Em Família | Marista Frei rogério

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Jovens 1º Semestre • 2014 | 13ª edição

pesquisadores

incentivo a novos conhecimentos reflete em filhos mais críticos e com uma visão mais ampla

DIA A DIA

Saiba como uma viagem missionária pode contribuir nesse processo de amadurecimento da família.

COMO FAZER

Quando a questão é o uso da internet, os filhos precisam de acompanhamento. Entenda o papel dos pais e como lidar melhor com a situação.


Um amplo conceito de Educação, para alunos, famílias, professores e escolas crescerem juntos.

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Ampliando Futuros


Combinação única de bons valores e excelência.

O Grupo Marista conta com milhares de pessoas que, diariamente, vivenciam e disseminam importantes valores humanos e cristãos com o compromisso de promover e defender os direitos das crianças e dos jovens. Faz parte do jeito Marista a busca constante por excelência. Na área da

educação, da escola à universidade, formamos pessoas e trazemos resultados comprovados. Em atividades nas áreas de saúde e comunicação, levamos sempre a melhor qualidade para públicos de diferentes condições e necessidades. Em todas essas áreas, a ação social está presente

BRASÍLIA Colégio Marista de Brasília - Ensino Fundamental SGAS 609 CONJ A - Bairro Asa Sul - Brasília-DF CEP 70200-690 | (61) 3442-9400

Superior Provincial Ir. Joaquim Sperandio Presidente do Grupo Marista Ir. Delcio Afonso Balestrin Superintendente Executivo do Grupo Marista Paulo Serino Diretor da Rede de Colégios Ir. Vanderlei Siqueira dos Santos Diretor de Marketing E COMUNICAÇÃO Stephan Younes

Rua Imaculada Conceição, 1155, Prado Velho Curitiba-PR | Prédio Administrativo PUCPR 8º andar - CEP: 80215-901 | Tel.: (41)3271-6500

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Colégio Marista de Brasília - Ensino Médio SGAS 615 CONJ C - Bairro Asa Sul - Brasília-DF CEP 70200-750 | (61) 3445-6900 Colégio Maristinha Pio XII - Educação Infantil e 1º Ano do Ensino Fundamental SGAS 609, Módulo C - Bairro Asa Sul - Brasília-DF CEP 70200-690 | (61) 3442-9400 SÃO PAULO Colégio Marista de Ribeirão Preto Rua Bernardino de Campos, 550 - Higienopólis Ribeirão Preto-SP - CEP 14015-130 | (16) 3977-1400 Colégio Marista Arquidiocesano Rua Domingos de Moraes, 2565 - Vila Mariana São Paulo-SP - CEP 04035-000 | (11) 5081-8444 Colégio Marista Nossa Senhora da Glória Rua Justo Azambuja, 267 - Cambuci - São Paulo-SP CEP 01518-000 | (11) 3207-5866 PARANÁ Colégio Marista Paranaense Rua Bispo Dom José, 2674 - Seminário - Curitiba-PR (41) 3016-2552 Colégio Marista Santa Maria Rua Prof. Joaquim de M. Barreto, 98 - São Lourenço Curitiba-PR CEP 82200-210 | (41) 3074-2500

13ª Edição | 1º Semestre 2014 Periodicidade Semestral EDIÇÃO Diretoria de Marketing e Comunicação do Grupo Marista Eduardo Correa e Vivian Lemos REDAÇÃO Jornalista responsável: Rulian Maftum / DRT Nº 4646 Supervisão: Maria Fernanda Rocha (Lumen Comunicação) Edição de arte: Julyana Werneck PROJETO GRÁFICO Estúdio Sem Dublê | semduble.com

com iniciativas alinhadas ao posicionamento institucional, mas também atuamos diretamente, por meio de uma ampla rede de solidariedade. Bons valores e excelência. Nossa missão é proporcionar essa combinação única para a construção de um mundo melhor.

Colégio Marista de Cascavel Rua Paraná, 2680 - Centro - Cascavel-PR CEP 85812-011 | (45) 3036-6000 Colégio Marista de Londrina Rua Maringá, 78 - Jardim dos Bancários - Londrina-PR CEP 86060-000 | (43) 3374-3600 Colégio Marista de Maringá Rua São Marcelino Champagnat, 130 - Centro Maringá-PR - CEP 87010-430 | (44) 3220-4224 Colégio Marista Pio XII Rua Rodrigues Alves, 701 - Jardim Carvalho Ponta Grossa-PR - CEP 84015-440 | (42) 3224-0374 SANTA CATARINA Colégio Marista São Francisco Rua Marechal F. Peixoto, 550L - Chapecó- SC CEP 89801-500 | (49) 3322-3332 Colégio Marista de Criciúma Rua Antonio de Lucca, 334 - Criciúma-SC CEP 88811-503 | (48) 3437-9122 Colégio Marista São Luís Rua Mal. Deodoro da Fonseca, 520 - Centro Jaraguá do Sul-SC - CEP 89251-700 | (47) 3371-0313 Colégio Marista Frei Rogério Rua Frei Rogério, 596 - Joaçaba-SC - CEP 89600-000 (49) 3522-1144 GOIÂNIA Colégio Marista de Goiânia Avenida Oitenta e Cinco, 1440 - Santa Marista Goiânia-GO - CEP 74.160-010 | (62) 4009-5875

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Capa Arthur Gabriel Fauth,

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FOTO DE CAPA Gilberto do Rosário

estudante do Colégio Marista Pio XII, de Ponta Grossa (PR), e seu pai Marco Túlio Fauth.

© Todos os direitos reservados. Todas as opiniões são de responsabilidade dos respectivos autores.

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índice

capa

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Saiba de que forma o incentivo dos pais à curiosidade do jovem contribui na formação do conhecimento, estimulando o desenvolvimento de um olhar crítico sobre o mundo.

1ª impressão

dia a dia

entrevista

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Ir. Vanderlei Siqueira, diretorexecutivo da rede Marista de Colégios, traz uma reflexão sobre a curiosidade, fator que contribui para a evolução do mundo, e como ela é despertada em sala de aula.

Uma hora, os filhos criam asas e voam para longe do ninho. Uma viagem missionária pode contribuir para esse processo de amadurecimento dos jovens e dos pais.

essência

solidariedade

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Irmãos Maristas comentam sobre os desafios da educação na contemporaneidade.

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Conheça as histórias da Dona Salete, do menino Geverson, do Seu Benjamin. Cidadãos de uma das localidades que recebeu, no começo deste ano, a Missão Solidária Marista.

índice

como fazer

compartilhar

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diversão

olhar

curiosidade

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Saiba de que forma auxiliar os filhos a encontrar o equilíbrio quando a questão é o uso da internet.

Já sabe o que fazer nas férias? Veja alguns programas para serem feitos em família.

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Democratização de conteúdo educacional em plataforma digital é o assunto da entrevista com Caroline Serqueira, analista educacional do Grupo Marista.

Confira dicas de sites, livros e programas de TV indicadas pelos professores dos Colégios Maristas.

O escritor e psicólogo Marcos Meier lembra que pais também já foram adolescentes e que é preciso relembrar alguns caminhos já percorridos para entender os filhos.

seu colégio

Confira as matérias elaboradas exclusivamente para o seu Colégio.

Você sabe como lidar com os medos dos seus filhos? Entenda mais sobre essa forma de reação e como ajudar crianças e adolescentes.


1ª impressão

A curiosidade nos move os porquês do universo, não teríamos alcançado o desenvolvimento das ciências e suas tecnologias; tampouco gozaríamos das facilidades e do conforto do estágio atual. Se a curiosidade e o encantamento constituírem as condições primordiais do desvelamento e do conhecimento da natureza pelo homem, também vão possibilitar e potenciar a educação do futuro; eis porque devem fazer parte da estratégia educacional. O entendimento de como é factível estimular crianças e jovens para o desenvolvimento da curiosidade constitui resiliente preocupação das famílias Maristas, que escolheram, por meio de votação, o tema pesquisa para ser destaque na nossa revista Em Família deste semestre. Para melhor entender esse tema em um contexto de complexidade, é necessário problematizar o seu significado, pois ultrapassa o senso comum, que o identifica com o simples uso do laboratório ou a realização de determinada experiência investigativa. Seu significado está em como as experiências e as práticas pedagógicas são exploradas pelos sujeitos-mores da educação: alunos e professores. A aprendizagem entendida na perspectiva da pesquisa rompe com uma organização do ambiente de aprendizagem centrada na transmissão de conhecimentos pela figura do professor ou por meio de exercícios repetitivos. Redefinir esse ambiente em comunidade permite às crianças uma participação legítima em práticas de superior aprendizagem, com crescente grau de liberdade para tentar, errar, corrigir e

escolher onde, quando, como e em quem investir sua curiosidade, inteligência e emoção. A pesquisa é facilmente relacionada ao Ensino Superior; no entanto, é prática que pode e deve ser estimulada desde os primeiros anos da vida escolar. As teorias científicas evidenciam que as crianças são cognitivamente competentes, intelectualmente ativas e socialmente comprometidas. O planejamento espaço-temporal com vistas à pesquisa propicia momentos para o fascínio e o despertar da curiosidade, além de corroborar e potenciar o empenho da criança no uso de sua habilidade de investigação. O trabalho realizado em sala de aula também pode ser complementado em casa. Estimular nossas crianças para o desenvolvimento da curiosidade sobre coisas simples, que estão à sua volta, e questões do dia a dia, eis uma boa e proficiente prática. O envolvimento das crianças, desde tenra idade, na discussão bem dosada de problemáticas sociais, políticas e ecológicas, por exemplo, é preciosa oportunidade de educação para um futuro mais sustentável; prepara-as para lidar com situações rotineiras, pensando global e criticamente e agindo local e pessoalmente.

ir. vanderlei Siqueira dos Santos diretor-executivo da Rede Marista de Colégios

© Foto: João Borges

Você já se viu diante de situações em que o excesso de informações ou a ausência delas o deixaram confuso sobre o que fazer? Ao contar sua experiência, a professora Isabel Alarcão argumenta sobre a razão de tal conflito: “Cheguei ao hotel, vinda do aeroporto. Eram duas e meia da tarde. Situado no característico nordeste brasileiro, o hotel era o exemplo bem acabado da globalização. Pela ausência, quase total, de marcas da civilização local, podia situar-se em qualquer parte do mundo”. Servimo-nos do relato para pensar e problematizar a necessária função da escola de educar para a vida, alicerçada no despertar da curiosidade e do encantamento, como estratégias para a leitura de mundo e o desenvolver da Ciência. Não é novidade que a escola moderna, transmissora dos conhecimentos acumulados, também se tornou distante da vida, porque pouco contribui para a interação crítica do ser humano com o mundo. Há inadequação cada vez mais ampla entre os saberes fragmentados e os desafios cada vez mais planetários. De fato, a estreiteza do olhar nos impede de ver o global, bem como o essencial. Além disso, todos os problemas particulares só podem ser enquadrados e pensados corretamente em seus contextos e circunstâncias; o próprio contexto desses problemas, por sua vez, deve enquadrar-se, cada vez mais, no universo planetário, como defende, entre outros, o sociólogo francês dos “problemas da cultura”, Edgar Morin. Por natureza, o ser humano é curioso. Sem essa vontade de querer entender

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© Foto: Michele Bravos

dia a dia

Com as

próprias asas Uma viagem missionária pode ser o ponto de partida para cortar o cordão umbilical com o filho e ainda incentivar o jovem a ter um amadurecimento mais profundo Por Michele Bravos

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Enquanto o filho adolescente Jackson Bortolotti, 17 anos, aluno do Colégio Marista São Francisco, de Chapecó (SC), fazia as malas para embarcar em uma experiência longe de casa por uma semana, a mãe, Neiva Bortolotti, 45 anos, assistia à cena ansiosa e com o coração apertado, mas com a consciência de que é preciso deixar ir. Em janeiro deste ano, Jackson subiu em uma Kombi e foi para Ponte Serrada, no oeste catarinense, para participar, junto com outros 100 jovens, da Missão Solidária Marista 2014. Ouve-se por aí que filho se cria para o mundo. Quando esse clichê bate à porta, os pais são desafiados a balancear seus sentimentos e pensamentos. De um lado, o instinto protetor, envolto por muitas preocupações decorrentes do mundo atual; de outro, um lado mais racional que en-


tende que a saída do filho contribuirá para seu amadurecimento. Ter como ponto de partida uma viagem missionária é um desafio positivo, afinal, além de o filho estar fora do ninho, em uma missão, ele se deparará com situações e pessoas muito diferentes do convívio habitual. Jackson conta que teve a oportunidade de conhecer pessoas com costumes e realidades diferentes. “Conhecemos alguns católicos, outros evangélicos, outros ateus. Ouvimos críticas, reclamações, agradecimentos. Escutamos sobre a falta de médicos treinados, de infraestrutura, de emprego, e a ida dos candidatos políticos aos bairros pobres somente para a compra de votos”. Para Neiva, são justamente essas diferenças que tornam uma saída como essa tão enriquecedora e necessária para os filhos. “O maior desafio dos pais é o entendimento do quanto uma missão vem a agregar positivamente na formação de um jovem. No momento em que o Jackson saiu, temporariamente, de casa para uma viagem missionária, eu, particularmente, fiquei feliz, pois sabia que ele estava na companhia de pessoas especiais, por uma missão”, diz. Na opinião da mãe, é na adolescência, quando o filho está gritando por independência, que esse cenário se faz mais presente. “Não podemos negar que na adolescência há um afastamento natural dos filhos. Eles estão buscando autonomia. Os pais, principalmente as mães, sofrem com essa fase. Para nós, eles ainda precisam e sempre precisarão de proteção e amparo”. Apesar desse sentimento protetor, Neiva acredita que para a construção da identidade, anseio que é muito forte nessa faixa etária, deixar com que o filho voe com suas próprias asas é fundamental. Emocionalmente, a pessoa só cresce quando assume a própria caminhada. “Minha vida mudou drasticamente. Passei a olhá-la de forma

diferente. Estou mais crítico e atento às outras realidades, e não só à minha ou de meus amigos”, conta Jackson. Neiva percebe que a convivência na semana das missões com famílias “estranhas” proporcionou ao filho um amadurecimento imensurável. “A realidade do Jackson, e que acre-

dito ser de outros tantos jovens, é de conforto e vida cômoda, ou seja, roupa lavada, comida pronta e, mesmo assim, às vezes até reclamam de tudo. O desafio de se organizar para ficar responsável pelos seus atos durante esse período o tornou uma pessoa melhor, com certeza”.

Na opinião deles Proporcional à ansiedade dos pais é a expectativa dos filhos. Saiba o que os jovens pensam e sentem diante do desafio de sair de casa para uma viagem missionária. Jackson Bortolotti, 17 anos Colégio Marista São Francisco, de Chapecó (SC) Nos dias que antecederam a Missão Solidária Marista, estive muito ansioso. Até pensei se poderia ser assaltado enquanto andasse pelas ruas de Ponte Serrada. Pensava também na minha mãe. Como ela ficaria sem mim? Finalmente, de malas prontas, pensei: “É agora!”. Já no primeiro dia lá, veio o choque. Não estávamos lá para mudar Ponte Serrada, mas para sermos mudados pela cidade e pelo povo dali. Com a MSM, acordei. Voltei de lá pensando em cuidar mais no resto do mundo, do meu prédio, da Pastoral da Juventude Marista, de alguém que está nas ruas. Letícia Pereira Zancanaro, 16 anos Colégio Marista Frei Rogério, de Joaçaba (SC) Durante as visitas aos bairros vulneráveis, fiquei pensando como aquelas famílias conseguiam viver daquela forma. Vendo as crianças brincarem na sujeira, fiquei inconformada com a prefeitura, que não dava importância. Em compensação, eu via nos olhos delas como estavam felizes com a nossa presença. Por mais que todos falassem da violência nessas comunidades, em momento nenhum eu senti medo. Sair do nosso conforto acende a chama da missão em nós. Sempre que eu me deparar com alguma situação precária, meu instinto missionário irá falar mais alto e eu irei ajudar a melhorá-la. Hercules Vinicius de Moraes, 17 anos Ex-aluno do Centro Social Marista Itapejara, em Itapejara D’Oeste (PR) Eu comecei a trabalhar uma semana antes da Missão Solidária Marista (MSM). Então, fiquei meio sem jeito de perguntar para meu chefe se ele me dispensaria, mas daí eu pensei que trabalho eu terei por muito tempo e a MSM, não. E ela ficará marcada para sempre. Eu participo da PJM há sete anos. Minha família admira o trabalho. Mas a primeira vez que fui para uma viagem missionária, eles ficaram meio indecisos sobre a minha ida. No entanto, quando voltei para casa e mostrei vídeos e fotos, eles ficaram impressionados. Este ano, eles me deixaram ir sem nenhuma preocupação. Uma das experiências que mais me marcou em Ponte Serrada foi ter conhecido uma senhora de 116 anos que estava sendo cuidada por sua filha. Foi marcante para mim ter ouvido que o genro dessa senhora havia pedido para que a filha escolhesse entre ele ou a mãe. A filha optou pela mãe. Vi ali cuidado e amor. Ana Cássia Ribeiro, 16 anos Colégio Marista de Cascavel (PR) Durante essa Missão, foi muito marcante para mim uma visita que fizemos ao bairro Cohab, um lugar bastante vulnerável em Ponte Serrada. Lá, a gente pôde observar a realidade das famílias. Eram pessoas muito simples e com pouquíssimas condições financeiras. Precisamos ter mais empatia pelos outros. Temos que nos colocar no lugar do próximo para perceber do que as pessoas necessitam. Saí de lá com sensação de que desperdiçamos demais. Temos tudo em nossa casa e, ainda assim, muitas vezes não damos a devida importância. Estando perto de realidades como essas, acho que a gente também consegue dar mais valor à vida que temos.

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capa

Curiosidade © Fotos: Gilberto do Rosário

que transforma

O incentivo dos pais à curiosidade e à pesquisa contribui na formação de filhos ativos na construção do próprio conhecimento. Benefício que reflete durante toda a caminhada deles como estudantes e estimula o desenvolvimento de um olhar crítico sobre o mundo Por Julio Glodzienski

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Ser curioso é um processo comum da descoberta e construção da própria identidade. É importante incentivar crianças e jovens a essa curiosidade, pois com ela surge um potencial de construção do conhecimento que pode, e deve, ser explorado. Falar em incentivo à pesquisa é, a princípio, apoiar o desenvolvimento do instinto curioso dos filhos. Na família Fauth,, a curiosidade faz parte do dia a dia. Arthur Gabriel Fauth, estudante do 2º ano do Ensino Médio no Colégio Marista Pio XII, de Ponta Grossa (PR), é interessado em novas tecnologias, hábitos e culturas. “Já participei de campeonatos de robótica e do Projeto Grupo de Pesquisa Avançada (GPA), uma oportunidade em que você se confronta com realidades diversas e, depois de um tempo, você enxerga as coisas de uma maneira diferente”, completa. Conta o pai, o bancário Marco Túlio Fauth, que ele próprio também gosta de robótica e, juntos, procuram peças, informações sobre protótipos, para colocar em prática as ideias de Arthur. “Em uma viagem ao exterior, toda a família se engajou na busca e depois na negociação de um artigo para o protótipo”.

desenvolve-se a habilidade de trabalhar em grupo, e os estudantes percebem que suas teorias são temporárias, porque estão em constante processo de negociação e de reflexão. Claudia Kochhann de Lima, Coordenadora psicopedagógica do Colégio Marista Criciúma (SC)

Na opinião de Arthur, a pesquisa é também um meio pelo qual se estreitam laços de relacionamento. A potencialização do instinto curioso dos filhos está muito atrelada ao estímulo à pesquisa, o que também contribui e reflete em toda a caminhada deles como estudantes. Arthur confirma: “Ter curiosidade em pesquisar faz com que eu tenha mais facilidade nos meus estudos”. A pesquisa deve ser levada como um princípio do trajeto educativo, em que ocorre a produção dos saberes por meio de participação ativa e reflexiva. A assessora de área de Ciências da Natureza da Província Marista Rio Grande do Sul (PMRS), Porto Alegre (RS), Lisandra Catalan do Amaral, aponta que pesquisar – de assuntos mais corriqueiros a temáticas complexas – estimula a curiosidade, a autonomia e o desenvolvimento de atividades relacionadas com os objetos que estão sendo estudados. É também o que defende a coordenadora psicopedagógica da Educação Infantil e Ensino Fundamental I, Claudia Kochhann de Lima, do Colégio Marista de Criciúma (SC). “Pesquisar demanda capacidade de análise crítica dos problemas do mundo, formulação de perguntas e proposição de respostas, em um processo problematizador sempre passível de confirmação, revisão, modificação e reconstrução”, reforça. Arthur, além de se interessar por assuntos relacionados à tecnologia, também gosta de pesquisar sobre

a árvore genealógica da família. O pai se orgulha do fato: “Foi graças a esse espírito curioso do Arthur que a gente descobriu o registro de um antepassado nosso em um cartório lá na Itália”. Lisandra reforça que o gosto pela pesquisa pode começar pelas percepções intuitivas de cada um até chegar a níveis mais complexos de questionamentos. A exemplo da família Fauth, uma busca pela história dos antepassados pode ser uma boa forma de estimular a curiosidade e a pesquisa, além de integrar pais e filhos. Lisandra ainda complementa que é dessa intuição que decorrem inúmeras vantagens, como a possibilidade de resolução de problemas; o desenvolvimento de habilidades, potencialidades, pensamento lógico e raciocínio. Os filhos, ao serem incentivados a realizar pesquisas a partir de suas curiosidades, ganham um diferencial para toda a vida. O diretor geral do Colégio Marista de Brasília de Ensino Médio (DF), José Leão da Cunha Filho, observa que estimular é fundamental para a construção da cidadania em tempos de globalização, gerando “um olhar crítico sobre o mundo, uma autonomia intelectual, criticidade e espírito de inovação”. Ao se tornarem protagonistas do próprio conhecimento, “desenvolve-se a habilidade de trabalhar em grupo, e os estudantes percebem que suas teorias são temporárias, porque estão em constante processo de

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capa negociação e de reflexão”, completa Claudia.

viSando o FUTUro O bancário Fauth vê nesse incentivo à pesquisa agora uma boa forma de inserção no mercado de trabalho amanhã. Por isso, ele defende a importância do apoio familiar. “O acompanhamento dos pais é fundamental, pois contribui na solidificação do conhecimento. Então, buscamos incentivar a curiosidade do Arthur e que ele corra atrás das respostas”. O diretor Cunha define que, “os pais devem estar presentes de duas maneiras: sendo exemplo de olhar científico sobre as coisas e escolhendo escolas que favoreçam a formação do espírito científico”. Para o pai de Arthur, na prática, o incentivo acontece com o estímulo a novas leituras, no interesse dos pais em saber o que os filhos estão aprendendo, de modo a incentivá-los a aprimorar seus conhecimentos. A coordenadora Cláudia completa, ao descrever o ambiente ideal de incentivo. "Deve-se criar um espaço de diálogo, de escuta na família, deve haver a busca em valorizar os questionamentos e reflexões dos filhos”, define. “Por meio das pesquisas, o jovem se sente valorizado, pois é um agente indutor dos estudos, e que contribui de forma expressiva para seu crescimento e amadurecimento”, explica Fauth.

© Foto: Acervo pessoal

LiÇÃo de CaSa Sabendo que é na prática que o jovem vai descobrir que aprender é prazeroso, a estudante Isadora Arlaque Flores,, do 4º ano do Colégio Marista Assunção, de Porto Alegre (RS), é orientada pelos pais para que descubra respostas lendo e pesquisando em diferentes materiais. É a proposta da professora Simone Arlaque Flores, mãe da Isadora: “Aqui em casa, o que a Escola solicita é prioridade, sempre acompanhamos e participamos das

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tarefas de casa e dos eventos no Colégio. O processo da pesquisa é muito interessante. Mesmo que tenha sido uma solicitação do professor, a busca das respostas gera descobertas importantes”, aponta. Isadora é apaixonada pelo desconhecido e por isso virou pesquisadora, a partir do incentivo dos pais e da Escola. “É muito importante, a criança aprende muito e vai levar o conhecimento para a vida toda. Tudo o que pesquisamos e aprendemos com as nossas descobertas é inesquecível”, aponta a pequena curiosa, que vê a pesquisa como uma forma de desenvolvimento escolar. E foi a partir de uma dinâmica em grupo que surgiu o projeto de pesquisa de Isadora. “Eu, Felipe Moscon Salvo, Lucca Do Conto Almada, Octávio Kliar Araújo da Silva e Sérgio Eduardo dos Santos Becker éramos a equipe, e foi daí que saiu a pergunta: 'Professora, como o coração bate?'”, diz a estudante. Foi então que deram início às pesquisas para entender o funcionamento do órgão. A equipe de pequenos pesquisadores conquistou o destaque no Salão de Iniciação Científica da UFRGS, em 2013. “Após essa conquista, vi o quanto é bom ser pesquisador, com o trabalho e as descobertas que fizemos. Ver o reconhecimento das pessoas que apren-

deram conosco é um grande incentivo”, completa Isadora.

FaMÍLia da CiÊnCia

É sendo valorizado e incentivado que Gabriel Philippini Ferreira Borges da Silva, de 14 anos, estudante do 9º ano do Colégio Marista Pio XII, de Ponta Grossa (PR), sabe a importância de ser pesquisador desde cedo. O apoio dos pais é fundamental, por isso Jeremias Borges da Silva, professor de Física na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), pai do Gabriel, dá todo o suporte. “Não é só observar a qualidade do ensino que a escola proporciona, mas também incentivar, apoiar e educar para que ele tenha compromisso e responsabilidade para com sua formação”, explica o professor. No caso da família Silva, o exemplo extrapola a teoria e Gabriel coloca a mão na massa atuando, por exemplo, como organizador de duas feiras de ciências regionais, tendo contribuição na avaliação do uso do método científico pelos estudantes no evento. Além disso, já participou da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica, organizada pela Sociedade Astronômica Brasileira, o que lhe rendeu uma medalha de ouro pelo bom desempenho na avaliação de inscrição do evento, em 2013. Saber pesquisar é explorar novos campos e obter conhecimentos diferenciados: “Por meio das pesquisas, independentemente da facilidade que eu tenha em determinada área, sempre vou aprender algo a mais”, explica Gabriel. Por isso, Silva faz com que o filho se sinta à vontade em pesquisar, incentivando, mas sem pressão: “Procuro sempre destacar a importância da ciência para a evolução do ser humano. Acredito que conhecer a ciência e seus modos de evoluir dará a ele uma probabilidade maior de realização profissional”, completa o pesquisador.


Para que a criança ou o adolescente pegue gosto pelo pesquisar e aprender, é preciso que o benefício seja significativo, com orientação de professores com escutas apuradas e atentas. "Ao assumir a pesquisa na escola, assume-se um perfil de estudante diferenciado que observa, pensa, elabora conceitos e estabelece comparações", explica Lisandra. A escola é o local no qual a pesquisa se consolida como oportunidade para a produção dos saberes. “Ela é fundamental para incentivar, promover e assumir uma proposta pedagógica que contemple a pesquisa. Muitas vezes, é o único espaço onde o estudante tem a oportunidade de experimentar”, conta Lisandra. Ela também defende que é missão do professor ser incentivador. “Cabe ao professor desencadear ações problematizadoras, incentivando o conflito cognitivo para, assim, ocorrer a argumentação, a interpretação, até a resolução do problema". No fazer pedagógico Marista, os estudantes são estimulados a realizar pesquisas, como aponta a coordenadora psicopedagógica Cláudia. “São criados ambientes de aprendizagem nos quais o aluno possa se expressar em diversas linguagens e, para estimular a pesquisa, é preciso construir

O especialista em Metodologia, Jorge Santos Martins, em seu livro o Trabalho com projetos de pesquisa: do ensino fundamental ao ensino médio, define pesquisa como “um instrumento pedagógico destinado a melhorar a qualidade da aprendizagem [...], a romper a monotonia do enfadonho blábláblá diário e a tornar a sala de aula um espaço dinâmico, no qual os alunos sejam participantes ativos da sua própria formação” (2005, p. 75).

um espaço de diversidade favorável aos modos de pensar, de ser, de conhecer e de se relacionar”. Dar condições ao professor para trabalhar é imprescindível, como explica o diretor Cunha. “Sabemos que é fundamental investir na formação para a pesquisa no ensino, por isso oferecemos a eles condições de trabalho adequadas a essa prática”. A estudante Isadora defende o papel da escola. “É importante que a escola tenha todos os materiais para que as crianças aprendam e façam cada vez mais pesquisas, como salas de informática equipadas, laboratórios de ciências e uma biblioteca com livros atualizados”.

é importante que a escola tenha todos os materiais para que as crianças aprendam e façam cada vez mais pesquisas, como salas de informática equipadas, laboratórios de ciências e uma biblioteca com livros atualizados. Isadora Arlaque Flores, 4º ano, no Colégio Marista Assunção – Porto Alegre (RS)

veJa aLGUnS ProJeToS de inCenTivo À PeSQUiSa ProMovidoS PeLoS CoLéGioS MariSTaS:

© Foto: Tamíris Domingos

SaLa de aULa: aMBienTe de inveSTiGaÇÃo

Alunos do Colégio Marista de Criciúma (SC) presenciando resultados de pesquisa.

O desenvolvimento de ações didáticas possibilita o contato e a vivência das crianças com situações que ampliam seus conhecimentos sobre determinados temas que as rodeiam no dia a dia. Faz parte de projetos com esse objetivo, por exemplo, o projeto Como nasce o pinto?, desenvolvido com os alunos da Educação Infantil do Colégio Marista de Criciúma (SC). O objetivo era responder ao questionamento que surgiu em sala de aula, em um momento de contação de histórias. Foi quando as professoras identificaram a curiosidade, levantaram com as crianças as hipóteses de resposta ao questionamento e, então, acompanharam o processo do ovo em laboratório, trabalhando com histórias, viagens de estudos e várias outras ações. Depois de concluída a pesquisa, além de os alunos descobrirem como se desenvolve e nasce um pintinho, ainda organizaram uma exposição para toda a comunidade escolar.

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acredito que conhecer a ciência e seus modos de evoluir dará a ele uma probabilidade maior de realização profissional.

© Foto: João Borges

Jeremias Borges da Silva, professor de Física na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), pai de Gabriel Philippini Ferreira Borges da Silva, estudante do 9º ano do Colégio Marista Pio XII, de Ponta Grossa (PR)

Com o objetivo de estimular o interesse pela pesquisa, incentivando os jovens a desenvolver projetos com o uso de métodos científicos e oferecer a possibilidade de integração com colegas de outras instituições de ensino, de modo a ampliar suas relações e sua visão, o Colégio Marista Pio XII, de Novo Hamburgo (RS), criou a PioTeC – Mostra de Projetos de Tecnologia e Ciências. A partir do projeto, os estudantes têm a oportunidade de se familiarizar com os processos investigativos por meio de categorias de pesquisa como Ciência da Computação, Matemática, Física, Ciências Especiais e Terrestres, Engenharia, Mecânica, Medicina, Meio Ambiente e reciclagem. E é sabendo da importância para a formação das crianças e dos jovens que o projeto é voltado para a difusão e a promoção da investigação e da pesquisa científica em todos os níveis de ensino.

Alunos do Colégio Marista de Brasília de Ensino Médio (DF) em debate promovido pelo Programa Maristão Faz Ciência.

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Participação dos estudantes do Colégio Marista Pio XII (RS) na PioTeC – Mostra de Projetos de Tecnologia e Ciências.

© Foto: Acervo Colégio Marista Pio XII (RS)

Fazer iniciação científica ainda na escola é preparar os estudantes para o Ensino Superior e para o aproveitamento de programas governamentais de estímulo à pesquisa e inovação. Por isso, o Programa Maristão Faz Ciência, do Colégio Marista de Brasília de Ensino Médio (DF), tem como objetivos fortalecer o ideal de formação de pesquisadores, estimular e produzir trabalhos científicos compatíveis com as possibilidades de estudantes do Ensino Médio, por exemplo. O incentivo acontece no âmbito de uma linha de pesquisa ou de um observatório, como também nas variadas interfaces, dependendo do objeto da curiosidade dos alunos. Entre os 143 estudantes envolvidos, desde quando o projeto foi criado em 2011, surgiram 28 produções acadêmicas e dez publicações, mostrando o resultado do projeto de incentivo que pretende ampliar o interesse pela pesquisa em consonância com o Projeto Educativo Marista, que enfatiza a pesquisa como um dos pilares de sua proposta pedagógica.


Quando um aluno levou uma bola para a sala de aula, começaram a surgir vários questionamentos sobre sua cor, sua forma, de que material era feita, entre outros. Durante as pesquisas, os alunos mostraram o interesse pela Copa do Mundo. Foi quando deram início ao projeto A Copa do Mundo é Nossa, e uma investigação, com a interação dos pais, começou no Colégio Marista Pio XII, em Ponta Grossa (PR). Para enriquecer a pesquisa, os alunos trouxeram bandeiras, reportagens, fotos, chuteiras, uniformes da seleção, mapas e objetos de torcida. A sala de aula já não conseguia conter tanta informação e vontade de descobrir mais. Os alunos realizaram uma experiência na qual visitaram o estádio da cidade, Germano Kruger, e pôde-se perceber o quanto o projeto foi significativo, pois os pequenos demonstraram muita curiosidade durante o processo. A pesquisa proporcionou aos alunos a oportunidade de serem protagonistas da construção de novos conhecimentos.

© Foto: Acervo Colégio Marista Assunção (RS)

Alunos do Colégio Marista Assunção, de Porto Alegre (RS), são estimulados a desenvolver pesquisas científicas.

© Foto: Gilberto do Rosário

Com o objetivo de trabalhar com a construção do conhecimento a partir do questionamento, da argumentação, do aprofundamento de informações e da coleta de dados, os alunos do Colégio Marista Assunção, de Porto Alegre (RS), participaram de um projeto de iniciação científica. Os estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio foram divididos em grupos e escolheram as linhas de pesquisa para realizarem o trabalho. Ética, consumo, diversidade, qualidade de vida e movimentos sociais foram algumas das temáticas propostas. Além de três encontros de orientação e dos plantões de dúvidas ao longo do 1º e do 2º trimestres, os grupos participaram da banca de defesa do projeto e da Mostra de Iniciação Científica. Encerrando o projeto, no 3º trimestre, os jovens elaborarão o relatório final. Os estudantes ainda terão a possibilidade de apresentar suas pesquisas em universidades como PUCRS e UFRGS. Um dos diferenciais da iniciativa é que cada grupo tem um professor orientador que acompanha o trabalho ao longo do ano. A iniciativa não se restringe à área das ciências da natureza, mas se destaca provocando reflexões atuais e ampliando os conhecimentos adquiridos em sala de aula.

Alunos do Colégio Marista Pio XII, de Ponta Grossa (PR), recebem visita dos jogadores do time da cidade.

Por meio das pesquisas, o jovem se sente valorizado, pois é um agente indutor dos estudos, e que contribui de forma expressiva para seu crescimento e amadurecimento. Marco Túlio Fauth, bancário, pai de Arthur Gabriel Fauth, estudante do 2º ano do Ensino Médio no Colégio Marista Pio XII, de Ponta Grossa (PR).

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© Fotos: Gilberto do Rosário

entrevista

Revolução do ensino Com nova plataforma, alunos, pais e professores da Rede de Colégios Maristas ganham uma nova possibilidade de democratizar os mais variados conteúdos e levar os debates para fora da sala de aula com a ajuda da internet Por Mahani Siqueira

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Não é segredo para ninguém que os livros digitais – que podem ser lidos em smartphones, tablets e computadores – são uma tendência irreversível do mercado editorial e ganham cada vez mais adeptos. As páginas em papel continuam insubstituíveis para muitos leitores, mas a tecnologia é uma aliada da leitura que não pode ser ignorada e que, se bem aproveitada, pode ser fundamental para incen-

O que é exatamente o iTunes U?

Para quem a plataforma está disponível?

tivar o hábito de ler e (por que não?) auxiliar estudantes de todo o mundo. Ciente da revolução digital dos livros, a Rede de Colégios do Grupo Marista colocou em prática um projeto que já é usado em algumas das maiores universidades do mundo. O iTunes U, plataforma virtual criada pela Apple, disponibiliza na internet uma variedade imensa de conteúdos didáticos e oferece uma experiência

Trata-se de uma plataforma criada pela Apple que disponibiliza recursos de aprendizagem e é utilizada pelas maiores instituições de ensino do mundo, como as universidades de Harvard, Yale e Stanford, nos Estados Unidos, e Oxford, na Inglaterra. As instituições distribuem conteúdo digital em seus canais gratuitamente. São palestras, vídeos, cursos, artigos, entre outros. A Apple apoiou o processo de implementação em todos os momentos, esclarecendo dúvidas sobre a plataforma.

O iTunes é um aplicativo que pode ser baixado gratuitamente, em equipamentos com sistema operacional iOS ou Windows. Qualquer pessoa que acesse o iTunes pode ir até o canal “Colégios Maristas” e baixar todos os materiais disponíveis. O canal exclusivo dos Colégios do Grupo Marista oferece conteúdo de qualidade para uso não só dos nossos alunos, mas de todos. Estão disponíveis cursos completos com e-books, vídeo-aulas, podcasts, artigos inéditos e aplicativos desenvolvidos para auxiliar a aprendizagem.

sem precedentes na democratização de informação para alunos, pais e educadores. Em entrevista para a revista Em Família Marista, a analista educacional do Grupo Marista, Caroline Costa Serqueira, uma das responsáveis pela implantação do projeto, falou sobre o funcionamento do iTunes U e todos os benefícios que a iniciativa vai garantir aos envolvidos.

Quais os principais benefícios que alunos terão com o acesso ao iTunes U?

Qualquer canal que disponibilize conteúdo aberto é uma vantagem para todos nós. O iTunes reúne instituições de ensino do mundo todo que validam os materiais publicados, isso é, o canal passa a ser uma fonte segura de acesso à informação.

Como é o processo de elaboração dos materiais?

A partir da experiência com os livros de história, em que uma equipe trabalhou para construir os primeiros materiais, passamos a ter diversas experiências com livros digitais na rede de Colégios, sendo que cada unidade conduz o trabalho do seu jeito: o que melhor se adequa à sua realidade e principalmente às suas necessidades. Os livros estão partindo das necessidades de cada Colégio, que acabam encontrando uma nova forma de produzir seu próprio material.

O canal exclusivo dos Colégios do Grupo Marista oferece conteúdo de qualidade para uso não só dos nossos alunos, mas de todos.

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entrevista Os professores tiveram formação para a aplicação desses livros em sala de aula?

Estamos em um momento de descobertas e não vemos nos livros digitais uma solução ou sobreposição de práticas. Isso tem que acontecer naturalmente e precisa fazer sentido nos contextos, contribuindo para que os alunos aprendam cada vez mais e com mais significados. Não existe fórmula para que isso aconteça. Os professores procuram por formações e informações e essa escuta é a mais valiosa, pois a partir dela nasceram as experiências que estamos vivenciando. As formações acontecem de acordo com as necessidades.

Os professores procuram por formações e informações e essa escuta é a mais valiosa, pois a partir dela nasceram as experiências que estamos vivenciando.

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Quais foram os conteúdos mais acessados e bemsucedidos desde o início da utilização da plataforma?

Os primeiros livros, de História, idealizados por professores do Colégio Marista Arquidiocesano, certamente são os que tiveram mais visibilidade. Esse material teve mais de 22 mil downloads em menos de um ano, sendo 80% de usuários do Brasil e os outros 20% em outros países, como EUA, Espanha, Portugal, França e Alemanha Temos também releituras criadas pelos próprios alunos, histórias criadas por professores, reunião de materiais sobre algum tema específico, que não consta em materiais didáticos. As experiências estão acontecendo em todas as esferas.

Qual a importância desse tipo de projeto para o aprendizado dos alunos?

Em tempos em que as tecnologias nos trazem dúvidas e desafios impostos diariamente devido à sua rápida e constante evolução, sua apropriação nas escolas e por seus sujeitos passa a ter importância quando forem compreendidas como meios para um fazer pedagógico que problematiza, intervém, acompanha e contribui para mudanças, qualificando a formação integral.


índice

POR aLine andreS

destaque

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alunos Maristas conquistaram primeiro e segundo lugares em Festival de Música, concorrendo com grupos acostumados com eventos desse porte.

com a palavra

ed. infantil

ens. fundamental

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O que pensa o Diretor-Geral.

Educar com liberdade não é tarefa fácil. Saiba como encontrar a “fórmula certa”.

Professora de Matemática fala em respeito e cita o diálogo como melhor forma de proximidade com os alunos.

ens. médio

diz aí

caleidoscópio

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Pais e educadores devem estar bem informados sobre a rede e estabelecer limites.

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Pais e filhos dividem o mesmo espaço nas redes sociais. Saiba o que seu filho pensa sobre isso.

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você sabia?

gente nossa

ser melhor

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Mesmo após a aposentadoria, Seu Nelson faz questão de permanecer na Instituição. Para ele, o carinho das crianças é o que vai levar consigo para sempre.

Ex-aluno, hoje parceiro comercial do Colégio, demonstra sua satisfação em hoje poder atender a Instituição Educacional.

Relembre os principais acontecimentos do Colégio.

Conheça algumas ações da Pastoral.


com a palavra

Perspectivas

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Colégio Marista Frei Rogério

O problema está lançado para reflexão de educadores e pais: vamos reproduzir o esquema atual da sociedade para as novas gerações? Seremos capazes de mostrar-lhes, na prática, outras alternativas?

ir. roque Brugnara Diretor-Geral

© Foto: Acervo do Colégio

Nosso tempo nos faz refletir sobre as formas de viver. No passado, a humanidade se dedicava basicamente a conseguir o essencial para se alimentar, mesmo assim abaixo do que era necessário. As técnicas agrícolas e industriais levaram à produção em larga escala, que originou consumo na mesma proporção, diminuindo custos e aumentando a quantidade de produtos disponíveis. A sociedade resolveu o problema da quantidade por meio da padronização e da eficiência dos meios de produção. Hoje, exigem-se das pessoas habilidades e competências para que possam se encaixar no mundo da produção e do consumo em massa. A escola participa desse processo reforçando o modelo competitivo que se implantou aos poucos na sociedade. Com certeza, cada um de nós deseja ser melhor. Até a dimensão religiosa nos convida a isso. A Bíblia usa a linguagem da dualidade, tal como "luz e trevas", "vida e morte", "salvação e perdição". O Evangelho sugere claramente: “Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). Em muitas outras passagens o tema da perfeição é abordado. As tecnologias nos levam agora para a diversificação. Há tantas coisas disponíveis que já não podemos utilizar tudo o que nos é oferecido. Precisamos selecionar o que queremos usar, de acordo com o estilo de vida que escolhemos. Faz algum tempo, um programa de televisão apresentou uma entrevista com uma pessoa que escolheu viver de modo simples, com pouco, reduzindo ao mínimo o consumo. Ela dizia que, dessa forma, não precisaria trabalhar tanto e poderia usar o tempo para dar atenção às pessoas, para dedicar-se à cultura, para usufruir da natureza sem se estressar, como os demais da sociedade, correndo para ganhar mais dinheiro, para consumir mais, como se a felicidade dependesse apenas disso. O problema está lançado para reflexão de educadores e pais: vamos reproduzir o esquema atual da sociedade para as novas gerações? Seremos capazes de mostrar-lhes, na prática, outras alternativas? O ônus da resposta não será só nosso, mas de toda a sociedade. Parece que não haverá fórmulas mágicas e definitivas. Tal como o processo de padronização, que se implantou aos poucos, também a riqueza da diversidade será descoberta e conquistada aos poucos. Estejamos abertos a ela.


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© Fotos: Acervo do Colégio

ed. infantil

que se sente acolhido respeita regras

Todo ser humano Educar com liberdade não é tarefa fácil. Muitos pais ainda não encontraram a “fórmula certa”. 20

A coordenadora psicopedagógica do Colégio Marista Frei Rogério, Elisete Marisa Peruzzo, tem uma visão muito clara a respeito da afetividade na educação. Para ela, todo ser humano que se sente acolhido e ouvido consegue respeitar regras. Portanto, segundo ela, afeto e autoridade são palavras que devem estar sempre presentes em todas as relações estabelecidas entre professor e alunos, pais e filhos.

Colégio Marista Frei Rogério

As relações entre professor e alunos e entre eles próprios, na sala de aula, são sempre envolvidas por sentimentos, sendo que a afetividade constitui o motor propulsor do ato educativo. O diálogo, ressalta ela, é o ponto fundamental. “Ambos ganham muito com a troca advinda do diálogo amoroso, o que facilita todo o processo ensino-aprendizagem”. Elisete faz um alerta: “Hoje, as escolas e os professores sofrem a


influência da violência que assola a nossa sociedade e das condições impostas pela vida moderna que afastam mães, pais e responsáveis do convívio dos filhos. Isso impossibilita a transmissão de valores éticos e morais, de hábitos e mesmo de atitudes indispensáveis à convivência social”. Para ela, a ação conjunta da escola com a comunidade escolar interna e externa pode auxiliar as atividades escolares, fazendo-as fluir normalmente. “O professor exerce a sua autoridade trabalhando com a competência que lhe é devida tanto no que diz respeito aos conteúdos quanto aos procedimentos de ensino, além de respeitar e fazer-se respeitar, sabendo dosar um ambiente democrático sem cair no espontaneísmo”. A educadora cita um “contrato pedagógico”. Para ela, como todos os acordos que celebramos na vida (aluguel, casamento, compra e venda de um carro, por exemplo), a tarefa educativa também é um pacto com aspirações e obrigações. “Não se trata de definir unilateralmente o que não é permitido fazer na sala de aula e na escola, mas de abrir um diálo-

go entre a equipe de profissionais do colégio e alunos a fim de estabelecer o que é bom e necessário à convivência coletiva dos sujeitos. Como em todo diálogo, esse também pressupõe a possibilidade de rever posições, se necessário. Assim, todos poderão incorporar e cumprir as normas de conduta”. Elisete diz ainda que educar com liberdade não é uma tarefa fácil e que a grande maioria ainda não conseguiu encontrar a “fórmula certa”, o que, em muitos casos, ocasiona a chamada “ditadura dos filhos”. “Desse modo, sem conseguir dar limites aos filhos, muitas famílias transferem para a escola toda a responsabilidade de educar seus jovens e crianças. É preciso entender que o caráter formador da educação perpassa laços de carinho, respeito, cobrança de responsabilidades, regras construídas e assumidas coletivamente, respeito à palavra do outro. Por isso mesmo, pais, educandos, educadores e todos os envolvidos precisam assumir essa proposta, caminhando na mesma direção com coerência no agir e no falar”.

Não se trata de definir unilateralmente o que não é permitido fazer na sala de aula e na escola, mas de abrir um diálogo entre a equipe de profissionais o Colégio e alunos a fim de estabelecer o que é bom e necessário à convivência coletiva dos sujeitos. Colégio Marista Frei Rogério

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Educar com amor é mais do que possível,

é necessário

Professora de Matemática fala em "respeito" e não em "medo" e cita o diálogo como melhor forma de proximidade com os alunos.

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Colégio Marista Frei Rogério

Quando você observa um educador que consegue interagir com seus alunos de forma educada e amorosa, tem a certeza de que não é possível educar sem amor. Quando esse professor ainda leciona uma matéria considerada por muitos como de grande dificuldade – no caso, Matemática – e que causa em alguns momentos até mesmo de rejeição, é a certeza de que o afeto pode ser um grande aliado na arte de educar. Esse é o caso da professora Fernanda Ferreira, do Colégio Marista Frei Rogério. Para ela, no ditado “aprender pelo amor ou pela dor” só existe uma opção. “É importante destacar que o afeto não se limita ao carinho físico propriamente dito, mas em laços criados através de elogios, do saber ouvir,


© Fotos: Acervo do Colégio

dar atenção, interessando-se com o aluno e com suas ideias. Além do afeto, procuro tornar a aula leve e o ambiente tranquilo; tento fazer com que os alunos sintam-se à vontade comigo e, consequentemente, com a disciplina. É importante que o ambiente de estudo seja calmo e que o ‘clima’ seja favorável para a troca de conhecimento e aprendizagem”, conta. Sobre uma possível perda de autoridade, ela é enfática: “Espero respeito, não medo. E o respeito é conquistado por minha postura como educadora e da coerência entre fala e ações diárias e do que é combinado no início do ano letivo. Uso um tom firme, nunca agressivo. Respeito para ser respeitada. Não admito desorganização e bagunça, bem como falta de respeito com quem quer que seja. Cobro organização e limpeza da sala e uma postura correta com colegas e professores”. Para ela, o temor à Matemática existe, sim, e é algo cultural e difícil de modificar. “Aí entra a importância da empatia entre professor e aluno; quem tem que promover esse laço empático é o professor. A partir do momento em que há diálogo e interação, o aluno estará mais receptivo às explicações, ao material didático e às atividades propostas, o que facilita a aprendizagem”. Sobre esse diálogo entre educador e aluno, ela reforça que deve ser constante e intenso, ainda mais quando se trabalha com adolescentes. “Nessa fase, eles precisam de atenção. Eu procuro ouvi-los, na medida do possível, e tento me aproximar deles. Pequenos gestos como sorrir, escutar, refletir e respeitar são, entre tantos outros, o que nos aproxima e torna a relação mais leve e prazerosa. Essa proximidade faz com que aconteça um diálogo melhor entre professor e aluno. E deixo-os à vontade para que expo-

nham suas dúvidas, suas dificuldades, permito que haja troca de experiências de vida e procuro fazer com que eles se sintam seguros ao conversar comigo e expor suas dúvidas”. Fernanda cita o educador Paulo Freire, que escreveu “o professor autoritário, o professor licencioso, o professor competente, sério, o professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso da vida e das gentes, o professor mal amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum deles passa pelo aluno sem deixar sua marca”. E conclui falando sobre a dimensão do papel do professor na vida do aluno: “É muito importante e imensurável. Cabe a nós refletir: que professor eu sou? Que marca quero deixar? Não é uma pergunta de fácil resposta, muito menos a missão de educar, mas, sem dúvida, todo educador é digno de reconhecimento e aplausos pelo simples fato de se doar”.

Colégio Marista Frei Rogério

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Internet:

a dose separa o remédio do veneno

Pais e educadores devem estar bem informados sobre a rede e estabelecer limites.

Muitos são os artigos que têm como base a questão do uso consciente e construtivo das redes sociais, mas nada melhor do que uma educadora que, além de trabalhar na área, é mãe de um adolescente de 14 anos que estuda no Colégio Marista Frei Rogério para nos esclarecer sobre o assunto. Marines Michelon Zardo é graduada e pós-graduada em Educação Física, com diversos cursos na área de tecnologia. Foi uma das implantadoras do projeto "Um Computador por Aluno", do MEC, na Escola de Educação Básica Melo e Alvim, em Herval d´Oeste. Questionada sobre como os pais e até mesmo os educadores poderiam e deveriam lidar com a questão “uso de internet”, ela foi enfática: “Penso que, acima de qualquer coisa, os pais e professores devem estar muito bem informados sobre o assunto, devendo os primeiros procurar, na própria internet, maneiras de como instruir as crianças, pois esse tipo de informação deve ocorrer o mais cedo possível, antes mesmo que a família libere o uso das tecnologias”. Marines citou como exemplo o telefone celular, que está, conforme ela, sendo dado às crianças muito cedo, já com acesso à internet. “Nessa era digital, não há como os pais fugirem do mundo tecnológico, já que é impossível educar os filhos sobre o assunto se os próprios pais não o dominam. A solução é interagir com os filhos digitalmente, criar coragem e começar a fazer parte do mundo deles. No caso do professor, muitas vezes ele se depara com alunos que já detêm um conhecimento bastante desenvolvido. Portanto, para

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Colégio Marista Frei Rogério


deixá-los aprender sozinhos a lidar com o mundo digital, seria o mesmo que deixar uma criança de três anos atravessar uma rua movimentada sem auxílio”, exemplificou. Já em relação ao uso das redes sociais, Marines disse que é preciso ter um foco definido. “Qual é o foco de um adolescente que está prestes a fazer um vestibular? Com certeza é o estudo. A orientação deve ser nesse sentido, de que ele se comunique com colegas da escola, professores e pessoas conhecidas que possuam o mesmo interesse. O professor deve estabelecer regras de conduta para seus alunos e os pais devem ficar atentos sobre os amigos em comum na rede. Li um artigo, há um tempo atrás, que usava o seguinte ditado popular quando falava na dificuldade que enfrentamos quanto ao uso das tecnologias: ‘A dose separa o remédio do veneno’. Então, quem deve prescrever essa dose? Pais, educadores ou responsáveis, ou seja, a família e a escola devem caminhar juntas com diálogo e informação”.

Nessa era digital, não há como os pais fugirem do mundo tecnológico, já que é impossível educar os filhos sobre o assunto se os próprios pais não o dominam. A solução é interagir com os filhos digitalmente, criar coragem e começar a fazer parte do mundo deles. No caso do professor, muitas vezes ele se depara com alunos que já detêm um conhecimento bastante desenvolvido. Portanto, para que ele seja um mediador consciente no bom uso das tecnologias, também deve estar bem preparado.

© Fotos: Acervo do Colégio

que ele seja um mediador consciente no bom uso das tecnologias, também deve estar bem preparado”. Indagada sobre os controles e se eles devem existir, a educadora foi direta ao afirmar "sim", tanto por parte dos pais quanto dos professores. “Sem nenhum controle, será que as crianças e os adolescentes teriam discernimento para julgar um conteúdo ou site?”, questionou. E completou: “Sabemos que, nessa idade, os jovens ainda são carentes de educação para a vida, dependendo da nossa orientação ao se depararem com as próprias dificuldades em relação ao mundo. Sem o acompanhamento de adultos, pais, responsáveis ou educadores, penso que a internet pode tornar-se um malefício”. Para a educadora, o uso consciente da internet impulsiona o desenvolvimento intelectual da criança, pois “é uma grande aliada quando usada para esse fim”. Porém, ao mesmo tempo, a introdução à tecnologia não anda junto com o desenvolvimento emocional, por isso a orientação é fundamental. “Não podemos

Colégio Marista Frei Rogério

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diz aí

o que você pensa

dos seus pais

{ou parentes mais próximos}

? © Fotos: Acervo do Colégio

estarem nas redes sociais

JoÃo viTor SHÜrMann daL PrÁ 7º ano A

Maria edUarda MarTinS 7º ano B

aManda YaSHiro 3ª série EM

“Eu acho legal meus pais estarem conectados às redes sociais, pois além de eles ficarem sabendo do que ‘rola’ no mundo virtual, podem acompanhar de perto o que eu faço, com quem me relaciono e até compartilhamos fotos, posts e situações que vivemos juntos. Minha família está toda ligada às redes e eu não vejo nenhum problema nisso, até gosto de interagir com eles de uma maneira mais divertida.”

“Acho uma maneira diferente de ficarem por dentro das atualidades, pois não só crianças, jovens e adolescentes podem se divertir nas redes sociais. Às vezes, dá um pouco de trabalho, porque tenho que ajudar meu pai a postar fotos. Quando meus pais viajam, fico me comunicando com eles pelo Facebook.”

“Sempre interajo com meus pais nas redes sociais porque, neste momento, é o único modo de nos comunicarmos, já que há uma grande distância que nos separa. Na minha opinião, nenhum filho deveria se envergonhar por seus pais estarem interagindo com ele nas redes sociais.”

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Colégio Marista Frei Rogério


Pedro Bess de Campos 5º ano EFI

“Eu acho legal que meus pais usem as redes sociais, pois é mais uma maneira de nós nos conhecermos melhor e de eles também conhecerem um pouco mais sobre as pessoas com quem eu me relaciono. Mas acho também que, em certos momentos, o fato de tanto eles como eu estarmos conectados na busca de informações, notícias, ou mesmo jogando, atrapalha a comunicação entre nós. Em razão disso, nós ultimamente estamos tentando diminuir o tempo on-line, principalmente nos momentos em que estamos juntos.”

Opinião do Educador “Acredito que o relacionamento entre pais e filhos na internet pode ser saudável e trazer benefícios para a relação, mas isso depende muito da educação e do vínculo estabelecido no relacionamento diário. É preciso ter cuidado com os comentários e as mensagens deixados aos filhos, sobretudo os adolescentes, que muitas vezes podem se sentir constrangidos diante dos inúmeros ‘amigos’, que terão acesso a esse conteúdo. Porém, quando temos a possibilidade de estar junto dos filhos, não podemos substituir a relação afetiva, próxima, franca, por recados pela internet – apesar de reconhecer que ela pode ser uma extensão e uma forma de expressão desse afeto quando estamos distantes. Podemos aprender e ensinar os filhos a usar as redes sociais e os recursos disponíveis numa relação de confiança, observando e interagindo sem exageros, dando liberdade para que usem a rede, valorizando sempre o diálogo, no papel de pai e mãe que está conectado afetivamente ao filho.”

Robinson de Vargas Coordenador de Pastoral

Colégio Marista Frei Rogério

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caleidoscópio

Aula com tablets – Ensino Fundamental II

2014

© Fotos: Acervo do Colégio

Sala de Música

DIVERSÃO

ENSINO

Brincando na hora do recreio – Ensino Fundamental I

Aula de Biologia – Ensino Fundamental II

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Colégio Marista Frei Rogério


Atividade no pátio – Ensino Fundamental I

Aula de Artes - Ensino Fundamental II

Atividades – Educação Infantil

Aula de Ciências – Ensino Fundamental I

Colégio Marista Frei Rogério

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© Foto: Acervo do Colégio

destaque

Trabalho conjunto rende

conquista em festival Um trabalho conjunto entre a Pastoral Juventude Marista (PJM) e o professor de Música do Colégio Marista Frei Rogério Jaison Danielli resultou em conquistas positivas em 2013. A Pastoral deu continuidade a um trabalho realizado em 2012, o Fórum da Juventude, que culminou no ano passado com o Festival Vocacional, organizado em parceria com a equipe da Renovação Carismática da Paróquia Senhor Bom Jesus de Herval d´Oeste e que reuniu grupos de toda a diocese e também do Estado do Paraná. Por outro lado, o professor Jaison motivou seus alunos a participarem do festival, ensaiou com eles durante seis meses e o resultado foi muito positivo: integração, desenvoltura e, ainda, um primeiro e um segundo lugar na categoria “interpretação”. “O nosso trabalho é curricular e tem um segmento musical de caráter educativo baseado no processo de musicalização. Nosso objetivo não é formar musicistas ou instrumentistas e sim despertar a coletividade musical de maneira organizada e disciplinada. Como é uma disciplina do currículo escolar, todos os alunos participam do processo, cada um assume um papel diferente na construção musical. Esse trabalho tem por objetivo estimular o espírito de liderança e senso de coletividade, bem como reforçar, por meio dos estudos específicos, o desenvolvimento intelectual das crianças. Os resultados obtidos por meio das atividades propostas despertaram o interesse em um projeto frente à exposição dos trabalhos: um festival de música onde os alunos puderam mostrar, de maneira prática, que a organização e a disciplina podem trazer bons resultados. Mesmo que nem todos estudem de forma sistemática o seu instrumento, a habilidade cognitiva que o trabalho proporciona é nitidamente visível”, afirmou Jaison.

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Colégio Marista Frei Rogério

Alunos Maristas conquistaram primeiro e segundo lugares em Festival de Música, concorrendo com grupos acostumados com eventos desse porte.

Já Robinson de Vargas, representante da PJM, fez questão de frisar que a Pastoral do Colégio procura colaborar com a Igreja local promovendo ações que mobilizem a juventude, ajudando na evangelização. “Foi pensando na continuidade do trabalho realizado em 2012 com o Fórum da Juventude, que reuniu mais de 400 jovens que debateram a realidade juvenil com os líderes da Igreja, que promovemos o Festival Vocacional, com o objetivo de reunir novamente o público das pastorais e dos movimentos eclesiais para um evento artístico, que possibilita evangelizar através da música e despertar a reflexão sobre temas vocacionais. Vocação, no sentido religioso, é o chamado que cada um recebe de Deus para realizar-se como pessoa e participar na missão de evangelização. Há várias formas de responder a esse chamado. O ponto de partida, comum a todas as pessoas, é aceitar a vida como dom de Deus e tudo fazer para que ela seja valorizada em sua dignidade. Internamente, no trabalho desenvolvido no Colégio, a Pastoral estabeleceu uma parceria com o professor de Música, com a proposta de integrar a uma ação fora dos muros do Colégio, reforçando, assim, os conteúdos vistos em sala de aula, além de fortalecer a formação humana e cristã de nossos estudantes. Formamos um grupo de alunos que integram a Pastoral Juvenil Marista do Colégio para participar do festival. Com acompanhamento e orientação técnica do professor, ensaiamos durante dois meses a música ‘A Gente Faz Acontecer’. O primeiro lugar foi um resultado expressivo. O trabalho técnico do professor foi elogiado pelos jurados, já que nossos alunos concorreram com grupos acostumados com festivais dessa natureza”.



você sabia?

nelson: há 21 anos cultivando amizades Há 21 anos, mais exatamente, desde o dia 21 de junho de 1993, Nelson da Silva faz parte do quadro de colaboradores do Colégio Marista Frei Rogério na função de vigia, a convite do então diretor, Irmão Evilásio Tambosi. “Seu Nelson” – como passou a ser chamado pelos colegas e alunos – é natural do município de Piratuba. Nascido no dia 9 de setembro de 1958, veio para Joaçaba com apenas nove anos de idade. Sua experiência como segurança no Banco do Brasil durante oito anos o credenciou à vaga disponível na Instituição Educacional. “Foi um presente para mim. A única coisa que eu mudaria nessa história, se pudesse, era ter vindo antes para cá. São 21 anos de muito aprendizado, dedicação e carinho com todos que eu convivi aqui”, declarou. Seu Nelson reforça o amor pelo seu ofício: “Trabalhar em banco é mais sério, permite pouco contato com o público, pouca conversa e a média de idade de quem frequenta é sempre superior a 15 anos. Foi aqui que tive o maior aprendizado da minha vida e foi o convívio com as crianças que me permitiu isso. Os pequeninhos, quando vão embora, não saem pelo portão sem me cumprimentar dando tapinhas e soquinhos com as mãos, enquanto os pais esperam no carro. Minha maior alegria é conviver com quatro gerações de uma mesma família, pois conheço os avós, os pais e os filhos e, agora, alguns ex-alunos já têm os seus próprios filhos estudando aqui também”.

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Com memória impecável, “Seu Nelson” recorda os nomes dos diretores do Colégio Marista Frei Rogério sem necessitar recorrer a anotações. “Quando entrei, o diretor era o Irmão Evilásio Tambosi, que permaneceu mais seis meses. Estive com o Irmão Délcio Balestrin por seis anos; depois o Irmão Gilmar Helmann por um ano; o Irmão Nilton Squersato por quatro anos; o Irmão Paulinho Vogel por mais três anos. E com o Irmão Roque Brugnara até a presente data”. Quanto à sua rotina de trabalho, ele a classifica como “muito boa”. “Estou aqui das 17 às 24 horas. Fico durante a saída dos pequenos até às 19 horas e, depois, cuido do ginásio até às 23 horas. Mantenho a ordem conforme as normas do Colégio, mas sempre em um nível de muita amizade. Não permito namoricos nem aqui dentro nem lá fora e se há algum desentendimento durante um jogo, eu amenizo sempre com muita tranquilidade. Nem mesmo praticar esportes sem camisa eu permito, afinal, temos crianças aqui e respeito é fundamental”, afirmou. Questionado sobre o convívio com a Família Marista, ele enfatiza o quanto é grato pela oportunidade de viver esse relacionamento. “Nada define melhor do que a palavra ‘família’ e, nesse caso, eu me refiro aos

Colégio Marista Frei Rogério

© Foto: Acervo do Colégio

Mesmo após a aposentadoria, ele permanece na Instituição e afirma, com convicção, que o carinho das crianças é o que vai levar consigo para sempre.

Irmãos Maristas, os funcionários, os alunos e seus familiares. Eu passo na rua fora do horário de trabalho e cumprimento as crianças, elas dizem para suas mães ‘olha, o Seu Nelson, que diferente sem uniforme’, eu me divirto com isso. Ex-alunos, hoje adultos e casados, vêm até aqui e me trazem fotos que tiramos juntos em outras épocas. Eu deixo as fotos na estante da minha casa. Participo dos eventos, da festa junina, dos torneios de pais... E, nas férias, eu e o Irmão Nelson Crestani realizamos algumas pescarias”, declarou sorrindo. “Já visitei outros Colégios Maristas e uma viagem que guardo com muito carinho foi para Campinas, em São Paulo, para participar do Vivemar. Foi uma semana de orações, conhecimento e diversão. Sou realmente muito grato por isso”. Seu Nelson está aposentado há dois anos, mas não lhe ocorre a ideia de parar de trabalhar. “Fiquei trabalhando mesmo depois da aposentadoria a pedido do Irmão Roque e quero permanecer por muito tempo. Acompanhei cada reforma, o processo de construção da nova ala, do ginásio, do estacionamento e, agora, a implantação do elevador, mas é o carinho das crianças que vou levar comigo por toda a minha vida”, finalizou.



gente nossa

“Ser parceiro comercial do antigo Colégio é uma conquista positiva.” © Fotos: Acervo pessoal

Ex-aluno demonstra sua satisfação em hoje poder atender a Instituição Educacional. Para ele, os ensinamentos aprendidos no Educandário moldam o que é hoje como profissional.

A experiência vivenciada no Colégio Marista Frei Rogério é, segundo o ex-aluno Marista, André Grigolo, algo marcante e que vai levar para toda sua vida. Grigolo entrou no Educandário ainda no pré III, em 1990. Permaneceu na Instituição até o famoso terceirão e, daquele período, recorda-se dos professores e amigos. Hoje, Grigolo é um empresário bem sucedido na cidade de Joaçaba. Formado em Engenharia Elétrica, atende diversas indústrias, comércios e instituições – entre elas, o antigo Colégio. Proprietário da empresa Condux Engenharia e Materiais Elétricos, localizada na área central da cidade, afirma não saber nem expressar o quanto isso significa. “Eu tenho um carinho muito grande pelo que vivenciei na Instituição, um orgulho de tudo que aprendi. Mantenho até hoje amizade com meus colegas de escola e professores. Ser parceiro comercial, então, é uma conquista positiva para a minha empresa, afinal, sei da exigência do Educandário e da responsabilidade que tenho”, afirmou ele. Buscando pela memória, Grigolo fala sobre as atividades extracurriculares como os grupos de formação, as gincanas e os treinamentos. “Por um lado, sempre existiu um rigor, uma exigência de horários, uniforme, respeito, ou seja, disciplina. Por outro lado, um ambiente repleto de oportunidades, de conhecimento, diversão e prática esportiva. Lembro-me, com muito entusiasmo, dos treinos e das competições de handebol de que participava”. Entre uma fala e outra, o empresário sempre destacava o jargão “você pode ser um ex-aluno, mas nunca um ex-Marista” e completava: “Certos ensinamentos, quando transmitidos e assimilados pelo ser humano, mol-

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Colégio Marista Frei Rogério

dam um pouco de nós para o resto da vida. Eu aconselho, a quem tiver a oportunidade, estudar em um Colégio Marista. Entendo que, além da formação técnica, que é excelente, existe toda uma preocupação com o ser. Acredito que isso está no objetivo da Instituição – desenvolver a pessoa por completo, formando um profissional competente e mais humano. Esse é um diferencial que é fundamental nos dias de hoje e nos que ainda virão”.



ser melhor Quem pode doar: Para doar SanGUe é PreCiSo:

© Fotos: Acervo do Colégio

l Ter entre 16 e 67 anos (jovens com 16 e 17 anos devem estar acompanhados de um responsável legal); l Pesar mais de 50 kg; l Sentir-se bem e com saúde; l Estar alimentado; l Apresentar documento com foto.

Projeto agregou crianças, pais e instituições em prol da solidariedade Doação de sangue foi o tema trabalhado com os pequenos, que repassaram informações aos pais, parentes, amigos e também em ação direta com a comunidade. O Colégio Marista Frei Rogério, através das professoras Simone Schlindler e Kelly de Lima, em parceria com a Pastoral Juvenil Marista (PJM) e o Hemocentro de Joaçaba, desenvolveu o projeto Super-heróis do Dia a Dia, que consistia em trabalhar o imaginário das crianças em prol de uma ação solidária: a doação de sangue. “Toda geração tem super-heróis. Defensores do bem no mundo real e na fantasia, esses personagens são importantes para o imaginário infantil. Assim, o projeto surgiu ao observarmos que as brincadeiras no corredor lúdico sempre apresentavam em destaque um super-herói imaginário (Mulher-Maravilha, Batman, Homem-Aranha). O objetivo maior era que elas percebessem que, no mundo real, também há super-heróis, tais como policial, bom-

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beiro, pais, enfermeira, médicos... Como o projeto envolvia os valores de solidariedade, companheirismo e o cuidado com o outro, direcionamos o trabalho para a conscientização da doação de sangue, em que esses heróis seriam os pais, amigos, familiares, enfim, a comunidade”, destacou a professora Simone. Os resultados do projeto, conforme a professora, foram significativos. “Foi expressivo tanto para nós, professores, como para os alunos, pois os pais relatavam o interesse dos filhos em convidar conhecidos e familiares para a doação de sangue”. A ação dos pequenos alunos foi para fora da sala de aula e da casa dos pais, pois, em conjunto, eles participaram de abordagem no centro da cidade entregando às pessoas materiais de divulgação e expondo a preocupação através de cartazes.

Colégio Marista Frei Rogério

nÃo Pode doar QUeM: l Fez cirurgia recentemente; l Estiver em jejum prolongado; l Tomou bebida alcoólica há menos de 12 horas; l Fez tatuagem ou colocou piercing nos últimos seis meses; l Teve gripe ou febre nos últimos sete dias; l Estiver grávida ou amamentando; l Usa determinados medicamentos/drogas; l Teve contato com múltiplos parceiros nos últimos 12 meses; l Não tiver dormido pelo menos seis horas na noite anterior.

* Homens podem doar sangue num intervalo de dois meses, não ultrapassando quatro doações por ano. * Mulheres podem doar sangue num intervalo de três meses, não ultrapassando três doações por ano.

(Fonte: Hemosc/Joaçaba)

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O FTD Digital Arena é a primeira plataforma tecnológica de imersão multicultural do Brasil, que reúne características de um planetário digital e uma sala de projeção com tecnologia 3D de alta definição. Um espaço tecnológico e multidisciplinar inédito que oferece propostas educacionais, culturais e entretenimento às escolas, universidades e público em geral. Confira a programação completa no site.

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essência

© Fotos: Acervo pessoal

ir. virgílio Balestro Irmão Marista Colégio Marista Paranaense, de Curitiba (PR)

O desafio e a provocação

no ensino atual “A tua convicção é que te impele, porque escolha prepara escolha”, reitera o filósofo Epicteto (50-130). Se a falha está na vontade, cabe à inteligência apontar o caminho; quando é a inteligência que desconhece o caminho, cumpre haver alguma força externa que aponte a via e a solução. Zeferino Vaz ceifou o canavial, em Campinas, e implantou a Unicamp, a mais austera e competente das nossas universidades. Perguntado sobre a sua prioridade, respondeu que era o professor, e o repetiu três vezes. A sua prioridade constitui o trio do pódio: primeiro, segundo e terceiro lugares. Antes, porém, preveniu-se e preveniu as autoridades: se a política entra pela porta, a ciência foge pela janela. Há, acima do mestre, o comando, o diretor, o reitor, o dirigente, o coach. O comando precisa de liderança, cultura, responsabilidade e proficiência. Precisa de QI, mas nunca QI de “quem indica”. Mudando o que cumpre mudar, as ideias de Zeferino Vaz e Epicteto valem tanto para a escola pública quanto para a escola particular. Por quê? Justamente porque a corrida e o jogo substancialmente dependem

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de criteriosas escolhas sempre, com o seguinte dramático adendo: os alunos fazem o principal e o decisivo em sumo grau, e eles não pertencem propriamente ao exterior do comando e da escolha. Alunos são pessoas; são moral e intelectivamente atletas profissionais. Precisam mais de disciplina que os demais atletas pelo peso imenso da transformação que devem produzir em si próprios; na conta do bom resultado, só aprende quem quer; todos a todos educam; todo o bom ensino educa e toda a boa educação ensina. Se na escola Y nenhum mestre, nenhum funcionário e nenhum aluno atira papelucho no chão sagrado da escola e do pátio por um ano inteiro, o visitante sabe que aquela escola é excelente. Há países cujas escolas fazem literalmente isso: aí as escolas são excelentes e as poucas nações que lograram a proeza estão na primeira fila. Cumpre responder bem ao desafio revolucionário: “A quem vamos entregar a inteligência, a mente e o coração dos 50 milhões de crianças e jovens se não for aos 2% do melhor alunado em liderança, notas e habilidades escolares, tudo criteriosamente comprovado?”,

que Gustavo Ioschpe, que sabe tudo da educação do Brasil e do mundo, colocou na capa do livro “Que Quer o Brasil Quando Crescer?”. O leitor sabido percebe que não faltam peritos que conhecem a realidade profunda e apontam a solução. Nenhum deles prioriza o mero aumento do salário, sempre importante, mas nunca decisivo. Mais que profissão, o magistério é missão e apostolado.


As mudanças na educação

© Foto: Sxc.hu

Vivemos a pós-modernidade e, com ela, seus desafios. O fundador do Instituto Marista, São Marcelino Champagnat, tinha como um dos seus lemas que, para bem educarmos uma criança, é preciso, antes de tudo, amá-la! Esta máxima faz muito sentido nos dias de hoje. Somente amamos verdadeiramente aquilo que conhecemos, portanto, o papel de educar é conhecer o seu interlocutor, seu estudante!

Essa frase nunca me fez tanto sentido como agora que trabalhamos e convivemos com essas novas gerações. Para bem educarmos, é preciso conhecer a subjetividade do nosso estudante, sua historicidade e seus anseios e sonhos, para que, assim, em um processo diário de ambiente escolar, consigamos, apoiados por ferramentas pedagógicas, estimular o conhecimento das ciências peculiares à educação. Poderíamos parafrasear esse conceito com o universo tecnológico em que vivemos, onde nossas crianças e nossos jovens são nativos digitais e têm pouco presentes os conceitos nos quais seus atuais educadores foram educados e ensinados. Todo esse histórico no universo escolar faz com que nos adaptemos diariamente ao novo que chega. Contudo, nós, adultos e educadores, não nos esqueçamos de que nossos estudantes estão vivenciando um processo educativo, no qual a escola é um “laboratório”, permitindo acertos e erros, fazendo com que os ajudemos a serem melhores quando estiverem no mundo do trabalho e na vida adulta. Para reforçar o que temos trabalhado, vou me valer de um dos grandes pensadores brasileiros da área educacional, Paulo Freire, que afirmou: “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. Portanto, meus caros, para cativar é preciso conhecer, ir a fundo e ser apaixonado por aquilo que se faz, caso

contrário, se tornaria rotina e uma mera necessidade. O educador tem o papel de mediador e estimulador, contudo, o artífice e o protagonista é o estudante! Içami Tiba, nos seus vários escritos, nos fala da parceria que devemos ter entre família e escola, usando a metáfora das seis mãos: as da família, as do estudante e as da escola. Assim sendo, faremos um processo de construção no qual todos compreenderão o que é educativo e que temos um papel a cumprir.

Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Paulo Freire

ir. Gérson dresch Diretor do Colégio Marista Assunção, de Porto Alegre (RS)

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Legado de uma missão Durante uma Missão Solidária Marista, os papéis de doador e receptor se intercalam o tempo todo. Para a população que recebe a missão, fica uma semente de transformação para ser cuidada e poder continuar agindo na vida de cada um Por Michele Bravos

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© Fotos: Michele Bravos

solidariedade

No começo deste ano, cinco cidades brasileiras em situação de vulnerabilidade social receberam a Missão Solidária Marista. O evento é anual e tem como objetivo promover a vivência de valores e a transformação pessoal de jovens Maristas e dos cidadãos. Segundo o Ir. Joaquim Sperandio, superior provincial do Grupo Marista, o Grupo investe nisso porque acredita que os jovens – Maristas e não – precisam mudar individualmente. “É claro que vamos contribuir para melhorias físicas na cidade, mas, ao final de tudo, a transformação deve ser pessoal e interior”. Durante a MSM, missionários e comunidade local trabalham juntos o tempo todo. De um lado, os jovens propondo se doar à cidade, em visitas missionárias, fazendo melhorias concretas, como pintura de muros, restauração de praças, colônia de férias para as crianças, entre outras atividades. Do outro, a população aceitando receber essas ações, acolhendo os jovens missionários em suas casas, participando de uma procissão pela cidade. Os jovens Maristas não apenas saem de lá transformados (confira os depoimentos na pág. 7 desta edição), mas também deixam um legado para a população. Conheça alguns moradores de Ponte Serrada, uma das cidades que recebeu a MSM neste ano, e o que a passagem dos jovens por lá significou para eles. Eduardo Coppini é prefeito de Ponte Serrada e ex-integrante do grupo de jovens Eu me identifico muito com esse evento. Quando mais novo, eu fiz parte do grupo de jovens de Ponte Serrada, na época, comandado pela D. Maria de Almeida, a Mariazinha. Fazíamos trabalhos próximos a esses que estão sendo realizados aqui no município. Para a nossa cidade, esse é um evento que só tem a somar. Ele proporciona que os jovens da nossa cidade despertem cada vez mais para a importância que é de fazer o bem para o próxi-


A escolha das cidades mo e se envolver com causas sociais. Um evento como esse provoca até um despertar para a política. Essa é uma área que precisa de ideias novas, de pessoas que tragam consigo, nos seus corações, valores atrelados à solidariedade, para que se tenham resultados favoráveis para a população. Ilma Vicensi, 61 anos, é moradora da região de São Lourenço e vive da aposentadoria e da fabricação de vassouras Desde que nos mudamos para cá, já nos envolvemos com a igreja local. No começo, eu tinha vergonha, insegurança até mesmo de fazer uma leitura para todos durante a missa. Não achava que tinha instrução suficiente. Aos poucos, isso foi mudando. Fui me sentindo mais confiante. Quando o padre disse que nossa comunidade iria receber missionários, eu fiquei feliz, mas fiquei pensando se saberia receber alguém na minha casa. Então, tomei coragem e aceitei esse desafio. Para mim, receber um missionário foi um ato de coragem, que me ajudou a trabalhar questões pessoais. Salete Costa, 51 anos, abriu as portas de sua casa para acolher um missionário Eu sempre vi a minha mãe recebendo missionários em nossa casa. Era uma forma que tínhamos de contribuir para a missão. Para mim, é uma honra poder receber um jovem na minha casa. A gente cria um carinho por eles. É uma companhia diferente naquela semana. É como um filho. Eu não queria que ele fosse embora. João de Almeida, 46 anos, é pai de Isabela de Almeida, 5 anos, participante da colônia de férias da MSM no bairro COHAB Muitas crianças aqui não têm com o que brincar. Quando tem essas

atividades, elas podem participar e todo mundo se diverte. Os pais também ficam contentes. É uma alegria ver os missionários de fora da cidade trazerem felicidade para os nossos filhos. Ações assim são muito bonitas. É disso que nossa cidade precisa. Geverson Dave, 16 anos, é um jovem de Ponte Serrada e participa da Pastoral da Juventude Mesmo eu sendo morador de Ponte Serrada, vi situações na MSM que nunca tinha visto antes. Em um dos dias, fizemos uma caminhada pelo bairro Cohab, onde eu moro. Fiquei muito chocado quando passamos por uma rua em que as casas eram apenas uma barraca de lona. Eu mesmo nunca tinha andando por essa região do bairro, nem visto essa realidade. Ao me deparar com essa situação, eu repensei a forma como tenho valorizado o que tenho. Às vezes, reclamamos muito e deixamos de buscar o melhor.

Normalmente, as cidades que recebem uma Missão Marista possuem algum vínculo Marista, o que facilita a organização do evento. Em geral, há um diálogo entre o Setor de Pastoral e a Diretoria Executiva de Ação Social (DEAS). São eles que apontam sugestões de cidades e decidem os locais, levando em consideração diversos contextos sociais (metrópole, médio porte e cidades de interior) e de diferentes localizações geográficas. Esse foi o caso de Ponte Serrada neste ano. Em 2013, os jovens da Pastoral da Juventude contaram com um grande apoio da população para irem à Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro. Como forma de retribuição a tudo o que a população fez por eles, surgiu a ideia de trazer uma Missão Solidária Marista para a região. Em contato com o Ir. Alison Hufu, natural da cidade, mas que atualmente mora em Dourados (MS), a missão começou a ser construída.

Susineia Bassani é presidente da Pastoral da Juventude de Ponte Serrada No começo, achávamos que não seríamos capazes de ter uma obra tão grande, um momento de missão tão intenso, mas fomos assumindo e dizendo os nossos sins. A intenção de tudo isso era agradecer a nossa comunidade e tornar o rosto de Deus mais conhecido ainda. Agradecemos a todos pelo o que vivemos nessa semana. Momentos de intensa vivência com os jovens, com as famílias que os receberam – tanto nas visitas missionárias, quanto nas hospedagens. Nessa semana, uma semente foi plantada em nossa comunidade. Tanto pelos jovens daqui como de outras regiões. O desejo que fica é para que sejamos transformadores da nossa história, protagonistas em nossa essência. Que sejamos participativos.

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© Foto: Renata Salles

como fazer

acompanhamento é diferente de intromissão

As redes sociais já fazem parte da rotina dos adolescentes, mas todo esse universo de postagens, fotos e muito bate-papo deve ser acompanhado pelos pais. A tarefa não é fácil, mas a revista Em Família traz algumas dicas para que os pais consigam monitorar as interações dos filhos sem que pareça intromissão Por Elizangela Jubanski

As redes sociais tomaram conta da rotina dos adolescentes. Em casa, no celular ou na escola, acessar perfis on-line tornou-se “febre” entre esses internautas, que muitas vezes precisam de certo direcionamento no mundo virtual. E cabe aos pais executar essa empreitada com muita conversa e acompanhamento. O que deve acontecer – sem medo de parecer intruso – é um monitoramento mesmo. Ficar atento a postagens do filho, fotos, amizades recentes e até mesmo à superexposição na rede. Afinal, ninguém conhece tão bem a rotina desses internautas quanto os próprios pais. A advogada e pedagoga Cristina Sleiman é especialista em Direito Digital e alerta que os pais devem conversar com os filhos sobre a maneira de se comportar nas redes sociais. “Essa verificação nos perfis não deve

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ser negligenciada de forma alguma. É preciso explicar aos filhos que qualquer rede social deve ser entendida como a extensão da vida presencial, ou seja, nada de outro mundo ou coisa parecida. Tudo que se faz em uma rede social deve ser pensado e analisado exatamente como acontece em uma relação interpessoal na escola, por exemplo”. É exatamente assim que a família Magalhães media as publicações nas redes sociais. A escritora Cláudia Magalhães, mãe dos adolescentes João Pedro, 14 anos, 9º ano, e Alice, 12, 7º ano, ambos do Colégio Marista Paranaense, acredita que confiança e supervisão são elementos indispensáveis nessa relação. “Nada deve acontecer de maneira que sufoque a confiança que a gente deposita neles, mas, mesmo assim, pode ter certa inocência nas postagens e nossa

outra visão é que deve auxiliar nisso”, garante. Os irmãos adoram redes sociais. Embora, para eles, o Facebook já não seja tão acessado assim, outras redes como Instagram, Twitter e WhatsApp continuam fazendo parte das atividades do dia a dia. “Eles levam o celular para a escola, mas fica desligado: isso é regra. Em casa, Alice acessa mais pelo celular, já o João Pedro gosta mais do computador para jogos online”. Para as postagens, algumas recomendações da mãe. "A roupa tem que estar legal, nada muito chamativo, fotos de viagens só algumas, nada de ficar postando tudo que faz no dia”, esclarece. Cláudia não tem perfil em rede social e mesmo assim acompanha as postagens. Outra regra – na verdade chamada de “combinado” na família Magalhães – é quanto ao horário dedicado na


O pais precisam ficar atentos com o excesso de exposição e manter os perfis dos filhos de um modo restrito, para que apenas os conhecidos tenham acesso a fotos ou informações.

Quem responde?

rede. “Eles já têm horários com aulas em diversos dias da semana, acaba sobrando pouco tempo para fazer nada, mas, mesmo assim, hora de rede social é quando eles já fizeram tudo que tinham para fazer, ou pelo menos parte”, destaca. Na visão dos adolescentes, a preocupação é válida. João Pedro conta que esporadicamente aparecem pessoas de fora para interagir nas redes sociais. “A gente conversa bastante sobre isso e até mostro os vídeos que recebo para minha mãe, mas às vezes aparecem umas pessoas que eu nunca vi na vida”, reclama. Já Alice diz que também não se incomodar com as “investidas” da mãe. “Como eu já sei que ela gosta de ver e dar uns palpites, já mostro a foto que quero compartilhar e pronto”, brinca. Esses “combinados” que acontecem na família Magalhães são atitudes com as quais a especialista Cristina concor-

da. “O pais precisam ficar atentos com o excesso de exposição e manter os perfis dos filhos de um modo restrito, para que apenas os conhecidos tenham acesso a fotos ou informações”, alerta. O mesmo olhar atento, segundo ela, deve ser transferido quanto a postagens de viagens e tudo que possa chamar a atenção de pessoas que estão fora do contexto da família ou dos amigos. “A gente nunca sabe quem está por trás de um computador vendo fotos da nossa família”, diz a advogada. O pai dos adolescentes, o engenheiro José Magalhães, concorda com a especialista e acredita que a internet, assim como as rede sociais, tem muito a agregar, mas com regras. “A tecnologia tem que vir a nosso favor. Como tudo em excesso faz mal, assim é com as redes sociais. Não adianta proibir, principalmente porque, hoje, elas também são uma boa ferramenta para se informar”, defende.

O que os pais não podem esquecer é que qualquer postagem que tenha cunho ofensivo ou que fira a integridade de alguém pode ser levada à justiça. “É primordial entender que as leis regulamentam nossa conduta independentemente do meio, portanto, crimes contra a honra, por exemplo, independem do meio utilizado para sua configuração”, explica a advogada e pedagoga Cristina. Nesses casos, os adolescentes (menores de 18 anos) podem até mesmo cumprir medidas socioeducativas, enquanto os pais respondem processo civil. “Cada caso é analisado de maneira diferente, mas uma simples brincadeira, se mal interpretada, pode causar muita dor de cabeça e prejuízo financeiro”.

Na prática Poucas e boas atitudes já fazem a diferença: l Monitorar as postagens (textos, imagens e outros compartilhamentos). l Ver de que grupo de conversas o filho participa. l Ficar atentos aos horários que ele está online. l Estipular períodos de acesso às redes sociais.

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compartilhar

SeM FronTeiraS A minha sugestão de programa para alunos do Ensino Médio, especialmente para o terceirão, é o Sem Fronteiras, da Globonews. Esse programa traz discussões de temas polêmicos atuais, nacionais ou internacionais, no qual alguns especialistas são consultados acerca da temática. Favorece quem quer ter óticas de análise sobre a conjuntura atual. Maria dôres Makowski, professora do Ensino Médio no Colégio Marista Frei Rogério, em Joaçaba (SC).

PorTaL UniCaMP Gosto e indico o site http://m3.ime.unicamp.br/portal/ porque nele há a possibilidade de encontrar vídeos, simuladores e atividades ligadas à matemática. Os vídeos têm duração média de 10 minutos e abordam assuntos ligados ao cotidiano sem perder o foco na parte acadêmica. Vale a pena conferir. eder Miotto, professor do Ensino Médio no Colégio Marista Santa Maria, em Curitiba.

QUaL é a TUa oBra?

O livro Qual é a Tua obra? inquietações Propositivas Sobre Gestão, Liderança e ética, de Mario Sergio Cortella, apresenta uma convocação a refletirmos a respeito de nossa verdadeira existência, uma motivação a compreendermos que nossa obra é muito maior que qualquer atividade por nós já realizada. Esse livro é um presente a todos que sentem as inquietações no processo de formação de liderança e que acreditam que o seu maior compromisso é a solidariedade e a alteridade. Carla klein, professora do Ensino Fundamental no Colégio Marista Cascavel (PR).

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HiSTÓria diGiTaL O História Digital foi criado pelo professor Michel Goulart com a intenção de divulgar o uso das mídias digitais na educação, assim como experiências criativas em sala de aula. Em pouco tempo, seu conteúdo se tornou referência no aprendizado de história, do Ensino Fundamental ao pré-vestibular. Considerado o melhor blog de história no país em 2012, o Guia do Estudante indicou os perfis da página no Twitter e no Facebook entre os melhores para estudar nas redes sociais. http://www.historiadigital.org Michel Goulart, professor do Ensino Fundamental e Médio no Colégio Marista Criciúma.

SoBrevivi Para ConTar

© Fotos: Divulgação

O livro trata de um depoimento de Immaculée Ilibagiza durante o genocídio que destruiu Ruanda em 1994. Ao longo da obra, ela conta como conseguiu sobreviver emocionalmente ao massacre de sua família e aos momentos aterrorizantes por que passou. É uma história comovente e que deixa aos leitores uma mensagem de amor e muita fé à vida. rute kuhn knaut, professora do Ensino Fundamental no Colégio Marista Pio XII, de Ponta Grossa

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diversão

E aí,

o que fazer? Por Elizangela Jubanski

Com a chegada das férias escolares é preciso progra- desse cronograma tão apertado que os filhos possuem mação e, acima de tudo, manter os filhos envolvidos e nas horas vagas. Que tal propor alguns passeios além de ativos. Eles querem ir a todos os lugares possíveis, ex- shoppings e compras? perimentar um pouco de tudo, e cabe aos pais cuidar

GoiÂnia Quem passa na Rodovia dos Romeiros fica impressionado com a grandiosidade dos Painéis da Via Sacra, que possuem 16 quilômetros de extensão, a maior galeria a céu aberto do mundo. O artista plástico Omar Souto buscou retratar os principais momentos da Paixão de Cristo. Dando continuidade ao passeio, o Museu de Arte Contemporânea possui um acervo de 500 obras, com desenhos, gravuras, esculturas, pinturas e reproduções. E para os mais curiosos, o Museu Estadual Professor Zoroastro é uma boa pedida. Fundado em 1946, ele guarda documentos históricos, artefatos indígenas, arte sacra e popular, objetos da Revolução Industrial, folclore e muitas outras atrações. Vale a pena tornar as férias um programa cultural!

Que tal conhecer um pouco mais do lado cultural de Brasília? A Catedral Metropolitana, na Esplanada dos Ministérios, foi projetada em 1967 por Oscar Niemeyer e possui obras de Di Cavalcanti. Além de serem ligados por pontos claros, os vitrais coloridos mudam conforme a luz do sol, nos arcos de 18 metros de altura, no Santuário de Dom Bosco. Outra dica é conhecer o Memorial JK, local em que está enterrado o corpo do presidente Juscelino Kubitscheck e onde há uma exposição permanente de documentos e fotos que contam a história da construção da capital, além da biblioteca com mais de 3 mil exemplares. Conhecer o Museu de Valores do Banco Central é roteiro obrigatório, lá está a maior pepita de ouro encontrada no Brasil, em Serra Pelada, de 62 Kg, além de um total de 125 mil peças de moedas e cédulas nacionais e estrangeiras. Aliada a isso, o local abriga a maior coleção do mundo das obras de Portinari. Fica a dica!

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© Fotos: Divulgação

BraSÍLia


SÃO PAULO São Paulo reserva ótimas atrações para quem quer conhecer um pouco mais de história e cultura. O Museu de Arte Moderna, um presente de Oscar Niemeyer para os paulistanos, marcou e agitou a cultura brasileira e guarda ótimas exposições para quem é apaixonado ou curioso por arte nacional e internacional, contando no seu acervo com obras de Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Portinari, por exemplo. Que tal conhecer a arquitetura europeia do Museu do Ipiranga? O local possui um valioso acervo com peças da república e do império, uma boa aula de história que pode ser completa com uma visita à biblioteca que tem mais de 100 mil volumes. Para encerrar esse breve roteiro, a Estação da Luz é perfeita! Construída em 1901, projetada em estilo vitoriano e com material para sua construção trazido da Inglaterra, o local encanta até mesmo que mora em Sampa. Que tal essa aula de história e cultura com os pequenos?

SANTA CATARINA Santa Catarina também reserva ótimas visitas culturais. O Museu de Arte de Santa Catarina, fundado em 1949, instalado no Centro Integrado de Cultura e reserva um acervo que conta, além de outras coisas, a história do Estado, possui em seu acervo artistas como Di Cavalcanti, Portinari, Djanira, Emeric Marcier, Volpi, Tarsila do Amaral e outros, contabilizando aproximadamente 1775 obras. A Casa da Alfândega é um local que visa resgatar e dar continuidade ao artesanato do Estado, um recorte de história é guardado no local. Outra boa pedida é o Museu Nacional do Mar – Embarcações Brasileiras, onde estão disponíveis para visitação mais de 91 barcos em tamanho natural, cerca de 150 peças de modelismo e artesanato naval e a Coleção Alves Câmara, do século XXI. O local reserva, ainda, muitas outras atrações. Vale a pena a visita durante as férias ou em um fim de semana em família.

PARANÁ No estado do Paraná, conhecer o Museu Oscar Niemeyer é uma boa aula de arte, arquitetura, urbanismo e design. São 17 mil metros de área expositiva, considerada a maior da América Latina, que, além de expositora, realiza cursos e oficinas abertos ao público. Para quem gosta de saber como era o passado, o Museu Histórico Padre Carlos Weiss, que ocupa o belo prédio da antiga Estação Ferroviária de Londrina é ideal. Lá estão preservadas as memórias dos bons tempos da cafeicultura da região. Outra dica é a visita à Catedral de Nossa Senhora da Glória, em Maringá, que tem 114 metros de altura e tem um mirante com vista panorâmica. Para os aventureiros que queiram a experiência, é preciso subir 482 degraus pra chegar lá em cima. Com toda certeza, as férias deles estão garantidas com essas aulas de cultura e história!

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© Foto: Estúdio Cafeína

olhar

Você já teve

a minha idade

“Calma, isso vai passar! Já tive sua idade”. Quem nunca ouviu isso? Não era fácil ouvir, dava uma sensação de que a gente era incompetente, ingênuo, uma verdadeira “anta”. Mas o que ninguém dizia era que, exatamente por passar pela situação, nos tornaríamos mais maduros e experientes. Faz parte do crescimento. Como diria o Rei Leão, é “o interminável ciclo da vida”. Na opinião dos nossos filhos adolescentes, nós somos muito chatos e exigimos demais. Não compreendemos que é difícil desligar o celular na hora do jantar, que é quase impossível ir dormir na hora certa e deixar de lado aquelas conversas superimportantes, que é uma experiência de quase-morte não poder ir àquela festa sei lá onde com sei lá quem. Somos realmente insuportáveis. Talvez queiram nos dizer: “Se você já teve minha idade, por que não me compreende?”. É verdade. Já fomos adolescentes e já esquecemos as dores de cabeça que demos aos nossos pais. Só que, aos olhos maternos e paternos, nenhum dos nossos pecados era tão grande e nossas chatices eram “normais”, pois a “corujice” só consegue ver a “maravilha” na qual nos tornamos. Entretanto, não podemos deixar de lado nossa “pegação no pé”, pois as intermináveis orientações e correções de rumo são necessárias. Certa vez, uma adolescente me disse: “Minha mãe devia me proibir de ir àquela fes-

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ta, pois vou perder aula no dia seguinte e depois vou me ferrar estudando sozinha”. Admirado com a reação, perguntei por que ela iria à festa mesmo sabendo das consequências. A resposta me fez lembrar das aulas de psicologia do adolescente: “É que eu não posso dizer aos meus amigos que eu não vou pra ficar estudando. Você não entende. Eu sei que era isso que eu deveria fazer, mas eu ia ficar mal com a galera”. Os amigos são mais importantes que a escola. Além disso, o futuro profissional está longe demais para ser alvo de preocupação agora. O tempo corre diferente para eles. O que fazer? Vamos parar de sofrer com as inconstâncias e ser totalmente compreensivos? Não. Esse não é o caminho. Temos que sempre apontar as contradições e tudo aquilo que pode trazer perigo a eles, pois o sentimento de onipotência é próprio da fase. Afastar as figuras de autoridade, incluindo pai e mãe, com discussões, teimosia e outras posturas imaturas é próprio de quem está descobrindo um jeito particular de ser. Cópias são desnecessárias, cada um tem que assumir seu jeito especial de existir no mundo. E isso só ocorre com os confrontos entre pais e filhos. Resumindo tudo na linguagem adolescente: “É melhor ser chato agora e realizado depois, do que ser ‘legalzão’ agora e arrependido depois”.

Marcos Meier é psicólogo, escritor e palestrante. Seu próximo lançamento, “Desligue Isso e Vá Estudar – Orientações Práticas para Pais” traz orientações preciosas sobre educação de crianças e adolescentes.

Temos que sempre apontar as contradições e tudo aquilo que pode trazer perigo a eles, pois o sentimento de onipotência é próprio da fase.


Com crianças e jovens na promoção de um mundo com direitos.

A Rede Marista de Solidariedade atua na promoção e defesa dos direitos da infância e juventude nas quatro áreas de atuação do Grupo Marista. Com esse objetivo, realiza o atendimento contínuo a crianças, jovens e famílias por meio de projetos socioeducativos; desenvolve estratégias de incidência política e fomenta ações de educação para a solidariedade em todo o Grupo Marista. Conheça mais sobre a solidariedade no Grupo Marista. Acesse solmarista.org.br ou facebook.com/solmarista


antes de tudo, é preciso entender: o que é medo? Medo significa uma espécie de perturbação diante da ideia de que se está exposto a algum tipo de perigo, que pode ser real ou não. Pode-se entender, ainda, o medo enquanto um estado de apreensão, de atenção, esperando que algo ruim vá acontecer. Ele interfere no modo de viver, pois causa reações quando estamos em estado de alerta.

e será que ele é de todo ruim? O medo é uma reação de alerta muito importante para a sobrevivência dos seres humanos, por isso pode ser considerado bom. Em muitos casos, faz com que as pessoas tenham cautela, pensem antes de agir. Uma pessoa que não tem medo de nada muitas vezes passa por situações que colocam sua vida em risco. Portanto, sentir medo pode ser algo positivo, quando gera reflexão, planejamento antes da tomada de qualquer atitude, protege vidas e evita consequências trágicas.

Já nascemos com medo? Não necessariamente, mas toda e qualquer emoção ou sentimento são construídos desde o instante da concepção, então, tudo aquilo que é vivenciado pela mãe durante a gestação afeta o bebê de algum modo, mesmo que inconscientemente.

Por que o medo do desconhecido? Todos os medos e traumas da mãe devem ser levados em consideração, mas lugares, sons e pessoas diferentes podem causar medo à criança, justamente como uma reação do organismo de alerta a possíveis situações de ameaça. Por isso, é comum a criança pequena ter medo de pessoas fantasiadas e de lugares barulhentos.

até que momento o medo é saudável? O medo só pode ser considerado tolerável quando ele não modifica a rotina do indivíduo. Há situações em que a pessoa, diante daquilo que a ameaça, paralisa, perde as condições de reagir, por exemplo. Pode-se chamar isso de fobia ou trauma. Nesses casos, a solução é procurar ajuda psicoterapêutica para tratamento, para que a pessoa possa falar e pensar sobre o assunto, além de, em alguns casos, vivenciar simulações com o objetivo de aumentar o enfrentamento diante da dificuldade.

o que fazer ao identificar que a criança ou o jovem tem determinado medo? Na família, sempre que a criança sente medo ou está assustada por alguma razão, é necessário acolher a criança e o seu medo, fazendo com que ela se sinta segura. Na escola, os professores devem tomar conhecimento de casos em que a criança tenha medo de algo e tentar amenizar, pois ele pode gerar insegurança e desestabilizar a criança, que deixará de ter foco na aprendizagem. Mas o acompanhamento de um profissional, quando o medo se torna excessivo, é fundamental, para que, desse modo, se evite que ele se intensifique e evolua para outros quadros.


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Algumas coisas não têm preço. A LIBERDADE é uma delas. O tema da Campanha da Fraternidade de 2014 é Fraternidade e Tráfico Humano. E a FTD entende que é fundamental ler, conversar e conscientizar os alunos sobre este tema tão importante, que infelizmente faz parte da nossa sociedade.

Confira as opções de leitura que oferecemos para você discutir este assunto na escola: Sumiço no Estádio Quando jogava bola, Dedê não prestava atenção em mais nada. Em uma tarde, enquanto acompanhava o pai, vendedor de pipocas na porta de um estádio, o garoto recebe um convite e... desaparece... O desfecho você fica sabendo em Estádio. Sumiço no Estádio Recomendado para o Ensino Fundamental I

0800 772 2300

De Olho no Tráfico Humano Ao ler este livro desafiador, o leitor conhece mais sobre o que é tráfico humano e por que muitos jovens, especialmente mulheres, caem nessa terrível cilada.

Recomendado para o Ensino Fundamental II

www.ftd.com.br


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