Revista Expressão Cultural Periférica_Ed 6

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Expressão Cultural Periférica, conhecido como ECP, foi criado em junho de 2012 e é um coletivo de comunicação e articulação sociocultural situado na região do Grajaú, Extremo Sul da cidade de São Paulo. Nosso objetivo é documentar e divulgar ações culturais e sociais que acontecem especialmente na região onde estamos localizados, e em outras periferias da cidade, como forma de registrar principalmente a cultura produzida nos territórios afastados do centro e ampliar o público que aprecia toda essa efervescência. Atuamos em quatro frentes: Em meio impresso com a Revista Expressão Cultural Periférica, com audiovisual produzindo matérias para nosso Canal no Youtube e para o Programa Periferias, transmitido ao vivo pela Internet, com o nosso blog e redes sociais, como forma de dinamizar o acesso a informação e sempre atingirmos o maior número de pessoas possível e com nossa Gráfica ECP, onde imprimimos nossa revista e fazemos parcerias com coletivos culturais e sociais para produzir material impresso com preços populares, como forma de auxiliar a produção artística das periferias em suas impressões.

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omo não poderia ser diferente, o período que separa uma edição da outra é de intenso trabalho, inúmeras conversas e muito conteúdo para editar, selecionar e deixar tudo o mais próximo da perfeição possível, (pelo menos essa é a intenção da nossa equipe). E com base nesse princípio, o ECP (Expressão Cultural Periférica), agradece a todos que puderam comparecer ao último lançamento, que participaram do debate sobre a literatura periférica e que de alguma forma nos acompanharam seja pela nossa página no face, no youtube e em outras redes sociais, nosso muito obrigada! O ECP marcou presença no circuito de palestras realizadas pelo Sesc SP sobre “A estética das periferias”, onde foi possível trocar experiências sobre as inúmeras ações existentes nas periferias da cidade e discutir estratégias de alcance e melhorias. Nosso coletivo também participou da festa de 20 anos do CAPS, no Grajaú, onde se pôde prestigiar o trabalho de artistas locais e fortalecer o vínculo com os vários agentes de cultura da região. Recebemos a ilustre palestra a respeito da economia solidária que pode ser aplicada na sustentabilidade dos grupos que trabalham com arte nas periferias, fazendo com que consigam se manter de maneira independente. O ECP foi convidado pelo CEDECA Interlagos a participar do encerramento da exposição “4 letras: Direito de Igualdade”, onde foi possível vivenciar o trabalho produzido por alunos do curso de Fotografia e Direitos Humanos referente a questão LGBT na periferia. Entre outros eventos que participamos, a Gráfica Comunitária já iniciou suas atividades e já pode receber trabalhos para colaborar com os coletivos da região no fortalecimento da caminhada. Tantas ações nos proporcionaram incríveis entrevistas, incontáveis fotos e áudios, além de experiência de vida que só se consegue quando nos dispomos a fazer, a transformar de maneira positiva o local em que vivemos. Todo este material foi sintetizado e colocado nesta edição que mais uma vez foi feita com muito comprometimento, respeito e amor. Esperamos que apreciem sem moderação! Boa leitura!

Coletivo Expressão Cultural Periférica Gi Barauna, Larissa Araújo, Larissa Costa, Michelle Marques e Valéria Ribeiro Coordenação Editorial Valéria Ribeiro Redação Aécio Magalhães, Bárbara Aquino, Danila Costa, Gi Barauna, Larissa Araújo, Larissa Costa, Maria Vilani, Michelle Marques, Thiago Borges e Valéria Ribeiro Colaboradores Aécio Magalhães, Carlinhos Costa, Eduardo Costa, Danila Costa, Edu Graja, Ivan Lima, Jaison Pongiluppi, Thiago Borges e William Mangraff Coletivos Parceiros Ateliê Daki, Casa Ecoativa, Jovens em Cena, Quebramundo, Periferia Hacker e Periferia em Movimento Capa: Jefferson Leal Contra-Capa: Jefferson Leal Projeto Gráfico e Diagramação Jaison Pongiluppi e Valéria Ribeiro Desing Gráfico: Jaison Pongiluppi Ilustração: William Mangraff Impressão Gráfica ECP Tiragem: 500 Exemplares E-mail: ecperiferica@gmail.com Telefone: (11) 5939-5917 (Valéria Ribeiro) (11) 95854-6101 (Valéria Ribeiro) Espaço Cultural ECP: Rua Alba Valdez, 03 - Jardim Reimberg (Grajaú) - Cep 04845-200 - São Paulo-SP ECP Na Rede Blog: https://ecperiferica.blogspot.com.br/ Perfil ECP: facebook.com/coletivoecp Revista ECP: facebook.com/revistaecp Programa Periferias: facebook.com/periferiasecp Canal no Youtube: Expressão Cultural Periférica


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m tempos incertos, nosso país vivencia momentos de apreensão quanto a seu futuro e nos questionamos qual será o destino da democracia. Continuamos a caminhada cotidiana, “matando um leão por dia” e sobrevivendo porque a vida não para. Mesmo sem aceitar o que uma minoria egoísta tenta nos impor, nos levantamos e permanecemos firmes, em pés, como deve ser. A cultura periférica não se rende e ergue a bandeira da arte o mais alto possível bradando a plenos pulmões que não se deixará abater! Tudo que se pode ter de valioso na vida é o aprendizado, este obtido em cada entrevista, em cada história que participamos como atores ou apenas ouvintes. O ânimo que se renova por meio de uma foto, uma pintura, escultura, literatura e música não pode ser retirado de dentro de nós. A a chama da arte permanece viva, os corações ainda pulsam alegres quando vivenciamos momentos de construção, identidade e convivência. Tempos difíceis podem ser positivos para trilharmos novos caminhos e ampliar nossa visão, trazendo parcerias nunca antes imaginadas, estreitar laços afetivos com a comunidade local e descobrir talentos outrora escondidos. Hoje é tempo de união, de ajuda mútua entre os “agentes de cultura periférica” para que a roda nunca pare e permaneça em movimento transformando vidas por meio da arte. Caminhando sempre em frente a passos largos ou curtos não desistiremos de acreditar no potencial das pessoas em produzir expressões que dialoguem com a emoção, com sentimento e com alma.

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s vozes que se erguem hoje, são os ecos da escravidão, a revolta é o desejo incontido de justiça em relação à supervalorização da cultura europeia em detrimento das culturas indígenas e africanas. Somos compostos por essas três matrizes, portanto devemos estreitar os nossos laços e nos convertermos em defensores de uma cultura plural. Devemos lutar com as armas da inteligência contra o discurso do ódio e do desejo de vingança, onde o ofendido ofende, ameaça e censura. A busca deve ser por justiça, e não por vingança. Os que foram dominados, oprimidos e ultrajados, devem lutar por uma sociedade igualitária, caso contrário, nos perderemos num mar de revides. Nós, que pertencemos às camadas mais pobres da sociedade, somos vítimas de uma ideologia que nos quer bipartir para melhor nos manipular. Os nossos ideais de conquista de direitos e de ressarcimento de danos não devem permitir que nos digladiemos, para não nos tornarmos presas fáceis. Por sua vez, a sociedade deve legitimar essas vozes que gritam contra a qualquer tipo de dominação, preconceito e racismo, mas esses gritos não devem se transformar em instrumentos de segregação, e sim de luta em prol da humanidade sem com isso permitir a diluição de seus conceitos e de suas peculiaridades... Não somos cem por cento negros, nem cem por cento brancos e nem cem por cento indígenas, somos totalmente negros, brancos e indígenas. Compomos a Nação Brasileira. Maria Vilani é Professora, poeta e ativista cultural.


Por Valéria Ribeiro

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o que afirma Varneci Nascimento, escritor com mais de 82 obras publicadas e quase 200.000 exemplares vendidos em quinze anos de carreira. A semente do cordel foi plantada na vida desse baiano de Banzaê, cidadezinha do interior com 11 mil habitantes, ainda criança. O pai lia muito para o garoto, além disso, havia um evento, que era um encontro de trabalho, um mutirão chamado batalhão, no qual eles trabalhavam o dia inteiro cantando e fazendo repente, improvisado, mas não usavam viola, a melodia era acompanhada pela batida da enxada. Em 1998 saiu de sua cidade natal para estudar, como não tinha com quem cantar começou a escrever, dai nasceu seu primeiro cordel, no ano de 1998, mas publicado somente em 2001, ano em que passou a viver exclusivamente da literatura. Varneci fala das dificuldades de quem está começando: “Quando está começando, principalmente trabalhos voltados para a cultura ninguém acredita na gente, todo mundo olha com reservas, a família, os amigos, leva o nome de preguiçoso”. Ele bancava suas obras e vendia. Foi construindo cada etapa, como qualquer outra profissão. “Pega as pedras que joga em você e constrói o seu abrigo.” Ensina. Estudou na Paraíba, celeiro dos autores cordelistas, e local de nascimento Leandro Gomes de Barros, pai do gênero. Veio para São Paulo definitivamente em 2007, depois de concluir a faculdade de História. Hoje participa ativamente da cena literária da cidade por meios dos diversos saraus que frequenta nos quatro cantos da megalópole. Vai para semear a semente do cordel para quem não conhece. “As pessoas gostam muito”, afirma. Muitos nordestinos se emocionam quando tem a possibilidade de encontrar histórias que marcaram sua infância como O Cachorro dos Mortos e o Pavão Misterioso. É um defensor aguerrido do cordel, pois percebe um grande preconceito com o gênero, principalmente nas universidades. O meio acadêmico acha que quem escreve cordel é escritor menor, fazem uma discriminação muito grande. “Não está (na uni-

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versidade)porque é chamado de popular, e na cabeça da elite literária o que é popular é souvenir”. Varneci acredita que com o trabalho de divulgação dos cordelistas atuais o cordel chegue às universidades, mas salienta que está dando trabalho corrigir os equívocos que fizeram com o gênero, como por exemplo dizer que para ser cordel tem de ter xilogravura. “É um crime” Fala o escritor revoltado com a falta de informação. Em sua obra o autor possui os mais variados assuntos, desde a bíblia até a iniciação sexual na zona rural. Transformou histórias já conhecidas em cordel como O massacre de Canudos, O Pequeno Polegar e Memórias Póstumas de Brás Cubas, dentre outros. Possui também os cordéis de humor, que o sustentam financeiramente, revela. “Porque esses são os aperitivos para que as pessoas comprem os outros”. Lançou recentemente o áudio livro, onde gravou os cordéis de humor. Também possui livros em prosa, mas ainda não foram publicados. Em meio a crise econômica brasileira Varneci continua sua batalha, assim como outros milhões de brasileiros. Em um momento de crise as pessoas cortam os gastos onde elas acham menos importantes, pois entre comer um feijão de 15 reais e comprar um livro é melhor comer o feijão, pois não vai ter força para ler o livro. Com esta constatação tão verdadeira finaliza, com certeza bolando novos versos sobre nosso Brasil.

Blog do Escritor varnecicordel.blogspot.com.br


Por Aécio Magalhães

O COLETIVO SE APRESENTA EM UM BAR, NA ZONA SUL DE SÃO PAULO, E LEVA SEMPRE AO PÉ DA LETRA A PALAVRA “LIBERDADE”

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os dias atuais, se comunicar, expressar sentimentos e defender ideologias não é uma tarefa fácil, as pessoas nem sempre falam de seus sentimentos, por vergonha ou simplesmente por não ter alguém que as ouçam. O Sarau Sobrenome Liberdade vem na contramão desses pensamentos e dá voz a indivíduos que compartilham expressões artísticas, ou qualquer ser humano que deseje falar. O sarau acontece em um bar, no Grajaú, zona sul de São Paulo, e os organizadores são escritores, poetas, músicos, educadores e artistas em geral. Criado em 2012, por Ni Brisanti e Damásio Marques, o projeto teve como ideia inicial a realização de um Fanzine, porém foi se transformando ao longo desses anos. Hoje, o Sobrenome Liberdade está bem alocado e atualmente Mano Ril, Eduardo Dias, Michele

qualquer pessoa pode se apresentar, basta dar seu nome e dirigir-se a um microfone, posicionado estrategicamente, e se expressar, por exemplo, citar um poema, cantar uma música, falar da vida, expor trabalhos, contar histórias, o que quiserem. Lá, a liberdade está acima de tudo. Michele Santos, escritora, professora e agitadora cultural há 03 anos no coletivo, acha importante que projetos culturais, como o Sobrenome Liberdade, estejam inseridos na periferia. “Muitas pessoas não saem da periferia, o mundo deles é a “quebrada”, então se faz necessário mostrar a arte e a cultura para eles”, diz a escritora. O Sarau traz acolhimento, amizade e solidariedade, há muita empatia entre os que participam, já as apresentações envolvem e emocionam o público, houve fases em que o sarau teve maior foco em determinadas áreas, com política, poesia, literatura, músicas... Porém, apesar dessa diversidade, o Sobrenome Liberdade, hoje, consegue andar com suas próprias pernas e ser um coletivo impar, que faz com que as pessoas sejam livres e acima de tudo, cidadãs.

O SARAU ACONTECE TODA 1 ª QUINTA-FEIRA NO RELICÁRIO ROCK BAR - RUA MANOEL DE LIMA, 178 - BAIRRO JORDANÓPOLIS

LIVROS Santos e Alessa Melo, compõem esse grupo artístico. O sarau agora possui uma identidade única, e também um grande número de pessoas que assistem e se apresentam. Alessa Melo, fotógrafa, designer e agitadora cultural, no coletivo desde o primeiro aniversário do Sobrenome, fala sobre o coletivo. “A identidade do Sobrenome é parte de quem o organiza, mas de fato é de quem frequenta, o coletivo acaba seguindo sozinho, ele molda através das apresentações, mas não muda”, conta a fotógrafa. Um bar foi o local escolhido pelo coletivo para a realização das apresentações, o motivo é bem claro, o estabelecimento é um espaço público e tradicional da periferia, além disso, a receptividade das pessoas é bastante favorável, pois não ficam inibidas para se expressarem. Essas apresentações acontecem por ordem de chegada e

* Toda via: Autora, Michele Santos Facebook: www.facebook.com/todaviapoesia/ Instagram: @todaviapoesia _________________________________________________

* Escritório de pensamentos: Autor, Mano Ril Facebook: www.facebook.com/escritoriodepensamentos/

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* Dia a Dias, autor, Eduardo Dias Facebook: www.facebook.com/diaadiasoficial Instagram: @diaadiasoficial

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Por Larissa Costa

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rincar de vestir é o que conhecemos por “Cosplay” uma manifestação iniciada nos EUA, porém com grande evolução no continente oriental. Hoje essa brincadeira cresce no extremo sul de São Paulo, na região de Parelheiros, onde os jovens se encontram no evento Daybreak Anime Fest especialmente para vivenciar Cosplay e interagir com a cultura oriental. Daybreak Anime Fest iniciou suas atividades no ano de 2014, hoje com parcerias traz ao evento a riqueza da tecnologia, realidade virtual e também comidas típicas orientais, não esquecendo de introduzir a importância de jogos de tabuleiro, campeonatos de games, karaokê e bandas regionais que são fruto da manifestação cultural tão cultivada. O principal intuito do evento é trazer para região de Parelheiros a expressão cultural que acontece em toda cidade de São Paulo e que a maioria dos jovens não tem acesso por conta de recursos financeiros e distância, sendo assim, o valor do ingresso para entrada fica por R$ 10,00, pois se trata de um evento principal que acontece de 6 em 6 meses. Porém, antes do evento principal, há o pré-evento que acontece nas unidades de CEU’s da região, onde tudo é gratuito e engloba as mesmas atrações. Bruno Froes Bermudes, coordenador do evento, informa que o Daybreak busca cada vez mais parceiros para expandir e levar aos outros extremos essa cultura, tra-

zendo aos jovens a conscientização das abordagens que existem na nossa região, incentivando todos ao compartilhamento de conhecimento social, cultural e disseminar tudo que abrande a customização de Cosplay.

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Bárbara Aquino Mendes é aluna do 6º ano B da Escola Professor José Geraldo de Lima, que é uma escola em Tempo Integral

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A I Mostra Cultural Adrião Escola aberta propõe a circulação de coletivos e pessoas na Escola Estadual Professor Adrião Bernardes, localizada na Estrada de Itaquaquecetuba, 9.553 - Ilha do Bororé (Grajaú-SP) com o intuito de trazer atividades culturais, oficinas abertas, dança, teatro, exibição de documentários, shows, palestras e workshop para a Escola, toda comunidade e seu entorno. O Adrião vem estreitando a relação com os coletivos e aproximando o diálogo com os mesmos, com isso a ideia é abrir as portas para a comunidade escolar através dessa iniciativa do Grêmio Estudantil.

A ESCOLA

ara mim, a escola José Geraldo é um lugar de experiências novas, um exemplo ótimo para a região Sul de São Paulo, nessa escola não viemos só para estudar e sim para conhecer pessoas novas e conviver com elas. A escola é integral, mas o tempo passa tão rápido. Já ouviu falar que quando fazemos coisas boas e legais o tempo passa depressa? É o que acontece aqui. Aqui as pessoas não são diferenciadas como professores, diretores e etc, sim como pessoas e amigos que nos ajudam a crescer e virar alguém na vida. Um adulto educado. Não sairemos daqui como apenas ex-alunos, sim como aquelas pessoas que um dia poderão mudar algo. Será que um simples bom dia, pode mudar o dia de alguém? Sim! É o que aprendemos na escola, educar para a vida, principalmente com amor. As melhores coisas são os projetos, eletiva, clube e etc. Nesses projetos temos a oportunidade de conviver com pessoas novas. Isso tudo também é cultura. Além de ser muito divertido.” 7


Ilustração: William Mangraff Arte Final: Jaison Pongiluppi

Centro Cultural Grajaú Recebe de 18 a 31 de Outubro O Festival Cultural Pangeia, Que Traz A Cultura Dos Países Da América Do Sul Para Confraternizar Com A Cultura Brasileria No Grajaú Por Valéria Por Ribeiro Valéria Ribeiro

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ão próximos geograficamente e tão distantes na convivência, assim costuma ser a relação entre o Brasil e seus vizinhos Sul Americanos. Essa barreira imposta muitas vezes pelo idioma acaba por esconder culturas próximas, com referências parecidas e riquezas infinitas. Pauliana Reis, 22, diretora do Festival Cultural Pangeia, sempre gostou de conhecer outros lugares. Começou a fazer o curso de espanhol há três anos, quando terminou sentiu necessidade de conhecer os países que falam o idioma. Daí até sua viagem para a Argentina foi um pulo. Ela e a irmã reservaram um hostel na capital Buenos Aires e nessa vivência conheceu peruanos, colombianos, dentre outras nacionalidades. “Foi uma troca grande”, diz ela. Um ano depois foram a Santiago, capital chilena. Com a segunda viagem o encantamento com as tradições culturais de nossos vizinhos só aumentou. Conheceu um outro carnaval, totalmente diferente do que temos aqui, “ o que era aquela música, o que é aquela dança?”, fala relembrando. Tinha muito mais crianças festejando do que adultos, diferente do que temos aqui. Pauliana conta outra experiência no mínimo curiosa. Foi em uma sorveteria no Chile, onde o cone do sorvete é para cima e a bola é para baixo, fala se divertindo com a situação. Das viagens nasceu a vontade de compartilhar e trazer um pouco dessas vivências para o Grajaú, distrito onde mora. Percebeu muito mais similaridades do que diferenças, tanto históricas, quanto nas tradições indígenas. O sonho começou a se tornar realidade quando conheceu


Thamara Lage e Renata Rodrigues, as três estudaram no instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias e coincidentemente haviam cursado o ensino médio na mesma escola, Maria Juvenal Homem de Mello, mas só se conheceram no Criar. Renata fez oficina de cabelo e maquiagem com Pauliana, Thamara fez fotografia. Dentro do próprio instituto tiveram contato com projetos socioculturais diversos e a partir dessa influencia das culturas nacionais e do contato com as comunidades a troca cultural foi crescendo e surgiu em 2015 o coletivo Mistura Arte. Thamara, apesar de não ter viajado para nenhum país vizinho e não ter cursado espanhol, também teve contanto com a cultura desses países por meio de oficinas de fotografia que fez com André Bueno e Rodrigo Branco. Eles viajaram para a Argentina e Chile, e trouxeram essas experiências para seus trabalhos. As três começaram a conversar sobre essas experiências e a ideia do festival cresceu e se tornou realidade quando foram contempladas pelo edital de 2016 do Programa VAI, Valorização de Iniciativas Culturais. Daí nasceu o Festival Cultural Pangeia, edição América do Sul, que contará com inúmeras atividades e com a presença de representantes de nove países. Começaram a buscar onde estavam os imigrantes

sul americanos aqui no Brasil, mais especificamente em São Paulo. O que fazem e como vivem esses povos. O nome Pangeia é uma referência ao nome do continente quando ele era uma só extensão de terra. Para o coletivo, todos os povos sofrem influências, nenhum é único. Passaram a participar de eventos como a Festa do Imigrante, no Museu da Imigração, foi onde conheceu uma pessoa muito importante para o projeto, Oriana Isabel Jara Carmona, que é da PAL, Presença da América Latina, uma organização da sociedade civil criada em 2004 com a finalidade de articular e fortalecer comunidades de imigrantes latino-americanos residentes no Brasil. Desses bate papos com a Oriana surgiu uma reunião, muitas ideias e muitos contatos. A organização entrou como apoio ao Festival, ajudando nas pesquisas e apresentando pessoas, e dentre elas Mônica Rodrigues, que é imigrante boliviana e está no Brasil há 12 anos. A experiência foi tão boa que ela acabou entrando para o coletivo também. É importante ter a voz de alguém que é imigrante dentro do projeto”, diz Pauliana. Foram feitas muitas pesquisas por todos do coletivo, juntaram tudo e conseguiram criar um festival riquíssimo, com inúmeras atividades. A concepção do Festival tem uma equipe grande

por traz: Pauliana Reis – Diretora do Festival; Mônica Rodriguez – Produtora ; Thamara Lage – Produtora e Curadora da exposição; Renata Rodrigues – Produtora; Priscila Magalhães - Produtora e Assessoria de imprensa. Para os dias de Festival haverá o apoio de uma equipe de mais 8 produtores que irão atuar na linha de frente da produção e auxiliando em todas as ações práticas. O Pangeia abrange várias linguagens, serão 14 dias de diversas atividades dentre exposição, gastronomia, música, workshops, dança, bate papos, exibição de documentários e exposição de cultura indígena do distrito de Parelheiros. Haverá barracas de gastronomia e artesanato, inclusive da PAL. A feira gastronômica vai rolar sábado e domingo, dia 22 e 23 de outubro com barracas do Brasil, Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai, Peru, Equador, Bolívia e Colômbia. Na mesa de bate-papo haverá uma conversa sobre políticas públicas culturais na américa Latina. Com com Oriana Jara, Presidente do PAL, Ives Berger, Diretor do Festival Soy Latino, Viviana Penã, coordenadora do CRAI e Gil Marçal, produtor cultural e atuante em diversas políticas públicas culturais. Jonaya de Castro, do coletivo Lab.E, será a mediadora da mesa. A exposição Origens marcará a abertura do Festival para o público no dia 18 às 18h. Haverá também coquetel e música ao vivo com Obinrin Trio e Projeto Tertúlia. Muitas pessoas ficaram impactadas com toda a grandiosidade do Festival e em como as meninas conseguiram articular um evento com tamanha variedade cultural e de programação tão diversa com o recurso do programa VAI I, Pauliana responde: “Nós estamos acostumados a fazer o máximo com o mínimo, não interessa quanto eu tenho, interessa até onde eu posso chegar”. O Festival é uma oportunidade de conhecer outras culturas, quebrar barreiras, vencer preconceitos e despertar para a riqueza cultural da América do Sul, nossos vizinhos. Será enriquecedor para todos os participantes. A troca com pessoas de diversas nacionalidades, que falam o idioma nativo, o contato com a cultura tradicional, que muitas vezes está inserida em nossa cultura e nem percebemos. São várias histórias de amor ao Brasil, ao seus países de origem e a essa mistura cultural. Serão momentos que ficarão para a história cultural do Grajaú.

Centro Cultural Grajaú - Rua Prof. Oscar Barreto Filho, 252 - Parque América - Próx. Terminal Grajaú - (11) 5925-4943/5924-9135

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Casa Rizoma é um espaço cedido pela família, como mesmo diz Juliano Argelin, “somos mais uma família do que um coletivo”, para unir pessoas que buscam aprender e compartilhar suas vivências. A família da Casa Rizoma é composta por Mônica Marques, Théo, Jéssica e Juliano Argelin. O Projeto surgiu para dar conta da necessidade de terem um espaço que de fato os coletivos pudessem realizar as atividades juntos, com independência, que fosse um local que “tivesse a nossa cara” conta Argelin, uma casa para discussão de diversos assuntos que permeiam a nossa periferia, como ecologia, vegetarianismo, feminismo, arte, anarquia e tantos outros. Acrescenta que, “na casa antiga já se reuniam coletivos ou os amigos mais próximos, amigos dos amigos dos coletivos”. A Casa Rizoma da Avenida Gonçalo de Paiva Gomes, 231A no Jardim Primavera, “é o espaço para promover tudo o que os integrantes consideram ser o melhor para eles e para o mundo”, explica ele. De acordo com o morador, buscaram o nome Rizoma porque “é um tipo de estrutura de raiz encontrado na natureza que cresce de forma descentralizada, que não cresce de um fio só, ela nasce de qualquer fio de forma entrelaçada como redes, e para ele a casa surgiu para representar a rede formada pelas raízes que crescem de forma descentralizada, horizontalmente”, conclui. Estamos sempre aprendendo e temos uma noção mesmo que intuitivamente de como devemos e queremos viver e a Casa Rizoma esta lá para as trocas, para as vivências e o aprendizado. Mudaram em Março de 2015 e em Julho ofereceram o curso sobre gêneros “Introdução ao Pensamento Feminista” com Jaqueline Conceição, coordenadora do coletivo Di Jejê, abordando um tema bastante importante para homens e mulheres, o que para eles foi uma troca muito rica, pois, a partir desse dia notaram que estavam certos, já no primeiro encontro com casa cheia, o que deu a eles a confirmação de que esse era o caminho. Após isso não pararam mais, exibiram muitos cines com o intuito de aprofundar o estudo da arte, aprofundar nas estéticas, não só a utilizar como ferramenta de consumo. Realizaram oficinas da história do Audiovisual, Linguagem e nessas oficinas aconteciam também às exibições de cines, tudo de maneira informal, algo que a casa preza como aprendizado. Neste mês de Outubro a Casa oferece os estudos de Permacultura Urbana

* 22/10 às 13h - Grupo de estudos de permacultura (oficina de projetos) * 29/10 às 13h - Grupo de Estudos de permacultura (mutirão) No dia 16 de Outubro de 2016 a Casa ofereceu a aula de terapia do SOMA EU uma vertente da SOMA terapia que é uma terapia anarquista criada por Roberto Freire. A terapia do SOMA EU foi desenvolvida por Rui Takeguma que explica que o SOMA EU é anarquismo somático ligado ao desbloqueio da criatividade e energia vital. Sendo assim, criatividade e energia vital desbloqueadas o corpo encontra o equilíbrio e auto cura. A Casa possui um evento inusitado e de grande sucesso, realizados uma vez ao mês, a Festa da Pizza Vegana, nesse dia moradores de diversos bairros frequentam a casa e quem participa é surpreendido por muita música, rodas de conversa, boas companhias e pizza a vontade.

Casa Rizoma Facebook: www.facebook.com/casarizoma Explicação sobre SOMA EU por Rui Takeguma: http://soma-eu.blogspot.com.br/2016/09/ o-que-e-soma-eu.html


AGOSTO TERMINOU COM UM GOLPE INSTITUCIONAL EM BRASÍLIA. E SETEMBRO SE ARRASTOU COM MANIFESTAÇÕES, RECUOS, REFLEXÕES. MAS E PRA NÓS, AQUI NAS PONTAS, O QUE PEGA COM ESSAS ARMAÇÕES ENTRE OS PODEROSOS LÁ EM CIMA?

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ogo no começo do mês, dezenas de artistas, ativistas, militantes entre outros moradores da região do Grajaú se reuniram no espaço da Cia Humbalada para avaliar juntos a conjuntura atual e preparar a resistência. “A democracia, na periferia, nunca existiu”, disse Fabiana Pimenta. “Nossa situação continua a mesma. O genocídio negro continua…”, observou Tatiana Monte. “O que muda do governo Dilma para o governo Temer é a perda de direitos”, apontou Bruno César Lopes. Ninguém nega que 13 anos de governo petista resultaram em migalhas pra gente aqui embaixo. Porém, o objetivo é não aceitar retrocessos em conquistas históricas, como os direitos trabalhistas e previdenciários, sem falar nos anunciados ataques do governo de Michel Temer à saúde e educação. Por outro lado, como falar em defesa da democracia se ela nunca chegou por aqui? Como considerar democrático um estado que permite a morte de 60 mil pessoas por ano? Os dados não mentem, muito menos a dor de quem foi vitimado nesse processo de genocídio do povo preto. Porém, o extermínio físico é apenas o resultado de um processo anterior, simbólico, naturalizado. Não é de hoje que sofremos golpes por aqui. Desde 1500, quando as primeiras caravelas portuguesas

aportaram nessas terras, tem gente lutando pela própria existência. Como é o caso dos Guarani Mbya. Aqui na nossa região, temos a terra indígena Tenonde Porã, com as aldeias Barragem e Krukutu, que juntas somam apenas 26 hectares. Quase 2 mil pessoas vivem nas aldeias, o que gera uma densidade demográfica de 26 pessoas por hectare – considerada alta para o modo de vida guarani mbya. A terra indígena foi demarcada em 1987, na mesma época da regularização da TI Jaraguá, na zona Norte de São Paulo, com apenas 1,7 hectare – a menor terra indígena do Brasil. Com a Constituição de 1988, que estabelece novos parâmetros para demarcação de terras, os Guarani Mbya passaram a reinvindicar a ampliação de seus territórios. O processo da Tenondé Porã teve início em 2002 e se arrastou ao longo de uma década, até ser aprovado

pela Funai entre 2012 e 2013, já no governo Dilma. Desde então, os indígenas iniciaram uma intensa campanha para que o ex-Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo assinasse as portarias declaratórias que reconhecem as terras indígenas Jaraguá e Tenondé Porã, incluindo manifestações na avenida Paulista, o travamento da Rodovia dos Bandeirantes e mais recentemente a ocupação de prédios públicos federais, incluindo o da Presidência da República em São Paulo. A primeira portaria foi assinada em maio do ano passado, com a ampliação de 532 hectares para os guarani mbya da Zona Norte. Com a entrada do governo provisório de Michel Temer, e que se tornaria definitivo meses depois, o novo Ministro da Justiça Alexandre de Moraes chegou a declarar ao jornal Folha de S. Paulo que poderia revogar as demarcações recentes, acendendo o alerta nos povos indígenas do Brasil. Dias depois, ele desmentiu a intenção de “desfazer” as demarcações. Ainda assim, Karaí Jegakua teme uma mudança brusca sem qualquer aviso prévio. Outro temor é a retomada da discussão da PEC 215, a Proposta de Emenda da Constituição que transfere a competência pela demarcação de terras do governo federal para o Congresso Nacional.

O texto preocupa os indígenas porque pode jogar a decisão sobre seu futuro nas mãos de deputados que representam os ruralistas – responsáveis pelos conflitos de terra e o genocídio indígena no interior do País. “Nossa luta não para”, garantiu Karaí Jegakua. Por aqui, é nóis por nóis!

Leia mais sobre esse e outros assuntos no site: www.periferiaemmovimento.com.br Curta nossa página: fb.com/PeriferiaEmMovimento

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Por Danila Costa

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“moderno” conceito de recreação foi criado e amplamente difundido nos EUA, no final do século XIX. Neste período, a Recreação foi revestida de uma finalidade social. Passou a ser vista como parte da religião, da educação e do próprio trabalho, sendo planejado e incentivado por entidades “sérias” (ex. YMCA – Associação Cristã de Moços). A princípio, os espaços utilizados para suas práticas eram simples parques infantis. Hoje é normal ter recreação por toda parte, seja em festas de casamento, festas infantis, festas corporativas e Hotéis fazenda, é uma boa opção para ter uma renda extra trabalhando na área. Nós da equipe do ECP fomos participar de um evento de Recreação no CEU Jaguaré na Zona Oeste de São Paulo, que aconteceu nos dias 25 e 26 de setembro, organizado pela equipe da Taís Oliveira Gomes de Brito de 29 anos, mais conhecida como Tia Caramelo que será nossa protagonista. O evento reuniu interessados em conhecer a área de recreação, profissionais da área e empresas apoiadoras. O grupo de amigos que realizou o evento se conheceu quando a Tia Caramelo começou a convidar pessoas próximas, para se reunirem e trocarem informações sobre recreação no parque Ibirapuera, a ideia surgiu pois Caramelo estava com dificuldades em trabalhar com crianças de 7 a 12 anos de idade. O encontro foi crescendo com o tempo, tendo até palestrantes, mas depois voltaram ao formato original, pois estava perdendo sua essência e foi assim que a Tia Caramelo e suas amigas iniciaram essa grande ideia de passarem seus conhecimentos a frente com esse evento bacana, onde teve diversas brincadeiras e troca de conhecimento, teve até passa ou repassa pra quem lembra ou não?! É aquele de torta na cara. Vamos conhecer um pouco mais da Tia Caramelo que trabalha há 6 anos no parque Sitiolândia, na área administrativa, foi lá que iniciou seu interesse pela recreação, dando inicio à uma nova jornada em sua vida. Após já ter iniciado na recreação aos finais de semana, se especializou mais na área fazendo alguns cursos. Caramelo: As crianças gostam de inovações, como quando saiu o jogo Pokémon Go, nas festas elas ficavam 12

procurando Pokémon, então vimos a necessidade de fazer uma adaptação para que elas participassem das brincadeiras, elaboramos o caça ao Pokémon, dividindo duas equipes, pra ver qual grupo encontrava mais. Revista ECP: Como eram as atividades com as crianças de 7 à 12 anos? Caramelo: Sentia dificuldade, pois eles são mais dinâmicos, tem que ser jogos desafiadores, diferentes das crianças de 3 a 6 que é mais lúdico, eles entram na história como de conto de fadas e princesas em castelos. Caramelo nos relata que trabalha sete dias por semana, e cursa faculdade Publicidade e Marketing, possui uma empresa onde ainda não se focou totalmente aos negócios devido a falta de tempo, também comenta que as vezes a falta de tempo dificulta até em ver a família. Revista ECP : De onde surgiu o apelido Caramelo? Caramelo: Na primeira empresa que fui trabalhar como recreadora, eles me sugeriram ter um apelido, e me chamaram de MM’s, eu não gostei muito, no outro dia comentei com meu colega de trabalho, e ele também não gostou muito e me sugeriu Caramelo, achei mais viável (risos), pois você tem cor de caramelo, desde então sou conhecida como Tia Caramelo e me identifico com esse apelido, levo a Tia Caramelo aonde vou! Taís e Caramelo são duas pessoas diferentes, Caramelo é uma pessoa muito criança, tia mesmo se tiver que chorar com a criança eu choro, se tiver que rolar no chão! Rolamos, entro na brincadeira. Já a Taís se cobra mais, é rude com ela mesmo, muito segura, muito dura para dar resultados na Caramelo. Sobre o Encontro, Caramelo: Um projeto que acredito muito, para melhoria, para área social, qualificar as pessoas, pois as empresas cobram um valor auto para ensinar quem quer ser recreado, e aqui as pessoas podem aprender sem valor algum e até aprender mais do que em um curso. “O adulto tem muita maldade, eles magoam uns ao outros eles se cobram, e as crianças não tem essa maldade, eles não me cobram, eles estão dispostos a essa troca de boas energias que a recreação permite”.


Por Michelle Marques

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o último dia 10/09, o CEDECA, (Centro de defesa dos direitos da criança e do adolescente) de Interlagos foi palco das atividades que marcaram o final da exposição “4 letras: Direito de Igualdade”, organizada e produzida por alunos do curso de Fotografia e Direitos Humanos da própria unidade. O evento foi aberto ao público e contou com a presença de outros coletivos culturais da região do extremo sul de São Paulo. Em entrevista com alunas do curso de foto e curadoras da exposição, Larissa Souza e Maria Eduarda (Madu) ambas de 17 anos, foi relatado como ocorreu o encontro delas com o CEDECA e como surgiu a ideia de abordar o tema LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) em sua mostra. Para Larissa, seu envolvimento com o Centro aconteceu por influência de uma professora de artes da escola onde cursa o ensino médio. Como ela mesma procura frisar, “estudo em uma escola de lata, periférica, na favela e essa professora está sempre em busca de atividades gratuitas que possam nos ajudar e por isso me interessei de imediato pelo curso”. Para Madu, como é mais conhecida, não foi diferente, seu ingresso no CEDECA também se deu por orientação de uma professora e hoje as duas frequentam a unidade e se envolvem com a programação cultural e social e foi desse contato que a proposta da exposição surgiu e após muitos debates e análise de outros temas, finalmente optaram por desenvolver uma exposição de fotos contemplando o cotidiano LGBT e suas faces. Inicialmente, a exposição seria realizada por outro coletivo e devido problemas na comunicação, não foi viável e por iniciativa do próprio CEDECA, por meio dos educadores Vanessa Candida, Kleber Luis e Will Ferreira, foi oferecida a oportunidade aos alunos do curso de foto e DH a execução do projeto. O grupo optou em utilizar uma abordagem mais suave, divertida e interativa, onde o público fosse convidado a dialogar com as

obras e participar de uma roda de conversa sobre o tema LGBT e a vivência na periferia. Como Madu declara, “o LGBT está em tudo e por que então ainda existem tantas restrições de acesso, como doação de sangue, por exemplo, entre outras? As tvs abertas não se posicionam sobre a comunidade LGBT de acordo com a realidade”, finaliza ela. Como modelos para as fotos, foram convidados alunos do curso e simpatizantes com a causa. Como ponto chave, as curadoras buscaram trazer à luz, a questão de como pode ser difícil ser gay, negro e efeminado na periferia, pois segundo Madu, os preconceitos na comunidade ondem vivem, dobram e causam muitas dificuldades na vida desses jovens. Para Larissa Souza, infelizmente, a abertura para o diálogo dessas questões, só existe dentro do próprio movimento LGBT e ainda enfrenta muita resistência por parte da sociedade em se tornar algo que se possa falar abertamente, mas a exposição contribui fortemente com a luta por liberdade de expressão e o apoio dos educadores do CEDECA foi fundamental para a realização da mostra. O nome: ”4 Letras: Direito de igualdade” busca traduzir o desejo de um grupo por mais acesso, mais respeito e por oportunidades de falar abertamente sobre as necessidades da comunidade LGBT, inclusive na área da saúde. Nas palavras de Madu, “ é isso que queremos, sermos tratados como iguais, não é nenhum ‘bicho de sete cabeças’, são apenas pessoas que amam de forma diferente da convencional. Uma comunidade de 4 letras que quer direito de igualdade”. Cedeca Interlagos: Rua Nossa Senhora de Nazaré, 51 Cidade Dutra - São Paulo - Tel 5666-9861

www.cedecainter.org.br

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Vanilson Fifo Rosa a partir de um grande envolvimento e integração com a natureza vem se aventurando nos registros de um movimento sutil da beleza natural e das coisas simples, que causam um grande impacto quando vemos com outros olhos. A sÊrie orvalho vem para mostrar esse pequeno movimento delicado, rico em detalhes, do olhar sem pressa.

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Parceiros Associação Amigos do Jd. Reimberg CJ


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