como educar para o uso ético e harmônico da tecnologia nessa era digital? Os pais devem acompanhar o perfil dos filhos nas redes sociais? Cabe aos pais orientar sobre essas situações, precisamos mostrar às crianças que suas ações têm uma dimensão universal, abrir os olhos de nossos filhos para as necessidades e os direitos dos outros, educá-los para a valorização das pessoas, de modo a reconhecer nelas o valor da sua dignidade humana. Ao valorizar as pessoas, cresce também nosso valor pessoal. Com tais procedimentos, desenvolvemos as competências e habilidades necessárias para esta nova era.

Quando acompanhamos nossos filhos nas redes sociais, participamos mais de suas vidas, sabemos o que pensam, do que gostam, como reagem às notícias mais comentadas, com quem se relacionam e como se posicionam. Assim, podemos dialogar mais, instruir, inspirar, influenciálos e formá-los como pessoas de maneira integral.

Josmari Pauzer Professora

Colégio Marista Londrina

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caleidoscópio

2014

ForMaTUraS As festas de encerramento dos três segmentos escolares – Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio – aconteceram em grande estilo. Os alunos do Infantil 5 comemoraram com uma bela cerimônia no Teatro Marista, no dia 05 de dezembro, que contou com apresentações de danças, entrega dos certificados e um vídeo com uma retrospectiva do que realizaram nesse período. O 9º ano realizou sua festa de encerramento, no dia 29 de novembro, no Buffet Planalto. Os alunos puderam confraternizar com amigos, familiares e professores e comemorar o final dessa etapa, contando até com a animação da bateria de uma escola de samba. Por fim, os formandos do terceirão colaram grau no Teatro Marista e, depois, foram festejar no Buffet Planalto, rodeados de amigos, familiares, professores e muita animação.

FeSTa doS aProvadoS Temos muitos motivos para comemorar com os nossos alunos que terminaram a 3ª série do Ensino Médio em 2013. O número de estudantes aprovados nos vestibulares foi um deles. A comemoração dessas aprovações aconteceu não somente no aterro do lago Igapó, na tradicional entrega do resultado da UEL, como também no Striker Casual Bowling. Foi uma superfesta!

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Colégio Marista Londrina

© Fotos: Arquivo do Colégio

COMEMORAçõES


Recepção de novas famílias As famílias novas de 2014 foram recebidas em um evento feito especialmente para elas. A banda Chorus abriu a recepção com músicas no estilo MPB, seguida de uma apresentação da colegiada ampliada, dos projetos pedagógicos e pastorais e de nossos parceiros, finalizando com um delicioso coquetel.

celebrações

Missa em Ação de Graças Dia 21 de novembro foi o dia de agradecer por mais uma etapa escolar vencida e por tudo que Deus nos concedeu no ano de 2013 na Missa de Ação de Graças, que aconteceu na Catedral de Londrina.

Colégio Marista Londrina

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destaque

ensinar

letrando © Fotos: Eros Asturiano

“A leitura do mundo precede a leitura da palavra”, afirmava o educador Paulo Freire. Sendo assim, o ato de ler sai da esfera da codificação e decodificação, tornando-se uma atividade bastante ampla: é efetuada todas as vezes que percebemos um significado. E, para que possamos fazer uma leitura adequada e eficiente, é preciso aprender a observar tudo que nos cerca, recolhendo informações dos mais variados tipos, relacionando-as às nossas experiências. Considerando, portanto, que a leitura se estende muito além das palavras, é necessário ampliar também o conceito de “texto”, que deve ser entendido como qualquer significado articulado, fazendo-se uso de uma linguagem determinada. Assim, uma pintura, por exemplo, é um texto (não verbal) que, através da linguagem pictórica, transmite uma mensagem cujo significado será mais ou menos explorado, dependendo do repertório de quem a observa. Preocupando-se com a ampliação desse repertório, o Colégio Marista tem investido na formação e nas práticas pedagógicas ligadas ao letramento nos diferentes componentes curriculares. Entenda-se que letrar é ensinar a ler e a escrever dentro de um contexto em que a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno. Segundo Magda Becker Soares, professora da Universidade Federal de Minas Gerais, o aluno precisa saber fazer uso e envolver-se nas atividades de leitura e escrita. Ou seja, para entrar no universo do letramento, ele precisa apropriar-se do hábito de buscar

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Colégio Marista Londrina


© Foto: Ana Carolina Jamir

um jornal para ler, de frequentar revistarias, livrarias, e, com esse convívio efetivo com a leitura, apropriar-se do sistema de escrita. Logo, o objetivo e grande desafio do Colégio é tornar os alunos leitores autônomos e capazes de interagir com o meio, tornando-se protagonistas do saber. Dentre as diversas atividades propostas com esse fim nos vários componentes curriculares, a disciplina de Língua Portuguesa tem investido em aulas que levam o aluno a observar e refletir sobre variados tipos de texto, resgatando e relacionando o aprendizado compartilhado, inclusive, em outras áreas do conhecimento. Essa dinâmica aguça a capacidade de análise e o senso crítico, ampliando a capacidade de ler e tornando a produção escrita mais prazerosa e significativa. “A ideia é fazer com que os alunos percebam e, de fato, entendam que a leitura e a escrita não são apenas práticas da esfera escolar, vão além”, afirma a professora Márcia Chiréia, que, em suas primeiras aulas com as segundas séries do Ensino Médio, fez uma análise de variados textos não verbais, produzidos ou não pelos alunos, para que, a partir deles, aprendessem a ver muito além do óbvio. Para isso, tiveram que relacionar as informações apresentadas nos textos a seus conhecimentos e suas vivências. “O trabalho fez os alunos perceberem que podem explorar a capacidade de ler criticamente. Inclusive, eles têm entendido que, antes de ler o mundo e o outro, precisamos ler a nós mesmos, já que a compreensão de tudo que nos cerca depende da bagagem que trazemos e a escola tem o dever de enriquecer essa bagagem”, destaca a educadora. É importante lembrar que trabalhar com o letramento não é exclusividade da disciplina de Língua Portuguesa, uma vez que leitura e escrita são competências que permeiam todas as áreas do conhecimento. Por isso, o letramento é um plano de ação

do Colégio e tem mobilizado toda a escola. O professor de História Carlos Augusto Portello conta que, ao trabalhar, nos nonos anos, com o conceito de imperialismo, abordou a temática do trabalho escravo e das empresas transnacionais. Essa abordagem foi feita a partir de uma notícia atual. “Motivados pelas discussões, os alunos buscaram outras notícias, reportagens e, inclusive, encontraram um aplicativo que informa sobre conhecidas empresas e como lidam com a exploração da mão de obra”, relata o professor. Práticas como essa mostram que é possível sair do conteúdo de sala

de aula, extrapolando-o. “Percebi que os alunos começaram a debater espontaneamente o assunto, mantendo uma postura crítica e, o melhor, conseguiram refletir sobre o quanto é complicado se desvencilhar de costumes que nos trazem comodismo. Por mais que tomemos consciência da exploração do trabalho, consumimos os produtos que são frutos disso”, ressalta Carlos. Incorporar a prática efetiva da leitura e da escrita no cotidiano escolar, não reduzindo o texto a um pretexto, por mais que pareça simples, é uma atitude que exige muita reflexão. Eis o desafio de ensinar letrando.

Colégio Marista Londrina

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você sabia?

© Fotos: Ana Jamur

Caminhada Marista

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Colégio Marista Londrina

É um momento de reflexão, de olhar para si, para o outro e para Deus.

© Ilustração: Nome do ilustrador

Para a Caminhada deste ano foi convidado o ator Silvionê Chaves, de São Paulo, que trabalhou com os professores a importância de cuidarem de si, tanto física quanto psicologicamente, para que possam desenvolver um bom trabalho durante o ano. Em especial, a Camar deste ano foi focada no Letramento, que servirá de base para todo o trabalho escolar a ser realizado em 2014. “O professor letrador é apenas um mediador para que o aluno seja responsável pela sua aprendizagem, a partir do conhecimento técnico e das práticas sociais. Os professores aprenderam como preparar aulas para ampliar a leitura de mundo dos alunos, em todas as áreas, já que a preocupação é formar leitores competentes para a vida”, explica Marize.

© Fotos: School Picture | Sxc.hu

Antes do início das aulas, toda a estrutura do Colégio é preparada para receber os alunos. A grama é aparada, as salas são limpas, as carteiras arrumadas. Mas não é só isso que garante o sucesso de um novo período escolar. Professores, equipe pedagógica, funcionários, direção colegiada ampliada. Todos também se preparam antes do início das aulas para que tudo aconteça da melhor forma possível. No Colégio Marista de Londrina, todos os anos a direção colegiada ampliada participa de um retiro espiritual. “É um momento de reflexão, de olhar para si, para o outro e para Deus”, conta Marize Rufino, diretora educacional. Neste ano, o encontro foi realizado no Seminário Paulo VI, com a orientação da Irmã Marta Maria Veloso. “A cada ano a programação do retiro é uma surpresa, sempre preparada pela Pastoral do Colégio. A gente se fortalece, se alimenta, se abastece para trabalhar durante todo o ano”, informa Marize. Uma semana antes do início das aulas é a vez de todos participarem da Caminhada Marista (Camar), quando são realizadas diversas atividades espirituais, físicas e de planejamento pedagógico. A diretora afirma ainda que “este é um momento de formação, tanto pedagógica quanto dos valores Maristas”.



© Foto: Eduardo Neto

gente nossa

Sempre

um bom aluno

Professor Nilson Castilho conta sua trajetória até a chegada ao Marista

Por nilson Castilho

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Colégio Marista Londrina

Falar sobre a própria história de vida não é uma tarefa muito fácil. Entretanto, sempre é bom recordar os bons momentos. Nunca passei por grandes dificuldades, porém nunca tive condições de ter acesso a uma educação de qualidade. Sempre me dediquei muito aos estudos, mesmo estudando em escola pública. E como meu sonho era ser professor, seriam necessários muita dedicação e muito esforço. Quando estava na 5ª série, fui chamado pela coordenação do colégio em que estudava para preencher um formulário do projeto Bom Aluno – um projeto que surgiu por meio de alguns empresários que custeiam os gastos relacionados a uma educação de qualidade para jovens que se empenham nos estudos, mas que não têm muitos recursos financeiros. Após preenchê-lo, minha família e eu fomos chamados para uma entrevista, passei por uma bateria de provas e, enfim, o resultado chegou: agora, eu era mais um beneficiado do programa. Até a 8ª série, continuei na escola pública, no entanto, comecei a estudar em período integral. Assim que saía da escola, começavam as aulas particulares de Português, Produção de Texto, Matemática, Química, Física, História e Geografia, além do curso de Inglês. Ao terminar o Ensino Fundamental, o projeto Bom Aluno colocava os estudantes em algum colégio de qualidade. É aí que o Marista entra na minha vida!


Lembro-me do meu primeiro dia no Colégio Marista. Uma realidade completamente diferente daquela com que eu estava acostumado. O meu maior medo seria sofrer discriminação por parte dos colegas. É óbvio que, no início, todo estranhamento é mais do que natural. Contudo, com o passar do tempo, senti o carinho dos meus amigos, professores e funcionários. E claro, as amizades ficarão para sempre na memória! Durante o período em que estava no Marista, meu pai sofreu um acidente que o levou a amputar uma de suas pernas. Ao fim do terceirão, eu não tinha condições financeiras de ir à festa de formatura, especialmente pelo fato do meu pai precisar de tratamento médico. Entretanto, aconteceu algo que me surpreendeu: meus amigos e professores dividiram as despesas e me deram um convite! Essa atitude me aproximou ainda mais dessas pessoas.

Assim, ingressei no curso de Letras da UEL. No segundo ano de faculdade, voltei ao Marista para trabalhar como estagiário, corrigindo os textos dos alunos do Ensino Médio. Um ano depois, fui contratado como professor substituto e, após seis meses, fui convidado para dar aulas de Produção de Texto para os 9º anos. Para mim, a alegria foi imensa, pois o meu sonho havia chegado antes mesmo do que eu pensava: enfim, eu era um professor! Hoje, sou professor de Língua Portuguesa dos 8º e 9º anos e da 1ª série do Ensino Médio. Além disso, atuo como professor titular de quatro turmas. Sou muito feliz por trabalhar neste Colégio. Agradeço a Deus, todos os dias, pelas pessoas que acreditaram em mim. Não há dinheiro que pague todo o investimento feito pelo Bom Aluno e pelo Marista, nem a formação e a confiança por parte de todos do Colégio Marista de Londrina!

Colégio Marista Londrina

© Foto: School Picture

Lembro-me do meu primeiro dia no Colégio Marista. Uma realidade completamente diferente daquela com que eu estava acostumado. (...) É óbvio que, no início, todo estranhamento é mais do que natural. Contudo, com o passar do tempo, senti o carinho dos meus amigos, professores e funcionários.

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ser melhor

Violetas de

Crianças da Educação Infantil aprendem solidariedade na prática

Humildade, simplicidade e modéstia. Esses são alguns dos valores de Marcelino Champagnat trabalhados com os alunos da Educação Infantil 5. A cada ano, o projeto tem uma ação e, por isso, o nome também muda, sendo decidido em conjunto com as crianças. No ano passado, foi desenvolvido o projeto Marista de Coração, no qual as crianças, após ouvirem histórias do nosso fundador, bem como passagens relacionadas aos valores Maristas, sentiram-se motivadas a conhecer outras crianças. Com a ajuda da Pastoral, elas escolheram o Centro de Educação Infantil Dr. Jorge Dib Abussaf, na zona leste de Londrina, assistiram a um vídeo produzido no centro e conheceram um pouco da realidade dos alunos atendidos ali. Por meio de cartas, os alunos trocaram informações como nome, idade, brincadeira e comida favoritas, entre outras coisas, além de fotos. Percebendo a carência em que muitos vivem e baseando-se na sua Missão Marista, nossos estudantes decidiram ajudar as crianças. Reunidos, os pequenos missionários confeccionaram cartazes e percorreram as salas de aula, convidando outros alunos a participarem. Também foram feitos cartões inspirados em obras de alguns artistas, posteriormente vendidos para os alunos do terceira série do Ensino Médio. Através dos cartazes, foram arrecadados presentes de Natal para as crianças e também roupas e material de limpeza. Com o dinheiro da venda dos cartões, foram comprados brinquedos para o Centro de Educação infantil. “As crianças perceberam

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que os amiguinhos do Centro tinham poucos brinquedos na escola. Então, decidiram fazer também essa doação de brinquedos que ficassem lá, para o uso de todos”, conta Lourdes Montes Cardina, professora do Infantil 5. A entrega de todas as doações foi feita pelas próprias crianças, que passaram uma tarde brincando, se divertindo, cantando e partilhando momentos especiais com seus novos amiguinhos. Enquanto os pequenos atendidos pela creche ganharam um Natal melhor, os alunos que vivenciaram a experiência de fazer o bem também tiveram um ganho inestimável. “Nosso objetivo foi semear as pequenas virtudes Maristas e propiciar momentos de interação, acolhida e respeito à diversidade. O projeto possibilitou aos nossos alunos descobertas, vivências e aprendizagens. O melhor é saber que essa semente plantada hoje vai ser lembrada durante muito tempo. Inclusive, um de nossos alunos comentou que Marcelino Champagnat já morreu e está no céu, e que, por isso, nós devemos agora continuar sua missão – a de tornar Jesus conhecido e amado”, conta Lourdes.

Colégio Marista Londrina

© Fotos: Arquivo do Colégio

Marcelino Champagnat

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O FTD Digital Arena é a primeira plataforma tecnológica de imersão multicultural do Brasil, que reúne características de um planetário digital e uma sala de projeção com tecnologia 3D de alta definição. Um espaço tecnológico e multidisciplinar inédito que oferece propostas educacionais, culturais e entretenimento às escolas, universidades e público em geral. Confira a programação completa no site.

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essência

© Fotos: Acervo pessoal

ir. virgílio Balestro Irmão Marista Colégio Marista Paranaense, de Curitiba (PR)

O desafio e a provocação

no ensino atual “A tua convicção é que te impele, porque escolha prepara escolha”, reitera o filósofo Epicteto (50-130). Se a falha está na vontade, cabe à inteligência apontar o caminho; quando é a inteligência que desconhece o caminho, cumpre haver alguma força externa que aponte a via e a solução. Zeferino Vaz ceifou o canavial, em Campinas, e implantou a Unicamp, a mais austera e competente das nossas universidades. Perguntado sobre a sua prioridade, respondeu que era o professor, e o repetiu três vezes. A sua prioridade constitui o trio do pódio: primeiro, segundo e terceiro lugares. Antes, porém, preveniu-se e preveniu as autoridades: se a política entra pela porta, a ciência foge pela janela. Há, acima do mestre, o comando, o diretor, o reitor, o dirigente, o coach. O comando precisa de liderança, cultura, responsabilidade e proficiência. Precisa de QI, mas nunca QI de “quem indica”. Mudando o que cumpre mudar, as ideias de Zeferino Vaz e Epicteto valem tanto para a escola pública quanto para a escola particular. Por quê? Justamente porque a corrida e o jogo substancialmente dependem

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de criteriosas escolhas sempre, com o seguinte dramático adendo: os alunos fazem o principal e o decisivo em sumo grau, e eles não pertencem propriamente ao exterior do comando e da escolha. Alunos são pessoas; são moral e intelectivamente atletas profissionais. Precisam mais de disciplina que os demais atletas pelo peso imenso da transformação que devem produzir em si próprios; na conta do bom resultado, só aprende quem quer; todos a todos educam; todo o bom ensino educa e toda a boa educação ensina. Se na escola Y nenhum mestre, nenhum funcionário e nenhum aluno atira papelucho no chão sagrado da escola e do pátio por um ano inteiro, o visitante sabe que aquela escola é excelente. Há países cujas escolas fazem literalmente isso: aí as escolas são excelentes e as poucas nações que lograram a proeza estão na primeira fila. Cumpre responder bem ao desafio revolucionário: “A quem vamos entregar a inteligência, a mente e o coração dos 50 milhões de crianças e jovens se não for aos 2% do melhor alunado em liderança, notas e habilidades escolares, tudo criteriosamente comprovado?”,

que Gustavo Ioschpe, que sabe tudo da educação do Brasil e do mundo, colocou na capa do livro “Que Quer o Brasil Quando Crescer?”. O leitor sabido percebe que não faltam peritos que conhecem a realidade profunda e apontam a solução. Nenhum deles prioriza o mero aumento do salário, sempre importante, mas nunca decisivo. Mais que profissão, o magistério é missão e apostolado.


As mudanças na educação

© Foto: Sxc.hu

Vivemos a pós-modernidade e, com ela, seus desafios. O fundador do Instituto Marista, São Marcelino Champagnat, tinha como um dos seus lemas que, para bem educarmos uma criança, é preciso, antes de tudo, amá-la! Esta máxima faz muito sentido nos dias de hoje. Somente amamos verdadeiramente aquilo que conhecemos, portanto, o papel de educar é conhecer o seu interlocutor, seu estudante!

Essa frase nunca me fez tanto sentido como agora que trabalhamos e convivemos com essas novas gerações. Para bem educarmos, é preciso conhecer a subjetividade do nosso estudante, sua historicidade e seus anseios e sonhos, para que, assim, em um processo diário de ambiente escolar, consigamos, apoiados por ferramentas pedagógicas, estimular o conhecimento das ciências peculiares à educação. Poderíamos parafrasear esse conceito com o universo tecnológico em que vivemos, onde nossas crianças e nossos jovens são nativos digitais e têm pouco presentes os conceitos nos quais seus atuais educadores foram educados e ensinados. Todo esse histórico no universo escolar faz com que nos adaptemos diariamente ao novo que chega. Contudo, nós, adultos e educadores, não nos esqueçamos de que nossos estudantes estão vivenciando um processo educativo, no qual a escola é um “laboratório”, permitindo acertos e erros, fazendo com que os ajudemos a serem melhores quando estiverem no mundo do trabalho e na vida adulta. Para reforçar o que temos trabalhado, vou me valer de um dos grandes pensadores brasileiros da área educacional, Paulo Freire, que afirmou: “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. Portanto, meus caros, para cativar é preciso conhecer, ir a fundo e ser apaixonado por aquilo que se faz, caso

contrário, se tornaria rotina e uma mera necessidade. O educador tem o papel de mediador e estimulador, contudo, o artífice e o protagonista é o estudante! Içami Tiba, nos seus vários escritos, nos fala da parceria que devemos ter entre família e escola, usando a metáfora das seis mãos: as da família, as do estudante e as da escola. Assim sendo, faremos um processo de construção no qual todos compreenderão o que é educativo e que temos um papel a cumprir.

Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Paulo Freire

ir. Gérson dresch Diretor do Colégio Marista Assunção, de Porto Alegre (RS)

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Legado de uma missão Durante uma Missão Solidária Marista, os papéis de doador e receptor se intercalam o tempo todo. Para a população que recebe a missão, fica uma semente de transformação para ser cuidada e poder continuar agindo na vida de cada um Por Michele Bravos

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© Fotos: Michele Bravos

solidariedade

No começo deste ano, cinco cidades brasileiras em situação de vulnerabilidade social receberam a Missão Solidária Marista. O evento é anual e tem como objetivo promover a vivência de valores e a transformação pessoal de jovens Maristas e dos cidadãos. Segundo o Ir. Joaquim Sperandio, superior provincial do Grupo Marista, o Grupo investe nisso porque acredita que os jovens – Maristas e não – precisam mudar individualmente. “É claro que vamos contribuir para melhorias físicas na cidade, mas, ao final de tudo, a transformação deve ser pessoal e interior”. Durante a MSM, missionários e comunidade local trabalham juntos o tempo todo. De um lado, os jovens propondo se doar à cidade, em visitas missionárias, fazendo melhorias concretas, como pintura de muros, restauração de praças, colônia de férias para as crianças, entre outras atividades. Do outro, a população aceitando receber essas ações, acolhendo os jovens missionários em suas casas, participando de uma procissão pela cidade. Os jovens Maristas não apenas saem de lá transformados (confira os depoimentos na pág. 7 desta edição), mas também deixam um legado para a população. Conheça alguns moradores de Ponte Serrada, uma das cidades que recebeu a MSM neste ano, e o que a passagem dos jovens por lá significou para eles. Eduardo Coppini é prefeito de Ponte Serrada e ex-integrante do grupo de jovens Eu me identifico muito com esse evento. Quando mais novo, eu fiz parte do grupo de jovens de Ponte Serrada, na época, comandado pela D. Maria de Almeida, a Mariazinha. Fazíamos trabalhos próximos a esses que estão sendo realizados aqui no município. Para a nossa cidade, esse é um evento que só tem a somar. Ele proporciona que os jovens da nossa cidade despertem cada vez mais para a importância que é de fazer o bem para o próxi-


A escolha das cidades mo e se envolver com causas sociais. Um evento como esse provoca até um despertar para a política. Essa é uma área que precisa de ideias novas, de pessoas que tragam consigo, nos seus corações, valores atrelados à solidariedade, para que se tenham resultados favoráveis para a população. Ilma Vicensi, 61 anos, é moradora da região de São Lourenço e vive da aposentadoria e da fabricação de vassouras Desde que nos mudamos para cá, já nos envolvemos com a igreja local. No começo, eu tinha vergonha, insegurança até mesmo de fazer uma leitura para todos durante a missa. Não achava que tinha instrução suficiente. Aos poucos, isso foi mudando. Fui me sentindo mais confiante. Quando o padre disse que nossa comunidade iria receber missionários, eu fiquei feliz, mas fiquei pensando se saberia receber alguém na minha casa. Então, tomei coragem e aceitei esse desafio. Para mim, receber um missionário foi um ato de coragem, que me ajudou a trabalhar questões pessoais. Salete Costa, 51 anos, abriu as portas de sua casa para acolher um missionário Eu sempre vi a minha mãe recebendo missionários em nossa casa. Era uma forma que tínhamos de contribuir para a missão. Para mim, é uma honra poder receber um jovem na minha casa. A gente cria um carinho por eles. É uma companhia diferente naquela semana. É como um filho. Eu não queria que ele fosse embora. João de Almeida, 46 anos, é pai de Isabela de Almeida, 5 anos, participante da colônia de férias da MSM no bairro COHAB Muitas crianças aqui não têm com o que brincar. Quando tem essas

atividades, elas podem participar e todo mundo se diverte. Os pais também ficam contentes. É uma alegria ver os missionários de fora da cidade trazerem felicidade para os nossos filhos. Ações assim são muito bonitas. É disso que nossa cidade precisa. Geverson Dave, 16 anos, é um jovem de Ponte Serrada e participa da Pastoral da Juventude Mesmo eu sendo morador de Ponte Serrada, vi situações na MSM que nunca tinha visto antes. Em um dos dias, fizemos uma caminhada pelo bairro Cohab, onde eu moro. Fiquei muito chocado quando passamos por uma rua em que as casas eram apenas uma barraca de lona. Eu mesmo nunca tinha andando por essa região do bairro, nem visto essa realidade. Ao me deparar com essa situação, eu repensei a forma como tenho valorizado o que tenho. Às vezes, reclamamos muito e deixamos de buscar o melhor.

Normalmente, as cidades que recebem uma Missão Marista possuem algum vínculo Marista, o que facilita a organização do evento. Em geral, há um diálogo entre o Setor de Pastoral e a Diretoria Executiva de Ação Social (DEAS). São eles que apontam sugestões de cidades e decidem os locais, levando em consideração diversos contextos sociais (metrópole, médio porte e cidades de interior) e de diferentes localizações geográficas. Esse foi o caso de Ponte Serrada neste ano. Em 2013, os jovens da Pastoral da Juventude contaram com um grande apoio da população para irem à Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro. Como forma de retribuição a tudo o que a população fez por eles, surgiu a ideia de trazer uma Missão Solidária Marista para a região. Em contato com o Ir. Alison Hufu, natural da cidade, mas que atualmente mora em Dourados (MS), a missão começou a ser construída.

Susineia Bassani é presidente da Pastoral da Juventude de Ponte Serrada No começo, achávamos que não seríamos capazes de ter uma obra tão grande, um momento de missão tão intenso, mas fomos assumindo e dizendo os nossos sins. A intenção de tudo isso era agradecer a nossa comunidade e tornar o rosto de Deus mais conhecido ainda. Agradecemos a todos pelo o que vivemos nessa semana. Momentos de intensa vivência com os jovens, com as famílias que os receberam – tanto nas visitas missionárias, quanto nas hospedagens. Nessa semana, uma semente foi plantada em nossa comunidade. Tanto pelos jovens daqui como de outras regiões. O desejo que fica é para que sejamos transformadores da nossa história, protagonistas em nossa essência. Que sejamos participativos.

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© Foto: Renata Salles

como fazer

acompanhamento é diferente de intromissão

As redes sociais já fazem parte da rotina dos adolescentes, mas todo esse universo de postagens, fotos e muito bate-papo deve ser acompanhado pelos pais. A tarefa não é fácil, mas a revista Em Família traz algumas dicas para que os pais consigam monitorar as interações dos filhos sem que pareça intromissão Por Elizangela Jubanski

As redes sociais tomaram conta da rotina dos adolescentes. Em casa, no celular ou na escola, acessar perfis on-line tornou-se “febre” entre esses internautas, que muitas vezes precisam de certo direcionamento no mundo virtual. E cabe aos pais executar essa empreitada com muita conversa e acompanhamento. O que deve acontecer – sem medo de parecer intruso – é um monitoramento mesmo. Ficar atento a postagens do filho, fotos, amizades recentes e até mesmo à superexposição na rede. Afinal, ninguém conhece tão bem a rotina desses internautas quanto os próprios pais. A advogada e pedagoga Cristina Sleiman é especialista em Direito Digital e alerta que os pais devem conversar com os filhos sobre a maneira de se comportar nas redes sociais. “Essa verificação nos perfis não deve

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ser negligenciada de forma alguma. É preciso explicar aos filhos que qualquer rede social deve ser entendida como a extensão da vida presencial, ou seja, nada de outro mundo ou coisa parecida. Tudo que se faz em uma rede social deve ser pensado e analisado exatamente como acontece em uma relação interpessoal na escola, por exemplo”. É exatamente assim que a família Magalhães media as publicações nas redes sociais. A escritora Cláudia Magalhães, mãe dos adolescentes João Pedro, 14 anos, 9º ano, e Alice, 12, 7º ano, ambos do Colégio Marista Paranaense, acredita que confiança e supervisão são elementos indispensáveis nessa relação. “Nada deve acontecer de maneira que sufoque a confiança que a gente deposita neles, mas, mesmo assim, pode ter certa inocência nas postagens e nossa

outra visão é que deve auxiliar nisso”, garante. Os irmãos adoram redes sociais. Embora, para eles, o Facebook já não seja tão acessado assim, outras redes como Instagram, Twitter e WhatsApp continuam fazendo parte das atividades do dia a dia. “Eles levam o celular para a escola, mas fica desligado: isso é regra. Em casa, Alice acessa mais pelo celular, já o João Pedro gosta mais do computador para jogos online”. Para as postagens, algumas recomendações da mãe. "A roupa tem que estar legal, nada muito chamativo, fotos de viagens só algumas, nada de ficar postando tudo que faz no dia”, esclarece. Cláudia não tem perfil em rede social e mesmo assim acompanha as postagens. Outra regra – na verdade chamada de “combinado” na família Magalhães – é quanto ao horário dedicado na


O pais precisam ficar atentos com o excesso de exposição e manter os perfis dos filhos de um modo restrito, para que apenas os conhecidos tenham acesso a fotos ou informações.

Quem responde?

rede. “Eles já têm horários com aulas em diversos dias da semana, acaba sobrando pouco tempo para fazer nada, mas, mesmo assim, hora de rede social é quando eles já fizeram tudo que tinham para fazer, ou pelo menos parte”, destaca. Na visão dos adolescentes, a preocupação é válida. João Pedro conta que esporadicamente aparecem pessoas de fora para interagir nas redes sociais. “A gente conversa bastante sobre isso e até mostro os vídeos que recebo para minha mãe, mas às vezes aparecem umas pessoas que eu nunca vi na vida”, reclama. Já Alice diz que também não se incomodar com as “investidas” da mãe. “Como eu já sei que ela gosta de ver e dar uns palpites, já mostro a foto que quero compartilhar e pronto”, brinca. Esses “combinados” que acontecem na família Magalhães são atitudes com as quais a especialista Cristina concor-

da. “O pais precisam ficar atentos com o excesso de exposição e manter os perfis dos filhos de um modo restrito, para que apenas os conhecidos tenham acesso a fotos ou informações”, alerta. O mesmo olhar atento, segundo ela, deve ser transferido quanto a postagens de viagens e tudo que possa chamar a atenção de pessoas que estão fora do contexto da família ou dos amigos. “A gente nunca sabe quem está por trás de um computador vendo fotos da nossa família”, diz a advogada. O pai dos adolescentes, o engenheiro José Magalhães, concorda com a especialista e acredita que a internet, assim como as rede sociais, tem muito a agregar, mas com regras. “A tecnologia tem que vir a nosso favor. Como tudo em excesso faz mal, assim é com as redes sociais. Não adianta proibir, principalmente porque, hoje, elas também são uma boa ferramenta para se informar”, defende.

O que os pais não podem esquecer é que qualquer postagem que tenha cunho ofensivo ou que fira a integridade de alguém pode ser levada à justiça. “É primordial entender que as leis regulamentam nossa conduta independentemente do meio, portanto, crimes contra a honra, por exemplo, independem do meio utilizado para sua configuração”, explica a advogada e pedagoga Cristina. Nesses casos, os adolescentes (menores de 18 anos) podem até mesmo cumprir medidas socioeducativas, enquanto os pais respondem processo civil. “Cada caso é analisado de maneira diferente, mas uma simples brincadeira, se mal interpretada, pode causar muita dor de cabeça e prejuízo financeiro”.

Na prática Poucas e boas atitudes já fazem a diferença: l Monitorar as postagens (textos, imagens e outros compartilhamentos). l Ver de que grupo de conversas o filho participa. l Ficar atentos aos horários que ele está online. l Estipular períodos de acesso às redes sociais.

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compartilhar

SeM FronTeiraS A minha sugestão de programa para alunos do Ensino Médio, especialmente para o terceirão, é o Sem Fronteiras, da Globonews. Esse programa traz discussões de temas polêmicos atuais, nacionais ou internacionais, no qual alguns especialistas são consultados acerca da temática. Favorece quem quer ter óticas de análise sobre a conjuntura atual. Maria dôres Makowski, professora do Ensino Médio no Colégio Marista Frei Rogério, em Joaçaba (SC).

PorTaL UniCaMP Gosto e indico o site http://m3.ime.unicamp.br/portal/ porque nele há a possibilidade de encontrar vídeos, simuladores e atividades ligadas à matemática. Os vídeos têm duração média de 10 minutos e abordam assuntos ligados ao cotidiano sem perder o foco na parte acadêmica. Vale a pena conferir. eder Miotto, professor do Ensino Médio no Colégio Marista Santa Maria, em Curitiba.

QUaL é a TUa oBra?

O livro Qual é a Tua obra? inquietações Propositivas Sobre Gestão, Liderança e ética, de Mario Sergio Cortella, apresenta uma convocação a refletirmos a respeito de nossa verdadeira existência, uma motivação a compreendermos que nossa obra é muito maior que qualquer atividade por nós já realizada. Esse livro é um presente a todos que sentem as inquietações no processo de formação de liderança e que acreditam que o seu maior compromisso é a solidariedade e a alteridade. Carla klein, professora do Ensino Fundamental no Colégio Marista Cascavel (PR).

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HiSTÓria diGiTaL O História Digital foi criado pelo professor Michel Goulart com a intenção de divulgar o uso das mídias digitais na educação, assim como experiências criativas em sala de aula. Em pouco tempo, seu conteúdo se tornou referência no aprendizado de história, do Ensino Fundamental ao pré-vestibular. Considerado o melhor blog de história no país em 2012, o Guia do Estudante indicou os perfis da página no Twitter e no Facebook entre os melhores para estudar nas redes sociais. http://www.historiadigital.org Michel Goulart, professor do Ensino Fundamental e Médio no Colégio Marista Criciúma.

SoBrevivi Para ConTar

© Fotos: Divulgação

O livro trata de um depoimento de Immaculée Ilibagiza durante o genocídio que destruiu Ruanda em 1994. Ao longo da obra, ela conta como conseguiu sobreviver emocionalmente ao massacre de sua família e aos momentos aterrorizantes por que passou. É uma história comovente e que deixa aos leitores uma mensagem de amor e muita fé à vida. rute kuhn knaut, professora do Ensino Fundamental no Colégio Marista Pio XII, de Ponta Grossa

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diversão

E aí,

o que fazer? Por Elizangela Jubanski

Com a chegada das férias escolares é preciso progra- desse cronograma tão apertado que os filhos possuem mação e, acima de tudo, manter os filhos envolvidos e nas horas vagas. Que tal propor alguns passeios além de ativos. Eles querem ir a todos os lugares possíveis, ex- shoppings e compras? perimentar um pouco de tudo, e cabe aos pais cuidar

GoiÂnia Quem passa na Rodovia dos Romeiros fica impressionado com a grandiosidade dos Painéis da Via Sacra, que possuem 16 quilômetros de extensão, a maior galeria a céu aberto do mundo. O artista plástico Omar Souto buscou retratar os principais momentos da Paixão de Cristo. Dando continuidade ao passeio, o Museu de Arte Contemporânea possui um acervo de 500 obras, com desenhos, gravuras, esculturas, pinturas e reproduções. E para os mais curiosos, o Museu Estadual Professor Zoroastro é uma boa pedida. Fundado em 1946, ele guarda documentos históricos, artefatos indígenas, arte sacra e popular, objetos da Revolução Industrial, folclore e muitas outras atrações. Vale a pena tornar as férias um programa cultural!

Que tal conhecer um pouco mais do lado cultural de Brasília? A Catedral Metropolitana, na Esplanada dos Ministérios, foi projetada em 1967 por Oscar Niemeyer e possui obras de Di Cavalcanti. Além de serem ligados por pontos claros, os vitrais coloridos mudam conforme a luz do sol, nos arcos de 18 metros de altura, no Santuário de Dom Bosco. Outra dica é conhecer o Memorial JK, local em que está enterrado o corpo do presidente Juscelino Kubitscheck e onde há uma exposição permanente de documentos e fotos que contam a história da construção da capital, além da biblioteca com mais de 3 mil exemplares. Conhecer o Museu de Valores do Banco Central é roteiro obrigatório, lá está a maior pepita de ouro encontrada no Brasil, em Serra Pelada, de 62 Kg, além de um total de 125 mil peças de moedas e cédulas nacionais e estrangeiras. Aliada a isso, o local abriga a maior coleção do mundo das obras de Portinari. Fica a dica!

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© Fotos: Divulgação

BraSÍLia


SÃO PAULO São Paulo reserva ótimas atrações para quem quer conhecer um pouco mais de história e cultura. O Museu de Arte Moderna, um presente de Oscar Niemeyer para os paulistanos, marcou e agitou a cultura brasileira e guarda ótimas exposições para quem é apaixonado ou curioso por arte nacional e internacional, contando no seu acervo com obras de Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Portinari, por exemplo. Que tal conhecer a arquitetura europeia do Museu do Ipiranga? O local possui um valioso acervo com peças da república e do império, uma boa aula de história que pode ser completa com uma visita à biblioteca que tem mais de 100 mil volumes. Para encerrar esse breve roteiro, a Estação da Luz é perfeita! Construída em 1901, projetada em estilo vitoriano e com material para sua construção trazido da Inglaterra, o local encanta até mesmo que mora em Sampa. Que tal essa aula de história e cultura com os pequenos?

SANTA CATARINA Santa Catarina também reserva ótimas visitas culturais. O Museu de Arte de Santa Catarina, fundado em 1949, instalado no Centro Integrado de Cultura e reserva um acervo que conta, além de outras coisas, a história do Estado, possui em seu acervo artistas como Di Cavalcanti, Portinari, Djanira, Emeric Marcier, Volpi, Tarsila do Amaral e outros, contabilizando aproximadamente 1775 obras. A Casa da Alfândega é um local que visa resgatar e dar continuidade ao artesanato do Estado, um recorte de história é guardado no local. Outra boa pedida é o Museu Nacional do Mar – Embarcações Brasileiras, onde estão disponíveis para visitação mais de 91 barcos em tamanho natural, cerca de 150 peças de modelismo e artesanato naval e a Coleção Alves Câmara, do século XXI. O local reserva, ainda, muitas outras atrações. Vale a pena a visita durante as férias ou em um fim de semana em família.

PARANÁ No estado do Paraná, conhecer o Museu Oscar Niemeyer é uma boa aula de arte, arquitetura, urbanismo e design. São 17 mil metros de área expositiva, considerada a maior da América Latina, que, além de expositora, realiza cursos e oficinas abertos ao público. Para quem gosta de saber como era o passado, o Museu Histórico Padre Carlos Weiss, que ocupa o belo prédio da antiga Estação Ferroviária de Londrina é ideal. Lá estão preservadas as memórias dos bons tempos da cafeicultura da região. Outra dica é a visita à Catedral de Nossa Senhora da Glória, em Maringá, que tem 114 metros de altura e tem um mirante com vista panorâmica. Para os aventureiros que queiram a experiência, é preciso subir 482 degraus pra chegar lá em cima. Com toda certeza, as férias deles estão garantidas com essas aulas de cultura e história!

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© Foto: Estúdio Cafeína

olhar

Você já teve

a minha idade

“Calma, isso vai passar! Já tive sua idade”. Quem nunca ouviu isso? Não era fácil ouvir, dava uma sensação de que a gente era incompetente, ingênuo, uma verdadeira “anta”. Mas o que ninguém dizia era que, exatamente por passar pela situação, nos tornaríamos mais maduros e experientes. Faz parte do crescimento. Como diria o Rei Leão, é “o interminável ciclo da vida”. Na opinião dos nossos filhos adolescentes, nós somos muito chatos e exigimos demais. Não compreendemos que é difícil desligar o celular na hora do jantar, que é quase impossível ir dormir na hora certa e deixar de lado aquelas conversas superimportantes, que é uma experiência de quase-morte não poder ir àquela festa sei lá onde com sei lá quem. Somos realmente insuportáveis. Talvez queiram nos dizer: “Se você já teve minha idade, por que não me compreende?”. É verdade. Já fomos adolescentes e já esquecemos as dores de cabeça que demos aos nossos pais. Só que, aos olhos maternos e paternos, nenhum dos nossos pecados era tão grande e nossas chatices eram “normais”, pois a “corujice” só consegue ver a “maravilha” na qual nos tornamos. Entretanto, não podemos deixar de lado nossa “pegação no pé”, pois as intermináveis orientações e correções de rumo são necessárias. Certa vez, uma adolescente me disse: “Minha mãe devia me proibir de ir àquela fes-

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ta, pois vou perder aula no dia seguinte e depois vou me ferrar estudando sozinha”. Admirado com a reação, perguntei por que ela iria à festa mesmo sabendo das consequências. A resposta me fez lembrar das aulas de psicologia do adolescente: “É que eu não posso dizer aos meus amigos que eu não vou pra ficar estudando. Você não entende. Eu sei que era isso que eu deveria fazer, mas eu ia ficar mal com a galera”. Os amigos são mais importantes que a escola. Além disso, o futuro profissional está longe demais para ser alvo de preocupação agora. O tempo corre diferente para eles. O que fazer? Vamos parar de sofrer com as inconstâncias e ser totalmente compreensivos? Não. Esse não é o caminho. Temos que sempre apontar as contradições e tudo aquilo que pode trazer perigo a eles, pois o sentimento de onipotência é próprio da fase. Afastar as figuras de autoridade, incluindo pai e mãe, com discussões, teimosia e outras posturas imaturas é próprio de quem está descobrindo um jeito particular de ser. Cópias são desnecessárias, cada um tem que assumir seu jeito especial de existir no mundo. E isso só ocorre com os confrontos entre pais e filhos. Resumindo tudo na linguagem adolescente: “É melhor ser chato agora e realizado depois, do que ser ‘legalzão’ agora e arrependido depois”.

Marcos Meier é psicólogo, escritor e palestrante. Seu próximo lançamento, “Desligue Isso e Vá Estudar – Orientações Práticas para Pais” traz orientações preciosas sobre educação de crianças e adolescentes.

Temos que sempre apontar as contradições e tudo aquilo que pode trazer perigo a eles, pois o sentimento de onipotência é próprio da fase.


Com crianças e jovens na promoção de um mundo com direitos.

A Rede Marista de Solidariedade atua na promoção e defesa dos direitos da infância e juventude nas quatro áreas de atuação do Grupo Marista. Com esse objetivo, realiza o atendimento contínuo a crianças, jovens e famílias por meio de projetos socioeducativos; desenvolve estratégias de incidência política e fomenta ações de educação para a solidariedade em todo o Grupo Marista. Conheça mais sobre a solidariedade no Grupo Marista. Acesse solmarista.org.br ou facebook.com/solmarista


antes de tudo, é preciso entender: o que é medo? Medo significa uma espécie de perturbação diante da ideia de que se está exposto a algum tipo de perigo, que pode ser real ou não. Pode-se entender, ainda, o medo enquanto um estado de apreensão, de atenção, esperando que algo ruim vá acontecer. Ele interfere no modo de viver, pois causa reações quando estamos em estado de alerta.

e será que ele é de todo ruim? O medo é uma reação de alerta muito importante para a sobrevivência dos seres humanos, por isso pode ser considerado bom. Em muitos casos, faz com que as pessoas tenham cautela, pensem antes de agir. Uma pessoa que não tem medo de nada muitas vezes passa por situações que colocam sua vida em risco. Portanto, sentir medo pode ser algo positivo, quando gera reflexão, planejamento antes da tomada de qualquer atitude, protege vidas e evita consequências trágicas.

Já nascemos com medo? Não necessariamente, mas toda e qualquer emoção ou sentimento são construídos desde o instante da concepção, então, tudo aquilo que é vivenciado pela mãe durante a gestação afeta o bebê de algum modo, mesmo que inconscientemente.

Por que o medo do desconhecido? Todos os medos e traumas da mãe devem ser levados em consideração, mas lugares, sons e pessoas diferentes podem causar medo à criança, justamente como uma reação do organismo de alerta a possíveis situações de ameaça. Por isso, é comum a criança pequena ter medo de pessoas fantasiadas e de lugares barulhentos.

até que momento o medo é saudável? O medo só pode ser considerado tolerável quando ele não modifica a rotina do indivíduo. Há situações em que a pessoa, diante daquilo que a ameaça, paralisa, perde as condições de reagir, por exemplo. Pode-se chamar isso de fobia ou trauma. Nesses casos, a solução é procurar ajuda psicoterapêutica para tratamento, para que a pessoa possa falar e pensar sobre o assunto, além de, em alguns casos, vivenciar simulações com o objetivo de aumentar o enfrentamento diante da dificuldade.

o que fazer ao identificar que a criança ou o jovem tem determinado medo? Na família, sempre que a criança sente medo ou está assustada por alguma razão, é necessário acolher a criança e o seu medo, fazendo com que ela se sinta segura. Na escola, os professores devem tomar conhecimento de casos em que a criança tenha medo de algo e tentar amenizar, pois ele pode gerar insegurança e desestabilizar a criança, que deixará de ter foco na aprendizagem. Mas o acompanhamento de um profissional, quando o medo se torna excessivo, é fundamental, para que, desse modo, se evite que ele se intensifique e evolua para outros quadros.


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Algumas coisas não têm preço. A LIBERDADE é uma delas. O tema da Campanha da Fraternidade de 2014 é Fraternidade e Tráfico Humano. E a FTD entende que é fundamental ler, conversar e conscientizar os alunos sobre este tema tão importante, que infelizmente faz parte da nossa sociedade.

Confira as opções de leitura que oferecemos para você discutir este assunto na escola: Sumiço no Estádio Quando jogava bola, Dedê não prestava atenção em mais nada. Em uma tarde, enquanto acompanhava o pai, vendedor de pipocas na porta de um estádio, o garoto recebe um convite e... desaparece... O desfecho você fica sabendo em Estádio. Sumiço no Estádio Recomendado para o Ensino Fundamental I

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De Olho no Tráfico Humano Ao ler este livro desafiador, o leitor conhece mais sobre o que é tráfico humano e por que muitos jovens, especialmente mulheres, caem nessa terrível cilada.

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