DESIGN MAGAZINE 5 – MAIO/JUNHO 2012

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LISBON STONE BLOCK ARQUITECTURA: ALBERTO DE SOUZA OLIVEIRA TEXTO: TIAGO KRUSSE FOTOGRAFIA: NELSON RODRIGUES

É como se fosse uma pedra trabalhada, elegante na forma como se relaciona com as árvores envolventes e uma espécie de espelho à dinâmica do movimento das avenidas. A tonalidade da fachada, em mármore, actua de forma complementar às cores das ramagens, aos diferentes reflexos de tonalidades proporcionados consoante as luminosidades dos dias e até valoriza toda a envolvente edificada. É um edifício distinto e integrado numa zona histórica do urbanismo de Lisboa, entre um cruzamento das avenidas Defensores de Chaves e Visconde Valmor. Distingue-se pela sua presença e marca um espírito sem romper ou descaracterizar a zona. É uma pedra bem encaixada. Podendo entender-se como um contra-senso, a verdade é que esta pedra, apesar da sua rigidez como material, confere ao lugar uma harmoniosa leveza e serenidade. É um forte contraponto à agitação diurna daquelas vias rodoviárias. Lirismo talvez nosso, o facto é que gostamos do edifício. Do gabinete do arquitecto recebemos uma breve mas explicativa memória do projecto que argumenta a designação do edifício de Lisbon Stone Block derivada da imagem de um bloco em pedra. No que à ideia e conceito diz respeito, a obra é baseada numa fachada mutante “numa pele de pedra – em sucessivas metamorfoses pela mobilidade que a caracteriza”. Assume-se uma edificação escultórica que revela variações distintas, “de noite irradia luz dos apartamentos, de dia é uma pele perfurada, atravessada pela luz…”. Essa luz chega ao interior por intermédio da abertura dos painéis, em mármore de Carrára, com posição diversa. A estrutura que suporta a pedra mármore é produzida em aço galvanizado pintado. É uma dupla fachada ventilada cuja função é servir como filtro de luz e de temperatura. Bem mais do que uma opção estética, esta dupla fachada tem a função de contribuir para o conforto sentido dentro dos apartamentos. Na nossa opinião, esta fachada exerce um fascínio em quem a vê e percebe, denotando um dinamismo e um movimento que resultam de quem vive nos apartamentos. Essa vivência passa para a rua e a fachada revela-se como que uma espécie de um teclado de pedra vivo. A memória descritiva explica que “o sistema associa uma membrana de painéis pivotantes em pedra de mármore e caixilharia de vidro da Technal – através da utilização do sistema Epure – que surge como uma segunda pele, com | 051 |


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